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Até bem pouco tempo, admitia-se que o psiquismo humano entrava em funcionamento
no exato instante em que ocorria seu nascimento quando, então, dava-se a cesura do
cordão umbilical, ou seja, ao perder a segurança uterina e tendo que procurar por si
mesmo o oxigênio e o alimento para sua sobrevivência.
Podemos então dizer que, certamente, a vida psíquica não se inicia com o nascimento,
porém é uma continuidade da vida intra-uterina.
Desta feita, a visão que se tinha de que o útero era um lugar silencioso, um verdadeiro
paraíso, onde os ruídos externos não chegavam até ele e que o feto era um ser passivo,
completamente dependente, foi derrubada ante o desenvolvimento tecnológico e
psicanalítico.
Hoje, o que se sabe é que é um ser humano em formação e que reage a estímulos, chupa
o dedo, dorme e acorda, tem movimentos respiratórios, movimenta-se à procura de
posições que lhe sejam mais confortáveis, boceja e soluça, sorri e chora...
Sabe-se, inclusive, que as atividades executadas por ele não são sem sentido, cumprem
objetivos: não só deglute o líqüido amniótico para se alimentar como regula o volume
de ingestão; os movimentos realizados desenvolvem as articulações e ossos e as
experiências sensoriais são fundamentais para o desenvolvimento do cérebro.
Por sua vez, a visão de útero também se modificou, pois o feto escuta a voz materna e
paterna, os sons internos e viscerais da mãe, como a digestão sendo realizada, os
batimentos cardíacos, a circulação sangüínea, o ressoar do sono materno, a sonoridade
do mundo externo que lhe chega abafada, porém audível.
Muito mais que tudo isto, foi a compreensão adquirida que o feto sofre com a influência
das emoções maternas e que o levam a participar na manutenção e determinação do
final da gravidez, seja prematuramente, através do aborto ou gravidez a termo.
Apesar de não haver conexão direta entre o sistema nervoso materno e fetal, emoções
como ira, medo e ansiedade fazem com que o sistema nervoso autônomo materno libere
certas substâncias químicas na corrente sangüínea, alterando a composição do sangue
materno e que, transpondo a barreira placentária modificarão a bioquímica do ambiente
intra-uterino onde está se desenvolvendo o feto.
Como as dificuldades e ameaças estão sempre presentes na vida fetal, assim como
possibilidades de alívio das tensões, podemos pensar que o sono cumpra duas funções:
desligamento por ter encontrado este alívio ou um mergulho no sono para fugir da
situação dolorosa.
Muitos casais em crise conjugal, ao se depararem com uma gravidez não planejada,
tornam este período um verdadeiro caos emocional, muitas vezes culminando com a
separação. Há de se repensar as atitudes no sentido de poder proporcionar segurança e
apoio à gestante, que se encontra muito mais vulnerável, e bem-estar ao bebê.