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Acho errôneo terminar um poema com ponto final, deveria ser crime.

A palavra é viva, tem seu próprio rumo, caminha sozinha, por mais que tentem domesticá-
la. Poema está em demasia com o infinito, nunca acaba-se, o breu é a única certeza. Poema está em constante evolução e reforma, é a melhor forma de
deixar transparente o sente, sem ver. Poema é a forma, que deixa na memória um escrito, que fica para o infinito. () As vezes eu gostaria de não escrever,
para escrever tenho que sentir e sentir as vezes dói. Na verdade queria ter a liberdade de sentimentos. Não sentir nada talvez seria a melhor parte da vida.
Sou inóspito de mim mesmo. Poema acredito ser meu forte. Sou feliz poetizando. Acho. Não há uma arte para escrever ou uma maestria para poetizar, a
palavra em mim é poesia, a alma dita onde, e escrevo. Todos podem poetizar. () Abraço é maior que o beijo. Beijo remete desejo. Remete alma. Remete
interesse. Remete troca de dna. Traz vontades. Qualquer um pode beijar. O abraço não, ou você ama, ou não ama, ou nada sente. Tem de ser uma, todas
fortes, não se pode abraçar alguém que não se conhece, o abraço é regido por um sentimento intenso, por isso o abraço é maior que o beijo. () Tenho vontade
de escrever errado. Menas e conserteza. Escrever certo é encarar a realidade e concentrar-se no texto. Quero só escrever, não quero ser regido por leis que
me obrigam a ser quem não sou. Quero ser volátil na poesia de escrever. Ser livre. () Chovia muito lá fora, pela janela do ônibus dava para ver a rua, molhada.
Estranho é pensar que cada pessoa que passa deixa sua pegada, em cada pegada um sentimento. Um homem de escritório por exemplo, tem de fazer coisas
constantes, o atraso pode ser sua melhor companhia, pisando forte, para disfarçar a ansiedade do atraso, segue seu caminho e deixa sua marca. Estranho,
não? () Soluçava as chuvas ouvindo, o medo e o que não se pode ver se anunciou, fito meus olhos aos espelhos de quem sou, remeto a verdade do que já foi.
Ser eu me cansa mas é surto natural da vida. Confesso que amar é um sonho. Amar junto e não só. Vários planos crio e perdido fico soluçando. Imagino arroz,
imagino caviar, imagino sorvete, imagino um par. O que comer pouco importa quando se está junto. Já comi jiló, jurubeba e rococó. Mesmo, enfim soluço
sozinho. Junto a chuva. Chuva que me guia e me vasta. () Sou daqueles que escreve textinhos. Que cria poema e ama sozinho. Sou daqueles que ama
calado, que mesmo tristonho, faço minha felicidade a tua. Busco-me em ti. A tua face além de bela, cora, e inebria. Confesso que minha segurança some,
simplesmente esvai-se. Procuro encontra-la, porém não encontro em ti. Finjo bem, dificilmente saberás o que sinto. Sou daqueles que ama escondido, que se
contenta com o simples olá, que mandas. Sou daqueles que imagina um mundo. Um mundo a dois. () As vezes tenho medo de escrever. Medo de escrever
quem sou, e o medo se anunciar. Sim. O medo pode se anunciar. O medo manifesta-se nas vírgulas de meu texto e logo toma proporções exorbitantes. Medo
mesmo de amor. Amor de choro ou ronco de estômago. Sempre escrevi, no inicio de tudo era tão mais fácil. Juntar as rimas e pronto. Hoje não há rima. Hoje
há sonho. Hoje há utopia.

Era manhã, estávamos dormindo. Sonhara com uma árvore grande. De maçã para ser exato. Tinha frutos enormes. Gigantescos. Exorbitantes. Não tenho
mais palavras para definir seus tamanhos. Frustração. Enfim, peguei uma, bem avermelhada, dei uma abocanhada só, estranhamente tinha gosto de
chocolate, fechei os olhos e saboriei a frutosa. Um tempo. Um pensar. Olhei e vi um anel na fruta. Era tão grande a fruta que caberia minha mao lá. Cravado o
anel tinha meu nome e de Alfredo. Achei lindo. Acordei. Não abri os olhos. Pensei no sonho, e Caetano veio a minha mente "...gosto muito de você
leãozinho...". Aos poucos abri os olhos e vi Alfredo na cama. Senti-me seguro assegurando ele. O sol banhava-o, sua pelo ficava vivida a luz do regente do
universo. Seus cílios iluminados ficavam maiores. Seus cabelos curtos cintilavam, quis abraça-lo logo pela manhã. Ao som de Caetano e Alfredo, fiquei ali na
cama alguns minutos. Imaginei o sonho. De repente um ronco. Arwg. Dei por mim que precisava levantar. Levantei bem devagar, acho que Alfredo chegou
tarde ontem. Não o vi chegar, nas noites de sexta ele sempre fica mais tempo no abrigo infantil, as famílias não têm um esperar. Sabe os paços de rato? Sou
quase um. Sou ligeiro, ter 1,75m tem suas vantagens. Ao contrário de Alfredo, quem tem 1,90m. Cheguei à cozinha. Ele tinha deixado o bolo para fora da
geladeira. —Porra Alfredo, é impossível, você faz isso para me irritar —disse em sussurros para não acorda-lo—, e agora? Adoro quando Alfredo
simplesmente deixa o bolo em cima da pia, simplesmente deixa. Juro que um ia entenderei, enquanto isso vou xinga-lo, a forma mais aceita e recomenda a se
fazer. Pois bem, tinha pipoca, tinha biscoito, tinha sorvete e chocolate, tinha também feijão. Que droga come feijão pela manhã?!!! Não sei, decidi fazer
omelete. O café anunciava-se pronto. Seu cheiro logo alastrou-se pela casa. Deixei a frigideira cair, logo outros panelas. Droga! Alfredo deve ter acordado.
Esperei por um tempo. Nada. Ele não apareceu, logo não acordou. Comecei a separar os ingredientes e deixei-os sobre a mesa. —Bom dia, amorzão—sua
voz meio roca anunciava que acabara de acordar. —Bom dia. Seu beijo era molhado e viril, inocente e perfeito. —Não era para você acordar agora—disse
franzindo a testa. —Olha, a última pessoa que regulava meu sono era mamãe —disse brincando —, e ela está em sua casa, as vezes ela me liga, mas só as
vezes. Os risos encheram a casa. —É sério, queria fazer uma surpresa. E você estragou. —Posso voltar para cama então—Disse levantando a sobrancelha—.
Mas primeiro deixa eu ver o que está fazendo. Você fez um barulhão que acordei. —A frigideira caiu, junto a algumas panelas. Você tinha que ter visto. Foi
feito filme. As segurei mas caíram —Suspiro. —Mas deviam conscientizar que menores não podem cozinhar. Só os maiores, sabe? —Maiores é? Quer que eu
te lembre da última vez que você fez um macarrão? "Lucas, Lucas, joguei a água junto ao macarrão, e também o extrato de tomate, tem uma hora, quando
saberei que está pronto?" —Nossa, nem me lembre, eu imaginava mesmo que ficaria pronto assim. Não tenho culpa. Nos olhamos por mim tempo. Até ele me
chamar. —Vem aqui—disse olhando e sorrindo para mim. Seus braços enormes logo me acolheram e seu beijo doce me cativou. —Te amo, tá? Não sei o que
seria de mim sem você. Mesmo. —Olha, posso adiantar que no mínino você morreria de fome. Ele riu e me beijou de novo. —Tem biscoito ali, vamos comer e
vem assistir tevê comigo?! Concordei, enchi nossos copos de café com leite e comemos biscoito. Na tevê passava Bob esponja, passamos a manhã vendo
desenhos. Não sei o que será do meu futuro. Ou o quê a qualquer momento, só sei que vejo Alfredo em cada minuto em mim.

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