Você está na página 1de 15

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SETE LAGOAS

CURSO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Ana Cristina Costa Neves


Isabella Cristina de Menezes Almeida
José Ruan Costa de Oliveira

ENTOMOLOGIA FORENSE

Sete Lagoas - MG - Brasil


2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SETE LAGOAS

Ana Cristina Costa Neves, Isabella Cristina de Menezes Almeida, José Ruan Costa de
Oliveira.

ENTOMOLOGIA FORENSE

Trabalho apresentado à disciplina Biologia dos


Invertebrados II, do Centro Universitário de Sete
Lagoas (Unifemm), como requisito parcial de
avaliação.
Orientador: Prof. Dr. Rafael Braga da Silva

Sete Lagoas - MG - Brasil


2020
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 03
2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 04
3. OBJETIVOS ................................................................................................. 05
3.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 05
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 06
4.1 INSETOS DE IMPORTÂNCIA FORENSE................................................ 07
4.1.2 INSETOS DA ORDEM DÍPTERA.......................................................... 08
4.1.3 INSETOS DA COLEÓPTERA................................................................. 08
4.2 APLICAÇÕES LEGAIS DA ENTOMOLOGIA FORENSE ..................... 09
4.2.1 RELAÇÃO COM A TOXICOLOGIA...................................................... 10
5. CONCLUSÕES.............................................................................................. 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 13
3

1. INTRODUÇÃO

Sendo um ramo da biologia, a entomologia forense se baseia na utilização de insetos e


outros artrópodes em análises na busca de informações para determinada investigação. O
primeiro registro do uso de insetos em investigações foi registrado em 1.235, entretanto
apenas de algumas décadas para cá a ciência começou a se tornar cada vez mais utilizada.
Este estudo vem se tornando se extrema importância, pois revela peças importantes para a
resolução de crimes ou situações associadas. Através das análises de insetos é possível
associar diversas características que foram relacionadas à causa da morte (SILVA, 2020).

A sigla IMP refere-se ao intervalo pós morte, ou seja, é o período entre a morte e o
momento em que o corpo é encontrado. Os insetos são importantes pois sempre estão
associados a matéria em decomposição. Eles conseguem sentir odores – que nós humanos não
conseguimos – e chegam primeiramente ao local onde o corpo se encontra (NUNES, 2017).

Na revista Galileu – Edição 150 – Jan/04 – foi publicado um artigo chamado “O inseto
conta o crime”. Tal artigo retrata que o corpo de uma criança foi encontrado escondido em
uma casa. Um médico francês encontrou larvas e ovos da mosca Sarcophaga carnaria no
corpo. Os novos inquilinos da cada foram considerados inocentes, pois as larvas já estavam
bem desenvolvidas, o que considerou que o corpo já estava no local há mais tempo,
apontando os antigos moradores como culpados. Diante deste exemplo, podemos perceber a
importância da entomologia forense em situações criminais.
4

2. JUSTIFICATIVA

A associação da entomologia forense aos insetos cotidianos que estudamos em


Invertebrados, ressaltando a sua importância da entomologia forense. Ademais, pretende-se
despertar o interesse pelo tema, sendo que não é uma questão abordada comumente e destacar
sua importância dentro das pesquisas com insetos e na perícia criminal.
5

3. OBJETIVOS

Serão apresentados alguns pontos que a entomologia forense abrange, associando-os


ao curso de Ciências Biológicas e aos artrópodes que nos foram apresentados durante a
matéria de Biologia dos Invertebrados

3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo desse trabalho foi apresentar os princípios básicos da entomologia forense,


por meio de um estudo de revisão literária, que são aplicados na investigação criminal.

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6

Os estudos relacionados a entomologia forense iniciaram-se no Brasil em 1908, com


os trabalhos pioneiros de Edgard Roquette Pinto e Oscar Freire, respectivamente nos Estados
do Rio de Janeiro e da Bahia. Com base em estudos de casos em humanos e animais
realizados na primeira década do Século XX, esses autores registraram a diversidade da
fauna de insetos necrófagos em regiões de Mata Atlântica, então ainda bastante preservadas
(PUJOL-LUZ; ARANTES; CONSTANTINO, 2008)

Além da relevância ecológica na decomposição, os insetos colonizadores de


cadáveres podem se tornar importantes instrumentos em investigações criminais, de modo
particular naquelas envolvendo morte de caráter violento, por possibilitarem estimativa do
intervalo pós- morte (IPM) e, ainda, permitirem estudos moleculares baseados na análise de
DNA (MARTINS et al., 2013). O desenvolvimento da Entomologia Forense no Brasil tem
sido facilitado pela sólida tradição brasileira no estudo de insetos das Ordens Diptera e
Coleoptera. Para a Entomologia Forense, as moscas e os besouros são os mais importantes,
especialmente em casos envolvendo morte.

O entomologista forense deve possuir um bom conhecimento de taxonomia, biologia


e ecologia de insetos. Esse perfil é relativamente raro, mas felizmente o Brasil possui um
bom número de especialistas aptos para conduzir pesquisas e treinar profissionais nessas
áreas do conhecimento, não só no estudo das moscas e besouros, mas também em outros
grupos de animais necrófagos ou associados ao processo de decomposição cadavérica.
(ROSA et al., 2009)
7

4.1 INSETOS DE IMPORTÂNCIA FORENSE

Segundo Santana; Siquieroli; Boas, (2012) os insetos associados a cadáveres estão


classificado como (imagem 1):

Imagem 1- Classificação dos insetos na entomologia forense

Fonte: Ponto biologia

 Necrófagos: são determinados insetos imaturo se/ou adultos na sua grande


maioria moscas e besouros (Dípteros Muscóides e Coleópteros) que se
alimentam de tecido em decomposição;
 Ominívoros: insetos com uma dieta alimentar ampla, tanto dos corpos quanto
da fauna associada. Formigas e vespas (Himenópteros) e alguns besouros;
 Parasitas e Predadores: os parasitas neste contexto utilizam a entomofauna
cadavérica a qual retira os meios pra seu próprio desenvolvimento e os
predadores são os indivíduos que se alimentam das formas adultas ou
imaturas dos insetos cadavéricos. Nessas duas classificações podemos
encontrar Himenópteros (parasitando ou predando), Coleópteros, Dípteros
Muscóide e Dermápteros (vulgo tesourinha).
 Acidentais: são insetos que se encontram ao acaso no cadáver, explicado
muitas vezes pela frequência como ocorrem naturalmente em determinadas
áreas ecológicas. Aranhas, centopeias, ácaros e outros artrópodes são
exemplos de animais pertencentes a esta classificação.

Estudos sobre a biologia, ciclo de vida e ecologia de insetos necrófagos são ainda
incipientes, devido à sua complexidade, alto custo e demora na obtenção de resultados. O
conhecimento taxonômico dos dípteros e coleópteros necrófagos é essencial para a
Entomologia Forense, mas não suficiente. A estimativa do intervalo de morte, por exemplo,
8

depende também de informações ecológicas e biológicas, especialmente sobre o


desenvolvimento pós-embrionário de espécies das famílias Calliphoridae, Muscidae,
Sarcophagidae e Stratiomyidae entre as moscas e Dermestidae, Cleridae, Histeridae e
Scarabaeidae, entre os besouros. (PUJOL-LUZ; ARANTES; CONSTANTINO, 2008).

4.1.2 INSETOS DA ORDEM DÍPTERA

Dentre os insetos necrófagos, a ordem Díptera tem especial importância, pois,


apresenta alta capacidade olfativa e localizam um cadáver antes de outras ordens de insetos
(GOMES; VON ZUBEN, 2004). São, em sua maioria, ovíparos: as fêmeas adultas atraídas
pela carcaça depositam ovos utilizando a carne em decomposição tanto como micro-habitat
de estímulo à decomposição e cópula quanto como fonte proteica. Esse grupo despertou o
interesse da perícia criminal por fornecer aos investigadores, informações adicionais sobre o
tempo transcorrido após a morte. Os dípteros, em suas fases imaturas, têm sido mostrados
como ferramentas eficientes para produzir uma estimativa do intervalo post-mortem por duas
ou mais semanas (MEIRA; BARROS, 2015)

No Brasil, as famílias Calliphoridae, Sarcophagidae e Muscidae são apontadas como


principais espécies com potencial interesse forense, porém são registradas frequentemente
espécies das famílias Fanniidae, Phoridae, Piophilidae e Stratiomyidae associadas à
decomposição de carcaças animais e cadáveres humanos (GOMES; VON ZUBEN, 2004).

4.1.3 INSETOS DA COLEÓPTERA

A ordem coleóptera é a mais rica e mais diversificada entre os insetos e formam o


segundo maior grupo de interesse forense com representantes tanto necrófagos quanto
predadores, estes em sua maioria (OLIVEIRACOSTA, 2008).

A maior riqueza de fauna de coleóptera ocorre normalmente na fase seca de


decomposição. Isso acontece devido ao fato de os dípteros colonizarem a carcaça
pioneiramente e em grande abundância, desfavorecendo, competitivamente, a presença dos
besouros nos estágios iniciais (OLIVEIRA-COSTA, 2008).

De um modo geral, devido à especificidade e escassez de estudos abordando a


coleopterofauna necrófila, estudos nessa área de pesquisa são fundamentais para relacionar
as espécies à diferentes regiões enfatizou em seu trabalho a importância da criação de
9

chaves de identificação e a realização de estudos para se conhecer melhor a distribuição das


espécies que ocorrem em carcaças em decomposição no Brasil. (MEIRA; BARROS, 2015)

4.2 APLICAÇÕES LEGAIS DA ENTOMOLOGIA FORENSE

A entomologia forense é utilizada em investigação de tráfico de entorpecentes, maus


tratos, danos em bens imóveis, contaminação de materiais e produtos estocados ou morte
violenta, entre outros inúmeros casos que se apresentam no âmbito judicial. (SANTOS DE
SANTANA; SIQUIEROLI; BOAS, 2012)

Segundo Oliveira-Costa (2008),


“Cinco questionamentos devem ser respondidos com relação
aos casos de morte violenta: quem é o morto, como a morte ocorreu,
quando ocorreu e se foi natural, acidental ou criminal. Os
conhecimentos em entomologia podem auxiliar nos quatro primeiros
questionamentos e desvendar o último, porém frequentemente é
aplicada a estimativa do tempo de morte, (intervalo pós-morte –
IPM)”.
Evidências de insetos também podem demonstrar se o corpo foi movido para um
segundo local depois da morte, ou se o corpo foi em algum momento manipulado por
animais, ou pelo assassino que voltou à cena do crime. Tem-se como outras aplicações, o uso
de entorpecentes, danos em bens imóveis, contaminação de materiais, produtos estocados e
outros casos que se apresentam à investigação (BRITES, THAYSE SIMONETTI; SILVA,
2006)

De acordo com Lord & Stevesson 1986 (apud (ROSA et al., 2009) classificam a
entomologia forense em três subáreas:
 Urbana: relativa às ações cíveis envolvendo a presença de insetos em bens
culturais, imóveis ou estruturas. Um típico caso seria o do comprador de um
imóvel que, pouco tempo depois da compra, descobre que ele se encontra
infestado por cupins e responsabiliza o vendedor do imóvel pelo seu prejuízo.
A pergunta a ser respondida pela Entomologia Forense é o tempo de infestação
e se ocorreu antes ou depois da compra do imóvel.
10

 Produtos armazenados: diz respeito à contaminação, em pequena ou grande


proporção, de produtos comerciais estocados. O comprador de um lote de
alimento infestado por insetos pragas pode exigir do vendedor uma
compensação pelo prejuízo. O desafio para a Entomologia Forense seria
determinar quando ocorreu a infestação.
 Médico-legal: refere-se a casos de morte violenta (crime contra pessoas,
acidentes de massa, genocídio, etc.). A principal contribuição da Entomologia
Forense, nesse caso, é a estimativa do intervalo post-mortem (IPM).

4.2.1 RELAÇÃO COM A TOXICOLOGIA

A entomologia forense também pode estar associada a toxicologia. A


entomotoxicologia estuda a aplicação dos insetos necrófagos na análise toxicológica a fim de
identificar drogas e toxinas presentes em um tecido e também investiga o efeito causado por
estas substâncias no desenvolvimento dos artrópodes para aumentar a precisão na estimativa
de morte. O aumento de mortes relacionadas às drogas, principalmente heroína e cocaína, ou
ainda mortes ligadas ao consumo acidental ou proposital de venenos ou substâncias tóxicas,
justifica o grande interesse por esse ramo da medicina forense (INTRONA et al. 2001, apud
CARVALHO, 2003).

Entretanto com essa técnica, mesmo que o cadáver se encontre em estado de


decomposição ou que não existam elementos necessários para a realização de exame, é
possível a utilização dos insetos, pois os mesmos mantêm uma relação direta com o cadáver
ou com a carcaça. Sendo assim as larvas encontradas no corpo decomposto, podem ser de
suma importância não só como indicador forense e para estimar o IPM, mas também para
identificar os tipos de substâncias presentes, como antidepressivos, estimulantes entre outras,
Beyer et al.; Kinzt et al. (1980, 1990, apud CARVALHO, 2003).

Segundo Kinzt et al. (1990, apud CARVALHO, 2003) para uma análise toxicológica é
mais vantajoso utilizar as larvas do que tecidos de um cadáver, pois assim como dípteros e
coleópteros utilizam os tecidos humanos intoxicados, como alimento inserido em seu
metabolismo drogas e toxinas, além de ser de fácil coleta as larvas ainda possuem menos
contaminantes.
11

Os dípteros da família Calliphoridae e Sarco- phagidae, conhecidos como varejeiras


são frequentes envolvidos na estimativa do IPM, pelo fato de serem velozes e os primeiro a
chegarem na carcaça. Sendo assim cada vez mais insetos apresentam o melhor recurso para as
diversas análises concernentes às investigações médicos-criminais, e podem ser utilizados em
vários casos, a saber, se as amostras não estiverem mais disponíveis devido à decomposição
ou esqueletização; casos em que a família não permita a retirada de sangue por princípios
religiosos ou ainda em virtude do tempo para disponibilização das amostras.
12

5. CONCLUSÕES

A Entomologia Forense é considerada uma nova ciência, apesar de ter seus primórdios
no século XIII. Sua importância se dá no auxílio a área criminal, por meio do estudo da
sucessão dos insetos que colonizam cadáveres, especialmente dípteros, que podem fornecer
informações importantes para determinação, por exemplo, do intervalo post-mortem (IPM),
que em muitos casos é necessário para que se faça justiça.

Apesar da aplicação da Entomologia Forense ainda não ser largamente empregada


pelas autoridades policiais em todo o Brasil, ela vem crescendo satisfatoriamente, devido a
sua eficácia, tanto na investigação de mortes por homicídio ou suicídio, como assassinato
efetuado com determinado instrumento e mortes ocasionadas pela ingestão de drogas e/ou
outras substâncias tóxicas, sendo que neste último caso há possibilidade de se averiguar
através de análises no organismo do animal, a presença destas substâncias.
13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRITES, THAYSE SIMONETTI; SILVA, P. R. Q. DA. Importância da entomologia forense


nas ciências criminais. 2006.

CARVALHO, L. M. L. de.A Toxicologia e a Entomologia Forense. Entomologia Forense:


Quando os insetos são vestígios. Rio de Janeiro: Millennium, 2003, p. 221-231

GOMES, L.; VON ZUBEN, C.J. Insetos ajudam a desvendar crimes. Revista Ciência Hoje,
35(208): 28-31, 2004.

MARTINS, G. et al. Estimativa do intervalo pós-morte em um canino (Canis lupus familiaris


Linnaeus 1758) pela entomologia forense em Cabedelo-PB, Brasil: Relato de caso. Arquivo
Brasileiro de Medicina Veterinaria e Zootecnia, v. 65, n. 4, p. 1107–1110, 2013.

MEIRA, K. T. R.; BARROS, R. M. Padrões de sucessão da fauna cadavérica no Brasil , uma


contribuição para a prática forense. Acta de ciencias e saude, v. 4, n. 1, p. 63–99, 2015.

NUNES, Teresa. CSI da vida real: conheça a entomologia forense. Ponto biologia, 02 jun
2017. Disponível em: https://pontobiologia.com.br/csi-da-vida-real-entomologia-forense/.

PUJOL-LUZ, J. R.; ARANTES, L. C.; CONSTANTINO, R. One hundred years of forensic


entomology in Brazil (1908-2008). Revista Brasileira de Entomologia, v. 52, n. 4, p. 485–
492, 2008.

ROSA, T. A et al. [Dipterans of forensic interest in two vegetation profiles of cerrado in


14

Uberlandia, State of Minas Gerais, Brazil]. Neotropical Entomology, v. 38, n. 6, p. 859–866,


2009.

SANTOS DE SANTANA, C.; SIQUIEROLI, D.; BOAS, V. Entomologia Forense: Insetos


Auxiliando a Lei. Revista Ceciliana Dez, v. 4, n. 2, p. 31–34, 2012.

SILVA, Andressa Cruz e. A entomologia forense na investigação criminal: aplicação e


importância. Conteúdo jurídico, Brasília – DF: 18 jun 2020. Disponível em:
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/48622/a-entomologia-forense-na-
investigacao-criminal-aplicacao-e-importancia.

http://revistagalileu.globo.com/EditoraGlobo/componentes/article/edg_article_print/0,3916,65
6745-1948-1,00.html

Você também pode gostar