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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E


URBANISMO
DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS

ENSAIO DE FLEXÃO EM PLACA DE CLT


PREVIAMENTE ROMPIDA

Disciplina: Análise Experimental de Estruturas


Docente: Prof. Dr. Nilson Tadeu Mascia
Curso: Pós-graduação em Engenharia Civil
Discente:
Yuri Barbosa 209352

Campinas - SP
Setembro/2019
2

SUMÁRIO

1. OBJETIVO..................................................................................................................................... 3
2. REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................................... 4
2.1. CROSS-LAMINATED TIMBER (CLT) ............................................................................... 4
2.1.1. Método γ ............................................................................................................................ 6
2.1.2. Método k ............................................................................................................................ 7
2.1.3. Método de Kreuzinger...................................................................................................... 7
2.2. FLECHA ELÁSTICA DA VIGA ........................................................................................... 9
3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................ 10
3.1. MATERIAIS ......................................................................................................................... 10
3.2. MÉTODOS........................................................................................................................... 10
4. RESULTADOS ........................................................................................................................... 13
4.1. SOLUÇÃO DA ESTRUTURA ISOSTÁTICA .................................................................. 13
4.2. ESTIMATIVAS DA RIGIDEZ EFETIVA ........................................................................... 14
4.2.1. Método γ ...................................................................................................................... 14
4.2.2. Método k ...................................................................................................................... 14
4.2.3. Método Kreuzinger ..................................................................................................... 15
4.3. CÁLCULO DA RIGIDEZ PELA EN 408:2010 ................................................................ 15
4.3.1. Rigidez pelo módulo de elasticidade local .............................................................. 17
4.3.2. Rigidez pelo módulo de elasticidade global ........................................................... 18
4.4. CÁLCULO DA RIGIDEZ PELOS EXTENSÔMETROS E FLECHA ELÁSTICA ....... 19
5. DISCUSSÃO ............................................................................................................................... 21
6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 22
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 23
3

1. OBJETIVO

Obter os parâmetros de rigidez EI e de rigidez ao cisalhamento GA por meio de


flexão simples de uma placa CLT.
4

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. CROSS-LAMINATED TIMBER (CLT)

Cross-laminated timber (CLT), ou Madeira Laminada Colada Cruzada (MLCC),


é um produto inicialmente produzido na Áustria e na Alemanha, sendo a primeira a
responsável por pesquisas associadas entre indústria e academia na década de 1990,
responsáveis pelo desenvolvimento e popularização do produto como é hoje
conhecido (KARACABEYLI e DOUGLAS, 2013). A CLT é também uma das razões
pelas quais a madeira vem sendo reinserida no mercado da construção civil não só
apenas como material leve, como treliças e fôrmas de concretagem, mas também
como material estrutural, concorrendo diretamente com os elementos de aço e
concreto (BRANDNER, FLATSCHER, et al., 2016).

De acordo com GAGNON e PIRVU (2011), as CLTs são painéis compostos de


múltiplas camadas de madeira dispostas transversalmente, normalmente com ângulo
de 90º entre as camadas, e coladas entre si a partir da face livre das madeiras, com
3, 5 ou 7 camadas sobrepostas. Há ainda a possibilidade de configurações especiais
que permitem camadas sobrepostas no mesmo sentido ou maior número de camadas,
a depender da necessidade estrutural da peça (Figura 1).

Figura 1 – Exemplos de sobreposição de camadas (BRANDNER, FLATSCHER, et al., 2016)

Segundo BRANDNER, FLATSCHER, et al. (2016), quando comparados à


outros produtos de madeira, a CLT apresenta algumas vantagens, a destacar:

i. Possibilidade de carregamento sob ou contra flexão, quando utilizada como


produto laminar;
ii. Se utilizada como elemento estrutural linear, apresenta boa resistência ao
cisalhamento e à tração no sentido das fibras;
5

iii. Aberturas como portas e janelas podem ser feitas de maneira simples, sem
qualquer interferência na resistência devido ao direcionamento das fibras;
iv. Em comparação com materiais de construção de base mineral, o alto grau de
pré-fabricação e grandes dimensões possíveis para as peças permitem a
construção da edificação de forma rápida, seca, leve e com alta precisão.

De acordo com a EN 16351, algumas propriedades da CLT devem ser


verificadas por determinação numérica enquanto outras por testes. A EN 408
descreve o cálculo de algumas das propriedades, a destacar os módulos de
elasticidade global e local a partir da leituras de medidas de deflexão no meio de uma
viga biapoiada. O primeiro é obtido por meio de aparato experimental conforme Figura
2 e da Equação 1 a seguir:

3𝑎𝑙 2 − 4𝑎3
𝐸𝑔 = [1]
𝑤 −𝑤 6𝑎
2𝑏ℎ3 (2 . 𝐹2 − 𝐹 1 − )
2 1 5𝐺𝑏ℎ

Figura 2 – Aparato experimental para obtenção do módulo de elasticidade global (EN 408:2010)

Onde w2 – w1 é o incremento do deslocamento correspondente ao incremento


de carga F2 – F1, a a distância entre a posição de aplicação da carga e o apoio mais
próximo, b a largura da peça e G o módulo de cisalhamento do material, que para
madeiras de espécies coníferas pode ser considerado como G = 650 N/mm². Quanto
ao módulo de elasticidade local, a norma sugere a obtenção por meio da Equação 2
e da medida de deslocamento conforme Figura 3 a seguir:

𝑎𝑙12 (𝐹2 − 𝐹1 )
𝐸𝑙 = [2]
16𝐼(𝑤2 − 𝑤1 )
6

Figura 3 – Aparato experimental para obtenção do módulo de elasticidade local (EN 408:2010)

Outra propriedade possível de se obter por meio dessa montagem é a


resistência à flexão paralela às fibras, dada pela Equação 3.

3𝐹𝑎
𝑓𝑚 = [3]
𝑏ℎ2

Além dessa norma, existem ainda alguns outros métodos para estimativa da
rigidez de placas de CLT a partir das propriedades mecânicas da madeira utilizada, a
destacar o método γ, o método k e o método de Kreuzinger, sendo possível por meio
deste último cálcular também a rigidez ao cisalhamento efetivo. Todos estes métodos
se baseiam no fato de que, sendo as placas dispostas em sentidos transversais e
devido à sua anisotropia, o comportamento mecânico não é o mesmo de uma peça
com seção homogênea (RUAN, XIONG e CHEN, 2019; KARACABEYLI e DOUGLAS,
2013). A seguir são apresentados os principais pontos para o cálculo da rigidez de
peças de CLTs por meio dos métodos citados.

2.1.1. Método γ
Esta metodologia é uma adaptação para placas de CLT do que é apresentado
no anexo B do Eurocode 5 (EM 1995:2004) para cálculo da rigidez de peças de
madeira. Originalmente, este método havia sido desenvolvido para vigas conectadas
com fixadores mecânicos, e utilizava da relação entre o espaçamento entre fixadores
e o parâmetro de deslizamento entre eles (s/Kl). O desenvolvimento para placas de
CLT se deu a partir da análise a partir de uma rigidez efetiva dada pela Equação 4
seguinte (RUAN, XIONG e CHEN, 2019).
7

𝐸𝐼𝑒𝑓𝑓 = ∑(𝐸𝑖 𝐼𝑖 + 𝛾𝑖 𝐸𝑖 𝐴𝑖 𝑎𝑖2 ) [4]


𝑖=1

Onde o índice i é indicado discretamente para cada camada do CLT, γ indica o


grau de colagem das camadas, sendo 0 referente à nenhuma colagem e 1 à total
fixação, e o índice a que é um parâmetro de forma conforme apresentado na Figura 6
a seguir:

Figura 4 – Seção transversal da peça com parâmetros para o método γ (KARACABEYLI e


DOUGLAS, 2013)

2.1.2. Método k
Este método foi desenvolvido e é muito conhecido pela indústria de madeira
compensada, onde as propriedades mecânicas perpendicular às fibras da madeira
são desconsideradas para efeito de cálculo. Para a aplicação em peças de CLT,
algumas modificações foram tomadas de acordo com a forma de aplicação da carga
sobre a placa. Para placa sob flexão, a Figura 6 descreve a numeração de camadas
e a Equação 5 a seguir o fator de minoração da rigidez (BLASS e FELLMOSER, 2004).

3
𝐸90 𝑎𝑚−2 3
− 𝑎𝑚−4 + … ± 𝑎13
𝑘1 = 1 − [(1 − ). 3 ] [5]
𝐸0 𝑎𝑚

Onde m é o número de camadas da placa de CLT. Desta maneira, a rigidez


efetiva da peça pode ser calculada da seguinte maneira:

𝐸𝐼𝑒𝑓𝑓 = 𝐸0 . 𝑘1 . 𝐼𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 [6]

2.1.3. Método de Kreuzinger


Também conhecido como método da analogia ao cisalhamento, esta
metodologia é a mais precisa quando se trata de CLT. Aqui o efeito das deformações
devido ao cisalhamento não é negligenciado, e as características das placas de CLT
8

são simuladas como duas vigas virtuais A e B, cada qual com sua rigidez (BA e BB,
respectivamente) dada pelas Equações 7 e 8 a seguir:

ℎ𝑖3
𝐵𝐴 = 𝐸𝑖 . 𝑏𝑖 . [7]
12

𝐵𝐵 = 𝐸𝑖 . 𝐴𝑖 . 𝑍𝑖2 [8]

Onde o índice i se refere ao número de cada camada. Z se refere à distância


do centro de cada camada ao plano neutro, conforme mostrado pela Figura 5, e é
dado pela Equação 9.

Figura 5 – Parâmetros da seção de CLT para cálculo de rigidez pelo método de Kreuzinger
(KARACABEYLI e DOUGLAS, 2013)

∑𝑛𝑖=1(𝐸𝑖 . 𝐴𝑖 ) . 𝑌𝑖
𝑍= [9]
∑𝑛𝑖=1(𝐸𝑖 . 𝐴𝑖 )

Desta maneira, a rigidez da peça é estimada pela soma de B A e BB. O método


também permite a estimativa da rigidez ao cisalhamento (GA)eff dado pela Equação
10.
𝑎2
𝐺𝐴𝑒𝑓𝑓 = [10]
ℎ1 ℎ𝑖 ℎ𝑛
[( ) + (∑𝑛−1
𝑖=2 )+( )]
2 . 𝐺1 . 𝑏1 𝐺𝑖 . 𝑏𝑖 2 . 𝐺𝑛 . 𝑏𝑛

Onde a é a altura total subtraída da metade da altura da primeira e da última


camada e n é o número de camadas.
9

2.2. FLECHA ELÁSTICA DA VIGA

A flecha elástica da viga neste trabalho foi calculada levando-se em


consideração os estados de deformação por meio da energia, considerando-se as
forças de cisalhamento no interior da viga, onde tal energia é dada pela Equação 11
a seguir e igualada ao trabalho realizada pela viga ao longo do deslocamento (BEER
e JOHNSTON, 1982).

𝑙 2 𝑙 𝑙 2
1 𝑀 𝑐𝑉 2 𝑁
𝑈 = . (∫ 𝑑𝑥 + ∫ 𝑑𝑥 + ∫ 𝑑𝑥 ) [11]
2 0 𝐸𝐼 0 𝐺𝐴 0 𝐸𝐴

Assim, a solução para a viga da Figura 2 é dado pela Equação 12 seguinte:

𝑃. 𝑎 𝑐 . 𝑃. 𝑎
𝛿= . (3𝐿2 − 4𝑎2 ) + [12]
48 . 𝐸 . 𝐼 2 .𝐺 .𝐴

Onde δ é o deslocamento, P a força, a a distância do apoio até a carga, E o


módulo de elasticidade, I o momento de inércia, L o vão entre apoios, c o fator de
forma (igual a 1,2 no caso de viga de seção retangular), G o módulo de elasticidade
transversal e A a área da seção transversal.
10

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. MATERIAIS

• 01 placa de CLT do tipo de 5 camadas (Figura 1) com dimensões de 4000 x


800 x 160 mm (já rompida). As camadas de sentido longitudinal em relação ao
comprimento da peça (1, 3 e 5) possuem espessura de 40 mm enquanto as
camadas transversais têm 20 mm de espessura;
• 04 Transformadores Diferencial Variável Linear (LVDT) com precisão de 10 -3
mm;
• 03 extensômetros elétricos da marca KYOWA;
• 04 bases magnéticas;
• Célula de carga;
• Macaco hidráulico;
• Acetona;
• Algodão;
• Cola instantânea de alta resistência;
• Fita crepe;
• 03 vigas em perfis “I" de pequenas dimensões;
• 01 viga de referência;
• Conjunto de chapas e tubos metálicas para calço;
• Grampo sargento;
• Fio elétrico extensível preto.

3.2. MÉTODOS

O experimento teve início a partir da instrumentação da peça de CLT,


começando pela limpeza da área a ser instrumentada com auxílio de acetona e
algodão, colagem dos extensômetros elétricos, ligação destes com os fios elétricos
que levavam ao sistema de aquisição e, por fim, proteção desta ligação por meio de
fita crepe ou isolante. A região instrumentada estava distante 320 mm da lateral
esquerda da peça de CLT e posicionada na metade de sua altura. Os extensômetros
foram expostos em três direções: um no sentido longitudinal, outro a 45º e o terceiro
a 90º, conforme apresenta a Figura 6.
11

Figura 6 – Disposição dos extensômetros elétricos

A montagem e o carregamento da peça de CLT se deram conforme a norma


europeia EN 408:2010. A placa de CLT foi disposta sobre dois blocos de apoios, onde
no meio do comprimento estavam posicionados a viga de referência e todos os
LVDTs, estes dispostos 3 na região inferior da placa e o quarto na face superior da
mesma. Para aplicação de carga, utilizou-se as 03 vigas em perfis “I” e todo conjunto
de chapas e tubos de aço até que atingisse a altura em que estava instalado o macaco
hidráulico, este posicionado de ponta cabeça. As Figuras 7 e 8 representam a
montagem de acordo com suas dimensões e seus equipamentos, respectivamente.
As cargas foram aplicadas em estágios de 35 kg.

Figura 7 – Disposição da placa de CLT e extensômetros elétricos


12

Figura 8 – Aparato experimental


13

4. RESULTADOS

4.1. SOLUÇÃO DA ESTRUTURA ISOSTÁTICA


A Figura 9 a seguir apresenta a solução da viga isostática biapoiada com duas
cargas concentradas ao longo do comprimento:

Figura 9 – Solução da viga isostática biapoiada

Desta maneira, a tensão cisalhante no ponto de instalação dos extensômetros


elétricos é dada pela Equação 13 a seguir:

𝑃
. 800 . 80 . 40
𝜏= 2 = 0,00000586 . 𝑃 [13]
800 . 273066667

E a solução da flecha da placa considerada como viga é dada pela Equação


14.

𝑃 𝑃
𝛿 = 1,078 .109 + 864 . [14]
𝐸𝐼 𝐺𝐴
14

4.2. ESTIMATIVAS DA RIGIDEZ EFETIVA


Nos tópicos a seguir são apresentadas as estimativas de rigidez da placa de
CLT ensaiada pelos métodos apresentados por KARACABEYLI e DOUGLAS (2013).
Alguns valores foram adotados de acordo com a literatura, a destacar o módulo de
elasticidade da madeira Pinus taeda conforme a NBR 7190 (E0 = 13304 MPa), o
módulo de cisalhamento paralelo às fibras (G0 = 650 MPa) conforme EN 408, o módulo
de elasticidade normal às fibras (E90 = E0/30) e o módulo de cisalhamento
perpendicular às fibras (G90 = 0,1.G0,) segundo KARACABEYLI e DOUGLAS (2013).

4.2.1. Método γ
Na Tabela 1 são apresentados os parâmetros utilizados no cálculo de EIeff pelo
método gamma, resultando na rigidez igual a 2,930.1012 N.mm².

Tabela 1 – Parâmetros e cálculo de EIeff pelo método γ


h1 (mm) 40
h2 (mm) 20
h3 (mm) 40
h4 (mm) 20
h5 (mm) 40
h1 (mm) 20
h2 (mm) 20
htotal (mm) 160
b (mm) 800
l (mm) 3840
E (N/mm²) 13304
A (mm²) 32000
I (mm) 4,27E+06
γ1 0,9012
γ3 0,9012
a (mm) 60
EIeff (N.mm²) 2,930E+12

4.2.2. Método k
Na Tabela 2 são apresentados os parâmetros utilizados no cálculo de EIeff pelo
método k, resultando na rigidez igual a 3,250.1012 N.mm².
15

Tabela 2 – Parâmetros e cálculo de EIeff pelo método k


E0 (N.mm²) 13304
E90 (N.mm²) 443,5
m 5
am (mm) 160
am-2 (mm) 80
am-4 (mm) 40
k1 0,8943
Eb,0,eff (N.mm²) 11898
EIeff (N.mm²) 3,250E+12

4.2.3. Método Kreuzinger


Na Tabela 3 a seguir é apresentado o cálculo do centro Z da placa de CLT
estudada, enquanto na Tabela 4 é demonstrado os parâmetros utilizados para cálculo
e o resultado da rigidez de 3,249.1012 N.mm².

Tabela 3 – Cálculo de Z para o método Kreuzinger


hi Ei yi Ei.Ai Ei.Ai.yi
Indice
(mm) (N.mm²) (mm) (N) (N.mm)
1 40 13304 20 4,257E+08 8,515E+09
2 20 443,5 50 7,095E+06 3,548E+08 Z (mm)
3 40 13304 80 4,257E+08 3,406E+10
4 20 443,5 110 7,096E+06 7,806E+08
5 40 13304 140 4,257E+08 5,960E+10
∑ 1,291E+09 1,033E+11 80,00
Tabela 4 – Cálculo de EIeff pelo método Kreuzinger
Zi BA BB
(mm) (N.mm²) (N.mm²)
60 5,676E+10 1,533E+12
EIeff
30 2,365E+08 6,386E+09
(N.mm²)
0 5,676E+10 0,000E+00
-30 2,365E+08 6,386E+09
-60 5,676E+10 1,533E+12
∑ 1,708E+11 3,078E+12 3,249E+12

A rigidez ao cisalhamento (GAeff) calculado pela Equação 10 encontrado foi de


1,560E+7 N.

4.3. CÁLCULO DA RIGIDEZ PELA EN 408:2010


Os valores para o cálculo da rigidez de acordo com as medidas de
deslocamento sugeridas pela EN 408:2010 são apresentados nos tópicos a seguir.
Os deslocamentos lidos durante o experimento são apresentados na Tabela 6 a
16

seguir, onde T1 se refere ao LVDT na face superior da placa de CLT e T2, T3 e T4


aos LVDTs na face inferior. Tmédio se refere à média destes três últimos valores, e
foi utilizado para o caso da rigidez global.

Tabela 5 – Valores de deslocamentos para o experimento


P T1 T2 T3 T4 Tmédio
(N) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
0 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
343 0,003 0,084 0,105 0,068 0,086
687 0,008 0,197 0,206 0,166 0,189
1030 0,014 0,364 0,384 0,302 0,350
1373 0,023 0,545 0,566 0,449 0,520
1727 0,032 0,725 0,743 0,595 0,688
2070 0,038 0,861 0,882 0,703 0,815
2413 0,048 1,037 1,055 0,841 0,978
2757 0,056 1,242 1,261 1,003 1,169
3100 0,065 1,437 1,433 1,145 1,338
3443 0,073 1,621 1,613 1,285 1,507
3796 0,081 1,828 1,809 1,440 1,692
4140 0,089 2,026 2,010 1,589 1,875
4483 0,096 2,228 2,205 1,740 2,058
4827 0,108 2,464 2,423 1,920 2,269
5170 0,116 2,678 2,629 2,082 2,463
5513 0,127 2,927 2,858 2,260 2,682
5866 0,138 3,130 3,062 2,412 2,868
6210 0,149 3,365 3,273 2,590 3,076
6553 0,162 3,594 3,489 2,762 3,282
6896 0,171 3,813 3,694 2,927 3,478
7240 0,181 4,019 3,902 3,079 3,667
7583 0,194 4,293 4,155 3,281 3,909
7936 0,212 4,592 4,437 3,504 4,177
8280 0,231 4,860 4,700 3,704 4,421
8623 0,248 5,104 4,928 3,879 4,637
8966 0,266 5,366 5,177 4,066 4,870
9310 0,284 5,663 5,449 4,278 5,130
9653 0,303 5,995 5,763 4,512 5,423
10006 0,320 6,337 6,082 4,755 5,725
10350 0,343 6,717 6,453 5,018 6,063
10693 0,352 7,078 6,768 5,279 6,375
11036 0,361 7,359 7,043 5,486 6,629
11380 0,371 7,662 7,336 5,704 6,901
11723 0,384 7,974 7,636 5,937 7,182
12066 0,403 8,312 7,946 6,193 7,483
12419 0,429 8,702 8,329 6,482 7,838
12763 0,451 9,034 8,659 6,737 8,143
13106 0,471 9,312 8,913 6,957 8,394
13450 0,497 9,815 9,417 7,345 8,859
13793 0,517 10,231 9,814 7,669 9,238
14136 0,549 10,832 10,408 8,128 9,789
17

4.3.1. Rigidez pelo módulo de elasticidade local

Na Figura 10 a seguir é apresentada a curva tensão-deslocamento obtida por


meio da leitura do LVDT posicionado na face superior da viga, conforme sugere a EN
408:2010. O coeficiente de correlação encontrado no intervalo de 0,1.FMÁX e 0,4.FMIN
foi de 0,999, o que torna o torna adequado para estimativa do módulo de elasticidade
local por meio da Equação 2.

Figura 10 – Tensão-deslocamento para cálculo do módulo de elasticidade local

Desta maneira, encontrou-se as variáveis para o cálculo da rigidez pelo módulo


de elasticidade local e seu resultado apresentados na Tabela 6 a seguir:

Tabela 6 – Valores utilizados para cálculo do módulo de elasticidade local


F2 – F1 (N) 3786,7
a (mm) 1440
l12 (mm²) 640000
I (mm4) 273066667
w2 – w1 (mm) 0,095
El (N/mm²) 8370,1
El.I (N/mm²) 2,286E+12
18

4.3.2. Rigidez pelo módulo de elasticidade global

Na Figura 11 a seguir é apresentada a curva tensão-deslocamento obtida por


meio da leitura dos LVDTs posicionados na face inferior da viga, conforme sugere a
EN 408:2010. O coeficiente de correlação encontrado no intervalo de 0,1.FMÁX e
0,4.FMIN foi de 0,999, o que torna o torna adequado para estimativa do módulo de
elasticidade global por meio da Equação 1.

Figura 11 – Tensão-deslocamento para cálculo do módulo de elasticidade global

Assim, encontrou-se as variáveis para o cálculo da rigidez pelo módulo de


elasticidade global bem como seu resultado apresentados na Tabela 7 a seguir:

Tabela 7 – Valores utilizados para cálculo do módulo de elasticidade global


F2 – F1 (N) 3786,7
a (mm) 1440
l (mm) 3840
G (N/mm²) 650
w2 – w1 (mm) 1,994
Eg (N/mm²) 7650,7
Eg.I (N/mm²) 2,089E+12
19

4.4. CÁLCULO DA RIGIDEZ PELOS EXTENSÔMETROS E FLECHA ELÁSTICA


Na Tabela 8 a seguir são apresentadas as leituras obtidas dos extensômetros
elétricos. A tensão-deformação é apresentada na Figura 12, obtendo módulo
cisalhante G de 153 N/mm² e rigidez ao cisalhamento GA de 1,958E+7 N. Por meio
deste valor, de Tmédio e da Equação 14 se obteve a coluna EI da mesma Tabela.

Tabela 8 – Leituras dos extensômetros elétricos, distorção e tensão cisalhante


P τ EI Tmédio
E1 E2 E3 γ
(N) (N/mm²) (N.mm²) (mm)
0 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 0,000 - 0,000
343 1,73E-05 3,04E-05 3,53E-06 3,99E-05 0,002 5,244E+12 0,086
687 2,12E-05 3,86E-05 -6,38E-07 5,65E-05 0,004 4,650E+12 0,189
1030 2,89E-05 5,56E-05 -6,38E-07 8,29E-05 0,006 3,647E+12 0,350
1373 2,73E-05 6,12E-05 -6,38E-07 9,57E-05 0,008 3,224E+12 0,520
1727 2,89E-05 6,70E-05 1,36E-06 1,04E-04 0,010 3,043E+12 0,688
2070 2,89E-05 7,70E-05 5,61E-06 1,19E-04 0,012 3,083E+12 0,815
2413 2,89E-05 8,13E-05 7,93E-06 1,26E-04 0,014 2,986E+12 0,978
2757 3,39E-05 8,95E-05 9,36E-06 1,36E-04 0,016 2,837E+12 1,169
3100 3,89E-05 9,70E-05 9,36E-06 1,46E-04 0,018 2,781E+12 1,338
3443 3,89E-05 1,03E-04 9,36E-06 1,57E-04 0,020 2,740E+12 1,507
3796 4,02E-05 1,07E-04 9,36E-06 1,64E-04 0,022 2,684E+12 1,692
4140 4,56E-05 1,15E-04 1,27E-05 1,72E-04 0,024 2,637E+12 1,875
4483 5,04E-05 1,26E-04 1,79E-05 1,83E-04 0,026 2,599E+12 2,058
4827 5,73E-05 1,27E-04 1,77E-05 1,79E-04 0,028 2,531E+12 2,269
5170 5,89E-05 1,37E-04 1,94E-05 1,96E-04 0,030 2,494E+12 2,463
5513 5,89E-05 1,43E-04 1,94E-05 2,07E-04 0,032 2,437E+12 2,682
5866 5,89E-05 1,47E-04 2,14E-05 2,14E-04 0,034 2,424E+12 2,868
6210 6,69E-05 1,60E-04 2,54E-05 2,28E-04 0,036 2,389E+12 3,076
6553 6,89E-05 1,67E-04 2,74E-05 2,38E-04 0,038 2,361E+12 3,282
6896 7,14E-05 1,75E-04 2,94E-05 2,48E-04 0,040 2,343E+12 3,478
7240 7,73E-05 1,80E-04 2,94E-05 2,54E-04 0,042 2,332E+12 3,667
7583 7,89E-05 1,87E-04 2,94E-05 2,66E-04 0,044 2,287E+12 3,909
7936 8,27E-05 1,96E-04 3,06E-05 2,78E-04 0,047 2,235E+12 4,177
8280 8,89E-05 1,97E-04 2,94E-05 2,76E-04 0,049 2,201E+12 4,421
8623 8,89E-05 2,07E-04 3,44E-05 2,91E-04 0,051 2,184E+12 4,637
8966 9,61E-05 2,14E-04 3,79E-05 2,94E-04 0,053 2,160E+12 4,870
9310 9,89E-05 2,21E-04 3,94E-05 3,04E-04 0,055 2,127E+12 5,130
9653 1,02E-04 2,27E-04 3,94E-05 3,13E-04 0,057 2,082E+12 5,423
10006 1,04E-04 2,34E-04 3,94E-05 3,24E-04 0,059 2,042E+12 5,725
10350 1,19E-04 2,64E-04 4,37E-05 3,65E-04 0,061 1,990E+12 6,063
10693 1,41E-04 3,09E-04 4,94E-05 4,27E-04 0,063 1,953E+12 6,375
11036 1,48E-04 3,17E-04 4,94E-05 4,37E-04 0,065 1,937E+12 6,629
11380 1,49E-04 3,23E-04 5,08E-05 4,46E-04 0,067 1,917E+12 6,901
11723 1,53E-04 3,32E-04 5,19E-05 4,59E-04 0,069 1,896E+12 7,182
12066 1,59E-04 3,38E-04 4,94E-05 4,69E-04 0,071 1,871E+12 7,483
12419 1,64E-04 3,47E-04 5,14E-05 4,79E-04 0,073 1,837E+12 7,838
12763 1,69E-04 3,52E-04 5,69E-05 4,78E-04 0,075 1,815E+12 8,143
13106 1,71E-04 3,61E-04 5,49E-05 4,97E-04 0,077 1,808E+12 8,394
13450 1,87E-04 3,88E-04 5,94E-05 5,29E-04 0,079 1,754E+12 8,859
13793 1,89E-04 4,07E-04 6,10E-05 5,64E-04 0,081 1,723E+12 9,238
14136 1,93E-04 4,25E-04 4,39E-05 6,12E-04 0,083 1,663E+12 9,789
20

Figura 12 – Tensão-distorção obtido por meio dos extensômetros elétricos

A média de EI obtida da Tabela 8 foi de 2,462E+12 N.mm², com desvio padrão


de 7,311E+11 N.mm² e variância de 30%.
21

5. DISCUSSÃO

Os valores para as rigidezes ao cisalhamento encontrados foram de 1,560E+7


N pelo método de Kreuzinger e de 1,958E+7 N pelas leituras de deformações obtidas
por meio dos extensômetros elétricos, sendo este o valor real desta propriedade. Em
comparação com este, a rigidez obtida pelo método de Kreuzinger ficou
aproximadamente 20% abaixo, mostrando-se como uma alternativa a favor da
segurança e de razoável estimativa para obtenção deste parâmetro por meio do G
dado pela EN 408:2010.

Quanto aos resultados encontrados para a rigidez E.I, as estimativas pelos


métodos γ, k e de Kreuzinger resultaram em rigidezes iguais a 2,930E+12 N.mm²,
3,250E+12 N.mm² e 3,249E+12 N.mm², respectivamente. Estes dois últimos valores
apresentaram pouca diferença entre eles, podendo ser considerado tal valor como a
real rigidez da peça no caso deste estudo. Desta maneira, o resultado de EI
encontrado pelo método γ se mostrou mais conservador, com valor aproximadamente
16% inferior ao encontrado pelos outros dois métodos.

Observou-se a tendência de se subestimar tal valor quando se utilizava os


dados das leituras dos LVDTs. As estimativas conforme a EN 408:2010 pelos módulos
de elasticidade local e global, obteve-se rigidezes de 2,286E+12 N.mm² e de
2,089E+12, respectivamente. Estes resultados se encontram 30% e 36% abaixo do
valor de 3,250E+12 N.mm² encontrado pelos métodos k e de Kreuzinger. Já a rigidez
de 2,462E+12 N.mm², encontrada por meio da flecha elástica e do produto GA dado
por meio das leituras dos extensômetros, reforça a afirmativa feita no começo deste
parágrafo uma vez que o valor é 24% inferior à rigidez considerada como parâmetro
neste trabalho. Esta tendência de valores subestimado pode ser explicada pelo fato
da placa de CLT já ter sido rompida anteriormente em outro ensaio, o que fez com
que as leituras nos pontos onde se encontravam os LVDTs fossem muito maiores do
que se a placa já não estivesse rompida.
22

6. CONCLUSÃO

Os valores de rigidezes EI obtidos por meio dos métodos k e de Kreuzinger se


mostraram mais confiáveis para serem adotados como parâmetros, dada a baixíssima
divergência entre eles. Além disso, é citado na literatura que este último método é o
mais preciso quando se trata da estimativa deste parâmetro. Teve-se que ter esta
adoção neste trabalho pelo fato de não poder se obter a rigidez diretamente pelos
extensômetros elétricos, apenas em função da leitura de deslocamentos dos LVDTs.

Os valores de EI obtidos por meio das leituras dos LVDTs se mostraram muito
abaixo quando comparados ao valor adotado como real, o que pode ser explicado
pelo fato da placa CLT já se encontrar rompida no centro do vão no momento do
ensaio, aumentando assim os deslocamentos desse ponto. Devido à isto, os métodos
para obtenção da rigidez por meio dessas leituras não podem ser classificados como
satisfatórios ou não neste trabalho.

O método de Kreuzinger também se mostrou confiável quanto na obtenção da


rigidez ao cisalhamento GA, apresentando valor dentro de bom intervalo quando
comparado ao obtido via extensômetros elétricos e inferior ao mesmo, estando a favor
da segurança para aplicação em projetos.
23

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190: Projeto


de estruturas de madeiras. Rio de Janeiro, p. 107. 1997.

BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos materiais. 3ª. ed. [S.l.]: McGraw-
Hill, v. 5, 1982.

BLASS, H. J.; FELLMOSER, P. Design of solid wood panels with cross layers.
Proceedings of the 8th World Conference on Timber Engineering. Lahti, Finland: [s.n.].
2004. p. 543-548.

BRANDNER, R. et al. Cross laminated timber (CLT): overview and development.


European Journal of Wood and Wood Products, v. 74, n. 3, p. 331-351, 2016.

EUROPEAN COMMITEE FOR STANDARDIZATION. EN 408:2010: Timber


structures - Structural timber and glued laminated timber - Determination of
some physical and mechanical properties. [S.l.], p. 38. 2012. EN 408:2010.

KARACABEYLI, E.; DOUGLAS, B. Cross-Laminated Timber. Quebec:


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RUAN, G.; XIONG, H.; CHEN, J. Bending and Rolling Shear Properties of Cross-
Laminated Timber Fabricated with Canadian Hemlock. SDHM, v. 13, n. 2, p. 227-246,
2019.

TIMOSHENKO, S. P. Mecânica dos Sólidos. [S.l.]: LTC - Livros Técnicos e


Científicos, v. 1, 1983.

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