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As marcas e ícones presentes na vida de

Santos=Dumont

Collage à découper da Demoiselle - Imagerie d'Epinal no 919

Na semana de Natal levo este interessante presente, uma replica da Planche d'Epinal Moyenne
Construction com a Demoiselle de Santos=Dumont. Eram xilografias feitas pelas prensas de
Jean-Charles Pellerin, que desde 1796 vem publicando diversas peças de papel como estas
para se recortar e montar.

--> Brinquedos e Jogos em homenagem a conquista do prêmio Deutsche  --



Logo apos a conquista do prêmio Deutsche Santos=Dumont era talvez o
homem mais famoso de sua época. Com isso diversos produtos quiseram
pegar carona na popularidade do Aviador.

Até mesmo Henri Lachambre que fornecia os invólucros para Santos=Dumont


oferecia balões cativos e dirigíveis que podiam ser infaldos com hidrogencio ou
gás para iluminação de ruas.

Este pequeno dirigível


em lata (jouets de fer-blanc) era movido a corad. Uma vez acionado pedalava
uma replica do numero 4, movendo uma hélice que fazia o pequeno dirigível
dar a volta na torre Eiffel.

O Concours Lépine (concurso Lépine) teve sua primeira edição retratada na


revista l’Actalité de dezembro de 1901, tratava-se de um concurso-exposição
que premiava com a quantia de 100 francos pequenos fabricantes de jogos,
brinquedos, ferragens, artigos de decoração, eletrodomésticos, mecânica,
fotografia, rádio, etc. com o objetivo de retirar os pequenos fabricantes do
marasmo da então fraca economia parisiense.

O concurso existe ate os dias de hoje e é aberto a todo tipo de invenções,


desde que respeitem as leis de propriedade intelectual ou industrial.
Em mais de um século, muitas invenções valiosas ganharam diversos prêmios,
como caneta, o motor de dois tempos, o ferro a vapor, a hélice de passo
variável, lentes de contato, etc.

Nesta edição da L’Actualité de dezembro de 1901, o homem segura um pequeno dirigível de


Santos=Dumont.

Bebidas

Outra empresa que usava a imagem de Santos Dumont em seus reclames era a companhia de
licores Bénédictine, que sempre teve um marketing voltado para a gastronomia e figuras
tradicionais. Com a famosa divisa DOM (Deo Optimo Maximo, ou Deus Absolutamente Bom,
Absolutamente Grande) da ordem beneditina em seu rótulo, o licor nasceu na abadia de
Fécamp, na Normandia, França, onde Dom Vincelli, um monge alquimista, buscava a fórmula
do elixir da longa vida. Santos Dumont teve um contrato publicitário com a bebida no qual
associava seu nome a marca tinha sua imagem reproduzida por seu grande amigo e ilustrador
Georges Goursat – SEM. A campanha dizia em
seus anúncios « s'il fallait monter dans les nues pour boire, il y a longtemps que le problème de
la locomotion aérienne serait résolu ». Também tinha os lindos Menus ilustrados que hoje são

considerados valiosos itens de colecionador.


Mas mesmo sem ter contrato outras marcas
estavam sempre associadas a Santos Dumont como é o caso da água mineral Évian

Agua Mineral Evian


engarrafada diretamente da fonte Évian-les-Bains, na margem sul do lago Lac Léman.

Ação de Marie Brizard com ilustração de SEM - Santos=Dumont e o Hidroplanador


Rótulo comemorativo do Guaraná Antarctica100 anos de Santos=Dumont.

Anuncio do cigarro americano Santos=Dumont na revista Time (edição européia de 20 de


setembro de 1976) com os dizeres “Father of Flight” na embalagem.
Postado por Luiz Pagano às 08:35 0 comentários 
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Desvendando o acidente de 08 de agosto

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Esta ilustração é a imagem panorâmica do acidente de 08 de agosto de 1901. A seguir explico


como cheguei a conclusão que o dirigível passou por cima do Hotel Trocadeiro, enroscou o
invólucro numa chaminé, estourou e ficou pendurado como se vê nas fotos do dia do acidente.

Após muita pesquisa, descobri que o dirigível veio por traz dos antigos prédios às margens do Sena
Os relatos do acidente mais importante que Santos=Dumont sofreu com o seu dirigível numero
5, que forneceu as bases para a construção do dirigível numero 6 com tudo o que necessitaria
ser modificado para que ele atingisse premio Deutsche, nunca foram muito claros. É neste
sentido que inicio uma investigação com riqueza de detalhes para apurar os fatos daquele dia
8, que mudaria a vida de Santos=Dumont

O numero cinco atingiu o prédio do Hotel Trocadero de frente?


Porque nunca vimos fotos dos prédios em sua exata localização no Passy?

Se eu quero realmente ilustrar esta seqüência, precisarei saber exatamente o que aconteceu.

A primeira fonte de referencias são os textos de “Os Meus Balões” escrito pelo próprio Dumont.
No entanto existem outros textos não menos importantes, como a entrevista que deu ao jornal
americano Republican de Springfield em 27 de outrubro de 1901, na qual Dumont diz “Caí sem
um choque muito forte” o Le Fígaro de 10 de agosto daquele ano, o Le Progrés de Dijon, entre
outros.

Luiz Pagano ilustrando 'A Maravilhosa Vida de Santos=Dumont"


A segunda fonte de referencias são as fotos da época e/ou de épocas próximas.

E a terceira e sem duvida a mais legal é a pesquisa em loco. Do ponto de vista de um ilustrador
é muito importante checar a luminosidade e a projeção de sombra para achar a hora exata.
Infelizmente não consegui chegar lá no dia 08 de agosto, senão, no dia 04 de setembro. No
entanto esta diferença de datas não chega a causar grande diferença.

A LOCALIZAÇÃO EXATA DO ACIDENTE

Infelizmente os prédios onde a maioria das fotos foram feitas já não estão mais lá, no entanto
se compararmos as fotos feitas no dia do acidente de alguns lugares vizinhos achamos alguns
lugares em comum.
Nesse Trecho os prédios do Passy pouco mudaram
A pesar de não achar a exata janela na qual Santos=Dumont ficou sentado a espera de uma
corda, achei o mesmo tipo de janela e construções vistas nas fotos do dia do acidente nas
paredes dos prédios do Passy.
Eu sabia que estava perto pois as paredes de tijolos e as janelas pareciam muito com as fotos de 1901
Se representarmos no mapa a seqüência da queda descrita por Santos=Dumont temos a
seguinte seqüência:

Antes de chegar a torre Eiffel, Santos=Dumont percebe o vazamento de gás


Perto de La Muette as cordas começam a serem cortadas pelas hélices. Santos=Dumont desliga o motor.

o guide-rope em arrasto indica a direção que o dirigível ia

Enquanto caia o vento levava o dirigível em direção a torre Eiffel, naquela época havia um terraço às margens do Rio Sena, e foi
para lá que S=D tentou conduzir em seus últimos esforços antes da queda
Sabemos então que o destino final foi o Hotel Trocadero. Não temos nenhuma foto do hotel em
1901. Mas tinha certeza que deveria ficar colado nos edifícios do Passy. Como o dirigível vinha
perdendo altitude ele não caiu na parte alta do bairro, e sim na parte baixa, quase as margens
do Sena.

Ao analisarmos esta foto tirada da parte alta do Passy vemos que o guide rope está sendo
arrastado da direita para a esquerda, sabemos então que o dirigível se desloca para a
esquerda em direção ao Sena.

A conclusão final é que o Hotel não ficava nem na rue de l’Alboni, nem muito menos na Rue
dês Eaux. Ficava sim na avenue du Président-Kennedy.
Agora que eu já sei o que procuro, ficou muito mais fácil achar os prédios do hotel Trocadero, e
comprovar a exata localização do acidente.

Nesta antiga foto da Ile de Cygnes feita por Nadar podemos facilmente localizar o prédio do antigo hotel Trocadero, demolido nos
dias de hoje onde encontramos um prédio gêmeo do existente em 1901
Nesta antiga foto da Ile des Cygnes vista da torre Eiffel acha-se os prédios do hotel Trocadeiro
a direita, “colados com os edifícios do Passy”.
Postado por Luiz Pagano às 09:25 2 comentários 
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010


Lugares para se ver Santos=Dumont nos dias de hoje
Até pouco tempo atrás tinhamos a Fundação Santos Dumont, administradora do Museu
da Aeronaútica, que transferiu de seu acervo – com aeronaves históricas, jóias e
documentos – do Pavilhão Governador Lucas Nogueira Garcez, no Parque do Ibirapuera
(chamado de Oca pelo seu formato arredondado), para o inadequado Cemucam (Centro
Municipal de Campismo), uma área de 20 mil metros quadrados localizada no km 25,5
da rodovia Raposo Tavares, na cidade de Cotia.

É lá, num espaço mais apropriado a visita de escoteiros, com sérios problemas de
umidade, que invenções de Santos Dumont, como o conversor marciano – engenhoca
que impulsiona esquiadores a subir encostas e foi uma de suas últimas criações –, estão
longe dos olhos do público. O conversor está encaixotado. Parte do canhão paradoxal –
invenção para resgatar naufrágos – também está lá, ao lado de aviões históricos, livros,
fotografias e quadros, que só não estão em condições piores porque uma equipe de
restauradores faz, literalmente, o que pode para salvar o acervo.

O início do fim do Museu da Aeronaútica começou quando a heróica aviadora Ada


Rogato – falecida em 1986 – deixou a fundação no início dos anos 80. O museu acabou
fechado por mais dez anos, época em que foi alvo de saques constantes, que atingiram a
memória da própria Ada Rogato.

Infelizmente, muito do
que poderia montar um acervo de museu está espalhado no mundo.

Aqui vão algumas dicas para ver de perto algumas das inveções de Santos=Dumont:
MUSEU SANTOS
DUMONT
Rua Encanto, 22 - Petrópolis - RJ,
25685-081(0xx)24 2247-3158;
Museu da Casa de Santos Dumont
Última atualização por Raquel em maio 1, 2008.
Construída no antigo morro do Encanto, foi planejada e construída por Alberto Santos
Dumont para servir de residência de verão; e devido a sua localização foi
carinhosamente apelidada de “A Encantada”.

O prédio, um chalé do tipo alpino francês, consta de três pavimentos sendo que o
primeiro era uma pequena oficina, o segundo servia para sala de estar e jantar e por
último o escritório, quarto de dormir.
Escada personalizada (só
se entra com o pé direito), 
Chapeus, protótipo do Chuveiro e outros objetos pessoais.

MUSEU SANTOS DUMONT – PREFEITURA DE


DUMONT - SP
Praça Josefina Negri, 21,. Centro, Dumont /SP (A vinte
minutos de Ribeirão Preto)
Foi a sede da Fazenda Arindeúva de Henrique Dumont
(pai do aviador). Esta que já foi a maior fazenda de café
do mundo é hoje o local da sede da prefeitura da pequena
cidade de Dumont.
O grande amigo Douglas Cavallari da Taller
Comunicação investiu recursos próprios para transformar
a casa em um lindo Museu, mas infelizmente não
encontrou colaboração dos locais.
Sob cuidado e investimento de Dougras Cavallari da Taller Comunicação o museu estava muito bem
cuidado (foto acima), mas infelizmente hoje as peças não estão expostas dessa forma. Estão guardadas
no deposito do que é a sede da prefeitura de Dumont.

Hoje o acervo está guardado no porão da casa e a própria


casa, esta em estado de deterioração.
Dentre as peças do acervo encontram-se:
-A tela do pintor belga George Wambach retratando o
contorno da Torre Eiffel com o dirigível n° 6;
- Tronco do pinheiro plantado por S=D em 1891;
- Uma escrivaninha que pertenceu ao inventor;
- Uma das locomotivas a vapor Baldwin da fazenda;

Locomotiva Baldwin que Pertenceu a Henrique Dumont

MUSEU AEROESPACIAL
AV. MAL FONTENELLE, 2000 SULACAP - BASE AEREA- CAMPO DOS
AFONSOS - RIO DE JANEIRO - RJ,
21740-000(0xx)21 2108-8954;
Nos cinco hangares, estão em exposição uma coleção de aeronaves, de relevante valor
histórico e tecnológico.
Replica do Demoiselle, 14 BIS e o coração preservado de Santos Dumont.

M
USEU FAZENDA DE CABANGU
O Museu de Cabangu é um museu brasileiro, situado a 16 quilômetros do centro da
cidade de Santos Dumont pela BR-499, no estado de Minas Gerais.
21° 25' 36.71" S 43° 40' 19.61" W - SANTOS DUMONT MG
Conserva-se ainda no sítio onde nasceu o menino Alberto Santos Dumont, a casa onde
nasceu, objetos pessoais, fotos e o museu da aviação.
Chapeus, colarinhos, modelos de suas aeronaves.

MUSEU PAULISTA DA USP


Parque da Independência, s/n
São Paulo, 04218-970
(0xx)11 2065-8000
coleção Santos Dumont, com originais que registram as experiências aeronáuticas do
inventor:
- Catapulta Lança Salva-Vidas - instrumento inventado por S=D para atirar boias
banhistas que estivessem em perigo na praia 
- Experimento de madeira para transmiossão em correia plana

- Experimento Tubo de latão em base plana


- Roupas e papeis de Carta timbrados
- grande quantidade de fotos originais e outros pertences

CEMUCAM CENTRO MUNICIPAL CAMPISMO


R Mesopotâmia - Jardim Passargada I
Cotia, SP | CEP: 06712-100
(11) 4702-2126
Conversor Marciano, cartas, documentos, etc.

NUBAST · NÚCLEO DA BASE AÉREA DE SANTOS


Av. Presidente Castelo
Branco, s/n°
Santos – SP - Brasil
os motores do Demoseille, a Nacele original do 14 BIS, o Cesto original do Balão Brasil
de Santos Dumont e uma imagem de Nossa Senhora do Loreto – Padroeira dos
Aviadores, que veio diretamente da Itália.

MUSÉE DE L’AIR ET DE L’ESPACE

Aéroport de Paris - Le Bourget BP 173


93352 Le Bourget Cedex France
Aircraft "Demoiselle " type 20 by Alberto Santos-Dumont.
Engine Dutheil & Chalmers ,35cv.

Vale a pena ver também


um Moteur l'Antoinette VII de 1909, muito parecido com os que Santos=Dumont usou

no 14 BIS. .

ESTATUA DE ÍCARO DE ST. CLOUD


Place Santos-Dumont
92210 Saint-Cloud, France

APARTAMENT
O DE SANTOS=DUMONT EM PARIS
Champs Elysées, 114 ou rue Washington, 5
75008 Paris, France
Visite também a matéria completa sobre O Apartamento de Santos=Dumont
Apesar da placa na porta, não se trata de um museu e nem está aberto ao público.
FONTAINE SANTOS=DUMONT A GLION
Praça em frente a 1 Route des Chemins de Fer, Montreux, Vaud Suiça 
Santos=Dumont comprou um terreno em Glion e tinha a intenção de passar os ultimos
dias de sua vida no lindo local. Infelizmente nunca realizou este sonho. No dia 12 de
outubro de 1945, os herdeiros de Alberto Santos Dumont doaram à Aldeia de Glion o
terreno de 3052 metros quadrados, situado no local chamado “En Grandchamp” no
território da Comuna de Montreux-Planches

THE SMITHSONIAN NATIONAL AIR AND SPACE MUSEUM


Independence Avenue Southwest
Washington, DC 20024, United States
(202) 633-2214
Seção “Early Flight” tem a Barquinha e Motor Clement original do Numero 9,

fotos.

MUSEU DO AR – PORTUGAL

Parque de Material Aeronáutico - Lg dos Pioneiros da Aviação 2615-174 Alverca do


Ribatejo, Portugal - 219 582 782
Replicas do 14-Bis e fotos
PAVILHÃO DA MARIA FUMAÇA. 
Av. Puglisi, esquina com Av. Leomil – Pitangueiras. Tel.: (13) 3389-6000.
Carro Funerário que transportou o corpo de Santos=Dumont

CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA


Botafogo, Rio de Janeiro - RJ
(21) 2527-0648
Túmulo de Santos=Dumont
RIO DAS FLORES - RJ
Igreja Matriz de Santa Tereza Dávila
Certidão de Nascimento e Pia Batismal onde foi Batizado Santos=Dumont
NA LUA

"Em 1973, no centenário de nascimento de Santos-Dumont, uma cratera lunar recebeu


seu nome. Michael Collins, que participou da tripulação da “Apollo- 11” na primeira
viagem à Lua, então Presidente do Museu Nacional do Ar e do Espaço, disse: “Será o
reconhecimento do mundo à contribuição do gênio inventivo de Santos Dumont ao
desenvolvimento e progresso aeroespacial contemporâneo”."
Postado por Luiz Pagano às 12:33 5 comentários 
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sexta-feira, 21 de maio de 2010


Dririgível Numero 3 - O primeiro vôo bem sucedido de
Santos=Dumont
Dirigível numero 3 sobrevoando o Grand Palais

“A 13 de novembro de 1889, a bordo do "Santos- Dumont N.° 3", deixei o estabelecimento de


Vaugirard. Foi a ascensão mais feliz que até á data realizei.”
…“os místicos do mundo todo diziam que o mundo iria acabar nesse dia, é de fato acabou, era
o fim da era que não conseguíamos manobrar nos ares e o começo de uma empolgante nova
era, a era da dirigibilidade aérea, e eu estava lá, inaugurando esta nova era maravilhosa. De
Vaugirard rumei diretamente para o Campo de Marte, escolhido por causa da sua grande
extensão livre. Aí pude exercitar-me a meu gosto na navegação aérea, descrevendo círculos,
correndo em linha reta, obrigando a aeronave a subidas e descidas diagonais, pela força do
propulsor, e adquirindo assim a maestria dos meus pesos deslocáveis. Estes, colocados a
maior intervalo do que primitivamente, nas extremidades da minha quilha em travessão,
forneceram-me resultados que me surpreenderam. Foi a minha mais bela vitoria. Já me havia
sido demonstrado que a verdade essencial da aerostação dirigível deve ser sempre: "Descer
sem sacrificar o gás, subir sem sacrificar o lastro".
Acidente com o dirigível Santos=Dumont numero 2 - invólucro dobrado nas arvores

No curso destas evoluções sobre o Campo de Marte, meu espírito não se deteve
especialmente sobre a Torre Eiffel. Quando muito, considerei-a um monumento interessante
para contornar, e contornei-a com efeito muitas vezes, a uma distancia prudente. Depois, sem
pensar absolutamente no que me reservava o futuro, tomei o rumo direto do Parc des Princes,
quase sobre a linha exata que dois anos mais tarde devia marcar a rota na prova do prêmio
Deutsch.
Voltei ao Parc des Princes por ser este, também, um belo local aberto. Quando cheguei,
porém, não tive vontade de descer. Torci o rumo então para o campo de manobras de
Bagatelle, onde por fim aterrei, como lembrança da minha queda do ano precedente. Foi quase
no mesmo lugar em que os meninos que empinavam papagaios haviam puxado o meu "guide-
rope", salvando-me duma queda perigosa. Hão de lembrar-se de que nesse tempo nem o Aéro
Club nem eu possuíamos parque para balões, nem garage de onde partir ou para onde voltar.”
Postado por Luiz Pagano às 04:51 0 comentários 
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domingo, 20 de dezembro de 2009


Santos=Dumont patrocina e participa da primeira
corrida de Triciclos
“Retornei a Paris em 1892. Sempre com a idéia fixa nos meus sonhos de balão, fui procurar
aeronautas profissionais. Como o primeiro todos me pediam quantias extravagantes pela mais
insignificante ascensão. Todos mantinham a mesma atitude, Descreviam a aerostação como
um perigo e uma dificuldade, exagerando a seu bel-prazer, os riscos para pessoas de bens...”

“...Naquela época estava nascendo a moda dos triciclos automóveis. Escolhi um que jamais me
proporcionou o menor acidente. Meu entusiasmo foi tão grande que institui em Paris, pela
primeira vez, corridas de mototriciclos.

Aluguei por uma tarde o


velódromo do Parc des Princes e organizei uma corrida pela qual ofereci os prêmios. 

As pessoas de “bom senso” prognosticaram um desastre. O evento deveria comprovar, para


satisfação deles, que fatalmente, em uma pista de bicicletas, em virtude da rapidez nas curvas,
os triciclos se tombariam e se quebrariam. Se não sucedesse isso, a inclinação da pista levaria
a parada do carburador ou atrapalharia o seu funcionamento, o que, numa curva rápida,
resultaria na queda de triciclos. Os diretores do velódromo, ainda que aceitando o meu
dinheiro, recusavam a conceder-me a pista numa tarde de domingo. Temiam um fiasco. 

O sucesso retumbante da corrida desapontou-os”.


Postado por Luiz Pagano às 10:29 0 comentários 
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domingo, 6 de dezembro de 2009


O primeiro automóvel de Santos=Dumont - o Peugeot
“Vis a Vis”

Peugeot Vis-a-vis que pertenceu a Santos=Dumont

Santos=Dumont foi o pioneiro em diversos aspectos da vida social que cambiaria de vez o
nosso estilo de vida no século XX. Foi o primeiro a importar e a ter um automóvel na América
do Sul, um dos primeiros mecânicos a consertar e fazer a manutenção dos autos, e também o
primeiro a tomar uma multa de transito.
Santos=Dumont com o pai nas ruas de Paris no ano de 1891

“Em 1891 foi decidido que minha família faria uma viagem a Paris. A perspectiva causou-me
dupla satisfação. Paris, como se diz, é o lugar para onde emigra a alma dos bons americanos
quando morrem...”
Dans lair-1904

“Sem nada a dizer ao meu professor, nem aos meus primos, procurei no Anuário Bottin os
nomes desses senhores, desejoso de fazer uma ascensão.

Alguns já não se ocupavam


mais do assunto, outros me apavoravam com os perigos de subir e com o exagero dos preços.
Um porem houve que, após me informar de todos os meios, pediu-me mais de mil francos para
levar-me consigo, devendo eu pagar, ainda todos os estragos que fossem causados pelo balão
na sua volta à terra.”
O que eu vi o que nos veremos-1918

“...o dilema mostrou-me o caminho a seguir. Desisti, não sem pensar da aeroestação e fui
buscar consolo no automobilismo.

Os automóveis eram raros em Paris em 1891: tive de ir a fábrica de Valentigney para comprar
minha primeira maquina, uma Peugeot routière, de três e meio cavalos de potencia.

Era uma curiosidade.


Naquele tempo, não existiam ainda nem a licença de automóvel nem exame de motorista.
Quando alguém dirigia a nova invenção pelas ruas da capital, era por sua própria conta e risco.

Tal era o interesse que


despertava que eu não podia parar em certas praças, como a do Ópera, com o receio de juntar
a multidão e interromper o transito.”
Dans lair-1904

“Esses atropelos urbanos, nos quais o cheiro acre de gasolina dissipava o nobre odor de
estrume de cavalo, tinham razão de ser: como os primeiros motores a combustão interna e os
freios e o volante ... funcionavam muito mal, a Peugeot de Santos=Dumont muitas vezes
enguiçava no meio da rua ... Certa vez o aviador estava rodeado de tanta gente na Place de
l’Ópera, centro da cidade, que a policia precisou interceder e instruí-lo a seguir adiante. Sem ter
como atender aos insistentes apitos do gendarme.
Santos=Dumont acabou
sendo multado por ele – o que pode ter sido a primeira infração de transito da historia.”
Sim, sou eu, Alberto – Cohen, Marlene – 2006

“Tornei-me imediatamente um adepto fervoroso do automóvel. Entretive-me a estudar os seus


diversos órgãos e as interações de cada um. Aprendi a tratar e a consertar a máquina; e
quando, ao fim de sete meses minha família voltou ao Brasil, levei comigo a minha Peugeot.
Postado por Luiz Pagano às 07:34 0 co

Cartier Santos – O Primeiro relógio de pulso com


estilo

A amizade de Louis Cartier e Alberto Santos Dumont começou no final do século XIX e ligou
dois homens pioneiros em seus metiers. Em um destes encontros amigáveis, Santos Dumont
queixa-se com Cartier que era muito difícil olhar as horas no relógio de bolso e comandar seus
dirigiveis ao mesmo tempo. Assim, pede ajuda ao amigo. Em 1904, Louis Cartier com a ajuda
do mestre Edmond Jaeger, chegam a um protótipo do relógio de pulso, que o ajudaria a olhar
as horas sem ter que retirar as mãos do comando. 
Em 1907, Cartier assinou um contrato com Edmond Jaeger, que concordou em desenhar
cronômetros exclusivamente para Cartier. Nesta época, Cartier tinha filiais em Londres, Nova
Iorque e São Petersburgo e estava rapidamente tornando-se uma das companhias relojoeiras
de maior sucesso no mundo.

Nascido em Andlau na baixa Alsácia, Jaeger (1858-1922) aprendeu seu ofício com o relojoeiro
Lebert em Epernay – França e como fabricante de cronômetros trabalhou com Bréget na rue de
Paix em Paris. …Em 1905, Jaeger abriu seu próprio negócio na famosa Saint-Sauveur no norte
de Marais, considerada por século o distrito dos relojoeiros. Em 1907 mudou-se para Réaumur
e assinou um contrato de 15 anos com Cartier para o desenvolvimento de cronômetros e um
relógio de pulso.

Eles sabiam que para a moda pegar precisavam de uma figura carismática, com estilo e ligada
a alta tenologia da época. Ninguém melhor do que o grande amigo de Cartier Santos=Dumont.

“…Jaeger signed a fifteen-year contract with Cartier’s giving the firm exclusive rights to his
output. This included Jaeger’s chronometers, his anchor watches with flat Jaeger calibers, and
every new Jaeger invention. For their part, Cartier’s guaranteed regular annual orders of at least
Fr. 250,000….

Like Louis Cartier, However, Jaeger was convinced that the future lay not with the pocket-watch
but with the much more practical wristwatches This presented no technical difficulties; but it was
a matter of convincing Cartier’s exclusive clientele of the ‘modernity’ of an article which only a
short time before had been tried out by soldiers in trenches.
As early was 1888 Cartier’s had offered three ladies wristwatches with rose-cut diamonds, and
gold link bracelets. These had been ahead of their time, since other models did not appear until
1892 and 1894, the latter having to wait until 1901 for a buyer. Like the jeweled bracelet, the
wristwatch only began to come into its own when, after 1901-2, fashion ceased to dictate long
sleeves, and long gloves were no longer required for evening wear. Cartier’s saw this a
remarkable opportunity to establish as new form of wrist jewelry.

…Long afterwards, in 1911, Santos=Dumont agreed to have the watch put into production.
When we recall the numerous clocks, snuffboxes, fans and so on à la montgolfiere which
followed the balloon ascent by the Montgolfier brothers in 1783, it is no surprise that Santos
Dumont’s name should have been given to a watch.

1914 Development of the Santos Dumont model, with a straight outline.”

Cartier Por Hans Nadelhoffer


Edition: illustrated
Publicado por Chronicle Books, 2007

Ao contrario da crença popular, a invenção do relógio de pulso não foi um privilegio de


Santos=Dumont nem de Louis Cartier. Girard-Perregaux desenvolveu em 1880 um relógio para
a Marinha Alemã para ser usado no pulso conforme Lee-se no texto:
“In 1880 Constant Girard developed the innovative concept of wearing watches on the wrist.
These watches were ordered personally by Emperor Wilhelm I for officers in the German
Imperial Navy. 

Two thousand were made, the first large-scale production of wristwatches in history. But in the
day of the pocket-watch, this idea was considered too revolutionary and production was
discontinued. It was not until the beginning of the next century that the wristwatch met with the
success that it enjoys to this day.”
Porem foi com Santos que o relógio de pulso ganhou grande impulso. Este relógio não foi
apenas um sucesso com Santos=Dumont, mas também com muitos clientes da Cartier. Com
seu desenho atemporal, o "Santos" havia nascido. Incrivelmente, este relógio ainda é produzido
nos dias de hoje com praticamente o mesmo formato.
Postado por Luiz Pagano às 06:07 0 comentários 
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sexta-feira, 13 de março de 2009


Curta temporada de Santos=Dumont com o seu n° 6
em Mônaco

“Ao aproximar-se o inverno parisiense, estação das brisas mordentes, das chuvas frias e dos
céus incertos, recebi a noticia de que o príncipe de Mônaco — um sábio tornado célebre pelas
suas pesquisas pessoais — construiria de boa vontade uma garage aeronáutica sobre a
própria praia de La Condamine, de onde eu podia sair para o Mediterrâneo, de modo a
continuar os meus exercícios aéreos durante o inverno.”

“...Minha primeira ascensão no Mediterraneo, na manhã de 29 de janeiro de 1902, mostrou-me


infelizmente tambem outra coisa, que a situação do aeródromo tinha sido mal calculada.
Surprezas que esperam a cada passo o experimentador nesse campo tão recentemente
rasgado, da navegação aérea....”

“Eu manteria a minha aeronave sempre perfeita e cheia de gás, poderia deixar a garagem
quando o bom tempo convidasse, e ai me refugiar, à aproximação das tormentas. A garagem
seria construída à beira-mar e eu teria toda a extensão do Mediterrâneo para fazer o guide-
rope”.

“...Se a situação do novo aeródromo me encantava pelo que me prometia de comodidade e


proteção aos meus exercícios de inverno, não me sorria menos a perspectiva de dirigir a minha
aeronave sobre o mar...”.
Um polemista feroz, o inexorável Henri de Rochefort, era freqüentador assíduo do aeródromo.
Ele saía do seu hotel apenas para ir apreciar o trabalho do inventor. Publicou um artigo
intitulado “o aeróstato do futuro” :

“...Freqüentemente desço de La Turbie, a fim de ir ver Santos-Dumont no mesmo hall onde ele
trabalha no aperfeiçoamento do balão com que tão bem contornou a Torre Eiffel, para espanto
daqueles que não acreditavam nessa proeza.

As suas evoluções sobre a baía e o rochedo de Mônaco não deixam mais duvida acerca do
sucesso da viagem aérea, que ele se propõe a tentar proximamente, entre a Côte d’Arzur e a
Córsega. Será um acontecimento extraordinário, não só porque marcará imenso progresso na
solução do tão estudado problema da direção dos aeróstatos, mas porque os resultados que
dele decorrerão são suscetíveis, pode-se dizê-lo, de mudar a face do mundo ...”

“ ...Está sabido já o que é o "guide-rope". Falei dele a propósito da minha primeira experiência
em balão esférico. Quando, sobre o solo, não se encontram sinão superfícies unidas, estradas
ou mesmo ruas, quando, por felicidade, não há árvores de mais, edifícios, muros, postes e fios
telegráficas, "trolleys" ou outros obstáculos da mesma natureza, o "guide-rope" é um auxiliar
tão precioso para aeronave como para o balão esférico. Para mim é bem mais que isso: é o
mais essencial dos meus pesos deslocáveis.

Sobre a extensão ilimitada do mar, por ocasião da. minha primeira ascensão em Mônaco, ele
fez sua verdadeira prova como estabilizador. Sua muito fraca resistência ao arrastar na água
está fora de qualquer proporção com o peso da sua extremidade flutuante. ...”

Santos no livro Meus Balões conta também sobre um flerte na Bahia de Mônaco:

“ ...Desviou o olhar e notou que dois iates, de velas enfunadas, vinham ao seu encontro.
Quando passou bem ppr cima deles, ouviu este grito: -“Bravo!” "uma graciosa silhueta
feminina", que sacudiu um lenço vermelho. Alberto voltou-se, desejando fazer um gesto para
retribuir a saudação, mas teve a surpresa de não mais enxergar o vulto. Devido à velocidade
do aeróstato, as embarcações já estavam longe...”

O principe Albert estava tão entusiasmado com as ascensões que parecia fazer todas as
vontades do aviador:

“...não peço tanto, basta construir uma plataforma de aterrisagem contra o dique...”

Tanto que correu riscos desnecessários:

“...Lançando um olhar retrospectivo sobre as minhas diversas experiências, constato com


surpresa que o maior perigo que corri, passou despercebido, mesmo para mim. Ocorreu no fim
da mais feliz das minhas ascensões no Mediterrâneo, no instante em que o príncipe de
Mônaco, ao tentar agarrar o meu guide-rope, foi atirado às cambalhotas no fundo do seu
naviozinho.
Eu havia entrado na baía após ter efetuado a viagem de regresso, costeando e estava sendo
rebocado para o aeródromo. A aeronave descera muito perto da água, e fizeram-na baixar
ainda mais, puxando-a pelo guide-rope, e tal ponto que ela ficou a poucos pés da chaminé da
chalupa. Ora, essa chaminé expelia fagulhas vivas! Uma só bastaria para, subindo, produzir
uma queimadela no balão, inflamar o hidrogênio e reduzir-nos a pó, o balão e eu!...”

Fim da temporada em Mônaco

“...De pé na plataforma, os homens sustentaram o aparelho enquanto eu punha o motor em


marcha, desembaraçava-me do excesso de lastro, e deslocava o "guide- rope" de forma a
levantar obliquamente a proa da aeronave. O motor tossiu, roncou, depois o propulsor
começou a girar. Pela terceira vez, em Mônaco, pronunciei a formula:
— Larguem tudo! A aeronave deslizou em oblíquo e levemente elevou-se. 
Então, aumentada a força do propulsor, um grande arranco conduziu-me por cima da baía.
Impeli o "guide-rope" para a proa afim de tomar a horizontal. E a aeronave zarpou como uma
flecha, deixando ver na traseira, a flutuar, a bandeira escarlate em que se lia a inscrição
simbólica — as iniciais do primeiro verso dos "Lusíadas" de Camões, o poeta épico da minha
Raça:
"Por mares nunca d'antes navegados!..."

“...A 14 de fevereiro de 1902, ás duas horas e meia da tarde, a solida aeronave que havia
ganho o prêmio Deutsch deixou o aeródromo de La Condamine para o que ia ser a sua última
viagem. Apenas se alçara ao espaço, começou a se comportar mal, mergulhando
pesadamente. Não estava sinão imperfeitamente cheia, ao sair da garage; em conseqüência,
carecia de força ascensional. Para conservar a altitude propicia, acentuei a diagonal de subida
e deixei o propulsor continuar sua arrancada ascendente. Si a aeronave mergulhava é porque
naturalmente sofria o esforço contrário, da gravidade.

A' sombra, no aerodromo, ele encontrara uma atmosfera relativamente fresca. Estava agora
fora, em pleno sol. E isto foi motivo para rarefazer rapidamente o hidrogênio confinante com o
invólucro de seda, que se transportou para o seu ponto culminante, isto é, para a proa. Eu
havia dado a esta uma inclinação exagerada, e o balão cada vez obliquava ainda mais, ao
ponto de, em certo momento, parecer-me que havia tomado a posição perpendicular.

Antes que pudesse corrigir esse desvio do meu cruzador aéreo, várias das cordas diagonais,
submetidas a uma insólita pressão obliqua, começaram a partir- se; outras, notadamente as do
leme, embaraçavam-se no propulsor.

Si eu não impedisse o atrito do propulsor contra o invólucro do balão, este rasgar-se-ia em


poucos minutos; o gás fugiria em massa; eu seria violentamente precipitado nas ondas.
Parei o motor. Minha situação tornava-se igual á de um piloto de balão esférico comum.

Fiquei á mercê dos ventos. E estes me jogavam em direção á praia. Meu destino era ir bater
contra os fios telegráficos, as árvores, os ângulos das casas de Monte Carlo.
Só havia um partido a tomar. Puchei a válvula de manobra e deixei fugir uma quantidade
suficiente de hidrogênio. Desci lentamente sobre a água, onde a aeronave imergiu...."
Postado por Luiz Pagano às 08:21 0 comentários 
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domingo, 22 de fevereiro de 2009


Como Santos=Dumont pilotava o Dirigível número 6

Veja também como Santos=Dumont pilotava o Dirigível No 9 (com imagens animadas)  

“...Si tivesse um conselho a dar aos que praticam o dirigível, diria: "Permanecei perto de terra"
O lugar duma aeronave não é nas grandes altitudes. Mais vale fisgar-se nos galhos das
árvores, como fiz no Bosque de Bolonha, que expor-se aos perigos das regiões elevadas sem
a menor vantagem prática....”
Depois de haver dominado os segredos do vôo com o balão cativo, dos primeiros dirigíveis
números 1,2,3,4 e 5 Santos=Dumont já tinha muito domínio da navegação aérea, mencionado
com alguma riqueza de detalhes no livro “Meus Balões” Tradução do original "Dans l'air",
1 - A Pressão do Invólucro”

A pressão no invólucro era imprescindível, pois se estivesse muito cheio poderia estourar como
o PAX de Augusto Severo. Se estivesse muito vazio perderia sua forma, dobraria e cairia como
uma pedra amarrada a um trapo como aconteceu com o numero 1 (veja o capitulo
http://santosdumontvida.blogspot.com/2008/03/comeo-da-vida-de-inventor.html )
“... A pressão interna na sua parte dianteira sendo continuamente de 30quilos por metro
quadrado, o invólucro de seda que o constitui deve ser normalmente bastante forte para
suportá-la. Mas é fácil compreender que o equilíbrio se modificará á medida que o aparelho
ganhar movimento e aumentar a velocidade. Enfrentando o ar, a aeronave determina uma
contra-pressão sobre a parte externa da proa. Por conseguinte, até 30 quilos por metro
quadrado todo aumento de velocidade tende a diminuir a tensão; de forma que quanto mais
rápida for a marcha, menor será o risco dessa parte do balão estourar.

A que velocidade pode avançar um balão, levado pelo seu motor e seus propulsores, sem que
sua proa, ao romper o ar faça mais do que neutralizar a pressão interna? Isto ainda é objeto de
cálculo. Para não fatigar o leitor limitar-me-ei a lembrar que minhas ascensões no Mediterrâneo
demonstraram a possibilidade, para o balão do "N.° 6", de sustentar uma velocidade de 36 a 42
quilômetros sem nenhum sintoma de tensão...”

Santos=Dumont regulava constantemente a pressão do hidrogênio no invólucro por meio de


válvulas automáticas, válvulas controladas por cordinhas de sua nacele e no meio do balão
havia um pequeno balão de ar enchido por uma ventoinha que impedia o balão de dobrar-se ao
meio.

2 - Subidas e descidas

Para controlar a altitude Santos=Dumont fazia uso de um sistema de pesos moveis. Uma vez
que sua aeronave era extremamente bem equilibrada, o simples fato de deslocar um peso
situado no centro de equilíbrio da quilha para frente fazia com que o bico da aeronave
apontasse para baixo. Impulsionado pela hélice em movimento fazia com que a aeronave
descesse. 
Portanto para subir, só o que tinha a fazer era deslocar o mesmo peso para a poupa elevando
a proa, que impulsionado pela hélice em movimento fazia a aeronave ganhar altitude.

“... Relativamente ás combinações de movimentos verticais e horizontais, o homem acha-se, de


um modo absoluto, sem experiências. Pois como todas as nossas sensações de movimento se
exercem praticamente em duas dimensões, a extraordinária novidade da navegação aérea
reside em nos proporcionar a experiência não, sem duvida, da quarta dimensão, mas do que é,
praticamente, uma dimensão suplementar, a terceira. E o milagre é semelhante. Em verdade,
eu não saberia descrever convenientemente a surpresa, c alegria, a embriaguez produzida por
esse livre movimento diagonal da proa do aparelho, na subida, ou na descida, combinado com
as bruscas mudanças horizontais de direção, quando a aeronave responde a um comando do
leme. Os pássaros devem experimentar a mesma sensação, quando distendem suas longas
asas e seu vôo flecha no céu...”

3 - Guide-rope

Trata-se de uma corada móvel que Santos=Dumont deixava dependurada da aeronave para
aliviar o peso do balão quando entrava em contato com o solo. Reparem num balão de festas
normal semi cheio o barbante encosta no chão e o balão encontra seu ponto de equilíbrio, ele
não sobe e nem desce.

“...Esta primeira ascensão permitiu-me apreciar devidamente a utilidade do "guide-rope",


modesto acessório sem o qual a aterrissagem de um balão esférico apresentaria graves
dificuldades na maior parte dos casos.

O guide-rope era usado também para ajudar nos movimentos de elevação de proa ou poupa:

“...Para me opôr á descida tive de empurrar para trás o "guide-rope" e os pesos deslocáveis. A
aeronave tomou uma posição diagonal e o que restava de energia
ao propulsor fê-lo remontar de modo contínuo....”

4 - Leme de Direção, propulsão e motor


“... Eu era senhor do meu leme, do motor e do propulsor...”

A frente de sua nacele Santos=Dumont instalou um volante que através de um simples sistema
de polias fazia com que a cana do leme virasse para a esquerda (quando girava o volante para
a esquerda) e para a direita.

Abaixo do barômetro acionava o afogador de forma a aumentar e reduzir a velocidade.


“...Aumentando a velocidade do propulsor para 140 voltas por minuto, realizei, dum ponto fixo,
um esforço de tração de 55 quilos... Achava-me a uma altitude de 150 metros. Bem entendido,
podia interromper essa subida diagonal moderando o motor...”

O motor tinha que ficar constantemente trabalhado porque primeiro - não tinha como dar a
partida no ar e segundo – mantinha a bomba de ar em funcionamento.

“... O ventilador encarregado de alimentá-lo fazia, praticamente, parte integrante do motor.


Girando sem cessar, quando o motor estivesse em marcha, forneceria continuamente ar ao
balão compensador, quer este pudesse contê-lo ou não. O excesso seria expulso por uma
válvula relativamente fraca (válvula de ar, fig. 10), comunicando para fora com a atmosfera pe
lo seu fundo, comum ao do grande balão externo. Para aliviar este, quando o exigisse a
dilatação do hidrogênio, provi-o de duas válvulas de gás, (válvulas de gás, fig. 10, as melhores
que me foi possível confeccionar. Estas, por sua vez, estavam em comunicação exterior com a
atmosfera. Suponhamos que após uma certa condensação do hidrogênio, o balão
compensador interno se enchesse parcialmente de ar fornecido pelo ventilador, e garantisse
assim ao grande balão sua forma rígida...”

Logo atrás instalou um controle de engate do motor que podia afastar ou encostar um disco de
transmissão da hélice ao motor.

As preocupações básicas para voar seu dirigível Santos=Dumont resume de forma pratica :

“... Mau grado sua grande simplicidade, minhas aeronaves exigem uma vigilância contínua
sobre certos pontos capitais. 
O balão está cheio até o ponto?
Há alguma possibilidade de escapamento do gás?
O motor marcha convenientemente?
A maquinaria está em bom estado?
As cordas de comando do leme, do motor, do "water ballast", dos pesos 
deslocáveis, funcionam livremente?
O lastro foi exatamente pesado?
Como máquina, a aeronave não reclama mais cuidados que um automóvel...”
Postado por Luiz Pagano às 17:42 0 comentários 
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domingo, 25 de janeiro de 2009


Recepção no palais de l’Élysée para celebrar a vitória
do Premio Deutsch
A celebração da vitória do Premio Deutsch foi também um jantar de despedida, já que
Santos=Dumont estava de partida para Mônaco aconteceu no dia 09 de novembro de 1901, no
Le palais de l’Élysée, com preço de entrada de 20 francos. 120 pessoas estiveram presentes.
Muitos membros do Aeroclub de Paris estiveram ausentes, porem, Henri Deutsch de la
Meurthe compareceu, compôs uma valsa para depois do jantar chamada “SANTOS” a
orquestra também tocou uma outra obra do Sr. Deutsch, “A Marcha de Montgolfier”. A
condessa de Eu “Princesa Isabel” enviou um arranjo de crisântemos no formato do seu numero
6 para ser colocado no centro da mesa. Gustave Eiffel presenteou-lhe com uma medalha
mostrando o seu numero 6 contornando a torre Eiffel. 

“Princes and mechanical engineers, wealthily amateurs and retiring men of science, had all
assembled with no other thought save admiration and friendship for the pluckiest and most
modest of all the pioneers of aerial navigation” , the Daily Telegraph
Postado por Luiz Pagano às 12:52 0 comentários 
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domingo, 12 de outubro de 2008


Uma aposta cria o numero 18 – Le Hydro-Glisseur (O
Hidroplano)
Santos=Dumont foi desafiado por Charron, durante um jantar no Maxim’s, a atingir 100
quilômetros por hora na água.

“Infatigável pesquisador de imaginação fecunda, o senhor Santos=Dumont parece mais um


amador de proezas que de sucessos duráveis. Após ter contornado a Torre Eiffel com o seu
primeiro balão dirigível. De executar sábias e preciosas manobras em Trouville com outro
balão, agora ele lançou-se de corpo na aviação... Depois, sem abandonar um ou outro modo
de locomoção aérea, eis que sonha em vencer o elemento liquido com o seu
hidroplano...Durante um jantar, doravante histórico, entre esportistas da mais alta linhagem, os
convivas acharam agradável assumir mutuamente desafios muito sérios e encorajadores. Em
24 de julho de 1906, o senhor Charron, talvez um pouco vitima do não menos histórico “calor
comunicativo” do banquete que oferecia aos amigos, comprometeu-se da seguinte maneira:

1 – O senhor F. Charron apostou 10.000 francos contra 2.000 do senhor Bleriot que não seria
possível fazer 100 km/h sobre a água com um aparelho qualquer antes de 1º de abril de 1908.
Esta velocidade deverá ser atingida sobre um percurso de somente 1 km, mas nos dois
sentidos, sendo a média dos dois experimentos que deverá ser considerada. Árbitro: o
cavalheiro René de Knyff.

2 – O senhor F. Charron apostou 50.000 francos contra 5.000 de Santos=Dumont que este
ultimo não poderia fazer 100km/h sobre a água antes de 1º de abril de 1908. Modo de
cronometrágem como precedente.

3 – O senhor F. Charron e o Marques de Dion apostaram 5.000 francos contra os senhores


Archdeacon e Santos=Dumont que eles não verão antes de 1º de fevereiro de 1908 um
aeroplano voar a distancia de 500m sem tocar a terra”.

René Doncières – “Les nouveaux Santos=Dumont”, La Nature, n. 1796 26 de outubro de 1906,


p. 344

Construiu então um deslisador aquatico, formado basicamente por um longo flutuador em


forma de charuto, com dois flutuadores laterais

movido com um motor


Antoniette de 16 cilindros e 100 cavalos. Para a elaboração dos mesmos, estruturas de
madeira foram revestidas com tecido impermeável.

Santos=Dumont testou inicialmente a hidrodinâmica do aparelho sem motor, rebocado pela


lancha La Rapiére no rio Sena. Posteriormente colocou o grande motor com hélice de três pás
do Nº 17, que foi, assim, desativado antes de ser testado.
Levou novamente o agora Nº 18 ao rio Sena e, num dia nublado, preparou-se para os ensaios
Nos primeiros testes, já com o motor montado, mas desligado, o aparelho foi ainda rebocado

pela lancha.
Uma multidão acompanhava toda a movimentação e, entre divertida e preocupada,
testemunhou o incansável pioneiro cair na água numa curva um pouco mais fechada.
Impassível, Santos=Dumont posou molhado para as fotografias. Nos testes seguintes, com o
motor ligado, os flutuadores tendiam a afundar na água; o piloto não conseguiu desenvolver a
velocidade projetada e perdeu a aposta. 

Eu naveguei pelo ar – João Luiz Musa


Postado por Luiz Pagano às 18:563 comentários

http://santosdumontvida.blogspot.com.br/search?updated-max=2009-12-06T07:34:00-
08:00&max-results=5&start=5&by-date=false

O Conversor Marciano
Sonho de construir um Ornitóptero 
“por que não construí (o aeroplano) mais cedo ao mesmo tempo que meus dirigíveis. É que o
inventor, como a natureza de Lineu, não faz saltos: progride de manso, evolui. Comecei por
fazer-me bom piloto de balão livre e só depois ataquei o problema da dirigibilidade. Fiz-me bom
aeronauta no manejo dos meus dirigíveis, durante muitos anos estudei a fundo o motor a
petróleo e só quando verifiquei que seu estado de perfeição era bastante para fazer voar,
ataquei o problema do mais pesado que o ar.” Tinha como objetivo a construção do Ornitóptero
aparelho que se desloca no ar pelo principio de batimento de asas como os insetos e pássaros.
“Como antigamente se subia às montanhas a pé para fazer esqui, não havia funicular, ele

inventou um aparelho para facilitar a subida.


Era preso as costas e tinha um motor que, ligado, comandava o movimento das pernas. Não
obteve sucesso, pois só um profissional de esqui poderia usá-lo bem. Se o aparelho caísse e a
neve entrasse nele, o motor não funcionava” 
- Yolanda Penteado - 
“Por que chamas este aparelho de Marciano? Pergunta Yolanda. Santós abre um novo sorriso
de satisfação e admiração: Creio que ainda não sabe da estória deste pequeno aparelho e do
meu encontro com o Sr. Wells”.

“Refere-se ao escritor H.G. Wells?” 

“Ele mesmo, há algum tempo atrás (entre 1923 e 1929), aqui mesmo na Suíça voltava para
meu hotel em St. Morrtiz de um teste com este pequeno dispositivo quando fui chamado por H.

G. Wells.
Ele logo entendeu que se tratava de um instrumento auxiliar para a prática do esqui, mas ficou
intrigado com seu funcionamento” “Quando olho para este aparelho me convenço que é disto
que precisava para equipar os Marcianos na Guerra dos Mundos”. Disse Wells “Sim” disse
Santós “este aparelho, ou melhor, o nosso ’Conversor Marciano é utilizado de forma secundária
para ajudar esquiadores a subir às encostas das montanhas nevadas com menos esforço, mas
ele tem como foco inicial o propósito de desvendar alguns dos muitos mistérios envolvidos no
vôo ornitóptero”.
- Raoul Polillo -
”Há indicações teóricas que um aparelho, munido de motor de 7 cv de força, com um metro de
superfície alar a bater vinte vezes por segundo, “centraliza a ação ao peso e pode sustentar no
espaço uma carga de aproximadamente 100 quilos, trata-se porém de uma teoria. Na prática
ainda não se obteve coisa alguma, no campo do vôo artificial feito por asas vibratórias, como
as dos insetos, e mesmo hoje, esse tipo de vôo não passa de vaga hipótese, para realização
em tempos muito distantes aos nossos”.
- Raoul Polillo -
Postado por Luiz Pagano às 06:15 0 comentários 
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quarta-feira, 16 de abril de 2008


Texto de André Fagel repórter de “L’Illustration” de
28 de junho de 1903
Voo noturno do dirigível numero 9 de Santos=Dumont - a iluminação vinha de um holofote produzido nas oficinas de seu amigo
Louis Bleriot
23 de julho de 1903 - Santos=Dumont subiu com um enorme e potente farol fabricado nas
oficinas de seu amigo Louis Bleriot, e com o farolete instalado na proa de seu numero nove
realizou o primeiro vôo noturno de um dirigível.

“Eu acabar de sentar-me no terraço de um café na Avenue du Bois de Boulogne, e estava


saboreando uma laranjada gelada. De repente, fui sobressaltado ao ver uma aeronave descer
bem à minha frente. A corda-guia se enrolou pelos pés da minha cadeira. O aparelho parou
logo acima dos meus joelhos, e Santos-Dumont desembarcou. Verdadeiras multidões
avançaram e aclamaram entusiasticamente o grande aviador brasileiro; elas admiram a
coragem e o espírito esportivo.

Santos-Dumont pediu-me gentilmente desculpas por me haver assustado; após o que, ele
pediu um ‘apéritif’, sorveu-o tranqüilamente, subiu de volta à aeronave, e foi-se, deslizando pelo
espaço. Sinto-me feliz por ter contemplado o homem-pássaro com os meus próprios olhos.
No dia seguinte, eu fui até o Bois de Boulogne. Justamente quando meu carro ia transpor a
Porte Dauphine, o homem-pássaro pousou no pavimento. Os policiais avançaram às pressas,
fazendo parar todos os transeuntes a pé, a cavalo e em todos os tipos de veículos. Os cavalos
trotadores relincharam, os motores roncaram nos automóveis que iam sendo bruscamente
freados, sacolejando seus ocupantes. As babás que levavam crianças para um passeio ao ar
livre mostraram-se nervosas. Que se passava? Seria algum conflito? Não. Era Santos-Dumont
em outro dos seus passeios aéreos.
É noite. Eu vou caminhando sob as árvores. Subitamente tropeço numa corda. Esta não se
parece absolutamente com a trança de Rapunzel. Ouço o barulho de folhas amarfanhadas
acima de mim, e uma voz zangada grita:
Voo noturno de Santos=Dumont pelas ruas de Paris

‘Não consigo ver nada! Vou quebrar a cabeça!’ Levanto assustado o nariz, e vejo um monstro
escuro cujo olho brilha com acitileno. Não é uma coruja gigantesca; é o tal veículo encantado
de Santos-Dumont!

Já é madrugada, e eu estou voltando para casa. A ceia prolongou-se demais, e nós tivemos a
idéia pouco sensata de experimentar novas bebidas de origem americana. Minhas pernas
parecem ser de gelatina e minha cabeça não está lá muito certa. O Champs-Elysèes está
deserto, no lusco-fusco da madrugada.

De repente alguém me grita


qualquer coisa. Trata-se, evidentemente de uma ilusão, pois não há ninguém por ali àquela
hora. Mas não! Preciso acreditar em meus ouvidos! É realmente para mim que uma voz
misteriosa grita: ‘Mova-se para a direita! Minha corda-guia vai atingi-lo’. É ele outra vez!
Sempre ele! Ele, acima de todos! Desce mansamente na sua sacada, e seus criados trazem-
lhe o café da manhã.”
Postado por Luiz Pagano às 06:33 0 comentários 
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domingo, 13 de abril de 2008


Depois do Prêmio Deutche
Dirigível Santos=Dumont numero 9 desce nos jardins do restaurante 'La Grande Cascade'

D epois do meu n.º 6, construí vários outros balões, que não me deram os resultados
desejados. Há um ditado que ensina "o gênio é uma grande paciência"; sem pretender ser
gênio, teimei em ser um grande paciente. As invenções são, sobretudo, o resultado de um
trabalho teimoso, em que não deve haver lugar para o esmorecimento. Consegui, afinal,
construir o meu n.º 9; com ele pude alcançar alguma coisa;
23 de julho de 1903 – “...Levantei-me às duas horas... A noite ainda estava escura e os
mecânicos dormiam... Pude erguer vôo, franquear o muro e transpor o rio antes que o dia
clareasse... Quando encontrava arvores. “saltava” por cima delas... Atingi a porta Dauphine e a
entrada da grande avenida do Bosque de Bolonha que conduz diretamente ao Arco do Triunfo,
esse lugar de encontro das elegâncias de tout-Paris. Então disse: Vou fazer o cabo pendente
sobre a avenida do Bosque!...
Dirigível Santos=Dumont numero 9 flutua na linda Paris, a luz do por do Sol
Tive de descer tão baixo quanto o nível das linhas dos telhados dos dois lados da avenida... A
isto é que chamo fazer navegação pratica... Fiz pois, o cabo pendente sobre a avenida...
Assim, algum dia, os exploradores o farão rumo ao Pólo Norte.... Não se deve descer sobre o
Pólo na primeira investida; mas que se faça um vôo circular para registrar observações e estar
de volta à hora de sentar à mesa...
Santos=Dumont conduz seu dirigível de numero 9 proximo ao Arco do Triunfo

Eu teria podido fazer o cabo pendente por baixo do Arco do Triunfo; não me arrojei, porém, a
tento. Tomei a direita do monumento, como exigiam os regulamentos... Mas aí apresentou-se
um embaraço. Da aeronave, todas as avenidas que se cruzam a Étoile se assemelham... e só
olhando para trás, ára consultar o Arco do Triunfo, é que encontrei minha avenida”.
Numero 9 na frente do Apartamento de Santos=Dumont

O inventor estacionou diante de seu apartamento, na esquina da rua Washington com a


avenida Champs-Élysees enquanto a multidão aplaudia foi tomar um café em sua residência.
Santos=Dumont Tinha uma mesa e cadeiras gigantes em sua lassa de jantar.  - eram as "refeições a grandes
alturas".
fiz dezenas de passeios sobre Paris, fui várias vezes às corridas, dele me apeei à porta de
minha casa, na Avenida dos Campos Elíseos, e nele, quase todas as noites, fiz corso sobre o
Bois de Boulogne (...)
Quanto à outra circunstância, a da primeira mulher que subiu numa aeronave, com ou sem
companheiro, merece ser conservada nos anais da navegação aérea, pois
a moça subiu sozinha e dirigiu o meu n° 9.
Aida de Acosta na cesto do dirigível numero 9 de Santos=Dumont
A heroína, uma jovem e lindíssima cubana [Aída D´Acosta], muito relacionada na sociedade de
Nova York, (…) manifestara-me seu ardente desejo de voar. (…) O simples fato de haver
consentido, com a condição que a pretendente recebesse primeiramente algumas lições para a
manobra do motor e dos maquinismos, diz eloqüentemente, suponho, da minha confiança no
n° 9. Essas lições foram nem número de três, após o que,
quando chegou a data de 29 de junho de 1903, que
ficará memorável na história da aerostação navegável, minha jovem discípula elevou-se dos
terrenos da minha estação, no menor dos dirigíveis possíveis.

Saiba como foi feita a reconstituição do rosto de Aida de Acosta


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quarta-feira, 26 de março de 2008
A conquista do Premio Deutsche

“I  niciei a construção de um novo balão e


novo motor, este um pouco mais forte,aquele um pouco maior. Três semanas,contadas dia por
dia, após o último desastre, meu aparelho, o n° 6, estava pronto.
O tempo, porém, continuava mau. Em 19 de outubro de 1901 à tarde, pois a manhã foi
chuvosa, a partida oficial teve lugar ás 2 horas e 42. Embora o vento me açoitasse de lado,
com tendência para levar-me para a esquerda da Torre, mantive-me na sua linha direta.
Avancei elevando gradualmente a aeronave a uma altitude de 10 metros acima do seu pico.
Esta manobra fazia-me perder tempo, mas premunia-me, na medida do possível, contra todo
perigo de contato com o monumento.

Subi de novo, contornei a


Torre, a uma altura de 250 metros, sobre uma enorme multidão que aí estacionava à minha
espera. A volta foi demorada.
O vento era contrário. O motor, que até então havia se comportado bem, assim que deixou a
Torre para trás uns 500 metros, ameaçou parar. Tive um instante de grave
indecisão. Era preciso tomar uma medida rápida. Com o risco de desviar o rumo,
abandonei por um momento o leme a fim de concentrar a atenção na maneta do
carburador e na alavanca de comando da faísca elétrica.
O motor, que havia quase parado, retomou o seu ritmo. Eu acabava de atingir o Bosque de
Bolonha. Aí, por um fenômeno que bem conhecem todos os aeronautas, a frescura das árvores
começou a fazer o balão progressivamente mais pesado. E por desagradável coincidência, o
motor voltou a moderar a velocidade. De tal sorte que a aeronave descia ao mesmo tempo que
a força motriz tomava-se menor. Para me opor à descida tive que empurrar para trás o guide-
rope e os pesos deslocáveis. A aeronave tomou uma posição diagonal e o que restava de
energia ao propulsor fê-lo remontar de modo contínuo.

Eu havia chegado à pista do campo de corridas d’Auteuil. O aparelho passava por cima do
público, com a proa levantada muito alto, e eu ouvia os aplausos da enorme multidão, quando,
repentinamente, meu caprichoso motor readquiriu sua plena velocidade. Subitamente
acelerado, o propulsor, que se encontrava quase sob a aeronave, tão empinada ia esta,
exagerou ainda mais a inclinação. Às ovações sucederam-se gritos de alarme.
Da minha saída ao momento em que passei do zênite do ponto de partida, decorreram 29
minutos e 30 segundos. Com a velocidade que levava, passei a linha da chegada - como fazem
os yachts, os barcos a petróleo, os cavalos de corridas, etc.
- , diminuí a força do motor e virei de bordo; então, voltando, e com menos velocidade,
manobrei para tocar a terra, o que fiz em 31 minutos após minha partida.
Não sabia ainda qual o
tempo exato. Gritei: - Ganhei? Foi a multidão que me respondeu: - Sim! Pois bem, alguns
senhores quiseram que fosse esse o tempo oficial! Grandes polêmicas. Tive comigo toda a
imprensa e o povo de Paris e também Son Altesse Imperiale le Prince Roland Bonaparte,
presidente da Comissão Científica que ia julgar o assunto. O voto me foi favorável.”
Postado por Luiz Pagano às 09:38 0 comentários 
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Acidente com o número 5
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“C hego agora ao dia terrível: 8 de agosto de 1901. Em presença da Comissão Científica do


Aeroclube, larguei-me para a Torre Eiffel. Contornei-a ao cabo de 9 minutos e tomei a direção
de Saint Cloud. Por infelicidade, um acidente enfraquecera a mola de uma das válvulas
automáticas e o balão perdia hidrogênio. Arrisquei prosseguir. O balão contraía-se
visivelmente; a tal ponto que ao alcançar as fortificações de Paris, perto de La Muette as
cordas de suspensão arqueavam-se tanto que as mais vizinhas do propulsor engancharam-se

na hélice em marcha. Vi o
propulsor cortá-las e arrancá-las. Parei o motor.
O vento, que soprava com força, levou instantaneamente o aparelho para o lado da Torre Eiffel.
Ao mesmo tempo, eu caía. A perda de gás era considerável.
Teria podido atirar fora muito lastro e amortecer sensivelmente a queda, mas assim o vento
teria tempo de me jogar contra os ferros do grande monumento. Preferi deixar a aeronave ir a

seu modo (…) Eu caía. E o vento me levava para a Torre


Eiffel (…) a extremidade do
meu balão alongado, que conservava ainda todo o seu gás, foi bater contra um telhado mesmo
no momento de franqueá-lo.

O balão estourou, com um grande barulho (…)


Um saco de papel cheio de
ar, batido de encontro a uma parede, arrebenta-se, produzindo um grande ruído; pois bem, o
meu balão, saco que não era pequeno, fez um barulho assim, mas... em ponto grande. Ficou

completamente destruído.
Não se encontrava pedaço maior do que um guardanapo!
Salvei-me por verdadeiro milagre,
pois fiquei dependurado por algumas cordas, que faziam parte do balão, em posição incomoda
e perigosa,
de que me vieram tirar os bombeiros de Paris”

Saiba mais sobre o criterioso trabalho de reconstituição destas imagens e fatos


Postado por Luiz Pagano às 07:18 0 comentários 
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Assinar:  O Premio Deutsch

“A  uma das assembléias


do Aero Club compareceu um senhor,muito tímido, muito simpático, que ofereceu, ele, Deutsch
de la Meurthe, um prêmio de cem mil francos ao primeiro aeronauta
que, dentro dos cinco anos
seguintes, partindo de St. Cloud, que era então onde se achava o Parque do Club,
circunavegasse a Torre Eifel e voltasse ao ponto de partida, tudo em menos de 30 minutos.
Acrescentou mais, que no fim de cada ano, caso não fosse ganho o prêmio, se distribuíssem
os juros do dinheiro entre os que melhores provas tivessem obtido. Era sentir geral que cinco
anos se passariam sem que o prêmio fosse ganho. Precisava atingir a uma velocidade de mais
ou menos 30 km por hora. No dia seguinte à instituição do prêmio Deutsch,

iniciei a construção do meu n.º 4 e


de um hangar em St. Cloud.
Adquiri o motor mais leve que encontrei no mercado, tinha a força de 9 HP e pesava 100
quilos. Era a maravilha de então... Com esse balão, no ano de 1900, meu único concorrente ao
prêmio foi o Sr. Rosc, cujo balão não conseguiu nunca subir”.

Postado por Luiz Pagano às 11:09 0 comentários 


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Começo da vida de inventor
“Comprei um dia um triciclo a petróleo. Levei-o ao Bois de
Boulogne e, por três cordas, pendurei-o num galho horizontal de uma árvore, suspendendo-o a
alguns centímetros do chão. É difícil explicar o meu contentamento ao verificar que, ao
contrário do que se dava em terra, o motor do meu triciclo, suspenso, vibrava tão
agradavelmente que quase parecia parado.

Neste dia começou a minha vida de inventor “.

Corri a casa, iniciei os cálculos e os desenhos do meu balão n° 1. Nas reuniões do Automóvel
Club - pois o Aeroclube não existia ainda - disse aos meus amigos que pretendia subir aos ares
levando um motor de explosão sob um balão fusiforme. Foi geral o espanto: chamavam de
loucura o meu projeto. O hidrogênio era o que havia de mais explosivo! Se pretendia suicidar-
me, talvez fosse melhor sentar-me sobre um barril de pólvora em companhia de um charuto
aceso. Não encontrei ninguém que me encorajasse.

A 18 de setembro [1898], minha primeira aeronave, o “Santos Dumont n° 1” estava estendida


sobre a relva, entre as lindas árvores do jardim. (Ele sempre prezou a simplicidade e
facilidade).

Como o motor do seu triciclo não era muito potente, Alberto encontrou na Rue Du Colisée uma
oficina de motores a petróleo de Albert Chapin (que mais tarde viria a se tornar seu mecânico

chefe) e mandou reformar o motor de seu triciclo com dois


cilindros do motor De Dion, que pelos seus cálculos, iria produzir 3,5 HPs e pesaria
aproximadamente 30 kg.

Além disso, tinha que saber o peso da hélice de duas pás, das cordas, o seu próprio peso, a
gasolina, as amarras, corda guia a fim de poder calcular o volume correto do balão alongado.

Continuou usando a sua seda japonesa, que se mostrou muito eficiente no "Balão Brasil".

Depois de vários dias de trabalho, Alberto levou seu "croqui" para a oficina de Lachambre e
Machuron.
que logicamente acharam absurda a combinação de um motor a gasolina suspenso por um
balão cheio de gás altamente inflamável.

Mais uma vez, Alberto teve de convencê-los que sua idéia seria viável, depois de muito
conversar, os dois aeronautas concordaram em construir tal balão alongado, e que o próprio
Alberto ficaria responsável pela construção do motor.

O seu motor já estava em funcionamento, porem, havia ainda pequenas coisas a ajustar,
Alberto queria evitar ao máximo o uso de lastros então, teve a idéia de colocar 2 pesos móveis
de equilíbrio no cento. Um na frente, e o outro na parte de trás. (podendo ser deslocados para
frente e para trás).

Assim, Alberto conseguia levantar e baixar "o nariz" do balão quando quisesse.

Estava satisfeito, e ordenou a desmontagem do balão para o transporte até o jardim do novo
zoológico no Bois de Boulogne, local das primeira prova com ele.

“Segui as instruções de Lachambre a Machuron de colocar o dirigível em direção as arvores e


partir a sotavento. Parti do local, que eles me indicaram, e no mesmo segundo, tal como eu
receava, meu navio aéreo foi se rasgar contra as árvores. O acidente serviu, pelo menos, para
demonstrar aos incrédulos a eficiência do meu motor e do meu propulsor. Não perdi tempo em
lamentações.

Dois dias mais tarde, a 20 de setembro, largava do mesmo campo, desta vez, porém, do ponto
escolhido por mim. Desta vez a favor do vento transpus sem acidentes o cimo das árvores, e
logo em seguida comecei a fazer evoluções para a demonstração da aeronave aos parisienses
acorridos em multidão. Tive então, como sem cessar, daí por diante, os aplausos e a simpatia
do povo de Paris, com quem meus esforços sempre encontraram um testemunho generoso e
entusiasta.

Sob a ação combinada do propulsor, que lhe imprimia movimento, do leme, que lhe permitia a
direção, do guiderope que eu deslocava, e dos dois sacos de lastro que eu fazia deslizar
conforme a minha fantasia, ora para diante, ora para trás, logrei a satisfação de evoluir em
todos os sentidos, da direita para a esquerda, de cima para baixo e de baixo para cima.

(...) Enquanto estive subindo, o hidrogênio, em razão da depressão atmosférica, aumentou de


volume; e o balão, bem esticado, conservou sua rigidez; tudo ia pelo melhor. A complicação foi,
porém, na descida. A bomba de ar destinada a obviar a contração do hidrogênio mostrou-se de
capacidade insuficiente. O longo cilindro,
que formava o invólucro, repentinamente começou a dobrar-se pelo meio, como um canivete.
(…) A descida foi feita a razão de 4 a 5 metros por segundo. Por felicidade um grupo de
meninos brincava com papagaios. Uma súbita idéia atravessou-me o espírito: gritei-lhes que
agarrassem o meu guiderope, que já tocava o solo, e corressem com toda a força contra o
vento. Eram garotos inteligentes, pegaram no instante propício a idéia e a corda. E o resultado
deste auxilio in extremis foi imediato, e tal qual eu esperava. (…) E depois variei assim os meus
prazeres:
Subi em balão e desci em papagaio (...). A manobra amorteceu a violência da queda e evitou-
me, pelo menos, um choque perigoso. Estava eu salvo pela primeira vez! Agradeci o
inestimável serviço dos bravos meninos, que ainda me ajudaram a arrumar as coisas dentro da
barquinha. Chamei uma carruagem, e transportei para Paris as relíquias da aeronave”.
Postado por Luiz Pagano às 10:40 0 comentários 
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O primeiro vôo de Santos=Dumont

"Guardo uma recordação indelével das deliciosas sensações de minha primeira tentativa


aérea. Cheguei cedo ao parque de aerostação de Vau-girard, a fim de não perder nenhum dos
preparativos.
O balão, de uma capacidade de setecentos e cinqüenta metros cúbicos, jazia estendido sobre
a grama.
A uma ordem do Sr.Lachambre, os operários começaram a enchê-lo de gás.E em pouco a
massa informe começou a se transformar numa vasta esfera.Às 11 horas os preparativos
estavam terminados. Uma brisa fresca acariciava a barquinha, que se balançava suavemente
sobre o chão.

A um dos cantos dela,com um saco de lastro na mão, eu aguar-dava com impaciência o


momento da partida. Do outro, o Sr. Machuron gritou:- Lâchez tout! No mesmo instante, o vento
deixou de soprar. Era como se o ar em volta de nós se tivesse imobilizado. É que havíamos
partido, e a corrente de ar que atravessávamos nos comunicava sua própria velocidade. Eis o
primeiro grande fato que se observa quando se sobe num balão esférico. Esse movimento
imperceptível de marcha possui um sabor infinitamente agradável.

A ilusão é absoluta. Acreditar-se-ia, não que é o balão que se move, mas é a terra que foge
dele e se abaixa. No fundo de um abismo que se cavava sob nós,a mil e quinhentos metros, a
terra, em lugar de parecer redonda como uma bola,apresentava a forma côncava de uma
tigela, por efeito de um fenômeno de refração que faz o círculo do horizonte elevar-se
continuamente aos olhos do aeronauta.Aldeias e bosques, prados e castelos desfilavam como
quadros movediços em cima dos quais os apitos das locomotivas desferiam notas agudas e
longínquas. Com os latidos dos cães, eram os únicos sons que chegavam ao alto.

A voz humana não vai a essas solidões sem limites.As pessoas apresentavam o aspecto de
formigas caminhando sobre linhas brancas, as estradas; as filas de casas assemelhavam-se a
brinquedos de crianças.A sombra assim produzida (por uma nuvem que encobriu o sol)
provocou um esfriamento do gás do balão que, murchando, começou a descer, a princípio
lentamente, depois com velocidade cada vez maior. Para reagir, deitamos lastro fora.
S=D "Sobre esse fundo de alvura imaculada, (acima da camada de nuvens) o sol projetava a sombra do
balão; e nossos perfis,fantasticamente aumentados, desenhavam-se no centro de um triplo arco-íris".
Sobre esse fundo de alvura imaculada, (acima da camada de nuvens) o sol projetava a sombra
do balão; e nossos perfis,fantasticamente aumentados, desenhavam-se no centro de um triplo
arco-íris.
S=D "jatos irisados de vapor gelado, comparáveis a grandes feixes de fogos de artifício".

[um almoço com ovos duros,vitela e frangos frios, queijo, gelo, frutos,doces e regado a
champanhe, café e licor] jatos irisados de vapor gelado, comparáveis a grandes feixes de fogos
de artifício.
S=D "Por instantes os flocos formavam-se, espontâneos, sob os nossos olhos, mesmo nos nossos
corpos".
O calor do sol, pondo as nuvens em ebulição, fazia-as lançar em derredor de nossa mesa 
A neve, como que por obra de um milagre,espargia-se em todos os sentidos, em lindas e
minúsculas palhetas brancas. Por instantes os flocos formavam-se, espontâneos, sob os
nossos olhos, mesmo nos nossos corpos.

Acabava eu de beber um
cálice de licor quando uma cortina desceu subitamente sobre esse admirável cenário de
sol,nuvens e céu azul. O barômetro elevou-se rapidamente cinco milímetros, indicando brusca
ruptura do equilíbrio e uma descida precipitada. O balão devia ter se sobrecarregado de muitos
quilos de neve; caía como uma nuvem. A neblina nos envolveu em uma obscuridade quase
completa. Distinguíamos ainda a barquinha, nossos instrumentos, as partes mais próximas do
cordame. Mas a rede que nos prendia ao balão não era mais visível senão até certa altura; e o
balão, ele próprio, desaparecera.Experimentamos assim, e por instantes, a singular sensação
de estarmos suspensos no vácuo, sem nenhuma sustentação, como se houvéssemos perdido
nosso último grama de gravidade e nos achássemos prisioneiros do nada opaco.

Após alguns minutos de uma queda que amortecemos soltando lastro, vimo-nos abaixo das
nuvens, a uma distância de cerca de 300 metros do solo. A nuvem que provocara a nossa
descida era prenúncio de uma mudança de tempo. Pequenas rajadas começavam a impelir o
balão da direita para a esquerda e de cima para baixo. De espaço a espaço o guiderope -
umagrande corda de uns 100 metros de comprido, que flutuava fora da barquinha, - tocava no
chão. A barquinha não tardou por sua vez a roçar as copas das árvores.O que se denomina
fazer o guide-rope apresentou-se-me assim em condições particularmente instrutivas.
Tínhamos ao alcance da mão um saco de lastro: se um obstáculo qualquer se apresentasse no
caminho soltávamos alguns punhados de areia; o balão subiria um pouco e a dificuldade seria
vencida. Mais de 50 metros do cabo arrastavam-se já pelo chão. Não era preciso tanto para
nos mantermos em equilíbrio a uma altitude inferior a 100metros, pois havíamos decidido não
exceder disso até o fim da viagem.Durante um quarto de hora fomos sacudidos como um cesto
de legumes e só nos libertamos aliviando um pouco de lastro. O balão deu então um pulo
terrível e foi como uma bala furar as nuvens.Estávamos ameaçados de atingir alturas que
depois nos podiam ser perigosas para a descida, dada a pequena provisão de lastro de que já
dispúnhamos. Era tempo de recorrer a meios mais eficazes: abrir a válvula de manobra para
que o gás escapasse. Foi obra dum minuto. O balão retomou a descida e o guide-rope tocou
de novo o solo.Não nos restava senão dar por encerrada aí a excursão; a areia estava quase
toda esgotada. O local de aterrisagem pertencia ao parque do castelo de La Ferrière,
propriedade do sr. Alphonse de Rothschild. " 
Saiba mais sobre o trabalho de pesquisa de Luiz Pagano para compor esta matéria do blog
Postado por Luiz Pagano às 09:06 0 comentários 
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Infância em Cabangu
Ser-me-ia impossível dizer com que idade construí os meus primeiros papagaios de papel. Lembro-me
entretanto nitidamente das troças que faziam de mim os meus camaradas, quando brincavam de
"passarinho-voa".

O divertimento é muito conhecido. As crianças colocam-se em torno de uma mesa, e uma delas vai
perguntando, em voz alta: "Pombo voa?". . . "Galinha voa?". . . "Urubu voa?". . . "Abelha voa?"... E
assim sucessivamente. A cada chamada todos nós devíamos levantar o dedo e responder. Acontecia,
porém, que, de quando em quando, gritavam: "Cachorro voa?"... "Raposa voa?"... ou algum disparate
semelhante, a fim de nos surpreender. Se algum levantasse o dedo tinha de pagar uma prenda.

E meus companheiros não deixavam de piscar o olho e sorrir maliciosamente cada vez que perguntavam:
"Homem voa?"... É que no mesmo instante eu erguia o meu dedo bem alto, e res- pondia: "Voa!" com
entonação de certeza absoluta, e me recusava obstinadamente a pagar a prenda.

Quanto mais troçavam de mim mais feliz eu me sentia. Tinha a convicção de que um dia os trocistas
estariam ao meu lado.

Entre os milhares de cartas que me chegaram às mãos, no dia em que ganhei o prêmio Deutsch, uma
houve que me causou particular emoção. Transcrevo-a a título de curiosidade:
"Você se lembra, meu caro Alberto, do tempo em que brincávamos juntos de "Passarinho voa?" A
recordação dessa época veio-me ao espírito no dia em que chegou ao Rio a notícia do seu triunfo. O
homem voa, meu caro! Você tinha razão em levantar o dedo, pois acaba de demonstrá-lo voando por cima
da torre Eiffel. E tinha razão em não querer pagar a prenda. O Senhor Deutsch paga-a por você. Bravo!
Você bem merece este prêmio de 100.000 francos. O velho jogo está em moda em nossa casa mais do que
nunca; mas desde o 19 de Outubro de 1901 nós lhe trocamos o nome e modificamos a regra: chamamo-lo
agora o jogo do "Homem voa?" e aquele que não levantar o dedo à chamada, paga prenda.

Seu amigo
Pedro."

Linda infancia de Santos=Dumont em Cabangú - Quando brincava nos locomoveis de


seu pai testava seus conhecimentos em mecânica
O Sonho de Voar de Santos=Dumont ficava ainda mais intenso quando soltava suas
pipas, e quando lia Julio Verne - Aqui vemos Santos=Dumont sonhando em voar no
Albatroz, do fictício Robur de Julio Verne. A direita Henrique Dumont faz de
Santos=Dumont um homem rico

Esta carta me transporta aos dias mais felizes de minha vida, quando, à espera de melhores oportunidades,
eu me exercitava construindo aeronaves de bambu, cujos propulsores eram acionados por tiras de
borracha enroladas, ou fazendo efêmeros balões de papel de seda.

Cada ano, no dia 24 de junho, diante das fogueiras de São João, que no Brasil constituem uma tradição
imemorial, eu enchia dúzias destes pequenos "mongolfiers" e contemplava extasiado a ascensão deles ao
céu.

Nesse tempo, confesso, meu autor favorito era Júlio Verne. A sadia imaginação deste escritor
verdadeiramente grande, atirando com magia sobre as imutáveis leis da matéria, me fascinou desde a
infància. Nas suas concepções audaciosas eu via, sem nunca me embaraçar em qualquer dúvida, a
mecânica e a ciência dos tempos do porvir, em que o homem, unicamente pelo seu gênio, se transformaria
em um semideus."

Alberto Santos=Dumont nasceu no dia 20 de julho de 1873 em Cabangu, no Município de João Aires,
próximo à cidade de Santos=Dumont (antiga Palmira), no Estado de Minas Gerais. Desde pequeno
gostava de dirigir maquinas e fazer pequenas invenções, aos sete anos de idade dirigia os locomóveis da
fazenda e aos doze seu pai autorizou-o à dirigir a locomotivas Baldwin. Consertava a máquina de costura
de sua mãe e acabou fazendo manutenção dos separadores de café da fazenda. 

Quanto a fortuna que tornou a vida de inventor viável, bem aqui também o aviador relata com suas
próprias palavras...
“tudo aconteceu quando ainda era jovem, a meu pai, o senhor Henrique Dumont, não passara
despercebida a minha Irresistível paixão pela navegação aérea, levou-me ao cartório do seu tabelião, e me
concedeu a escritura de emancipação, aos 18 anos de Idade. Conduziu-me após ao seu escritório, depôs-
me nas mãos títulos no valor de muitas centenas de contos, dizendo-me:

- Já lhe dei hoje a liberdade; aqui está mais este capital.

Tenho ainda alguns anos de vida; quero ver como você se conduz; vai para Paris, o lugar mais perigoso
para um rapaz. Vamos ver se se faz um homem; prefiro que não se faça doutor; em Paris, com o auxilio
dos nossos primos, você procurará um especialista em Física, Química, Mecânica, Eletricidade, etc.
estude estas matérias e não se esqueça que o futuro do mundo esta na Mecânica. 

Você não precisa pensar em ganhar a vida; eu lhe deixarei o necessário para viver, eis aqui o meu
presente, estou te dando o futuro.

Seguindo sua recomendação não me fiz doutor...”


Postado por Luiz Pagano às 07:24 0 comen

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