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Direito Penal

Teoria geral do crime:


erro de tipo
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Direito Penal
Teoria geral do crime - erro de tipo

Apresentação
Olá aluno,

Sou o Professor Thiago Pacheco. Delegado de Polícia em Minas Gerais, Professor


da ACADEPOL/MG e cursos preparatórios, Coordenados do Plano de Aprovação - Coaching e
Mentoria para Concursos Públicos.

Sumário

Conceito analítico do crime.................................................................................................................3

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Direito Penal
Teoria geral do crime - erro de tipo

Conceito analítico do crime

Erro de tipo
Previsto no art. 20 do CP:

Erro sobre elementos do tipo


“Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, se previsto em lei.”
No erro de tipo o agente ignora ou tem conhecimento equivocado da realidade. Trata-se de ignorância ou
erro que recai sobre as elementares, circunstâncias ou quaisquer dados que se agregam a determinada
figura típica.
Exemplos:
a. mulher que sai às pressas da sala de aula e, por engano, leva a bolsa de sua colega, muito parecida
com a sua;
b. caçador que atira e mata o seu colega de caça, depois que este, sem avisar, se disfarça de urso para
pregar-lhe uma peça.

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Teoria geral do crime - erro de tipo

ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO:


O erro de tipo é dividido em duas espécies:
a. Erro de tipo ESSENCIAL: o erro recai sobre os dados relevantes do tipo penal (elementares); se alertado do
erro, o agente deixaria de agir criminosamente.
• Erro Inevitável (escusável, perdoável);
• Erro Evitável (inescusável, perdoável).
b. Erro de tipo ACIDENTAL: o erro recai sobre dados secundários (periféricos); se alertado, o agente corrigiria
os caminhos ou sentido da conduta e continuaria agindo de forma criminosa.
• Erro sobre o objeto;
• Erro sobre a pessoa;
• Erro na execução;
• Resultado diverso do pretendido;
• Erro sobre o nexo causal.
1. ERRO DE TIPO ESSENCIAL:
Recai sobre elementares, circunstâncias ou quaisquer dados que se agregam a determinada figura típica.
Ex: agente caçando em local próprio para a caça vê um arbusto se mexendo; o agente atira contra
o arbusto imaginando que lá se escondia um animal. Depois do disparo, percebe que lá estava uma
pessoa (alguém).
As consequências dessa modalidade dependerão se o erro é inevitável ou evitável:
a. Se inevitável (justificável, escusável ou invencível) excluirá o dolo (por ausência de consciência) e a culpa
(por ausência de previsibilidade).
b. Se evitável (injustificável, inescusável ou vencível), cuidando-se de erro previsível, só excluirá o dolo, mas
será punido a título de culpa, se previsto o crime nesta modalidade (pois havia a possibilidade de o agente
conhecer o perigo).
Como saber se o erro é evitável ou inevitável?
• Corrente tradicional: invoca a figura no “homem médio”, entendendo que a previsibilidade deve ser avaliada
apenas sob o enfoque objetivo.
• Corrente moderna: é preciso trabalhar com as circunstâncias do caso concreto, ou seja, avaliando o grau
de instrução, idade do agente, momento e local da conduta, etc.

ERRO DE TIPO ACIDENTAL:


É o erro que recai sobre dados secundários, periféricos do tipo. A intensão criminosa é manifesta,
incidindo naturalmente a responsabilidade penal.

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2.1) Erro sobre o objeto:


Não tem previsão legal, mas é aceito pela doutrina.
Ocorre quando o agente confunde o objeto material (coisa) visado, atingindo outro que não o pretendido.
Exemplo: a pessoa ingressa em uma loja para subtrair um relógio de ouro, mas acaba furtando um
relógio de latão, confundindo, portanto, o objeto visado.
Consequência: prevalece que o agente deverá responder considerando as características do objeto
efetivamente atingido.
2.2) Erro sobre a pessoa:
Previsto no artigo 20, §3º, do Código Penal:
“§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta
de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da
vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime”.
Nesta espécie, há uma equivocada representação do objeto material (pessoa) visado pelo agente. O agente
acaba por atingir pessoa diversa.
Necessário ao menos dois personagens como vítima: vítima real (pessoa realmente atingida) e vítima virtual
(pessoa que se pretendia atingir). Na execução, o agente confunde ambas.
Exemplo: o agente espera seu pai abrir a porta para matá-lo. Pensando ser o seu genitor entrando na casa,
prontamente atira contra o mesmo. Contudo, percebe que atirou em seu tio, irmão gêmeo de seu pai.
Consequência: o agente será responsabilizado pelo crime, considerando-se as qualidades e caracte-
rísticas da vítima pretendida.
2.3) Erro na execução:
Também conhecido como aberratio ictus, está previsto no artigo 73 do CP:
“Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o
agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa
diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, aten-
dendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser
também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a
regra do art. 70 deste Código”.
O agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da pretendida.
Exemplo: O agente mira seu pai, entretanto, por falta de habilidade no uso da arma, acaba atingindo um
vizinho que passava do outro lado da rua.
Obs: não confundir erro sobre a pessoa com erro na execução.

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Consequências: não exclui dolo ou culpa e não isenta o agente de pena.


a. se o agente atingir apenas a pessoa diversa da pretendida, será punido pelo crime, considerando-se,
contudo, as condições e qualidades da vítima desejada, e não da vítima efetivamente atingida.
b. se o agente atingir também a pessoa diversa, será punido pelos dois crimes, em concurso formal.
No exemplo anterior, se o agente atingir seu pai, ceifando sua vida, e, sem querer, também seu vizinho, que
sofre lesões, será punido por homicídio doloso do pai e lesões culposas do vizinho, aplicando-se a regra
do concurso formal de crimes (art. 70 do CP).
2.4) Resultado diverso do pretendido:
Também conhecido como aberratio criminis, está previsto no artigo 74 do CP:
“Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior (erro na execução), quando,
por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do
pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime
culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do
art. 70 deste Código”.
O agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, provoca lesão jurídica em bem jurídico
diverso do pretendido.
Exemplo: o agente atira uma pedra para danificar o veículo de A. Por falha na pontaria, acaba acertando
o motorista que morre.
Consequência: o agente responde por homicídio culposo do motorista. Não responde pelo resultado
pretendido, mas pelo resultado produzido a título de culpa.

E se for o contrário?
A pretende matar B, mas o resultado produzido é dano ao veículo de B. Pelo art. 74 do CP, A
não responderia por nada, vez que não existe dano culposo. Porém, a doutrina entende que nessa
situação não se aplica o art. 74 se o resultado produzido é menos grave que o resultado pretendido,
sob pena de prevalecer a impunidade. Nesse caso, o agente responde pela tentativa do resultado
pretendido e não alcançado (homicídio tentado).

ATENÇÃO

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2.5) Erro sobre o nexo causal:


Não possui previsão legal (doutrina).
É o caso em que o resultado desejado se produz, mas com nexo diverso, de maneira diferente da planejada
pelo agente.
Consequência: não exclui dolo, culpa e não isenta o agente de pena. O agente responde pelo resultado
produzido.
Divide-se em duas espécies:

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