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Instituto de Ciências da Saúde Curso: FARMÁCIA AULA

Disciplina: Análises 2
Toxicológicas
Titulo da Aula:
Determinação de
Salicilemia
De acordo com o material abaixo, responda as questões?

1. Faça o cálculo das soluções para a preparação da curva de


calibração?
R: C1*V1 =C2*V2 C1*V1 =C2*V2

1000 mg/L*V1= 0*2 ml 1000 mg/L*V1= 25 mg/ L*2ml

V1= 0 ml V1= 0,05 ml

C1*V1 =C2*V2 C1*V1 =C2*V2

1000 mg/L*V1= 50 mg/L*2ml 1000 mg/L*V1= 75*2 ml

V1= 0,10 ml V1= 0,15 ml

C1*V1 =C2*V2

1000 mg/L*V1= 100 mg/L*2ml/L

V1= 0,20ml curva padrão

A
m/l A
6
0 1
5
0,05 2
0,10 3 4

0,15 4 3
0,20 5 2
1
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
2. Para que serve a curva de calibração?
R: Para a averiguação, que corresponde aos valores de absorbância e de
concentração de uma determinada substancia.
3. Qual é a explicação do método que determina íons salicilatos com
íons Fe 3+    

R: O método se basea na reação entre os íons salicilatos com os íons de Fe3+,


resultando na formação de um complexo de coloração violeta [ salicilato –
Felll], sendo monitorado pelo espectrofotômetro com o máximo de absorção em
torno de 525 nm. Ao verificar o comprimento da onda de máxima absorção do
complexo colorido, utilizou-se um espectrofotômetro duplo cromador.
4. Por que absorção gástrica costuma ser rápida?
R: A absorção Gástrica , costuma ser rápida com níveis máximos de salicilato ,
geralmente ocorrendo em 1 a 2 horas, o uso de formulações entéricas pode
atrasar os picos séricos da medicação. O ácido acetilsalicílico revestido entérico
exibe absorção errática em doses terapêuticas, e os níveis máximos podem ser
adiados por horas após uma intoxicação. O salicilato altera o esvaziamento gástrico, o
que pode explicar a absorção retardada em alguns casos.

5. O que afeta a interação do salicilato com proteínas?


R: Após a absorção, o ácido acetilsalicílico é hidrolisado em ácido salicílico
(salicilato) e é distribuído através dos tecidos do corpo, sendo que, em níveis
terapêuticos, cerca de 90% dos saliciltatos são ligados às proteínas séricas.
À medida que as concentrações de salicilato aumentam e saturam os locais
de ligação às proteínas, as concentrações livres (não ligadas) de salicilato aumentam.
O salicilato sofre metabolismo hepático, em uma reação de glicinação que transforma
a medicação em ácido salicilúrico, que é menos tóxico que o ácido salicílico e mais
rapidamente excretado por via renal. O salicilato não ionizado pode ser reabsorvido
por túbulos renais.

6. Qual é a toxicocinética do salicilato?


R: Após a administração via oral, o salicilato é rápida sua absorção pelo TGI,após o
periodo de 1 a duas horas, cerca de 90% se ligam as proteínas plasmáticas , as que
não ligam ficam livre, aumentando a possibilidade de toxicidade. Pode ocorrer por
múltiplos mecanismos, incluindo irritação direta da mucosa gástrica, diminuição da
produção de prostaglandinas e perda de proteção da mucosa gástrica; hematêmese
ocorre em até 50% dos pacientes em algumas séries. As alterações do estado mental
podem ocorrer por toxicidade direta no sistema nervoso central (SNC),
neuroglicopenia e edema cerebral; podem ocorrer convulsões, agitação, letargia,
confusão, convulsão ou coma. A disfunção do SNC associada a edema cerebral é um
sinal de toxicidade grave, exigindo um tratamento rápido e agressivo. Os salicilatos
podem, ainda, causar trombocitopenia e fragilidade capilar, além de afetar a
agregação plaquetária, aumentando a tendência a sangramentos; em intoxicações
graves, pode também ocorrer hipoprotrombinemia, aumentando a tendência
hemorrágica. Os pacientes normalmente apresentam taquicardia sinusal, mas
arritmias ventriculares são descritas em intoxicações muito graves, como um evento
pré-terminal. A insuficiência renal pode ser uma complicação significativa, que pode
ocorrer pela alteração de prostaglandinas com vasoconstrição renal ou por
hipovolemia associada à intoxicação por salicilatos, e raramente por nefrite intersticial.
O salicilato, também sofre metabolismo hepático, uma reação de glicinação,
transformando o medicamento em ácido salicilurico. Todos o metabolitos , são
excretados via renal.

7. Qual é o mecanismo de ação do salicilato?


R:                Inibição da ciclo-oxigenase, que diminui a síntese de prostaciclina,
prostaglandinas e tromboxano, o que pode levar à lesão da mucosa gástrica e
à disfunção plaquetária, também pode ocorrer a estimulação do
quimiorreceptor na zona gatilho que causa náuseas e vômitos. Ativação no
centro respiratório da medula que causa náuseas e vômitos. Interferência no
metabolismo celular, em múltiplas vias como o ciclo de Krebs e fosforilação
oxidativa, o que gera acidose metabólica. O salicilato estimula o metabolismo dos
músculos esqueléticos, o que provoca um aumento no consumo de oxigênio e na
produção de CO2.A inibição da atividade antiplaquetária, é um efeito conhecido e
desejado.

8. Qual o tratamento em situações de intoxicação?


R:  Ressuscitação imediata com estabilização de via aérea, respiração e
circulação.
      Correção da depleção do volume e alterações metabólicas.
      Descontaminação do trato gastrintestinal.

      Redução na carga de salicilato corporal.

Uma dose de carvão ativado de 1g/kg até uma dose total de 50g deve ser
administrada a pacientes que ingeriram quantidades potencialmente tóxicas de
salicilato. A alcalinização da urina é um componente essencial no manejo dos
pacientes, com infusão de 1 a 2 mEq/kg em bolo, seguida de 50 a 150mEq de
bicarbonato de sódio adicionadas a 1L de dextrose a 5%. Desde que não tenha
contraindicação. A hemodiálise é considerada a técnica extracorpórea de escolha para
o tratamento da toxicidade grave do salicilato, porque a hemodiálise pode corrigir
anormalidades acidobásicas e eletrólitos, reduzindo rapidamente a carga de salicilato
corporal.
 

OBJETIVO DA AULA PR[ATICA: Determinar as concentrações de


salicilato em amostra de plasma para verificar se estão dentro dos
padrões da monitorização terapêutica

O método se baseia na reação entre os íons salicilatos, com os íons Fe3+,


resulta na formação de um complexo de coloração violeta [Salicilato-FeIII]
monitorado espectrofotometricamente com máximo de absorção em
torno de 525nm. Para verificar o comprimento de onda de máxima
absorção do complexo colorido (Salicilato-FeIII), utilizou-se um
espectrofotômetro com duplo cromador. Para determinação do teor de
AAS em fármacos, a medidas foram realizadas num espectrofotômetro. 
PROCEDIMENTO:
1. Transferir para tubo de centrífuga 1 mL de soro ou plasma problema.
2. Adicionar 5 mL do reativo de trinder, agitar e centrifugar por 5 minutos
(2000 rpm). A solução de Fe+3 (reagente Trinder) pode ser preparada dissolvendo
1,0g de nitrato férrico [Fe (NO3)3 9H2O] (ISOFAR) em um balão volumétrico de 100
mL e completando o volume com água deionizada
3. Transferir o sobrenadante para a cubeta do espectrofotômetro e
proceder a leitura em 525 nm contra branco de reativo.
Determinar a concentração através de uma curva de calibração
 A solução estoque de ácido acetilsalicílico (SYNTH) 1,0g.L-1 é  preparada dissolvendo
0,25g desse ácido em 10 mL de solução NaOH 1,0mol. L-1, promovendo o aquecimento por
10min em chapa de aquecimento, para obter uma completa hidrólise do AAS. Em seguida
transferindo o conteúdo para um balão de 250 mL e aferindo-se com água deionizada. A partir
dessa solução, com diluições adequadas, foram preparadas as demais soluções de AAS
empregadas neste trabalho. Preparar uma curva de calibração com 0,  25, 50, 75 e 100 mg/L

EQUIPAMENTOS QUANTIDADE

Espectrofotômetro para a região do 1


visível

Agitador mecânico (tipo vórtex). 1

Centrifuga 1

Tubo de ensaio  2

Cubeta para leitura no espectrofotômetro 1

Micropipeta Capacidade 1000 µL 1

Micropipeta Capcidade 500 µL 1


Os salicilatos são uns dos medicamentos mais antigos disponíveis na
medicina. A disponibilidade generalizada do ácido acetilsalicílico aumenta as
possibilidades de toxicidade acidental e intencional. A morbidade e a mortalidade
aumentam significativamente quando a condição não é rapidamente identificada, se
houver um atraso no início do tratamento, ou se os pacientes intoxicados não são
tratados de forma agressiva.
Os salicilatos podem ainda estar presentes em soluções queratolíticas para
pele e também podem estar disponíveis como agentes corantes, linimentos, agentes
aromatizantes e produtos combinados.
 
Fisiopatologia
 
A absorção é variável e depende da forma de dosagem, da presença de
alimentos e pH gástrico. 
A absorção gástrica costuma ser rápida com níveis máximos de salicilato
geralmente ocorrendo em 1 a 2 horas; o uso de formulações entéricas pode atrasar os
picos séricos da medicação. Em overdose, as concentrações pico de salicilato sérico
podem não ser atingidas por horas.
O ácido acetilsalicílico revestido entérico exibe absorção errática em doses
terapêuticas, e os níveis máximos podem ser adiados por horas após uma intoxicação.
O salicilato altera o esvaziamento gástrico, o que pode explicar a absorção retardada
em alguns casos. Após a absorção, o ácido acetilsalicílico é hidrolisado em ácido
salicílico (salicilato) e é distribuído através dos tecidos do corpo, sendo que, em níveis
terapêuticos, cerca de 90% dos saliciltatos são ligados às proteínas séricas.
À medida que as concentrações de salicilato aumentam e saturam os locais
de ligação às proteínas, as concentrações livres (não ligadas) de salicilato aumentam.
O salicilato sofre metabolismo hepático, em uma reação de glicinação que transforma
a medicação em ácido salicilúrico, que é menos tóxico que o ácido salicílico e mais
rapidamente excretado por via renal. O salicilato não ionizado pode ser reabsorvido
por túbulos renais.
O salicilato tem múltiplas ações celulares e sistêmicas, entre elas:
               Inibição da ciclo-oxigenase, que diminui a síntese de prostaciclina, prostaglandinas e tromboxano,
o que pode levar à lesão da mucosa gástrica e à disfunção plaquetária.
               Estimulação do quimiorreceptor na zona gatilho que causa náuseas e vômitos
               Ativação no centro respiratório da medula que causa náuseas e vômitos.
               Interferência no metabolismo celular, em múltiplas vias como o ciclo de Krebs e fosforilação
oxidativa, o que gera acidose metabólica.
 
Essas ações do salicilato apresentam consequências. A estimulação direta do
salicilato no centro respiratório medular causa taquipneia, hiperpneia e alcalose
respiratória. 
O salicilato estimula o metabolismo dos músculos esqueléticos, o que
provoca um aumento no consumo de oxigênio e na produção de CO2. A toxicidade
neurológica pode prejudicar a ventilação, de modo que é incapaz de acompanhar o
aumento da produção de dióxido de carbono, levando à acidose respiratória, sendo,
geralmente, um achado tardio e potencialmente grave. A diminuição da ventilação
também pode estar relacionada à intoxicação associada por outras substâncias.
O salicilato afeta, ainda, a homeostase de glicose periférica. Embora o
salicilato cause mobilização de reservas de glicogênio, resultando em hiperglicemia,
também é um potente inibidor da gliconeogênese. Por conseguinte, a euglicemia é o
achado mais comum, podendo ocorrer hiperglicemia, e a hipoglicemia é uma
possibilidade rara durante a toxicidade.
Estudos em animais demonstram que doses tóxicas de salicilato produzem
uma diminuição profunda da concentração de glicose cerebral, apesar das
concentrações normais de glicose sérica. Isso sugere que um paciente pode ser
relativamente neuroglicopênico, mesmo que a glicemia seja normal. O salicilato pode
causar danos corrosivos no trato gastrintestinal com dor abdominal, náuseas e vômitos
e hematêmese ocasional. Isso pode levar à perda de volume, à alcalose metabólica e
à hipocalemia. A indução gástrica foi relatada após ingestão significativa de ácido
acetilsalicílico.
A inibição da atividade antiplaquetária é um efeito bem conhecido, muitas
vezes desejado, do ácido acetilsalicílico (mas não outros produtos de salicilato), porém
a hemorragia é uma complicação rara da intoxicação aguda, única e massiva. A
intoxicação por salicilatos pode ainda alterar o sistema de coagulação e causar
ototoxicidade.
 
Características Clínicas
 
As manifestações clínicas da toxicidade dos salicilatos dependem da dose
ingerida, da duração da exposição, da idade e das comorbidades do paciente. Em
crianças e idosos, a toxicidade dos órgãos finais pode ser vista com doses menores e
níveis séricos mais baixos após uma intoxicação aguda.
Os sintomas iniciais costumam ser zumbido, perda auditiva, vertigem,
náuseas, vômitos e diarreia, que podem ocorrer tão precocemente como 1 a 2 horas
após a ingestão; os sintomas de ototoxicidade são normalmente reversíveis. Em
pacientes com intoxicação severa, os sintomas progridem para alteração do estado
mental, hiperpirexia e edema pulmonar não cardiogênico.
Inicialmente, os pacientes apresentam-se com taquipneia devido à alcalose
respiratória induzida pelos salicilatos, mas, após 12 a 24 horas, a acidose metabólica
(pH <7,35) ocorre principalmente em crianças <4 anos, e quase todas as crianças <1
ano de idade apresentam acidose.
As crianças pequenas podem ter uma alcalose respiratória, mas isso
geralmente é transitório devido às suas reservas ventilatórias menores. Em crianças
mais velhas (>4 anos de idade), o distúrbio acidobásico geralmente é um distúrbio
misto com alcalose respiratória, acidose metabólica com ânion gap alterado associado
com alcalose metabólica (pH >7,45).
Náuseas e vômitos podem ocorrer por múltiplos mecanismos, incluindo
irritação direta da mucosa gástrica, diminuição da produção de prostaglandinas e
perda de proteção da mucosa gástrica; hematêmese ocorre em até 50% dos pacientes
em algumas séries. As alterações do estado mental podem ocorrer por toxicidade
direta no sistema nervoso central (SNC), neuroglicopenia e edema cerebral; podem
ocorrer convulsões, agitação, letargia, confusão, convulsão ou coma. A disfunção do
SNC associada a edema cerebral é um sinal de toxicidade grave, exigindo um
tratamento rápido e agressivo.
A insuficiência renal pode ser uma complicação significativa, que pode ocorrer
pela alteração de prostaglandinas com vasoconstrição renal ou por hipovolemia
associada à intoxicação por salicilatos, e raramente por nefrite intersticial. Outras
complicações raras da toxicidade do salicilato incluem rabdomiólise, perfuração
gástrica e hemorragia gastrintesntinal. Fatores associados prognósticos para a
toxicidade aguda do salicilato incluem coma, febre, acidose respiratória, convulsão e
disritmias cardíacas.
Os salicilatos podem, ainda, causar trombocitopenia e fragilidade capilar,
além de afetar a agregação plaquetária, aumentando a tendência a sangramentos; em
intoxicações graves, pode também ocorrer hipoprotrombinemia, aumentando a
tendência hemorrágica. Os pacientes normalmente apresentam taquicardia sinusal,
mas arritmias ventriculares são descritas em intoxicações muito graves, como um
evento pré-terminal. Edema pulmonar não cardiogênico pode ocorrer e,
eventualmente, síndrome do desconforto respiratório grave.
A dose de 10 a 30g em adultos pode ser associada com evolução fatal, mas
doses tão baixas como 3g estão associadas com evolução para óbito em crianças. A
correlação do nível sérico de salicilato e gravidade da intoxicação é relativamente
pobre. A intoxicação crônica por salicilato em adultos geralmente se apresenta com
anormalidades neurológicas, como letargia, estado mental alterado, irritabilidade e
alucinações, particularmente em idosos.
A toxicidade pode se desenvolver mesmo com pequenos aumentos nas
doses. As características clínicas da intoxicação crônica incluem hiperventilação,
tremor, papiledema, agitação, pensamento paranoico, comportamento bizarro, déficits
de memória, confusão e estupor. Náuseas e vômitos são menos comuns do que na
toxicidade aguda do salicilato, enquanto o aumento dos testes de função hepática e o
aumento do tempo de protrombina são mais frequentes.
As anormalidades neurológicas na intoxicação por salicilato crônica são
inespecíficas e, muitas vezes, podem induzir os médicos em erro. A intoxicação
crônica por salicilatos deve ser considerada em qualquer paciente com disfunção
neurológica ou comportamental inexplicada, especialmente na presença de um
distúrbio ácido-base misto, taquipneia, dispneia ou edema pulmonar inexplicado.
Em comparação com a toxicidade aguda, os adultos com toxicidade crônica
de salicilato têm uma carga tecidual mais elevada de salicilato, levando a uma
toxicidade mais significativa a uma concentração sérica mais baixa. A distinção entre a
toxicidade aguda e crônica do salicilato pode não ser clara. O diagnóstico diferencial
de um distúrbio acidobásico triplo com acidose com ânion gap elevado, alcalose
metabólica e acidose respiratória observada na toxicidade do salicilato é limitado.
No entanto, na prática clínica ou em estágios iniciais de toxicidade, esse
distúrbio acidobásico clássico pode ser difícil de avaliar. O diagnóstico diferencial é
muito amplo e inclui, mas não está limitado a, sepse, cetoacidose diabética,
insuficiência renal e hepática, cetoacidose alcoólica, envenenamento por metanol e
etilenoglicol, intoxicação por ferro, teofilina e cafeína.
 
Diagnóstico
 
O diagnóstico de toxicidade pelos salicilatos é realizado com a correlação de
uma história cuidadosa, exame físico e exames complementares. Os achados
laboratoriais incluem uma acidose metabólica com ânion gap elevado e níveis séricos
elevados de salicilato, com valores >40mg/dL associados à toxicidade. O nomograma
de Done, que correlaciona os níveis de salicilato com tempo de ingestão pode
subestimar a toxicidade grosseiramente, não devendo ser usado.
Uma armadilha no tratamento da toxicidade do salicilato é a utilização de uma
única dosagem sérica; assim, deve ser realizada no início do manejo dosagem de
salicilato sérica a cada 2 horas, pois a toxicidade por salicilato pode evoluir
rapidamente. Preparações de revestimento entérico ou de liberação prolongada
permanecem intactas no ambiente gástrico ácido, mas se dissolvem nos fluidos
intestinais alcalinos.
A liberação de fármaco é, portanto, principalmente uma função do
esvaziamento gástrico, e os níveis máximos podem não ser alcançados até 60 horas
após a ingestão em uma intoxicação. Níveis de salicilatos acima de 100mg/dL são
associados à toxicidade gravíssima, sendo indicação de terapia dialítica.
Os testes comercialmente disponíveis podem qualitativamente detectar o
salicilato na urina, mas esses testes têm limitações. O nível sérico isoladamente não
ajuda a determinar se o paciente está ou não intoxicado por salicilatos, e não pode
ajudar a orientar o tratamento. Da mesma forma, o teste de cloreto férrico é muito
sensível a pequenas quantidades de ácido salicílico, mas um resultado positivo não
indica intoxicação por salicilato ou toxicidade.
Os níveis séricos de salicilato devem ser sempre obtidos em pacientes com
salicilato ou suspeita de toxicidade salicilada. Os testes comercialmente disponíveis
para a concentração sérica de salicilato são muito precisos. Os exames laboratoriais
essenciais para pacientes com intoxicação por salicilatos incluem eletrólitos, glicemia,
ureia e creatinina. Exames como gasometria arterial, radiografia de tórax e abdominal,
eletrocardiograma, hemograma completo, cálcio sérico e análise de urina com
determinação do pH da urina devem ser obtidos, conforme indicado clinicamente.
 
Tratamento
 
As prioridades de tratamento incluem:
               Ressuscitação imediata com estabilização de via aérea, respiração e circulação.
               Correção da depleção do volume e alterações metabólicas.
               Descontaminação do trato gastrintestinal.
               Redução na carga de salicilato corporal.
 
Ao contrário de outros quadros de intoxicação, a entubação orotraqueal deve
ser evitada, se possível; o período de apneia e hipoventilação associado com a
entubação orotraqueal pode causar acidose respiratória, que, associada à acidose
metabólica, pode levar à acidose grave. A entubação orotraqueal deve ser limitada a
pacientes com hipoventilação documentada por gasometria arterial.
Os pacientes com hipotensão que não respondem à reposição volêmica, que
pode ser expressiva, com déficits de volume de 4 a 6L, devem receber medicações
vasopressoras, podendo, ainda, haver distúrbios hidroeletrolíticos significativos, que
devem ser repostos. A substituição do volume é inicialmente realizada com solução
salina normal ou Ringer lactato com administração de um bolo inicial de 20mL/kg.
Níveis diminuídos de glicose cerebral são comuns nesses pacientes; assim,
sempre que ao paciente com intoxicação por salicilatos é recomendada a reposição de
glicose, com bolo de dextrose com 50 a 100mL de glicose a 50%, o objetivo é manter
a glicemia entre 80 a 120mg/dL. A absorção de salicilato é reduzida eficientemente
com a administração de carvão ativado, tanto para formulações regulares quanto para
liberação lenta.
Uma dose de carvão ativado de 1g/kg até uma dose total de 50g deve ser
administrada a pacientes que ingeriram quantidades potencialmente tóxicas de
salicilato. O uso de doses repetidas ou múltiplas de carvão ativado nesses pacientes é
associada com menores níveis séricos de salicilatos, mas a evidência de melhora de
desfechos clínicos não existe; assim, não é possível realizar uma recomendação
formal para fazer essa terapia.
Embora muitos autores recomendem, quando outras doses de carvão ativado
são utilizadas, são indicadas, pelo menos, mais 2 doses de 50g, a cada 4 horas, ou
25g, a cada 2 horas. A irrigação intestinal total não deve ser realizada, mas pode ser
considerada em intoxicações maciças.
A alcalinização da urina é um componente essencial no manejo dos
pacientes, com infusão de 1 a 2 mEq/kg em bolo, seguida de 50 a 150mEq de
bicarbonato de sódio adicionadas a 1L de dextrose a 5%. A menos que haja uma
contraindicação, o potássio deve ser adicionado à reposição de bicarbonato, a não ser
que níveis de potássio estejam acima do normal.
A infusão é executada em duas a três vezes a manutenção e ajustada para
manter o PH urinário pH >7,5. A alcalose respiratória, mesmo causando um PH
aumentado, não é contraindicação da reposição de bicarbonato. A acetazolamida
pode também alcalinizar a urina, mas é contraindicada em intoxicações por salicilato,
pois facilita a entrada de salicilatos no cérebro, o que pode piorar os sintomas da
intoxicação.
O potássio sérico deve ser mantido na faixa de 4,0 a 4,5mEq/L. A
alcalinização da urina é mais efetiva para melhorar a eliminação do salicilato do que a
diurese forçada e evita a potencial complicação da sobrecarga volêmica, que pode
resultar dos grandes volumes intravenosos dado para aumentar o fluxo urinário,
especialmente naqueles com reserva cardíaca marginal ou desempenho cardíaco. A
alcalinização urinária deve ser considerada como tratamento de primeira linha para
pacientes com intoxicação moderadamente grave em salicilato.
A dosagem sérica de salicilato, o pH urinário e as concentrações de eletrólitos
devem ser verificados a cada 1 a 2 horas. Uma vez que a concentração sérica de
salicilato atinge níveis normais, podem ser espaçadas as mensurações dos seus
níveis para cada 4 a 6 horas. Os pacientes com lesão pulmonar aguda induzida por
salicilato (edema pulmonar não cardiogênico) devem ser manejados como pacientes
com lesão pulmonar aguda por outras causas.
O edema pulmonar começa a melhorar concomitantemente com a redução
das concentrações séricas de salicilato. Isso sugere que os esforços agressivos para a
rápida eliminação pela hemodiálise podem ser benéficos para esses pacientes.
Quando um paciente com toxicidade grave de salicilato requer intubação
endotraqueal, a ventilação mecânica e a sedação devem ser adaptadas para manter a
hiperventilação.
A maioria dos pacientes com toxicidade grave por salicilato tem uma alcalose
respiratória. Controlar a frequência ventilatória e o volume para intervalos “normais”
produz uma diminuição no pH sérico e provoca um rápido desvio de salicilato para o
SNC. É importante manter a alcalose respiratória durante a alcalinização sistêmica e
urinária na intoxicação por salicilatos. Deve-se usar sedação mínima segura que
permite que um paciente continue a hiperventilar.
As complicações hemorrágicas raramente são observadas após uma
intoxicação maciça por salicilatos, mas a administração crônica de grandes doses
pode causar hipoprotrombinemia significativa. No entanto, mesmo nesses pacientes, a
hemorragia raramente é vista na prática clínica. Quando o sangramento ocorre,
raramente parece ser um fator contribuinte na mortalidade por toxicidade do salicilato.
Pacientes com sangramento clinicamente significativo devem ser tratados
com plasma fresco congelado. As observações em animais e humanos indicam que
administrar grandes doses de vitamina K após o desenvolvimento de
hipoprotrombinemia tem pouco ou nenhum efeito no tempo de protrombina quando a
concentração de salicilato sérico é alta.
A hemodiálise é considerada a técnica extracorpórea de escolha para o
tratamento da toxicidade grave do salicilato, porque a hemodiálise pode corrigir
anormalidades acidobásicas e eletrólitos, reduzindo rapidamente a carga de salicilato
corporal. São consideradas indicações de hemodiálise:
               Estado mental alterado
               Síndrome de desconforto respiratório agudo
               Edema cerebral
               Insuficiência renal crônica ou aguda, que prejudique
a eliminação do salicilato, como creatinina
>2,0mg/dL ou maior que 1,5mg/dL em pacientes com mais de 65 anos de idade
               Concentrações de salicilato sérico maiores que 90mg/dL ou maiores que 80mg/dL em pacientes
com disfunção renal
               Acidose com PH <7,20
               Deterioração clínica apesar do tratamento
 
Deve-se considerar a hemodiálise para intoxicações que necessitam de
suporte respiratório e ventilatório. A concentração sérica de salicilato não deve ser o
único determinante na decisão de iniciar a hemodiálise. Pode-se realizar
precocemente a hemodiálise em pacientes idosos, em caso de ingestão crônica de
salicilatos, estado mental alterado, acidemia ou comorbidades (por exemplo, doença
arterial coronariana ou doença pulmonar obstrutiva crônica).
A hemodiálise de emergência coloca uma demanda significativa no sistema
cardiovascular, e os pacientes hipotensos ou aqueles com doença cardíaca
subjacente podem não ser capazes de tolerar a intensidade hemodinâmica dos
tratamentos de hemodiálise de 4 horas. Uma terapia mais longa, como hemofiltração,
hemodiafiltração ou diálise sustentada de baixa eficiência, pode ser utilizada até que a
hemodiálise possa ser tolerada.
Uma vez iniciada, as técnicas de eliminação extracorpórea devem continuar
até o nível sérico de salicilato <20mg/dL. O paciente pode receber alta do
departamento de emergência, uma vez que se pode determinar que teve uma
intoxicação por salicilato sem complicações, mas deve-se realizar antes de altas doses
seriadas de salicilatos, que mostrem que as concentrações deles estão em declínio.
Os pacientes que tiverem intoxicação com preparações de ácido
acetilsalicílico com revestimento entérico ou com libertação prolongada devem ser
tratados independentemente das concentrações séricas iniciais de salicilato e devem
ser observados durante, aproximadamente, 24 horas, com mensurações seriadas de
salicilato sérico até se confirmar um nível decrescente.
Embora a determinação das concentrações séricas de salicilato ofereça
informações valiosas sobre a eficácia do tratamento implementado, não é um
substituto para a avaliação clínica de um paciente, e as decisões em relação ao
manejo não devem ser exclusivamente com base em uma concentração sérica
específica de salicilato. Recomenda-se uma consulta precoce com um toxicologista ou
o centro regional de controle de intoxicação.
 
Referências
 
1-Levitan R, LoVecchio F. Salicylates in Tintinalli Emergency Medicine 2016.
2-Hatten BW. Aspirin and Nonsteroidal agents in Rosen’s Emergency
Medicine 2018.

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