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Objectivos
No fim desta aula, os estudantes devem ser capazes de:
• Calcular as integrais de superfícies da primeira e da segunda espécies.
• Aplicar as integrais de superfícies no cálculo de circulação e fluxo de campos vectoriais.
. .
4. Integrais de superfícies
Considere uma superfície regular S e uma função f (x, y, z) continua em D contendo S. Efec-
tuemos uma partição de S em n sub-regiões S1 , S2 , ..., Sn , cujas áreas são ∆S1 , ∆S2 , ..., ∆Sn ,
respectivamente, como se ilustra na figura abaixo.
Seja S uma superfície regular bilateral tal que S+ e S− representam as faces exterior e interior,
respectivamente. Consideremos ainda que f (x, y, z) e g(x, y, z) são duas funções continuas e
m, k ∈ R. Então, tem lugar as seguintes propriedades:
∫∫ ∫∫
1) f (x, y, z)dS = f (x, y, z)dS
S+ S−
∫∫ ∫∫ ∫∫
2) [mf (x, y, z) ± kg(x, y, z)]dS = m f (x, y, z)dS ± k g(x, y, z)dS
S S S
a) Consideremos que S é uma superfície dada pela equação z = g(x, y), e seja Dxy a sua
projecção sobre o plano XOY . Se g(x, y) tiver primeiras derivadas parciais contínuas em Dxy
e f (x, y, z) for contínua em S, então teremos:
√ ( )2 ( )2
∫∫ ∫∫
∂z ∂z
f (x, y, z)dS = f [x, y, g(x, y)] 1 + + dxdy
∂x ∂y
S Dxy
b) Seja S uma superfície representada pela equação y = g(x, z), e seja Dxz a sua projec-
ção sobre o plano XOZ . Se g(x, z) tiver primeiras derivadas parciais contínuas em Dxz e
f (x, y, z) for contínua em S, então teremos:
√ ( )2 ( )2
∫∫ ∫∫
∂y ∂y
f (x, y, z)dS = f [x, g(x, z), z] 1 + + dxdz
∂x ∂z
S Dxz
c) Seja S uma superfície dada por x = g(y, z), e seja Dyz a sua projecção sobre o plano
Y OZ . Se g(y, z) tiver primeiras derivadas parciais contínuas em Dyz e f (x, y, z) for contínua
em S, então teremos:
√ ( )2 ( )2
∫∫ ∫∫
∂x ∂x
f (x, y, z)dS = f [g(y, z), y, z] 1 + + dydz
∂y ∂z
S Dyz
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Suponhamos que S é uma superfície dada por z = g(x, y), Dxy a projecção de S sobre o plano
XOY e f (x, y, z) = 1. Então, tal como foi abordado nas aplicações do integral duplo, a integral
√ ( )2 ( )2 √ ( )2 ( )2
∫∫ ∫∫
∂z ∂z ∂z ∂z
σ= 1+ + dS = 1+ + dxdy
∂x ∂y ∂x ∂y
S Dxy
∫∫
Exemplo 1. Calcule o integral de superfície xzdS , onde S é a parte do plano x+y +z = 1
S
situada no primeiro octante, onde x ≥ 0, y ≥ 0 e z ≥ 0.
Resolução √
)2 ( )2 (
∂z √ ∂z
A partir de x + y + z = 1 ⇐⇒ z = 1 − x − y =⇒ 1 + + = 3
∂x ∂x
∫∫ ∫∫ √ √ ∫1 √
√ ∫ ∫1−x
1
3 2 3
xzdS = 3x(1−x−y)dxdy = 3 dx x(1−x−y)dy = x(1−x) dx =
2 24
S Dxy 0 0 0
∫∫
Exemplo 2. Considere a integral x2 zdS , onde S é a porção da superfície definida por
S
z 2 = x2 + y 2 limitada por z = 1 e z = 4.
Resolução
√
a) A partir de z 2 = x2 + y 2 =⇒ z = x2 + y 2 . Assim, temos:
( )2 ( )2 √ ( )2 ( )2
∂z x2 ∂z y 2
∂z ∂z √
= 2 e = 2 =⇒ 1 + + = 2
∂x x + y2 ∂y x + y2 ∂x ∂y
A projecção da porção considerada sobre o plano XOY é uma coroa definida por:
D = {(x, y) ∈ R2 : 1 ≤ x2 + y 2 ≤ 16}.
∫∫ ∫2π ∫4 √ ∫2π √
√ 1023 2 1023π 2
x2 zdS = 2 dθ ρ4 cos2 θdρ = (1 + cos 2θ) =
10 5
S 0 1 0
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Todas as propriedades de integrais duplas são válidas nas integrais de superfícies de segunda
espécie. Ademais, adiciona-se que a integral de superfície da segunda espécie muda o seu sinal
para o sinal contrário ao passar-se de uma face para a outra, isto é,
∫∫ ∫∫
−
→ − → −
→ −
F · n dS = − F ·→n dS
S+ S−
Consideremos uma superfície S dada por F (x, y, z) = 0, então os cossenos directores da normal
→
−
n são determinados pelas fórmulas:
∂F ∂F
∂y
cos α = ± √ (
∂x
)2 ( )2 , cos β = ± √ ( )2 e
( ∂F )2 ∂F ∂F
( ∂F )2 ∂F
( ∂F )2
∂x
+ ∂y
+ ∂y ∂x
+ ∂y
+ ∂z
∂F
cos γ = ± √ (
∂z
)2 .
( ∂F )2 ∂F
( ∂F )2
∂x
+ ∂y
+ ∂z
Notas
1) A escolha do sinal dos cossenos directores deve ser feita de acordo com a face de S con-
siderada e as amplitudes dos ângulos formados pela normal unitária → −
n e os respectivos
eixos, OX, OY e OZ . Sendo que, toma-se o sinal "+", para cada um dos cossenos direc-
tores cos α, cos β e cos γ , quando −
→
n forma ângulos agudos com os eixos, OX, OY e OZ ,
respectivamente, e considera-se "−" se os referidos ângulos são obtusos.
2) Na integral 2) se impõe a condição de que a superfície S seja bilateral, isto é, tem duas
faces. Ademais, está orientada (ou é orientável) no sentido de que em cada face existe
um vector normal unitário −→n que varia continuamente sobre S sem mudar o sentido. A
relação entre uma orientação positiva de S e −
→
n obedece a famosa regra da mão direita
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1) Se a superfície S é dada por z = f (x, y), a integral (2) calcula-se projectando S sobre o
plano XOY , sendo que é válida a fórmula:
∫∫ ∫∫
→
− → − dxdy
F · n dS = (P cos α + Q cos β + R cos γ) ·
| cos γ|
S Dxy
2) Se a superfície S é dada por x = g(y, z), a integral (2) pode representar-se por:
∫∫ ∫∫
→
− → − dydz
F · n dS = (P cos α + Q cos β + R cos γ) ·
| cos α|
S Dyz
∫∫ ∫∫ ∫∫ ∫∫
−
→→
F ·−
n dS = ± P [x(y, z), y, z]dydz± Q[x, y(x, z), z]dzdx± R[x, y, z(x, y)]dxdy
S Dyz Dzx Dxy
Em cada integral, à direita da equação anterior, a escolha do sinal "+" ou "−" depende
da amplitude dos ângulos formados pela normal − →
n e os eixos, OX, OY e OZ , respectiva-
mente. Por exemplo, na projecção de S sobre o plano Y OZ , tomemos o sinal "+" quando a
normal −
→
n forma um ângulo agudo com o eixo OX e "−" se o referido ângulo for obtuso.
∫∫
−
→ → −
→ −
→ −
→ −
→
Exemplo 3. Calcule a integral F ·−
n dS , onde F = x i + y j + z k e a superfície
√ S+
S é dada por z = 1− x2 − y2 , com 0 ≤ z ≤ 1.
Resolução
A projecção de S sobre o plano XOY oferece um círculo limitado por x2 + y 2 = 1 e
√
Dxy = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 ≤ 1}. A partir de z = 1 − x2 − y 2 =⇒
∫∫ ∫2π ∫1 ∫1
−
→ −
F ·→
ρ
(1 − ρ2 )− 2 d(1 − ρ2 ) = 2π
1
n dS = dθ √ dρ = −π
1 − ρ2
S 0 0 0
2
George Gabriel Stokes (1819–1903) — matemático irlandês
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I
P (x, y)dx + Q(x, y)dy + R(x, y)dz =
C
∫ ∫ [( ) ( ) ( ) ]
∂R ∂Q ∂P ∂R ∂Q ∂P
− cos α + − cos β + − cos γ dS
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
S
Resolução
Consideremos que S é uma superfície regular fechada e que limita um volume finito V. Seja um
−
→ →
− −
→ →
−
campo vectorial F = P i + Q j + R k , cujas projecções sobre os eixos OX , OY e OZ , são as
funções P (x, y, z), Q(x, y, z) e R(x, y, z), respectivamente. Suponhamos ainda que P, Q e R
são funcões continuas em V, junto com as suas derivadas parciais de primeira ordem. Então,
tem lugar a fórmula de Ostrogradski-Gauss
∫∫ ∫∫ ∫∫∫ ( )
−
→ − → ∂P ∂Q ∂R
F · n dS = (P cos α + Q cos β + R cos γ)dS = + + dxdydz
∂x ∂y ∂z
S S V
Resolução
Aplicando o teorema de Ostrogradski-Gauss e passando às coordenadas esféricas, obtemos:
∫∫∫ ∫2π ∫π ∫a
12πa5
Φ=3 2 2 2
(x + y + z )dxdydz = 3 dθ dϕ ρ4 sin ϕdρ =
5
V 0 0 0