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ESCOLA EB 2,3/S DE MONDIM DE BASTO

Avaliação formativa – out. 2020 11º ano

Grupo I
Leia atentamente as estâncias de Os Lusíadas que se seguem.
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Um ramo na mão tinha… Mas, ó cego, E ainda, Ninfas minhas, não bastava
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Eu, que cometo , insano e temerário ,3 Que tamanhas misérias me cercassem,
Sem vós, Ninfas do Tejo e do Mondego, Senão que aqueles que eu cantando andava
Por caminho tão árduo, longo e vário! Tal prémio de meus versos me tornassem:
Vosso favor invoco, que navego A troco dos descansos que esperava,
Por alto mar, com vento tão contrário, Das capelas9 de louro que me honrassem,
Que, se não me ajudais, hei grande medo Trabalhos nunca usados me inventaram,
Que o meu fraco batel se alague cedo. Com que em tão duro estado me deitaram!

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Olhai que há tanto tempo que, cantando Vede, Ninfas, que engenhos de senhores
O vosso Tejo e os vossos Lusitanos, O vosso Tejo cria valerosos,
A Fortuna me traz peregrinando, Que assi sabem prezar, com tais favores,
Novos trabalhos vendo e novos danos: A quem os faz, cantando, gloriosos!
Agora o mar, agora esprimentando Que exemplos a futuros escritores,
Os perigos Mavórcios4 inumanos, Pera espertar engenhos curiosos,
Qual Cânace5, que à morte se condena, Pera porem as cousas em memória,
Nũa mão sempre a espada e noutra a pena; Que merecerem ter eterna glória!

CAMÕES, Luís de, Os Lusíadas


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Agora, com pobreza avorrecida, 1. me aventuro; 2. insensato, louco; 3. ousado, imprudente;
4. guerreiros (relativos a Marte, deus da guerra);
Por hospícios6 alheios degradado;
5. figura mitológica, filha de Éolo, deus dos ventos, forçada pelo pai
Agora, da esperança já adquirida, a suicidar-se por manter relações incestuosas com um dos irmãos.
De novo, mais que nunca, derribado; Antes de se suicidar, já com a espada suspensa na mão esquerda,
Agora, às costas escapando a vida7, redigiu uma carta com a direita, pelo que é lembrada com a pena
numa das mãos e a espada na outra;
Que dum fio pendia tão delgado, 6. locais onde se acolhem viajantes, necessitados ou doentes;
Que não menos milagre foi salvar-se 7. às costas escapando a vida: alusão ao naufrágio de Camões no

Que pera o Rei judaico8 acrecentar-se. mar da China;


8. Rei judaico: referência a Ezequias, rei de Judá, que, sabendo que
ia morrer, viu atendido o seu pedido a Deus de mais quinze anos de
vida; 9. grinaldas.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1. O texto pertence a uma das invocações d’ Os Lusíadas.
1.1. Releia a estância 78 e identifique os elementos do discurso que, nesta estância, constituem
marcas de invocação.
2. Baseando-se no texto, refira cinco aspetos marcantes da caracterização que o sujeito poético faz
da sua vida, justificando a resposta com expressões textuais.
3. Interprete a alusão a “Cânace”, no verso 7 da estância 79.
4. Atenta na estância 82.
4.1. Analisa a crítica social e política expressa nessa oitava.

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PARTE B

5. Relacione este retrato de Camões com o conteúdo da reflexão apresentada nas estrofes 79 a
82.

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