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Amanda Santiago 12.218.

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Gabriel Batista 12.218.252-0 T027
Gabriel Eleutério 12.119.397-3

Células tronco embrionárias: um estudo complexo

Imaginem o nosso corpo como uma grande árvore, onde os galhos seriam
os vários tecidos do corpo e cada folha, uma célula. Pois bem, toda essa
variedade de tecidos (galhos) e células (folhas) devem se originar de um único
tronco comum, as células tronco. Deste modo podemos definir célula tronco
como uma célula imatura que ao se dividir, pode gerar uma célula igual a ela
(capacidade de auto-renovação) ou gerar uma célula madura de qualquer tecido
do organismo (capacidade de diferenciação) (NAOUM, 2017).
De acordo com o Dr. Flávio Augusto Naoum, médico hematologista da
Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto, para fins de
tratamento e pesquisa, as células tronco são divididas em adultas ou
embrionárias. As adultas já são bem conhecidas pela medicina, pois são os tipos
de células usadas para realização de transplante de medula óssea. Atualmente
já se sabe da existência de células tronco adultas não só na medula óssea, mas
também na circulação sanguínea, nas células de cordão umbilical (que também
são caracterizadas como adultas), fígado, polpa dentária, entre outros.
A grande esperança da medicina está nas células embrionárias. Estas
células têm a capacidade de formar todos os tecidos do corpo humano, porém
são encontradas apenas em embriões humanos com poucos dias de vida, na
fase de blastocisto, cerca de 5 dias após a fertilização (NAOUM, 2017). Essas
células são pluripotentes, o que significa que elas estão aptas a crescer (se
diferenciar) em tecidos [...]. Isso permite que as células-tronco embrionárias
sejam usadas como ferramentas úteis para a pesquisa sobre medicina
regenerativa, onde é possível uma relação com a Eugenia. Doenças que podem
ser potencialmente tratadas com células-tronco pluripotentes incluem uma série
de doenças genéticas do sistema sanguíneo e imunológico, cânceres e
distúrbios, diabetes juvenil, Parkinson, cegueira e lesões na medula espinhal.
A grande polêmica e discussão encontra-se exatamente nesse tópico.
Seria ético a destruição de células embrionárias para pesquisas que
possivelmente alavancariam os tratamentos de diversas doenças?
Para muitos, esse tipo de medicina é algo imoral, já que a igreja católica
considera o momento da fecundação como o início da vida, e caso haja a
destruição do embrião, estaria, portanto, sendo interrompida. Porém, uma
pessoa é caracterizada como alguém que tenha autoconsciência, autodomínio,
sentido de futuro e de passado, comunicação, etc. É importante lembrar que
nessa fase de blastocisto, o que chamamos de embrião é um conjunto de células
imaturas menores que o ponto final desta frase, que não formaram sequer um
tecido ou um órgão, não tem funcionamento independente, não sentem nada e
ainda não estão implantadas no útero.
Primeiramente, muitos embriões usados nesse tipo de pesquisa, foram
reaproveitados pelas fertilizações em Vitro que ocorrem no mundo inteiro. O
Brasil é um dos principais países que utilizam esse recurso entre casais, uns que
não consegue ter filhos pois são estéreos, ou em casos de casais lésbicas que
gostariam de ficar grávidas. Em uma fertilização, até dez embriões podem ser
formados com a fecundação do óvalo com o espermatozoide. Desses, dois
seguem adiante para virarem de fato uma gravidez e os outros estariam livres
para doações para pesquisas ou outras fecundações, quem sabe. Desse modo,
acreditamos que não há a interrupção de uma vida, já que, essas “sobras” de
qualquer forma não seriam aproveitadas.
Após um longo debate, o Supremo Tribunal Federal aprovou em maio de
2008 as pesquisas com células-tronco embrionárias, rejeitando uma ação direta
de inconstitucionalidade que tentava barrá-las. Isso pode gerar uma grande
revolta pelos religiosos, justamente por acreditarem na interrupção da vida com
a destruição do embrião. Porém, essa atitude ao nosso ver (do grupo) está
correta, já que o estado deve ser laico. A igreja católica pode ser contra, assim
como outras religiões; há, possivelmente também, religiões que possam ser a
favor. Fato é, o estado e seus contribuintes não deveriam levar princípios
religiosos como prioridade. Em uma circunstância como essa, se há
possibilidade de cura de doenças incuráveis até o momento, acreditamos sim
que a medida necessária deve ser feita, sem colocar a vida e saúde de ninguém
em risco.
De fato, o ponto da neutralidade do Estado é precisamente evitar
favorecer ou desfavorecer não apenas posições religiosas, mas qualquer
posição básica, religiosa ou não religiosa. Desse modo, apresenta-se o
secularismo, que possui a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade como
vertentes. Assim, além de uma religião respeitar sua próxima, todas devem
respeitar o Estado e suas decisões, não levando em considerações os seus
próprios princípios em determinados assuntos.
Logo, acreditamos que para fins de pesquisa e de possíveis e potenciais
tratamentos de doenças que até então não possuem curas, a utilização dessas
células embrionárias poderiam sim ser uma grande ajuda e uma revolução na
medicina. Acreditamos que se um estado é laico, a igreja católica e nenhuma
outra religião deve ser contra sua decisão de apoiar a pesquisa nesse tipo de
célula. Afirmamos com os argumentos apresentados ao longo do texto e ainda
que essa discussão é importante, que a religião nesse caso deveria ser mais
“aberta”, já que com isso muitas vidas poderiam ser salvas, sendo um grande
passo para medicina, para a humanidade e para ciência!

Definições:

Pessoa: Uma pessoa é um ser consciente, com arbítrio próprio e, por isso,
partindo do princípio que apresenta plena capacidade mental, é responsável
pelos seus atos.
Eugenia: é uma teoria baseada na genética de que seria possível criar seres
humanos melhorados a partir do controle genético dos mesmos. Esses
aprimoramentos não seriam, porém, apenas biológicos, mas também sociais,
psicológicos, econômicos e culturais.

Estado Laico: Estado e religião devem ser separados. O Estado tem como
dever defender a liberdade religiosa e ser neutro em relação as religiões. Todas
devem ter a possibilidade de se manifestar publicamente sobre qualquer
assunto.

Secularismo: Em uma visão, o principal ponto de um regime secularista é


gerenciar a diversidade de visões religiosas e metafísico-filosóficas (incluindo
visões não-religiosas e antirreligiosas) de forma justa e democrática.
Fontes:

NAOUM, Flávio Augusto. Células tronco: esclarecendo e discutindo a


polêmica. Disponível em:
<http://www.ciencianews.com.br/index.php/publicacoes/artigos-
cientificos/celulastronco-esclarecendo-e-discutindo-a-polemica/>. Acesso em:
20 de maio 2020.

Textos de apoio de diversos temas das aulas de Ensino Social Cristão.

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