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Disciplina: Saúde Mental no Trabalho.

Identificação da tarefa: Tarefa 3. Envio de arquivo.


Pontuação: 15 pontos.

TAREFA 3

Na disciplina situamos alguns transtornos mentais e do comportamento na área


ocupacional - no contexto do sofrimento psíquico no trabalho – relacionados a uma
psicopatologia e psicodinâmica do trabalho. Nesse âmbito, elabore um texto
dissertativo a partir da questão apresentada a seguir:

"A organização do trabalho exerce sobre o homem uma ação específica, cujo impacto
é o aparelho psíquico. Em certas condições emerge um sofrimento que pode ser
atribuído ao choque entre uma história individual, portadora de projetos, de
esperanças e de desejos e uma organização do trabalho que os ignora" ( Dejours,
1987).

A partir deste trecho, extraído do artigo disponível na biblioteca da disciplina "Aspectos


psicodinâmicos da relação homem-trabalho", e do conteúdo da disciplina, desenvolva
um texto que aborda a questão do sofrimento psíquico no trabalho e suas
repercussões (psico)patológicas. Você pode escolher um dos tópicos referente à
Unidade 2 da disciplina ou algum aspecto de seu interesse ou experiência profissional
relacionado a esse tema.

O texto deve ter entre 500 e 1.000 palavras, excluídas as referências bibliográficas.

Bom trabalho!

Na relação do trabalhador com sua tarefa constrói-se um “saber-fazer” que perfaz a


lacuna entre o trabalho prescrito e o real. As barreiras para o desenvolvimento da
inteligência são potenciais geradoras de sofrimento em uma relação diretamente
proporcional, quanto maiores os entraves, maior o sofrimento gerado. Por sua vez,
reconhecer a inteligência prática advinda das atividades laborais contribui para
elevação do prazer e construção da identidade. A inteligência prática tem a
peculiaridade de inscrever-se no corpo, pois relaciona-se aos sentidos. O reconhecer
e o saber fazer são construídos com base no que é ouvido, sentido, visto e
experienciado na execução de seu trabalho. Trata-se do conhecimento gerado e
aplicado nesta relação. Para ilustrar o aspecto somático desta inteligência prática,
Dejours (2001) analisa o caso de funcionários de uma indústria petroquímica ao
desenvolver o hábito de realizar jogos em certos momentos em que o superior
hierárquico não estava presente. Ainda que houvesse um sentimento de culpabilidade
por parte dos funcionários, acontecia certa leniência, inclusive da diretoria em relação
à prática dos jogos. A análise dos mecanismos envolvidos nessa questão leva à
conclusão de que os funcionários passavam por períodos de inatividade durante o
trabalho, o que gerava sensação de tédio e consequente aborrecimento, irritabilidade
e angústia. O jogo funcionaria como uma forma de afastamento do trabalho e calmaria
gerado pela situação de silêncio, concentração e reflexão. Ademais, o jogo permitia a
alternância entre o retorno ao posto de trabalho e a avaliação das jogadas. Também
era possível o envolvimento sensorial do trabalhador com sua tarefa, através dos
sons, vibrações, mudanças de frequência. O desenvolvimento desta “vigília auditiva”
mesmo não fazendo parte do treinamento do trabalhador é item importante para
eficiência dos processos e transmitida pelo contato com os funcionários mais
experientes. No estado de ausculta propiciado pelo jogo de palavras-cruzadas são
alcançadas condições favoráveis para o desempenho da tarefa. A inteligência prática
teria características pragmáticas, ligadas aos seus resultados e efeitos. O caráter
funcional e criativo é evidente, no qual o alcance da meta precede a análise e estaria
presente em todos os tipos de trabalho. Tal processo de produção de saber tem
ligações com certa epistemofilia, aludida por Dejours ao tratar da angústia surgida na
relação da criança com os pais, que dará espaço a uma série de curiosidades infantis
importantes em seu desenvolvimento psíquico posterior. Tal configuração resultará em
construções singulares de saber para cada sujeito e se manifestará com base no
desejo de cooperar enquanto manifestação da mobilização subjetiva do sujeito, que
pode ser mais ou menos incentivada pela organização a partir de processos como o
reconhecimento. Portanto, vimos que o trabalhador é capaz produzir e desenvolver um
saber em sua relação com o trabalho, neste caminho, pode encontrar fontes de
sofrimento quando suas produções subjetivas são desconsideradas. A busca de prazer
e da identidade são contigentes a este movimento, assim como a geração e aplicação
da inteligência astuciosa. Sendo assim, a dinâmica do trabalho impacta o aparelho
psíquico na medida em que aplica determinada “ação específica”. No entanto, este
processo é capaz de gerar sofrimento “que pode ser atribuído ao choque entre uma
história individual, portadora de projetos, de esperanças e de desejos e uma
organização do trabalho que os ignora" ( Dejours, 1987).
Referências

DEJOURS, C. (1987) . A Loucura do Trabalho: Estudo de Psicopatologia do Trabalho. São


Paulo: Cortez.

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