UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO – UNIFENAS BH
TEORIA GERAL DO PROCESSO.
GUILHERME MARQUES GUIMARÃES
DIREITO, 3° PERÍODO
PROFESSOR: MICHEL
BELO HORIZONTE, FEVEREIRO DE 2011.
CAPÍTULO 1 – A SOCIEDADE E TUTELA JURÍDICA
Sabemos que desde as mais antigas sociedades no mundo, o homem já
necessitava de normas para sua subsistência, no sentido de pacificar os conflitos gerados pela cobiça humana, então, sabemos que não existe uma sociedade sem direitos.
Em termos concordamos com este dogma de que sociedade é igual a
leis, pois assim se cria uma forma de medir e por fim nos conflitos e insatisfações dos seres humanos. Estes conflitos poderiam ser resolvidos entre as partes ou até mesmo por um terceiro, surgindo assim a figura do processo na esfera do Direito moderno.
Antes da noção de resolução pacífica do problema, cominado com a
inexistência de um Estado-juiz suficientemente forte para demandar sobre conflitos entre seus componentes, existia a figura da autotutela, onde o mais forte detinha a vitória jurídica sobre o mais fraco. Com o relativo fortalecimento da idéia de justo, cria-se a autocomposição como forma de resolução de conflitos na sociedade, e esta é definida de três formas diferentes, sendo a primeira a desistência, a segunda a submissão e a terceira a transação.
Com o passar do tempo, os indivíduos perceberam que a resolução
parcial dos conflitos não gerava todos os resultados esperados, e que a partir daquele momento deveriam criar uma forma imparcial de resolução de problemas. Surge a solução amigável e imparcial que é feita através de árbitros, que eram pessoas de confiança das partes, e, geralmente, eram sacerdotes ou sábios.
Podemos observar então que a figura do juiz surge antes da figura do
legislador, somente quando Estado começa a sujeitar as partes a escolherem um árbitro, decide-se preestabelecer normas abstratas para cumprimento das vontades estatais para resolução de conflitos. Este marco histórico deu-se na Roma antiga com a criação da Lei das XII Tábuas.
Com o fim da noção de justiça privada e concepção de justiça pública,
com um Estado forte e soberano em matéria processual, impondo aos particulares sua decisão sobre os litígios, surge a jurisdição que é o instrumento por meio do qual o Estado atua para pacificar os conflitos entre os componentes da sociedade, impondo-lhes a sua decisão soberana sobre aquele determinado caso, sendo a jurisdição uma responsabilidade única do Estado. Atualmente, existem meios alternativos de pacificação social, onde se encontram meios não-jurisdicionais para solução de conflitos de particulares, pois o que importa é a resolução justa do problema, onde se enfrenta o problema da formalização e morosidade da justiça.
Existem casos em que o controle jurisdicional é obrigatório ao Estado, e
que por algum motivo as partes precisam clamar por justiça. Por isso o processo deve ser regido de forma a proporcionar as partes total acesso à justiça. CAPÍTULO 2 – O PROCESSO E O DIREITO PROCESSUAL
O Estado desempenha sua função jurídica regulando as relações
intersubjetivas através de duas ordens distintas, a legislação e a jurisdição, onde na primeira ele cria normas que definem o que é lícito e ilícito, atribuindo direitos e deveres, faculdades, de forma genérica e abstrata. Já na segunda o Estado busca a realização prática das normas antes legisladas, daí o nome jurisdição, se dá por meio do processo e tem caráter individual.
A cooperação do Estado perante as partes envolvidas no conflito, mais a
soma de poderes, faculdades, deveres, ônus e sujeições dá-se o nome de processo. O direito processual é um complexo de normas e princípios que regem e regulamentam o processo, ou seja, é o exercício da jurisdição pelo estado através da figura do Juiz. Já o direito Material são as normas que disciplinam as relações jurídicas referentes aos bens jurídicos.
A função primordial do Direito Processual é garantir a autoridade do
Estado no que tange as normas do Direito Material, ou seja, os instrumentos do processo (jurisdição, ação, execução, processo) são instrumentos estatais para garantia de proteção aos bens jurídicos elencados no Direito Material.
A história do Direito Processual se dá em três fases, onde a primeira se
dá o nome de direito adjetivo, pois era usado somente como meio de exercícios de direitos. O segundo dá-se o nome de fase autonomista ou conceitual, que foi marcada por grandes construções científicas no ramo do processo, tais como teorias que definiam a autonomia deste direito. A terceira fase, em curso, a instrumentalista, onde esta ciência já atingiu níveis altíssimos de desenvolvimento, porém o sistema é falho quanto a produção de justiça entre os membros da sociedade. CAPÍTULO 3 – DENOMINAÇÃO, POSIÇÃO ENCICLOPÉDICA E DIVISÃO DO DIREITO PROCESSUAL
Diversas denominações ao Direito Processual foram atribuídas ao longo
do tempo, como a de Direito Judiciário(origem romana) devido a figura do Juiz, porém nem todo judiciário é processual e o Juiz é um mero sujeito imparcial do processo, que conta com no mínimo mais dois sujeitos, os litigantes.
O Direito Processual detém caráter autônomo, enquadrado no âmbito
geral, e se encaixa na grande esfera do Direito Público com bases no Direito Constitucional(criação de órgãos e institutos), pois nele se garante a figura do processo legal. O Direito Processual é uno, porém se prende a alguns ramos do Direito, como o Civil e o Penal.
Conclui-se que tal dependência se dá devido à já dita regra que o
processo regula o Direito material, sendo o instrumento do Estado para pacificar as partes litigantes e garantir que a justiça seja cumprida sem vícios e sem favorecimentos desiguais. Infelizmente fica a questão, no Estado Brasileiro, nós detemos do conhecimento das dogmáticas a respeito do processo e a todas as garantias fundamentais, e sabemos que o Estado deve fazer uma justiça justa e igual, porém não é isso que assistimos. Indagamos qual seria a solução mais correta para sanarmos deficiência? Seria a morosidade do sistema judiciário a responsável pelas violações dos direitos de muitos brasileiros?
A nós só cabe a sugestão de que o Estado deve educar aqueles que no
seu leito se crescem, como já dizia Platão, "a educação deve possibilitar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter". Já sabemos que as normas foram criadas para o caminho de melhorias, e estudamos estas melhorias, porém precisamos alcançá-la. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOUVER, Ada Pellegrini;
DINAMARCO, Cândido Rangel. TEORIA GERAL DO PROCESSO, 25ª edição, Editora Malheiros, Capítulos 1,2 e 3.