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As Marcas e Ícones Presentes Na Vida de Santos
As Marcas e Ícones Presentes Na Vida de Santos
Santos=Dumont
Na semana de Natal levo este interessante presente, uma replica da Planche d'Epinal Moyenne
Construction com a Demoiselle de Santos=Dumont. Eram xilografias feitas pelas prensas de
Jean-Charles Pellerin, que desde 1796 vem publicando diversas peças de papel como estas
para se recortar e montar.
Bebidas
Outra empresa que usava a imagem de Santos Dumont em seus reclames era a companhia de
licores Bénédictine, que sempre teve um marketing voltado para a gastronomia e figuras
tradicionais. Com a famosa divisa DOM (Deo Optimo Maximo, ou Deus Absolutamente Bom,
Absolutamente Grande) da ordem beneditina em seu rótulo, o licor nasceu na abadia de
Fécamp, na Normandia, França, onde Dom Vincelli, um monge alquimista, buscava a fórmula
do elixir da longa vida. Santos Dumont teve um contrato publicitário com a bebida no qual
associava seu nome a marca tinha sua imagem reproduzida por seu grande amigo e ilustrador
Georges Goursat – SEM. A campanha dizia em
seus anúncios « s'il fallait monter dans les nues pour boire, il y a longtemps que le problème de
la locomotion aérienne serait résolu ». Também tinha os lindos Menus ilustrados que hoje são
Após muita pesquisa, descobri que o dirigível veio por traz dos antigos prédios às margens do Sena
Os relatos do acidente mais importante que Santos=Dumont sofreu com o seu dirigível numero
5, que forneceu as bases para a construção do dirigível numero 6 com tudo o que necessitaria
ser modificado para que ele atingisse premio Deutsche, nunca foram muito claros. É neste
sentido que inicio uma investigação com riqueza de detalhes para apurar os fatos daquele dia
8, que mudaria a vida de Santos=Dumont
Se eu quero realmente ilustrar esta seqüência, precisarei saber exatamente o que aconteceu.
A primeira fonte de referencias são os textos de “Os Meus Balões” escrito pelo próprio Dumont.
No entanto existem outros textos não menos importantes, como a entrevista que deu ao jornal
americano Republican de Springfield em 27 de outrubro de 1901, na qual Dumont diz “Caí sem
um choque muito forte” o Le Fígaro de 10 de agosto daquele ano, o Le Progrés de Dijon, entre
outros.
E a terceira e sem duvida a mais legal é a pesquisa em loco. Do ponto de vista de um ilustrador
é muito importante checar a luminosidade e a projeção de sombra para achar a hora exata.
Infelizmente não consegui chegar lá no dia 08 de agosto, senão, no dia 04 de setembro. No
entanto esta diferença de datas não chega a causar grande diferença.
Infelizmente os prédios onde a maioria das fotos foram feitas já não estão mais lá, no entanto
se compararmos as fotos feitas no dia do acidente de alguns lugares vizinhos achamos alguns
lugares em comum.
Nesse Trecho os prédios do Passy pouco mudaram
A pesar de não achar a exata janela na qual Santos=Dumont ficou sentado a espera de uma
corda, achei o mesmo tipo de janela e construções vistas nas fotos do dia do acidente nas
paredes dos prédios do Passy.
Eu sabia que estava perto pois as paredes de tijolos e as janelas pareciam muito com as fotos de 1901
Se representarmos no mapa a seqüência da queda descrita por Santos=Dumont temos a
seguinte seqüência:
Enquanto caia o vento levava o dirigível em direção a torre Eiffel, naquela época havia um terraço às margens do Rio Sena, e foi
para lá que S=D tentou conduzir em seus últimos esforços antes da queda
Sabemos então que o destino final foi o Hotel Trocadero. Não temos nenhuma foto do hotel em
1901. Mas tinha certeza que deveria ficar colado nos edifícios do Passy. Como o dirigível vinha
perdendo altitude ele não caiu na parte alta do bairro, e sim na parte baixa, quase as margens
do Sena.
Ao analisarmos esta foto tirada da parte alta do Passy vemos que o guide rope está sendo
arrastado da direita para a esquerda, sabemos então que o dirigível se desloca para a
esquerda em direção ao Sena.
A conclusão final é que o Hotel não ficava nem na rue de l’Alboni, nem muito menos na Rue
dês Eaux. Ficava sim na avenue du Président-Kennedy.
Agora que eu já sei o que procuro, ficou muito mais fácil achar os prédios do hotel Trocadero, e
comprovar a exata localização do acidente.
Nesta antiga foto da Ile de Cygnes feita por Nadar podemos facilmente localizar o prédio do antigo hotel Trocadero, demolido nos
dias de hoje onde encontramos um prédio gêmeo do existente em 1901
Nesta antiga foto da Ile des Cygnes vista da torre Eiffel acha-se os prédios do hotel Trocadeiro
a direita, “colados com os edifícios do Passy”.
Postado por Luiz Pagano às 09:25 2 comentários
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É lá, num espaço mais apropriado a visita de escoteiros, com sérios problemas de
umidade, que invenções de Santos Dumont, como o conversor marciano – engenhoca
que impulsiona esquiadores a subir encostas e foi uma de suas últimas criações –, estão
longe dos olhos do público. O conversor está encaixotado. Parte do canhão paradoxal –
invenção para resgatar naufrágos – também está lá, ao lado de aviões históricos, livros,
fotografias e quadros, que só não estão em condições piores porque uma equipe de
restauradores faz, literalmente, o que pode para salvar o acervo.
Infelizmente, muito do
que poderia montar um acervo de museu está espalhado no mundo.
Aqui vão algumas dicas para ver de perto algumas das inveções de Santos=Dumont:
MUSEU SANTOS
DUMONT
Rua Encanto, 22 - Petrópolis - RJ,
25685-081(0xx)24 2247-3158;
Museu da Casa de Santos Dumont
Última atualização por Raquel em maio 1, 2008.
Construída no antigo morro do Encanto, foi planejada e construída por Alberto Santos
Dumont para servir de residência de verão; e devido a sua localização foi
carinhosamente apelidada de “A Encantada”.
O prédio, um chalé do tipo alpino francês, consta de três pavimentos sendo que o
primeiro era uma pequena oficina, o segundo servia para sala de estar e jantar e por
último o escritório, quarto de dormir.
Escada personalizada (só
se entra com o pé direito),
Chapeus, protótipo do Chuveiro e outros objetos pessoais.
MUSEU AEROESPACIAL
AV. MAL FONTENELLE, 2000 SULACAP - BASE AEREA- CAMPO DOS
AFONSOS - RIO DE JANEIRO - RJ,
21740-000(0xx)21 2108-8954;
Nos cinco hangares, estão em exposição uma coleção de aeronaves, de relevante valor
histórico e tecnológico.
Replica do Demoiselle, 14 BIS e o coração preservado de Santos Dumont.
M
USEU FAZENDA DE CABANGU
O Museu de Cabangu é um museu brasileiro, situado a 16 quilômetros do centro da
cidade de Santos Dumont pela BR-499, no estado de Minas Gerais.
21° 25' 36.71" S 43° 40' 19.61" W - SANTOS DUMONT MG
Conserva-se ainda no sítio onde nasceu o menino Alberto Santos Dumont, a casa onde
nasceu, objetos pessoais, fotos e o museu da aviação.
Chapeus, colarinhos, modelos de suas aeronaves.
no 14 BIS. .
APARTAMENT
O DE SANTOS=DUMONT EM PARIS
Champs Elysées, 114 ou rue Washington, 5
75008 Paris, France
Visite também a matéria completa sobre O Apartamento de Santos=Dumont
Apesar da placa na porta, não se trata de um museu e nem está aberto ao público.
FONTAINE SANTOS=DUMONT A GLION
Praça em frente a 1 Route des Chemins de Fer, Montreux, Vaud Suiça
Santos=Dumont comprou um terreno em Glion e tinha a intenção de passar os ultimos
dias de sua vida no lindo local. Infelizmente nunca realizou este sonho. No dia 12 de
outubro de 1945, os herdeiros de Alberto Santos Dumont doaram à Aldeia de Glion o
terreno de 3052 metros quadrados, situado no local chamado “En Grandchamp” no
território da Comuna de Montreux-Planches
fotos.
MUSEU DO AR – PORTUGAL
No curso destas evoluções sobre o Campo de Marte, meu espírito não se deteve
especialmente sobre a Torre Eiffel. Quando muito, considerei-a um monumento interessante
para contornar, e contornei-a com efeito muitas vezes, a uma distancia prudente. Depois, sem
pensar absolutamente no que me reservava o futuro, tomei o rumo direto do Parc des Princes,
quase sobre a linha exata que dois anos mais tarde devia marcar a rota na prova do prêmio
Deutsch.
Voltei ao Parc des Princes por ser este, também, um belo local aberto. Quando cheguei,
porém, não tive vontade de descer. Torci o rumo então para o campo de manobras de
Bagatelle, onde por fim aterrei, como lembrança da minha queda do ano precedente. Foi quase
no mesmo lugar em que os meninos que empinavam papagaios haviam puxado o meu "guide-
rope", salvando-me duma queda perigosa. Hão de lembrar-se de que nesse tempo nem o Aéro
Club nem eu possuíamos parque para balões, nem garage de onde partir ou para onde voltar.”
Postado por Luiz Pagano às 04:51 0 comentários
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“...Naquela época estava nascendo a moda dos triciclos automóveis. Escolhi um que jamais me
proporcionou o menor acidente. Meu entusiasmo foi tão grande que institui em Paris, pela
primeira vez, corridas de mototriciclos.
Santos=Dumont foi o pioneiro em diversos aspectos da vida social que cambiaria de vez o
nosso estilo de vida no século XX. Foi o primeiro a importar e a ter um automóvel na América
do Sul, um dos primeiros mecânicos a consertar e fazer a manutenção dos autos, e também o
primeiro a tomar uma multa de transito.
Santos=Dumont com o pai nas ruas de Paris no ano de 1891
“Em 1891 foi decidido que minha família faria uma viagem a Paris. A perspectiva causou-me
dupla satisfação. Paris, como se diz, é o lugar para onde emigra a alma dos bons americanos
quando morrem...”
Dans lair-1904
“Sem nada a dizer ao meu professor, nem aos meus primos, procurei no Anuário Bottin os
nomes desses senhores, desejoso de fazer uma ascensão.
“...o dilema mostrou-me o caminho a seguir. Desisti, não sem pensar da aeroestação e fui
buscar consolo no automobilismo.
Os automóveis eram raros em Paris em 1891: tive de ir a fábrica de Valentigney para comprar
minha primeira maquina, uma Peugeot routière, de três e meio cavalos de potencia.
“Esses atropelos urbanos, nos quais o cheiro acre de gasolina dissipava o nobre odor de
estrume de cavalo, tinham razão de ser: como os primeiros motores a combustão interna e os
freios e o volante ... funcionavam muito mal, a Peugeot de Santos=Dumont muitas vezes
enguiçava no meio da rua ... Certa vez o aviador estava rodeado de tanta gente na Place de
l’Ópera, centro da cidade, que a policia precisou interceder e instruí-lo a seguir adiante. Sem ter
como atender aos insistentes apitos do gendarme.
Santos=Dumont acabou
sendo multado por ele – o que pode ter sido a primeira infração de transito da historia.”
Sim, sou eu, Alberto – Cohen, Marlene – 2006
A amizade de Louis Cartier e Alberto Santos Dumont começou no final do século XIX e ligou
dois homens pioneiros em seus metiers. Em um destes encontros amigáveis, Santos Dumont
queixa-se com Cartier que era muito difícil olhar as horas no relógio de bolso e comandar seus
dirigiveis ao mesmo tempo. Assim, pede ajuda ao amigo. Em 1904, Louis Cartier com a ajuda
do mestre Edmond Jaeger, chegam a um protótipo do relógio de pulso, que o ajudaria a olhar
as horas sem ter que retirar as mãos do comando.
Em 1907, Cartier assinou um contrato com Edmond Jaeger, que concordou em desenhar
cronômetros exclusivamente para Cartier. Nesta época, Cartier tinha filiais em Londres, Nova
Iorque e São Petersburgo e estava rapidamente tornando-se uma das companhias relojoeiras
de maior sucesso no mundo.
Nascido em Andlau na baixa Alsácia, Jaeger (1858-1922) aprendeu seu ofício com o relojoeiro
Lebert em Epernay – França e como fabricante de cronômetros trabalhou com Bréget na rue de
Paix em Paris. …Em 1905, Jaeger abriu seu próprio negócio na famosa Saint-Sauveur no norte
de Marais, considerada por século o distrito dos relojoeiros. Em 1907 mudou-se para Réaumur
e assinou um contrato de 15 anos com Cartier para o desenvolvimento de cronômetros e um
relógio de pulso.
Eles sabiam que para a moda pegar precisavam de uma figura carismática, com estilo e ligada
a alta tenologia da época. Ninguém melhor do que o grande amigo de Cartier Santos=Dumont.
“…Jaeger signed a fifteen-year contract with Cartier’s giving the firm exclusive rights to his
output. This included Jaeger’s chronometers, his anchor watches with flat Jaeger calibers, and
every new Jaeger invention. For their part, Cartier’s guaranteed regular annual orders of at least
Fr. 250,000….
Like Louis Cartier, However, Jaeger was convinced that the future lay not with the pocket-watch
but with the much more practical wristwatches This presented no technical difficulties; but it was
a matter of convincing Cartier’s exclusive clientele of the ‘modernity’ of an article which only a
short time before had been tried out by soldiers in trenches.
As early was 1888 Cartier’s had offered three ladies wristwatches with rose-cut diamonds, and
gold link bracelets. These had been ahead of their time, since other models did not appear until
1892 and 1894, the latter having to wait until 1901 for a buyer. Like the jeweled bracelet, the
wristwatch only began to come into its own when, after 1901-2, fashion ceased to dictate long
sleeves, and long gloves were no longer required for evening wear. Cartier’s saw this a
remarkable opportunity to establish as new form of wrist jewelry.
…Long afterwards, in 1911, Santos=Dumont agreed to have the watch put into production.
When we recall the numerous clocks, snuffboxes, fans and so on à la montgolfiere which
followed the balloon ascent by the Montgolfier brothers in 1783, it is no surprise that Santos
Dumont’s name should have been given to a watch.
Two thousand were made, the first large-scale production of wristwatches in history. But in the
day of the pocket-watch, this idea was considered too revolutionary and production was
discontinued. It was not until the beginning of the next century that the wristwatch met with the
success that it enjoys to this day.”
Porem foi com Santos que o relógio de pulso ganhou grande impulso. Este relógio não foi
apenas um sucesso com Santos=Dumont, mas também com muitos clientes da Cartier. Com
seu desenho atemporal, o "Santos" havia nascido. Incrivelmente, este relógio ainda é produzido
nos dias de hoje com praticamente o mesmo formato.
Postado por Luiz Pagano às 06:07 0 comentários
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“Ao aproximar-se o inverno parisiense, estação das brisas mordentes, das chuvas frias e dos
céus incertos, recebi a noticia de que o príncipe de Mônaco — um sábio tornado célebre pelas
suas pesquisas pessoais — construiria de boa vontade uma garage aeronáutica sobre a
própria praia de La Condamine, de onde eu podia sair para o Mediterrâneo, de modo a
continuar os meus exercícios aéreos durante o inverno.”
“Eu manteria a minha aeronave sempre perfeita e cheia de gás, poderia deixar a garagem
quando o bom tempo convidasse, e ai me refugiar, à aproximação das tormentas. A garagem
seria construída à beira-mar e eu teria toda a extensão do Mediterrâneo para fazer o guide-
rope”.
“...Freqüentemente desço de La Turbie, a fim de ir ver Santos-Dumont no mesmo hall onde ele
trabalha no aperfeiçoamento do balão com que tão bem contornou a Torre Eiffel, para espanto
daqueles que não acreditavam nessa proeza.
As suas evoluções sobre a baía e o rochedo de Mônaco não deixam mais duvida acerca do
sucesso da viagem aérea, que ele se propõe a tentar proximamente, entre a Côte d’Arzur e a
Córsega. Será um acontecimento extraordinário, não só porque marcará imenso progresso na
solução do tão estudado problema da direção dos aeróstatos, mas porque os resultados que
dele decorrerão são suscetíveis, pode-se dizê-lo, de mudar a face do mundo ...”
“ ...Está sabido já o que é o "guide-rope". Falei dele a propósito da minha primeira experiência
em balão esférico. Quando, sobre o solo, não se encontram sinão superfícies unidas, estradas
ou mesmo ruas, quando, por felicidade, não há árvores de mais, edifícios, muros, postes e fios
telegráficas, "trolleys" ou outros obstáculos da mesma natureza, o "guide-rope" é um auxiliar
tão precioso para aeronave como para o balão esférico. Para mim é bem mais que isso: é o
mais essencial dos meus pesos deslocáveis.
Sobre a extensão ilimitada do mar, por ocasião da. minha primeira ascensão em Mônaco, ele
fez sua verdadeira prova como estabilizador. Sua muito fraca resistência ao arrastar na água
está fora de qualquer proporção com o peso da sua extremidade flutuante. ...”
Santos no livro Meus Balões conta também sobre um flerte na Bahia de Mônaco:
“ ...Desviou o olhar e notou que dois iates, de velas enfunadas, vinham ao seu encontro.
Quando passou bem ppr cima deles, ouviu este grito: -“Bravo!” "uma graciosa silhueta
feminina", que sacudiu um lenço vermelho. Alberto voltou-se, desejando fazer um gesto para
retribuir a saudação, mas teve a surpresa de não mais enxergar o vulto. Devido à velocidade
do aeróstato, as embarcações já estavam longe...”
O principe Albert estava tão entusiasmado com as ascensões que parecia fazer todas as
vontades do aviador:
“...não peço tanto, basta construir uma plataforma de aterrisagem contra o dique...”
“...A 14 de fevereiro de 1902, ás duas horas e meia da tarde, a solida aeronave que havia
ganho o prêmio Deutsch deixou o aeródromo de La Condamine para o que ia ser a sua última
viagem. Apenas se alçara ao espaço, começou a se comportar mal, mergulhando
pesadamente. Não estava sinão imperfeitamente cheia, ao sair da garage; em conseqüência,
carecia de força ascensional. Para conservar a altitude propicia, acentuei a diagonal de subida
e deixei o propulsor continuar sua arrancada ascendente. Si a aeronave mergulhava é porque
naturalmente sofria o esforço contrário, da gravidade.
A' sombra, no aerodromo, ele encontrara uma atmosfera relativamente fresca. Estava agora
fora, em pleno sol. E isto foi motivo para rarefazer rapidamente o hidrogênio confinante com o
invólucro de seda, que se transportou para o seu ponto culminante, isto é, para a proa. Eu
havia dado a esta uma inclinação exagerada, e o balão cada vez obliquava ainda mais, ao
ponto de, em certo momento, parecer-me que havia tomado a posição perpendicular.
Antes que pudesse corrigir esse desvio do meu cruzador aéreo, várias das cordas diagonais,
submetidas a uma insólita pressão obliqua, começaram a partir- se; outras, notadamente as do
leme, embaraçavam-se no propulsor.
Fiquei á mercê dos ventos. E estes me jogavam em direção á praia. Meu destino era ir bater
contra os fios telegráficos, as árvores, os ângulos das casas de Monte Carlo.
Só havia um partido a tomar. Puchei a válvula de manobra e deixei fugir uma quantidade
suficiente de hidrogênio. Desci lentamente sobre a água, onde a aeronave imergiu...."
Postado por Luiz Pagano às 08:21 0 comentários
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“...Si tivesse um conselho a dar aos que praticam o dirigível, diria: "Permanecei perto de terra"
O lugar duma aeronave não é nas grandes altitudes. Mais vale fisgar-se nos galhos das
árvores, como fiz no Bosque de Bolonha, que expor-se aos perigos das regiões elevadas sem
a menor vantagem prática....”
Depois de haver dominado os segredos do vôo com o balão cativo, dos primeiros dirigíveis
números 1,2,3,4 e 5 Santos=Dumont já tinha muito domínio da navegação aérea, mencionado
com alguma riqueza de detalhes no livro “Meus Balões” Tradução do original "Dans l'air",
1 - A Pressão do Invólucro”
A pressão no invólucro era imprescindível, pois se estivesse muito cheio poderia estourar como
o PAX de Augusto Severo. Se estivesse muito vazio perderia sua forma, dobraria e cairia como
uma pedra amarrada a um trapo como aconteceu com o numero 1 (veja o capitulo
http://santosdumontvida.blogspot.com/2008/03/comeo-da-vida-de-inventor.html )
“... A pressão interna na sua parte dianteira sendo continuamente de 30quilos por metro
quadrado, o invólucro de seda que o constitui deve ser normalmente bastante forte para
suportá-la. Mas é fácil compreender que o equilíbrio se modificará á medida que o aparelho
ganhar movimento e aumentar a velocidade. Enfrentando o ar, a aeronave determina uma
contra-pressão sobre a parte externa da proa. Por conseguinte, até 30 quilos por metro
quadrado todo aumento de velocidade tende a diminuir a tensão; de forma que quanto mais
rápida for a marcha, menor será o risco dessa parte do balão estourar.
A que velocidade pode avançar um balão, levado pelo seu motor e seus propulsores, sem que
sua proa, ao romper o ar faça mais do que neutralizar a pressão interna? Isto ainda é objeto de
cálculo. Para não fatigar o leitor limitar-me-ei a lembrar que minhas ascensões no Mediterrâneo
demonstraram a possibilidade, para o balão do "N.° 6", de sustentar uma velocidade de 36 a 42
quilômetros sem nenhum sintoma de tensão...”
2 - Subidas e descidas
Para controlar a altitude Santos=Dumont fazia uso de um sistema de pesos moveis. Uma vez
que sua aeronave era extremamente bem equilibrada, o simples fato de deslocar um peso
situado no centro de equilíbrio da quilha para frente fazia com que o bico da aeronave
apontasse para baixo. Impulsionado pela hélice em movimento fazia com que a aeronave
descesse.
Portanto para subir, só o que tinha a fazer era deslocar o mesmo peso para a poupa elevando
a proa, que impulsionado pela hélice em movimento fazia a aeronave ganhar altitude.
3 - Guide-rope
Trata-se de uma corada móvel que Santos=Dumont deixava dependurada da aeronave para
aliviar o peso do balão quando entrava em contato com o solo. Reparem num balão de festas
normal semi cheio o barbante encosta no chão e o balão encontra seu ponto de equilíbrio, ele
não sobe e nem desce.
O guide-rope era usado também para ajudar nos movimentos de elevação de proa ou poupa:
“...Para me opôr á descida tive de empurrar para trás o "guide-rope" e os pesos deslocáveis. A
aeronave tomou uma posição diagonal e o que restava de energia
ao propulsor fê-lo remontar de modo contínuo....”
A frente de sua nacele Santos=Dumont instalou um volante que através de um simples sistema
de polias fazia com que a cana do leme virasse para a esquerda (quando girava o volante para
a esquerda) e para a direita.
O motor tinha que ficar constantemente trabalhado porque primeiro - não tinha como dar a
partida no ar e segundo – mantinha a bomba de ar em funcionamento.
Logo atrás instalou um controle de engate do motor que podia afastar ou encostar um disco de
transmissão da hélice ao motor.
As preocupações básicas para voar seu dirigível Santos=Dumont resume de forma pratica :
“... Mau grado sua grande simplicidade, minhas aeronaves exigem uma vigilância contínua
sobre certos pontos capitais.
O balão está cheio até o ponto?
Há alguma possibilidade de escapamento do gás?
O motor marcha convenientemente?
A maquinaria está em bom estado?
As cordas de comando do leme, do motor, do "water ballast", dos pesos
deslocáveis, funcionam livremente?
O lastro foi exatamente pesado?
Como máquina, a aeronave não reclama mais cuidados que um automóvel...”
Postado por Luiz Pagano às 17:42 0 comentários
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“Princes and mechanical engineers, wealthily amateurs and retiring men of science, had all
assembled with no other thought save admiration and friendship for the pluckiest and most
modest of all the pioneers of aerial navigation” , the Daily Telegraph
Postado por Luiz Pagano às 12:52 0 comentários
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1 – O senhor F. Charron apostou 10.000 francos contra 2.000 do senhor Bleriot que não seria
possível fazer 100 km/h sobre a água com um aparelho qualquer antes de 1º de abril de 1908.
Esta velocidade deverá ser atingida sobre um percurso de somente 1 km, mas nos dois
sentidos, sendo a média dos dois experimentos que deverá ser considerada. Árbitro: o
cavalheiro René de Knyff.
2 – O senhor F. Charron apostou 50.000 francos contra 5.000 de Santos=Dumont que este
ultimo não poderia fazer 100km/h sobre a água antes de 1º de abril de 1908. Modo de
cronometrágem como precedente.
pela lancha.
Uma multidão acompanhava toda a movimentação e, entre divertida e preocupada,
testemunhou o incansável pioneiro cair na água numa curva um pouco mais fechada.
Impassível, Santos=Dumont posou molhado para as fotografias. Nos testes seguintes, com o
motor ligado, os flutuadores tendiam a afundar na água; o piloto não conseguiu desenvolver a
velocidade projetada e perdeu a aposta.
http://santosdumontvida.blogspot.com.br/search?updated-max=2009-12-06T07:34:00-
08:00&max-results=5&start=5&by-date=false
O Conversor Marciano
Sonho de construir um Ornitóptero
“por que não construí (o aeroplano) mais cedo ao mesmo tempo que meus dirigíveis. É que o
inventor, como a natureza de Lineu, não faz saltos: progride de manso, evolui. Comecei por
fazer-me bom piloto de balão livre e só depois ataquei o problema da dirigibilidade. Fiz-me bom
aeronauta no manejo dos meus dirigíveis, durante muitos anos estudei a fundo o motor a
petróleo e só quando verifiquei que seu estado de perfeição era bastante para fazer voar,
ataquei o problema do mais pesado que o ar.” Tinha como objetivo a construção do Ornitóptero
aparelho que se desloca no ar pelo principio de batimento de asas como os insetos e pássaros.
“Como antigamente se subia às montanhas a pé para fazer esqui, não havia funicular, ele
“Ele mesmo, há algum tempo atrás (entre 1923 e 1929), aqui mesmo na Suíça voltava para
meu hotel em St. Morrtiz de um teste com este pequeno dispositivo quando fui chamado por H.
G. Wells.
Ele logo entendeu que se tratava de um instrumento auxiliar para a prática do esqui, mas ficou
intrigado com seu funcionamento” “Quando olho para este aparelho me convenço que é disto
que precisava para equipar os Marcianos na Guerra dos Mundos”. Disse Wells “Sim” disse
Santós “este aparelho, ou melhor, o nosso ’Conversor Marciano é utilizado de forma secundária
para ajudar esquiadores a subir às encostas das montanhas nevadas com menos esforço, mas
ele tem como foco inicial o propósito de desvendar alguns dos muitos mistérios envolvidos no
vôo ornitóptero”.
- Raoul Polillo -
”Há indicações teóricas que um aparelho, munido de motor de 7 cv de força, com um metro de
superfície alar a bater vinte vezes por segundo, “centraliza a ação ao peso e pode sustentar no
espaço uma carga de aproximadamente 100 quilos, trata-se porém de uma teoria. Na prática
ainda não se obteve coisa alguma, no campo do vôo artificial feito por asas vibratórias, como
as dos insetos, e mesmo hoje, esse tipo de vôo não passa de vaga hipótese, para realização
em tempos muito distantes aos nossos”.
- Raoul Polillo -
Postado por Luiz Pagano às 06:15 0 comentários
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Santos-Dumont pediu-me gentilmente desculpas por me haver assustado; após o que, ele
pediu um ‘apéritif’, sorveu-o tranqüilamente, subiu de volta à aeronave, e foi-se, deslizando pelo
espaço. Sinto-me feliz por ter contemplado o homem-pássaro com os meus próprios olhos.
No dia seguinte, eu fui até o Bois de Boulogne. Justamente quando meu carro ia transpor a
Porte Dauphine, o homem-pássaro pousou no pavimento. Os policiais avançaram às pressas,
fazendo parar todos os transeuntes a pé, a cavalo e em todos os tipos de veículos. Os cavalos
trotadores relincharam, os motores roncaram nos automóveis que iam sendo bruscamente
freados, sacolejando seus ocupantes. As babás que levavam crianças para um passeio ao ar
livre mostraram-se nervosas. Que se passava? Seria algum conflito? Não. Era Santos-Dumont
em outro dos seus passeios aéreos.
É noite. Eu vou caminhando sob as árvores. Subitamente tropeço numa corda. Esta não se
parece absolutamente com a trança de Rapunzel. Ouço o barulho de folhas amarfanhadas
acima de mim, e uma voz zangada grita:
Voo noturno de Santos=Dumont pelas ruas de Paris
‘Não consigo ver nada! Vou quebrar a cabeça!’ Levanto assustado o nariz, e vejo um monstro
escuro cujo olho brilha com acitileno. Não é uma coruja gigantesca; é o tal veículo encantado
de Santos-Dumont!
Já é madrugada, e eu estou voltando para casa. A ceia prolongou-se demais, e nós tivemos a
idéia pouco sensata de experimentar novas bebidas de origem americana. Minhas pernas
parecem ser de gelatina e minha cabeça não está lá muito certa. O Champs-Elysèes está
deserto, no lusco-fusco da madrugada.
D epois do meu n.º 6, construí vários outros balões, que não me deram os resultados
desejados. Há um ditado que ensina "o gênio é uma grande paciência"; sem pretender ser
gênio, teimei em ser um grande paciente. As invenções são, sobretudo, o resultado de um
trabalho teimoso, em que não deve haver lugar para o esmorecimento. Consegui, afinal,
construir o meu n.º 9; com ele pude alcançar alguma coisa;
23 de julho de 1903 – “...Levantei-me às duas horas... A noite ainda estava escura e os
mecânicos dormiam... Pude erguer vôo, franquear o muro e transpor o rio antes que o dia
clareasse... Quando encontrava arvores. “saltava” por cima delas... Atingi a porta Dauphine e a
entrada da grande avenida do Bosque de Bolonha que conduz diretamente ao Arco do Triunfo,
esse lugar de encontro das elegâncias de tout-Paris. Então disse: Vou fazer o cabo pendente
sobre a avenida do Bosque!...
Dirigível Santos=Dumont numero 9 flutua na linda Paris, a luz do por do Sol
Tive de descer tão baixo quanto o nível das linhas dos telhados dos dois lados da avenida... A
isto é que chamo fazer navegação pratica... Fiz pois, o cabo pendente sobre a avenida...
Assim, algum dia, os exploradores o farão rumo ao Pólo Norte.... Não se deve descer sobre o
Pólo na primeira investida; mas que se faça um vôo circular para registrar observações e estar
de volta à hora de sentar à mesa...
Santos=Dumont conduz seu dirigível de numero 9 proximo ao Arco do Triunfo
Eu teria podido fazer o cabo pendente por baixo do Arco do Triunfo; não me arrojei, porém, a
tento. Tomei a direita do monumento, como exigiam os regulamentos... Mas aí apresentou-se
um embaraço. Da aeronave, todas as avenidas que se cruzam a Étoile se assemelham... e só
olhando para trás, ára consultar o Arco do Triunfo, é que encontrei minha avenida”.
Numero 9 na frente do Apartamento de Santos=Dumont
Eu havia chegado à pista do campo de corridas d’Auteuil. O aparelho passava por cima do
público, com a proa levantada muito alto, e eu ouvia os aplausos da enorme multidão, quando,
repentinamente, meu caprichoso motor readquiriu sua plena velocidade. Subitamente
acelerado, o propulsor, que se encontrava quase sob a aeronave, tão empinada ia esta,
exagerou ainda mais a inclinação. Às ovações sucederam-se gritos de alarme.
Da minha saída ao momento em que passei do zênite do ponto de partida, decorreram 29
minutos e 30 segundos. Com a velocidade que levava, passei a linha da chegada - como fazem
os yachts, os barcos a petróleo, os cavalos de corridas, etc.
- , diminuí a força do motor e virei de bordo; então, voltando, e com menos velocidade,
manobrei para tocar a terra, o que fiz em 31 minutos após minha partida.
Não sabia ainda qual o
tempo exato. Gritei: - Ganhei? Foi a multidão que me respondeu: - Sim! Pois bem, alguns
senhores quiseram que fosse esse o tempo oficial! Grandes polêmicas. Tive comigo toda a
imprensa e o povo de Paris e também Son Altesse Imperiale le Prince Roland Bonaparte,
presidente da Comissão Científica que ia julgar o assunto. O voto me foi favorável.”
Postado por Luiz Pagano às 09:38 0 comentários
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Acidente com o número 5
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na hélice em marcha. Vi o
propulsor cortá-las e arrancá-las. Parei o motor.
O vento, que soprava com força, levou instantaneamente o aparelho para o lado da Torre Eiffel.
Ao mesmo tempo, eu caía. A perda de gás era considerável.
Teria podido atirar fora muito lastro e amortecer sensivelmente a queda, mas assim o vento
teria tempo de me jogar contra os ferros do grande monumento. Preferi deixar a aeronave ir a
completamente destruído.
Não se encontrava pedaço maior do que um guardanapo!
Salvei-me por verdadeiro milagre,
pois fiquei dependurado por algumas cordas, que faziam parte do balão, em posição incomoda
e perigosa,
de que me vieram tirar os bombeiros de Paris”
Corri a casa, iniciei os cálculos e os desenhos do meu balão n° 1. Nas reuniões do Automóvel
Club - pois o Aeroclube não existia ainda - disse aos meus amigos que pretendia subir aos ares
levando um motor de explosão sob um balão fusiforme. Foi geral o espanto: chamavam de
loucura o meu projeto. O hidrogênio era o que havia de mais explosivo! Se pretendia suicidar-
me, talvez fosse melhor sentar-me sobre um barril de pólvora em companhia de um charuto
aceso. Não encontrei ninguém que me encorajasse.
Como o motor do seu triciclo não era muito potente, Alberto encontrou na Rue Du Colisée uma
oficina de motores a petróleo de Albert Chapin (que mais tarde viria a se tornar seu mecânico
Além disso, tinha que saber o peso da hélice de duas pás, das cordas, o seu próprio peso, a
gasolina, as amarras, corda guia a fim de poder calcular o volume correto do balão alongado.
Continuou usando a sua seda japonesa, que se mostrou muito eficiente no "Balão Brasil".
Depois de vários dias de trabalho, Alberto levou seu "croqui" para a oficina de Lachambre e
Machuron.
que logicamente acharam absurda a combinação de um motor a gasolina suspenso por um
balão cheio de gás altamente inflamável.
Mais uma vez, Alberto teve de convencê-los que sua idéia seria viável, depois de muito
conversar, os dois aeronautas concordaram em construir tal balão alongado, e que o próprio
Alberto ficaria responsável pela construção do motor.
O seu motor já estava em funcionamento, porem, havia ainda pequenas coisas a ajustar,
Alberto queria evitar ao máximo o uso de lastros então, teve a idéia de colocar 2 pesos móveis
de equilíbrio no cento. Um na frente, e o outro na parte de trás. (podendo ser deslocados para
frente e para trás).
Assim, Alberto conseguia levantar e baixar "o nariz" do balão quando quisesse.
Estava satisfeito, e ordenou a desmontagem do balão para o transporte até o jardim do novo
zoológico no Bois de Boulogne, local das primeira prova com ele.
Dois dias mais tarde, a 20 de setembro, largava do mesmo campo, desta vez, porém, do ponto
escolhido por mim. Desta vez a favor do vento transpus sem acidentes o cimo das árvores, e
logo em seguida comecei a fazer evoluções para a demonstração da aeronave aos parisienses
acorridos em multidão. Tive então, como sem cessar, daí por diante, os aplausos e a simpatia
do povo de Paris, com quem meus esforços sempre encontraram um testemunho generoso e
entusiasta.
Sob a ação combinada do propulsor, que lhe imprimia movimento, do leme, que lhe permitia a
direção, do guiderope que eu deslocava, e dos dois sacos de lastro que eu fazia deslizar
conforme a minha fantasia, ora para diante, ora para trás, logrei a satisfação de evoluir em
todos os sentidos, da direita para a esquerda, de cima para baixo e de baixo para cima.
A ilusão é absoluta. Acreditar-se-ia, não que é o balão que se move, mas é a terra que foge
dele e se abaixa. No fundo de um abismo que se cavava sob nós,a mil e quinhentos metros, a
terra, em lugar de parecer redonda como uma bola,apresentava a forma côncava de uma
tigela, por efeito de um fenômeno de refração que faz o círculo do horizonte elevar-se
continuamente aos olhos do aeronauta.Aldeias e bosques, prados e castelos desfilavam como
quadros movediços em cima dos quais os apitos das locomotivas desferiam notas agudas e
longínquas. Com os latidos dos cães, eram os únicos sons que chegavam ao alto.
A voz humana não vai a essas solidões sem limites.As pessoas apresentavam o aspecto de
formigas caminhando sobre linhas brancas, as estradas; as filas de casas assemelhavam-se a
brinquedos de crianças.A sombra assim produzida (por uma nuvem que encobriu o sol)
provocou um esfriamento do gás do balão que, murchando, começou a descer, a princípio
lentamente, depois com velocidade cada vez maior. Para reagir, deitamos lastro fora.
S=D "Sobre esse fundo de alvura imaculada, (acima da camada de nuvens) o sol projetava a sombra do
balão; e nossos perfis,fantasticamente aumentados, desenhavam-se no centro de um triplo arco-íris".
Sobre esse fundo de alvura imaculada, (acima da camada de nuvens) o sol projetava a sombra
do balão; e nossos perfis,fantasticamente aumentados, desenhavam-se no centro de um triplo
arco-íris.
S=D "jatos irisados de vapor gelado, comparáveis a grandes feixes de fogos de artifício".
[um almoço com ovos duros,vitela e frangos frios, queijo, gelo, frutos,doces e regado a
champanhe, café e licor] jatos irisados de vapor gelado, comparáveis a grandes feixes de fogos
de artifício.
S=D "Por instantes os flocos formavam-se, espontâneos, sob os nossos olhos, mesmo nos nossos
corpos".
O calor do sol, pondo as nuvens em ebulição, fazia-as lançar em derredor de nossa mesa
A neve, como que por obra de um milagre,espargia-se em todos os sentidos, em lindas e
minúsculas palhetas brancas. Por instantes os flocos formavam-se, espontâneos, sob os
nossos olhos, mesmo nos nossos corpos.
Acabava eu de beber um
cálice de licor quando uma cortina desceu subitamente sobre esse admirável cenário de
sol,nuvens e céu azul. O barômetro elevou-se rapidamente cinco milímetros, indicando brusca
ruptura do equilíbrio e uma descida precipitada. O balão devia ter se sobrecarregado de muitos
quilos de neve; caía como uma nuvem. A neblina nos envolveu em uma obscuridade quase
completa. Distinguíamos ainda a barquinha, nossos instrumentos, as partes mais próximas do
cordame. Mas a rede que nos prendia ao balão não era mais visível senão até certa altura; e o
balão, ele próprio, desaparecera.Experimentamos assim, e por instantes, a singular sensação
de estarmos suspensos no vácuo, sem nenhuma sustentação, como se houvéssemos perdido
nosso último grama de gravidade e nos achássemos prisioneiros do nada opaco.
Após alguns minutos de uma queda que amortecemos soltando lastro, vimo-nos abaixo das
nuvens, a uma distância de cerca de 300 metros do solo. A nuvem que provocara a nossa
descida era prenúncio de uma mudança de tempo. Pequenas rajadas começavam a impelir o
balão da direita para a esquerda e de cima para baixo. De espaço a espaço o guiderope -
umagrande corda de uns 100 metros de comprido, que flutuava fora da barquinha, - tocava no
chão. A barquinha não tardou por sua vez a roçar as copas das árvores.O que se denomina
fazer o guide-rope apresentou-se-me assim em condições particularmente instrutivas.
Tínhamos ao alcance da mão um saco de lastro: se um obstáculo qualquer se apresentasse no
caminho soltávamos alguns punhados de areia; o balão subiria um pouco e a dificuldade seria
vencida. Mais de 50 metros do cabo arrastavam-se já pelo chão. Não era preciso tanto para
nos mantermos em equilíbrio a uma altitude inferior a 100metros, pois havíamos decidido não
exceder disso até o fim da viagem.Durante um quarto de hora fomos sacudidos como um cesto
de legumes e só nos libertamos aliviando um pouco de lastro. O balão deu então um pulo
terrível e foi como uma bala furar as nuvens.Estávamos ameaçados de atingir alturas que
depois nos podiam ser perigosas para a descida, dada a pequena provisão de lastro de que já
dispúnhamos. Era tempo de recorrer a meios mais eficazes: abrir a válvula de manobra para
que o gás escapasse. Foi obra dum minuto. O balão retomou a descida e o guide-rope tocou
de novo o solo.Não nos restava senão dar por encerrada aí a excursão; a areia estava quase
toda esgotada. O local de aterrisagem pertencia ao parque do castelo de La Ferrière,
propriedade do sr. Alphonse de Rothschild. "
Saiba mais sobre o trabalho de pesquisa de Luiz Pagano para compor esta matéria do blog
Postado por Luiz Pagano às 09:06 0 comentários
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Infância em Cabangu
Ser-me-ia impossível dizer com que idade construí os meus primeiros papagaios de papel. Lembro-me
entretanto nitidamente das troças que faziam de mim os meus camaradas, quando brincavam de
"passarinho-voa".
O divertimento é muito conhecido. As crianças colocam-se em torno de uma mesa, e uma delas vai
perguntando, em voz alta: "Pombo voa?". . . "Galinha voa?". . . "Urubu voa?". . . "Abelha voa?"... E
assim sucessivamente. A cada chamada todos nós devíamos levantar o dedo e responder. Acontecia,
porém, que, de quando em quando, gritavam: "Cachorro voa?"... "Raposa voa?"... ou algum disparate
semelhante, a fim de nos surpreender. Se algum levantasse o dedo tinha de pagar uma prenda.
E meus companheiros não deixavam de piscar o olho e sorrir maliciosamente cada vez que perguntavam:
"Homem voa?"... É que no mesmo instante eu erguia o meu dedo bem alto, e res- pondia: "Voa!" com
entonação de certeza absoluta, e me recusava obstinadamente a pagar a prenda.
Quanto mais troçavam de mim mais feliz eu me sentia. Tinha a convicção de que um dia os trocistas
estariam ao meu lado.
Entre os milhares de cartas que me chegaram às mãos, no dia em que ganhei o prêmio Deutsch, uma
houve que me causou particular emoção. Transcrevo-a a título de curiosidade:
"Você se lembra, meu caro Alberto, do tempo em que brincávamos juntos de "Passarinho voa?" A
recordação dessa época veio-me ao espírito no dia em que chegou ao Rio a notícia do seu triunfo. O
homem voa, meu caro! Você tinha razão em levantar o dedo, pois acaba de demonstrá-lo voando por cima
da torre Eiffel. E tinha razão em não querer pagar a prenda. O Senhor Deutsch paga-a por você. Bravo!
Você bem merece este prêmio de 100.000 francos. O velho jogo está em moda em nossa casa mais do que
nunca; mas desde o 19 de Outubro de 1901 nós lhe trocamos o nome e modificamos a regra: chamamo-lo
agora o jogo do "Homem voa?" e aquele que não levantar o dedo à chamada, paga prenda.
Seu amigo
Pedro."
Esta carta me transporta aos dias mais felizes de minha vida, quando, à espera de melhores oportunidades,
eu me exercitava construindo aeronaves de bambu, cujos propulsores eram acionados por tiras de
borracha enroladas, ou fazendo efêmeros balões de papel de seda.
Cada ano, no dia 24 de junho, diante das fogueiras de São João, que no Brasil constituem uma tradição
imemorial, eu enchia dúzias destes pequenos "mongolfiers" e contemplava extasiado a ascensão deles ao
céu.
Nesse tempo, confesso, meu autor favorito era Júlio Verne. A sadia imaginação deste escritor
verdadeiramente grande, atirando com magia sobre as imutáveis leis da matéria, me fascinou desde a
infància. Nas suas concepções audaciosas eu via, sem nunca me embaraçar em qualquer dúvida, a
mecânica e a ciência dos tempos do porvir, em que o homem, unicamente pelo seu gênio, se transformaria
em um semideus."
Alberto Santos=Dumont nasceu no dia 20 de julho de 1873 em Cabangu, no Município de João Aires,
próximo à cidade de Santos=Dumont (antiga Palmira), no Estado de Minas Gerais. Desde pequeno
gostava de dirigir maquinas e fazer pequenas invenções, aos sete anos de idade dirigia os locomóveis da
fazenda e aos doze seu pai autorizou-o à dirigir a locomotivas Baldwin. Consertava a máquina de costura
de sua mãe e acabou fazendo manutenção dos separadores de café da fazenda.
Quanto a fortuna que tornou a vida de inventor viável, bem aqui também o aviador relata com suas
próprias palavras...
“tudo aconteceu quando ainda era jovem, a meu pai, o senhor Henrique Dumont, não passara
despercebida a minha Irresistível paixão pela navegação aérea, levou-me ao cartório do seu tabelião, e me
concedeu a escritura de emancipação, aos 18 anos de Idade. Conduziu-me após ao seu escritório, depôs-
me nas mãos títulos no valor de muitas centenas de contos, dizendo-me:
Tenho ainda alguns anos de vida; quero ver como você se conduz; vai para Paris, o lugar mais perigoso
para um rapaz. Vamos ver se se faz um homem; prefiro que não se faça doutor; em Paris, com o auxilio
dos nossos primos, você procurará um especialista em Física, Química, Mecânica, Eletricidade, etc.
estude estas matérias e não se esqueça que o futuro do mundo esta na Mecânica.
Você não precisa pensar em ganhar a vida; eu lhe deixarei o necessário para viver, eis aqui o meu
presente, estou te dando o futuro.