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METODOLOGIA DA PESQUISA

TEOLÓGICA
AULA 3

Prof. Roberto Rohregger


CONVERSA INICIAL

A pesquisa teológica é extremamente importante para o desenvolvimento


da cosmovisão cristã, e é necessária para o diálogo com a comunidade na qual
está inserida, além de contribuir para o crescimento da Igreja. Para aprofundar
esse entendimento, veremos nesta aula a importância da pesquisa teológica
para a teologia pública, bem como a necessidade de compreender os aspectos
desta para construir o diálogo com a sociedade. Na sequência, veremos como
proceder a uma leitura crítica, parte importante para construir a pesquisa
teológica e a argumentação, essencial para a escrita científica. Por fim,
aprofundaremos mais a compreensão da necessidade da pesquisa científica
para formar a cosmovisão cristã.

TEMA 1 – PESQUISA TEOLÓGICA: A TEOLOGIA PÚBLICA

A pesquisa teológica pode contribuir com o debate de questões


importantes que se fazem urgentes na sociedade contemporânea, isto é,
contribuir para a construção de uma teologia pública. Esse termo, “teologia
pública”, não é muito antigo; surge da percepção de que a teologia de alguma
maneira tenha que proporcionar uma reflexão voltada para o mundo de forma
geral, e não somente para as cercanias da Igreja. Porém, para entrar nos
debates que ocorrem nos mais diversos âmbitos da coletividade, é preciso estar
bem preparado. A voz da teologia deve ser ouvida pela percepção da sua
relevância, sua articulação com as ideias e teorias das outras ciências,
construindo um diálogo colaborativo, e não simplesmente impositivo.
Não se trata de uma tarefa simples. Ao contrário, apresenta um grande
número de desafios que o pesquisador deve suplantar, mantendo sempre a sua
fé em perspectiva da sua experiência pessoal, tendo como balizadora e fonte
primária a correta interpretação das Escrituras. Outro desafio é compreender que
se deve dominar os conceitos, métodos e reflexões teológicas. Porém, como
adentrará outras áreas, terá que conhecer e aprofundar-se nos aspectos sobre
os quais refletirá. Por exemplo, ao participarmos de debates referentes à
manipulação genética dos seres humanos, teremos que ter uma boa base bíblica
que nos oriente sobre essa questão, porém também deveremos compreender
como a manipulação genética ocorre, quais são as técnicas e suas
consequências.

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Segundo Rudolf von Sinner,

No âmbito da língua alemã, o cientista político Hans Maier


recomendou, já em 1969, a “teologia pública” como alternativa à
“teologia política”, embora não tenha aprofundado o conceito. Poucos
anos mais tarde, o especialista protestante em ética social Wolfgang
Huber publicou sua tese de pós-doutorado sob o título “Igreja e esfera
pública”, mas preferiu o conceito de teologia política ao de teologia
pública. O que estava por trás disso era, entre outras coisas, a
mudança da esfera pública e do lugar das igrejas cristãs nela. Vinte
anos mais tarde, contudo, Huber criou uma coleção intitulada “Teologia
pública”, junto com o teólogo reformado sul-africano John de Gruchy.
Segundo Huber, essa teologia assinala justamente “a passagem para
a era ecumênica da cristandade”, acrescentando: “Numa época em
que a consciência da pluralidade social está aumentando, é preciso
colocar novamente a pergunta a respeito do que a teologia, como
explicação cientificamente refletida da fé cristã, pode contribuir em
termos de orientação nas grandes questões públicas do presente”.
Num verbete de dicionário mais recente, Huber diz ainda que “a
formação da esfera pública na acepção moderna do termo [reforça] a
percepção de que a pregação da igreja tem o caráter de comunicação
pública. Ela enseja a percepção de que a ação da igreja não pode se
limitar ao âmbito intraeclesiástico. […] neste horizonte [sc. da
mensagem da justificação do pecador e da orientação pela fé,
esperança e amor no horizonte do senhorio de Deus], porém, a defesa
da verdade, o engajamento em prol da justiça melhor e a cultura da
misericórdia aparecem como diretrizes importantes da atuação pública
dela”. (2011, p. 333-334)

Este é um dos principais objetivos da teologia pública: contribuir com o


debate público sobre questões urgentes na sociedade, isto é, fazer com que a
Igreja esteja presente, participativa e atuante, inclusive dentro da academia. A
teologia tem a grande vantagem de propiciar uma formação mais generalista,
que possibilita uma visão mais ampla e com vários aspectos. Isso é muito
importante, pois o ser humano é multifacetado, não é apenas um sistema
biológico, mas sim um ser biopsicossocial e espiritual, apenas para ficar em
algumas faces da sua complexa constituição. Vanhoozer e Strachan afirmam
que, em primeiro lugar, “pastores têm de ser teólogos; em segundo lugar, que
cada teólogo é em certo sentido um teólogo público: e em terceiro, que um
teólogo público é um tipo muito particular de generalista” (2016, p. 21).
A teologia pública está necessariamente vinculada à pesquisa teológica,
pois suas argumentações precisão estar fundamentadas em uma metodologia
clara, habilitando-a a dialogar de igual com as demais ciências, para ser ouvida
e respeitada.

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TEMA 2 – LEITURA CRÍTICA

A leitura é parte essencial da pesquisa teológica, uma vez que grande


parte do fazer teológico tem como base a pesquisa bibliográfica, tanto para a
fundamentação teórica quanto para o embasamento de novas propostas e
concepções. Dessa forma, o material básico de pesquisa do teólogo são os livros
e artigos científicos.
A leitura desse material difere da leitura de um livro de literatura, que
também pode ser objeto de uma leitura crítica, mas não é o material corriqueiro
de pesquisa teológica. Na maior parte dessas leituras, o material é técnico, isto
é, relativo à ciência teológica, ou da área de pesquisa. Sendo assim, a leitura
desse material tem exigências próprias, tanto para sua compreensão quanto
para que possa ser avaliado. A leitura para a pesquisa teológica não é recreativa,
mas ativa. O leitor deve questionar e avaliar o texto de maneira a compreendê-
lo de forma plena e para enxergar alguma possível falha na argumentação ou da
apresentação de dados pelo autor.
A leitura de um material de pesquisa não deve ser feita apenas uma vez,
pois é bem provável que apenas a leitura de um único material teológico ou de
outra ciência possa deixar passar pontos importantes que não foram bem
compreendidos com relação à construção do texto.
Vamos procurar descrever um pequeno roteiro para efetuar a leitura
crítica de um texto técnico. Primeiro, é importante entender que a leitura de um
material técnico exige uma atenção muito grande, por isso é importante um local
silencioso para leitura. Também é interessante ter material para anotar questões
ou dúvidas com relação ao texto; considere usar uma caneta marca-texto para
evidenciar suas partes mais importantes. Porém, é preciso usá-lo com bastante
controle, evitando ter muitas partes do texto marcadas, pois isso não contribui
para uma leitura fluida.
Em muitos casos, a leitura deve ser feita mais de uma vez. Na primeira,
recomenda-se uma leitura mais “corrida”, isto é, ler o texto de uma vez, tanto
para se habituar ao escrito como para já perceber quais os pontos a que deverá
se reter na segunda leitura. Esta deve ser feita de forma mais lenta, detendo-se
nos pontos em que há dúvidas ou nos trechos cujo entendimento não foi muito
claro, inclusive relacionado a termos técnicos não compreendidos. Nessa fase,
um dicionário de termos da área de pesquisa seria interessante.

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Vários autores consideram o comportamento de ler criticamente como
uma aplicação do pensamento crítico, e descrevem esta habilidade
como relacionada com três fatores: a) questionamento; b) funcional; c)
avaliativo. O questionamento leva o leitor a verificar os pressupostos
de um texto. O fator funcional ou conotativo leva o leitor a usar métodos
de inquisição lógica e de solução de problemas, a selecionar palavras
ou frases significantes em uma afirmação, a identificar aspectos
emocionais e a levantar os vieses do texto. O fator avaliativo, que
requer padrões fornecidos pelas experiências anteriores e inclui a
distinção entre o relevante e o irrelevante, a avaliação do mérito de um
texto e a apresentação de justificativas baseadas em evidências.
(Hussein, 1987)

Nessa fase, seria importante avaliar alguns pontos:

• Existem trechos confusos? Marque estes e qual a dúvida que deixam;


• As assertivas são válidas? Esse ponto é extremamente importante, pois
é parte fundamental da leitura crítica perceber se as afirmações estão
bem fundamentadas, se há questões abertas, se a argumentação é lógica
e o resultado é conclusivo;
• É necessário acrescentar algo? Ficaram questões em aberto no texto? As
perguntas foram devidamente respondidas?
• As conclusões encontradas são relevantes?
• A ordem dos capítulos está coerente?

Podemos perceber que a leitura crítica é parte fundamental da pesquisa


teológica. É necessário que esse momento da pesquisa seja organizado com
bastante cuidado e diligência, a fim de que, com a leitura, possamos construir os
conceitos e a argumentação que devem conduzir a elaboração da pesquisa
teológica.

TEMA 3 – CONSTRUINDO A ARGUMENTAÇÃO

A leitura crítica é o primeiro passo para nos capacitarmos e construirmos


uma boa argumentação, uma vez que, quanto mais conhecimento detemos de
uma área, mais aprimoramos nossa construção lógica e nosso vocabulário. A
argumentação é essencial para a defesa de uma tese, isto é, precisamos
desenvolver uma linha de pensamento em que as ideias estejam concatenadas,
formando uma linha argumentativa lógica que comprove a tese levantada, da
qual a pesquisa bibliográfica servirá de fundamentação.
É preciso fundamentar a linha de raciocínio com base na construção de
diálogos entre os autores pesquisados, que contribuem para dar credibilidade e
comprovar nossa argumentação. Por isso, deve-se evitar a todo custo usar
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termos que generalizem alguma ideia ou impressão, como dizer que “todas as
igrejas têm problemas com relação a fazer obras sociais”. Essa afirmação
generalizada não pode ser comprovada, não há estudos que provem isso. Então,
apesar de você ter percebido isso em uma, duas ou dez igrejas, não se pode
afirmar que essa amostra comprove algo sobre “todas as igrejas”. Caso tenha
acesso a algum estudo científico sobre o tema, você pode usá-lo para apresentar
alguma evidência, porém, não se esqueça que ele também é limitado. Dessa
forma, apresente os números esclarecendo que se trata de uma probabilidade,
e não de uma afirmação categórica.
Novamente, a título de exemplo, se uma pesquisa nos EUA apresentou
que 60% das igrejas (de uma amostra de mil) não têm preocupação social, isso
pode ser usado de forma bem parcial. Assim, deve-se verificar:

• Se a amostra de igrejas pesquisadas é efetivamente significativa dentro


do total de igrejas nos EUA;
• Se essa pesquisa foi realizada apenas em uma região, que pode também
ser tendenciosa, pois ela pode não ter problemas sérios de necessidade
de assistencialismo e, dessa forma, as igrejas entendam que não devem
investir nessa área;
• Que a realidade norte-americana é bem diferente da brasileira, assim, a
conclusão dessa pesquisa provavelmente não é relevante para as igrejas
no Brasil.

Perceba que devemos ser críticos com nossa argumentação. Para que
ela seja considerada eficiente, não devemos fazer generalizações que não
podem se provadas. Muitos trabalhos são bastante prejudicados por apresentar
informações cuja realidade não se pode comprovar.
Outro ponto importante na construção da argumentação é o uso da lógica.
A escrita teológica deve ter uma construção racional, isto é, perceber que as
premissas de uma argumentação devem levar racionalmente a uma conclusão
comprovada. Segundo Moreland e Graig:

Um bom argumento dedutivo será aquele que é formal e informalmente


válido, que apresenta premissas verdadeiras e cujas premissas são
mais plausíveis do que suas contradições. […] Um bom argumento
deve ser formalmente válido. Quer dizer, a conclusão deve advir das
premissas de acordo com as regras da lógica. (2005, p. 47)

Os mesmos autores fornecem um exemplo bem simples de


argumentação lógica (p. 41):
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1. Se hoje for domingo, a biblioteca estará fechada;
2. Hoje é domingo;
3. Logo, a biblioteca está fechada.

As afirmações 1 e 2 são premissas do argumento, e a sentença 3 é a


conclusão. Entendendo 1 e 2 como verdadeiras, consequentemente a conclusão
é verdadeira. Não é apenas uma opinião de que a biblioteca está fechada; há
um argumento que promove essa conclusão. Dessa forma, podemos conduzir a
argumentação no sentido de comprovar a tese que levantamos para a pesquisa
que estaríamos realizando.

TEMA 4 – A ESCRITA CIENTÍFICA E TEOLÓGICA

Uma boa escrita deve se basear em uma boa leitura crítica e na


construção de uma argumentação sólida. Vimos esses dois pontos
anteriormente.
Apesar de a escrita teológica poder seguir o método da escrita científica,
ambas diferem no seu modo, isto é, na sua expressão, uma vez que há uma
linguagem específica da teologia.
Segundo Boff:

Qual é a linguagem da teologia? É naturalmente aquela que


corresponde à sua racionalidade. E esta depende de seu tema: a
realidade de Deus. Pois há uma correspondência entre: Realidade,
Racionalidade e Linguagem. Uma coisa remete a outra. Mais, uma
coisa está enlaçada na outra. […] Ora, todo o pensamento vem à
linguagem. Esta perfaz o pensamento. Sem a linguagem, o
pensamento permanece im-per-feito, incompleto e inarticulado. E isso
vale mais ainda se pensarmos no pensamento que envolve uma
experiência, como é o da fé. Ora, a experiência busca necessariamente
sua linguagem, como o amor, que procura sempre “se declarar”. (1999,
p. 297)

A escrita científica tem seu método, assim como a escrita teológica. É


preciso se adaptar para conseguir elaborar uma boa escrita em um trabalho
acadêmico. Nesse caso, precisamos dominar a forma de expressão acadêmica,
que é formal e tem uma estrutura própria, além das expressões técnicas da
ciência que se está pesquisando.
No caso da pesquisa teológica, espera-se que o escritor/pesquisador
tenha um bom domínio das expressões teológicas. O texto de uma pesquisa
nesse ramo difere de um blog, de uma revista destinada ao público geral etc. É
importante entender que cada público tem uma linguagem, e o teólogo deve

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saber transitar entre esses dois mundos, pois a comunicação requer a
compreensão de como se expressar em cada um deles.
Não é uma questão de elitismo; pelo contrário: é respeito ao público para
quem se está escrevendo. Se estamos escrevendo para a academia, a escrita,
além de mais formal, é mais técnica, pois os termos usados devem ser de
domínio dos leitores e expressar com mais clareza os conceitos do que se está
argumentando. Já o público leigo não tem a obrigação de conhecer expressões
teológicas complexas, e usá-las nesse caso confundiria a todos e traria
desinteresse pelo assunto. Por isso, textos mais técnicos da academia devem
passar por uma reescrita, e alguns termos podem ser substituídos ou mais bem
explicados no próprio texto.
Outro ponto muito importante: tenha cuidado ao citar um texto no seu
trabalho. Todo texto citado, isto é, copiado de alguma fonte, seja bibliográfica ou
não, deve ser devidamente referenciado, caso contrário, podemos incorrer em
plágio, que além de ser uma ação ilegal, desqualifica o trabalho (veremos esse
assunto com mais detalhes futuramente).
Para um bom texto, é preciso saber usar conectivos, isto é, palavras que
possibilitem sua fluidez. Seguem a seguir conceitos que podem ajudá-lo na hora
da escrita (Massêo, 2019).

4.1 Ideia de soma

Caso seu intuito seja acrescentar informações, ideias ou argumentos ao


texto, você pode utilizar os conectivos que representam soma. Alguns exemplos:
e; mais; nem; também; não só… mas também; assim como; como também;
ademais; outrossim; além disso; em adição.
Para simplificar, vamos aplicar alguns conectivos com essa ideia:

• “É importante não só a sua presença nesse evento, como também a do


seu colega de trabalho”;
• “Maria foi professora da Faculdade de Direito em 2019. Além disso, foi
coordenadora do curso no mesmo período”.

4.2 Ideia de conclusão

Esse tipo é usado principalmente na hora de concluir um parágrafo, dando


maior clareza para as ideias apresentadas. Alguns exemplos: logo; portanto;

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então; assim; enfim; por isso; por conseguinte; de modo que; dessa forma;
em resumo; em síntese; assim sendo.
Colocando em prática, temos algumas aplicações desse tipo:

• “Em resumo, podemos notar o aumento da taxa de suicídio devido aos


dados apresentados”;
• “Pelé fez muitos gols quando era jogador de futebol. Por isso, hoje é um
dos jogadores mais renomados”.

4.3 Ideia de contraposição

Se você quer contrapor uma ideia em relação a outra, é bom utilizar


conectivos como estes: mas; porém; todavia; contudo; entretanto; no
entanto; senão; embora; ainda que; mesmo que; mesmo quando; apesar de
que; se bem que; não obstante.
Confira os exemplos a seguir:

• “A aprovação da Lei Maria da Penha foi um grande avanço, porém ela não
surtiu todos os efeitos esperados”;
• “Thiago conseguiu tirar uma nota muito boa na prova. Entretanto, não foi
o suficiente para atingir a média em matemática”.

4.4 Ideia de alternância

Como o próprio nome diz, esse conectivo acrescenta ideias alternadas.


Confira alguns exemplos: ou… ou; ora… ora; já… já; não… nem; quer… quer;
seja… seja; talvez… talvez.
Se você ainda está na dúvida de como utilizá-los, saiba como aplicar na
prática:

• “Ou ela estuda ou trabalha”;


• “Ora ele se prepara para a apresentação, ora estuda para a prova”;
• “Joana não conseguiu estudar para a prova nem fez o trabalho para hoje”.

4.5 Ideia de comparação

Para comparar ideias e estabelecer uma relação com o que já foi dito,
você pode usar os conectivos a seguir: que; do que; mais que; menos que;

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tão… quanto; tão… como; tanto… quanto; tão… como; tal qual; da mesma
forma; da mesma maneira; igualmente; bem como.
Confira os exemplos a seguir:

• “Aquele garoto é mais estudioso do que o restante dos alunos”;


• “Da mesma forma que Lucas não teve tempo de ler os livros, Maria
também não teve”.

4.6 Ideia de explicação

Se você quer esclarecer as causas ou consequências de algum fato


anterior, use conectivos como estes: pois; porque; que; porquanto; por isso;
assim; visto que; já que; uma vez que; por conseguinte; por causa de; em
virtude de; de tal forma que.
Veja exemplos na prática:

• “É importante estudar, já que as provas começam na próxima semana”;


• “Uma vez que os alunos já estudaram previamente, será mais fácil todos
atingirem a nota máxima”.

4.7 Ideia de conformidade

Para expressar conformidade, você pode utilizar estes conectivos:


conforme; como; segundo; consoante; de acordo com; de conformidade
com.
Veja os exemplos a seguir:

• “Segundo o prefeito da cidade, as obras estão prestes a acabar”;


• “Conforme dito pela professora, as aulas foram suspensas na próxima
semana”.

4.8 Ideia de condição

Esse tipo de conectivo expressa circunstâncias hipotéticas em relação a


uma situação futura: se; caso; desde que; contanto que; exceto se; salvo se;
a menos que; a não ser que.
Veja os exemplos práticos:

• “Você consegue sua aprovação no vestibular, desde que estude com


antecedência”;
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• “A menos que você mude sua postura, você não conseguirá estudar todo
o conteúdo necessário”.

4.9 Ideia de proporção

Utilize os conectivos a seguir para indicar proporcionalidade: à medida


que; à proporção que; ao passo que; quanto mais; quanto menos.
Exemplos:

• “Quanto mais você estudar, mais chances de conseguir a nota 1000”;


• “À medida que você se prepara mais para a prova, suas chances de
passar aumentam”.

4.10 Ideia de finalidade

Para mostrar um propósito definido na sua oração, utilize conectivos como


estes: a fim de que; para que; com o fito de; com a finalidade de; ao
propósito; com o objetivo de; com a intenção de.
Confira alguns exemplos:

• “Com a intenção de passar no vestibular, Mariana escreve três redações


por semana”;
• “Luís escreve três redações por semana a fim de que consiga alcançar a
nota 1.000 no Enem”.

Enfim, quando for elaborar seu texto, tenha em mente: ele é o resultado
de uma pesquisa elaborada e, dessa forma, deve apresentar todo seu trabalho,
possibilitando ao leitor uma compreensão clara, que o conduza a conclusões
baseadas em premissas consistentes.

TEMA 5 – A PESQUISA TEOLÓGICA E A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO


CRISTÃO

Partimos da pressuposição de que o cristianismo é uma cosmovisão que


exibe elementos comuns a outras cosmovisões. Como outras, ele fornece uma
abordagem inclusiva às preocupações essenciais da vida. É ponto pacífico que
a Bíblia é o ponto central para formar a cosmovisão cristã, uma vez que o
conteúdo do Livro Sagrado sempre foi considerado como a história dos
procedimentos de Deus para com a humanidade no decorrer do tempo. Mesmo
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uma leitura superficial das Escrituras permitirá perceber que a cosmovisão
contida em suas páginas difere de outras visões de mundo da sociedade
moderna.
Podemos citar como exemplo três visões de mundo da atualidade que
diferem consideravelmente da visão cristã: o naturalismo, o panteísmo e o
deísmo. É preciso compreender que vivemos em um tempo de constantes
mudanças e reinterpretações de significados.
Apenas por meio de uma articulação bem elaborada do pensamento
cristão poderemos apresentar respostas para as questões postas em nossa
sociedade. Porém, o mundo contemporâneo é resultado de movimentos no
decorrer da história que têm no iluminismo um ponto de reflexão e alteração na
forma de a sociedade compreender o mundo.
A pesquisa teológica deve contribuir com a construção da cosmovisão
cristã sobre as principais questões que a sociedade (em geral) e a Igreja (em
particular) estão debatendo. Segundo Soares e Passos,

No decorrer dos tempos modernos a teologia se tornou cada vez mais


coisa da Igreja, restrita aos muros eclesiais e destinada ao consumo
interno dos sujeitos religiosos. Seu caráter acadêmico e público vai
perdendo a visibilidade, enquanto as ciências ganhavam força e se
institucionalizavam no âmbito das universidades, nas suas mais
variadas especializações e aplicações técnicas. (2011, p. 11, grifo
nosso)

Fica claro que a pesquisa teológica é fundamental para avançar no


diálogo da cosmovisão cristã com a sociedade e contribuir com os desafios
contemporâneos.

NA PRÁTICA

Podemos verificar que é com a pesquisa teológica que a Igreja pode


contribuir para o debate de questões importantes na sociedade em geral. As
Escrituras têm algo a dizer sobre a forma como o sistema econômico se
estabelece e como a sociedade pode ter uma distribuição mais justa das
riquezas produzidas. Também pode participar de questões relacionadas ao
aborto, ou como o desenvolvimento tecnológico pode afetar os relacionamentos.
Porém, para se fazer ouvida, é preciso trabalhar com pesquisas argumentativas,
que observem e apresentem argumentos lógicos relacionados aos
ensinamentos de sabedoria da Bíblia.

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FINALIZANDO

Nesta aula procuramos aprofundar alguns aspectos que fundamentam a


pesquisa teológica. É preciso uma maior inserção nos debates acadêmicos da
teologia e, para isso, é precioso que sua metodologia tenha rigor e estrutura para
se apresentar em termos de igualdade perante as outras ciências.

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REFERÊNCIAS

BOFF, C. Teoria do método teológico. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

HUSSEIN, C. L. Leitura crítica: revisão do conceito. Arquivos Brasileiros de


Psicologia, v. 39, p. 108-115, 1987. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abp/article/view/20235/18975>.
Acesso em: 7 out. 2019.

MASSÊO, A. 18 tipos de conectivos para redação que vão te ajudar a


desenvolver sua escrita. Imaginie, [S.l.], 13 set. 2019. Disponível em:
<https://blog.imaginie.com.br/conectivos-para-redacao/>. Acesso em: 7 out.
2019

MORELAND, J. P.; GRAIG, W. L. Filosofia e cosmovisão cristã. 1. ed. São


Paulo: Vida Nova, 2005.

SINNER, R. Teologia pública: novas abordagens numa perspectiva global.


Numen – Revista de Estudos e Pesquisa da Religião, Juiz de Fora, v. 13, n.
1-2, p. 326-357, 2011. Disponível em:
<https://periodicos.ufjf.br/index.php/numen/article/view/21825>. Acesso em: 7
out. 2019.

SOARES, A. M.; PASSOS, J. D. Teologia pública: reflexões sobre uma área de


conhecimento e sua cidadania acadêmica. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2011.

VANHOOZER, K. J.; STRACHAN, O. O pastor como teólogo público:


Recuperando uma visão perdida. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2016.

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