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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Medianeira
Av. Brasil, 4232 – Parque Independência
CEP: 85884-000 - Medianeira - PR
IX Encontro Nacional de Difusão Tecnológica

VERIFICAÇÃO DA ILUMINAÇÃO DE UMA SALA DE AULA USANDO A NOVA


NORMA DE LUMINOTÉCNICA – ABNT NBR ISO/CIE 8995/2013

Jandrei Sartori Spancerski¹; Evandro André Konopatzki²


1
Acadêmico do Curso Técnico em Segurança do Trabalho – UTFPR
2
Coordenação de Engenharia Elétrica – UTFPR

Avenida Brasil, 4232 – Parque Independência – CEP 85884-000 – Medianeira - PR

jandrei100@hotmail.com, eakonopatzki@gmail.com

Resumo – a luminotécnica é o estudo da aplicação de iluminação artificial tanto em espaços internos como
exteriores. O objetivo desta pesquisa é de estabelecer a funcionalidade e aplicabilidade da nova norma nacional
aplicando-a em um local de trabalho comum a muitas pessoas, a sala de aula, onde docentes e discentes realizam
suas atividades. O estudo foi realizado em uma sala de aula da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –
campus Medianeira, e mediu a iluminância média da sala I-11 usando a metodologia da legislação vigente
(ABNT NBR ISO/CIE 8995-1) comparando-a à iluminância normatizada para salas de aula. A metodologia
aplicada foi a de avaliação qualitativa do local da realização do estudo, coleta de dados in loco denominada
avaliação quantitativa e discussão dos fatores que influenciam nos índices de iluminância. Os resultados
mostraram que a iluminância média da sala foi inferior à normatizada e que a provável causa foi a constatação de
lâmpadas queimadas no ambiente sendo que um dos fatores ponderado fora a refletância do ambiente.

Palavras-chave: norma brasileira; luminotécnica; sala de aula.

Abstract - The luminotechnical study artificial lighting application in internal and external spaces. This research
establish new national standardardization functionality and applicability to classroom. The study was conducted
on a Federal Technological University of Paraná – Medianeira, classroom and measured the room I-11
illuminance using the new legislation methodology (ABNT NBR ISO/CIE 8995-1). The methodology was
applied to evaluation (qualitative), quantitative data collection, evaluation and discussion of the influence the
levels of illuminance factors. The results showed lower average illuminance on classroom than normalized,
probably cause was light bulbs. The reflectance was the factors weighted.

Keywords: Brazilian standardization; luminotechnical; classroom.

INTRODUÇÃO

O assunto “luminotécnica” traz à tona muitas discussões relacionadas à realização das


medições, sendo que a iluminância não é, na maioria dos casos, homogênea em toda sua
extensão. Para isto, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) [1] elaborou o
conjunto de normas brasileiras que trata a iluminância de interiores embasada em normas
internacionais e se divide em quatro partes. Este conjunto de normas aborda a metodologia
para medição da iluminação dos ambientes e também apresenta o valor adequado para cada
ambiente (ou tarefa executada). Neste artigo é utilizada a primeira parte da referida norma,
denominada como ABNT NBR ISO/CIE 8995-1, que aborda assunto relacionado à iluminação
de interiores.
A luminotécnica é um ramo da física (ótica) estudado, em partes, na ergonomia, pois
esta estuda a luz visível. A luz visível possui a característica física não ionizante, ou seja, ela
não tem capacidade de afetar órgãos e células do corpo, mas sim de iluminar os corpos ou, em
outras palavras, torná-los visíveis. Neste contexto a legislação aplicada à área de segurança do
trabalho normatiza que o ambiente de trabalho deve possuir a iluminância adequada à tarefa
realizada, de forma que os trabalhadores sejam inseridos em um ambiente que lhes gere
conforto visual [2].
Os autores entendem que é difícil provar os benefícios da boa iluminação no ambiente
de trabalho, mas o contrário – mostrar os malefícios da iluminação ruim – já tem nexo causal,
sendo, desta forma, interpretada a lei como aquela que mantém os trabalhadores em condições
salubres [3].
Este estudo se deu pela necessidade de medição da iluminância no ambiente estudado e
verificação de sua adequação à norma vigente. Também por interesse de conhecer as
funcionalidades e aplicabilidades da nova legislação relacionada ao iluminamento nos postos
de trabalho, além de estabelecer e reconhecer os fatores de interferência que infringem
modificações dos índices de iluminância em ambientes fechados, em específico, as salas de
aula.

METODOLOGIA

O levantamento de dados relacionado à eficiência de iluminação das lâmpadas foi


embasado nas normativas vigentes, sendo a principal a NBR ISO/CIE 8995-1, vigente a partir
de março de 2013. Essa nova norma brasileira especifica os requisitos de iluminação para
locais de trabalho fechados e os requisitos para que as pessoas desempenhem tarefas visuais
de maneira eficiente [1].
O fluxograma de tarefas aplicado a este estudo se iniciou com a avaliação preliminar do
ambiente, tendo em vista a avaliação qualitativa do local. Para obter precisão no estudo, após
a avaliação preliminar se aplicou uma coleta de dados in loco, utilizando-se de instrumentos
de medição devidamente calibrados, sendo estes o luxímetro (instrumento de medição de
níveis de iluminância), cuja unidade de medida é o “lux” e a fita métrica (instrumento de
medição de comprimento). Conforme determina a normativa, as medições de iluminância
devem ser realizadas em altura equivalente à do nível habitual de utilização ambiente, em
forma de matriz equidistantemente distribuída, com suas dimensões variando de acordo com a
área total do ambiente.
Com base na avaliação qualitativa e quantitativa do ambiente foram estabelecidos os
fatores que influenciam na iluminação, como a cor das paredes, cor das cortinas,
posicionamento e dimensionamento das lâmpadas, tendo em conta a não interferência de luz
solar pelo fato de que a medição fora realizada em período noturno. Juntamente com este
estudo de interferências, realizou-se a avaliação dos níveis de iluminamento recomendados
para a sala de aula, tendo em conta alguns itens arbitrários, sendo que para níveis de critério, a
soma dos pesos dos atributos são dados em baixo, intermediário e alto, correspondendo aos
níveis de 300 lux, 500 lux e 750 lux, respectivamente [1].
Para obter-se o nível de iluminância da sala de aula realizou-se a média dos índices de
iluminância pontuais, conforme a matriz de leitura.
Finalizando os trabalhos, tendo em base os estudos realizados acima, pôde-se realizar a
interpretação dos resultados obtidos, para posteriormente transcrevê-los neste documento,
verificando o objetivo inicial da pesquisa.
A sala de aula em questão é denominada I-11, pertencente às salas de aula da UTFPR
campus Medianeira.
Nesta sala a altura equivalente ao nível habitual de utilização do ambiente é de 77 cm do
nível do solo. Fixando-se a uma matriz de 7x11 metros com pontos distantes 1 m cada, obteve-
se resultado de medição de 77 pontos equidistantemente dispostos no ambiente em questão,
levando-se em conta a área total do ambiente, que é de 74,7954 m² (6,27 m por 12 m),
conforme a figura 1.
Antes de se iniciar a avaliação quantitativa, o aparelho de medição de luminosidade
(luxímetro) fora ligado para se estabelecer em condições normais de funcionalidade. O
luxímetro utilizado é de propriedade da UTFPR, da marca Instrutherm, modelo LD-100. A
duração deste procedimento foi de 15 minutos, deixando o luxímetro a condições de leitura de
índice 0 lux. Durante o período de estabilização do equipamento, iniciou-se a marcação dos
pontos de medição anteriormente dimensionados, numa matriz 7x11 metros.

Figura 1. Croqui da sala de aula I-11 com projeção da matriz de leitura.

Em cada medição, o sensor fotoelétrico do luxímetro fora colocado sobre o ponto


demarcado, na altura de 77 cm do piso acabado, permanecendo em tempo de estabilização de
aproximadamente 1 minuto por ponto.
Os itens arbitrários à escolha do nível ideal para a sala de aula são a idade média dos
usuários do ambiente, o tipo de atividade executada no local e os níveis de refletância do
fundo da tarefa (leitura), cujos foram: da idade média, inferior a 30 anos de idade, atribuindo-
se peso de 1 ponto negativo; para uma atividade que não necessite de altas velocidades e
precisão para execução das tarefas, porém que necessita um nível razoável de concentração,
por vezes em longos períodos, atribuindo-se peso 0; e com necessidade de que haja índices
razoáveis de refletância do fundo da tarefa, para executar trabalhos de leitura, atribuindo-se
peso de 1 ponto positivo.
O resultado obtido no índice do local caracterizou uma necessidade de 500 lux a 77 cm
do piso, de forma homogênea. A norma estabelece difusidade da iluminação quando a razão
entre a menor iluminância e a iluminância média medidas, devendo ser esta superior a 0,7.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A medição de iluminância da sala de aula I-11 apresentou iluminância média de 342,98 lux;
sendo o menor índice de iluminância igual a 170 lux e o maior, 476 lux.
Foi constatado que a sala em que fora realizada a avaliação possui 2 lâmpadas
queimadas em uma única luminária e algumas lâmpadas em final de vida útil apresentando
menor eficiência luminosa. A figura 2 representa o estado das lâmpadas na sala, onde as
lâmpadas com menor eficiência luminosa foram denominadas “meia-vida”.

Figura 2. Croqui da sala de aula I-11 com projeção das lâmpadas por situação.

Esses pontos de iluminação artificial danificados refletem a queda da iluminância


média. Fator que deve ser considerado uma vez que a iluminância média medida foi menor
que a iluminância estabelecida para o ambiente estudado.
A figura 3, a seguir, apresenta o índice de iluminância obtido em cada ponto de leitura.
Os locais que apresentaram maiores índices de iluminação ficam próximos das paredes
de cores claras (branco e amarelo), sendo que, inversamente, as medições que apresentam
menores índices de iluminação ficam próximas das cortinas de cores mais escuras (verde
musgo).
Da mesma forma, a região que apresentou maiores valores na leitura da iluminância está
nas zonas cujas luminárias se encontram em bom estado, em contrapartida os pontos de
menores valores de leitura da iluminância estão na região das lâmpadas defeituosas
(queimadas ou em meia-vida).
O sistema não apresentou uniformidade uma vez que a razão entre a menor e a média da
iluminação foi de 0,5, valor este 29,5% inferior ao normatizado (0,7).
Figura 3. Croqui da sala de aula I-11 com projeção dos resultados ponto a ponto.

Da figura observa-se que o posicionamento das luminárias não proporciona a melhor


distribuição dos raios luminosos, sendo que estes deveriam manter um índice homogênio de
iluminação em toda a sala.
CONCLUSÕES

A iluminância média da sala de aula encontra-se abaixo do índice recomendado,


conforme a nova normativa vigente. Lâmpadas queimadas e com menor eficiência luminosa
podem ter influenciado no baixo valor medido. A localização do menor índice medido na sala
de aula está abaixo de uma lâmpada queimada. O ponto de leitura que forneceu maior
iluminância está localizado na região das lâmpadas em bom estado.
Constatou-se que as cores do ambiente, neste estudo, interferiram nos índices de
iluminância, uma vez que as medições realizadas próximas da cortina foram menores que em
outras regiões da sala sem a cortina, constatando que o fator refletância e o índice do local
devem ser levados em conta ao se dimensionar luminárias.

REFERÊNCIAS

[1] ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Iluminância de Interiores. ABNT


NBR ISO/CIE 8995-1, 2013.
[2] CREDER, H. Instalações Elétricas. Rio de Janeiro, LTC, v. 15, p. 114-196, 2007.
[3] ARAÚJO MOREIRA, V. Iluminação e Fotometria – Teoria e Aplicação. São Paulo,
Edgard Blucher LTDA, 1987.

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