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Frederico II, imperador da Alemanha no século XIII, era dado a se engajar em bizarros
experimentos. Num deles, quis descobrir que tipo de idioma as crianças falariam caso
crescessem sem jamais ouvir uma palavra sequer. Será que seria a língua de seus pais, ou
hebreu, ou grego, o latim, ou árabe? Ordenou então que algumas “ mães postiças”
amamentassem e banhassem um grupo de bebês, porém sem falar com eles nem tocá-los
depois. Mas, como o historiador franciscano Sambilene de Adama relatou: “o imperador
tentou em vão, porque todas as crianças morreram”.
Pois “elas não conseguiam viver sem os carinhosos afagos, sem os alegres semblantes e as
amorosas palavras das mães postiças”. “ Não conseguiam viver sem os carinhosos afagos...”
Algo tão simples. Toque. Quem poderia imaginar que um dos mais básicos dos atos humanos
poderia estimular o sistema imunológico, melhorar o funcionamento mental e até aliviar a
hiperatividade ou o déficit de atenção em crianças agitadas? Sambilene foi um dos primeiros
a registrar os deletérios efeitos da falta de toque no organismo humano.
Mais recentemente, durante o último século, estudos feitos pelos pediatras Henry Chapin e
René Spitz, dos Estados Unidos, mostraram que as crianças que viviam em instituições com
alimentação e higiene adequadas morreram pela carência de toque. Todas essas crianças
receberam o que se acreditava ser essencial para sua sobrevivência: nutrição e um ambiente
higiênico. Mesmo com as necessidades físicas atendidas, os médicos concluíram que o fator
essencial ausente era o toque amoroso.
Uma vez que o excesso de cortisol inibe o funcionamento do hipocampo, o centro da memória
e aprendizado no cérebro, a redução da secreção desse hormônio pode levar a uma melhora
na capacidade mental.
Com tanta agitação e distúrbios mentais a nossa volta, será que não é chegada a hora de
resgatar uma das mais básicas expressões da afeição humana – o toque? Como Montagu diz:
“ onde o toque começa, ali o amor e a humanidade também começam.”
Assegure-se de que você está a cada dia dando a seus filhos o conforto do carinho tátil.
Aprenda a massagem para bebês. Esfregue as costas de seu filho e faça cafuné em seu
cabelo. Ensine a suas crianças a automassagem. E incentive a introdução do toque na
educação infantil.
Sandra Andrews