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Revisão da sessão anterior:

Há uma lógica viciosa e intransponível no porquê de alguns coração serem muito grandes
(girafas) ou de alguns rins terem um rácio de filtração diferente (animais no deserto), no
sentido de viver para deixar o máximo de copias dos nossos genes na próxima geração.

Da mesma forma que podemos otimizar o tamanho do coração da girafa devido ao tamanho
do seu pescoço, também podemos otimizar as nossas estratégias comportamentais.

3 grandes blocos de construção da evolução do comportamento:


1- Seleção individual: própria reprodução; fazer o possível para obter outras copias do
genes na próxima geração
2- Seleçao de parentesco: comportamento cooperativo - somos obcecados com o
parentesco; quem conta como um “nós”, quem conta como um “eles” em termos de
comportamento cooperativo
3- Altruísmo reciproco: há um mundo largo em que não precisamos de estar relacionados
para cooperarmos. Há uma serie de espécies no mundo que otimizam o
comportamento consoante quando cooperar e quando desertar.

Hoje:

Nas reportagens da BBC e Nathional geohgraphic é comum vermos comentários de que somos
a única espécie a matar por prazer. Mas por volta dos anos 70, alguns investigadores foram até
aqueles moldes que nós temos de achar que os bebés são queridos e por isso são significativos
para reduzir a agressão. Biologistas ao estudar espécies constataram infanticídio e, de repente,
não é apenas a espécie humana que mata. E constatam-se padroes neste infanticídio
competitivo:
- costuma ser homens adultos que matam crianças;
- não é aleatório quem mata quem – é mais provável que seja o filho de outros machos >
estratégias competitivas para impedir o sucesso reprodutivos dos outros;
- outro padrao encontrado é que o intervalo médio de partos entre mulheres é maior que o
tempo médio de um homem de alto escalão. Significa que se você é um tipo de baixo escalão,
e andou no ginásio todo este tempo e agora está finalmente em posição de iniciar o macho
alfa e dominar todo o grupo e, caramba, toda fêmea do grupo tem um recém-nascido que vai
cuidar dos próximos dois anos e meio e elas não ovularão por cerca de três anos e você só será
um alfa por cerca de apenas 1 ano e meio – em média, o tempo em que você estará apto para
ser reprodutivamente ativo é menor que o tempo que as fêmeas da mesma espécie cuidam
dos filhos e por isso não ovulam e ainda surge a lógica de “vai e mata os filhos” por 2 razoes:
matando-os estamos a diminuir o sucesso reprodutivo de outros machos e, alem disso, a
femea por já não ter de cuidar do filho, irá ovular brevemente. Isto é um padrão encontrado
em algumas espécies de macacos, leões e gorilas da montanha.

Animais não se comportando para o bem das espécies ou do grupo com esta estratégias de
seleção individual.

Na seleção de parentesco não se vê infanticídio competitivo. Portanto é a única forma de


haver machos no grupo que não matam os filhos. Portanto e algumas espécies, o que vemos é
que a presença de outros machos o grupo, provoca o aborto nas fêmeas gravidas (como em
cavalos selvagens). O novo macho lá provoca incomodo na fêmea gravida e ela aborta. O
mesmo acontece em algumas espécies de roedores, aparece um novo macho e a fêmea
grávida e o cheiro do novo macho pode provocar aborto. Aqui vamos ao sistema olfatório para
libertar hormonas do stress que interrompe a maturação uterina e abortam > aborto induzido
pelo olfato. O que acontece é que ela invés de ter um filho com chances de ser morto, há um
aborto e ela volta a ovular e volta a ter possibilidade de passar copias dos seus genes.
Acontece o mesmo com hamsters: eles são migratórios, a partir do momento que estão com
uma femea que tem filhos, sem probabilidade que eles sejam desse macho, eles matam.
O aborto acontece mesmo com machos parentes.

Então o que fazer para maximizar as copias na próxima geração?


- Temos um bebé que precisa de proteção. Você protegeria esse bebé ao ponto de ser você o
morto? Provavelmente não. Não vemos fêmeas a fazer isso. Onde vemos maior motivação
para as fêmeas defenderem os seus filhos ao ponto de elas poderem ser magoadas é nas
fêmeas mais velhas que são menos prováveis de ter outo filho. A avó materna, que não tem
potencial reprodutivo, é mais provável de proteger a crianças. Quanto mais velha é a mae,
mais vigorosamente ela defende e a avó defende mais ainda.
- podemos ainda fazer outra coisa mais esperta: no mundo das gravidas, quando um macho
novo é introduzido (e o macho é perfeitamente feliz a assediar uma fêmea gravida), algo
acontece fisiologicamente que confere às fêmeas uma das melhor formas de manipular os
machos de todos os tempos: pseudo-estro. Estral é o termo quando a femea está a ovular ou é
sexualmente receptiva; é o cio. E muitas espécies primatas dão sinais externos quando estão
ovulando, há um ingurgitamento nos tecidos à volta da vagina e da extremidade traseira, que
os humanos não fazem – então elas mandam estes sinais, só que ela não está a ovular porque
ela está gravida – está pseudo-ovulando. E quando o filho nasce, os machos não são
infanticidas depois porque julgam ser os seus filhos.
- temos dois machos, um de baixo escalão e um alfa. O de baixo escalão está aterrorizado e ao
ver um bebé agarra-o contra o peito. As versões mais obsoletas da National Geographic é que
os bebés são queridos, e ninguém seria capaz de fazer mal a outro com um bebé. Mas as
interpretações mais contemporâneas, indicam que o macho subordinado agarra uma criança e
abraça-a quando vê que aí vem um macho ameaçador – não há aleatoriedade aqui também:
quando há este “sequestro”, eles agarram as crianças que são capazes de serem os filhos
daquele macho (uma vez que o alfa está em muito maior vantagem de reproduzir e ter filhos
algures) > chantagem é uma estratégia lógica de competição. E o que vemos nos primatas é
que estas estratégias e noções de sequestro e chantagem coerciva são pensadas (porque eles
percebem quando fazem algo de errado).
- há hierarquias/sistemas de ranking nas primatas fêmeas em muitas espécies, que indica que
você conseguiu uma classificação abaixo da sua mãe. você herda sua classificação. A sua mãe é
a fêmea alfa. Você é a primeira filha dela, por isso é a numero 2. E assim que ela tenha outra
filha, a sua irmã é a número 3, até você ter a sua primeira filha, que faz com que a sua irmã vá
um grau abaixo. As hierarquias entre as fêmeas é inteiramente nepotista. E isso é explica pela
seleção de parentesco: sistemas dominantes em todas as espécies sociais são construídos à
volta do nepotismo de parentes.
- você é uma fêmea gravida. O quanto custará ter um bebé macho vs femea? E qual será a
probabilidade reprodutiva de ter um macho vs femea? Suponhamos que estamos em espécies
de torneio: alto grau de variabilidade de machos no sucesso reprodutivo porque 5% deles são
responsáveis por 95% dos vencimentos, portanto, se você procura um filho - como 90% dos
filhos correndo por aí, nunca se reproduzem. e você ganha o jackpot e tem os 5% no topo, e
cada um deles gosta de ter 30 filhos diferentes, gostar de machos de uma espécie de predador
é uma grande aposta, é uma jogada arriscada; No entanto, para uma fêmea, não há primatas
fêmeas que tenham 420 filhos porque põem ovos como um salmão. na maioria das mulheres,
a menos que tenham algum problema de fertilidade, todas elas têm algo em torno de um a
cinco filhos, ao longo da vida, como primatas do velho mundo, portanto a variabilidade das
mulheres é menor. Em outras palavras, ter uma filha é uma estratégia conservadora de passar
copias dos genes. E ter um filho é uma estratégia de risco. E o que prediz são duas coisas: em
hierarquias dominantes, fêmeas com maior ranking mostram tendência para ter mais filhos
que filhas; e fêmeas em baixo ranking, exatamente o oposto / a outro predição é quando
circunstancias ecológicas ficam duras, quando os tempos são difíceis, você quer ir para a prole
que custa menos e um feto feminino é menos calórico do que um feto masculino e, portanto,
em tempos de pressão ecológica, a percentagem de fêmeas a nascer deverá aumentar. e como
uma medida do fato de que os machos são mais caros como fetos, algo como 53% das
fertilizações em seres humanos são machos, uma proporção de 53% a 47%. E ao longo da
gravidez, o aumento da vulnerabilidade metabólica dos fetos masculinos é tal que, quando o
nascimento chega, é por volta de 51-49. E não é até a adolescência que ele muda para o
padrão típico de domínio feminino. Você precisa ter mais fetos masculinos para começar,
porque eles são mais caros, mais vulneráveis. Em humanos vemos exemplos disto, em alturas
de privação de comida, o rácio de nascimentos inclina para as fêmeas. O que vemos também
nos humanos é que, dar à luz um menino estatisticamente é provável que diminua o peso
corporal da prole seguinte. É caro ter um desses homens. Há uma flutuação como função da
classificação dominante: se altamente posicionados, quase sempre vale a pena apostar em um
daqueles garotos de alto risco e alto retorno; se baixos, é melhor uma forma conservadora –
uma fêmea.

Flutuação do rácio sexual como uma função do contexto social: o rácio oscila sempre entre os
50-50% independentemente do género em menor numero, porque esse será imediatamente o
preferível – condições ecológicas pobres, puxa-nos para este sentido: porque há circunstancias
em que faz sentido ter muitas filhas e aí os machos são valiosos porque não há muitos deles. A
logica então é mudar e começar a ter machos. E com uma predominância de machos, começa
a fazer sentido começar a ter fêmeas > nós temos seleção dependente da densidade. O mais
comum é o menos desejado = rácio de flutuação sexual.

- papel do parentesco: nestas especies de torneio em que temos um macho de alto escalão
acasalando com muitas fêmeas. Mas e em circunstancias que uma fêmea acasala com
múltiplos machos (poliandria)? Quando isso acontece temos um tipo de adelphic polyandry -
quando vemos dois leões partilhando isso, é muito provável que sejam irmãos. E a questão vai
bater aos humanos, será que existe algum tipo de poliandria nos humanos, tal como há
poligamia? Sociedades tibetanas tradicionais onde existe adelphic polyandry em que uma
mulher casa com um homem e com todos os seus irmaos - esse é um padrão que você tem em
áreas agrícolas muito empobrecidas, onde você tem um problema - você tem cinco filhos. E
com um padrão de herança de terras onde você dividiria a terra entre os cinco filhos, isso
colocará cada um deles abaixo do nível de subsistência, e o que você precisa fazer é ter uma
maneira que elas permaneçam como uma unidade reprodutiva para que você não divida a
terra / tentando impedir que as pequenas parcelas sejam divididas.
- competição intersexual – os interesses reprodutivos de qualquer indivíduo pode não ser
exatamente o mesmo que o indivíduo que ele ou ela acasala. Aqui temos o exemplo de
espécies em que o macho é migratório. São espécies de torneio; um macho aparece durante
uma estação de acasalamento; muita agressão; etc e ele acasala com uma femea e ela tem um
filho. O macho irá partir no dia seguinte, em outras palavras, ele não tem nenhum
investimento na saúde reprodutiva futura daquela femea, enquanto ela tem. Ela ficaria
encantada por esta prole prosperar e prosperar, mas talvez não à custa de sua futura
reprodução = diferentes estratégias reprodutivas entre macho e femea.

Genes impressos: genes que terão diferentes manifestações; que trabalham diferente
dependendo de qual dos pais veio; em 1990 começaram a notar um perfil diferente nos
indivíduos com uma mutação e uma doença em particular; temos duas doenças e a mesma
exata mutação no mesmo gene, o que se passa aqui? Se você tiver este gene deste pai, você
tem esta doença; se tiver daquele outro pai, você tem a outra doença. Metilação: você metiliza
o gene no genoma de um dos pais e não no outro – é um mecanismo genético de fazer os
genes trabalharem diferentemente dependendo de qual dos pais ele vem. Há um gene
impresso que se vem de um dos pais, ele faz o que tem a fazer, se vem do outro pai, ele é
silenciado, nunca trabalhada (é metilizado ao silencio). Um investigador começou a notar que
quando olhamos para os genes impressos, quando eles estão activos, se eles vierem do pai,
eles tendem a ser genes que promovem o crescimento fetal, incrementa o metabolismo do
feto e melhora o seu desenvolvimento; quando olhamos para os genes impressos das femes,
eles são genes que tendem a atrasar o desenvolvimento fetal. O que temos aqui? Que a
competição intersexual joga precisamente aqui.
Um dos genes impressos, ativo no macho, que codifica para a proteína chamada fator de
crescimento semelhante à insulina – é uma das coisas que faz o feto crescer mais. Em
contrapartida, a fêmea tem um gene impresso oposto que codifica o gene para o recetor do
factor de crescimento semelhante à insulina. E o que esta versão faz é criar um receptor
menos responsivo. O macho empurra para mais desse factor e ela tem um recetor que não é
responsivo. Por ex, um outro par de genes impressos, um do pai e um da mae e o que vemos é
a versão do pai que promove a invasão da placenta até o útero/invasão do feto até à parede
uterina e a versão da femea desacelera isso. E se tivermos uma doença onde o gene do macho
relevante para isto, sofre uma mutação e é posto fora de ação? Apenas temos a versão da
femea que diminui a implataçao fetal no utero - temos uma doença em que ovos fertilizados
não são implantados; se contrariamente tivermos uma mutação na versão feminina, e a versão
masculina está a invadir o feto mais e mais = cancro do útero, porque está a crescer fora de
controle sendo solicitado pelo feto.
Foram encontrados genes impressos que não trabalham senão apenas após o nascimento e
que trabalham no cérebro. o derivado do sexo masculino faz coisas aos bebês como
amamentar mais - portanto, consuma mais calorias da mãe. e a versão feminina tende a
atenuar alguns dos reflexos de sucção.

Machos e fêmeas não tem necessariamente as mesma estratégias reprodutivas.


Outros genes, na versão masculina temos um empurrão para a expressão da enzima fetal
lactogen fetal, lactogen placentário que torna ao feto mais fácil agarrar o açucar do sangue da
mae e a mae tenta contar isso: se não for muito boa a fazer ou se for demasiado efetiva nisso
temos hipoglicemia na gravidez ou diabetes na gravidez – de repente torna-se uma luta entre
mae e filho para ver a quantidade de calorias que terão: o filho está a ser dirigido por um gene
impresso do pai.
Isto é um padrao que so se ve nas especies de torneio.
Nas especies de ligações de pares eles estão juntos para o resto do tempo. Portanto não
queres arruinar o sucesso reprodutivo = não se encontra genes impressos.

Seleção de grupo – primeira versão foi em 60’s por Marlin Perkins. Hoje a seleção de grupo
está se tornando diferente em duas versões:
1º Temos um grupo de população e algo acontece (qualquer coisa biogeográfica) para que
cause um sub-grupo dessa população que se isola deles – algo isola uma pequena parte
daquele grupo grande (um rio que já não existe / um muro). A população primeira, irá
reproduzir consoante os seus padroes e o sub-grupo irá reproduzir consoante os seus padroes.
Uma caraterística do grupo mais pequeno é que eles serão mais
consanguíneos/inatos/naturais que a população primeira, simplesmente porque são mais
pequenos. Terão um grande grau de parentesco entre indivíduos; níveis de cooperação serão
maiores no sub-grupo, por causa do elevado numero de parentesco – temos um elevado grau
de cooperação dirigido pela seleção de parentesco > como esse tipo de sistema cooperativo
tem uma recompensa maior, você obterá uma cristalização para que todos – primos de 2º e 3º
grau - tenham que ser tão cooperativos quanto os irmãos são uns com os outros... vamos ter
de fixar um traço de cooperação neste sub-grupo a níveis elevados. Enquanto a população
grande continua nos seus “jogos selvagens”. Se algo acontecer – alguns eventos biogeográfico
reversível - para que o sub-grupo se reintegre novamente na população, nessa grande
população haverá um núcleo de animais que estão cooperando dentro de uma larga massa
que não está a cooperar e, por tudo o que sabemos sobre altruísmo reciproco, sabemos que o
pequeno núcleo irá começar a competir com a grande massa. A cooperação terá de cristalizar
para fora – os animais terão de se juntar nestes padrões de cooperação – porque o núcleo irá
superá-los = efeito fundador. A dada altura o que temos é um fenómeno de seleção de
parentesco a se tornar um fenómeno de altruísmo reciproco.
Portanto como é que saltamos para o inicio da cooperação em populações sem parentesco /
não relacionadas? Usando populações fundadoras inatas/puras/naturais para levá-lo até lá.
Em algumas cidade, há alguns comércios por ex, em que esse subgrupo de pessoas que
trabalha aí estão relacionados/eles fazem algo cooperativo/eles fazem empréstimos a juros
baixos – como resultado, eles são mais bem sucedidos no negocio. E eles quando são
reincorporados vê-se que existe uma força económica que toda a gente terá de se juntar a
este negocio de confiar uns nos outros/de empréstimos com juros baixos/de “eu confio em ti
como um irmão”
2º A pode dominar B, mas grupos de B dominam grupos de A (ex galinha A é agressiva e mete
muitos ovos. Galinha B é passiva e sem agressões mas não poe muitos ovos. A galinha A tem
mais probabilidade de passar copias dos seus genes. Mas se formos a ver grupos de galinhas A,
em que todas são agressivas, vemos que por stressarem-se umas as outras e magoarem-se,
começam a ter baixos níveis de fertilidade). Temos um individuo que nao consegue ser
competitivo por uma característica sua; mas enquanto coletivo, as mesmas caraterísticas que
podem ser desvantajosas num nível diádico, conseguem competir com os outros.
Aqui temos seleção de grupo na forma clássica. Se você fizer empréstimos
indiscriminadamente com juros baixos para todos na terra, estará muito facilmente entrando
nessa categoria B/se você faz parte de um grupo que faz empréstimos com juros baixos, de
repente você compete/supera o outro.
Seleção multi-nivel: por vezes a seleção ocorre inteiramente ao nível de um único gene; por
outras palavras, tenha um gene com mutações suficientemente más e não importará a
quantidade de bons genes que estão consigo, porque a seleção será decidida inteiramente
com base em um gene.
Muito mais comum é a seleção ao nível individual/uma agregação do genótipo trabalhando em
termos do fenótipo com todas as diferentes caraterísticas lá.
Mas o que isto introduziu em algumas circunstâncias foi a seleção ao nível do grupo – e nunca
é ao nível de como as características individuais jogam individualmente num grupo, mas sim
como essa característica desempenhada individualmente surge como um comportamento de
grupo, que você obtém seleção de grupo.

Um único gene > um único individuo > um único grupo

E onde encaixar os humanos?


Vimos que em termos de genes impressos, somos algo “in between”. O que tem acontecido é
que à medida que fomos descobrindo tudo o que foi dito anterior, começaram a se associar
que são comportamentos que também ocorrem nos humanos (infanticídio, dominância
passada pelos machos, sequestro, etc) e, de repente, uma coisa perigosa começa a acontecer:
tomar as caraterísticas de um pequeno grupo de outras espécies para inflacionar a sua
relevância para entender os humanos como “uau acontece noutras espécie, é algo natural e
inevitavel”. Este é um mundo em que as pessoas têm se dedicado a aplicar isto nos humanos
de uma forma completamente distorcida. Nós somos único como espécie, como assim o são,
todas as outras espécies. Aplicando as mesmas regras evolutivas que todas as outras espécies
têm, essa é a semelhança, não o resultado. Temos todos estes modelos preditivos que
encontramos nas espécies, e depois vem os humanos e estragam tudo isto por terem
peculiaridades e idiossincrasias e personalidades…

Em todas as coisas em que temos estado a pensar - essa noção básica de aplicar as regras
darwinianas a respeito de porque as girafas precisam ter corações de certo tamanho –
aplicadas ao comportamento, há três recursos que estão surgindo com algumas criticas:
 O primeiro é a noção de heritabilidade de características: há heritabilidade na
tendência para raptar crianças no momento estratégico certo; na tendência para
decidir que gostamos de machos com plumas enormes e brilhantes; na tendência para
decidir que a sua filha deve estar no ranking mais alto do grupo…. Há uma noção de
heritabilidade nas caraterísticas comportamentais que são transversais a todas estas
discussões.
 Noção de adaptabilidade - se alguma característica emergiu da obscuridade
evolutiva / se alguma caraterística tiver sido selecionada > seleção implica adaptação.
A noção de que tudo o que vemos tem uma explicação de adaptação, razão pela qual
emergiu evolutivamente.
 A terceira noção não é um estado explicito, mas está implícita em tudo acerca disso –
a noção de que estas mudanças evolutivas são graduais - a cada geração, se entrar em
uma melhor estratégia comportamental para interpretar o dilema do prisioneiro, você
deixar 1% mais cópias de seus genes do que todos os outros, voltará em 100 zilhões
de gerações e essa característica terá se espalhado. Tudo isto acontece de geração em
geração, por isso as mudanças da evolução estão acontecendo em passos graduais.

As criticas/a forma como outras disciplinas olham para estes 3 domínios:


 Nas questões da heriditabilidade - Como é que se figura que o comportamento é
genético? Como se vê que uma caraterística comportamental tem uma influência
genética? Como dizer, é genético? Neste tipo de pensamento, o que fazemos é um
estilo inverso de prova - dizemos “ok se uma caraterística tem componentes
genéticas, você deverá esperar que isso seja hereditário e se for mais adaptativo
aumentará a sua frequência” – mostre-me mais modelos explanatórios, mais modelos
preditivos. Até que me mostre isso, eu assumirei que estes traços terão alguma
heriditabilidade. E as pessoas mais moleculares rasgam essa visão em pedaços – diz-
me quando estás a falar sobre heriditabilidade de algum comportamento, mostra-me
esse gene, a sequencia de DNA, mostra-me como isso produz o comportamento – e é
aqui que este assunto termina, dizendo que podemos inferencialmente decidir que há
uma influência genética. Este é um domínio bastante atacado por uma série de
campos.
 Às questões da adaptabilidade – esta noção de que tudo o que está envolvido na
evolução está sob domínio de um bisturi para optimizar tudo e os críticos desta visão
chama a isto – a falacia adaptacionista – a noção que tudo está la por uma boa razão. E
tudo isto desenrolou-se consoante a melhor historia: “porque têm as girafas um
coraçao maior? Porque têm as zebras riscas?” e se a minha historia for melhor que a
tua, a minha vence. Tudo é adaptativo por isso, venha com uma historia e seja o
melhor a servir os princípios do individuo, do grupo, etc, e você ganha! E neste
domínio, alguns críticos sugerem que há carateristicas que não estão envolvidas pelo
sua adaptação, eles simplesmente estão lá porque eles são “excesso de bagagem” –
por ex, uma lula: e se olharmos para aquilo que poderá enamorar um peixe em termos
de aquadinâmica, vemos que as lulas são péssimos nadadores comparativamente à
maioria dos peixes, mas são excelentes nadadores para algo que evolutivamente
começa como um molusco – esta adaptação tem de ser contextualizada desde de
onde bem e para onde vai.
Uma dupla de cientistas, Gould e Lewontin, têm defendido que algumas coisas surgem
não porque são adaptativas, mas porque são spandrels (uns triângulos dos arcos em
arquitetura medieval) – eles estão la não por alguma razão boa, apenas estão lá
porque não podemos por dois arcos um ao lado do outro sem esses espaços
triangulares spandrels. Eles ocorrem simplesmente pelo resultado inevitável de outras
carateristicas que foram selecionadas / foi inadvertidamente um produto de outra
coisa qualquer. Um exemplo disto são os queixos dos humanos. Somos o único
primata com queixos. Os macacos têm uns queixos muito diferentes que lhes confere
um carater imoral e criminal. Que tentativas adaptativas para isso? Partir coisas com o
queixo? Alguém percebeu que não forma de ter uma face de um primata que tem um
focinho encurtado e uma mandíbula perpendicular sem esse spandrel a sair. Nós
temos seleção para um rosto hominídeo com um focinho encurtado e então essa coisa
(o queixo) sai para fora. O processo evolutivo não é todo eficiente – você começa
como um molusco se você quer tornar-se lula.
Andre Lwoff disse que a evolução não é um inventor, mas antes um funileiro – ela
trabalha com estruturas pré-existentes. E a noção que vemos isto em todo o lado – nós
colamos as coisas todas juntas “você está colando esta parte da pelve a essa parte do
sistema circulatório” e você terá spandrels. Evolução não é sobre optimizar todas as
mais ínfimas carateristicas.
O que isto nos trás é que todo este mundo de competição, não é realmente de
competição. Toda a noção de competição tem sido criticada por biologistas da união
soviética. A enfase ocidental de que a biologia evolutiva é sobre competição com outro
indivíduos – competição sexual, competição por uma corrida para longe do predador,
competir por comida, etc…. – mas na união soviética, quando você pensa sobre isto, o
que maioritariamente você pensa é no sentido da sobrevivência climática, sobreviver a
extremos climáticos – que seria caraterizado como exigências abióticas do ambiente.
Nesta situações de extremos, não vemos competição – os soviéticos tentam enfatizar a
seleção abiótica muito mais que a competição.
 As questões do gradualismo: isto é muito instrinseco, porque se tudo é adaptativo, se
toda a mais pequena vantagem é merecedora de uma luta e competição…. Se tudo é
feito pelo mais pequeno pormenor de vantagem, então teremos uma mudança
gradual. Gould e outros cientistas em 80’s trouxeram a noção de que talvez não é
assim que a evolução se aparenta – talvez a evolução esteja a acontecer em longos
períodos de que nada acontece e depois uma mudança evolutiva rápida acontece =
equilíbrio pontuado. E se isto acontece, não estaremos a maioria do tempo a tentar
passar o máximo de 1% da vantagem reprodutiva e tudo com competição , porque a
maioria do tempo, nada realmente acontece e há período de seleção severa e depois
longos períodos em que nada acontece.

Estas noções diferentes tem implicações politicas diferentes: será o rapto uma psicopatologia
humana ou uma estratégia competitiva; será que as crianças são mais prováveis de serem
mortas por padrastros que por pais biológicos; será que isso representa algo em termos
socioeconomicos em famílias com padrastros vs a biologia natural da competição de genes…

Desde o primeiro diz, os críticos anteriormente referidos que puseram em causa tudo isso,
foram todos associados a interesses políticos: todos eram brancos, machos do sul (EO Wilson
de Alabama, Robert Trivers, Irven DeVore, todos eram brancos do sul da América. Enquanto
Gould e Lewontin eram marxistas do nordeste. Não é interessante que as suas noções de como
a evolução funciona, enfatiza a naturalidade de um sistema que os relembra das desigualdades
que eles têm? Não é interessante que eles enfatizem a naturalidade de um sistema em que
eles são os que mais beneficiam desta noção de que “isto é natural” ?
 

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