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ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO

Enfermagem brasileira na linha de frente contra o novo Coronavírus:


quem cuidará de quem cuida?
Brazilian nursing against the new Coronavirus: who will take care for those who care?

Enfermería brasileña en primera línea contra el nuevo Coronavirus: ¿quién cuidará de


los que cuidan?

Souza e Souza, Luís Paulo Souza e1, Souza, Antônia Gonçalves de2

Como citar este artigo: Souza e Souza LPS, Souza AG. Enfermagem brasileira na linha de frente contra
o novo Coronavírus: quem cuidará de quem cuida? J. nurs. health. 2020;10(n.esp.):e20104005

RESUMO

Objetivo: discutir desafios da Enfermagem Brasileira na linha de frente contra o novo Coronavírus.
Método: reflexão teórica embasando-se em documentos do Conselho Federal de Enfermagem
publicados após 26 de fevereiro de 2020. Também, conduziram-se buscas em bases científicas e do
Ministério da Saúde. Resultados: o impacto do Coronavírus na saúde dos profissionais da Enfermagem
no Brasil ainda é desconhecido. Pelo Observatório criado pelo Conselho Federal de Enfermagem,
notificaram-se 30 óbitos pela doença, com 4.604 profissionais afastados do trabalho - até 22 de abril
de 2020. Contudo, os números podem ser maiores. Neste momento pandêmico, em que a Enfermagem
passa de “desvalorizada” para “protagonista”, debater formação e condições de trabalho é, também,
repensar o sistema de saúde e as formas para enfrentamento da pandemia. Conclusões: deve-se
refletir sobre ‘Quem cuida de quem cuida?’ ‘Quem cuidará de quem cuidava e adoeceu?’ O cuidado
não pode ser unilateral, reconhecendo sempre que, sem Enfermagem, não tem Brasil.
Descritores: Enfermagem; Coronavirus; Cuidados de enfermagem; Sistemas públicos de saúde; Brasil.

ABSTRACT

Objective: discuss challenges of Brazilian Nursing in the fight against the new Coronavirus. Methods:
theoretical reflection based on documents of Conselho Federal de Enfermagem published after
February 26, 2020. Searches were conducted on scientific bases and the Ministry of Health. Results:
the impact of Coronavirus on the health of nursing professionals in Brazil is unknown. In the
Observatory created by Conselho Federal, 30 deaths were reported from the disease, with 4.604
professionals removed - until April 22, 2020. But the numbers can be higher. At this moment, when
Nursing goes from "devalued" to "protagonist", discuss training and working conditions is also to
rethink the health system and ways to cope with the pandemic. Conclusions: one must reflect ‘Who
takes care of those who take care?’ Who going to take care of those who cared and got sick? Care
cannot be unilateral, always recognizing that, without Nursing, there is no Brazil.
Descriptors: Nursing; Coronavirus; Nursing care; Public health systems; Brazil.

1 Enfermeiro. Doutor em Saúde Pública. Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Instituto de Saúde e
Biotecnologia (ISB). Amazonas (AM), Brasil. E-mail: luis.pauloss@hotmail.com http://orcid.org/0000-0002-9801-
4157
2 Psicóloga. Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB). Amazonas (AM), Brasil. E-mail: antoniagoncalves8@gmail.com
http://orcid.org/0000-0003-3117-0291

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remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, para fins não comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
RESUMEN

Objetivo: discutir desafíos de la Enfermería Brasileña en la lucha contra el nuevo Coronavirus.


Métodos: reflexión teórica basada en documentos del Consejo Federal de Enfermería publicados
después del 26 de febrero de 2020. Además, se realizaron búsquedas sobre bases científicas y el
Ministerio de Salud. Resultados: aún se desconoce el impacto de coronavirus en la salud de los
profesionales de enfermería en Brasil. Con Observatorio creado por Consejo Federal, notificaron 30
muertes por coronavirus, con 4.604 profesionales lejos del trabajo - hasta 22 de abril de 2020. Pero
los números pueden ser más altos. En este momento, que la Enfermería pasa de “devaluada” a
"protagonista", debatir formación y condiciones ocupacionales es repensar el sistema de salud y
formas de abordar la pandemia. Conclusiones: debe reflejarse ¿Quién cuida de los que cuidan? ¿Quién
cuidará de los cuidadores que se enferman? El cuidado no puede ser unilateral, reconociendo que,
sin Enfermería, no hay Brasil.
Descriptores: Enfermería; Coronavirus; Atención de enfermería; Sistemas públicos de salud; Brasil.

INTRODUÇÃO

A pandemia desencadeada pelo milhões de profissionais, presentes em


novo Coronavírus (SARS-CoV-2), todos os municípios e em todas as
causador da Coronavirus Disease 2019 estruturas organizacionais do sistema
(COVID-19),1 chegou com força, de saúde: hospitais, ambulatórios,
afetando o trabalho de diversos clínicas, unidades de saúde da família,
profissionais da saúde, os quais têm unidades de pronto atendimento,
lutado incansavelmente nos cuidados serviço de atendimento móvel de
aos infectados e na contenção da urgência, entre outros.3
disseminação do vírus. Mundialmente, Assim, é preciso reconhecer que
enfermeiros, médicos, farmacêuticos, tais profissionais estão na linha de
biomédicos, psicólogos, auxiliares de frente dos atendimentos aos casos de
limpeza, obstetrizes, auxiliares e COVID-19, com papel fundamental no
técnicos de enfermagem têm pagado combate à pandemia, não apenas em
um preço alto na luta contra este novo razão de sua capacidade técnica, mas,
vírus, pois muitos têm sido infectados, também, por se tratarem da maior
com alguns evoluindo para óbito. categoria profissional, sendo os únicos
Entre os trabalhadores da saúde, que permanecem 24 horas ao lado do
Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem paciente, estando, portanto, mais
e Auxiliares de Enfermagem susceptíveis à infecção pelo novo
representam maioria nos serviços Coronavírus. Até o dia 22 de abril de
públicos e privados, sendo essenciais e 2020, foram registrados 45.757 casos
considerados nucleares na estrutura na população brasileira em geral, com
das profissões da saúde. No mundo, 2.906 mortes.4 Mesmo com os
segundo relatório recente da Equipamentos de Proteção Individual
Organização Mundial da Saúde (OMS) e (EPIs), autoridades5 têm reconhecido
do Conselho Internacional de que os profissionais da Enfermagem
Enfermeiros (International Council of estão em situação de vulnerabilidade
Nurses – ICN), existem cerca de 28 em relação à contaminação pelo vírus.
milhões de profissionais de Os dados sobre o adoecimento destes
Enfermagem.2 No Brasil, há mais de 02 profissionais no contexto da COVID-19

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ainda são inconsistentes, pois os orientações com uso de meios
números aumentam diariamente, sem tecnológicos; d) Resolução 636/2020,9
que, por vezes, as autoridades que dispõe sobre a participação dos
sanitárias consigam fazer distinção profissionais de Enfermagem na Ação
entre trabalhadores e população em Estratégica “O Brasil Conta Comigo –
geral. Profissionais da Saúde” instituída pelo
Ministério da Saúde.
A Enfermagem, historicamente
acometida por baixos salários e Além disso, conduziram-se buscas
condições de trabalhos não favoráveis, na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),
passou de desvalorizada para por meio dos descritores
protagonista da luta contra o novo “Enfermagem”, “Coronavírus”,
Coronavírus; contudo, toda esta “Pandemia”, “Brasil”, combinando
ascensão tem “um preço”. Neste estratégias com o operador booleano
texto, busca-se discutir desafios da “AND”, na tentativa de acessar artigos
Enfermagem Brasileira na linha de ou outros documentos oficiais que
frente contra o Coronavírus. tratassem da temática. Consultas aos
sites dos Conselhos Regionais de
MÉTODO Enfermagem (COREN) e em bases de
dados de notificação do Ministério da
Trata-se de uma reflexão teórica, Saúde também foram conduzidas.
embasando-se, principalmente, em
documentos do Conselho Federal de RESULTADOS
Enfermagem (COFEN) publicados após
a confirmação do primeiro caso de O Quadro 1 traz as 10 principais
COVID-19 no Brasil - 26 de fevereiro de medidas gerais para organização dos
2020. Assim, foram consultas a serviços de saúde e preparo das
Portarias e Resoluções tais como: a) equipes de Enfermagem, publicadas
Portaria nº 251/2020,6 que cria e pelo COFEN logo no início do
constitui um Comitê Gestor de Crise surgimento dos casos no Brasil,10,11 e
(CGC), no âmbito do Sistema COFEN e após a OMS decretar que a doença
Conselhos Regionais de Enfermagem havia se espalhado por diversos países.
(COREN), considerando as previsões do Depois de decorridos 30 dias do
Ministério da Saúde e das Autoridades primeiro caso no Brasil, o COFEN lança
Sanitárias; b) Resolução nº 633/2020,7 mão de uma ferramenta para melhor
a qual trata da atuação dos acompanhar a situação da pandemia,
profissionais de enfermagem no na tentativa de buscar soluções que
Atendimento Pré-hospitalar móvel reduzam o risco de contágio e oferecer
Terrestre e Aquaviário, quer seja na apoio aos profissionais de Enfermagem
assistência direta e na Central de atingidos pela doença. Assim, cria-se
Regulação das Urgências; c) Resolução um “Observatório” por meio de um
nº 634/2020,8 que autoriza e formulário para que profissionais
normatiza a teleconsulta de notifiquem que foram contaminados ou
Enfermagem como forma de combate à outros pessoas que tenham
pandemia, por meio de consultas, conhecimento desta contaminação o
esclarecimentos, encaminhamentos e façam [link disponível em:

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www.docs.google.com/forms/d/e/1F 3YSZ4O4AT_5RHD5Xa1vTdw/viewform
AIpQLSd_UTZBDglkMU4H7r0jErSSWo6o ?vc=0&c=0&w=1].
Quadro 1: Medidas recomendadas pelo Conselho Federal de Enfermagem para organização dos serviços
e preparo das equipes de Enfermagem. Brasil, 2020

Criação de uma escala de profissionais de saúde para ocupar o papel de “Posso Ajudar”,
identificando as pessoas com sintomas respiratórios. Devem ser profissionais de nível
1
superior e/ou profissionais de nível médio. O número de profissionais nesta função deve ser
determinado de acordo com a demanda, pelo gestor local da unidade.
Formação de Equipe de Resposta Rápida para a chegada de casos de pessoas com sintomas
respiratórios, composta por agentes administrativos, recepcionistas ou agentes
comunitários de saúde, enfermeiros, médicos e técnicos de enfermagem, em número
2 proporcional à demanda por estes atendimentos, sendo o dimensionamento de
responsabilidade do gestor local da unidade, apoiado pelos responsáveis técnicos de
enfermagem.
Revezamento, durante a semana, das equipes de enfermagem nas escalas de atendimento
aos pacientes com sintomas respiratórios ou suspeita de Covid-19. Além disso, as
composições dessas equipes por profissionais com 60 anos ou mais e portadores de fatores
de risco devem ser evitadas. São fatores de risco:
3 Doença respiratória, cardíaca ou renal crônica; Portadores de tuberculose e hanseníase e
outras doenças infecciosas crônicas; transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea;
Imunossupressão por doenças e/ou medicamentos (ex. HIV, quimioterapia/radioterapia,
imunossupressores); Portadores de doenças cromossômicas e com estados de fragilidade
imunológica; Diabetes; Gestantes.
O COFEN, a partir da Comissão Nacional de Saúde da Mulher, vistas a promoção e proteção
contra a infecção da Covid-19 em mulheres trabalhadoras da Enfermagem em Saúde,
4 grávidas e lactantes, recomenda que sejam realocadas em seus serviços de saúde de forma
que o trabalho exercido em saúde não as coloquem em contato direto com pacientes com
suspeita ou confirmação de infecção pelo novo Coronavírus.
Definição de local de espera de pessoas com quadro clínico de sintomas respiratórios de
5 avaliação por profissional de nível superior (médico e enfermeiro). Este local deve, se
possível, ser aberto, ventilado e próximo à área da unidade onde ocorrem os atendimentos.
Definição de setor, ala ou salas da unidade para a acomodação e atuação das Equipes de
Resposta Rápida, evitando a circulação de pessoas com sintomas respiratórios ou de
6 profissionais que estejam escalados na Equipe de Resposta Rápida em outros espaços da
unidade. As salas devem ser exclusivas para o atendimento de pessoas com sintomas
respiratórios e devem ser próximas, se possível, à sala de observação clínica.
Provimento pela gestão local, de todo material definido como Equipamento de Proteção
7 Individual (EPI).
Organização de sala de observação clínica da unidade para receber casos de pessoas com
sintomas respiratórios e fatores de risco ou casos de pessoas com suspeita de Covid-19 que
8 tenham indicação de estabilização e encaminhamento por Vaga Zero à unidade de maior
complexidade.
Considerar a criação de sala adicional de observação clínica dedica à estabilização de
9 pacientes com suspeita de Covid-19, caso a unidade possua estrutura adequada para isso.

10 Destacar profissional e material de limpeza para a atuação nesta área de unidade.


Fonte: Elaborado a partir do COFEN.11:2-3

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A primeira divulgação das informações.12 No dia 07 de abril, o
informações obtidas pelo Observatório COFEN13 publicou uma nota
foi feita no dia 03 de abril de 2020, relacionando os óbitos provados pela
com registro de 30 casos – sem COVID-19, trazendo uma triste
especificações de quantos infectados, realidade: 16 registros (Quadro 2).
hospitalizados, óbitos ou outras
Quadro 2: Óbitos provocados pela COVID-19 entre os profissionais de Enfermagem, segundo dados
levantados pelo Observatório do Conselho Federal de Enfermagem até o dia 07 de abril de 2020
Idade Data do
Categoria Profissional Sexo Cidade Estado
(anos) óbito
Técnico de Enfermagem 40 Feminino 20/03 São Paulo São Paulo

Enfermeiro 61 Feminino 23/03 Brasília Distrito Federal

Auxiliar de Enfermagem 72 Feminino 27/03 São Paulo São Paulo

Técnico de Enfermagem 62 Masculino 30/03 São Paulo São Paulo

Auxiliar de Enfermagem 48 Masculino 31/03 São Paulo São Paulo

Auxiliar de Enfermagem 45 Masculino 31/03 Tatuapé São Paulo

Técnico de Enfermagem 48 Masculino 02/04 Mossoró Rio Grande do Norte

Técnico de Enfermagem 66 Feminino 02/04 São Gonçalo Rio de Janeiro

Técnico de Enfermagem 38 Feminino 04/04 Goiânia Goiás

Técnico de Enfermagem 52 Feminino 04/04 Recife Pernambuco

Técnico de Enfermagem 55 Feminino 04/04 Recife Pernambuco

Enfermeiro 36 Masculino 05/04 Brasília Distrito Federal

Auxiliar de Enfermagem 62 Feminino 05/04 São Paulo São Paulo

Enfermeiro 53 Feminino 05/04 São Paulo São Paulo

Auxiliar de Enfermagem 66 Feminino 06/04 Cachoeirinha São Paulo

Enfermeiro 29 Feminino 06/04 Recife Pernambuco

Fonte: Adaptado de COFEN.13

ainda não é possível obter publicações.


Contudo, a realidade parece não
Nas bases de dados de notificação do
ser esta, uma vez que há profissionais
Ministério da Saúde também não se
infectados que continuam
consegue obter tais informações. Mas
trabalhando. Como resultados das
ao realizar uma busca no Google, o
buscas nas bases de dados científicas,
maior portal de busca e serviços

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online, utilizando-se a seguinte Experiência parecida foi a
combinação de palavras-chaves: vivenciada em 2009 com a explosão dos
‘Enfermagem AND Coronavírus AND casos de influenza A - causada pelo
Brasil’, foi possível obter diversas vírus H1N1, que atingiu a população em
reportagens com relatos de geral e diversos profissionais da saúde,
profissionais da Enfermagem com destaque para os da Enfermagem.
acometidos pela COVID-19. Por mais A doença teve início no México, mas se
que sejam noticiários de site de jornais alastrou rapidamente por centenas de
ou portais de comunicação, até o países, incluindo o Brasil, e provocou a
momento, é o que se pode ter de primeira pandemia no século 21.15-17
acesso à realidade da Enfermagem Contudo, a situação da COVID-19 é
Brasileira nesta pandemia. muito mais alarmante, pois o H1N1 era
menos transmissível do que o novo
Após dez dias, 17 de abril, o
Coronavírus, fato que não colocou
número de óbitos evolui para 30, e o
cidades ou países inteiros em
número de profissionais afastados com
quarentena; além de, na época, ter
sintomas da doença ou diagnóstico
sido possível desenvolver de forma
confirmado era de 4.604 (não houve
muito rápida medicamentos antivirais
publicação de nota com especificações
capazes de combater o vírus, diferente
sobre categoria profissional,
14 do que vivemos agora em 2020. Em
localidade, etc.).
2009, estima-se que 53.797 casos do
DISCUSSÃO H1N1 foram notificados no Brasil, com
2.098 mortes17 – o que poderia apontar
Caminhamos para uma realidade uma taxa de letalidade de 3,9%. Mas o
que pode ser muito mais momento atual é muito mais crítico,
entristecedora, pois os índices pois em três meses da doença, o Brasil
apresentados pelo COFEN tratam da já registra 45.757 casos na população
fase inicial da pandemia, e ainda não em geral, com 2.906 mortes4 – que
apresentam aqueles profissionais poderia indicar taxa de letalidade de
infectados, em quarentena ou 6,4%. Ademais, especialistas já
hospitalizados. apontaram que o SARS-CoV-2 é
diferente e totalmente novo e que as
Apesar de reconhecer que o formas de transmissão e contenção não
Órgão maior que legisla sobre a são totalmente claras.1
Enfermagem tenha se organizado para
elaboração de tais instrumentos e Aprender com o que está
estratégias, ouve-se e leia-se nas ocorrendo agora é fundamental para
mídias, casos de profissionais serem traçadas estratégias de
infectados pelo vírus, além daqueles enfrentamento desta e de outras
que evoluíram para o óbito, pandemias que surgirão. Infelizmente,
escancarando uma realidade cruel dos não há como rastrear todos os casos de
serviços de saúde brasileiros em profissionais da Enfermagem
relação à Enfermagem: a falta de acometidos pela doença no Brasil até o
estrutura e apoio logístico e de momento, dada as dimensões do país.
materiais para uma assistência No início do mês de abril, após o
segura aos profissionais. Ministro da Saúde anunciar o

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cancelamento de compra de EPIs, o atingidos pela doença, sem que o
Presidente do COFEN, Manoel Carlos Conselho consiga ter total controle.
Neri da Silva, divulgou a seguinte nota: Em consulta aos sites do COFEN,
dos COREN e de outras Entidades de
Cada dia de atraso representa um
Vigilância Sanitária, um dado que
risco adicional, sobretudo para os
parece unânime é que os profissionais
profissionais de Enfermagem que
têm trabalhado em ambientes com
estão na linha de frente. É
falta de máscaras N-95, FFP2 ou
preciso redirecionar a produção
equivalentes; com orientação de uso
de setores da indústria nacional,
das máscaras N-95 e FFP2 por período
para atender esta demanda
maior que o indicado pelos fabricantes;
durante a pandemia. O governo
restrição de uso da máscara cirúrgica;
federal não pode se eximir de seu
falta de proteção ocular; escassez de
papel como regulador da
capote impermeável; e déficit de
produção de insumos
trabalhadores exclusivos para
estratégicos. Esta
assistência aos casos de COVID-19.19
responsabilidade também não
pode recair apenas em Estados e O fato é que, além de vivermos a
Municípios. O momento exige maior crise sanitária do século,
ação conjunta do Ministério da vivemos uma crise do cuidado. Os
Saúde, Governos dos Estados, profissionais que cuidam estão à
Prefeituras e da iniciativa margem dos cuidados pelas entidades
privada, para garantir o que os empregam e das entidades que
abastecimento das unidades de fiscalizam os empregadores. Atrelado a
saúde com equipamentos de isso, o problema se agrava quando as
proteção em quantidade e Instituições de Saúde, de forma
qualidade suficientes para exponencial, fazem chamamentos
viabilizar segurança aos públicos para contratação de
profissionais de saúde, profissionais da Enfermagem em
minimizando os riscos de caráter emergencial, oferecendo
contaminação.18:1 salários muito acima daqueles que
eram ofertados em momentos
Até o dia 16 de abril de 2020, o
diferentes da atual crise. E as ofertas
COFEN havia registrado 4.806
são, principalmente, para os setores
denúncias de irregularidades, nos
críticos como Unidades de Terapia
diversos serviços de saúde do país.14 É
Intensiva (UTI), Prontos Socorro (PS) e
preciso destacar que o COFEN e os
Unidades Pronto de Atendimento
Conselhos Regionais vivenciam uma
(UPA), deixando de requerer
dificuldade em relação à fiscalização
experiência ou qualquer preparo para
das recomendações publicadas, uma
ocupar tais vagas. Assim, profissionais
vez que há limitações quanto ao
se vêem na encruzilhada entre o
quantitativo de pessoal e capacidade
emprego e a exposição ao novo
técnica para fiscalizar; além das
Coronavírus, sendo que, pela realidade
dimensões regionais do país – com
do mercado de trabalho brasileiro, a
profissionais atuando em milhares de
opção pelo trabalho vai ditar mais alto.
municípios que já podem ter sido

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Aceitar o emprego é um fato e expor- Apesar de ser difícil prever o
se com falta de EPI’s também já é uma impacto desta pandemia nas condições
realidade.20 de trabalho e saúde da Enfermagem,
estes estudos anteriores em outros
Ademais, para além dos riscos
países poderiam servir de instrumentos
referentes à falta de EPI’s, têm-se
norteadores para criação de políticas
outros agravantes, que são as
que assegurem qualidade de vida e
comorbidades que acometem os
trabalho da Enfermagem Brasileira. As
trabalhadores da Enfermagem,
iniciativas do COFEN devem ser
colocando parte deles no grupo de
enaltecidas, mas, para além dos
risco para a COVID-19. Uma revisão de
instrumentos normativos e do
literatura recente21 indicou que os
Observatório, seria válido
profissionais de Enfermagem
disponibilizar um panorama do
apresentam comorbidades como
quantitativo de profissionais
doenças endócrinas, nutricionais e
acometidos (segundo variáveis como:
metabólicas; transtornos mentais e
em quarentena; em isolamento; em
comportamentais; doenças do sistema
internação; óbitos; etc.), para se ter
nervoso; doenças cardiovasculares;
uma noção geral dos riscos que estão
doenças do aparelho respiratório;
em “jogo”. Neste momento em que
doenças do sistema muscular e do
Instituições oferecem salários
tecido conjuntivo; doenças
atrativos, o profissional ter acesso, ao
cardiovasculares; doenças do aparelho
menos, da situação da
respiratório.
localidade/região/estado pode
Os impactos disso tudo na saúde garantir o direito ao conhecimento da
dos profissionais de Enfermagem realidade e saber se o “preço do salário
brasileiros ainda são desconhecidos. vale o risco”.
Entretanto, estudos realizados com
O momento é primordial para
Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de
enxergarmos a Enfermagem como uma
Enfermagem em outros países,
categoria vital para o sistema de saúde
principalmente na China, com doenças
brasileiro. É preciso que se pense a
causadas por vírus parecidos com o
partir de uma nova perspectiva sobre o
SARS-CoV-2, mostram forte impacto
cuidado, criando uma corrente forte
negativo na saúde destes profissionais,
para resposta às perguntas Quem
destacando: contaminação pelo vírus;
cuida de quem cuida? Quem cuidará
síndrome de Burnout; estresse
de quem cuidava e adoeceu? O
desencadeado pela pressão das
cuidado não pode ser unilateral,
organizações e da sociedade; dilemas
considerando os Fundamentos Teóricos
éticos na realização de procedimentos;
da Sociopoética:28-29 “[...] como
transtornos de ansiedade; transtornos
acontece a interação entre cliente e
depressivos; transtorno do estresse
profissional, indispensável ao cuidar,
pós-traumático; automedicação em
reflete-se que, ideologicamente, na
excesso para suprir o cansaço ou
enfermagem existe concordância com
adoecimento mental; medo e
insegurança em contaminar familiares; essa postura dialógica”.29:646
além de óbitos.22-27

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O momento pandêmico não exclui formas para enfrentamento de surtos,
uma discussão política em relação à epidemias e pandemias.
Enfermagem. Discussões acerca da Cada profissional que adoece
regulamentação da jornada de representa um risco para a população,
trabalho são pautas essenciais neste pois além de ser fonte de contágio,
momento: as “30 Horas” e o “Piso terá de se ausentar do trabalho,
Salarial” são reivindicações antigas da desfalcando equipes e
categoria. Além disso, adicional de sobrecarregando aqueles que se
insalubridades é mais que essencial
mantiverem sadios para continuar na
neste momento. Os planos de luta; além de fazer falta para seus
contingência e enfrentamento do novo filhos, pais, mães, companheiros e
Coronavírus dos estados e das companheiras. A Organização Mundial
instituições de saúde se organizam de da Saúde2 já deixou claro que sem
forma muito clara quanto aos Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de
procedimentos, normas e padrões a Enfermagem, Parteiras e Obstetrizes
serem seguidos, mas se esquecem de (seja em quantidade – número de
incluir o cuidado a quem cuida, sem profissionais; seja em qualidade –
considerarem os múltiplos olhares profissionais sadios), os países não
sobre o adoecimento (biopsicossocial) poderão vencer a batalha contra
dos milhões de profissionais da epidemias e pandemias, não
Enfermagem. conseguirão alcançar cobertura
Em 2020, considerado o ano da universal de saúde e nem alcançar os
Enfermagem, em que líderes de todo o Objetivos de Desenvolvimento
mundo reconhecem e recomendam que Sustentável (ODS).
se eleve o perfil da profissão, No país, o momento é especial
tornando-a central nas políticas de para olharmos para “quem cuida do
saúde, com estabelecimento de quê”, “de quem” e “em que
programas para o desenvolvimento de condições”, reconhecendo, hoje e
líderes da Enfermagem – campanha sempre, que, sem Enfermagem, não
Nursing Now30 (Enfermagem Agora), os tem Brasil.
profissionais vivenciam a triste
realidade desta pandemia. Entretanto, REFERÊNCIAS
a Enfermagem vencerá mais esta
batalha! 1 Yuen KS, Ye ZW, Fung SY, Chan CP,
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protagonista da luta contra o novo ral.com/track/pdf/10.1186/s13578-
Coronavírus, debater formação, 020-00404-4
funções, condições de vida, condições
de trabalho e rumos é, também, 2 World Health Organization (WHO).
repensar o sistema de saúde e as State of the world’s nursing 2020

J. nurs. health. 2020;10(n.esp.):e20104005 9


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Data de submissão: 07/04/2020


Data de aceite: 23/04/2020
Data de publicação: 24/04/2020

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