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Capítulo 23 689

Ácaros fitófagos dos citros


José Carlos Verle Rodrigues
e Carlos Amadeu Leite de Oliveira
690 CITROS

Foto da página anterior: Infestação de ácaros da leprose dos citros em fruto de laranja (J.C.V. Rodrigues)
Ácaros fitófagos dos citros 691

1 Introdução 2 Família Eriophyidae

O controle fitossanitário pode, certamente, ser Os ácaros dessa família são muito pequenos,
considerado como o calcanhar-de-aquiles no culti- se comparados com os demais fitófagos; corpo
vo de citros. Limitações de ordem fitossanitária têm vermiforme, anelado, tendo dois pares de pernas
sido uma constante na história da citricultura nos anteriores,nãoapresentamolhoseastrocasgasosas
principais centros produtores mundiais. Tais limita- são realizadas através do tegumento (Flechtmann,
ções, induzidas por pragas e doenças, muitas vezes 1989).Seuaparatobucaléadaptadoparapunctuar
associadasaartrópodesvetores,têmsidoresponsá- e o sistema excretor tem a abertura anal na extremi-
veis por alterações nas variedades ou combinações dade posterior do corpo. A reprodução é sexuada,
copa e porta-enxertos cultivados, o que ocasiona dando-se a fertilização dos ovos mediante esperma-
variações nos sistemas de manejo como um todo tóforos, que são estruturas depositadas pelo macho
e, finalmente, novas mudanças na dinâmica dos na superfície da planta, para que, posteriormente, a
muitosartrópodes,oquelevaráarecrudescimentos fêmea venha a recolhê-los. As fêmeas assentam-se
e ressurgências de pragas, que forçarão novas ade- sobreosespermatóforos,dando-se,assim,atransfe-
quações nos programas fitossanitários. rênciadosespermatozóides.Amaioriadasespécies
O controle fitossanitário é um fator-chave para passaemseudesenvolvimentopelosestádiosdeovo,
dois ninfais e adulto. Apesar de seu tamanho diminu-
o sucesso do sistema de produção cítrico e um dos
to, podem mover-se de 10 a 15 mm min-1, sendo o
principais componentes no custo de produção. O
vento seu principal agente dispersor.
controle de ácaros em citros no Brasil, em 1998,
foi responsável por 58,3% do valor gasto com
2.1 Aceria sheldoni (Ewing): ácaro
agroquímicos, sendo mais de 90% dos acaricidas
das gemas
utilizados no Brasil direcionados para os citros
(Rodrigues & Machado, 2003).
São ácaros cosmopolitas encontrados em vá-
Mais de cem espécies de ácaros que se alimen-
rias regiões citrícolas do mundo. No Estado de
tam de plantas, ocorrem em citros, em todo o mun-
São Paulo, Costa et al. (1960) constataram-os
do, os quais são classificados em seis famílias, a pela primeira vez.
saber:Eriophyidae,Tetranychidae,Tenuipalpidae, O adulto é amarelado ou ligeiramente rosado,
Tarsonemidae, Tuckerellidae e Tydeidae. Somente vermiforme, pequeno (170 a 180 µm de compri-
as quatro primeiras são consideradas, potencial- mento x 35 a 42 µm de largura). A cutícula é es-
mente, pragas, variando, de um lugar para o triada na região posterior do corpo.
outro, no número de espécies, na abundância re- A ocorrência da espécie limita-se aos cítricos.
lativa e na importância, dependendo muito, entre Esse ácaro alimenta-se em brotos e pode abrigar-se
outros fatores, da variedade cítrica, do padrão de debaixo do cálice de frutos, em regiões axilares da
florescimento, da temperatura, da umidade e da planta, como inserções dos pecíolos, sob cochoni-
precipitação. Na Tabela 1, são listadas espécies lhas etc. As fêmeas ovipositam em média 50 ovos
de ácaros fitófagos que foram associadas com durante a vida, subesféricos, com 40 µm de diâ-
citros; muitas porém não foram registradas no metro. O ovo é branco hialino, esférico logo após
Brasil. Mesmo assim, foram incluídas em vista do a postura; após um a dois dias, porém, torna-se
risco potencial que representam e para tomada de elíptico, medindo 35 a 65 µm de comprimento e 25
medidas preventivas à sua introdução no País. a 40 µm de largura (Sternlight, 1970). Os machos
Neste trabalho, são apresentadas as principais liberam ao redor de 25 a 100 espermatóforos, du-
famílias de ácaros fitófagos, com ênfase nas espé- rante 12 a 15 dias (Sternlight & Griffiths, 1974). O
cies atualmente consideradas mais importantes na período de incubação dos ovos varia de 2 a 6 dias,
citricultura, principalmente brasileira. São disponi- dependendo da temperatura; as condições mais
bilizadas informações sobre taxonomia, biologia favoráveis são 25 °C e 98% de umidade relativa
comparativa, danos e relações entre as espécies. (laboratório), de acordo com Boyce & Korsmeier
Após isso, são apresentados dados de um expe- (1941). Passam por dois estádios ninfais para atin-
rimento, como um estudo de caso, onde algumas gir a fase adulta. Uma geração pode completar-se
delas foram avaliadas conjuntamente, quanto à em, aproximadamente, dez dias no verão e 21 dias
dinâmica, a nichos de ocorrência e à associação no inverno, sendo o desenvolvimento contínuo, so-
com dano. brepondo as gerações.
Tabela 1 Ácaros fitófagos de ocorrência em citros e sua distribuição geográfica. As espécies assinaladas com (*) ou apresentando o nome em
português foram registradas em citros no Brasil
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Nome comum
Família e nome científico Ocorrência
Português (Brasil) Inglês
Família Eriophyidae
Aceria aegyptica (Soliman & Abou-Awad) Egito
Aceria sheldoni (Ewing) ácaro das gemas Citrus bud mite Cosmopolita
Aceria sheldoni chinensis Kuang & Hong China
Aculops pelekassi (Keifer) Pink citrus rust mite Cosmopolita
Aculops suzhouensis Xin & Ding China
Aculus advens (Keifer) Califórnia (EUA)
Calacarus citrifolii Keifer Citrus grey mite, Citrus blotch mite Africa do Sul
Cosella fleshneri (Keifer) Índia
Circaces citri Boczek Tailândia
Diptilomiopus assamica Keifer Citrus leaf vagrant Índia
Phyllocoptruta oleivora (Ashmead) ácaro da falsa ferrugem Citrus rust mite Cosmopolita
Phyllocoptruta paracitri Hong & Kuang China
Tegolophus australis Keifer Brown citrus mite Austrália
Tegolophus brunneus Flechtmann ácaro marrom da ferrugem dos citros Brown citrus rust mite Brasil
Família Tarsonemidae
Polyphagotarsonemus latus (Banks) ácaro branco, ácaro do prateamento Broad mite, Citrus silver mite Cosmopolita
Família Tenuipalpidae
Brevipalpus amicus Chaudhri Índia
Brevipalpus californicus (Banks) False spider mite, Citrus flat mite Cosmopolita
Brevipalpus chilensis Baker Chile
Brevipalpus jambhiri Sadana & Balpree Índia
Brevipalpus karackiensis Chaudhri, Akbar & Rasool Índia
Brevipalpus lewisi McGregor Citrus flat mite EUA
Brevipalpus mcgregori Baker
Brevipalpus obovatus Donnadieu Privet mite, Ornamental flat mite Cosmopolita
Brevipalpus phoenicis (Geijskes) ácaro plano Citrus flat mite Cosmopolita
Brevipalpus rugulosus Chaudhri, Akbar & Rasool Índia

continua
Tabela Continuação

Nome comum
Família e nome científico Ocorrência
Português (Brasil) Inglês
Brevipalpus tinsukiaensis Sadana & Gupta Índia
Pentamerismus tauricus (Livshitz & Mitrofanov)
Índia, França, Grécia, Itália e
Tenuipalpus caudatus (Duges) Portugal
Tenuipalpus citri Smith-Meyer África
Tenuipalpus mustus Chaudhri Índia e Paquistão
Tenuipalpus orilloi Rimando Indonésia e Filipinas
Ultratenuipalpus gonianaensis Sadana & Sidhu Índia
Família Tetranychidae
Acanthonychus jianfengensis Wang China
Aplonobia citri Meyer África do Sul e Austrália
Aplonobia honiballi Meyer África do Sul
Aponychus chiavegatoi Feres & Flechtmann ácaro amarelo alaranjado Brasil
Aponychus spinosus (Banks) * América e Filipinas
Bryobia graminum (Schrank) Cosmopolita
Bryobia praetiosa Koch * Cosmopolita
Bryobia rubrioculus (Scheuten) * Cosmopolita
Eotetranychus cendanai Rimando Filipinas e Ásia
Eotetranychus kankitus Ehara Japão
Eotetranychus mandensis Manson Índia
África do Sul, América Central e
Eotetranychus pacificus McGregor Pacific spider mite
EUA
Eotetranychus pamelae Manson Índia
Eotetranychus sexmaculatus (Riley) Six-spotted mite Ásia e EUA
Eotetranychus yumensis (McGregor) Yuma spider mite EUA e México
Eutetranychus africanus (Tucker) África e Índia
Eutetranychus anneckei Meyer Lowveld citrus mite África do Sul

continua
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Tabela Continuação

Nome comum
Família e nome científico Ocorrência
Português (Brasil) Inglês
Eutetranychus banksi (McGregor) ácaro texano Texas citrus mite América
Eutetranychus citri Attiah Egito e Índia
Eutetranychus cratis Baker & Pritchard África
Eutetranychus eliei Gutierrez & Helle Madagáscar
Eutetranychus lewisi (McGregor) Lewisi spider mite Líbia e América
Eutetranychus limonae Karuppuchamy & Mohan. Índia
Eutetranychus limoni Blommers & Gutierrez Madagáscar
Eutetranychus monodi André Mauritânia
Região Mediterrânea, Ásia e
Eutetranychus orientalis (Klein) Oriental red mite
Austrália
Eutetranychus pantopus (Berlese) Austrália, Egito e Sudão
Eutetranychus pyri Attiah Egito
Eutetranychus sudanensis El Badry Sudão
Meyernychus emeticae (Meyer) África
Mixonychus ganjuis Qian, Yuan & Ma China
Mixonychus ziolanensis (Lo & Ho) Taiwan
Oligonychus biharensis (Hirst) * Cosmopolita
Oligonychus coffeae Nietner * Cosmopolita
Oligonychus gossypii (Zacher) * África, América Central e do Sul
Oligonychus peruvianus McGregor América
Panonychus citri (McGregor) ácaro purpúreo Citrus red mite Cosmopolita
Panonychus elongatus Manson Ásia e Austrália
Panonychus ulmi Koch * Cosmopolita
Petrobia harti (Ewing) * Cosmopolita
Petrobia latens (Müller) Cosmopolita
Schizotetranychus baltazari Rimando Ásia e Índia

continua
Tabela Conclusão

Nome comum
Família e nome científico Ocorrência
Português (Brasil) Inglês
Schizotetranychus hindustanicus (Hirst) Índia
Schizotetranychus lechrius Rimando Indonésia, Filipinas e Taiwan
Schizotetranychus spiculus Baker & Pritchard Índia e Quênia
Schizotetranychus youngi Tseng Taiwan
Tenuipalponychus citri Channabasavanna & Lakkundi Índia
Tetranychus cinnabarinus Boisduval ácaro rosado Carmine spider mite Cosmopolita
Tetranychus desertorum Banks * América e Japão
Tetranychus fijiensis Hisrt Ásia e Índia
Tetranychus gloveri Banks * América
Ásia, Austrália, EUA, México e
Tetranychus kanzawai Kishida
Grécia
Tetranychus ludeni Zacher * Cosmopolita
Tetranychus mexicanus (McGregor) ácaro mexicano América
Tetranychus neocaledonicus André * Cosmopolita
Tetranychus paraguayensis Aranda Paraguai
Tetranychus salasi Baker & Pritchard Costa Rica e Nicarágua
Tetranychus taiwanicus Ehara Tailândia e Taiwan
Ásia, Europa, América Central e
Tetranychus turkestani (Ugarov & Nikolskii)
EUA
Tetranychus urticae Koch ácaro rajado Two-spotted spider mite Cosmopolita
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Os danos causados pelo ácaro das gemas 12%. Reproduz-se durante todo o ano e, dado
podem variar e afetar as partes da planta onde o ciclo de vida curto, podem ocorrer várias ge-
surgem as flores e os brotos vegetativos. Quando rações anuais. Aculops pelekassi apresenta um
A. sheldoni se alimenta em tecidos embrionários, fototropismo positivo, especialmente para a luz
o broto morre, estimulando, assim, múltiplas brota- fluorescente.
ções nos ramos atacados, acarretando o superbro- Esse ácaro (Figura 1), cujas características são
tamento e deformações severas nos frutos (Walker apresentadas na Tabela 2, é potencialmente
et al., 1992). capaz de causar maiores danos que o ácaro da
Os danos são caracterizados por inibição de falsa ferrugem Phyllocoptruta oleivora (Ashmead).
crescimento ou degeneração pelo ataque às zonas A aparência geral dos sintomas do ataque de
meristemáticasemediantedeformaçõesdasfolhas. bronzeamento e falsa ferrugem são similares aos
Em casos de ataques intensos, os brotos ficam par- do ácaro da falsa ferrugem, podendo ainda cau-
cialmente fechados. As brotações florais afetadas sar leves distorções nas brotações novas, lesões
intumescem. Os carpelos abrem e hipertrofiam-se. marrons (bronzeamento) na superfície inferior das
Frutas jovens tornam-se deformadas. Frutas seve- folhas e ao longo das nervuras de folhas jovens.
ramenteatacadaspodemcairprematuramente.Os Sua população incrementa-se em brotações jovens
sintomas são mais pronunciados em limões e limas (Jeppson et al., 1975).
ácidas, principalmente da variedade Tahiti, Citrus
latifolia (Yu. Tanaka) Tanaka, provavelmente pelo Figura 1 Adulto do ácaro Aculops pelekassi
fato de as gemas serem maiores, proporcionando em microscopia eletrônica de varredura
melhores condições de abrigo. Para sua constata-
ção, é necessário dissecar as gemas, utilizando-se
de lupa para sua visualização (Oliveira, 1994). As
frutas deformadas são freqüentemente infestadas
por cochonilhas Planococcus citri Risso e outros
ácaros que encontram abrigo nas deformações.
Os custos de controle deste ácaro foram esti-
mados por Walker et al. (1992), na Califórnia, em
quatro pomares de limões. Em dois deles, o custo
do tratamento foi superior à redução do dano e,
nos outros dois, as perdas justificaram o trata-
mento para o controle do ácaro. Já na África do
Sul, sua ocorrência tem sido constatada em várias
áreas produtoras, mas nem sempre apresentam
importância econômica (Meyer, 1981). Foto: cortesia de Diann Achor

2.2 Aculops pelekassi (Keifer): Pink


citrus rust mite 2.3 Calacarus citrifolii Keifer: Citrus
grey mite
Esse ácaro, amplamente distribuído, com
registros de ocorrência na Ásia, na Itália, na Ácaro relacionado com uma doença em citros
Flórida e no Brasil, causa sérios danos em citros denominada concentric ring blotch (mancha de
no Japão, onde é considerado a mais séria praga anéis concêntricos), na África do Sul. Várias espé-
(Seki, 1979). Na Flórida, causa dano econômico cies nativas de euforbiáceas são listadas como suas
significativo nos frutos, quando as condições de hospedeiras. Além dessas, são citadas: Dianthus,
tempo são favoráveis (Childers & Achor, 1999). pêssego, Rhus pyroides, maracujá, mamão, Pappea,
Os ovos, branco-translúcidos, são postos Mimusops, Lippia, e Brunfelsia. Essas dicotiledôneas
aleatoriamente na superfície de folhas, brotos e pertencem a nove ordens e onze famílias botânicas,
frutos; são grandes, se comparados com o tama- sugerindo que uma cuidadosa revisão nos padrões
nho do corpo da fêmea, correspondendo a cerca morfólogicosdosescudoseempódiopoderámostrar
de 1/5 do corpo. A razão entre machos e fêmeas que o citrus grey mite, em parte dessas hospedeiras,
é relativamente baixa, situando-se entre 10 e talvez, não seja realmente C. citrifolii.
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Tabela 2 Características que separam Aculops pelekassi de Phyllocoptruta oleivora

Vistos em estereoscópio com magnificação entre 10 e 30x


Aculops pelekassi Phyllocoptruta oleivora
Cor comumente rosada Cor geralmente amarela
Ovos branco-translúcidos Ovos opacos
Ácaros agregados, podendo ser facilmente dispersos pelo vento Ácaros distribuídos pela superfície da folha
A luz, especialmente fluorescente, estimula a atividade Não apresenta resposta à luz
Populações crescem em tecidos novos Populações preferem folhas maduras
Vistos em microscópio de contraste de fase 600x ou microscópio eletrônico de varredura

Setas do escudo dorsal provêm de tubérculos à margem Setas do escudo dorsal provêm de tubérculos bem a frente da
traseira do escudo e projetam-se divergentemente para trás margem traseira do escudo e projetam-se para cima
Região dorsal (opistossoma) é côncava Opistossoma convexa
Dorso abdominal igualmente arqueado na secção transversal, Dorso abdominal como um canal largo, flanqueado em cada
sem canal longitudinal ou sulcos longitudinais lado por sulcos longitudinais

Fonte Adaptado de Jeppson et al. (1975)

Como o clima na África do Sul se caracteriza 2.4 Cosella fleshneri (Keifer)


por inverno suave, o ácaro tem sempre à dispo-
sição tecidos novos nos hospedeiros. Calacarus Sua ocorrência foi registrada na Índia, co-exis-
citrifolii não apresenta estádios hibernais. Os ovos tindo com outras espécies de eriofídeos em folhas
são translúcidos, achatados, porém arredondados e frutos de citros. Nessas regiões, não tem sido
logo após a postura e com, aproximadamente, 70 necessário adotar medidas específicas para seu
µm de diâmetro. A larva eclode com 5 a 6 dias de controle.
incubação. A fêmea ovipõe em média 33 ovos a
27 °C e 43 a 30 °C. A 20 °C, o desenvolvimento 2.5 Diptilomiopus assamica Keifer:
de ovo-adulto pode ser completado em 13 dias e Citrus leaf vagrant
a 27 °C, em 6 dias. Os adultos são robustos, de
coloração cinza a purpúrea, fusiformes, e com Gênero caracterizado por possuir o empó-
estrias longitudinais branco-opacas na região pos- dio profundamente dividido. O ácaro ocorre
terior do corpo. As fêmeas apresentam 185 a 200 associado com P. oleivora, na Índia, ocupando
µm de comprimento. ambos os mesmos nichos. O comprimento do
Os sintomas da doença associados ao ácaro corpo das fêmeas, fusiforme-alongado, é de
são bastante diversos, podendo ser circulares ou 190 a 210 µm.
irregulares, observando-se, também, sintomas com
padrão de folha de carvalho. As manchas foliares 2.6 Phyllocoptruta oleivora (Ashme-
são tipicamente marcadas com anéis concêntricos ad): ácaro da falsa ferrugem
que variam de uma pequena mancha até um cír-
culo maior (+ de 35 mm), advindo a denominação O ácaro da falsa ferrugem apresenta espe-
de mancha de anéis concêntricos. Os sintomas em cificidade hospedeira para citros, ocorrendo em
ramos e em frutos variam quanto à cor, à forma, todas as regiões citrícolas do mundo. Tem sido
ao tamanho e ao número. Muitas das variações descrito como praga-chave em diversos países,
nos sintomas são influenciadas pelo tipo de tecido como Brasil, Argentina, Austrália, China, Egito,
afetado e pela idade deste. Em células de folhas EUA, excedendo, em importância econômica, os
com sintomas, observou-se a ocorrência de or- demais eriofídeos, dada a sua freqüente ocor-
ganismos semelhantes a espiroplasmas (Kotzé rência e danos provocados (Beattie & Gellatley,
et al., 1987). Muitos sintomas dessa doença em 1983; Nascimento et al., 1984; Achor et al.,
laranjeira são semelhantes aos descritos para a 1991; Allen et al., 1992; Huang, et al., 1992;
leprose-dos-citros. Yang et al., 1994).
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Os adultos de P. oleivora são amarelos quan- Figura 2 Ácaro da falsa ferrugem dos citros
do novos e marrom-claros quando mais velhos, (Phyllocoptruta oleivora): A. detalhes do
com o corpo fusiforme e cuneiforme, variando adulto em microscopia eletrônica e colônia
sobre o fruto, e B. espermatóforo e ovo
de 150 a 165 µm no comprimento da fêmea e
135 µm no do macho (Figura 2A). Contém dois
pares de pernas verdadeiras e um de falsas na A
extremidade posterior, os quais utilizam em
seus movimentos circulares e fixação na planta
hospedeira (Fernandes, 1957). De cada lado
do lóbulo anterior, surgem linhas medianas
que se curvam para fora, passando à base do
lóbulo, dirigindo-se para dentro e encontrando-
se numa leve linha cruzada acerca de 1/3, para,
em seguida, curvarem-se ligeiramente para fora,
passando do lado interno, a 2/3 dos tubérculos
prodorsais e terminando em arcos transversais
à frente da margem traseira do escudo. As
pernas têm segmentação normal, com empódio
penta-raiado. O histerossoma tem um canal
longitudinal largo, descrito para o gênero, e os
microtubérculos estão presentes somente nos es-
ternites (anel ventral). Cada tergite (anel dorsal)
corresponde a 2 ou 3 esternites. A área basal
da placa genital da fêmea é granular, com uma
linha longitudinal mediana.
O acarino dissemina-se, principalmente, pelo
vento, bastando, que seja de 15 km h-1 para ar-
rastá-lo; por locomoção própria, todavia, o ácaro
caminha 10 a 15 mm min-1.
Para reproduzirem-se não ocorre a cópula:
os machos produzem uma estrutura de forma mais B
ou menos cônica, o espermatóforo (Figura 2B),
que é liberado sobre a superfície das plantas
(Oldfield et al., 1970). As fêmeas assentam-se
sobre os espermatóforos, dando-se, assim, a
transferência dos espermatozóides. Os machos
produzem de 16 a 30 dessas estruturas por dia.
Noentanto,fêmeasnãofertilizadasreproduzem-se
por partenogênese arrenótoca, isto é, dando ori-
gem somente a machos.
As fêmeas são ovíparas, ovipondo de 25 a
30 ovos esféricos, lisos, hialinos e com 20 µm de Fotos: cortesia de Diann Achor; J.C.V. Rodrigues (colônia)
diâmetro, parecidos com uma gotícula de água.
Sua postura é efetuada nas depressões das folhas
e frutos. Em condições favoráveis, o ciclo completo rea-
Decorridos 2 a 8 dias, dependendo da tempe- liza-se em torno de 7 a 10 dias no verão e 14 dias
ratura, em média 3 dias, dá-se a eclosão da larva. no inverno. A longevidade máxima da fêmea é de
Durante o inverno, esse período é em média de 5,5 20 dias, período no qual ovipõe cerca de 20 ovos,
dias a 22 °C. Seguem-se o estádio de ninfa antes podendo ocorrer 20 gerações/ano. No inverno,
de alcançar a fase adulta que se diferencia, prin- em condições adversas, os adultos hibernam,
cipalmente, pelo tamanho, com duração de 1,8 e abrigando-se em brotações e folhas enroladas do
1,3 dias respectivamente. hospedeiro.
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Estudos desenvolvidos nas regiões citrícolas Nas folhas, acarretam manchas escuras, irre-
paulistas mostraram que o ácaro da falsa ferru- gulares, denominadas de mancha graxa, freqüen-
gem pode ocorrer durante todo o ano, porém temente localizadas nas bordas. Contudo, muito
em maior intensidade em dezembro-janeiro e pouco se conhece sobre as causas que determinam
maio-junho, sendo os níveis populacionais mais o sintoma e se o este é um fenômeno causado pelo
altos na primeira fase, quando os frutos ainda ácaro ou por fungos associados a ele.
são novos. Nas folhas, pode-se encontrá-lo du- Nos frutos das laranjeiras e tangerineiras, sur-
rante um período maior do ano, porém em níveis gem manchas ferrugíneas que variam de intensida-
geralmente inferiores aos dos frutos. Sua ocor- de de acordo com o nível de infestação, enquanto,
rência na superfície superior das folhas é menos nos limões, limas e pomelos, durante o estágio
intensa nos períodos chuvosos, por se acharem inicial de crescimento dos frutos, se mostram de
mais expostos e serem facilmente arrastados aspecto prateado (Albrigo & McCoy, 1974).
pelas águas das chuvas (Oliveira, 1994). Fo- O acarino não tem preferência pela área de
lhas novas, porém totalmente desenvolvidas, alimentação na superfície dos frutos (McCoy &
de coloração verde-intensa, são as preferidas Albrigo, 1975). Todavia, Allen & McCoy (1979)
pelo ácaro. As chuvas, não obstante arrastarem observaram que há uma possível fuga desse ácaro
parte dos ácaros das plantas, interferem indire- à exposição solar.
tamente no aumento populacional, mediante a A alimentação do P. oleivora é iniciada pelo
elevação da umidade relativa e melhoria das ancoramento de idiossoma na superfície do fruto,
condições fisiológicas das plantas. A dinâmica pela ventosa anal e encurvamento do corpo; o tér-
da população do ácaro no campo também está mino da alimentação é realizado por uma retirada
estreitamente relacionada com o estado nutricio- rápida das peças bucais e uma abrupta elevação
nal da planta hospedeira, onde distribuição nem do rostro (Allen, 1978; Allen & McCoy 1979; Al-
sempre é uniforme, pairando dúvidas quanto à brigo & McCoy, 1974; McCoy, 1976). Dado o seu
exposição mais favorável a sua incidência, em reduzido estilete (7 µm), a alimentação é restrita à
nossas condições. camada de células epidérmicas da casca, razão
Além das condições climáticas, outros fatores pela qual não atingem as células oleíferas. Altas
podem interferir na flutuação populacional. O uso densidades populacionais (50 a 200 ácaros cm-2)
incorreto de defensivos agrícolas pode acarretar causam aumento significativo na emissão de etile-
ressurgência do ácaro. Oliveira et al. (1984) e no, ao mesmo tempo em que o bronzeamento se
Oliveira (1985) verificaram que amitraz e dicofol torna visível. A emissão de etileno acelera o pro-
causaram aumento na população do ácaro da fal- cesso de maturação do fruto, cujo bronzeamento
sa ferrugem 30 dias após a aplicação. está associado à formação de lignina e oxidação
O acarino ataca folhas, ramos e frutos. Nestes do citoplasma nas células epidérmicas.
entretanto, é que os danos são mais evidentes e de Pequenas rachaduras na superfície dos frutos
maior significância (Figura 3). são observadas 16 a 21 dias após o bronzeamen-
to, podendo ocorrer acúmulo de lipídios nas le-
sões. A formação de lignina e, conseqüentemente,
Figura 3 Sintomas do ataque do ácaro da
falsa ferrugem (Phyllocoptruta oleivora) em a morte das células epidérmicas, provavelmente,
frutos de laranja Valência esteja relacionada com a maior freqüência de
picadas em razão da alta densidade populacional
do ácaro por unidade de área.
McCoy & Albrigo (1975) informaram os ní-
veis que causam danos econômicos: de 70 a 80
ácaros cm-2. Com a morte das células, dada a sua
alimentação, os ácaros migram para outros locais
em busca de alimento, razão pela qual, em áreas
injuriadas, não são mais encontrados. No entanto,
antes de alcançar o estádio de lignificação, a célu-
la pode recuperar-se antes que os primeiros sinto-
mas surjam, desde que o período de permanência
Fotos: J.C.V. Rodrigues do ácaro seja curto. Entretanto, na Flórida, onde o
700 CITROS

trabalho foi executado, há a ocorrência de mais de As estratégias do manejo integrado de pragas


uma espécie de eriofídeo em citros com diferenças (MIP) para o citros, visando aos ácaros, apesar
biológicas que podem resultar em diferentes níveis da grande evolução tecnológica nos últimos anos,
de dano (Childers & Achor, 1999). têm-se pautado, basicamente, na recomendação
O ácaro da falsa ferrugem, de acordo com Si- do uso adequado do defensivo agrícola, mediante
manton (1976a), causa dois tipos de injúrias: um, inspeções periódicas do pomar. A adoção de ou-
denominado de sharkskin, ocorre na fase inicial de tras práticas, ou seja, de predadores, parasitóides
desenvolvimentodofruto,tornando-omanchadoe, e patógenos, não tem sido empregada, embora
posteriormente, bronzeado; surge nos três primei- haja evidências de sua potencialidade, o que po-
ros meses de sua formação, resultando em frutos derá contribuir efetivamente no manejo (Oliveira
pequenos, endurecidos e de baixo valor comercial; et al., 1991a). Pela eficiência e reduzido impacto
o outro tipo de injúria aparece após o fruto estar sobre populações de predadores, o uso de óleos
desenvolvido, com tamanho normal, atingindo 1/3 minerais tem tido bastante êxito na Austrália e na
ou a metade deles. Flórida (Rodrigues & Childers, 2002) e resultados
Em limão, o ácaro pode causar injúrias que positivos foram observados no Brasil (Moreira,
acarretam perda do componente citral dos óleos 1993).
essenciais, na ordem de 30%, podendo atingir até Segundo as recomendações para o controle
75% em ataques intensos (Huet, 1973). das principais pragas e doenças em pomares do
Plantas intensamente atacadas pelo ácaro Estado de São Paulo (CATI, 1998), a presença do
da falsa ferrugem, no período chuvoso, podem ácaro é constatada por levantamentos semanais
ressentir-se na estiagem, mostrando-se com fo- nos quais se inspecionam, ao acaso, duas plantas
lhas murchas e intensa desfolha, diminuindo sua em cada cem do pomar (2%); em talhões de, no
capacidade fotossintética. Segundo Allen (1978), máximo, 3.000 plantas e no caso de menores,
há maior perda de água por transpiração. Poma- nunca amostrar menos de 40 plantas. Para a
res altamente infestados podem apresentar uma avaliação, deverão ser examinados os frutos, com-
queda excessiva de frutos, da ordem de 5 a 20%, preendidos entre os limites de 1,5 cm de diâmetro
conforme Nascimento et al. (1984). Esses autores até a fase de maturação. Nas plantas sem frutos
constataram que os frutos sadios apresentam um ou naquelas em que estes ainda não tenham atin-
acréscimo, em relação a frutos manchados, da gido o tamanho mínimo, a inspeção deverá recair
ordem de 19 a 24% no peso, 7 a 9% no diâmetro sobre as folhas. Em cada planta, serão escolhidos
e 21 a 28% no volume. ao acaso 3 frutos ou 6 folhas, ao redor da copa,
Várias espécies de ácaros predadores têm procedendo-se a duas visadas com auxílio de uma
sido registradas atacando P. oleivora, além de lente de 10x de aumento (1 cm2). Nos frutos, as vi-
outros artrópodes e patógenos, como o fungo sadas deverão ser efetuadas nas laterais, em posi-
Hirsutella thompsonii Fisher, que causa doença ções opostas, evitando-se a mais exposta e a mais
ao ácaro, freqüentemente quando em altos níveis sombria. No caso das folhas, as visadas serão na
populacionais (McCoy, 1981). No Brasil, sua parte basal de cada uma das suas superfícies. A
primeira citação data de 1992 (Correia et al., seguir, anota-se o número de frutos ou folhas em
1992). Entretanto, pesquisas desenvolvidas ante- que se encontrar, pelo menos em uma das visadas,
riormente por Silva (1980), em pomares do Esta- um ou mais ácaros.
do de São Paulo, mostraram que o H. thompsonii, Ainda, como recomendação da CATI (1998), a
aplicado em pulverização para controle desse aplicação do acaricida poderá ser efetuada quan-
ácaro, apresenta uma eficiência não constante, do: i) em 20% dos frutos ou folhas observadas for
provavelmente, por requerer, logo após a aplica- encontrado o ácaro, quando a produção se desti-
ção, alta umidade relativa do ar, o que, em parte, nar ao mercado de fruta fresca, e ii) em 30% dos
limita seu emprego. frutos ou folhas observados for encontrado o áca-
Muma & Selhime (1971) verificaram que ro, quando a produção se destinar à indústria.
Agistemus floridanus Gonzalez se alimenta e re- Nas propriedades que disponham de equipes
produz-se, quando criado em laboratório, tendo bem treinadas de inspetores de pragas (“praguei-
como fonte alimentar o P. oleivora, porém não ros”), recomenda-se a contagem do número de
é capaz de limitar a população do eriofídeo no ácaros, que consiste em considerar infestado o fru-
campo. to ou a folha que apresente, em pelo menos uma
Ácaros fitófagos dos citros 701

das visadas: i) 20 ou mais ácaros cm-2, quando a vavelmente, em razão da constante presença de
produção se destinar ao consumo in natura, e ii) brotações e frutos novos durante todo o ano.
30 ou mais ácaros cm-2, quando a produção se São ácaros de coloração predominantemente
destinar à indústria. branca, em todas as fases do desenvolvimento.
O controle deverá ser iniciado quando, em As fêmeas mais velhas são amarelo-claras, com
qualquer uma das condições, 10% dos frutos ou tegumento brilhante, forma elíptica, medindo de
folhas examinados estiverem infestados. 170 a 300 µm de comprimento, e os machos, mais
Esses níveis recomendados podem vir a ser ou menos hexagonal, podendo variar de 130 a
modificados mediante novas informações que con- 170 µm.
siderem a ocorrência simultânea com P. oleivora Os ovos medem 60 a 70 µm de largura por
de outro eriofídeo na área e através da suscetibili- 80 a 100 µm de comprimento (Hambleton, 1938;
dade das variedades. Costilla, 1982; Hugon, 1983).
O dimorfismo sexual é bem evidente; a fêmea
2.7 Tegolophus australis Keifer: possui o 4o par de patas atrofiado, enquanto o
Brown citrus rust mite macho o possui bem desenvolvido.
As fêmeas não tecem teias, apresentam
O ácaro é fusiforme e marrom. A fêmea mede movimentos rápidos, fazem posturas isoladas,
de 180 a 190 µm. Os sintomas decorrentes da sua depositando seus ovos na superfície das folhas
infestação são semelhantes aos descritos para P. ou frutos novos. O cório dos ovos é coberto por
oleivora: manchas marrom-escuras na casca dos tubérculos esféricos, menores na superfície em
frutos. Dependendo do nível de infestação, justi- contato com o substrato. Essas estruturas são
fica-se a aplicação de acaricidas. Na Austrália, ocas e constituídas por uma cúpula suportada
o acarino é controlado pela integração entre o por paredes perfuradas (Martin, 1991). As
controle biológico e o químico. funções das protuberâncias são ainda des-
conhecidas, segundo Baker & Chandrapatya
2.8 Tegolophus brunneus Flechtmann: (1991), e poderiam atuar como barreiras para
ácaro marrom da ferrugem dos citros predadores, especialmente aqueles cujas peças
bucais são adaptadas à mastigação ou, ainda,
Assemelha-se ao T. australis. A fêmea apre- para manter uma umidade adequada ao redor
senta, em média, 178 µm de comprimento e 63 do ovo.
µm de largura, coloração marrom-arroxeada. É As fases do ciclo biológico do acarino são
encontrado sobre frutos de tangerina e folhas e constituídas por ovo, larva, fase quiescente ou
frutos de laranjeira, em pomares da região oeste pupa e adulto. A larva é hexápode e o adulto,
do Estado de São Paulo, causando às folhas e aos octópode (Hambleton, 1938).
frutos manchas ferrugíneas. Seu controle tem sido O macho tem o hábito de carregar a pupa
realizado com pulverização de produtos à base de através da papila genital (Martin, 1991), fato esse
enxofre (Flechtmann, 1999). confirmado por Vieira & Chiavegato (1999).
O ácaro reproduz-se sexuadamente ou por
3 Família Tarsonemidae partenogênese arrenótoca, dando origem so-
mente a machos que, dada a curta duração do
3.1 Polyphagotarsonemus latus (Banks): ciclo, ao redor de 3,7 dias sobre limão Siciliano
ácaro branco ou ácaro do prateamento C. limon Burm. f. (Vieira & Chiavegato, 1999),
podem vir a fecundar a fêmea que lhe deu ori-
Trata-se de uma espécie cosmopolita e polífa- gem (Flechtmann & Flechtmann, 1984; Gerson,
ga, e hospeda-se em plantas pertencentes a mais 1992).
de 60 famílias diferentes (Gerson, 1992). É a mais Vieira & Chiavegato (1999), em estudos bio-
importante da família Tarsonemidae, responsável lógicos realizados sobre frutos de limão Siciliano,
por danos severos em várias culturas, como algo- verificaram que o período de pré-oviposição do P.
doeiro, mamoeiro, feijoeiro, soja, tomateiro, bata- latus é de 0,8 a 1,0 dia; o de oviposição, de 9,5
ta, pimentão etc. Em citros, sua primeira referência a 10,5 dias, o número de ovos fêmea-1, de 41,7 a
no Brasil é de Calcagnolo (1959). Sua ocorrência 58,9, com uma média de 4,9 a 5,6 ovos dia-1, e
em lima ácida Tahiti tem sido mais freqüente, pro- a longevidade da fêmea, de 12,2 e do macho, de
702 CITROS

13,4 dias, dados esses conseguidos em laborató- gor) e N. barkeri Hughes sobre o ácaro branco
rio, respectivamente, às temperaturas de 28,3 e em condições de casa de vegetação e campo.
27,1 °C e UR de 72,7 e 67,1%. Anteriormente, Hu- Os resultados mostraram que N. californicus, na
gon (1983), utilizando folhas de limoeiro,observou proporção 1:6 e 1:15, reduziu significativamente
que a duração do ciclo é de 18,4 dias a 14 °C, 8,5 a população do ácaro branco sobre plantas de
dias, a 24 °C e 4,1 dias, a 30 °C. Jones & Brown lima. A densidade do ácaro branco foi reduzida
(1983), sobre frutos de limoeiro, verificaram que a 2 dias após, sendo a mesma tendência observada
temperatura de 30 °C é letal às formas jovens e que até aos 14 dias.
a temperatura ótima para oviposição é de 23,7 °C,
sendo 12 a 14 ºC e 33 a 35 °C os limiares inferior e 4 Família Tenuipalpidae
superiorrespectivamente.Ramos(1986),sobrelima
da Pérsia C. limettioides Tanaka, obteve taxa líquida Ácaros dessa família são considerados pragas
de reprodução (R0) de 20,09, duração de uma ge- de importância econômica em diversos cultivos,
ração de 3,2 dias e capacidade inata de aumentar como o de chá (Oomen, 1982), maracujá (Ki-
em número de 0,93 (rm). tajima et al., 1997), café (Chagas, 1978), citros
A razão sexual do tarsonemídeo, de acordo (Rodrigues, 2000), pistache (Rice & Weinberger,
com Vieira & Chiavegato (1999) é, em, média, 1981) e em várias plantas ornamentais (Meyer,
de 2,2 fêmeas para um macho, enquanto, para 1979; Kitajima et al., 2003). Os tenuipalpídeos
Gerson (1992), é de quatro para um. são comumente encontrados em regiões de clima
A espécie ocorre em qualquer época do ano, tropical e subtropical (Jeppson et al., 1975). A
porém é de fevereiro a maio sua maior incidên- maioria das espécies apresenta o corpo achatado
cia. Nesse período, de modo geral, são menos dorso-ventralmente, geralmente coloração aver-
prejudiciais, pois os frutos já se encontram desen- melhada, variável com a espécie, idade e alimen-
volvidos, razão pela qual dão preferência às bro- tação. Não tecem teias e movimentam-se lenta-
tações. Todavia, ocorre freqüentemente, nos vivei- mente. O gênero Brevipalpus é o mais importante
ros de produção de mudas, dadas as condições da família Tenuipalpidae. Ao todo, foram descritas
de parcial sombreamento, bastante favoráveis ao 11 espécies de Brevipalpus em citros, e uma série
seu desenvolvimento (Oliveira, 1994). de outros gêneros dessa família (Tabela 1).
Atacando as brotações, acarretam deforma- A única espécie registrada no Brasil até o
ções às folhas, que as tornam lanceoladas, com momento tem sido B. phoenicis. No entanto, há
as bordas ligeiramente arqueadas para baixo. A necessidade de um amplo levantamento e estudos
superfície inferior adquire um aspecto corticoso. taxonômicos mais aprimorados, utilizando-se de
Infestam os frutos até 2,5 cm de diâmetro, os outras técnicas além da morfológica, uma vez que,
quais adquirem coloração cinza-prateada que em outras regiões citrícolas, são referidas outras
pode envolvê-los totalmente, depreciando-os espécies.
acentuadamente, além de acarretar uma signi-
ficativa redução de tamanho. Assim como o P. 4.1 Brevipalpus phoenicis (Geijskes):
oleivora, o ácaro branco pode afetar significa- ácaro plano, vetor do vírus da leprose
tivamente os óleos essenciais extraídos da casca dos citros
dos frutos. As limas infestadas com 8 a 32 ácaros
por fruto começam a mostrar danos quatro a seis Os ácaros do gênero Brevipalpus, segundo
dias após a infestação e danos severos 12 dias Haramoto (1969) e Gonzáles (1975), apresentam
depois, com comprometimento de 30 a 65% da distribuição cosmopolita, sendo a doença, leprose,
superfície epidérmica dos frutos e redução de na Argentina, associada ao Tenuipalpus pseudo-
crescimento (Peña & Bullock, 1994). cuneatus Blanch (hoje Brevipalpus obovatus) por
McMurtry et al. (1984) verificaram que quatro Frezzi (1940) e Vergani (1942), na Flórida, ao
espéciesdefitoseídeos(Acari:Phytoseiidae)ocorrem B. californicus e ao B. obovatus, por Knorr (1950,
em citros na Califórnia (Euseius stipulatus (Athias- 1968), e, no Brasil, ao B. phoenicis, por trabalho
Henriot), Typhlodromus sp., T. porresi McMurtry e T. de Musumeci & Rossetti (1963). A espécie B. lewisi
annectens DeLeon), sobrevivendo à custa do P. latus. é registrada em citros na Califórnia, e B. chilensis
Peña e Osborne (1996) avaliaram a eficiência foi relatada em citros no Chile (Jeppson et al.,
de dois fitoseídeos Neoseiulus californicus (McGre- 1975), sem nunca terem sido arroladas como ve-
Ácaros fitófagos dos citros 703

toras do vírus da leprose dos citros (CiLV - Citrus Brevipalpus phoenicis foi descrita a partir de
leprosis virus). uma amostra coletada na palmácea hospedeira
A espécie B. phoenicis apresenta ampla distri- Phoenix sp. (Geijskes, 1939). A partir daí, foram
buiçãogeográfica(Rodrigues,1995),assegurada, relatadas muitas hospedeiras do ácaro em diferen-
em grande parte, pela capacidade de colonizar tes partes do mundo (Cromroy, 1958; Pritchard e
eficientemente grande número de gêneros ve- Baker, 1958; Baker & Pritchard, 1960; De Leon,
getais. Encontra-se distribuída, principalmente, 1961; Rimando, 1962; Haramoto, 1969; Na-
nas regiões compreendidas entre os trópicos de geshchandra & Channabasavanna, 1974). Destes,
Câncer e Capricórnio e, além desses limites, ao Pritchard & Baker (1958) listaram 63 gêneros
Norte nos Países Baixos (Geijskes, 1939) e ao Sul de plantas de hospedeiras, e Nageshchandra &
na Argentina (Baker, 1949). Por não ser endêmi- Channabasavanna (1974) listaram 35 gêneros na
co de uma localidade típica, considera-se ser de Índia. Jeppson et al. (1975) referiram-na em cítri-
origem tropical (Haramoto, 1969). A plasticidade cos, chá, cafeeiro, pessegueiro, mamoeiro, nespe-
dessa espécie permite especular sobre a existência reira, coqueiro, macieira, pereira, goiabeira, oli-
de ampla variabilidade genética, entre distintas veira, figueira, nogueira (noz) e videira como seus
populações e até mesmo dentro de uma popula- hopedeiros principais. Uma ampla revisão sobre
ção, o que explicaria seu sucesso numa grande plantas hospedeiras dos ácaros B. californicus, B.
heterogeneidade de situações ou, ainda tratar-se obovatus e B. phoenicis foi realizada por Childers
de um complexo de espécies morfologicamente et al. (2003a), e relatadas como hospedeiras de,
semelhantes. pelo menos, um dos três ácaros, um total de 928
A importância da espécie na cultura de citros, espécies de plantas, em 513 diferentes gêneros e
cafeeiro e maracujazeiro, é devida a ser o ácaro 139 distintas famílias.
transmissor de vírus responsável pela leprose e clo- O ciclo do ácaro plano, segundo Haramoto
rose zonada nos citros (Bitancourt & Grillo, 1934; (1969), é constituído pelas fases de ovo, larva,
Musumeci & Rossetti, 1963; Rossetti et al., 1969), protoninfa, deutoninfa e adulto (Figura 4). Como
mancha anular do cafeeiro (Chagas, 1978) e pinta os demais tenuipalpídeos, o ácaro B. phoenicis
verde do maracujazeiro (Kitajima et al., 1997). não tece teias. A fêmea realiza a postura, iso-
Ao descrever a espécie, Geijskes (1939) ladamente, em locais protegidos, principalmente
colocou-a no gênero Tenuipalpus, uma vez que nos frutos de citros com lesões de verrugose (Al-
Brevipalpus era considerado como sinônimo, até buquerque et al., 1995, 1997). O ovo é elíptico,
que Baker (1949) reconsiderou como um gênero mede cerca de 100 a 116 µm de comprimento e
separado. A espécie B. phoenicis é a única no gê- de 60 a 80 µm de largura. Possui coloração ala-
nero Brevipalpus caracterizada por possuir duas ranjada-brilhante e aspecto pegajoso, aderindo
setas sensoriais no tarso II e cinco dorsolaterais no facilmente a sujidades. O cório do ovo prolonga-
histerossomo (Pritchard & Baker, 1958). se por um pedicelo na extremidade que emerge
A família Tenuipalpidae é dividida em duas por último do ovipositor. A camada externa do
subfamílias, Brevipalpinae e Tenuipalpinae, com- cório apresenta estrias longitudinais (Flechtmann
preendendo sete e dois gêneros respectivamente. et al., 1995). A partir do terceiro e do quarto dia
A Brevipalpinae é dividida em seis grupos; destes, de incubação, surgem no tegumento externo do
o grupo B. californicus compreende 23 espécies, o cório, na porção equatorial, estruturas globosas,
B. obovatus, 6 espécies, e o B. phoenicis somente a contendo um orifício central, relacionada ao
espécie B. phoenicis (Baker & Tuttle, 1987). processo respiratório do embrião (Rodrigues &
A importância da caracterização dos estádios Machado, 1999). Segundo Chiavegato (1986), o
imaturos na diferenciação entre espécies foi des- período de incubação é de 5,3 dias à tempera-
tacada por González (1975); todavia os critérios tura de 30 °C e de 16,4 dias à de 20 °C.
de diferenciação específica quanto às variações A larva (130 x 80 µm), alaranjada, apre-
morfológicas das fases imaturas e adulta, elabo- senta três pares de pernas e, após um período
radas pelo autor, são divergentes aos de outros de intensa atividade, entra em repouso para,
acarologistas. Welbourn et al. (2003) apresen- posteriormente, transformar-se em protoninfa.
taram uma bem ilustrada análise comparativa Esta é maior (250 x 150 µm), diferindo da larva
entre as espécies B. phoenicis, B. californicus e por apresentar quatro pares de pernas. Após novo
B. obovatus. período quiescente, transforma-se em deutoninfa
704 CITROS

Figura 4 Colônia do ácaro vetor do vírus da leprose dos ci- comHaramoto(1969),fêmeas,acasaladasounão,


tros (Brevipalpus phoenicis) em fruto. Legenda: A = adulto, produzem progênie só de fêmeas; todavia, ainda
E = exúvia, O = ovo, L = protoninfa, e N = deutoninfa pairam dúvidas quanto à descendência de fêmeas
copuladas,nãoobstanteoatotenhasidoregistrado
fotograficamente.Todavia,arespostafuncionaldos
machos permanece não esclarecida.
As fêmeas de B. phoenicis possuem somente
dois cromossomos (Helle et al., 1972, 1980), re-
produzindo-se,principalmente,porpartenogênese
telítoca e originando, provavelmente, uma descen-
dência geneticamente similar. A fêmea é haplóide,
única no reino animal (Pijnacker et al., 1981).
O B. phoenicis, é considerado, até então, o
único transmissor do vírus da leprose (Rodrigues
et al. 2003). Chiavegato (1995) comprovou que
o ácaro, em qualquer uma das fases de seu de-
senvolvimento, uma vez contaminado pelo vírus,
passa a ser transmissor ao longo de sua vida. O
acarino não nasce contaminado, é necessário que
se alimente em tecido infectado pelo vírus para
assumir a condição de transmissor, não ocorrendo
transmissão vertical na população do vetor, ou
Foto: J.C.V. Rodrigues
seja, transovariana. Embora, potencialmente, to-
das as fases do ciclo vital sejam igualmente trans-
(320 x 170 µm) que difere do estádio anterior missoras, a fase adulta, aparentemente, tem uma
por ser maior. A deutoninfa passa por mais um importância destacada, dada a sua maior mobili-
estádio de dormência para atingir a fase adulta. dade e longevidade, o que aumenta sobremaneira
A fêmea (300 x 180 µm) é de coloração variável, as chances de contaminar e disseminar a doença.
de acordo com o local de alimentação (folha ou O ácaro ocorre durante o ano todo, porém
fruto) e sua idade. O ciclo completo sobre frutos de há determinados períodos em que sua população
citros é de 14,4 dias a 30 °C e 17,6 dias, se cria- atinge níveis mais elevados. Vários são os fatores
dos sobre folhas, na mesma temperatura. Oliveira que interferem em sua flutuação populacional, en-
(1986) observou que o ácaro, no campo, infesta tre os quais, destacam-se: a fenologia das plantas,
toda a planta. No entanto, é encontrado mais a variedade cítrica, os predadores e os agentes
facilmente no fruto. O macho é menor e ocorre meteorológicos que podem atuar diretamente so-
numa proporção de 1 a 1,5% em relação à fêmea bre a população ou, indiretamente, ao propiciar
(Haramoto, 1969). A baixa ocorrência de machos condições para o desenvolvimento de possíveis
e o mecanismo de determinação de sexo não estão agentes patogênicos que agem sobre os ácaros
esclarecidos (Pijnaker et al., 1981), bem como a (Oliveira, 1986). Chiavegato et al. (1982) verifica-
ação feminilizante provocada por uma bactéria ram, em laboratório, que os frutos das variedades
endossimbionte (Weeks et al., 2001). Valência [C. sinensis (L.) Osbeck] e Murcott [C.
Embora os machos sejam escassos, Haramoto reticulata Blanco x C. sinensis (L.) Osbeck], mos-
(1969), Nageshchandra & Channabasavanna tram-se favoráveis ao desenvolvimento do ácaro,
(1974) e Kennedy (1995) observaram a cópula enquanto as variedades lima da Pérsia, lima ácida
com fêmeas virgens, de aproximadamente um dia Tahiti e limão Siciliano comportam-se como pouco
de idade, com duração de 15 a 24 min. Durante favoráveis. Esses dados devem ser tomados com
o processo de acasalamento, o macho se põe na precaução e não estendidos para a condição de
parte posterior, por baixo da fêmea, colocando campo, pois a origem da população utilizada
os dois pares de pernas dianteiras no dorso do pode influenciar significativamente os resultados.
opistossomo da fêmea e curvando a seguir o opis- Estudos efetuados no decorrer da década dos
tossomo para cima de modo a posicionar o órgão oitentas, na região citrícola de Bebedouro (SP),
copulador no orifício genital da fêmea. De acordo evidenciaram que a população do ácaro apresen-
Ácaros fitófagos dos citros 705

ta um comportamento diferenciado sob diferentes acordo com as informações de citricultores coleta-


condições de umidade relativa do ar, de quantida- das por Fawcett (1911). Os sintomas da doença
de e freqüência de chuvas. Nos períodos chuvosos foram descritos pela primeira vez em 1901, em
e, conseqüentemente, com maior umidade relativa ramos de laranjeira, na Flórida (Hume, 1901).
do ar, que coincidem com os meses de outubro a Na América do Sul, a constatação da doença
março, há menor ocorrência do acarino, e, à me- data de 1920, em material procedente do Para-
dida que as chuvas se tornam escassas, de abril guai e, em 1932, na Argentina, porém, em ambos,
a setembro, o ácaro atinge níveis mais elevados a doença foi referida como lepra explosiva. No
(Oliveira, 1986). Essas dinâmicas podem ser rein- Brasil, seu estudo iniciou-se em 1931 (Bitancourt,
terpretadas através das alterações da fenologia da 1955).
planta cítrica, que, muitas vezes, na ausência de Embora o B. californicus tenha sido responsa-
irrigação, coincidem com as condições climáticas. bilizado pela transmissão da leprose ocorrida na
Com as novas brotações ocorre a dispersão da po- Flórida, de acordo com Chiavegato (1991), no Es-
pulação de alguns ácaros, como Brevipalpus, dos tado de São Paulo, essa espécie é encontrada em
órgãos velhos para os novos brotos, sendo que outros hospedeiros, como azaléia (Rododendron
esse efeito de diluição pode estar sendo interpre- spp.), sem nunca ter sido constatada em citros no
tado como redução dos níveis populacionais. Cor- Brasil. Assim como a espécie B. obovatus, asso-
roborando-se isso, através do índice de tendência ciada à lepra explosiva dos citros na Argentina,
populacional verificou-se que havia estabilidade não foi observada nos pomares cítricos paulistas.
nos níveis de Brevipalpus em folhas de laranjeira Recentes observações em pomares cítricos da Fló-
(Rodrigues, 2000). rida têm constatado o predomínio da espécie B.
Estudos desenvolvidos por Souza & Oliveira phoenicis (Rodrigues et al., 2004).
(2002) evidenciaram que a disponibilidade de Os sintomas decorrentes da alimentação do B.
água para a planta influencia o desenvolvimento phoenicis, nas condições de campo, não são facil-
do B. phoenicis, visto que, em plantas subme- mente perceptíveis, em razão de sua ocorrência,
tidas a 20% da capacidade de campo (CC), a em geral, ser em baixo nível populacional compa-
população do ácaro foi superior à observada nos rativamente a outras espécies de ácaros fitófagos,
demais regimes hídricos, decrescendo à medida embora o suficiente para a eficaz disseminação
que aumentava a disponibilidade de água para a da doença. Ocorrências de injúrias em citros
planta. Constataram que a maior interferência na causadas pela alimentação desses ácaros foram
população do ácaro ocorreu nos extremos da dis- revisadas por Childers et al. (2003b).
ponibilidade hídrica, ou seja, 20% CC e 70% CC. A observação de partículas semelhantes a
Os mesmos autores concluíram que a umidade re- vírus, em grande abundância, no corpo do vetor,
lativa (UR) do ar a 30% interferiu significativamen- sugere que o patógeno seja do tipo circulativo e
te no desenvolvimento biológico do B. phoenicis, não só acumulando-se, mas multiplicando-se no
afetando, principalmente, a viabilidade dos ovos, corpo do vetor, permanecendo, assim, uma vez
que foi de 32,2% a 30% UR, 91,1% a 60% UR e adquirido, por toda a vida do ácaro (Rodrigues
92,2% a 90% UR (Souza & Oliveira, 2004). et al., 1997).
O caráter viral da leprose foi estudado por Os sintomas da doença manifestam-se nas
Kitajima et al. (1971, 1972), que observaram par- folhas, ramos e frutos. A possível existência de
tículas baciliformes do grupo dos Rhabdovírus em resistência ou suscetibilidade diferenciada entre
tecidos foliares de citros associados ao núcleo da as variedades cítricas à leprose foi relatada por
célula. Todavia, Colariccio et al. (1995) e Noguei- Bitancourt (1956). Os sintomas da leprose em la-
ra & Rodrigues (1997) verificaram partículas no ranja doce e tangerina, e a transmissão cruzada
citoplasma de células do parênquima do mesófilo, destes, evidenciam uma diferenciação de compor-
associadas ao lúmen do retículo endoplasmático. tamento dentro das tangerinas diante da leprose
Ambos os tipos de partículas foram constatadas (Bitancourt, 1956; Rodrigues, 2000). Roessing &
por Dominguez et al. (2000), em material cítrico Salibe (1967) constataram sintomas da leprose
procedente da América Central (Panamá). em 130 das 369 variedades de uma coleção do
Os sintomas da doença leprose dos citros, co- Instituto Agrônomico (IAC) em Cordeirópolis (SP),
nhecidos há mais de um século, foram observados sendo 121 de laranjas doces, quatro tangores,
pela primeira vez na Flórida (EUA), em 1860, de quatro limões e um citrange Troyer. Em 239 varie-
706 CITROS

dades, não se constataram sintomas da doença: brilhante, assemelhando-se muito ao I. quadripilis


35 tangerinas, 35 limões, 29 limas ácidas, 22 (Banks), que é a segunda espécie mais comum em
pomelos, 19 laranjas azedas, 17 toranjas, 16 citros na Flórida. Níveis de oviposição relativa-
tangelos, 15 citranges, 9 tangores, 8 limas doces mente baixos foram reportados quando o ácaro
e 27 outras variedades. Entre as laranjas doces, da leprose foi oferecido como presa a Euseius
Cametá, Melão, São Sebastião, Seleta e Itaboraí, hibisci (Chant) e Neoseiulus californicus (Swirski et
não apresentaram sintomas. Rodrigues (2000) al., 1970) e Typhlodromalus aripo DeLeon (Moraes
constatou sintomas em Seleta, e verificou que a & Sá, 1995). Entretanto, altos níveis de oviposição
porcentagem de frutos com sintomas de leprose, foram obtidos quando essa presa foi oferecida a
em ordem decrescente, foi: Natal, Pêra, Seleta, Amblyseius largoensis Muma, sobretudo quando
Hamlin, Bahia, Valência, Barão, Lima, Lima Ver- associada à excreção de Homoptera (Kamburov,
de. A lima da Pérsia não apresentou lesões. Nas 1971). A atividade predatória de fêmeas adultas
folhas, são observadas manchas rasas, com centro de Euseius citrifolius Denmark & Muma foi eficiente
ligeiramente mais escuro, acompanhados de anéis sobre todos os estádios de B. phoenicis (Gravena
nem sempre contínuos e rodeados marginalmente et al., 1994). Acredita-se que o controle biológico
por uma região amarelada difusa, cujas variações das pragas-chave dos citros pelos predadores E.
dos sintomas, numa mesma planta, dependem da citrifolius e I. zuluagai é efetivo quando o nível da
posição da folha na copa (interna ou externa) e praga (B. phoenicis) está baixo, com menos de 5%
da idade do tecido quando se iniciou o desen- dos frutos ou folhas infestados (Moreira, 1993).
volvimento da lesão. Rodrigues (2000) relatou Além dos fitoseídeos, ácaros predadores per-
ainda que as folhas das variedades Lima e Lima tencentes a outras famílias, como Stigmaeidae, têm
Verde apresentam lesões menores que as demais sido estudados no Brasil. Matioli et al. (2002) iden-
variedades: Valência, Pêra, Bahia, Seleta, Barão, tificaram e descreveram mais duas novas espécies
Hamlin e Natal. Não se encontraram nas plantas, de ocorrência na cultura dos citros: Agistemus
independentemente da variedade, folhascommais brasiliensis Matioli, Ueckermann & Oliveira e Zet-
de 30% da área lesionada, em vista da abscisão zellia malvinae Matioli, Ueckermann & Oliveira. A
precoce. primeira é bem mais freqüente e com um potencial
Os sintomas nos ramos, diferentemente das de predação significativo. Ademais, foi constata-
folhas, apresentam características distintas entre da também a espécie A. floridanus Gonzalez, de
as variedades, todavia, prevalecem manchas ocorrência também em outros países.
marrons que, com o passar do tempo, secam e Outrasestratégiasrecomendadascommedidas
destacam-se, causando-lhes a morte. Nos frutos, complementares para o controle da leprose dos
surgem manchas deprimidas, corticosas, mar- citros devem ser implementadas, como: i) utilizar
rons, podendo ser observadas lesões com anéis mudas sadias, ii) eliminar fontes de inóculo da
concêntricos. doença mediante poda de ramos contaminados,
Plantas com sintomas da doença têm sua iii) adotar medidas para evitar, quando possível,
capacidade fotossintética reduzida, acentuada culturas hospedeiras adjacentes, iv) escolher cer-
desfolha, ramos secos e intensa queda de frutos. cas-vivas e quebra-ventos não hospedeiros do
A incidência severa da moléstia pode tornar um ácaro ou do vírus, v) controlar plantas daninhas
pomar economicamente inviável, dada a baixa reconhecidamente hospedeiras do ácaro, vi) evitar
produtividade e redução no tamanho dos frutos, o uso de material de colheita infestado, vii) impe-
embora não afete a qualidade do suco (Chiavega- dir o trânsito desnecessário de pessoas e veículos
to et al., 1982; Rodrigues, 2000). no pomar, viii) restringir o uso de roçadeiras para
Uma das estratégias do manejo integrado evitar a poeira, condição que favorece o ácaro, ix)
de pragas para amenizar o problema relativo à proceder colheita antecipada e total, não deixan-
leprose é a adoção de medidas que preservem a do frutos remanescentes, pois, nesses, ocorrem as
fauna predadora, bastante numerosa na cultura maiores densidades populacionais, ciclo mais cur-
dos citros. Dentre os predadores comuns em citros to e maior postura (Chiavegato, 1986; Oliveira,
na região Sudeste do Brasil, destacam-se os ácaros 1986). As maiores populações absolutas do ácaro
da família Phytoseiidae. A espécie mais comum é o são as residentes em folhas (mais de 80%), segui-
Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma (Moraes & das dos ramos e só então nos frutos (Rodrigues,
Sá, 1995; Reis et al., 2000), de coloração marrom- 2000, 2002). Isso ocorre em vista de as folhas,
Ácaros fitófagos dos citros 707

embora apresentando menores quantidades por Para definir o momento mais correto para pro-
unidade, possuem maiores áreas superficiais e ceder à aplicação do acaricida (nível de ação), re-
maior número de unidades na copa de citros. comenda-se efetuar levantamentos populacionais,
A poda ou erradicação de plantas intensa- semanalmente, nos períodos de maior ocorrência
mente infectadas pela leprose contribui para do acarino. O número de plantas a observar, é o
diminuir a fonte de inóculo no pomar e, con- mesmo adotado para o ácaro da falsa ferrugem
seqüentemente, a disseminação do vírus pelo (2%). Devem-se, todavia, avaliar três frutos do
ácaro. A escolha inadequada de cercas-vivas interior da copa, ao acaso, e ao redor da copa,
e quebra-ventos pode constituir grande ame- dando-se preferência àqueles com sintomas de
aça ao pomar, dada a possibilidade de, além verrugose e, na ausência deles, devem-se amos-
de serem hospedeiros do ácaro, também serem trar ramos. Considera-se infestado o fruto ou ramo
do vírus. Ulian & Oliveira (2001, 2002) citam, que apresente pelo menos um ácaro. O controle
como favoráveis ao desenvolvimento do ácaro, deverá ser iniciado quando, em 3% dos frutos ou
as seguintes plantas utilizadas como cercas- ramos, for constatada a presença de, pelo menos,
vivas e quebra-ventos (ordem decrescente): um ácaro (CATI, 1998). Outro método que pode
urucum, hibisco, malvavisco, grevílea, ponciros, também ser usado, é o da amostragem seqüencial
jambolão, sansão-do-campo, primavera e pínus. (Pinto et al., 1995).
Ervas daninhas, como picão-preto, trapoeraba, O produto a ser escolhido, deve ser seletivo
guanxuma e mentrasto, entre outras, devem ser aos inimigos naturais, atender aos requisitos para
controladas no pomar (Ehara, 1966; Trindade, evitar a seleção de indivíduos resistentes, oferecer
1990). segurança aos aplicadores e ser eficaz no con-
Após estudo sobre colonização de B. phoenicis trole do acarino (Oliveira et al., 1983, 1991b).
Maia & Oliveira (2004) constataram que as cer- Preocupações com a seleção de resistência a
cas-vivas e os quebra-ventos mais favoráveis ao acaricidas têm sido crescentes (Omoto, 1998)
ácaro, em ordem decrescente, foram: Malvaviscus e resistência aos acaricidas tem sido detectada
molis (Aiton) DC. (6.342 ácaros), Hibiscus sp. (Alves et al., 2000).
(2.546), Bixa orellana L. (2.097), Grevilea robusta Apesar dos esforços para controlar o ácaro, a
A. Cunn. (1.485), Mimosa caesalpiniaefolia Benth doença continua nos pomares provocando perdas
(776). Nenhum ácaro foi encontrado em Euphor- significativas. Estratégias para quebrar o ciclo
bia splendens Bojer ex Hooks. Com relação às vírus-vetor são apresentadas por Rodrigues et al.
plantas invasoras, foram encontradas as seguintes (2001) e Childers et al. (2001). Rodrigues (2002)
quantidades de ácaros: Bidens pilosa L. (2.238), e Rodrigues et al. (2002) discutem estratégias
Commelina benghalensis L. (920), Sida cordifolia para que o foco do controle seja orientado em
L. (738) e Ageratum conyzoides L. (684). A presen- função de variáveis da doença integradas com as
ça desses vegetais, com exceção de E. splendens, peculiaridades do vetor, além de sua viabilidade
pode representar uma ameaça à cultura. econômica.
A transmissibilidade do vírus da leprose através
do B. phoenicis, de grevílea (G. robusta) e trapoe- 5 Família Tetranychidae
raba (C. benghalensi) para citros, foi constatada
através de microscopia eletrônica de transmissão Várias espécies de tetraniquídeos ocorrem
(Nunes et al., 2004). em citros, sendo o ácaro purpúreo, Panonychus
O manejo adequado da cultura pressupõe, citri (McGregor) a espécie mais importante como
ainda, o emprego de defensivos agrícolas que praga. As demais espécies são pragas eventuais
controlem o vetor, B. phoenicis; para tanto, os pro- em uma ou outra área. Atualmente, com a uti-
dutos devem ser eficazes e seletivos, preservando lização de estufas para produção de mudas
o equilíbrio biológico do sistema. Por tratar-se de cítricas, algumas espécies de tetraniquídeos têm
uma cultura perene, é imperativo que se adote a sido mais freqüentemente observadas causando
rotação de ingredientes ativos com base no grupo danos (Figura 5). Especial atenção deve ser dis-
químico e no modo de ação para evitar a seleção pensada no controle dessas populações, pois,
de indivíduos resistentes, que poderão aparecer esses ácaros usualmente desenvolvem rapida-
em decorrência do uso intenso e prolongado de mente resistência para acaricidas utilizados em
um mesmo defensivo. seu controle.
708 CITROS

Figura 5 Sintomas de amarelecimento em folha de laranjei- O corpo da fêmea adulta é relativamente gran-
ra (esquerda) no campo e devidos à alimentação de ácaros de, arredondado, robusto, achatado, com, aproxi-
Eotetranychus sexmaculatus e sintomas de despigmenta- madamente, 500 µm de comprimento e coloração
ção (direita) em folhas de Citrus aurantiifolia, em estufa, variável de bronze-amarelo-brilhante com man-
pelo ataque de Eutetranychus banksi
chas esverdeadas a marrom-escuro-esverdeadas,
próximo das margens laterais (Muma, 1961). Às
vezes, as manchas escuras no dorso encontram-se
dispostas em forma de “H”, sendo os espécimes
mortos e secos, de coloração avermelhada. Suas
pernas são longas e amarelo-rosadas.
Os machos têm o corpo menor, triangular, e va-
riam de bronze a marrom-brilhante, com manchas
mais escuras, esverdeadas, nas margens laterais
do corpo (Muma, 1961). As pernas são ligeira-
mente mais longas e de cor bronze-claro.
O ácaro texano realiza a postura ao longo das
nervuras ou nas bordas das folhas. Os ovos são
achatados e semelhantes a um disco com uma bor-
da finamente arredondada. São amarelo-claros
logo após a postura e verde-escuros ou marrons
próximo à eclosão das larvas (Muma, 1953), as
quais são amarelo-esverdeadas, com três pares de
Fotos: J.C.V. Rodrigues patas que as diferenciam das demais fases. As nin-
fas são semelhantes às fêmeas adultas, diferindo
5.1 Eotetranychus sexmaculatus destas quanto ao tamanho. Esse ácaro se dispersa
(Riley): Six-spotted mite rapidamente quando molestado. Não tece teias
como as outras espécies da família.
A fêmea adulta desse ácaro é de coloração Devido ao seu hábito de alimentar-se na super-
amarelo-pálida; o corpo, oval, em torno de 0,35 fície superior das folhas, as chuvas podem arrastá-
µm de comprimento, com um a três pares de man- los e, como conseqüência, exercer um importante
chas escuras na parte superior. E. sexmaculatus fator de redução da população. Baixa umidade
apresenta o corpo um pouco menor que os ácaros relativa, temperaturas acima de 27 °C e ausência
purpúreo e texano. Longas setas são visíveis na de chuvas são as condições favoráveis para o
porção dorsal do corpo. Os machos têm o corpo crescimento populacional desse acarino. Embora,
mais estreito e pernas mais longas que as fêmeas. esporadicamente, seja encontrado nos meses chu-
Geralmente, são encontrados ao longo do pecíolo, vosos, sua maior incidência se dá nos meses de
junto às nervuras na superfície inferior das folhas, maio a setembro (Oliveira, 1994).
onde constituem colônias cobertas por teias. Os Sua infestação, nos EUA, é mais intensa no
ovos são arredondados, amarelados, e com uma quadrante sul das plantas cítricas (Dean, 1959).
curta haste projetada verticalmente. Nos últimos anos, sua população tem aumentado
nos pomares do Estado de São Paulo (Chiavegato,
5.2 Eutetranychus banksi (McGregor): 1991; Oliveira, 1994), provavelmente, em razão
ácaro texano do uso de produtos químicos não seletivos. Esse
incremento foi observado também por Simanton
O ácaro está presente em áreas citrícolas dos (1976b) em pomares da Flórida.
EUA, especialmente no Texas e na Flórida, onde é Como resultado da alimentação do ácaro na
considerado praga importante. Também foi obser- superfície superior das folhas, estas tornam-se
vado na Costa Rica, no México e em vários países marrom-amareladas, e podem cair prematura-
da América do Sul (Ochoa et al., 1991). No Brasil, mente. Como o ácaro purpúreo, a alimentação
sua ocorrência em citros foi constatada por Bondar acarreta um salpicado prateado nas folhas devido
(1928). A relação de plantas hospedeiras tem au- à remoção da clorofila. Nos frutos, atacam toda
mentado e, nos últimos anos, sua incidência tem a superfície, porém concentram-se próximo ao
crescido gradativamente nos seringais paulistas. pedúnculo e à coroa (Oliveira, 1994).
Ácaros fitófagos dos citros 709

Em vários pomares de citros, sua população branco-rosadas, projetando-se de robustos tubér-


tem sido naturalmente controlada por predado- culos dorsais presentes no tegumento. Os machos
res. Dean (1952) sugeriu que o ácaro predador, são menores (300 µm), tendo, posteriormente, tons
Iphidulus finlandicus Oudms., pode provocar também avermelhados (Figura 6). Pelo tamanho e
redução da população, em razão de sua alta fre- coloração, são facilmente visíveis sobre as superfí-
qüência nos pomares do Texas. São citadas, tam- cies das folhas, frutos e ramos (Oliveira, 1994).
bém, outras espécies de predadores que atacam
o acarino, como: Tydeus spp., Pronematus spp., Figura 6 Ácaro vermelho (Panonychus citri) em fruto. Le-
Balanstium spp., Amblyseius spp. e Bdella spp. genda: E = exúvia, F = fêmea, M = macho, e O = ovo
(Dean, 1952). Dado o uso intensivo de acaricidas
na cultura dos citros, a resistência da espécie a
vários ingredientes ativos é especulada.

5.3 Panonychus citri (McGregor):


ácaro purpúreo

O P. citri está presente em quase todas as re-


giões citrícolas do mundo. Atribui-se sua origem,
à região sudeste da Ásia, em razão de esta ser a
dos citros (McMurtry, 1985; Bolland et al., 1998),
embora tenha sido originalmente descrito em limo-
eiros na Flórida, (Jeppson et al., 1975). No Brasil,
foi observado primeiramente, por Flechtmann &
Baker (1970).
Considerado como uma praga economicamen-
te séria em várias regiões produtoras (Jeppson et
al., 1975), os picos de infestação podem variar
dentro das estações do ano, bem como entre elas
(McMurtry et al., 1992). Todavia, Hare & Phillips Foto: J.C.V. Rodrigues
(1992) e Hare et al. (1992) não conseguiram
comprovar relação do seu ataque em folhas e Os ovos, de 130 a 150 µm de diâmetro, são
conseqüente perda econômica, em quatro anos avermelhados, quase esféricos, pouco achatados,
de estudos em pomares de laranja na Califórnia, contendo no centro um longo prolongamento. As
inferindo que até dez fêmeas adultas por folha larvas apresentam coloração vermelho-clara, es-
poderiam ser toleradas sem perda econômica curecendo à medida que os ácaros atingem a fase
significativa. adulta. A proporção de sexo é de 52,5% de fêmeas
Sua ocorrência no Estado de São Paulo tem para 47,5% de machos. A longevidade das fêmeas
sido mais freqüente na região citrícola de Limei- é de 11,5 dias e, dos machos, de 8,5 dias. Estes
ra, comparativamente à de Bebedouro. Naquela, permanecem ao lado das telocrisálidas das fême-
altas infestações têm sido registradas, principal- as, copulando-as logo após a emergência. Cada
mente após sucessivas aplicações de produtos de macho pode copular de 4 a 8 fêmeas, enquanto
largo espectro de ação, como os piretróides. Pelas estas são copuladas uma única vez (Flechtmann &
mesmas razões, estudos em várias partes do mun- Amante, 1974; Chiavegato, 1988). Constatou-se,
do, como África do Sul, Austrália, Japão e EUA, que há uma variação quanto ao número de ovos/
indicaram que P. citri é uma séria praga. fêmea e longevidade, quando os ácaros são cria-
O ácaro tem como plantas hospedeiras, prin- dos sobre frutos e folhas de limão Siciliano, sendo
cipalmente, as do gênero Citrus (Meyer, 1987; as folhas mais adequadas ao desenvolvimento do
Bolland et al., 1998), além de pereira, mamoneira, acarino (Chiavegato, 1988). A diapausa de ovos
gramíneas e cinamomo (Chiavegato, 1991). foi observada em regiões frias do Japão (Shinkaji,
As fêmeas, cujo corpo é de contorno ovalado, 1979).
medem ao redor de 500 µm. São de coloração Keetch (1971), estudando a biologia do aca-
vermelho-intensa, purpúrea, com longas setas rino a 24 °C e umidade de 55%, sobre frutos
710 CITROS

de limão e Valência, verificou que o período de Dado o diminuto tamanho dos fitoseídeos, eles
incubação é de 7 a 9 dias, sendo a duração dos sobrevivem em baixas densidades da presa. Ata-
estádios: larval, 2 dias; protoninfal, 2 dias, e cam todos os instares ativos de tetraniquídeos e,
deutoninfal de 1 a 3 dias; pré-oviposição de 1 a também, ovos. Mais detalhes sobre o papel desse
2 dias e ciclo de 17 dias. Todavia, Jeppson et al. grupo de ácaros predadores podem ser obtidos em
(1975), em condições de laboratório, citam que consulta da revisão de McMurtry & Croft (1997).
o ciclo se completa em 14 dias, à temperatura Ferragut et al. (1992) citam que E. stipulatus e
constante de 26 °C. Typhlodromus phialatus Athias-Henriot são preda-
Sua ocorrência é esporádica, porém é mais dores importantes de P. citri na Espanha. Ambas as
comum nos meses secos do ano, que coincidem espécies têm uma preferência pelas fases imaturas,
com os do inverno, em nossas condições. O aca- sendo que E. stipulatus não se alimenta de ovos. A
rino é sensível a dias extremamente quentes ou a alimentação de pólen é um aspecto importante da
períodos de prolongada umidade relativa do ar ecologia de muitas espécies de fitoseídeos, inclusi-
(Oliveira, 1994). ve os dos gêneros Euseius e Amblyseius, pois per-
Os ácaros atacam folhas, ramos e frutos. Às mite o crescimento e a manutenção de populações
folhas e aos frutos causam inúmeros pontos ama- na ausência de alta densidade da presa (Huffaner
relados (mosqueamento) e, em ataques severos, & Messenger, 1976; Zhimo & McMurtry, 1990).
podem ocasionar queda de folhas e seca de pon- Yue & Tsai (1995) relataram que o estigmeídeo
teiros. Os danos são mais intensos quando ocorre Agistemus exsertus Gonzalez é predominantemen-
alta infestação em período de longa estiagem (Oli- te predador de P. citri, alimentando-se de ovos,
veira, 1994). Os danos às folhas, que são mais sugerindo que predadores cuja preferência é
freqüentemente infestadas que os frutos, inibem a para alguma fase específica de desenvolvimento,
fotossíntese, reduzindo o vigor da planta (Kranz et podem ter um controle mais efetivo. Matioli et al.
al., 1977). Os danos são mais severos quando as (2002) que descreveram as duas novas espécies
plantas estão submetidas a estresse hídrico, o que de estigmeídeos que ocorrem nos pomares citrí-
provoca aumento da transpiração, à baixa umida- colas do Estado de São Paulo, elaboraram uma
de relativa do ar, ao excesso de vento, e quando chave taxonômica de gêneros de Stigmaeidae e
o sistema radicular é deficiente. Em tais situações, Eupalopsellidae, incluindo espécies associadas a
a queda de folhas pode ser severa (Jeppson et al., citros.
1975). A irrigação pode ser um fator importante As principais famílias predadoras de ácaros dos
para reduzir esse dano econômico (Hare et al., citros,deacordocomChiavegato(1991)eMoraes&
1992). GestaldoJunior(1992)são:Phytoseiidae,Ascidae,
Provavelmente, os ácaros fitoseídeos sejam os Stigmaeidae,Tydeidae,Cheyletidae, Cunaxidae e
predadores mais importantes de P. citri, poden- Eupalopsellidae. A principal, família Phytoseidae,
do desempenhar um efetivo controle. Entre eles, tem mais de 1.500 espécies no mundo, mais de
incluem-se os dos gêneros Amblyseius, Euseius, 50 reportadas no Brasil (Moraes, 1992), sendo as
Typhlodromus, Phytoseiulus e Metaseiulus. As es- precípuas: Amblyseius largoensis (Muma), Euseius
pécies de Amblyseius e Euseius, consideradas ge- vivax (Chant & Baker), E. concordis (Chant), E. ci-
neralistas, atacam várias famílias de ácaros, como trifolius (Denmark & Muma) e Iphiseioides zuluagai
também tripes. Euseius stipulatus foi introduzido Denmark & Muma (Chiavegato, 1991).
na Califórnia, em 1971, através de populações Freqüentemente, observam-se vírus de não-
procedentes do Mediterrâneo; encontram-se bem -inclusão que atacam P. citri no campo, os quais
estabelecidas e promovendo um controle conside- podem desempenhar um papel importante no
rável (Ferragut et al., 1992), enquanto Phytoseiulus controle de populações do ácaro (Shan et al.,
spp. são tidos como predadores especialistas, pre- 1968). McMurtry et al. (1979), em laranjais da
dando, exclusivamente, tetraniquídeos (DeBach & Califórnia, informaram que uma doença causada
Rosen, 1991). por vírus de não-inclusão exerceu importante fator
McMurtry et al. (1992) relataram que E. sti- na mortalidade e supressão de altas populações
pulatus é o mais eficiente predador de P. citri em de P. citri (16 ácaros folha-1) e em baixas (2 a 3
baixas densidades populacionais, reduzindo a ácaros folha-1). Esses vírus conduzem à paralisia
dispersão e o crescimento da praga, porém não é dos ácaros, podendo ser introduzidos no pomar
eficiente em altas densidades. através de borrifamentos sobre a população ou
Ácaros fitófagos dos citros 711

liberando ácaros doentes. O vírus é transmitido urticae, concluíram que ambas pertecem à mesma
horizontalmente entre indivíduos, particularmente espécie, embora tenham observado certa incom-
por excreções contaminadas, e não verticalmente patibilidade genética.
(transovarialmente). O emprego de técnicas de biologia molecular
Fungos da ordem Entomopthorales infectam pode contribuir para uma mais precisa identifica-
P. citri e podem ser responsáveis por até 95% ção das espécies (Navajas et al., 1992). Goka et
de mortalidade de ácaros no campo. Os ácaros al. (1996), no Japão, analisando geneticamente T.
mortos pela ação dos fungos tornam-se dilatados urticae e T. cinnabarinus através de um marcador
e adquirem aspecto de queijo. Sob condições de de aloenzima, verificaram que cada forma apre-
umidades altas, produzem-se grandes quantida- sentava alelos específicos para o marcador, sem
des de conidióforos acinzentados na superfície que ocorresse a sua sobreposição entre as popu-
do corpo do ácaro. Entomopthora sp. causa alta lações de campo, sugerindo a ausência de fluxo
infecção em P. citri em citros da Flórida, quando al- gênico entre elas.
tas densidades do ácaro coincidem com chuvas de O T. cinnabarinus tem como hospedeiro gran-
verão ou com tempo nebuloso no outono e inverno de número de plantas, entre as quais algodoeiro,
(Simanton, 1976a). cítricos, quiabeiro, tomateiro, morangueiro, cucur-
Na Califórnia, Hare & Phillips (1992) e Hare bitáceas e várias outras plantas oleráceas. Acha-se
et al. (1992) concluíram que o nível econômico, distribuídos em muitos países da Europa, África,
previamente estabelecido, para o controle de P. Ásia, Austrália, Ilhas do Pacífico, América do Nor-
citri em citros, de duas fêmeas adultas por folha, te, Central e do Sul e Caribe. É muito comum em
era muito baixo, e que esse nível de controle pode- climas semitropicais, sobrepondo-se sua distribui-
ria ser tolerado, sem perda econômica, até duas a ção com a do T. urticae. Em regiões temperadas,
quatro vezes superior. Sugerem que os citricultores parece limitar-se às estufas.
tolerem populações mais altas de ácaros sem apli- Na África do Sul, o ácaro rosado foi cons-
cação de produtos químicos, apoiando-se em es- tatado em citros, pela primeira vez, em 1958,
tratégias do MIP, as quais promovem controle atra- no Sundays River Valley, tendo sido considerado
vés de inimigos naturais, combinadas com práticas muito prejudicial aos frutos de exportação, to-
culturais, para reduzir infestações da praga. davia, não mais em anos seguintes. Este ácaro,
contudo, ainda continua sendo praga séria
5.4 Tetranychus cinnabarinus (Boisdu- para outras culturas (Meyer, 1981).
val): ácaro rosado Os ovos são esféricos, com 150 µm de
diâmetro, translúcidos imediatamente após a
Pairam dúvidas, ainda, se T. cinnabarinus é postura, tornando-se esverdeados e, finalmente,
uma espécie distinta ou uma forma de Tetranychus marrom-escuros. A larva é verde-clara, com seis
urticae Koch. Meyer & Baker (1968) consideram- patas. Após o estádio larval, ocorre uma fase
nas espécies distintas. Isso se deve à presença ou de imobilidade, até atingir a de protoninfa, que
à ausência de pigmentação vermelha, lóbulos dife- apresenta uma coloração rosada. Antecedendo a
rentemente amoldados nas estrias, no lado dorsal fase seguinte, denominada de deutoninfa, ocorre
de fêmeas, inabilidade das formas vermelhas para mais um período de imobilidade, no qual o ácaro
diapausa e o fato de que cruzamentos entre as adquire a coloração avermelhada. Em ambos os
duas formas resultam em completa esterilidade instares ninfais, o acarino apresenta oito patas.
dos descendentes. Encontram-se, porém, ácaros Os adultos emergem depois de outra fase de
com lóbulos intermediários entre as duas formas e, imobilidade. As fêmeas medem ao redor de 600
pelo menos, um strain (variante) vermelho capaz µm de comprimento e apresentam coloração ver-
de desenvolver diapausa e que cruzam com certa melho-escura, enquanto os machos são menores,
facilidade com variantes verdes (Dupont, 1979). também avermelhados, e com a porção posterior
Kuang & Cheng (1990) verificaram que o isola- do corpo mais afilada.
mento reprodutivo entre T. cinnabarinus e T. urti- A duração do ciclo do T. cinnabarinus é muito
cae é completo, e constataram diferenças quanto influenciada pela temperatura. Hazan et al. (1974)
às isoenzimas. Gotoh & Tokioka (1996), porém, observaram que o período de ovo a adulto é de 24
em estudos experimentais, nos quais cruzaram a 29, de 14 a 17 e de 9 a 12 dias, às temperatu-
forma vermelha não-diapausal e forma verde de T. ras constantes de 19, 24 e 30 °C respectivamente.
712 CITROS

Resultados similares foram obtidos por Northcraft quatro pares de patas para, posteriormente, atingir
& Watson (1987). Na China, Qui & Li (1988), em afaseadulta.Asfêmeasmedem,aproximadamente,
algodoeiro, constataram que a temperatura ótima 500 µm de comprimento e os machos, 380 a 400
para seu desenvolvidmento foi 26 °C, sendo a de µm. O ciclo total é de 18 dias para o macho e 19,5
10 °C limitante. dias para a fêmea (Chiavegato, 1991).
Os predadores mais importantes são os A oviposição inicia-se um a dois dias após
ácaros fitoseídeos, principalmente os do gênero a cópula. Reproduzem sexuadamente, dando
Amblyseius, Typhlodromus e Phytoseius. Ácaros origem a macho e fêmea, e por partenogênese
stigmeídeos, como as espécies de Agistemus, arrenótoca, originando-se apenas macho.
também predam T. cinnabarinus. Entre os insetos Atacando as folhas, acarretam, inicialmente,
predadores,incluem-sepequenoscoleópteros(Ste- um ligeiro amarelecimento, que se intensifica com
thorus spp., Oligota spp.), percevejos (Orius spp.) o aumento populacional. Têm-se observado altas
e crisopídeos (Chrysoperla spp.). infestações desse acarino em mudas cítricas em
O ácaro fitotoseídeo Phytoseiulus persimilis condições de estufa, onde chegam a tecer grandes
Athias-Henriot tem sido usado com sucesso em quantidades de teias nas folhas apicais, seguida
cultivos em estufas para controlar T. cinnabarinus, de intensa desfolha, motivo pelo qual tem-se justifi-
em populações puras ou quando associado a T. cado a aplicação de acaricidas específicos.
urticae. Hessein (1978) mostrou que Typhlodromus Sua ocorrência nos pomares cítricos verifica-
athiasae Porath poderia suprimir T. cinnabarinus se nos meses secos do ano que correspondem
em mudas de limão. ao inverno nas regiões citrícolas do Estado de
São Paulo (Oliveira, 1994). Nos frutos, atacam
5.5 Tetranychus mexicanus (McGre- os verdes e os maduros, principalmente na re-
gor): ácaro mexicano gião estilar, causando descoloração de tecido
(Flechtmann & Paschoal, 1967).
Essa espécie infesta diversas plantas tendo, Dada a grande possibilidade de ocorrência de
provavelmente, os citros como seu principal hos- populaçõesresistentes,resultantesdousoexcessivo
pedeiro. Sua ocorrência foi assinalada no Méxi- de produtos químicos, é de suma importância a
co, EUA (Texas), Brasil e Argentina (Concórdia). adoção de estratégias de anti-resistência, como
Como hospedeiros, além dos citros, foi citado em rotação de acaricidas de grupos distintos, com o in-
Magnolia grandiflora L. e anonáceas, mamoeiro, tuito de evitar o surgimento de população resistente
pessegueiro, maracujazeiro, algodoeiro, cacauei- pelapressão de seleção,bem como paraprolongar
ro, macieira, nogueira-pecã, orquídeas, roseira, a vida efetiva desses ingredientes ativos, como é
pereira e caramboleira. preconizado pelo Comitê de Ação de Resistência a
O ácaro infesta a superfície inferior das folhas Inseticida (IRAC) (Wege & Leonard, 1994).
e as depressões dos frutos. As fêmeas apresentam
colorações variáveis, de alaranjado a vermelho-in- 5.6 Tetranychus urticae Koch: ácaro
tenso, que variam com o substrato de alimentação. rajado
Nos citros, especialmente sobre mudas, sua inci- O T. urticae foi considerado como parte de um
dência é mais freqüente e prejudicial. As fêmeas grupo de espécies bem parecidas pertencentes ao
são esverdeadas, com manchas escuras no dorso, gênero Tetranychus. Esse complexo de espécies in-
e tecem grande quantidade de teias (Chiavegato, clui aproximadamente 60 sinonímias, com grande
1991; Oliveira, 1994). número de diferentes hospedeiros e em diferentes
Osovossãoesféricosetransparentes,tornando-se partes do mundo.
amarelo-escurosquandopróximosàeclosão,sendo De acordo com McMurtr y (1985), o
sempre colocados suspensos nas teias. Medem 150 T. cinnabarinus e T. urticae são tratados como
µm de diâmetro e apresentam, em média, um perío- complexo Tetranychus urticae. Ocorrem em citros,
do de incubação de 6,5 dias. As larvas possuem três principalmente em regiões onde predomina o ve-
pares de patas, corpo arredondado e cor amarelo- rão seco, como nas áreas do Mediterrâneo, partes
clara e, à medida que se alimentam sobre as folhas e ao Sul da África e da Califórnia. Encontram-se
frutos novos, surgem pontos escuros no dorso. Após confinados na superfície inferior das folhas, onde
operíodolarval,passamsucessivamentepelasfases desenvolvem densas colônias com muitas teias.
de protoninfa e deutoninfa, nas quais apresentam Alimentam-se de folhas jovens, acarretando de-
Ácaros fitófagos dos citros 713

pressões e áreas cloróticas, podendo ser visíveis Epidemias de doenças fúngicas às vezes ocor-
na superfície superior da folha. Os estômatos são rem, particularmente, devida a Neozygites spp.,
afetados, interferindo em sua funcionalidade. O em condições quentes e úmidas.
tecido foliar tem o conteúdo de clorofila reduzido; O ácaro T. urticae tem como principal inimigo
em conseqüência, interfere na fotossíntese, na natural os ácaros fitoseídeos. Seu controle com
assimilação de gás carbônico e na transpiração. acaricidas é difícil, dada a grande possibilidade
Em altas infestações, pode ocorrer desfolha das do desenvolvimento de resistência a vários grupos
plantas. Os ácaros também colonizam os frutos e, de produtos químicos, após repetidas aplicações
alimentando-se sobre os frutos verdes, acarretam (Cranham & Helle, 1985). Em alguns casos, esses
um bronzeamento quando estes se tornam madu- ácarosdesenvolveramtambémresistênciacruzada
ros (Jeppson et al., 1975; Meyer, 1981). a outros grupos químicos. Thwaite (1991) consta-
O ovo mede 130 µm de diâmetro, é globular tou resistência para o ovicida clofentezine e resis-
e translúcido. A larva é verde-pálida e tem seis tência cruzada para hexythiazox.
pernas que, após dois instares ninfais, protoninfa Recentemente, produtos inibidores de respi-
e deutoninfa, intercalados de períodos de imobili- ração mitocondrial (METIs), como pyridaben,
dade, atinge a fase adulta. As ninfas possuem oito fenpyroximate, fenazaquin e tebufenpyrad, mos-
pernas e são de cor verde-pálida. traram-se menos eficientes, em vista da resistên-
A fêmea adulta mede 600 µm de comprimen- cia, constatando-se reduções na suscetibilidade a
to, é também verde-pálida ou amarelo-esverde- todas as combinações nesse grupo (Bylemans &
ada, com duas manchas escuras, localizadas Meurrens, 1997). Isso comprova a importância
lateralmente no dorso do corpo, que é oval e com da adoção de estratégias de anti-resistência que
setas bastante longas. No inverno, podem surgir
envolve a restrição de uso de acaricidas e rotação
fêmeas de diapausa de coloração laranja-aver-
de acaricidas pertencentes a grupos diferentes
melhada. Os machos têm o corpo menor, mais
(Wege & Leonard, 1994).
estreito e mais afilado.
O desenvolvimento do ácaro rajado é rápido,
5.7 Aponychus chiavegatoi Feres &
particularmente às temperaturas altas. Entre 30 e
Flechtmann: ácaro amarelo-alaranjado
32 °C, consideradas ótimas, a fase de incubação
do ovo demora 3 a 5 dias; a larval e ninfal, 4 a 5
Descrito em 1988, no Brasil, sobre plantas
dias, e o período de pré-oviposição, 1a 2 dias; o
cítricas, até então considerada única hospedeira.
ciclo completo dura 8 a 12 dias. Cada fêmea ovi-
põe, em média, 90 a 110 ovos durante sua vida, Conforme Feres & Flechtmann (1988), o ácaro
que dura cerca de 30 dias. possui coloração amarelo-esverdeada, com man-
Em cada local de sua ocorrência, são citados chas verde-escuras na margem dorsal do corpo.
inúmeros predadores, cujo valor é limitado para As setas do corpo são robustas e lanceoladas,
outras localidades. Os inimigos naturais mais serrilhadas e inseridas em tubérculos. As pernas
efetivos do T. urticae são os ácaros predadores são longas. Os machos assemelham-se às fêmeas;
pertencentes à família Phytoseiidae. Esses ácaros, todavia, com o corpo mais afilado posteriormente.
de vários gêneros, como Amblyseius, Euseius, O ovo é discóide com uma região próxima à mar-
Neoseiulus e Phytoseius, são capazes de regular gem dorsal deprimida e com o centro cônico do
as populações de T. urticae nos mais variados cul- qual emerge um fino prolongamento. O ovo, ini-
tivos. Phytoseiulus persimilis tem-se mostrado efeti- cialmente translúcido, passa a branco-amarelado
vo em cultivos de estufa e, por vezes, no campo, próximo à eclosão da larva.
porém, nessa condição, são necessárias liberações Infesta,preferencialmente,asuperfíciesuperior
adicionais para ampliar e manter o controle. das folhas, escolhendo as depressões e os locais
Vários insetos são capazes de predar o T. urti- próximos às nervuras. Não tece teias e ocorre
cae. Os mais comuns são os coccinelídeos (Stetho- em simpatria com populações de Eutetranychus
rus spp.), antocorídeos (Orius spp.), larvas de cri- banksi, com as quais é muito semelhante. As folhas
sopídeos (Chrysopa spp.), tripes (Scolothrips spp.), infestadas mostram pequenos pontos cloróticos,
estafilinídeos (Oligota spp.) e larvas de dípteros juntamente com exúvias ao longo das nervuras e
cecidomídeos, particularmente Feltiella acarisuga das regiões marginais das folhas. Não se conhece
(Vallot) (Helle & Sabelis, 1985a, b). a extensão de danos e medidas de controle.
714 CITROS

6 Família Tydeidae translúcido, oval, tornando-se opaco próximo


à eclosão; seu período de incubação é de 2 a
Recentemente, Lindquist (1998) considerou 5 dias. A fêmea protege sua postura, ovipondo
Tydeoidea como um grupo próximo a Eriophyioidea, nas depressões das folhas e reentrâncias dos
uma superfamília de fitófagos altamente especia- frutos e, principalmente, junto às sépalas, local
lizada. Essa hipótese é bastante nova e demonstra- onde se encontra um conjunto de ovos e ácaros
da por uma análise cladística das relações filoge- imaturos.
néticas entre as principais superfamílias ou linha- Por serem encontrados junto a áreas com te-
gens de Trombidiformes. As observações do autor cido descolorido, acreditava-se que esses eram
baseiam-se em uma série de caracteres ancestrais os sintomas de sua alimentação em citros. Se-
herdados. Embora algumas espécies de tideídeos gundo Aguilar (2001), o acarino não é fitófago,
tenham sido descritas como fitófagas típicas, a não se alimentando de plantas cítricas, mas, sim,
maioria foi descrita como omnívora, saprófaga, de fungos, pólen, secreções açucaradas produ-
fungívora, ou predadora de pequenos artrópodes zidas por homópteros, e de ovos e larvas de A.
ou de seus ovos (Kazmierski, 1998). pelekassi.
Thoreau-Pierre (1977), na Argélia, verificou
6.1 Lorrya formosa (Cooreman) que L. formosa, em citros, se alimentava de
detritos. As formas larvais e adultas alimentam-
A espécie foi descrita, em 1958, de material -se, também, de suas próprias exúvias e pupas
coletado em plantas cítricas no Marrocos. Ocorre de Aleurodes, e observou, também, colônias
nos seguintes países: Espanha, França, Argentina, alimentando-se de carapaças de cochonilhas
Brasil, Chile, Uruguai, Equador, México e Para- vivas ou mortas. Dado o seu comportamento,
guai (Baker, 1968; Aranda-Centurion & Flecht- foi considerada um organismo benéfico, desde
mann, 1969). Também foi encontrada no Brasil, que se alimenta de restos animais e, portanto,
associada com chuchuzeiro, dália, pereira, mamo- contribui para a sanitização das folhas. De
eiro, mangueira, Sechium edule, Cola acuminata e acordo com Ueckermann & Meyer (1979), L.
Araucaria augustifolia (Flechtmann, 1973). formosa é atraída pela substância açucarada
Adultos dessa espécie medem ao redor de excretada por cochonilhas a qual favorece o
180 a 200 µm de comprimento, apresentam crescimento de fungos que também lhes servem
coloração amarelada, mostrando-se mais escu- de alimento. Mendel & Gerson (1982) também a
ros dorsalmente (Figura 7). As fases imaturas, consideraram como um agente de sanitização,
larvas e ninfas são esbranquiçadas. O ovo é por alimentar-se de fumagina em plantas cítri-
cas, em Israel.
Figura 7 Colônia do ácaro Lorrya formosa (Tydeidae) em A importância de estudar os ácaros tideídeos
citros. Legenda: A = adulto, e E = exúvia nos citros na Flórida foi ressaltada por Childers
(1994), aventando a hipótese de que a espécie
pode interferir na população de ácaros-praga.
Lorrya formosa, Pseudolorrya mumai e Tetranychus
gloveri foram avaliados como possíveis preda-
dores do Aculops pelekassi: somente L. formosa
mostrou uma resposta positiva (Aguilar, 2001).
Essa foi a primeira evidência de L. formosa ata-
cando outra espécie de ácaro. O ácaro da falsa
ferrugem dos citros foi oferecido como presa a L.
formosa, da mesma maneira como A. pelekassi,
porém não foi observada nenhuma tentativa de
atacar ou alimentar-se de P. oleivora (Aguilar,
2001). Outro aspecto importante levantado foi
que populações de tideídeos podem servir como
alimento alternativo na manutenção de espécies
de predadores, quando estiverem baixas as po-
Foto: J.C.V. Rodrigues pulações de ácaros-praga.
Ácaros fitófagos dos citros 715

6.2 Pseudolorrya mumai (Baker) e Estudos de Aguilar (2001) demonstraram que


Parapronematus acaciae Baker P. mumai e P. acaciae reproduzem tendo como
alimento colônias de Colletotrichum sp., coletadas
A espécie P. mumai foi coletada em frutos, no campo e mantidas em laboratório por um mês.
folhas e ramos de plantas cítricas no Brasil, en- Além disso, foram encontrados esporos de fungos,
quanto P. acaciae foi encontrada em citros no supostamente de Penicillium sp. e Colletotrichum
Brasil e na República Dominicana. Além dos sp., no aparelho digestivo de L. formosa e Tydeus
cítricos, foi encontrada em sansão-do-campo californicus (Banks). Esses estudos demonstraram
(Mimosa caesalpiniaefolia Bentham) empregado a natureza fungívora de P. mumai, P. acaciae, L.
comumente como cerca-viva e quebra-ventos no formosa, T. californicus e Tydeus gloveri (Ashme-
Estado de São Paulo. ad). A espécie L. formosa parece ter maior diver-

Figura 8 Ácaros observados em laranjeira Pêra: cada ponto representa o somatório de cem folhas novas,
cem folhas velhas e cinqüenta frutos por local amostrado; avaliaram-se 5 cm2 na superfície abaxial das fo-
lhas e na lateral dos frutos e os pomares amostrados não receberam pulverização com acaricidas desde três
meses antes do início até o final das avaliações

Fonte C.A.L. Oliveira - dados não publicados


716 CITROS

sidade de fontes de alimento, atuando também e 10, encontram-se os resultados de um expe-


como um predador e saprófita. rimento desenvolvido em Bebedouro, Guaraci,
Jaboticabal e Taiúva (SP), entre 1979 e 1985.
7 Considerações finais Esses dados refletem um pouco da complexidade
populacional das espécies de ácaros que ocorrem
O pomar cítrico é um ambiente extremamen- na planta cítrica.
te complexo no que concerne às populações de Na Figura 8 são apresentadas as curvas dos
artropódes. Os acarinos, pelo seu diminuto tama- níveis populacionais dos ácaros fitófagos P. olei-
nho e grande diversidade de espécies, encontram vora, P. latus e Tetranychidae (T. mexicanus + E.
na copa da planta de citros inúmeros nichos. Isso banksi) e dos predadores Phytoseidae (I. zuluagai
propicia uma complexa interação entre os dife- + Euseius spp.), dos ácaros fungívoros Tydeidea
rentes grupos de ácaros refletida pela análise e do vetor do vírus da leprose, B. phoenicis. No
das dinâmicas populacionais. Nas Figuras 8, 9 decorrer dos anos, observa-se uma tendência

Figura 9 Ocorrência de ácaros nas folhas e frutos de laranjeira Pêra: em cada local foram amostradas em dez
plantas e mensalmente, dez folhas novas (FN)/planta, dez velhas (FV)/planta e cinco frutos/planta; a conta-
gem dos ácaros foi realizada com auxílio de estereomicroscópio numa área de 5 cm2 na superfície abaxial
da folha ou na lateral do fruto (Fr)

Local Local

Fonte C.A.L. Oliveira - dados não publicados


Ácaros fitófagos dos citros 717

decrescente na curva dos níveis populacionais Figura 10 Danos provocados pelo ácaro da falsa ferrugem
dos ácaros fitófagos e dos predadores. Os ácaros Phyllocoptruta oleivora em pomares laranjeira Pêra: mé-
fungívoros Tydeidae e vetores do vírus da leprose, dias de cinco frutos/planta e dez plantas por local
B. phoenicis, apresentam seus picos populacio-
nais sobre folhas e frutos amostrados na planta, A
sendo a curva de tendência populacional próxi-
ma à estabilidade no decorrer do período.
As espécies de ácaros apresentam preferên-
cias e extratificações características referentes à
ocorrência relativa nos diferentes nichos situados
na copa da planta de laranjeira (folhas novas,
folhas velhas e frutos). Levantamentos mensais
realizados de 1979 a 1983 naqueles mesmos
municípios (Figura 9), onde as plantas não rece-
beram tratamento acaricida, demonstraram que
ácaros Brevipalpus foram obtidos principalmente
de frutos, enquanto P. latus, de folhas jovens. Os
Tetranychidae e os Phytoseiidae foram amostra-
dos principalmente, em folhas velhas (maduras).
Deve-se considerar que à dinâmica desses ácaros B
entre os diferentes nichos no interior da copa é
influenciada pela disponibilidade (e.g. frutos não
disponíveis durante o ano e cujo tamanho altera-
se consideravelmente) e a relativa abundância
de cada nicho (e.g. folhas em maior número,
embora para algumas espécies abriguem menor
número de ácaros por unidade).
Considerando a associação de danos causa-
dos pela populações acarinas, diversos fatores
interferem na sua intensidade. Os principais deles
são local, manejo e estágio fenológico das plan-
tas durante o pico populacional da praga. Obser-
Fonte C.A.L. Oliveira - dados não publicados
va-se que a severidade dos danos causados por
P. oleivora em pomares de Pêra (não pulverizados
com acaricidas) em diferentes municípios, duran- 8 Agradecimentos
te inspeções mensais entre 1980 e 1982, ocorre
em resposta ao local e à safra (Figura 10A), e Agradecemos aos editores o convite para
também à estreita relação com a abundância do preparar esse capítulo. Ao Dr. Carlos H.W. Fle-
ácaro no período de desenvolvimento dos frutos chtmann a leitura crítica na primeira versão do
(dezembro e maio de cada ano) (Figura 10B). texto. À D.S. Achor (Universidade da Flórida,
A necessidade de aprofundar esses estudos é Citrus Research and Education Center), as fotos
crucial, a fim de quebrar os ciclos de ressurgência em microscopia de varredura dos ácaros da falsa
das principais pragas, otimizando o emprego das ferrugem dos citros e ao Dr. Bonifácio P. Maga-
diferentes práticas de controle. lhães (Embrapa), a revisão do manuscrito.
718 CITROS

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