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PORQUE TANTAS BÍBLIAS DIFERENTES?

Com certeza, você já deve ter ouvido, ou feito estas perguntas: que diferença existe entre as
Bíblias? A Bíblia não é uma só? Porque será que se fala em Bíblia da mulher, Bíblia do homem,
Bíblia da criança (que são partes da Bíblia), Bíblia de estudo, bíblia do ENEM, bíblia do Churrasco,
bíblia do Marketing e outras? A resposta a estas perguntas não é tão simples quanto parece. Elas
exigem conhecimento das Bíblias, que são Bíblias de fato, e porque as bíblias, que não são Bíblias,
recebem o nome de Bíblia.

a) As Bíblias que recebem o nome ‘Bíblia’ e o são de fato

As Bíblias que levam o nome de Bíblia, e de fato são, referem-se às que nasceram nas
línguas originais do hebraico, aramaico e grego, antes de Jesus, e até o início do segundo século,
depois de Jesus. Trata-se do Primeiro e Segundo Testamentos.

A Bíblia Hebraica foi escrita ao longo de séculos, e apresenta três grandes partes: o
Pentateuco com 5 livros; os Profetas anteriores com 6 e posteriores com 15, e a terceira parte os
Escritos com 13,1 ao todo são 39 livros. Enquanto que a Bíblia Grega, conhecida como Septuaginta,
traz ao todo 53 livros,2 subdivididos em duas partes: a primeira em Leis e Histórias (23 livros) e a
segunda em Poéticos e Profetas (30). Apenas 39 livros foram traduzidos da Bíblia Hebraica.

A tradução dos textos originais para o latim, foi feita ao final do IV século, por São Jerônimo.
Ela é conhecida como Vulgata e trazem os 39 livros da Bíblia Hebraica, mais 7 livros da Septuaginta
(= Bíblia Grega), além dos 27 livros do Segundo Testamento. Ela perfaz um total de 73 livros.

A tradução da Bíblia, ou parte dela para o alemão, começou com Martinho Lutero, por volta
de 1500 E.C., depois foi traduzida para o português cerca de 1620 por João Ferreira de Almeida.3
Ambos traduziram apenas os 39 livros da Bíblia Hebraica, mais os 27 do Segundo Testamento. Bem
mais tarde, em 1864, foi feita a primeira impressão da Bíblia no Rio de Janeiro - Brasil, por Garnier
Livreiro-Editor, traduzida da Vulgata, pelo Pe. Antonio Pereira de Figueiredo.

As Bíblias que levam este nome, e de fato o são, no Brasil são muitas. Segue o elenco das
Bíblias mais utilizadas, com as suas características principais:

Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, aprovada pela Igreja Católica em 27 de dezembro de
1957. É muito usada pelo movimento Pentecostal Católico, ou seja, a Renovação Carismática
Católica. Desde a sua primeira edição, não teve mais atualização da tradução e das notas. Esta se
faz necessária, pois, os estudos Bíblicos cresceram muito quanto à crítica textual, a exegese e a
interpretação dos textos sagrados.

Bíblia de Jerusalém, Edições Paulinas, aprovada em 01 de novembro de 1980. É uma Bíblia


de estudo, pelas suas extensas introduções aos blocos e cada um dos livros. Muito importante pelas
citações marginais e de rodapé de textos paralelos, seja em relação ao Primeiro quanto ao Segundo
Testamento. As notas são de cunho exegético, favorecendo a compreensão, interpretação dos
textos.

Bíblia Edição Pastoral, Paulus, com aprovação em 21 de dezembro de 1989. Apresenta uma
tradução pastoral da Bíblia de Jerusalém. As notas explicativas no rodapé, são feitas por perícopes,
seguem uma linha interpretativa sócio, político, econômico e religioso dos textos.

1
Cf. AUTH, R., Bíblia, comunicação entre Deus e o povo. São Paulo: Paulinas, 2010.
2
A Septuaginta ou Bíblia Grega, subdivide alguns livros da Bíblia Hebraica, como por exemplo, o livro de
Jeremias.
3
Cf. as diferentes traduções feitas: ARA: Almeida Revista e Atualizada; ARC: Almeida Revista e Corrigida;
ARP: Almeida Revista em Português; ACF: Almeida Corrigida e Fiel.
Módulo 1 – Texto 3: Porque tantas Bíblias diferentes? 2
Bíblia Tradução Ecumênica, Edição Loyola, com aprovação em 1994. É recomendada para o
estudo pelo seu rico aparato crítico, com notas ao pé da página e excelentes introduções aos livros.
Todos os que trabalharam na tradução e comentários são biblistas e estudiosos de diversas
confissões cristãs e do judaísmo. Uniram-se num esforço comum, para testemunhar a unidade e a
diversidade, na leitura fiel do livro que é acolhido por todos, como Palavra de Deus. Na apresentação
dos blocos literários segue a grande divisão da Bíblia Hebraica: Torah: os livros do Pentateuco, os
Livros proféticos (anteriores e posteriores) e os Escritos (sapienciais) com a inclusão dos livros
deuterocanônicos ou apócrifos,4 mais os livros do Segundo Testamento.

Bíblia Sagrada, CNBB, Várias Editoras, 2001. É uma tradução dos textos originais. Traz o
Documento da Dei Verbum, uma ampla introdução Geral à Bíblia e a cada livro. É a tradução oficial
da CNBB, que serve como referência para os textos citados nos documentos oficiais, recomendada
para o uso na catequese, reuniões, encontros de oração e de formação.

Bíblia do Peregrino, Paulus, com aprovação em 2002. Esta é uma Bíblia de estudo. Ela foi
traduzida dos textos originais e é fruto de 25 anos de trabalho, estudo e contemplação do Pe. Luís
Alonso Schökel, que tinha uma alma de poeta, místico e sábio. Ele contou com a colaboração de
uma equipe de especialistas. As introduções no início de cada livro são sintéticas, as notas no
rodapé, ao contrário, são abundantes e muito ricas dando uma interpretação teológica das
Escrituras.

Bíblia Sagrada, Nova Tradução na Linguagem de Hoje, Paulinas, 2004. A tradução reproduz
o sentido dos textos originais hebraico, aramaico e grego numa linguagem acessível para a
compreensão do povo. Traz a Bíblia completa com os 73 livros, usada pelos católicos em geral. A
tradução foi feita pelas Sociedades Bíblicas do Brasil e peritos católicos, designados pela
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, sobretudo, para a revisão dos escritos deuterocanônicos.
É uma Bíblia de fácil compreensão, para pessoas iniciantes na sua leitura, com letra grande.

Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1948. É uma tradução
literal dos textos originais. Não traz os textos deuterocanônicos. Ultimamente a Sociedade Bíblica do
Brasil tem publicado muitas Bíblias direcionadas para diferentes públicos5, com o intuito de despertar
o interesse e a leitura dos escritos sagrados.

Bíblia Hebraica, por David Gorodovits e Jairo Fridlin, baseada no Hebraico e à luz do Talmud
e das Fontes Judaicas, Editora e Livraria Sêfer, 2006. É a tradução da Torah, dos Profetas
(anteriores e posteriores) e dos Escritos, buscando ser fiel ao texto original hebraico e à tradição
rabínica, mantendo ao mesmo tempo a clareza da linguagem corrente em português.

b) Livros que recebem o nome de Bíblia e não o são

Muitos livros hoje recebem o nome de Bíblia e na verdade não o são. E porque será que os
seus autores lhe deram o nome de Bíblia, por exemplo, a bíblia do ENEM, bíblia do Churrasco, bíblia
do Marketing e outras?

A Bíblia, na compreensão comum das pessoas, é tida como um escrito digno de fé, que
carrega uma autoridade nos seus ensinamentos, traz verdades indiscutíveis. E, sem dúvida, que em
determinadas áreas, seus autores quiseram dar a suas obras, credibilidade e seriedade aos
conteúdos e ensinamentos transmitidos. Mas, na verdade, não são, e não fazem parte dos 73 livros
sagrados, conhecidos sob o nome, Bíblia.

4
Os Livros Deuterocanônicos são: Tobias, Judite, 1 Macabeus, 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico
(Sirácida) e Baruc.
5
Bíblia de estudo: Plenitude (destaque Jesus Cristo); Pentecostal (lideranças); Avivamento e Renovação
Espiritual (todos); Pregador (Pastores); Família (destaques para família cristã); Mulher (com comentários
orientados para a mulher, a partir das figuras femininas da Bíblia).

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