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A bíblia das Testemunhas de Jeová é válida?

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14 de julho de 2020

Luis Santamaría - publicado em 14/07/20

O livro sagrado que as Testemunhas de Jeová usam para apoiar


sua pregação é o mesmo usado pela Igreja Católica?
As Testemunhas de Jeová têm uma versão particular da Bíblia, chamada de “Tradução do
Novo Mundo das Escrituras Sagradas”. Essa versão das Sagradas Escrituras nunca deve
ser usada por um católico. Vejamos por quê.

As Testemunhas de Jeová, uma das seitas de origem cristã fundada nos Estados Unidos
no século XIX, afirma ser supostamente o grupo religioso mais apegado às Sagradas
Escrituras. Mas eles têm uma versão especial da Bíblia, chamada “Tradução do Novo
Mundo das Escrituras Sagradas” (TNM), publicada pela Watchtower Bible and Tract
Society of New York, Inc., a sociedade que está por trás desse movimento.

Versão adaptada
Em seu site oficial, as Testemunhas de Jeová afirmam que a TNM “é uma versão exata e
simples. Foi impressa inteira ou em partes em mais de 100 idiomas, e foram distribuídos
mais de 70 milhões de exemplares”. Desde a sua fundação, a seita empregou diversas
bíblias, mas, no final, acabou impondo aos seus adeptos sua própria edição, bastante
controversa.

Esta versão da Bíblia não pode ser considerada como tradução, pois manipula
conscientemente inúmeras expressões da Sagrada Escritura para adaptá-las às doutrinas
da seita.

As Testemunhas de Jeová afirmam que, ao contrário de outras traduções, a TNM é uma


“versão em linguagem moderna”.

Na primeira página da edição, eles garantem que sua bíblia foi preparada “consultando
fielmente os antigos textos hebraicos e gregos”. É verdade que eles utilizam pontualmente
outras traduções bíblicas, mas só para tirar os versículos que lhes interessam em um
determinado momento.

A seita tem um princípio doutrinal que marca as diretrizes na hora de manipular, em sua
própria versão, as passagens necessárias, e indica os “apoios” em outras traduções
(classificadas por eles como inexatas ou falsas). Este princípio é regulado pela cúpula da
seita, por meio da Watchtower Society, e aparece em suas publicações, que dizem o que
os adeptos devem ler, como devem ler e para que devem ler diretamente na TNM.
Modificações
Tudo o que contradiz seu aparato doutrinal é modificado. Em primeiro lugar, quanto à
divindade de Cristo. Observamos as manipulações, entre outras passagens, em: João 1, 1
(“A Palavra era um deus”), Romanos 9, 5 (“O Cristo segundo a carne: Deus, que está sobre
todos, seja bendito para sempre”), Tito 2, 15 (“Aguardamos a feliz esperança e a gloriosa
manifestação do grande Deus e do salvador nosso, Cristo Jesus”) e 2 Pedro 1, 1 (“Por
justiça do nosso Deus e do salvador Jesus Cristo”), dissociando, nestes dois últimos casos,
Deus de Jesus, e introduzindo palavras nos dois primeiros, modificando, assim, o texto
original grego.

Também alteraram todo o referente à identidade do Espírito Santo, que não só aparece
em minúsculas, mas despersonalizado, como, por exemplo, em Gênesis 1, 2: “A força ativa
de Deus se movia de um lado a outro sobre a superfície das águas”.

Cabe destacar a forma de traduzir o verbo grego “estin” (“é”) nas palavras de Jesus
durante a Última Ceia: “Isto significa meu corpo (…). Este cálice significa o novo pacto em
virtude do meu sangue” (Lc 22, 19-20). Encontramos falsificações semelhantes em todo o
relativo à escatologia, com os termos “alma”, “inferno” etc.

Falsificação

Um truque interessante é a mudança que fizeram na pontuação das palavras de Jesus ao


“bom ladrão”, para evitar qualquer indício de retribuição imediata post mortem. Na TNM,
lemos assim: “Verdadeiramente, eu te digo hoje: estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).
Trocam, além disso, o termo “cruz” por “madeiro de tormento” (por exemplo, em
Filipenses 2, 8).

De maneira contraditória, as Testemunhas de Jeová misturam, em sua TNM, o


literalismo bíblico (fundamentalismo) com uma manipulação calculada de muitos dos
seus textos. Autores de todas as denominações cristãs rejeitaram esta versão.

As pessoas que utilizam a bíblia das Testemunhas de Jeová, em suma, não têm uma
tradução mais ou menos discutível do texto sagrado, e sim uma falsificação.

As Testemunhas de Jeová publicaram versões interlineares da sua Bíblia, nas quais


podemos observar claramente onde estão as deturpações do texto inspirado. Nestas
edições, aparecem os textos originais em hebraico e grego, com a tradução literal abaixo,
palavra por palavra. Ao lado, está o texto composto pela seita, que contradiz muitas vezes
o que as línguas antigas dizem. Não podemos falar de uma tradução nem de uma Bíblia;
nem sequer de uma interpretação, mas de uma clara falsificação.

Orientação da Pontifícia Comissão Bíblica


Retomando o documento da  Pontifícia Comissão Bíblica de 1993, cabe destacar,
aplicando isso às Testemunhas de Jeová, à sua TNM e sobretudo à sua forma de ler e
interpretar a Escritura, que “a abordagem fundamentalista é perigosa, pois ela é atraente
para as pessoas que procuram respostas bíblicas para seus problemas da vida. Ela pode
enganá-las, oferecendo-lhes interpretações piedosas mas ilusórias, ao invés de lhes dizer
que a Bíblia não contém necessariamente uma resposta imediata a cada um desses
problemas. O fundamentalismo convida, sem dizê-lo, a uma forma de suicídio do
pensamento”.

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