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25/05/2021 ISTOÉ Independente - Entre democracia e fascismo

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Paulo Moreira Leite


Diretor da Sucursal da ISTOÉ em Brasília, é autor de "A Outra História do
Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de
direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da
Casa".

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Entre democracia e fascismo


O movimento de caráter semi-insurrecional que
vemos no país de hoje exige uma reflexão
cuidadosa.

Começou como uma luta justíssima pela redução de tarifas de ônibus.

Auxiliada pela postura irredutível das autoridades e pela brutalidade policial, esta mobilização
transformou-se numa luta nacional pela democracia.

Se a redução da tarifa foi vitoriosa, a defesa dos direitos democráticos também deu resultado na
medida em que o Estado deixou de empregar a violência como método preferencial para impor suas
políticas.

Mas hoje a mobilização assumiu outra fisionomia.

Seu traços anti-democráticos acentuados. Até o MPL, entidade que havia organizado o movimento
em sua primeira fase, decidiu retirar-se das mobilizações.

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25/05/2021 ISTOÉ Independente - Entre democracia e fascismo
Os manifestantes combatem os partidos políticos, que são a forma mais democrática de participação
no Estado.

Seu argumento é típico do fascismo: “povo unido não precisa de partido.”

Claro que precisa. Não há saída na sociedade moderna. Às vezes, uma pessoa escolhe entrar num
partido. Outras vezes, é massa de manobra e nem sabe.

A criação de partidos políticos é a forma democrática de uma sociedade debater e negociar


interesses diferentes, que não nascem na política, como se tenta acreditar, mas da própria vida social,
das classes sociais.

Em São Paulo, em Brasília, os protestos exibiram faixa com caráter golpista.

“Chega de políticos incompetentes!!! Intervenção Militar Já!!!”

No mesmo movimento, militantes de esquerda, com bandeiras de esquerda, foram forçados a deixar
uma passeata na porrada. Uma bandeira do movimento negro foi rasgada.

A baderna cumpre um papel essencial na conjuntura atual. Reforça a sensação de desordem, cria o
ambiente favorável a medidas de força – tão convenientes para quem tem precisa desgastar de
qualquer maneira um bloco político que ocupa o Planalto após três eleições consecutivas.

A baderna é uma provocação que procura emparedar o governo Dilma criando uma situação sem
saída.

Se reprime, é autoritária. Se cruza os braços, é omissa.

Outro efeito é embaralhar a situação política do país, confundir quem fala pela maioria e quem
apenas pretende representá-la.

É bom recordar que a maioria escolhe seu governo pelo voto, o critério mais democrático que existe.

Nenhum brasileiro chegou perto do paraíso e todos nós temos reivindicações legítimas que precisam
de uma resposta.

Também sabemos das mazelas de um sistema político criado para defender a ordem vigente – e que,
com muita dificuldade, através de brechas sempre estreitas, criou benefícios para a maioria.

Olhando para a maioria dos brasileiros, aqueles que foram excluídos da história ao longo de séculos,
cabe perguntar, porém: os políticos atuais são incompetentes para quem, mascarados?

Para a empregada doméstica, que emancipou-se das últimas heranças da escravidão?

Para 40 milhões que recebem o bolsa-família?

Para os milhões de jovens pobres que nunca puderam entrar numa faculdade? Para os negros? Quem
vive do mínimo?

Ou para quem vai ao mercado de trabalho e encontra um índice de desemprego invejado no resto do
mundo?

Mascarados que arrebentam vidraças, incendeiam ônibus e invadem edifícios trabalham contra a
ordem democrática, onde os partidos são legítimos, as pessoas têm direitos iguais – e o poder, que
emana do povo, não se resolve na arruaça, pelo sangue, mas pelo voto.

É óbvio que a baderna, em sua fase atual, não quer objetivos claros nem reivindicações específicas.
Não quer negociações, não quer o funcionamento da democracia. Quer travá-la.

Enquanto não avançar pela violência direta, fará o possível para criar pedidos difusos, que não sejam
possíveis de avaliar nem responder.

O objetivo é manter a raiva, a febre, a multidão eletrizada.

É delírio enxergar o que está acontecendo no país como um conflito entre direita e esquerda. É uma
luta muito maior, como aprenderam todas as pessoas que vivenciaram e estudaram as trevas de uma
ditadura.

A questão colocada é a defesa da democracia, este regime insubstituível para a criação do bem-estar
social e do progresso econômico.

O conflito é este: democracia ou fascismo. Não há alternativa no horizonte.

Quem não perceber isso está condenado a travar a luta errada, com métodos errados e chegar a um
desfecho errado.

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