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Aberta a
sucessão, nos termos do 2032º 1/, e caso se verifiquem os pressupostos
da sobrevivência ao autor da sucessão, capacidade sucessória e
designação sucessória prevalente, vai proceder-se à vocação sucessória,
sendo atribuído aos sucessíveis do de cujus o direito potestativo de aceitar
ou repudiar a herança. Diz-se originária a vocação que se verifica no
próprio momento da abertura da sucessão e subsequente a que se opera
em momento posterior a este. A vocação pode ainda, de acordo com o
2032º 2/, ser directa, quando ocorre a favor do sucessível que ocupa o
lugar prevalente ou prioritário na hierarquia de sucessíveis, e, indirecta,
quando ocorre a favor de um sucessível que é chamado em vez do
designado com prioridade original, porque este não pôde ou não quis
aceitar. São exemplos de vocação indirecta, e que podem existir na
sucessão legal e na sucessão testamentária, o direito de representação, a
substituição directa e o direito de acrescer.
A herança fica numa situação de jacência (herança jacente) enquanto não
houver aceitação da vocação sucessória. Uma vez aceite, a herança tem-se
como devolvida.
A sucessão tem em vista a transmissão dos bens por morte e processa-se
com base em títulos de vocação sucessória que são, nos termos do 2026º,
a lei, o testamento e o contrato.
Podemos, assim, por força do 2027º, distinguir uma sucessão legal que
pode ser legítima ou legitimária, consoante possa ou não ser afastada pela
vontade do de cujus e uma sucessão voluntária pode resultar da vontade
do de cujus expressa através de um testamento ou contrato válido e
eficaz. As normas reguladoras da sucessão legítima constantes do 2132º
são assim normas supletivas, enquanto as da sucessão legitimária são
normas imperativas.
Todavia, podem coexistir diversas espécies de sucessão, isto é, podem ser
chamadas à sucessão diversas pessoas cada uma por título diferente,
assim como a vocação de uma pessoa pode operar-se por vários títulos.
Entre a sucessão testamentária e a legitimária há uma estreita ligação, na
medida em que se limitam reciprocamente – o autor da sucessão pode
dispor do seu património por morte com plena liberdade, por testamento,
mas, não pode afetar a quota que a lei reserva aos herdeiros legitimários
nos termos dos 2027º e 2157º, sob pena de as liberalidades referidas no
2162º e feitas a terceiros em vida ou por morte com que se ofende a
legítima, serem consideradas inoficiosas e consequentemente reduzidas
nos termos do 2168 e 2169º. Podemos, pois, distinguir, no conjunto dos
bens do de cujus, duas porções de bens:
– a quota indisponível ou legítima, a que se refere o 2156º, que consiste
na porção de bens, que varia nos termos dos 2158º a 2161º, de que o
autor da sucessão não pode dispor por estar destinada aos herdeiros
legitimários); e
– a quota disponível, que consiste na porção de bens que o autor da
sucessão pode dispor a favor de quem entender. No caso de não o fazer, é
esta devolvida aos herdeiros legítimos e legitimários.