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Verde
Uma das personalidades mais originais, mais renovadoras, da poesia portuguesa do século XIX.
Nasceu em Lisboa, em 1855, oriundo duma família burguesa abastada, e morreu no Lumiar (Lisboa),
tuberculoso, em 1886. O pai era lavrador e comerciante (possuía uma quinta em Linda-a-Pastora e
uma loja de ferragens na capital), e por estas duas formas de aLvidade práLca se reparLu Cesário
Verde, embora, marginalmente, saLsfizesse o gosto da leitura e da criação poéLca. Chegou a
frequentar por algum tempo o Curso Superior de Letras. É nesta época (1873) que, pela primeira vez,
se publicam composições suas (no Diário de No*cias). Depois de 1875, «Num bairro moderno» é de
1877, «Em peLz» de 1878, segundo as datas indicadas pelo autor (foram publicadas respeLvamente
em 1878 e 79); «O senLmento dum ocidental» veio a lume em 1880. A críKca, porém, não o esKmula
e Cesário Verde, durante quatro anos, deixa de publicar, entregando-se por inteiro à vida práLca.
Com efeito, só em 1884 publica o poema «Nós», todavia escrito em 1881/2; nele evoca a morte duma
irmã (1872) e do irmão Joaquim Tomás (1882). Quando morreu, não reunira ainda em volume as suas
poesias. Foi um amigo, Silva Pinto, quem editou em 1887 O Livro de Cesário Verde. (…)
Jacinto do Prado Coelho. Dicionário de Literatura, vol. 4. 1994. Porto: Figueirinhas.
Contextualização histórico-literária
Parnasianismo
• ObjeLvidade no tratamento dos temas abordados.
• O escritor parnasiano trata os temas baseando-se na
realidade, deixando de lado o subjeLvismo e a
emoção;
• Impessoalidade: a visão do escritor não interfere na
abordagem dos factos;
• Valorização da estéLca e busca da perfeição. A poesia é
valorizada por sua beleza em si e, portanto, deve ser
perfeita do ponto de vista estéLco;
Contextualização histórico-literária
A representação da cidade e dos Kpos sociais
Representação da cidade
Cesário, nos seus poemas, descreve uma cidade industrializada, com construções elegantes e
bairros modernos, com largos passeios públicos. É uma Lisboa com locais de convívio social e
hábitos culturais, mas também uma cidade onde vivem as classes trabalhadoras e onde a
degradação social está presente. Lisboa é ainda um local de confluência entre a vida urbana e o
mundo rural.
Espaço oposto ao
episódios do quoKdiano,
decorrente da
campo (vitalidade,
deambulação do sujeito
energia, ânimo,
poéKco pela cidade e da
expressão observação acidental.
idílica do amor).
Deambulação e
Campo – símbolo
de vida, saúde e imaginação: o
liberdade. observador acidental
A representação da cidade e dos Kpos sociais
Povo / classes ProduLvidade, Alvo de simpaKa e
trabalhadoras vitalidade, autenLcidade. solidariedade por
Ex.: vendedora de
parte
legumes, calafates,
obreiras, varinas… do sujeito poéKco.
Ociosidade, inércia,
Burguesia Alvo de críKca e
arLficialidade.
Ex.: criado do bairro ironia por parte do
burguês, den4stas, sujeito poéKco.
Tipos arlequins, lojistas…
sociais
Marginais que Degradação social e moral.
Alvo de críKca por
vivem na cidade Ex.: ladrões,
bêbedos, jogadores, parte do sujeito
pros4tutas…
poéKco.
• O sujeito poéLco assume uma aLtude de deambulação e imaginação, nos seus poemas.
• Importa reter a sua capacidade de descrever as paisagens e as gentes do seu tempo com distanciamento
críKco.
• O sujeito é um observador acidental que regista fragmentos de realidade, impressões sensoriais,
recriando os instantâneos observados.
PERCEÇÃO
TRANSFIGURAÇÃO POÉTICA DO REAL
SENSORIAL
Toda esta transfigfuração do real, despoletada pelo “cobre […] que vem bater nas faces duns
alperces”, pretende mostrar a ferLlidade do campo, a sua vitalidade e beleza, que contrasta com a
conotação negaLva que é atribuída ao espaço citadino – lugar de arLficialidade, de doença(“tonturas
de uma apoplexia”), de humilhação e de exploração.
“Num Bairro Moderno” - Transfiguração do real
Melancia cabeça
Repolhos seios
Azeitonas negras tranças
“um retalho Nabos ossos “um novo
de horta Cachos de uva olhos corpo orgânico,
aglomerada” Melão ventre aos bocados”.
Legumes carnes
Ginja sangue
Cenouras dedos
“Num bairro moderno”
O Sol dourava o céu. E a regateira, Pedido de E enquanto sigo para o lado oposto,
Como vendera a sua fresca alface ajuda da E ao longe rodam umas carruagens,
E dera o ramo de hortelã que cheira, rapariga A pobre, afasta-se, ao calor de agosto,
Voltando-se, gritou-me, prazenteira: Descolorida nas maçãs do rosto,
"Não passa mais ninguém!... Se me ajudasse?!..." E sem quadris na saia de ramagens.
Eu acerquei-me dela, sem desprezo; Um pequerrucho rega a trepadeira
Reação do
E, pelas duas asas a quebrar, Duma janela azul; e, com o ralo
sujeito –
Nós levantamos todo aquele peso Do regador, parece que joeira
confirmação
Que ao chão de pedra resisLa preso, Ou que borrifa estrelas; e a poeira
do senLmento
Com um enorme esforço muscular. Que eleva nuvens alvas a incensá-lo.
de simpaLa
"Muito obrigada! Deus lhe dê saúde!" Chegam do gigo emanações sadias,
E recebi, naquela despedida, O sujeito Ouço um canário - que infanLl chilrada!
As forças, a alegria, a plenitude, recebeu vida Lidam ménages entre as gelosias,
Que brotam dum excesso de virtude da rapariga, já E o sol estende, pelas frontarias,
Ou duma digestão desconhecida. que ela tem a Seus raios de laranja desLlada.
energia do
campo
Hipérbole Caracterização da rapariga
Poema longo
• ConsLtuído por 44 quadras, divididas em quatro partes (de onze estrofes cada).
• Versos alexandrinos (com doze sílabas métricas) e decassilábicos (com dez sílabas métricas) no
início de cada estrofe.
Estruturação do poema
h•ps://www.youtube.com/watch?v=DQ8R1xvtw1Y
“O senKmento de um ocidental”
“O sentimento de um ocidental”
Momento do dia Expressões textuais indicadoras Expressividade do subtítulo
I Final da tarde, anoitecer “ao anoitecer” (v.1) O subtítulo anuncia a hora da oração vespertina, remetendo
Avé para o final do dia.
Marias
II Início da noite “ao acender das luzes” (v.50) O subtítulo situa o passeio do eu-narrador na “noite fechada”,
Noite momento em que é necessário recorrer à iluminação artificial.
fechada
III Noite “A noite pesa, esmaga” (v.89) O subtítulo destaca a observação feita com a ajuda do “gás”
Ao gás dos candeeiros, uma vez que a noite vai adiantada e, por
isso, está muito escuro.
IV Madrugada “lágrimas de luz dos astros” (v.135) O subtítulo remete para as “horas mortas” da cidade, ou seja,
Horas e os momentos em que vai perdendo o movimento e a agitação.
mortas “às escuras” (v.138)
“O senKmento de um ocidental” – Avé Marias
E evoco, então, as crónicas navais:
Nas nossas ruas, ao anoitecer, Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Há tal soturnidade, há tal melancolia, Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
O céu parece baixo e de neblina, De um couraçado inglês vogam os escaleres;
O gás extravasado enjoa-me, perturba; E em terra num Lnir de louças e talheres
E os edi•cios, com as chaminés, e a turba Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Num trem de praça arengam dois denKstas;
Batem carros de aluguer, ao fundo, Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Ocorrem-me em revista, exposições, países: Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Semelham-se a gaiolas, com viveiros, Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
As edificações somente emadeiradas: E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Como morcegos, ao cair das badaladas, Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Voltam os calafates, aos magotes, Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Deambulação e Deambulação e Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
observação observação E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
do “eu”: espaço do “eu”: figuras humanas E o peixe podre gera os focos de infecção!
“O senKmento de um ocidental” – Avé Marias
E evoco, então, as crónicas navais:
Nas nossas ruas, ao anoitecer, Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Há tal soturnidade, há tal melancolia, Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
O céu parece baixo e de neblina, De um couraçado inglês vogam os escaleres;
O gás extravasado enjoa-me, perturba; E em terra num Knir de louças e talheres
E os edircios, com as chaminés, e a turba Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Num trem de praça arengam dois denKstas;
Batem carros de aluguer, ao fundo, Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Ocorrem-me em revista, exposições, países: Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Semelham-se a gaiolas, com viveiros, Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
As edificações somente emadeiradas: E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Como morcegos, ao cair das badaladas, Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Voltam os calafates, aos magotes, Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Descrição de cariz Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
sensorial E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
“O senKmento de um ocidental” – Avé Marias
E evoco, então, as crónicas navais:
Nas nossas ruas, ao anoitecer, Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Há tal soturnidade, há tal melancolia, Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
O céu parece baixo e de neblina, De um couraçado inglês vogam os escaleres;
O gás extravasado enjoa-me, perturba; E em terra num Lnir de louças e talheres
E os edi•cios, com as chaminés, e a turba Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Num trem de praça arengam dois denLstas;
Batem carros de aluguer, ao fundo, Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Ocorrem-me em revista, exposições, países: Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Semelham-se a gaiolas, com viveiros, Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
As edificações somente emadeiradas: E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Como morcegos, ao cair das badaladas, Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Voltam os calafates, aos magotes, Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
Descalças! Nas descargas de carvão,
SenLmentos do Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
sujeito poéLco E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
“O senKmento de um ocidental” – Avé Marias
E evoco, então, as crónicas navais:
Nas nossas ruas, ao anoitecer, Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Há tal soturnidade, há tal melancolia, Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
O céu parece baixo e de neblina, De um couraçado inglês vogam os escaleres;
O gás extravasado enjoa-me, perturba; E em terra num Lnir de louças e talheres
E os edi•cios, com as chaminés, e a turba Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Num trem de praça arengam dois denLstas;
Batem carros de aluguer, ao fundo, Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Ocorrem-me em revista, exposições, países: Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Semelham-se a gaiolas, com viveiros, Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
As edificações somente emadeiradas: E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Como morcegos, ao cair das badaladas, Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Voltam os calafates, aos magotes, Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Sugestão de Sugestão de Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
evasão: no espaço evasão: no tempo E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
“O senKmento de um ocidental” – Avé Marias
E evoco, então, as crónicas navais:
O passado de Lisboa (época dos
Nas nossas ruas, ao anoitecer, Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
heróis, das Descobertas, de Camões),
Há tal soturnidade, há tal melancolia, Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
que foi heroico e grandioso, Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
estabelece um contraste com o
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
presente, que é decadente e
O céu parece baixo e de neblina, De um couraçado inglês vogam os escaleres;
angusLante.
O gás extravasado enjoa-me, perturba; E em terra num Lnir de louças e talheres
E os edi•cios, com as chaminés, e a turba Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Num trem de praça arengam dois denLstas;
Batem carros de aluguer, ao fundo, Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Ocorrem-me em revista, exposições, países: Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Semelham-se a gaiolas, com viveiros, Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
As edificações somente emadeiradas: E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Como morcegos, ao cair das badaladas, Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Voltam os calafates, aos magotes, Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!
“O senKmento de um ocidental” – Noite fechada
Toca-se às grades, nas cadeias. Som Mas, num recinto público e vulgar,
Que morLfica e deixa umas loucuras mansas! Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,
O aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças, Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Bem raramente encerra uma mulher de <<dom>>! Um épico doutrora ascende, num pilar!
E eu desconfio, até, de um aneurisma E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes; Nesta acumulação de corpos enfezados;
À vista das prisões, da velha Sé, das cruzes, Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Chora-me o coração que se enche e que se abisma. Inflama-se um palácio em face de um casebre.
A espaços, iluminam-se os andares, Partem patrulhas de cavalaria
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos Dos arcos dos quartéis que foram já conventos:
Alastram em lençol os seus reflexos brancos; Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,
E a Lua lembra o circo e os jogos malabares. Derramam-se por toda a capital, que esfria.
Duas igrejas, num saudoso largo, Triste cidade! Eu temo que me avives
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero: Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo, Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo. Curvadas a sorrir às montras dos ourives.
Na parte que abateu no terramoto, E mais: as costureiras, as floristas
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas; Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas, Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos
E os sinos dum tanger monásLco e devoto. E muitas delas são comparsas ou coristas.
E eu, de luneta de uma lente só,
Deambulação e Deambulação e Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
observação observação Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
do “eu”: espaço do “eu”: figuras humanas Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.
“O senKmento de um ocidental” – Noite fechada
Toca-se às grades, nas cadeias. Som Mas, num recinto público e vulgar,
Que morKfica e deixa umas loucuras mansas! Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,
O aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças, Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Bem raramente encerra uma mulher de <<dom>>! Um épico doutrora ascende, num pilar!
E eu desconfio, até, de um aneurisma E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes; Nesta acumulação de corpos enfezados;
À vista das prisões, da velha Sé, das cruzes, Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Chora-me o coração que se enche e que se abisma. Inflama-se um palácio em face de um casebre.
A espaços, iluminam-se os andares, Partem patrulhas de cavalaria
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos Dos arcos dos quartéis que foram já conventos:
Alastram em lençol os seus reflexos brancos; Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,
E a Lua lembra o circo e os jogos malabares. Derramam-se por toda a capital, que esfria.
Duas igrejas, num saudoso largo, Triste cidade! Eu temo que me avives
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero: Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo, Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo. Curvadas a sorrir às montras dos ourives.
Na parte que abateu no terremoto, E mais: as costureiras, as floristas
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas; Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas, Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos
E os sinos dum tanger monásKco e devoto. E muitas delas são comparsas ou coristas.
E eu, de luneta de uma lente só,
Descrição de cariz Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
sensorial Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.
“O senKmento de um ocidental” – Noite fechada
Toca-se às grades, nas cadeias. Som Mas, num recinto público e vulgar,
Que morKfica e deixa umas loucuras mansas! Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,
O aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças, Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Bem raramente encerra uma mulher de <<dom>>! Um épico doutrora ascende, num pilar!
E eu desconfio, até, de um aneurisma E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes; Nesta acumulação de corpos enfezados;
À vista das prisões, da velha Sé, das cruzes, Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Chora-me o coração que se enche e que se abisma. Inflama-se um palácio em face de um casebre.
A espaços, iluminam-se os andares, Partem patrulhas de cavalaria
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos Dos arcos dos quartéis que foram já conventos:
Alastram em lençol os seus reflexos brancos; Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,
E a Lua lembra o circo e os jogos malabares. Derramam-se por toda a capital, que esfria.
Duas igrejas, num saudoso largo, Triste cidade! Eu temo que me avives
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero: Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo, Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo. Curvadas a sorrir às montras dos ourives.
Na parte que abateu no terremoto, E mais: as costureiras, as floristas
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas; Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas, Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos
E os sinos dum tanger monásLco e devoto. E muitas delas são comparsas ou coristas.
E eu, de luneta de uma lente só,
SenLmentos do Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
sujeito poéLco Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.
“O senKmento de um ocidental” – Noite fechada
Toca-se às grades, nas cadeias. Som Mas, num recinto público e vulgar,
Que morLfica e deixa umas loucuras mansas! Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,
O aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças, Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Bem raramente encerra uma mulher de <<dom>>! Um épico doutrora ascende, num pilar!
E eu desconfio, até, de um aneurisma E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes; Nesta acumulação de corpos enfezados;
À vista das prisões, da velha Sé, das cruzes, Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Chora-me o coração que se enche e que se abisma. Inflama-se um palácio em face de um casebre.
A espaços, iluminam-se os andares, Partem patrulhas de cavalaria
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos Dos arcos dos quartéis que foram já conventos:
Alastram em lençol os seus reflexos brancos; Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,
E a Lua lembra o circo e os jogos malabares. Derramam-se por toda a capital, que esfria.
Duas igrejas, num saudoso largo, Triste cidade! Eu temo que me avives
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero: Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo, Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo. Curvadas a sorrir às montras dos ourives.
Na parte que abateu no terremoto, E mais: as costureiras, as floristas
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas; Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas, Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos
E os sinos dum tanger monásLco e devoto. E muitas delas são comparsas ou coristas.
E eu, de luneta de uma lente só,
Sugestão de Sugestão de Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
evasão: no espaço evasão: no tempo Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.
“O senKmento de um ocidental” – Noite fechada
Toca-se às grades, nas cadeias. Som Mas, num recinto público e vulgar,
Que morLfica e deixa umas loucuras mansas! Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,
O aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças, Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Bem raramente encerra uma mulher de <<dom>>! Um épico doutrora ascende, num pilar!
E eu desconfio, até, de um aneurisma E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes; Nesta acumulação de corpos enfezados;
À vista das prisões, da velha Sé, das cruzes, Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Por um lado, há a referência
Chora-me o coração que se enche e que se abisma. Inflama-se um palácio em face de um casebre.
à prisão literal do Aljube, por
A espaços, iluminam-se os andares, Partem patrulhas de cavalaria
outro, existe a metáfora
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos Dos arcos dos quartéis que foram já conventos:
usada para representar o
Alastram em lençol os seus reflexos brancos; Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,
Desigualdades sociais na cidade –
Derramam-se por toda a capital, que esfria.
senLmento de claustrofobia
E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.
um palácio e um casebre (riqueza
na cidade – “Muram-me as
Duas igrejas, num saudoso largo, Triste cidade! Eu temo que me avives
e pobreza) coexistem lado a lado.
construções”
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero: Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo, Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo. Curvadas a sorrir às montras dos ourives.
Na parte que abateu no terremoto, E mais: as costureiras, as floristas
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas; Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas, Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos
E os sinos dum tanger monásLco e devoto. E muitas delas são comparsas ou coristas.
E eu, de luneta de uma lente só,
Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.
“O senKmento de um ocidental” – Ao gás
Longas descidas! Não poder pintar
E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
A esguia difusão dos vossos reverberos,
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
E a vossa palidez românLca e lunar!
Um sopro que arripia os ombros quase nus.
Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Que esparLlhada escolhe uns xales com debuxo!
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Sua excelência atrai, magnéLca, entre luxo,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.
Em uma catedral de um comprimento imenso.
E aquela velha, de bandós! Por vezes,
As burguesinhas do Catolicismo
A sua traine imita um leque anLgo, aberto,
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
Nas barras verLcais, a duas Lntas. Perto,
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.
Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Num cuKleiro, de avental, ao torno,
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
Um forjador maneja um malho, rubramente;
Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,
E de uma padaria exala-se, inda quente,
E em nuvens de ceLns requebram-se os caixeiros.
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
E eu que medito um livro que exacerbe,
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.
<<Dó da miséria!... Compaixão de mim!...>>
Deambulação e Deambulação e E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
observação observação Pede-me esmola um homenzinho idoso,
do “eu”: espaço do “eu”: figuras humanas Meu velho professor nas aulas de LaLm!
“O senKmento de um ocidental” – Ao gás
Longas descidas! Não poder pintar
E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
A esguia difusão dos vossos reverberos,
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
E a vossa palidez românKca e lunar!
Um sopro que arripia os ombros quase nus.
Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Que esparLlhada escolhe uns xales com debuxo!
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Sua excelência atrai, magnéLca, entre luxo,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.
Em uma catedral de um comprimento imenso.
E aquela velha, de bandós! Por vezes,
As burguesinhas do Catolicismo
A sua trai^ne imita um leque anLgo, aberto,
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
Nas barras verLcais, a duas Lntas. Perto,
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.
Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Num cuKleiro, de avental, ao torno,
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
Um forjador maneja um malho, rubramente;
Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,
E de uma padaria exala-se, inda quente,
E em nuvens de ceKns requebram-se os caixeiros.
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
E eu que medito um livro que exacerbe,
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.
<<Dó da miséria!... Compaixão de mim!...>>
Descrição de cariz E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me esmola um homenzinho idoso,
sensorial
Meu velho professor nas aulas de LaLm!
“O senKmento de um ocidental” – Ao gás
Longas descidas! Não poder pintar
E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
A esguia difusão dos vossos reverberos,
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
E a vossa palidez românLca e lunar!
Um sopro que arripia os ombros quase nus.
Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Que esparLlhada escolhe uns xales com debuxo!
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Sua excelência atrai, magnéLca, entre luxo,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.
Em uma catedral de um comprimento imenso.
E aquela velha, de bandós! Por vezes,
As burguesinhas do Catolicismo
A sua trai^ne imita um leque anLgo, aberto,
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
Nas barras verLcais, a duas Lntas. Perto,
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.
Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Num cuLleiro, de avental, ao torno,
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
Um forjador maneja um malho, rubramente;
Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,
E de uma padaria exala-se, inda quente,
E em nuvens de ceLns requebram-se os caixeiros.
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
E eu que medito um livro que exacerbe,
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.
<<Dó da miséria!... Compaixão de mim!...>>
SenLmentos do E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me esmola um homenzinho idoso,
sujeito poéLco
Meu velho professor nas aulas de LaLm!
“O senKmento de um ocidental” – Ao gás
Longas descidas! Não poder pintar
E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
A esguia difusão dos vossos reverberos,
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
E a vossa palidez românLca e lunar!
Um sopro que arripia os ombros quase nus.
Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Que esparLlhada escolhe uns xales com debuxo!
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Sua excelência atrai, magnéLca, entre luxo,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.
Em uma catedral de um comprimento imenso.
E aquela velha, de bandós! Por vezes,
As burguesinhas do Catolicismo
A sua trai^ne imita um leque anLgo, aberto,
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
Nas barras verLcais, a duas Lntas. Perto,
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.
Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Num cuLleiro, de avental, ao torno,
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
Um forjador maneja um malho, rubramente;
Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,
E de uma padaria exala-se, inda quente,
E em nuvens de ceLns requebram-se os caixeiros.
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
E eu que medito um livro que exacerbe,
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.
<<Dó da miséria!... Compaixão de mim!...>>
Sugestão de Sugestão de E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me esmola um homenzinho idoso,
evasão: no espaço evasão: no tempo
Meu velho professor nas aulas de LaLm!
“O senKmento de um ocidental” – Ao gás
Longas descidas! Não poder pintar
E saio. A noite pesa, esmaga. Nos Apóstrofe e metáfora que representa a enfermidade
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
e a falta de vitalidade daqueles que estão
A esguia difusão dos vossos reverberos,
E a vossa palidez românLca e lunar!
internados nos hospitais. Metonimicamente, o
Um sopro que arripia os ombros quase nus.
hospital representa a cidade – doente e com falta de
Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso vitalidade
Que esparLlhada escolhe uns xales com debuxo!
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Sua excelência atrai, magnéLca, entre luxo,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.
Em uma catedral de um comprimento imenso.
E aquela velha, de bandós! Por vezes,
As burguesinhas do Catolicismo
A sua traine imita um leque anLgo, aberto,
Resvalam pelo chão minado pelos canos; Para mostrar a doença da cidade alude-se:
Nas barras verLcais, a duas Lntas. Perto,
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.
• aos “hospitais” – doença fisiológica;
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.
• às “impuras”/prosLtutas - - enfermidade
Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Num cuLleiro, de avental, ao torno,
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
moral;
Um forjador maneja um malho, rubramente;
Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,
E de uma padaria exala-se, inda quente, • histerismo das freiras – doença
E em nuvens de ceLns requebram-se os caixeiros.
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
psicológica.
Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
E eu que medito um livro que exacerbe,
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Realidades que coexistem na cidade:
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.
• o comércio e a religião.
<<Dó da miséria!... Compaixão de mim!...>>
E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Enaltecimento do que existe de saudável e enérgico na cidade – o trabalho
Pede-me esmola um homenzinho idoso,
do forjador e do padeiro – elogio ao trabalho. Meu velho professor nas aulas de LaLm!
“O senKmento de um ocidental” – Horas mortas
Ah! Como a raça ruiva do porvir,
O tecto fundo de oxigénio, de ar, E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras; Nós vamos explorar todos os conLnentes
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras, E pelas vasLdões aquáLcas seguir!
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.
Mas se vivemos, os emparedados,
Por baixo, que portões! Que arruamentos! Sem árvores, no vale escuro das muralhas!...
Um parafuso cai nas lajes, às escuras: Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras, E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.
E nestes nebulosos corredores
E eu sigo, como as linhas de uma pauta Nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas;
A dupla correnteza augusta das fachadas; Na volta, com saudade, e aos bordos sobre as pernas,
Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas, Cantam, de braço dado, uns tristes bebedores.
As notas pastoris de uma longínqua flauta.
Eu não receio, todavia, os roubos;
Se eu não morresse, nunca! E eternamente Afastam-se, a distância, os dúbios caminhantes;
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas! E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes,
Esqueço-me a prever caslssimas esposas, Amareladamente, os cães parecem lobos.
Que aninhem em mansões de vidro transparente!
E os guardas, que revistam as escadas,
Ó nossos filhoes! Que de sonhos ágeis, Caminham de lanterna e servem de chaveiros;
Pousando, vos trarão a niLdez às vidas! Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros,
Eu quero as vossas mães e irmãs estremecidas, Tossem, fumando sobre a pedra das sacadas.
Numas habitações translúcidas e frágeis.
E, enorme, nesta massa irregular
Deambulação e Deambulação e De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
observação observação A Dor humana busca os amplos horizontes,
do “eu”: espaço do “eu”: figuras humanas E tem marés, de fel, como um sinistro mar!
“O senKmento de um ocidental” – Horas mortas
Ah! Como a raça ruiva do porvir,
O tecto fundo de oxigénio, de ar, E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras; Nós vamos explorar todos os conLnentes
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras, E pelas vasLdões aquáLcas seguir!
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.
Mas se vivemos, os emparedados,
Por baixo, que portões! Que arruamentos! Sem árvores, no vale escuro das muralhas!...
Um parafuso cai nas lajes, às escuras: Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras, E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.
E nestes nebulosos corredores
E eu sigo, como as linhas de uma pauta Nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas;
A dupla correnteza augusta das fachadas; Na volta, com saudade, e aos bordos sobre as pernas,
Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas, Cantam, de braço dado, uns tristes bebedores.
As notas pastoris de uma longínqua flauta.
Eu não receio, todavia, os roubos;
Se eu não morresse, nunca! E eternamente Afastam-se, a distância, os dúbios caminhantes;
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas! E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes,
Esqueço-me a prever caslssimas esposas, Amareladamente, os cães parecem lobos.
Que aninhem em mansões de vidro transparente!
E os guardas, que revistam as escadas,
Ó nossos filhoes! Que de sonhos ágeis, Caminham de lanterna e servem de chaveiros;
Pousando, vos trarão a niLdez às vidas! Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros,
Eu quero as vossas mães e irmãs estremecidas, Tossem, fumando sobre a pedra das sacadas.
Numas habitações translúcidas e frágeis.
E, enorme, nesta massa irregular
Descrição de cariz De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
sensorial
E tem marés, de fel, como um sinistro mar!
“O senKmento de um ocidental” – Horas mortas
Ah! Como a raça ruiva do porvir,
O tecto fundo de oxigénio, de ar, E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras; Nós vamos explorar todos os conLnentes
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras, E pelas vasLdões aquáLcas seguir!
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.
Mas se vivemos, os emparedados,
Por baixo, que portões! Que arruamentos! Sem árvores, no vale escuro das muralhas!...
Um parafuso cai nas lajes, às escuras: Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras, E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.
E nestes nebulosos corredores
E eu sigo, como as linhas de uma pauta Nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas;
A dupla correnteza augusta das fachadas; Na volta, com saudade, e aos bordos sobre as pernas,
Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas, Cantam, de braço dado, uns tristes bebedores.
As notas pastoris de uma longínqua flauta.
Eu não receio, todavia, os roubos;
Se eu não morresse, nunca! E eternamente Afastam-se, a distância, os dúbios caminhantes;
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas! E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes,
Esqueço-me a prever caslssimas esposas, Amareladamente, os cães parecem lobos.
Que aninhem em mansões de vidro transparente!
E os guardas, que revistam as escadas,
Ó nossos filhoes! Que de sonhos ágeis, Caminham de lanterna e servem de chaveiros;
Pousando, vos trarão a niLdez às vidas! Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros,
Eu quero as vossas mães e irmãs estremecidas, Tossem, fumando sobre a pedra das sacadas.
Numas habitações translúcidas e frágeis.
E, enorme, nesta massa irregular
SenLmentos do De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
sujeito poéLco
E tem marés, de fel, como um sinistro mar!
“O senKmento de um ocidental” – Horas mortas
Ah! Como a raça ruiva do porvir,
O tecto fundo de oxigénio, de ar, E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras; Nós vamos explorar todos os conKnentes
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras, E pelas vasKdões aquáKcas seguir!
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.
Mas se vivemos, os emparedados,
Por baixo, que portões! Que arruamentos! Sem árvores, no vale escuro das muralhas!...
Um parafuso cai nas lajes, às escuras: Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras, E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.
E nestes nebulosos corredores
E eu sigo, como as linhas de uma pauta Nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas;
A dupla correnteza augusta das fachadas; Na volta, com saudade, e aos bordos sobre as pernas,
Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas, Cantam, de braço dado, uns tristes bebedores.
As notas pastoris de uma longínqua flauta.
Eu não receio, todavia, os roubos;
Se eu não morresse, nunca! E eternamente Afastam-se, a distância, os dúbios caminhantes;
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas! E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes,
Esqueço-me a prever casvssimas esposas, Amareladamente, os cães parecem lobos.
Que aninhem em mansões de vidro transparente!
E os guardas, que revistam as escadas,
Ó nossos filhoes! Que de sonhos ágeis, Caminham de lanterna e servem de chaveiros;
Pousando, vos trarão a niKdez às vidas! Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros,
Eu quero as vossas mães e irmãs estremecidas, Tossem, fumando sobre a pedra das sacadas.
Numas habitações translúcidas e frágeis.
E, enorme, nesta massa irregular
Sugestão de Sugestão de De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
evasão: no espaço evasão: no tempo
E tem marés, de fel, como um sinistro mar!
“O senKmento de um ocidental” – Horas mortas
Ah! Como a raça ruiva do porvir,
No meio da cidade inóspita, a música
O tecto fundo de oxigénio, de ar, E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,
Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras; Nós vamos explorar todos os conLnentes
suave (“notas pastoris”) lembra que há
Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras, E pelas vasLdões aquáLcas seguir!
uma dimensão mais harmoniosa e
Enleva-me a quimera azul de transmigrar.
natural do ser humano, ligada ao campo,
Mas se vivemos, os emparedados,
Por baixo, que portões! Que arruamentos!
mas que parece estar ausente do espaço Sem árvores, no vale escuro das muralhas!...
Um parafuso cai nas lajes, às escuras: Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas
urbano (“longínqua flauta”).
Colocam-se taipais, rangem as fechaduras, E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.
E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.
E nestes nebulosos corredores
E eu sigo, como as linhas de uma pauta Nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas;
A dupla correnteza augusta das fachadas; Na volta, com saudade, e aos bordos sobre as pernas,
Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas, Cantam, de braço dado, uns tristes bebedores.
As notas pastoris de uma longínqua flauta.
Eu não receio, todavia, os roubos;
Se eu não morresse, nunca! E eternamente Afastam-se, a distância, os dúbios caminhantes;
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas! E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes,
Esqueço-me a prever caslssimas esposas, Amareladamente, os cães parecem lobos.
Que aninhem em mansões de vidro transparente!
O homem está condenado a viver
E os guardas, que revistam as escadas,
Ó nossos filhoes! Que de sonhos ágeis, na “dor”, com dificuldade e
Caminham de lanterna e servem de chaveiros;
Pousando, vos trarão a niLdez às vidas! sofrimento.
Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros,
Eu quero as vossas mães e irmãs estremecidas, Tossem, fumando sobre a pedra das sacadas.
Numas habitações translúcidas e frágeis.
E, enorme, nesta massa irregular
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes,
A Dor humana busca os amplos horizontes,
E tem marés, de fel, como um sinistro mar!
O Imaginário épico em “O senKmento de um ocidental”
O imaginário épico
Dá-se o nome de sílaba métrica à sílaba contada no verso tal como é ouvida. Os
Metro versos têm designações diferentes consoante o número de sílabas métricas.
Ex.: Nas/ no/ssas/ ru/as,/ ao/ a/noi/te/cer → Decassílabo
Há/ tal/ so/tur/ni/da/de, há/ tal/ me/lan/co/li[a] → Alexandrino
Linguagem, esKlo e estrutura
Cesário Verde apresenta, geralmente, poemas longos, com estrofes de quatro ou cinco
versos. Recorre predominantemente ao verso alexandrino (doze sílabas métricas.
A poesia cesariana recorre a uma linguagem quoLdiana e corrente que remete para a prosa,
dada a simplicidade e, por vezes, rudeza do vocabulário, como é exemplo: “via-férrea”, “varinas”,
“infeção”, “esgadelhada”, ...