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27/04/2021 confraria - arte e literatura

 
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revista  
pedro dolabela chagas
   
o Major Weissmann
ou: racionalidade e horror em O arco-íris da gravidade
 
 
 
No último inverno da Segunda Guerra Mundial os alemães foram derrotados em sua
última ofensiva, e o colapso do 3o. Reich se tornou questão de tempo. A partir daí, contra
confraria
o relógio e contra os soviéticos, americanos e ingleses partiram em busca dos cientistas
do vento
alemães que haviam revolucionado a tecnologia da guerra, e do material que eles haviam
produzido. Hoje sabemos que a mais temida das invenções, a bomba atômica, jamais
esteve realmente perto de ser produzida pelos nazistas; porém a tecnologia de
lançamento de mísseis era uma realidade, e os V-2 caíam sobre Londres todos os dias.
Nas últimas semanas da Guerra, comandos aliados saíram em busca dos cientistas e das
instalações de produção do armamento avançado alemão e encontraram a Mittelwerke,
notória instalação subterrânea em forma de S localizada próxima à cidade de
Nordhausen, no centro da Alemanha. Comandada por von Braun – que depois viria a se
tornar um alto encarregado da pesquisa tecnológica das forças armadas americanas e da
NASA – a fábrica produzira e armazenara milhares de mísseis com a tecnologia que
ditaria os rumos da aerobalística do pós-guerra, e com o horror característico da
engenharia de produção nazista (pois para tanto contava com um campo de concentração
construído exclusivamente para lhe fornecer trabalhadores: calcula-se que, para os cerca
de 5000 foguetes produzidos, 10000 prisioneiros tenham morrido pelo excesso de
trabalho e pelas condições inimagináveis de alimentação e higiene).

Os fatos acima foram ficcionalizados por Thomas Pynchon em seu romance de 1973. Von
Braun pode ser aproximado à figura do major Weissmann, personagem que representa
um pouco de tudo o que houve de pior no processo de constituição da Alemanha de Hitler
– porém de uma maneira imprevista. A noção de Mal Absoluto corriqueiramente associada
ao nazismo está presente em Weissmann; entretanto, ele mantém uma relação apenas
indireta com o nazismo, pois é indiferente à sua ideologia, e a sua ação é
substancialmente autônoma ao regime. Portanto não surpreenderá que Weissmann –
assim como von Braun – venha posteriormente a servir aos EUA, encarnando o horror da
união entre a guerra e a racionalidade científica no Século XX. Desideologizado, o saber
científico-militar tem como único interesse encontrar quem lhe patrocine. Se von Braun e
a sua equipe temiam tanto os soviéticos, era porque sabiam que seriam forçados,
torturados a colaborar com um regime tirânico (muito melhor seria embarcar no conforto
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da vida americana). O que decerto não impedirá que outros ajam de forma diferente,
permitindo que após um curtíssimo intervalo de tempo também os “vermelhos” tenham
construído bólidos espaciais, caças Mig, mísseis terra-a-terra, e a ogiva nuclear.

Ter este quadro em mente é necessário para que compreendamos a relação íntima que se
estabelece, em O arco-íris da gravidade, entre a ficcionalização da Segunda Guerra
Mundial e o cenário da Guerra Fria, contemporâneo à escritura e lançamento do romance.
Neste artigo acompanharemos a construção da personagem Weissmann, figura que por si
mesma ou pelo seu trabalho obseda várias outras personagens do livro, transtornando
suas vidas para sempre, ou levando-as a se dedicarem obsessivamente a encontrá-lo
(numa ficcionalização da competição em busca dos cientistas alemães pelos aliados).
Weissmann é um eixo que organiza O arco-íris da gravidade, romance de narrativa
fragmentada, porém entrecruzada por linhas que apontam em direções discerníveis, ainda
que inconclusivas. Além de direcionar o fluxo do enredo, Weissmann encarna a crítica
engendrada pelo romance às relações entre as racionalidades burocrática, militar e
científica no século XX – cabendo ressalvar que esta interpretação lineariza o enredo, e
evidentemente estabiliza as possibilidades de sentido nele presentes. Outra possibilidade
de abordagem poderia advir da contraposição entre a sua carreira respeitável como oficial
do Exército alemão e a perversão que acompanhara tanto o seu passado quanto a
atmosfera grotesca que o circunda nos últimos momentos da Guerra, que parece apontar
para a inevitabilidade daquela perversão. Aquele amálgama do poder político, da
competência técnica, do carisma pessoal e da vontade de dominação do outro, que leva a
um fetichismo sexual mórbido, parece ter um norte que o orienta. Por questões de
espaço, não falaremos dele aqui; contamos porém que, para o leitor de O arco-íris da
gravidade, talvez fique clara a nossa intuição de que a centralidade de Weissmann está
ligada à sua capacidade de despertar nos demais a ação da potência subjetiva mais
intensa e inominável: o desejo.

Entremos na narrativa. Em O arco-íris da gravidade, Weissmann dirige a produção dos V-


2 até que, num momento próximo ao colapso da Alemanha, ele se extravia do aparelho
militar e monta um projeto próprio, cujo objetivo era a produção e lançamento de um
foguete especial – literalmente: fora de série – que receberia o número 00000. Tratava-
se de um exemplar único, modificado e construído sob a sua orientação, e que se tornará
um artefato mítico ao provocar a obsessão de várias das personagens centrais do
romance. Diferente dos demais V-2, o 00000 trazia uma cápsula onde uma pessoa
poderia ser alojada, e na qual será instalado um certo Gottfried, amante de Weissmann,
que ao final do livro é lançado ao ar dentro do foguete numa espécie de sacrifício ritual. O
00000 é projetado especificamente para a realização desse sacrifício, para o qual
Gottfried será preparado durante o longo período de tempo em que é seduzido até o
limite da loucura pelo carisma de Weissmann. Por razões diversas, ou talvez pela falta de
razão (a ausência de uma justificação racional para as suas ações) característica de
tantas personagens de Pynchon, Weissmann e o 00000 serão procurados freneticamente
por várias delas, na atividade que ocupa o centro da ação das partes III e IV de O arco-
íris da gravidade. Ocorre porém que o próprio Weissmann aparece num reduzidíssimo
número de páginas. Não bastasse isso, a sua presença raramente é direta, sendo ele
quase sempre objeto de narrações indiretas (de outras personagens ou do narrador
onisciente), ou sendo outros os focos que orientam a perspectiva narrativa nas raras
passagens em que ele interage com outras personagens. O leitor vem a conhecê-lo de
maneira fortemente mediada por outros pontos-de-vista, e num montante de papel
inversamente proporcional à sua importância, o que dá à sua presença a tensão de estar
próximo e distante do leitor, assim como da maioria das personagens que ocupam as
linhas principais da ação romanesca – apesar também de Weissmann ocupar o lugar por
elas procurado, e onde se executará a ação que fecha a narrativa: o lançamento, tantas
vezes antecipado, do 00000.

Qual é o motivo da mediação? Weissmann decerto é um louco; mais do que isso, porém,
no nosso entender ele é um “desviante”, e a estratégia de apresentá-lo à distância
contribui para caracterizá-lo como tal. Um desvio só pode ser abordado mediante a
apresentação da normalidade que lhe serve de referência, impondo à narrativa delinear o
referente ético que caracteriza tal normalidade. A norma aparece na medida em que é
agredida, transparecendo em O arco-íris da gravidade através dos demais personagens
em seus déficits de compreensão quanto às motivações de Weissmann: se Katje,
Thanatz, Greta Erdmann, Pökler, Enzian e Gottfried não conseguem compreender os seus
atos, tal incompreensão é per se reveladora das normas que ele transgredira. A
impossibilidade mediana de compreensão do seu desvio o torna uma espécie de análogo
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do Capitão Kurtz de Joseph Conrad, um mente inacessível aos seus circundantes, e
mesmo para aqueles que o apreciam, reduzidos que estão à condição de “fiéis”,
“seguidores” ou “crédulos”.

O desvio de Weissmann se origina do desgarre, da soltura de um elemento irracional das


racionalidades que legitimavam a sua ocupação profissional, e que encontravam a sua
manifestação prática na sua rotina rígida, inicialmente transgredida quando Weissmann
monta a célula de produção do 00000, rompendo com a hierarquia militar e os interesses
do Estado. Mas as razões para tanto permanecerão obscuras até quase o final do livro,
quando um monólogo diante de Gottfried, na véspera do sacrifício ritual deste último,
expõe a armadura conceitual do desvio.

Compreenderemos então que se trata de uma fratura do ethos que sustentara a sua
prática profissional. O que a sua loucura faz é dar um curso pessoal ao horror que, na
medida em que era normalizado pela praxis científico-militar institucionalizada, não teria
como transparecer a partir da praxis mesma. O conluio entre a diretriz militar e o ethos
científico-tecnológico contava com que este último se mantivesse na sua posição
tradicionalmente desideologizada, continuando a encontrar satisfação na própria praxis, e
não se interessando por nada mais além disso (idéia que é largamente explorada em O
arco-íris da gravidade como forma de tematizar a politização da ciência, tão
autodeclaradamente isenta, mas que muitas vezes se coloca com dócil presteza a serviço
do Estado). Apenas quando a loucura transtorna a rotina pode a irracionalidade da
instituição vir à tona; sem a erupção da anomalia, a fratura ética daquele
empreendimento não teria como aparecer. Mas de que forma ela se evidencia no caso em
questão? Da maneira como é apresentada dentro do enredo para as próprias personagens
do livro, a loucura de Weissmann não vem para denunciar nada. Ela não é politizada,
muito longe disso (a sua valência crítica se coloca para os leitores de O arco-íris da
gravidade, e não para as suas personagens). No que se restringe à economia do enredo,
o seu desvario não é carregado criticamente, mas sim reside na formulação de uma
crença pessoal mítico-religiosa, que como tal é racionalmente articulada – apesar de
irracional. Trata-se de um “credo” formulado a partir de elementos pertinentes aos
objetivos oficiais da sua prática profissional, que deles se desgarram adquirindo uma
conotação imprevista. Para apresentá-la, é preciso destacar uma forma em particular das
apresentações da morte em O arco-íris da gravidade, aquela em que, na condução da
guerra, a morte é tomada como um mero dado a ser equacionado num cálculo estatístico.

Horror próprio à racionalidade diretriz da guerra moderna, a morte como objeto de


cálculo aparece em trechos como o seguinte, em que o narrador relembra um feito de um
ex-oficial durante a Primeira Guerra: “Seu maior triunfo no campo de batalha ocorreu em
1917, em meio ao gás e à imundície apocalíptica do saliente de Ypres, onde conquistou
uma língua de terra de ninguém de 40 metros no trecho mais largo, com baixas de
apenas 70% de sua unidade”. Em seqüências como esta, multiplicadas em seu decorrer,
o romance emoldura o tipo de banalização da morte que se tornará característico do
planejamento militar no século XX, cada vez mais semelhante ao planejamento
empresarial e ao cálculo matemático na medida em que a ciência e a tecnologia são
incorporadas à concepção e prática da guerra, que por sua vez é administrada e
gerenciada tendo a morte como um dado estatístico-operacional. Isso é importante para
entendermos que o elemento oriundo da prática profissional de Weissmann que o levará a
extraviar-se, além de institucionalmente legítimo, é plenamente racional, pois tal
elemento não é nada menos do que o próprio objetivo pragmático daquele
empreendimento: a produção industrial da morte (ou “de mortes”, deveríamos dizer).

Produção eficaz, limpa, e indefensável: para alcançar tal resultado, os alemães


empregarão técnicos e cientistas de primeira linhagem, além de um orçamento volumoso.
A racionalidade da empreitada é cristalina, assim como o seu produto é uma prova
irrefutável da excelência da tecnologia alemã. Porém o discurso legitimador do projeto
não explicita o seu horror, que permanece embutido como um excesso em relação à
própria legitimação. O horror é aquilo que a extravasa; a morte, e nada além dela, é a
idéia que sustenta o projeto, mas que porém não é explicitamente incorporada ao seu
discurso de legitimação. Do interior deste horror normalizado, Weissmann vem retirar a
morte das sombras, e transfigurá-la no fundamento de um credo particular.

Numa hipérbole desmesurada, a microcélula de Weissmann na Holanda – uma bateria de


lançamento de foguetes – é descrita como um templo de perversão sexual. Katje e
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Gottfried são manipulados sob todas as formas de sado-masoquismo imagináveis. Katje é
ciente do risco que corre – constantemente a sua situação é comparada à fábula de
Joãozinho e Maria, com Weissmann no papel da bruxa –, enquanto Gottfried é seduzido
terminalmente pelo carisma do mestre, e permanecerá fiel até o final, quando é
encapsulado no 00000 e lançado ao espaço com ele. Mas a racionalização por detrás
desse desvario só nos é mostrada ao final do livro, no monólogo entre mestre e discípulo.
Reproduzimos algumas de suas passagens:

A América era mesmo a beira do Mundo. Uma mensagem para a Europa, do tamanho de
um continente, inescapável. A Europa havia encontrado o lugar para o seu Reino da
Morte, aquela Morte especial inventada pelo Ocidente. Os selvagens tinham suas regiões
desérticas, Kalaharis, lagos tão enevoados que era impossível divisar a outra margem.
Mas a Europa mergulhara mais fundo – na obsessão, no vício, afastando-se de todas as
inocências selvagens. A América era uma dádiva das potências invisíveis, uma maneira de
retornar. Mas a Europa recusou-a. Não foi o Pecado Original da Europa – o nome mais
recente para designá-lo é Análise Moderna – porém acontece que o Pecado Subseqüente
é mais difícil de expiar.

Na África, na Ásia, na Ameríndia, na Oceania, a Europa veio e instaurou sua ordem de


Análise e Morte. O que não lhe servia para nada ela matou ou alterou. Com o tempo, as
colônias da morte tornaram-se fortes o bastante para desprender-se. Porém o impulso
imperial, a missão de propagar a morte, a estrutura, permaneceu. Agora estamos na
última fase. A Morte Americana veio para ocupar a Europa. Ela aprendeu as táticas de
império com sua antiga metrópole. Mas agora só nos resta a estrutura, nenhuma das
grandes plumas multicoloridas, nenhum detalhe em ouro, nenhum desfile épico sobre
mares alcalinos. Os selvagens de outros continentes, corrompidos porém ainda resistindo
em nome da vida, prosseguem apesar de tudo... enquanto a Morte e a Europa estão mais
separadas do que nunca, seu amor ainda não foi consumado. A Morte apenas reina aqui.
Ela jamais, por amor, fundiu-se...

Neste ponto a frase se interrompe: a Morte tomou a dianteira, passou a dominar e a


comandar hierarquicamente, e portanto nunca “fundiu-se” com a Europa, há tempos
inferiorizada numa relação desigual. A estrutura do mito está montada: uma origem no
tempo, remetendo à sua fundação num passado remoto porém conhecido, quando se dá
tanto o desequilíbrio trágico quanto a formulação dos termos em que se dará a redenção
futura; a situação presente, em que a promessa de redenção é deturpada por forças que
prolongam, de maneira nova, o desequilíbrio ancestral; por fim, a reatualização daquela
promessa no tempo presente, ainda que ela pareça impossível. No mito de Weissmann os
três momentos são: 1) a criação da Morte Européia, com a qual a Europa deveria tornar-
se una numa plenitude que entretanto nunca ocorreu, pois os europeus verticalizaram e
aprofundaram a “estrutura” da Morte ao disseminar a sua materialidade (o morticínio),
porém sem jamais atingir o seu cerne espiritual (que havia sido prometido à Europa, pois
fora moldado à sua imagem e semelhança); 2) assim, no tempo presente o que resta é a
estrutura da Morte, mera sombra da plenitude prometida (mais pobre ainda do que fora
no passado, quando estivera ao menos revestida de um glamour épico) e que, despida da
sua metafísica original, é facilmente domesticada pelos antigos colonizados, que agora
sabem aplicá-la, mas nada além disso; 3) finalmente, a “Canaã” de Weissmann, a sua
“Terra Prometida”: a concretização da união perfeita (“por amor”, fundir-se com a Morte).

Esse “Estado Ideal Europeu” – perfeita inversão da utopia iluminista – será consumado
com o sacrifício do amado no notório 00000, faustoso “berço funerário” encomendado e
minuciosamente projetado para tanto. Ainda ignorante em relação ao que lhe esperava,
Gottfried ouve de seu mestre: “Quero sair – romper com este círculo de infecção e morte.
Quero ser tomado em amor: de tal modo que você e eu, e a morte, e a vida, sejamos
reunidos, inseparáveis, na radiância do que nos tornaremos...”. O sacrifício de Gottfried
será o momento sublime a promover a libertação da morte “desencantada” e o alcance da
Morte perfeita, ideal, sublime: a morte-vida.

Weissmann desvia-se da sua praxis ao se entregar à “irracionalidade racional” do seu


credo pessoal. A valência crítica de O arco-íris da gravidade está no fato de que o caráter
racional deste mito é assegurado pela sua derivação do ethos científico-industrial-militar
no qual Weissmann se formara, e ao qual se adequara com brilhantismo. Incorporado por
uma mente messiânica, esse ethos é desmembrado, tendo seus dois elementos
fundamentais – a ciência-tecnologia e a morte – recombinados numa associação

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imprevista. Quando cessa o seu acesso de loucura, é justamente a sua racionalidade que
derramará terror para a realidade que o cerca, pois ficamos sabendo a insanidade de
Weissmann não perdurou para sempre: apesar de seu amor à morte, terá uma vida longa
e afortunada na América. Na leitura do seu tarô, seu futuro nos é informado: “Se você
quer saber onde ele se enfiou, procure entre os acadêmicos bem-sucedidos, os
assessores do presidente, os intelectuais que fazem figuração nas diretorias. É quase
certo que ele esteja lá. Olhe para cima, não para baixo”. A mesma situação já aparecera
em O arco-íris da gravidade centenas de páginas antes, quando um ex-integrante do
projeto dos V-2 é interrogado e revela ficcionalmente o destino da principal referência
não-ficcional tomada para a construção de Weissmann. Desta personagem ouvimos: “Eu
não pude ir com von Braun... ir para os americanos, a coisa ia simplesmente continuar
como antes... eu quero é que acabe de uma vez, só isso...”. Lembremos que o mesmo
Von Braun tem uma frase que serve de epígrafe à Parte 1 de O arco-íris da gravidade – e
a semelhança entre a sua trajetória e a de Weissmann é eloqüente demais para deixar
dúvidas quanto à referência à História recente, e que em 1973 era atualíssima: a ciência
militar alemã sendo sorridentemente incorporada pela “Morte Americana”, que, como
Weissmann observara, “aprendeu as táticas de império com sua antiga metrópole”.

PEDRO DOLABELA CHAGAS é Mestre em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), com dissertação intitulada “Mímesis e criticidade na obra de Luiz Costa Lima”. Atualmente, é
doutorando em Literatura Comparada da UERJ, e em filosofia da UFMG. Em ambos desenvolvo o mesmo
projeto, procurando identificar semelhanças epistemológicas nos trabalhos de Thomas Pynchon, de
Wolfgang Iser, e da dupla Gilles Deleuze e Félix Guattari.

 
 
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