SÁB04ABR

Sábado
4 de Abril de 2020
Ano 44 • N.º 15950

Kz 45,00
Director: VÍCTOR SILVA
Director-Adjunto: CAETANO JÚNIOR
www.jornaldeangola.co.ao

“QUADRO TERRÍVEL” DE CONTAMINAÇÃO PODE OCORRER EM MAIO

DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

NESTA EDIÇÃO

EDITORIAL
Paz em dias desafiadores
OPINIÃO • 10

GIRABOLA

Conselho Técnico
da FAF estuda
atribuição do título
DESPORTO • 27

GUINÉ-BISSAU
Primeiro-Ministro
denuncia perseguições
ÁFRICA • 26

FUTEBOL
Jogadores podem ter
os salários reduzidos
DESPORTO • 28

País prepara-se para o pior

As autoridades angolanas estão a preparar-
se para “um quadro terrível” de contaminação
comunitária, que pode ocorrer no próximo
mês, quando as temperaturas começarem
a baixar, e se a população não cumprir as
medidas de isolamento social, protecção
individual e colectiva decretadas pelo Executivo.
A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, lembrou
que o país tem apenas casos importados (oito
positivos, com dois mortos e um recuperado)
e que o esforço, agora, é evitar, ao máximo, a
transmissão comunitária, a passagem do
vírus de uma pessoa para outra. A partir da
próxima semana, começam a chegar ao
país médicos cubanos e grandes quantidades
de equipamentos, como 80 mil kits de bios-
segurança, 380 ventiladores, 500 mil más-
caras especiais e outras nove milhões das
normais, além de várias quantidades de
testes rápidos. Sílvia Lutucuta revelou que
a Comissão Multissectorial está em contacto
com as missões diplomáticas e haver dois
angolanos infectados internados em Portugal,
igual número na China, um caso suspeito,
já descartado, na África do Sul, e um morto
registado em França. O ministro de Estado
e chefe da Casa Militar do Presidente da
República, Pedro Sebastião, que coordena
a comissão, disse estarem em quarentena
domiciliar 818 pessoas, das quais 478 em
Luanda, além de cerca de 500 a serem acom-
panhadas, por estarem relacionadas com
os oito casos positivos. DESTAQUE • 3 |4 | 5 | 7

VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MOXICO

MINISTRO DE ESTADO E CHEFE DA CASA CIVIL

HOJE É O DIA DA PAZ E RECONCILIAÇÃO DA PAZ

Medidas na Huíla são encorajadoras DESTAQUE • 6

18 anos de estabilidade
VALOR RECORDE SONANGOL

Negociações na BODIVA Produção de e consolidação

atingem 132 mil milhões gás de cozinha
As negociações na Bolsa
de Dívida e Valores de
Angola (Bodiva) ultra-
passaram os 132 mil
milhões de kwanzas, no
mês passado, um novo
recorde, que supera os
131 mil milhões, de
Dezembro. A Bodiva
garante que o feito se
COVID-19
#FiqueEmCasa
deve à participação
activa dos membros,
como o BAI, com um
contributo de 33,14 por
cento, BFA, 32,89 e
Banco Standard Bank
Angola, 16,62 represen-
tando 82,65 por cento
do total transaccionado.
ECONOMIA • 11
da democracia
foi elevada em
35 por cento
A Sonagás rejeita escassez
de gás no país e disse ter
aumentado a produção em
35 por cento em vésperas
da declaração do Estado de
Emergência. Num comuni-
cado, a empresa garante que
tem colocado o gás em pos-
tos alternativos pelo país, e
em camiões que circulam
por Luanda. ÚLTIMA • 32
ESPECIAL • 12 A 16
2 POLÍTICA
Covid-19 tira chama e cor ao Dia da Paz
O acto central da efeméride deveria acontecer na província do Namibe, mas devido às contingências impostas pelo
Covid-19, haverá apenas uma cerimónia simbólica, em Luanda, a ser presidida pela ministra de Estado para a Área Social
Bernardino Manje
e César Esteves
Angola assinala hoje 18 anos
de paz efectiva, numa altura
em que o país observa o
E s ta d o d e E m e rg ê n c i a ,
devido ao novo coronavírus
(Covid-19) que já provocou
duas vítimas mortais no país.
O acto central da efemé-
ride deveria acontecer na
província do Namibe, mas
devido às contingências
impostas pelo Covid-19,
haverá apenas uma cerimó-
nia simbólica, em Luanda,
adiantou, na semana pas-
sada, o ministro da Admi-
nistração do Território, Adão
de Almeida, quando fazia
esclarecimentos do Decreto
Presidencial sobre o Estado
de Emergência.
As actividades alusivas
ao 4 de Abril iniciariam na
última sexta-feira e deviam
estender-se até ao dia 25.
As cerimónias decorreriam
em todo o território nacional,
bem como nas missões
diplomáticas e consulares
de Angola.
Para assinalar a efemé-
ride, está prevista, para às
8 horas de hoje, em Luanda,
o hastear da Bandeira Monu-
mento, localizada no Museu
Nacional de História Militar
(ex-Fortaleza de São Miguel),
bem como a deposição de
u m a c o ro a d e fl o re s n o
Monumento do Soldado Des-
conhecido, uma hora mais
tarde. Estes dois actos vão
ser presididos pela ministra
de Estado para a Área Social,
Carolina Cerqueira.
No dia 31 de Março, o
ministro da Administração
do Território usou a sua conta
pessoal do Facebook para
ESTADO DE EMERGÊNCIA
CASA-CE apoia prorrogação
caso a situação o justifique
João Dias
A CASA-CE vai apoiar o
Executivo caso venha a ser
necessária a prorrogação
do Estado de Emergência
no país, dado que as razões
que levaram à sua decla-
ração mantêm-se e com a
pandemia do Covid-19 a
ganhar terreno no mundo,
incluindo África.
A posição da terceira
maior força política do
país foi anunciada, em
Luanda, pelo seu presi-
dente, André Mendes de
Carvalho “Miau”, quando
respondia a questões dos
jornalistas numa confe-
rência de imprensa alu-
PAÍS ASSINALA HOJE 18 ANOS DE PACIFICAÇÃO
Generais Armando da Cruz Neto e Abreu Muengo “Kamorteiro” assinaram a paz entre as FAA e a UNITA a 4 de Abril de 2002
fazer uma referência à cele-
bração dos 18 anos de paz,
tal como à necessidade de
as pessoas ficarem em casa.
“18 anos de paz! Num
momento em que temos
uma nova ‘guerra’ para ven-
c e r , a ‘ gu e r ra ’ c o nt ra o
Covid-19, todos somos sol-
dados ao serviço da Pátria.
Se cada um ficar na sua trin-
cheira (casa), Angola vence
esta ‘guerra’ e celebra uma
nova Paz”, apelou.
siva ao 8º aniversário da
coligação, assinalado ontem.
“A CASA-CE apoia e apoiará
a declaração do Estado de
Emergência em Angola”,
disse André Mendes de Car-
valho, que entende que o
momento é de unidade de
todas as forças vivas da nação
e não de partidarismos.
O presidente da CASA-
CE disse ser urgente encon-
t ra r - s e s o l u ç ã o p a ra o
problema dos cidadãos, nesta
fase de pandemia, obrigados
a permanecerem em casa,
sem condições alimentares
de sobrevivência, visto que
ganham o sustento em cada
dia na rua. O político afirmou
q u e n ã o s e d eve fi ng i r ,
Um ponto final
à guerra fratricida
Em 4 de Abril de 2002, os
angolanos decidiram colocar
ponto final na guerra fra-
tricida no país há cerca de
três décadas. Depois de
várias tentativas de media-
dore s internacionai s , o
acordo para o fim da guerra
resultou da vontade própria
das partes envolvidas no
conflito, sem alguma inter-
ferência externa.
perante um problema que
existe de facto e é preciso
resolvê-lo. André Mendes
de Carvalho apoia as medidas
tomadas para evitar o con-
tágio massivo nas cadeias e
centros de detenção, aten-
dendo à superlotação que
registam, com presos e deti-
dos. “É uma questão huma-
nitária”, disse.
Miau defendeu, também,
a necessidade de o Executivo
fornecer a todos os hospitais
públicos meios de protecção
individual contra o novo coro-
navírus e não apenas aos de
referência. “É nos bancos de
urgência, salas de consulta
e enfermarias dos hospitais
públicos de grande e médio
O entendimento consumou-
se com a assinatura dos acor-
dos de paz e reconciliação
nacional rubricado, num dia
como hoje, nas antigas ins-
talações da Assembleia Nacio-
nal, em Luanda, na presença
do ex-Presidente da Repú-
blica, José Eduardo dos Santos,
do corpo diplomático, líderes
religiosos e personalidades
da sociedade civil.
Do lado do Governo, o
documento foi assinado pelo
porte que acontecem os pri-
meiros contactos entre o pes-
soal da saúde e as pessoas
contaminadas”, lembrou.
O político defendeu que
os meios entregues para
impor a lei, durante esta
fase, devem ser propor-
cionais ao nível de infrac-
ções cometidas “e não
agravar, com blindados nas
ruas, o medo da população
que já é elevado, fruto da
situação prevalecente”.
O presidente da CASA-
CE receia uma situação eco-
nómica mais difícil após o
Covid-19, mas apela à uni-
dade de todo o país. André
Mendes de Carvalho saudou
todo o pessoal que se encon-
tra na linha da frente no com-
bate à pandemia.
Possibilidade de realização
das eleições autárquicas
Relativamente à realização
das eleições autárquicas,
André Mendes de Carvalho
reconhece que a situação é
difícil e não aconselha que
EDIÇÕES NOVEMBRO
então chefe do Estado-Maior
General das Forças Armadas
Angolanas, general Armando
da Cruz Neto, e pela UNITA,
o chefe do Estado-Maior
das extintas Forças Armadas
de Libertação de Angola
( FA L A ) , g e n e ra l Ab re u
Mu e ng o Uc u a c h i te mb o
“Kamorteiro”.
Estudos apontam que a
guerra civil em Angola gerou
u m a c r i s e h u m a n i tá r i a
desastrosa, ao forçar o des-
se avance nessa direcção,
mas lembra que ainda será
possível realizá-las nos três
últimos meses do ano.
Miau levantou dúvidas
quanto ao pacote legislativo
autárquico, que considerou
estar atrasado, e a atribuição
de verbas aos partidos polí-
ticos concorrentes. Recente-
mente, a CASA-CE defendeu,
junto da Assembleia Nacio-
nal, a necessidade de finan-
ciamento às forças políticas
concorrentes às eleições
autárquicas.
Outro factor impeditivo
da realização das eleições
autárquicas, na óptica de
André Mendes de Carvalho,
é o país não ter dinheiro
“num cenário em que o
preço do barril está em
baixa”. Seja como for, Miau
acredita que há possibilidade
de realizá-las nos últimos
três meses do ano.
André Mendes de Carva-
lho lembrou que o Executivo
terá aceite a cabimentação
de verbas para as eleições
Sábado
4 de Abril de 2020
locamento interno de 4,28
milhões de pessoas – con-
siderado, na altura, um terço
da população total do país.
Sobre este assunto, a
Organização das Nações
Unidas chegou a estimar,
em 2003, que 80 por cento
dos angolanos não tinham
acesso à assistência médica
básica, 60 por cento, à água
potável, 30 por cento das
crianças morriam antes dos
5 anos e a expectativa de
vida de menos de 40 anos.
Para assinalar a
efeméride, está
prevista, para às 8
horas de hoje, em
Luanda, o hastear
da Bandeira
Monumento, bem
como a deposição
de uma coroa
de flores
no Monumento
do Soldado
Desconhecido
O Governo gastou 187
milhões de dólares para
reassentar pessoas deslo-
cadas internamente entre
4 de Abril de 2002 e 2004,
após o Banco Mundial doar
33 milhões de dólares para
continuar o processo de
assentamento.
O Escritório das Nações
Unidas para a Coordenação
de Assuntos Humanitários
(OCHA) estimou que, em
2002, o conflito deslocou
cerca de 98 mil pessoas ape-
nas entre 1 de Janeiro e 28
de Fevereiro. Os deslocados
internos compunham 75 por
cento de todas as vítimas de
minas terrestres.
autárq uica s . Porém ,
entende que estas não vão
ser dadas à partida, mas
após à participação nas
eleições. “A ideia é o Exe-
cutivo ressarcir os gastos
que as forças concorrentes
fizerem, mas só as que
obtiverem 15 por cento dos
votos do eleitorado”, reve-
lou o político, para quem
isso “não faz sentido”.
Deu como exemplo, o
caso da CASA-CE que nunca
atingiu sequer 10 por cento
dos votos nas eleições
gerais, mas nas últimas
conseguiu eleger 16 depu-
tados, ultrapassando, de
longe, o número de
assentos exigidos para
formar grupo parlamentar
(três). Para o líder da coli-
gação, essa pretensão
deve ser corrigida.
No conjunto de aspectos
a corrigir, o político aponta,
também, a necessidade de
serem revistas as questões
ligadas à designação do
presidente da CNE.
DESTAQUE Sábado
4 de Abril de 2020 3
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Xavier António essa necessidade não será
necessário auscultar nova-
O ministro de Estado e chefe COORDENADOR DA COMISSÃO INTERSECTORIAL mente o Conselho da Repú-
da Casa de Segurança do Pre- blica. “Se olhar para outras
sidente da República, Pedro realidades, os Governos,

Executivo tem disponível

Sebastião, garantiu ontem,
em Luanda, que o Executivo
tem montada toda a linha
logística para assegurar as
situações actuais e períodos
menos bons que podem vir
a surgir em função do impacto
da pandemia do Covid-19.
Pedro Sebastião, que falava
em conferência de imprensa,
na qualidade de coordenador
da Comissão Intersectorial
de Gestão das Medidas contra
a Expansão do Covid-19,
informou, igualmente, que a
Comissão Intersectorial já
efectuou deslocações às pro-
víncias do Namibe e Cunene,
de modo a atender as popu-
lações mais carenciadas.
“Essas deslocações vão
continuar em outras regiões
do país que se mostram mais
necessárias. Não podemos
esquecer que saímos, recen-
temente, de um problema
ligado à seca no Sul do país
em que o Governo foi chamado
a realizar um esforço para acu-
dir as populações”, lembrou.
Corrente de solidariedade
O ministro de Estado e chefe
da Casa de Segurança do
Presidente da República
agradeceu a corrente de soli-
dariedade que o Executivo
tem recebido de organiza-
ções internacionais, empre-
sas privadas e particulares
que se juntaram à causa,
afim de minimizar as difi-
culdades existentes.
“Das organizações inter-
nacionais, recebemos valores
em dinheiro que estão em
contas bancárias devidamente
controladas, quer pela Comis-
são Intersectorial quer pelo
Ministério das Finanças que
tem contas abertas onde estão
depositados estes valores”,
assegurou Pedro Sebastião.
Para o Executivo, disse, seria
importante que esses valores
fossem convertidos em bens
materiais, através de uma
lista de necessidades.
O ministro de Estado
revelou, também, que, nos
próximos tempos, serão
publicados os resultados
destas doações e ajudas, por
forma que cada entidade que
o fez possa ter a certeza de
logística contra o Covid-19
Ministro de Estado Pedro Sebastião
agradeceu, ontem, a corrente de
solidariedade que o Governo tem
recebido de organizações
internacionais, empresas privadas e
particulares que se juntaram à
causa, afim de minimizar as
dificuldades existentes
que os seus donativos che-
garam a bom porto e que
f o ra m s u f i c i e n te m e n te
bem aproveitados.
O coordenador da Comis-
são Multisectorial referiu
que foi estabelecido previa-
mente um conjunto de
medidas e programas para
acudir as empresas neste
período difícil, com destaque
para o adiamento no paga-
mento de impostos, em fun-
ção de cada caso, assim como
a regularização posterior de
atrasados bancários.
Pedro Sebastião reconhe-
ceu que a questão salarial dos
trabalhadores tem sido a maior
dificuldade nesta altura para
fazer face às suas necessida-
des, a julgar pelo custo de
vida que o país enfrenta tem
registado, cada vez mais, um
incremento.”Por essa razão,
o Executivo está atento à cria-
ção de incentivos, não só para
Esclarecida campanha de apoio acudir as empresas, mas tam-
bém as populações”, disse.
A Comissão Intersectorial esclareceu que, quando emergiu Eleições autárquicas
a crise do Covid-19, vários cidadãos e empresas em Angola Questionado se a luta contra
manifestaram, voluntariamente, o desejo de contribuir com a propagação do Covid-19
o que estava ao seu alcance, como dinheiro, medicamentos, poderá pôr em causa a rea-
bens alimentares, entre outros. lização das primeiras eleições
A Comissão entendeu ser correcto aceitar essa ajuda solidária autárquicas, previstas para
da sociedade, indicando por isso mesmo um número de conta este ano, Pedro Sebastião
bancária para as contribuições em dinheiro. sublinhou que, “até onde o
Entretanto, a indicação do número de conta (pertencente Governo sabe, não há nada
à Direcção de Tesouro do Ministério das Finanças) e a que possa atrapalhar, de
posterior disseminação de um SMS pelos utentes de tele- momento, o calendário esta-
móveis, criaram “a percepção errónea de que o Governo belecido, uma vez que o Exe-
angolano estaria a cobrar dos cidadãos uma espécie de cutivo está a fazer a sua parte
tributo ou imposto para suportar os encargos da luta no sentido de que este prazo
contra o vírus mortífero”. seja cumprido dentro daquilo
“Esclarece-se a opinião pública que decorrem de uma atitude que foi preconizado”.
absolutamente voluntária dos cidadãos e empresas a entrega Sobre a eventualidade de
à Comissão Intersectorial de toda e qualquer forma de ajuda se estender o prazo do Estado
para o enfrentamento do Covid-19”, lê-se no comunicado. de Emergência, o ministro
de Estado disse que se houver
de uma forma geral, pre-
conizavam 15 dias e, aos
poucos, vamos vendo esse
prazo a dilatarem-se em
f u n ção d aq u i l o q u e va i
acontecendo no terreno”,
observou Pedro Sebastião,
que acrescentou: “oxalá que
não tenhamos necessidade
da extensão do prazo”.
O coordenador da Comis-
são Intersectorial de Gestão
das Medidas contra a Expan-
são do Covid-19 explicou,
ainda, que, com os parcos
recursos humanos que a Polí-
cia dispõe, não estava em
condições de cobrir satisfa-
toriamente todo o território
nacional, face a actual situa-
ção de luta contra a propa-
gação do coronavírus.
Por isso, disse, foi neces-
sário incrementar mais
homens e reforçar alguns
meios para que a ordem no
país não se alterasse. “Daí
que o Comandante-em-
Chefe das Forças Armadas
Angolanas, Presidente da
República, João Lourenço,
ordenou que a Polícia fosse
socorrida com mais alguns
efectivos das Forças Arma-
das que fizeram-se acom-
panhar de alguns meios de
passageiros do seu arsenal
que contempla os transpor-
tadores de tropas na pers-
pectiva de persuasão para
que a população pudesse
ter outra atitude, visão e
sinais daquilo que efecti-
vamente se estava a passar
no país”, esclareceu.
Em jeito de balanço, Pedro
Sebastião informou, ainda,
que 149 cidadãos estão a
cumprir quarentena no Hotel
Vitória Garden, em Luanda,
96, no Hotel do Infotur, na
zona do Kilamba, e 77, no
Hotel Viana. Em quarentena
domiciliar estão 818 pessoas,
das quais 478 em Luanda.
Em todas as províncias
estão criadas as condições
para o acompanhamento e
tratamento das situações
locais, nomeadamente a
criação de espaços de qua-
rentena institucional e a pre-
p a ra ç ã o d e o u t ro s p a ra
isolamento e tratamento de
casos testados positivos.

ADOLFO DUMBO | EDIÇÕES NOVEMBRO

ESTADO DE EMERGÊNCIA

TAAG cancela mais de 200 voos

domésticos e 180 internacionais
Arcângela Rodrigues
A companhia aérea angolana
(TAAG) anulou, desde o início
do Estado de Emergência,
204 voos domésticos, o que
representa uma perda de
16.500 passageiros, lamentou,
ontem, em Luanda, o ministro
dos Transportes.
Ricardo de Abreu explicou
que, em relação aos voos inter-
nacionais, foram cancelados
180, o que corresponde à perda
de 30 mil passageiros. Acres-
centou que nesta altura exis-
tem cerca de 6.700 passageiros
Aviões da companhia nacional de bandeira estão em terra com bilhetes retidos e que
pretendem regressar ao país.O
ministro, que falava em con-
ferência de imprensa de actua-
lização de dados sobre o
Covid-19, disse que as esti-
mativas do sector apontam
para uma redução de receitas
significativas, principalmente
na área da aviação civil, que
carece de algum suporte do
Executivo para compensar
as perdas.
Relativamente às outras
empresas do sector, Ricardo
de Abreu informou que está
a ser criado um conjunto de
medidas que visam mitigar a
situação durante este período.
Neste momento, de acordo
com o ministro dos Trans-
portes foi feito um estudo
sobre o impacto do Covid-19
a nível do sector e os resultados
são preocupantes. Como
medida, acrescentou, está
em curso um programa de
reestruturação a ser imple-
mentado brevemente.
Abastecimento de bens
O ministro do Comércio, Victor
Fernandes, informou que não
está proibida a circulação de
transportes para o abasteci-
mento de bens alimentares
diversos no país.
“Os Ministérios do Comér-
cio, dos Transportes e a Polícia
Nacional estão orientados a
acautelar esta situação, faci-
litando a circulação desses
bens essenciais”, disse. Victor
Fernandes explicou que os
horários afixados para a aber-
tura e encerramento dos mer-
cados e supermercados foram
estabelecidos em função do
fluxo de clientes nestes locais.
“Tudo que está a ser feito é
para salvaguarda das pessoas
e todos têm de se adaptar às
medidas planeadas no Decreto
Presidencial do Estado de
Emergência”.
4 DESTAQUE
TIVERAM CONTACTO COM OS OITO CASOS POSITIVOS
Grupo de 500 pessoas
está a ser acompanhado
A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, disse já terem sido realizados
alguns testes laboratoriais, cujos resultados foram negativos
Xavier António
A ministra da Saúde revelou,
ontem, em Luanda, que um
grupo de 500 pessoas, que
tiveram contacto com os oito
casos positivos registados
no país, está a ser acompa-
nhado pelas equipas de vigi-
lância epidemiológica.
Sílvia Lutucuta, que falava
em conferência de imprensa
sobre o ponto da situação
das medidas de prevenção
e combate do Covid-19,
assegurou que os testes
laboratoriais de algumas
pessoas desse grupo deram
negativos e estão em qua-
rentena institucional.
A ministra anunciou a
aquisição de 380 ventiladores
para todo o país e estão a ser
realizadas acções de forma-
ção básica acelerada para o
manuseamento desses equi-
pamentos e tratamento de
doentes em cuidados inten-
sivos. “O manuseio de ven-
tiladores precisa de um
técnico capacitado com for-
mação básica e avançada em
cuidados intensivos”, referiu.
Sílvia Lucuta lembrou
que nenhum país está pre-
parado para o pior e que o
Executivo angolano está a
tomar as medidas necessá-
rias para controlar a pan-
demia. “Com as medidas
decretadas, aliadas aos cui-
dados de prevenção por parte
da população, é possível
manter o controlo”, disse.
O trabalho realizado, ate
ao momento, referiu a gover-
nante, visa, sobretudo, o
corte da cadeia de transmis-
são. Por isso, acrescentou, é
fundamental as pessoas con-
tinuarem confinadas em
casa, observando todas as
medidas de protecção indi-
vidual e colectiva. “O país
está diante de uma pande-
mia altamente contagiosa
com complicações muito
graves, cujo impacto eco-
nómico e social é profundo
em todas as economias
mundiais”, enfatizou.
A ministra disse que, nas
próximas semanas, serão
realizadas testagens aleatórias
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
nos locais de grande circu-
lação e em hospitais, sobre-
t u d o , e m d o e n te s c o m
alguma doença respiratória,
para perceber se há ou não
circulação comunitária. “Em
caso de um destes ser posi-
tivo, estaremos diante de
uma circulação comunitária”,
referiu, acrescentando que
estão a ser concluídos os tes-
tes das pessoas em quaren-
tena institucional.
A ministra anunciou que
os médicos cubanos de várias
especialidades chegam ao
país na próxima semana para
ajudar na prevenção e com-
bate do Covid-19. “Vamos
receber um contingente
médico para nos apoiar na
assistência e também na for-
mação contínua durante este
período”, declarou.
Angolanos no estrangeiro
A ministra lamentou a morte
do padre angolano Tomás
Kapingala, ocorrida em
França, vítima de Covid-19.
Acrescentou que há igual-
mente dois angolanos inter-
nados em Portugal e duas
cidadãs na China. “Tivemos
um caso suspeito na África
do Sul”, referiu.
Em relação aos funerais,
disse, têm de ser observadas
determinadas regras de
saúde pública, sendo que
as vítimas mortais da pan-
demia devem ser enterradas
no local ou no país em que
residiam. “Não é possível
fazer transladação dos cor-
MINISTRO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
“Informação é a principal
vacina no combate à pandemia”
Xavier António
O ministro da Comunicação
Social, Nuno Albino “Car-
naval”, considerou, ontem,
em Luanda, que a informa-
ção é a principal vacina no
combate à Covid-19.
Nuno Carnaval, que falava
durante a conferência de
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
pos”, sublinhou.
Durante a conferência de
imprensa, a ministra da Saúde
garantiu que estão em curso
contactos, através do Minis-
tério das Relações Exteriores,
para garantir um acompa-
nhamento de todos os ango-
lanos no estrangeiro.
Cenário sombrio
Sílvia Lutucuta frisou que a
situação no país pode piorar,
a partir de Maio, altura em
que as temperaturas come-
çam a baixar nos países tro-
picais, aumentando as
probabilidades das pessoas
serem mais infectadas. “A
OMS estima que, no `pico´
da doença, tenhamos cerca
de 10 mil casos”, disse.
A ministra da Saúde lem-
brou que, na fase inicial da
propagação da doença, pen-
sava-se que estaríamos segu-
ros, em função de factores
genéticos, raça e temperatura,
mas o Covid-19 acabou por
demonstrar que ultrapassou
todas estas barreiras.
“A nossa preocupação é
manter os casos importados
e não evoluir para o contágio
comunitário. As pessoas
devem ficar em casa para
evitar um cenário como da
China, Europa e Estados Uni-
dos da América”, alertou.
Em África, frisou, Angola
é o único país que assumiu
o risco de realizar quaren-
tenas institucionais, o que
permite controlar, com
alguma segurança, os casos
imprensa da Comissão Inter-
sectorial de Gestão das Medi-
das contra a Expansão da
Covid-19, encorajou os jor-
nalistas que, durante este o
Estado de Emergência, têm
dado o melhor enquanto
“principal vacina no com-
bate e prevenção daquela
pandemia”, informando a
positivos. “Fruto da expe-
riência de vários países, entre
os quais a China, quando se
perde o controlo da epidemia,
a estimativa é de termos 80
por cento das pessoas con-
taminadas, sem manifesta-
ção nenhuma, 15 por cento
com manifestações leves e
cinco por cento com mani-
festações graves que preci-
sa rão d e t rata m e nto
intensivo”, explicou.
Factores de risco
Sílvia Lutucuta reconheceu
as fragilidades do sistema de
saúde nacional, mas entende
ser fundamental olhar para
a cadeia de transmissão da
doença, cuja propagação é
efectuada por pessoas que
estiveram em países com
circulação comunitária do
Covid-19.
Sobre os cuidados de pre-
venção nos ATM, a governante
disse não ser possível colocar
técnicos nestes locais para
medirem a temperatura das
pessoas, por falta de recursos
humanos. “Em relação a uti-
lização destes meios electró-
nicos e financeiros, a Coreia
do Sul tem uma experiência
muito interessante, em que
consegue fazer o controlo da
temperatura através de câma-
ras com infra-vermelhos.
Mas é uma realidade muito
diferente da nossa,”, justificou.
Sílvia Lutucuta disse des-
conhecer, em caso de uma
eventualmente transmissão
comunitária, qual será o
comportamento do Covid-
19 no país, devido a exis-
tência de outras doenças,
como a malária, hiperten-
são, diabetes, cancro, que
nos podem colocar numa
situação de risco.
A governante referiu que
alguns médicos reformados
têm estado a dar o seu con-
tributo na prevenção e com-
bate do Covid-19. “Há uma
corrente de solidariedade e
muitos dos nossos reforma-
dos, que não estão em risco
ou não têm nenhuma doença
que os coloca em risco, já
estão a trabalhar”, disse a
ministra da Saúde.
população. O ministro elo-
giou, igualmente, os pro-
fissionais da Saúde e os
efectivos da Polícia Nacional
que têm dado o melhor de
si no dever patriótico.
Relativamente ao sector
que dirige, informou que foi
traçada uma estratégia e um
plano de comunicação para
EUGÉNIO LABORINHO
Luanda lidera desordem
Xavier António
Em comparação às demais
províncias, Luanda é o “que-
bra-cabeças” no que toca
ao grau de cumprimento das
medidas do Estado de Emer-
gência, admitiu o ministro
do Interior.
Apesar disso, Eugénio Labo-
rinho garantiu que tudo será
feito para que a situação nor-
malize na capital do país, nem
que para isso tenham de se
accionar outros níveis de inter-
venção. O ministro revelou
que foram apreendidas 614
viaturas, por violação da lei.
O ministro apelou, igual-
mente, à sociedade civil,
com destaque para as igrejas
e Organizações Não-Gover-
namentais, no sentido de
sensibilizarem as famílias
porque o inimigo Covid-19
é desconhecido.
Eugénio Laborinho foi ins-
tado a pronunciar-se sobre
casos de efectivos da Polícia
Nacional que têm actuado
sem meios de protecção, como
luvas e máscaras. “Temos
estado a trabalhar com o
Ministério da Saúde em relação
à protecção dos nossos efec-
tivos, sobretudo os que estão
em permanente contacto
com as populações e acre-
ditamos que, nos próximos
dias, haverá uma mudança
neste sentido”, disse.
Durante a conferência de
imprensa, o ministro do Interior
sublinhou que os agentes da
Polícia Nacional estão orien-
tados que a manutenção da
ordem e segurança públicas
deve ser implementada com
rigor porque a meta é garantir
a paz social.
Segurança pública
O Ministério do Interior tem
a situação de segurança pública
controlada, numa altura em
que está em vigor no país o
que se possa evitar, cada vez
mais, a desinformação e as
“fake news” nas redes sociais.
Nuno Carnaval entende
que se vive num mundo cada
vez mais global em que a
comunicação está cristalizada
nas redes sociais. Por isso,
disse, tem-se tido uma abor-
dagem de mais proximidade,
inclusão e participação. “Por
essa razão, é que, recente-
mente, realizamos encontros
com jornalistas, fazedores
de opinião, formamos jor-
nalistas de órgãos públicos
e privados para que possam
colaborar com o Executivo
Sábado
4 de Abril de 2020
Estado de Emergência em vigor
no país, garantiu o ministro.
Eugénio Laborinho acres-
centou que a Polícia tem estado
a cobrir todo o país para asse-
gurar que se cumpra o Estado
de Emergência decretado no
âmbito das medidas de pre-
venção à pandemia.
Referiu que os efectivos
estão a efectuar a cobertura
das zonas mais recônditas e o
trabalho não tem sido fácil.
“Temos um problema muito
sério que tem que ver com a
teimosia da nossa população
que não tem estado a acatar
as ordens dos efectivos da
ordem e segurança no terreno”,
afirmou Eugénio Laborinho,
que admitiu, igualmente, o
registo de alguns excessos por
parte da Polícia Nacional, sobre-
tudo em Luanda, Benguela,
Cabinda, Namibe e Uíge.
O ministro, que lamentou
essas ocorrências, indicou
que foram aplicadas algumas
“medidas correctivas” a
alguns efectivos da corpora-
ção. “Pedimos que as pessoas
fiquem em casa porque vamos
acelerar as medidas correc-
tivas”, alertou Eugénio Labo-
rinho, acrescentando que tais
medidas vão depender de
cada caso. Sublinhou que a
Polícia vai continuar a actua-
ção, partindo de forma peda-
gógica, de modo a não haver
confrontos entre os cidadãos
e efectivos da corporação.
O ministro esclareceu que,
de momento, a Polícia ainda
está na segunda linha de actua-
ção. “Pensamos que não haverá
necessidade de subir os níveis,
mas estamos preparados para
os devidos efeitos”, disse. Para
já, avisou que “a Polícia não
está no terreno para distribuir
rebuçados nem para dar cho-
colates”, razão pela qual vai
actuar em função do compor-
tamento de cada cidadão ou
aglomerado de pessoas.
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
no sentido de levar a infor-
mação sobre a prevenção e
o combate à Covid-19 e com-
bater todas as desinforma-
ções”, esclareceu.
O ministro disse tratar-
se de uma medida que visa
tornar a comunicação proac-
tiva e não reactiva. Esclareceu
que o sector criou um expe-
diente de comunicação, con-
substanciadas quer nas
informações diárias da epi-
demiologia, quer nas con-
f e rê n c i a s d e i m p re n s a
alargadas, para que o cidadão
possa ter um contexto per-
manente sobre a situação.
DESTAQUE Sábado
4 de Abril de 2020
Governador provincial de Luanda garantiu que as atenções estão, também, viradas à protecção dos mais vulneráveis
Arcângela Rodrigues potável em áreas com sérios
problemas e nas zonas onde
o líquido chega com facilidade
Um total de 12 camiões reduziu as restrições.
destinados à fumigação e O governador de Luanda
pulverizaçãoentra em fun- salientou que, no âmbito do
cionamento na capital do Plano de Contingência, as
país, em breve, de modo atenções estão, também, vira-
a evitar a propagação da das à protecção de todos os
pandemia do Covid-19, cidadãos em situação de vul-
anunciou, ontem, o gover- nerabilidade. Acrescentou
nador de Luanda. que o plano visa assegurar
Sérgio Rescova, que falava um conjunto de acções que
em conferência de imprensa vão ao encontro das preocu-
de actualização de dados sobre pações das populações.
o Covid-19, sublinhando que Quanto à questão do
a ideia é minimizar o efeito saneamento básico, Sérgio
da doença, e disse que, neste Rescova disse que se enqua-
momento, os meios estão a dra numa perspectiva de tra-
ser preparados pela Comissão balho contínuo e que, nesta
Intersectorial. fase, está a ser reforçado.
Em relação ao abastecimento “Conseguimos estabilizar a
de água potável à província situação da limpeza e recolha
de Luanda, o responsável de lixo, principalmente a
informou que, apesar da nível dos centros urbanos e
dimensão do problema, o das vias principais".
Ministério da Energia e Águas Mas, para isso, defendeu
está a implementar, com êxito, ser necessário consolidar a
a distribuição do produto, mas nível das comunidades e
lembrou ser necessário o zonas periféricas a recolha
reforço destes serviços. e limpeza, onde o aglome-
De acordo com Rescova, a rado de lixo está associado
EPAL colocou à disposição às áreas comerciais.
camiões cisternas que têm Neste momento, conti-
feito a distribuição de água nuou, o governo da província
HUAMBO
Governadora desaconselha
taxistas a exercerem actividade
Justino Victorino | Huambo do Huambo, salientou que só
devem circular as pessoas
A governadora do Huambo devidamente autorizadas e
exortou ontem os taxistas e em casos de necessidade
mototaxistas a respeitarem extrema, como forma de
as medidas de prevenção e reforçar as medidas de con-
vigilância epidemiológica trolo de propagação da doença.
do Covid-19, cancelando o As pessoas, disse, devem
exercício da actividade na cooperar por uma melhor
província. forma de difusão da men-
Joana Lina Cândido, que sagem sobre as medidas de
manteve um encontro com prevenção, pelo que a acti-
todas as associações de taxistas vidade de táxi, devido à pro-
DESINFESTAÇÃO
Luanda com 12
novos camiões
de fumigação
e pulverização
trabalha em parceria com
os estabelecimentos comer-
ciais, principalmente com
as administrações municipais
e distritais, no sentido de
melhorar o actual quadro,
que considera preocupação
em função do lixo que é pro-
duzido diariamente.
Para Sérgio Luther Rescova,
o mesmo acontece em relação
às valas de drenagem que têm
merecido atenção especial
no trabalho desenvolvido pelo
GPL, esclarecendo que a
maior parte dos casos, além
da questão relacionada com
a drenagem das águas pluviais
e residuais, que devem ser
normalizadas, estes locais
acabam por acomodar muitas
bactérias e outros vermes.
"Temos realizado com
alguma frequência limpezas
nas valas de drenagem. Tam-
bém realizamos trabalhos de
higienização, visando a fumi-
gação e pulverização de algu-
mas áreas", disse o governador
de Luanda.
Transportes públicos
Os meio s de tran sp orte
público vão deixar de fun-
cionar, caso a situação da
ximidade entre as pessoas,
constitui um factor elevado
de risco de contágio comu-
nitário, por não ser possível
observar-se o distancia-
mento social.
A governante reconheceu
as implicações que a para-
lisação origina, mas disse
ser por uma boa causa, por-
que, salientou, “a vida das
pessoas está em primeiro
lugar”, acrescentando que
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
OMS capacita 343
técnicos de Saúde
André Sibi
A Organização Mundial da
Saúde (OMS) capacitou nos
últimos três dias, 343 téc-
nicos de saúde, entre médi-
cos, enfermeiros, técnicos
de diagnóstico e terapeutas,
sobre a utilização dos equi-
pamentos de biossegurança,
durante o atendimento dos
pacientes. A informação foi
avançada por Julia Lawagoe,
especialista em prevenção
de infecções da delegação
da OMS em Angola.
Julia Lawagoe, que falava
a imprensa, disse que o objec-
tivo é ajudar os técnicos de
saúde a dominar a forma de
utilizar batas, máscaras, aven-
tais, óculos e luvas, de modo
a evitar a exposição durante
a assistência aos pacientes.
A especialista em saúde
ÁGUA ENGARRAFADA
pandemia se alastre, alertou
Refriango mantém
linha de produção
o governador de Luanda, que
considerou ser um dos aspec-
tos fundamentais que consta,
também, das medidas do
Estado de Emergência. Alexa Sonhi
Sobre os 220 autocarros
adquiridos para reforço da A Refriango está a criar con-
frota na capital, Rescova expli- dições para acomodar nas
cou que não são para distri- suas instalações os 750 tra-
buição gratuita. balhadores, com objectivo
“Houve empresas selec- de manter os níveis de pro-
cionadas nos termos da lei dução, protegê-los e salva-
que venceram o concurso guardar as famílias dos riscos
público, e, aguardam a fase de contágio do Covid-19.
de aquisição dos meios”, disse, O director Comercial, Diego
argumentando que, deste Caldas, disse que o mundo
número, foram já entregues todo luta para combater o
180 autocarros e de momento Covid-19, por isso a produção
está em análise a entrada em de água não pode parar e os
circulação destes meios. trabalhadores não podem ser
Sérgio Rescova indicou que ameaçados no seu emprego.
os 220 novos autocarros estão “Estamos a criar todas as con-
associados a uma frota já exis- dições de comodidade pos-
tente de aproximadamente sível, para que os trabalhadores
160 e, mesmo assim, está se mantenham no interior da
além daquilo que são as fábrica durante o tempo todo
necessidades reais. em que decorrer o período
Ainda sobre a situação dos de emergência”, justificou.
transportes públicos, o GPL
continua a trabalhar com o
Ministério dos Transportes
para que, até o final deste ano,
LUNDA-NORTE
entrem em circulação cerca
de mil autocarros.
Comunidade apoia
Hospital Geral do Dundo
caso surja um contágio, em
grande escala, os hospitais
locais não têm capacidade
Isidoro Samutula | Dundo
para atender a demanda, a A comunidade mauritaniana
julgar pela característica
viral, e, sobretudo, por
ainda não possuir um tra-
na Lunda-Norte doou ontem,
no Dundo, bens alimentares,
material para higiene e de
tamento específico. biossegurança ao Hospital
“Angola observa, desde Geral David Bernardino
às 00H00, do dia 27 de Março, “Kamanga”, para prevenção
um regime de excepção, que do Covid-19. Foram doados
restringe, por 15 dias, o 100 caixas de lixívia, 100
direito fundamental dos cida- sacos de fuba de milho, 50
dãos, como a livre circulação de arroz, 68 de detergentes,
e conglomerados popula- 20 caixas de sabão, 400 pares
cionais. As autoridades locais de luvas e regadores para
estão engajadas para que esta desinfectar as áreas.
missão seja cumprida, na O representante da comu-
totalidade, na província do nidade mauritaniana na
Huambo,” frisou. Lunda-Norte, Cherif Mohamed
5
preventiva explicou que os
técnicos de saúde podem
facilmente se contaminar
com as diferentes infecções,
se não observarem as medi-
das de segurança na utiliza-
ção dos vários equipamentos
a sua volta.
Para a bastonária da
O rd e m d o s M é d i co s d e
Angola, Elisa Gaspar, acções
de formação desta natureza
constituem uma mais-valia
para os técnicos de saúde,
pois, a utilização incorrecta
dos equipamentos, gera
vários problemas de saúde
aos especialistas.
A l é m d e té c n i co s d e
saúde da província de
Luanda, participaram da
acção formativa, técnicos
do sector da Saúde das pro-
víncias do Bengo, Cuanza-
Norte, Cuanza-Sul e Uíge.
Diego Caldas salientou
que, por conta do Covid-
19, a Refriango reduziu em
50 por cento a sua capaci-
dade de produção, mas
garantiu que nos próximos
três meses não faltará agua
engarrafada no país.
Refriango, disse, tem capa-
cidade para produzir diaria-
mente mais de um milhão
de garrafas de água, sem
qualquer problema, nos pró-
ximos três meses, pois dispõe
de matéria-prima suficiente
para o efeito. Por formas a
salvaguardar a saúde dos
trabalhadores, a empresa
tem em funcionamento um
posto médico adequado a
realidade actual e com uma
capacidade para manter
em isolamento seis pacien-
tes, caso seja necessário.
Nava, disse que o momento
requer o esforço de todos e
a união entre os povos. O
Covid-19, disse, representa
uma ameaça para todos, situa-
ção que obriga a contribuição
de todas as forças vivas da
sociedade de modo a com-
bater a pandemia.
O director do Hospital
Geral Dr David Bernardino
“Kamanga”, André Dissidi,
sublinhou que é um gesto
que poderá incentivar outras
comunidades a apoiar as uni-
dades sanitárias da província
e criar melhores condições
para os pacientes que pro-
curam os cuidados de saúde.
6 DESTAQUE
Domingos Mucuta
e Estanislau Costa | Lubango
Os moradoresdas zonas peri-
féricas do Lubango, sem rede
de distribuição pública, estão
a beneficiar do abastecimento
de água potável gratuita, atra-
vés de camiões-cisterna.
O processo de distribui-
ção, iniciado quarta-feira,
no âmbito do Estado de
Emergência, envolve dois
camiões-cisterna da Empresa
Provincial de Águas e Sanea-
mento e 13 do sector privado.
A presidente do Conselho
da Administração da Empresa
Provincial de Águas e Sanea-
mento d a Hu í l a , Ma r i a
Domingos Tyicusse, explicou
que foram fixados reserva-
tórios de mil litros em oito
bairros da cidade do Lubango,
considerados críticos.
Acrescentou que o
abastecimento de água à
zona do Chipindo, bairro
da Mapunda, onde não
foram instalados reser-
vatórios, será feito direc-
tamente nos recipientes
de cada família.
A distribuição, assegurou,
será feita todos os dias,
enquanto durar o Estado de
Emergência, para que os
cidadãos tenham água limpa
para consumo e cuidar da
higiene, como forma de pre-
venção do Covid-19.
Informou que os camiões
disponíveis permitem, tam-
bém, abastecer os postos e
centros de saúde, centros
de quarentena e unidades
hospitalares definidos pelo
sector da Saúde.
Encerramento dos mercados
O governador da Huíla
informou que o encerra-
mento dos mercados infor-
mais da cidade do Lubango
visou salvaguardar a vida
da população.
Luís Nunes, que convi-
dou a imprensa para uma
comunicação sobre o Covid-
19 na Huíla, lembrou que o
Estado de Emergência,
decretado pelo Presidente
da República, João Lou-
renço, representa uma
“situação excepcional” cau-
sado pelo Covid-19.
O governador exortou os
cidadãos a permanecerem
PONTOS DE ABASTECIMENTO DE CAMIÕES-CISTERNA
Ministro avalia qualidade
do produto em Luanda
Alberto Quiluta
O ministro da Energia e
Águas, João Baptista Borges,
avaliou, ontem, a qualidade
do produto distribuído pelos
camiões-cisterna às zonas
críticas da província de
Luanda, no âmbito do plano
de contingência de combate
à pandemia do Covid-19.
O governante, acompa-
nhado de membros do seu
pelouro, representantes do
Instituto Nacional de Defesa
do Consumidor (INADEC)
e da Associação dos Camio-
nistas Distribuidores de
Água potável gratuita
nos bairros periféricos
O processo de distribuição de água potável às famílias, iniciado
quarta-feira no âmbito do Estado de Emergência, devido a pandemia
do Covid-19, envolve dois camiões- cisterna da Empresa Provincial
de Águas e Saneamento e 13 do sector privado
em casa, por ser uma das
formas de evitar a pro-
p a g a ç ã o d o C ov i d - 1 9 .
“Peço muita serenidade
a todos, neste momento
difícil”, apelou.
Acções de prevenção
Oministro de Estado e Chefe
da Casa Civil, Frederico Car-
doso, encorajou, ontem, a
Comissão Técnica Provincial
da Huíla a prosseguir as
acções que visam o reforço
das condições favoráveis à
prevenção de eventuais con-
tágios do Covid-19 e a res-
pectiva assistência médica
e medicamentosa.
Águas de Luanda, visitou
os pontos de abastecimento
de camiões-cisterna nas
girafas de Kikuxi e Calumbo,
em Viana, e “Dona Xepa”,
em Talatona. João Baptista
Borges orientou , quinta-
feira, a EPAL a baixar o preço
de venda de água nos pontos
de abastecimento dos
camiões-cisterna e a esten-
der o tempo de atendimento
aos camionistas.
O presidente do Conselho
de Administração da EPAL,
Fernando Cunha, assegurou
que as instalações estão a
responder à demanda actual
e o processo de distribuição
PLANO DE CONTINGÊNCIA NA HUÍLA
Frederico Cardoso que,
logo à chegada à cidade do
Lubango, reuniu-se com a
comissão para auscultar a
situação real das quatro
áreas de quarentena e da
preparação de condições
de assistência médica e
medicamentosa, considerou
haver o necessário para o
atendimento.
Após percorrer a área
especial do Hospital Central
Dr. António Agostinho Neto,
o ministro manifestou-se
satisfeito com a prontidão
do pessoal. “A ala do hospital
do Lubango, preparada para
prestar assistência aos casos
gratuita avança a bom ritmo,
apesar dos custos elevados
do tratamento de água.
“As famílias mais des-
favorecidas estão contem-
pladas num outro pacote,
que corresponde aos
camiões com o selo da EPAL,
com os dizeres:“Combate
ao Covid-19” e “água gra-
tuita”. Estes camiões não
podem comercializar a
água. Quem o fizer, deve
ser denunciado através dos
terminais disponíveis”,
apelou.
Fernando Cunha afirmou
que, no âmbito do programa
de contingência, estão mobi-
da pandemia, possui con-
dições adaptáveis às carac-
terísticas da doença”, disse
Frederico Cardoso, para
garantir que esforços são
feitos para sanar as preo-
cupações manifestadas pelo
corpo clínico.
A directora-geral do hos-
pital, Maria Antunes, disse
ao Jornal de Angola, que,
para atender casos do Covid-
19, estão disponíveis 32 téc-
nicos, entre ele, sete médicos,
26 camas nas enfermarias
e oito ventiladores.
Medidas preventivas
O coordenador da Comissão
João Baptista Borges visitou as girafas de Viana e Talatona
lizados cerca de 60 camiões-
cisterna para o abastecimento
de água gratuita aos centros
prisionais, hospitais, mor-
gues, mercados informais
ou comunitários.
A Sonangol, disse, garante
o c o m b u s t íve l p a ra o s
camiões-cisterna, concen-
trados no espaço da Multi-
| EDIÇÕES NOVEMBRO
Técnica da Província da
Huíla, Luís Nunes, consi-
derou serem ainda insufi-
cientes os acessórios de
prevenção adquiridos, entre
os quais máscaras, venti-
ladores, luvas, álcool-gel,
alimentos diversos.
Mas realçou o empenho
de todos os integrantes do
grupo. Fez saber ainda que
foram criados seis pontos
de rastreio nas localidades
limítrofes da província,
entre elas a Humpata, Gam-
bos, Cuvango, Caconda,
Quilengues, Matala, que
atendeu mais de 168 mil
pessoas.
ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
parques, em Viana. “Os nossos
piquetes estão a funcionar,
mesmo com défice de pessoal,
para garantir o melhor tra-
balho”, reconheceu.
O ministro constatou
igualmente os avanços dos
trabalhos de construção da
girafa de Capari, na pro-
víncia do Bengo.
Sábado
4 de Abril de 2020
Breves
BAÍA FARTA ABASTECIDA
REGULARMENTE
As zonas periféricas do
município da Baía Farta,
província de Benguela, estão
desde sábado receber água
potável, através de um
camião-cisterna, com
capacidade para 22 mil litros.
Para garantir maior
celeridade na distribuição à
população, a Administração
Municipal conta com uma
frota de moto-cisternas, com
capacidade para transportar
mil litros de água cada.
Pelas ruas da vila a
movimentação de pessoas é
tímida, uma vez que a
população tem estado a
cumprir as medidas de
prevenção do Covid-19,
particularmente no que se
refere à lavagem das mãos
com água e sabão várias
vezes ao dia e utilização de
luvas e máscaras de
protecção.
A Polícia Nacional e o
Exército patrulham as
principais vias de acesso ao
município, interditando
viaturas, o que contribuí
significativamente para o
reforço dos métodos de
prevenção.
O administrador municipal,
José Ferreira, disse que as
instituições públicas e
empresas privadas,
acataram de imediato as
recomendações do
Executivo.
Maximiano Filipe|Benguela
CABINDA E ARREDORES
JÁ RECEBEM ÁGUA
O abastecimento de água
potável à cidade de Cabinda
e bairros periféricos foi
reposto, na quinta-feira,
depois de quase dez dias de
interrupção, devido à
ruptura da tubagem de alta
pressão de 700 milímetros,
que transporta o precioso
líquido da Estação de
Tratamento do Lucola, para
os reservatórios do Tchizo,
na zona do Lombe.
Os trabalhos de reparação
duraram três dias e
envolveram técnicos do
Ministério da Energia e
Águas, da empresa chinesa
CR20 e funcionários da
Empresa provincial de Águas
de Cabinda (EPAC).
O governador da província,
Marcos Nhunga, manifestou-
se satisfeito pela reposição
do abastecimento de água,
agradecendo o empenho
dos técnicos, que não
pouparam esforços, para
solucionar o problema,
numa altura em que a
população necessita de água
para higiene pessoal,
sobretudo para a lavagem
das mãos, como medida de
prevenção contra a
pandemia do coronavírus.
“A população está satisfeita
pela reposição do
abastecimento de água”
disse o governador,
lembrando que é obrigação
do Governo resolver os
principais problemas que
afligem a população.
Bernardo Capita|Cabinda
DESTAQUE Sábado
4 de Abril de 2020
José Rufino | Luena
Setenta e cinco angolanos
estão retidos nas fronteiras
com a República Demo-
crática do Congo (RDC) e
a Zâmbia, devido ao
Estado de Emergência no
país, confirmou o gover-
nador do Moxico, Gon-
çalves Muandumba.
Os cidadãos deslocaram-
se àqueles países para tra-
tamento médico. Gonçalves
Muandumba teve um encon-
tro com os cônsules da RDC
e Zâmbia, que foram infor-
mados sobre as medidas do
Estado de Emergência e ana-
lisaram as melhores formas
de prevenção do Covid-19.
Lourenço Bule
e Weza Pascoal | Menongue
Mais de 40 estabelecimentos
comerciais foram encerrados
em Menongue, província do
Cuando Cubango, pelo Ins-
tituto Nacional de Defesa
do Consumidor (INADEC),
por desobediência ao Estado
de Emergência.
O chefe dos serviços do
INADEC no Cuando
Cubango, Manuel Mateus,
explicou que alguns esta-
belecimentos de prestação
de serviço, como bares,
restaurantes, cafés, salões
de beleza, venda de peças
de automóveis, mobiliário,
vestuário, electrodomés-
ticos e utensílios de cozinha,
continuaram a funcionar
mesmo depois da entrada
em vigor do Estado de
Emergência.
Recordou que durante o
ano passado, o INADEC no
Cuando Cubango registou
mais de 170 infracções de
natureza económica, que
resultaram na arrecadação
de dois milhões e 835 mil
kwanzas para a Conta Única
do Tesouro (CUT).
O cônsul da República
Democrática do Congo,
Didier Mukeja Nyanga,
encorajou o Executivo a
prosseguir as medidas que
visam prevenir o alastra-
mento da pandemia no seio
da população.
O diplomata reprovou
a forma como é tratado
pela Polícia Nacional e
pediu ao Comando Geral
no sentido de esclarecer
melhor os seus efectivos
sobre o verdadeiro papel
de um cônsul num deter-
minado território.
“Somos maltratados prin-
cipalmente quando viaja-
mos. Se não merecemos
respeito como diplomatas,
pelo menos tratem-nos
VIOLAÇÃO DO ESTADO DE EMERGÊNCIA
Encerrados mais de 40
estabelecimentos comerciais
Vendedores pedem
extensão do horário
Os vendedores dos merca-
dos informais de Menongue,
Cuando Cubango, pedem a
extensão do tempo para
comercializarem os produ-
tos. Segundo eles, o período
estipulado, das seis às 13
horas, regista pouca fre-
quência de clientes.
A reportagem do Jornal
de Angola constatou que
as administrações dos mer-
cados estão a cumprir as
medidas de higienização
das mãos com água e
sabão, no sentido de se
evitar o contágio e propa-
gação do Coronavírus.
“Estamos a enfrentar
dificuldades para vender a
nossa mercadoria porque
maior parte da população
está confinada em casas.
COM A RDC E ZÂMBIA
Dezenas
de cidadãos
retidos nas
fronteiras
O governador do Moxico
confirmou que dezenas de
cidadãos angolanos estão
retidos nas fronteiras com a
República Democrática
do Congo e Zâmbia,
onde foram em
tratamento médico
como cidadãos”, desabafou.
O cônsul da Zâmbia,
Evaristo Namusiya, garantiu
que o pedido de ajuda dos
angolanos retidos no outro
lado da fronteira será aten-
dido, para preservar a vida
das pessoas que estão
impedidas de regressar,
devido ao Covid-19.
“Medidas são necessárias”
O secretário provincial da
UNITA no Moxico, João
Muzaza Caweza, mostrou-
se triste e preocupado com
o facto de a população deso-
bedecer o Estado de Emer-
g ê n c i a d e c re t a d o p a ra
prevenir a propagação do
Covid-19 no país.
Em declarações ao Jornal
DANIEL BENJAMIM | EDIÇÕES NOVEMBRO
PREVENÇÃO DA PANDEMIA EM MALANJE
Governador avalia
condições de rastreio
Eduardo Cunha | Malanje
O governador de Malanje,
Norberto dos Santos “Kwata
Kanawa” constatou, esta
semana, as condições criadas
para a prevenção do Covid-
19, nos municípios que fazem
fronteira com as províncias
do Bié, Cuanza-Sul, Lunda-
Norte e Lunda-Sul.
“Kwata Kanawa”, igual-
m e n t e c o o rd e n a d o r d a
Comissão Técnica Provincial
de Resposta ao Covid-19,
esteve nos municípios do
Quela e Cangandala, onde
constatou as condições cria-
das nos centros de rastreio
da pandemia.
O director do Gabinete
Provincial da Saúde, Avan-
tino Sebastião, assegurou
que as condições mínimas
necessárias estão criadas,
apesar da carência de recur-
sos humanos. Avantino
Sebastião referiu que medi-
das de prevenção, como a
lavagem das mãos com água
e sabão, higienização com
álcool em gel e a medição
de Angola , João Muzaza
Caweza reconheceu que o
Estado de Emergência é uma
das medidas mais acertadas, ESTADO DE EMERGÊNCIA
para prevenir a propagação
da pandemia.
“Por mais duras que
sejam, em alguns casos,
essas medidas são neces-
Cidadãos julgados
sárias para salvaguardar a
vida da população”, disse.
O também deputado à
por desobediência
Assembleia Nacional enco- Vladimir Prata | Moçâmedes
rajou o Executivo a continuar e João Upale | Tômbwa
o trabalho de sensibilização
e defendeu, em alguns casos,
o uso de megafones, para Nove angolanos, entre os
alertar a população a per- quais um pastor de uma
manecer em casa. “Devemos igreja cristã, foram julgados
evitar o pior, permaneçam sumariamente pelo Tribu-
em casa para prevenir a nal Provincial do Namibe,
vida”, alertou. por violarem o Estado de
Emergência.
O pastor da igreja Con-
venção das Assembleias de
Deus Pentecostal era acu-
sado de ter celebrado um
culto religioso. No entanto,
foi absolvido por falta de
provas e ausência dos agen-
tes de Ordem Pública que
o a u t u a ra m . D o m i ng o s
Mu j a nga a l e g o u q u e s e
encontrava no seu templo
em jejum com mais outros
| EDIÇÕES NOVEMBRO
fiéis, e desconhecia as
m e d i d a s i mp o sta s p e l o
Estado de Emergência.
Os outros réus foram con-
denados a 30 dias de prisão,
dois dos quais viram as
penas suspensas e os demais
f o ra m s u b s t i t u í d a s p o r
multa, a razão de 40 kwanzas
por dia. Os réus foram ainda
condenados a pagar 5.000
kwanzas de taxa de justiça
e o mesmo valor ao defen-
sor oficioso.
Entre os réus, um comer-
ciante acusado de manter o
estabelecimento comercial
aberto. Outro, taxista, de
transportar mais passageiros
do que o estabelecido pelo
diploma legal.
A maioria dos réus são
moto-taxistas, detidos na
via pública, a exercer a acti-
7
de temperatura, estão a ser
cumpridas.
Os municípios de Can-
gandala, Quela, Cacuso e
Calandula, são as locali-
dades com centros de ras-
treio e postos de controlo
sanitários. A província de
Malanje não possui nenhum
cidadão em quarentena ins-
titucional. “Dos oito em qua-
rentena domiciliar, seis foram
libertados. Os restantes estão
a ser vigiados e monitorizados
por terem vindo de países
com alto risco de contágio,
mas não apresentam qual-
q uer sintomatologia do
Covid-19”, disse.
Um centro de tratamento
do Covid-19, com capacidade
para 60 camas, está a ser
criado no bairro Cahála, arre-
dores da cidade de Malanje.
O centro já tem disponíveis
54 camas e dois ventiladores,
além de outro que deve che-
gar em breve do município
de Kiwaba-Nzoje. Conta,
igualmente, com material
de biossegurança, visando
fazer face a eventuais casos.
vidade. Um deles que alegou
não ter outra alternativa,
uma vez que é chefe de
família e único responsável
pela alimentação de todos
em casa.
O juiz da causa, Domingos
Tchingoma, ordenou a emis-
são dos mandados de soltura
imediata, apelando que dora-
vante passem a observar o
estabelecido pela lei.
“Não há razões para pânico”
Um total de seis famílias pro-
venientes de Portugal con-
tinua em quarentena em
Moçâmedes, no Namibe, sob
controlo de uma equipa
médica com a realização de
testes diários, informou o
governador provincial.
Archer Mangueira disse
que o controlo tem sido
diário e abrange pessoas pró-
ximas aos viajantes. “De
momento, não há nenhuma
situação de realce, de qual-
quer forma ainda não termi-
nou o período de quarentena.
Não há razões para pânico”,
assegurou.
No domingo, o governador
visitou o centro de quaren-
tena do Tômbwa. Archer
Mangueira gostou de ver as
condições criadas no espaço
preparado para eventuais
situações de infecção de
Covid-19. “Saio daqui satis-
feito e com boa impressão”,
referiu o governador Archer
Mangueira.
Os restantes municípios
também já têm centros de
isolamento identificados,
com condições criadas.
8 Sábado
4 de Abril de 2020

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REPÚBLICA DE ANGOLA REPÚBLICA DE ANGOLA

GOVERNO DA PROVÍNCIA DE LUANDA GOVERNO DA PROVÍNCIA DE LUANDA
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE VIANA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL DE VIANA

Anúncio de procedimento de concurso limitado por prévia qualificação a que se Anúncio de procedimento de concurso limitado por prévia qualificação a que se
refere o n.° 1 do artigo 119.° da presente Lei refere o n.° 1 do artigo 119.° da presente Lei

Concurso Limitado por Prévia Qualificação n.º 03/2020 Concurso Limitado por Prévia Qualificação n.º 03/2020

A (O) Administração Municipal de Viana, vem tornar público, nos termos do disposto no A (O) Administração Municipal de Viana, vem tornar público, nos termos do disposto no
n.° 1 do artigo 119.° e do Anexo VIII, da Lei n.° 9/16, de 16 de Junho – Lei dos Contratos n.° 1 do artigo 119.° e do Anexo VIII, da Lei n.° 9/16, de 16 de Junho – Lei dos Contratos
Públicos, que está aberto o Concurso Limitado por Prévia Qualificação para Estudo E Públicos, que está aberto o Concurso Limitado por Prévia Qualificação para Estudo E
Construção de uma Escola Primária T12 no Distrito da Vila Flor. Construção de uma Escola Primária T12 no Distrito Do Kikuxi.

1. Dados da Entidade Pública Contratante (EPC) 1. Dados da Entidade Pública Contratante (EPC)
1.1. Designação (UO / OD): Administração Municipal de Viana 1.1. Designação (UO / OD): Administração Municipal de Viana
1.2. Endereço: Avenida 11 de Novembro 1.2. Endereço: Avenida 11 de Novembro
1.3. Localidade: Viana 1.4. Província: Luanda 1.3. Localidade: Viana 1.4. Província: Luanda
1.5. Telefone / Fax: (+244) 222 033 872 1.5. Telefone / Fax: (+244) 222 033 872
1.6. Correio electrónico / Endereço internet (URL): Gabineteav@tmail.com 1.6. Correio electrónico / Endereço internet (URL): Gabineteav@tmail.com

☐ Sim x Não ☐ Sim x Não

1.7. Tipo de entidade contratante e suas principais actividades: 1.7. Tipo de entidade contratante e suas principais actividades:
1.8. A EPC está a contratar por conta de outras entidades? 1.8. A EPC está a contratar por conta de outras entidades?
2. Informações relativas ao contrato
2. Informações relativas ao contrato 2.1. Designação dada ao contrato pela EPC: Concurso Limitado por Prévia Qualificação

x ☐
2.1. Designação dada ao contrato pela EPC: Concurso Limitado por Prévia Qualificação 2.2. Tipo de contrato: x Empreitada de obras públicas

☐ ☐
2.2. Tipo de contrato: Empreitada de obras públicas Aquisição de bens móveis

☐ ☐
Aquisição de bens móveis Aquisição de serviços

☐ ☐
Aquisição de serviços Serviços de consultoria

☐ ☐
Serviços de consultoria Locação de bens móveis

☐ ☐
Locação de bens móveis Concessão de obras públicas

☐ ☐
Concessão de obras públicas Concessão de serviços públicos

☐
Concessão de serviços públicos Outro Qual:
Outro Qual: 2.3. Local da realização das obras, da entrega dos bens ou da prestação dos servi-

2.4. O concurso implica a celebração de um contrato público: x Sim ☐ Não

2.3. Local da realização das obras, da entrega dos bens ou da prestação dos servi- ços: Viana – Distrito Urbano do Kikuxi.

2.4. O concurso implica a celebração de um contrato público: x Sim ☐ Não 2.5. O concurso está aberto à participação de entidades estrangeiras: x Sim ☐ Não
ços: Viana – Distrito Urbano da Vila Flor.

2.5. O concurso está aberto à participação de entidades estrangeiras: x Sim ☐ Não
2.6. Breve descrição das prestações objecto do contrato: Estudo E Construção de
uma Escola T12 no Distrito da Vila Flor
2.7. Valor estimado do contrato e aplicável: 235.524.982,00
2.8. Prazo de execução do contrato: Após o relatório final
3. Informações relativas aos candidatos
3.1. Requisitos mínimos de capacidade técnica: Serão qualificadas todas as empresas
que apresentarem provas de execução de três obras desta índole.
3.2. Requisitos mínimos de capacidade financeira: Ter capacidade Financeira, ainda
que houver atraso no desembolso, não paralisar a obra.
3.3. Documentos destinados à comprovação da capacidade técnica do candidato:
Apresentar documentos solicitados
3.4. Documentos destinados à comprovação da capacidade financeira do candidato:
☐ Sim
3.5. Exigência de caução provisória:
x Não
Valor:
2.6. Breve descrição das prestações objecto do contrato: Estudo E Construção de
uma Escola T12 no Distrito do Kikuxi
2.7. Valor estimado do contrato e aplicável: 272.882.353,00
2.8. Prazo de execução do contrato: Após o relatório final
3. Informações relativas aos candidatos
3.1. Requisitos mínimos de capacidade técnica: Serão qualificadas todas as empresas
que apresentarem provas de execução de três obras desta índole.
3.2. Requisitos mínimos de capacidade financeira:Ter capacidade Financeira, ainda
que houver atraso no desembolso, não paralisar a obra.
3.3. Documentos destinados à comprovação da capacidade técnica do candidato:
Apresentar documentos solicitados
3.4. Documentos destinados à comprovação da capacidade financeira do candidato:
☐ Sim
3.5. Exigência de caução provisória:
x Não
Valor:

☐ Preço mais baixo

4. Critério de adjudicação
☐ Preço mais baixo
4. Critério de adjudicação
x Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta os factores enunciados nas
x Proposta economicamente mais vantajosa, tendo em conta os factores enunciados nas
peças do procedimento peças do procedimento

5. Processo 5. Processo
5.1. Prazo para recepção de pedidos das peças do procedimento ou para aceder aos 5.1. Prazo para recepção de pedidos das peças do procedimento ou para aceder aos
documentos: documentos:
Data: 31/03/2020, das 8 horas às 15 horas. Data: 31/03/2020, das 8 horas ás 15 horas.
5.2. Preço e condições de obtenção das peças do procedimento (se aplicável): 5.2. Preço e condições de obtenção das peças do procedimento (se aplicável):
Preço: 35.475,00 Akz. Condições: Depósito ou Transferência bancária na Conta Única Preço: 35.475,00 Akz. Condições: Depósito ou Transferência bancária na Conta Única
Agregadora Agregadora
5.3. Prazo para apresentação das candidaturas: 5.3. Prazo para apresentação das candidaturas:
Data: 27/03/2020 Hora: até às 15 horas. Data: 27/03/2020 Hora: até às 15 horas.
5.4. Valor da caução definitiva: 15 % do preço global da proposta. 5.4. Valor da caução definitiva: 15 % do preço global da proposta.

6. Informações Complementares 6. Informações Complementares

6.1. Endereço e ponto de contacto onde podem ser obtidas as informações adicio-
nais, as peças do procedimento e enviadas as candidaturas e propostas:
6.1.1. Designação oficial: Administração Municipal de Viana
6.1.2. Endereço: Avenida 11 de Novembro
6.1.3. Localidade: Viana 6.1. 4. Província: Luanda
6.1.5. Telefone / Fax: (+244) 222 033 872)
6.1.6. Correio electrónico / Endereço internet (URL): Gabineteav@tmail.com
6.1. Endereço e ponto de contacto onde podem ser obtidas as informações adicio-
nais, as peças do procedimento e enviadas as candidaturas e propostas:
6.1.1. Designação oficial: Administração Municipal de Viana
6.1.2. Endereço: Avenida 11 de Novembro
6.1.3. Localidade: Viana 6.1. 4. Província: Luanda
6.1.5. Telefone / Fax: (+244) 222 033 872)
6.1.6. Correio electrónico / Endereço internet (URL): Gabineteav@tmail.com

Administração Municipal de Viana, aos 11 de Março de 2020. Administração Municipal de Viana, aos 11 de Março de 2020.

O ADMINISTRADOR MUNICIPAL O ADMINISTRADOR MUNICIPAL

//FERNANDO EDUARDO MANUEL// //FERNANDO EDUARDO MANUEL//
(3805) (3805a)
Sábado
4 de Abril de 2020 9
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(700.038e)
10 OPINIÃO Sábado
4 de Abril de 2020

EDITORIAL IMAGEM DO DIA

A paz em dias desafiadores

Apesar das advertências para que os operadores de mototáxi se abstenham do serviço,
nesta fase de Estado de Emergência, não faltam os transgressores que, invariavelmente,
acabam sentindo depois a mão pesada das entidades policiais
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO

Celebra-se hoje o Dia da Paz e Reconciliação, dezoito anos depois da assinatura do

Memorando do Luena que, embora numa fase menos boa no que a saúde pública diz
respeito, continua como um marco importante para os angolanos.
Aproximadamente, duas décadas depois e independentemente de algumas
vozes, naturalmente, augurarem a efectivação da chamada “paz social”, não há
dúvidas de que estamos a ser bem sucedidos na “transformação das espadas em
relhas de arado”.
A “paz social” é uma construção permanente e, na sua plenitude, não existe em
nenhuma parte do mundo, atendendo inclusive a natureza humana sempre propensa
à insatisfação e ao inconformismo. Precisamos de continuar a consolidar as bases
em que assentam a paz obtida em 2002 porque, na verdade, a percepção das suas
vantagens, quando equiparadas ao período anterior, não são, nem de perto, nem de
longe, comparáveis.
De Cabinda ao Cunene, todos os angolanos convergem na ideia de que é preciso
que todos continuemos a nos empenhar para a sua preservação com gestos de
união, reconciliação e construção de um bom país para vivermos. Ao longo destes
dezoito anos, tem sido possível uma aprendizagem sobre a dimensão dos ganhos
da paz e estabilidade que permitem igualmente enterrar definitivamente o passado
de conflito.
Por experiências próprias, os angolanos sabem o quanto custou o alcance da paz
e os esforços para a promover a estabilidade, numa altura em que prevalece a ideia
de que aqueles dois elementos fazem parte de processos em contínua construção.
A conjuntura actual e independentemente dos constrangimentos provocados
pela crise económica e financeira, muito particularmente os efeitos da Pandemia
do Covid-19, os angolanos são incentivados a manter a calma, a proceder
conforme as orientações das instituições do Estado, seguir os melhores exemplos
e evitar o pânico.
O Presidente da República, João Lourenço, reforçou há dias o seu apelo aos
angolanos para a permanência em casa, de forma a conterem a propagação do novo
Coronavírus (Covid-19). Tal como fez saber a ministra da Saúde, acreditamos que
dentro das nossas limitações, devemos procurar actuar de maneira a que a cadeia
de contágio seja controlada, olhar para frente e dar os melhores exemplos. E para
isso nada melhor do que manter-se em casa, limitando as saídas à procura de bens
de primeira necessidade, tal como permitido pelo Decreto Presidencial que restringe
largamente a liberdade de circulação.
Na verdade, devemos todos ganhar consciência de que quanto mais engajados
e comprometidos com a observância das medidas impostas pelas autoridades
para prevenir a eventual onda de contágio, mais rapidamente sairemos desta
situação. O contrário, traduzido na resistência em acatar as orientações das auto-
ridades e expondo-se ao risco, também é verdade, ou seja, mais tempo e mais di-
ficuldade teremos.
Nesta celebração da paz, independentemente da situação de excepção em
que nos encontramos, vale sempre a pena reflectir sobre os ganhos da paz e as
atitudes para a preservar, sobre as melhores formas de maximizarmos estas van-
tagens e seguirmos em frente porque a vida não pára mesmo numa altura de
desafios como esta.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO PROPRIEDADE

Víctor Silva (presidente) Edições Novembro, E.P.
ADMINISTRADORES EXECUTIVOS
Caetano Pedro da Conceição Júnior
José Alberto Domingos
SEDE:
CARTAS DOS LEITORES
Rui André Marques Upalavela Rua Rainha Ginga, 12-26
Luena Kassonde Ross Guinapo Caixa Postal 1312 - Luanda
Redacção: 222 020 174
ADMINISTRADORES NÃO EXECUTIVOS Telefone geral (PBX): 222 333 344
Filomeno Jorge Manaças Fax: 222 336 073 Especulação entidades que superintendem, o Polícia Nacional
Mateus Francisco João dos Santos Júnior Telegramas: Proangola
Sempre que nos confrontamos com comércio, na vertente fiscalização, Vi há dias a posição reafirmada
situações excepcionais, de repente as populações, enquanto principais pela Polícia Nacional, segundo a
os operadores do comércio com- destinatárias lesadas das práticas qual não vai apenas exigir dos ci-
portam-se como se nunca tivessem irregulares de comerciantes ga- dadãos o cumprimento do que está
DIRECTOR: Edna Cauxeiro (subeditora), lucrado, como se fossem as únicas nanciosos , devem ser as primeiras estabelecido, mas igualmente aos
Víctor Silva Ferraz Neto (subeditor) e Pereira Dinis
pessoas que pensam e como se, de- a denunciar vigorosamente. seus agentes. O porta-voz do Mi-
DIRECTOR-ADJUNTO:
Caetano Júnior
EDIÇÕES ESPECIAIS:
pendendo deles, o enriquecimento Não se pode admitir que os con- nistério do Interior, o subcomissário
DIRECTOR EXECUTIVO:
Guilhermino Alberto
Adalberto Ceita, André dos Anjos, Domingos dos Santos,
Leonel Kassana e Yara Simão
ocorre num ápice. Fazem todas as sumidores se conformem com as Waldemar José, a quem saúdo, é
manobras para lucrarem rapida- irregularidades que ocorrem ao um brilhante comunicador e tem
EDITOR EXECUTIVO: FOTOGRAFIA:
Diogo Paixão Kindala Manuel (editor-chefe), mente mesmo sabendo que tanto nível do comércio, ao ponto de se sido bastante explicativo com as
José Cola (editor),
SUB-EDITOR EXECUTIVO:
Cândido Bessa Dombele Bernardo, Domingos Cadência, Eduardo Pedro, João Gomes, podem incorrer na situação anterior comportarem como coniventes de suas intervenções.
Maria Augusta, Miqueias Machangongo, Mota Ambrósio, Paulo Mulaza, Kindala
Manuel, Santos Pedro, Agostinho Narciso, Vigas da Purificação, Contreira Pipas e enfrentar a justiça, como podem actos que deviam parar nas barras Acho que os nossos agentes, apesar
GRANDE REPÓRTER: continuar a lucrar e manter os seus dos tribunais. de um ou outro excesso, não pre-
Luísa Rogério CORRESPONDENTES PROVINCIAIS:
Adão Diogo (Lunda-Sul), negócios. Em países em que vigora Vale lembrar que, por exemplo, no cisam de ser encostados à parede
Alberto Coelho (Cabinda),
EDITORIAS:
POLÍTICA: João Mavinga (Zaire), uma certa ordem, legal ou ditatorial, início da guerra do Golfo, quando na medida em que nos encontramos
Bernardino Manje (editor-chefe),
Fonseca Bengui (subeditor) e Santos Vilola (subeditor)
Vladimir Prata (Namibe),
Esídoro Natalício (Cuanza-Norte),
quem governa, em tempos de difi- alguns operadores do comércio, todos num processo de aprendiza-
Adelina Inácio, João Dias, Edna Dala,
Garrido Fragoso e Gabriel Bunga
Luís Pedro (Cuanza-Sul),
Noé Jamba (Bengo),
culdades, deve manter o foco na no Iraque de Saddam Hussein, pre- gem. Afinal, trata-se de uma con-
Francisco Curinhingana (Malanje)
Fernando Cunha (Huambo),
actividade dos comerciantes porque tendiam aproveitar-se para espe- juntura que nunca experimentamos
OPINIÃO:
Ambrósio Clemente (editor-chefe), Faustino Henrique (subeditor)
João Constantino (Bié),
José Chaves (Andulo),
eles acabam por se ver tentado a cular, o falecido ditador tinha man- e logo exige-se de cada um e de to-
SOCIEDADE: Jaime Azulay (Benguela),
Jesus Silva (Lobito),
manobrar os preços. Umas vezes dado enforcar 50 comerciantes. dos o esforço a dobrar para o su-
Nhuca Júnior (editor),
Alberto Pegado (editor), Estanislau Costa (Huíla),
Joaquim Aguiar (Lunda-Norte),
praticam preços incomportáveis, Acho que em Angola não precisa- cesso do que pretendemos.
José Meireles (editor),
Rodrigues Cambala, André da Costa, Kilssia Ferreira, Manuela Gomes, Silvino Paulo (Uíge),
Lourenço Manuel (Cuando Cubango),
aproveitando-se da procura e in- mos de chegar a tais extremos, na Sem excessos e com uma ver-
Augusto Cuteta, Alexa Sonhi, César André, César Esteves, Edivaldo Cristóvão,
Carla Bumba e Mazarino da Cunha Quinito Kanhamei (Cunene),
Samuel António (Moxico),
genuidade dos compradores, outras medida em que grande parte das tente pedagógica, julgo que a
REGIÕES:
Sérgio Chivaca (editor-chefe),
vezes praticam o açambarcamento, situações irregulares do nosso co- actuação da Polícia Nacional
PAGINAÇÃO E ARTE:
Béu Pombal (subeditor),
Filipe Eduardo Salvador Escórcio (Editor), Soares Neto, Eugénia Victor, Augusta Lucéu, Tomás Cruz,
uma prática prevista e punível por mércio não passam despercebidos vai ser bem sucedida com a aju-
ECONOMIA: Noé Pungue, Evaristo Sacupalica, João Augusto, Josefa Abreu, Maria Messele,
Alberto Bumba, Inês Quingando, Margarida Zilungo, Maria da Silva, António Saldanha,
lei. Embora não seja um defensor das instituições. da das populações.
Cristóvão Neto (editor-chefe),
Armando Estrela (subeditor), Henrique Faztudo, António Quipuna, Raúl Geremias, Ana Paula Dias , Isabel Fragão, de medidas mais drásticas para PAULO VARANDA Para terminar, endereço palavras
Ana Paulo, Kátia Ramos, Madalena José, Natacha Roberto e Victorino Joaquim Manuel Cassinda, Francisco da Silva, Rui Jacinto, Bruno Bernardo, Luquemba Pedro
“pôr na ordem” os comerciantes Rocha Pinto de encorajamento a todos os agen-
MUNDO: CARTOON E ILUSTRAÇÃO:
Bernardino Fançony (editor-chefe), António Canepa Armando Pululo e Casemiro Pedro especuladores, verdadeiros crimi- tes, que não tenham receio de errar
DESPORTO:
Amândio Clemente (editor-chefe),
nosos do comércio, não fica nada no cumprimento das suas atribui-
COPY DESK:
Anaximandro Magalhães (subeditor), António Cristóvão, Rui Ramos, Arlindo Soares e Esperança Vieira Dias mal augurar que os mesmos sejam ESCREVA-NOS ções e que procurem sempre cum-
Armindo Pereira, Teresa Luís, Vivaldo Eduardo,
António de Brito, Honorato Silva, Job Franco devidamente castigados. Cartas recebidas na prir e fazer cumprir as normas le-
CULTURA: O Jornal de Angola Rua Rainha Ginga, 12-26
António Bequengue (editor-chefe), Adriano Melo (subeditor), utiliza os serviços da ANGOP, AFP, Reuters, EFE e Prensa Latina A penalização deve lembrá-los de Caixa Postal 1312 - Luanda gais dispostas no Derceto do Pre-
Francisco Pedro (subeditor), Amilda dos Santos, Manuel Albano,
Mário Cohen e Roque Silva PUBLICIDADE: que não podem incorrer em práticas ou por e-mail: sidente da República.
GENTE E FIM-DE-SEMANA:
António Cruz (editor-chefe),
(+244) 937 550 262 que acabam descobertas e devida- ANTÓNIO NDONGA
(+244) 949 770 006 e-mail: publicidade@jornaldeangola.com escrevaconnoscoJA@gmail.com Catepa
Isaquiel Cori (editor) mente punidas. Acho que além das
ECONOMIA
VALOR RECORDE
Negociações na BODIVA
superam 132 mil milhões
Bolsa da Dívida e Valores de Angola opera acima dos máximos
do mercado, registados em Dezembro, o que afirma significar a
consolidação da literacia sobre as alternativas de poupança
A Bolsa de Dívida e Valores
de Angola (BODIVA) atingiu,
em Março, um novo recorde,
ao negociar 132.725,9 milhões
de kwanzas, superando o
máximo histórico de 131 mil
milhões de kwanzas, atingido
em Dezembro.
Uma nota de imprensa da
Bolsa, citada ontem pela
Angop, atribui o desempenho
à participação activa dos Mem-
bros BODIVA, como os bancos
Angolano de Investimento
(BAI), com um contributo de
33,14 por cento, de Fomento
de Angola (BFA), 32,89, e Stan-
dard Bank Angola (SBA), 16,62,
representando 82,65 por cento
do total transaccionado.
As Obrigações do Tesouro
com indexação ao dólar com
maturidade de até dois anos
foram os títulos mais nego-
c i ad o s , re p re s e nta n d o ,
durante o mês de Março,
72,67 por cento do montante
total de transacções.
Pa ra o s m e m b r o s d a
B ODI VA , o au m e nto d o
volume de negócios reflecte
a consolidação da literacia
Sábado
4 de Abril de 2020
Empresas confiam nos instrumentos financeiros disponíveis
financeira sobre as alterna-
tivas de poupança, bem como
a confiança das empresas e
famílias angolanas nos ins-
trumentos financeiros dis-
poníveis para a transacção.
As instituições financeiras
mantêm-se como as prin-
cipais negociadoras no mer-
cado de capitais, com 143,86
DR
mil milhões de kwanzas,
mais que o dobro do volume
do sector de petróleo e gás
(62,60 mil milhões).
Dados da BODIVA indicam
que, durante o ano de 2019,
foram abertas 4.607 contas de
registo individualizado, que
corresponde mais de 23 por
cento relativamente a 2018.
PETRÓLEO
OPEP e aliados
reúnem-se para
defender preços
A OPEP e os 10 aliados vão
reunir-se na segunda-feira
para tentar alcançar uma res-
posta ao colapso das cotações
do petróleo associadas à pan-
demia da covid-19, afirmou
ontem fonte próxima da orga-
nização citada pela AFP.
A Arábia Saudita, principal
produtor do cartel, apelou
na quinta-feira “a pedido
dos Estados Unidos” para a
realização de uma reunião
“urgente da Organização dos
Paí s e s Exp ortadore s de
Petróleo (OPEP) e de outros
países, incluindo a Rússia,
para alcançar um acordo
equitativo para restabelecer
o equilíbrio dos mercados
petrolíferos”, segundo a
agência oficial saudita APA.
Uma fonte russa citada
pela agência pública Ria
Novosti evocou 6 de Abril
como data da reunião, refe-
rindo que esta visa debater
uma redução da produção de
10 milhões de barris por dia.
Na quinta-feira, o Presi-
dente norte-americano,
Donald Trump, evocou um
possível acordo entre a Arábia
Saudita e a Rússia, envolvidas
numa guerra de preços do
petróleo para compensar
uma contracção da procura
provocada pela pandemia
da covid-19.
RATING
Moody’s corta a nota
do Banco Económico
A agência de rating Moody’s
reviu em baixa a nota do
Banco Económico (BE), clas-
sificando a dívida de longo
prazo em moeda nacional
com a nota Caa1, com pers-
pectiva negativa.
A classificação foi anun-
ciada, em nota de imprensa,
enviada, ontem, pelo BE ao
Jornal de Angola, na qual o
banco atribui a classificação
ao facto de, antes, a 31 de
Março, a Moody’s ter colo-
cado a dívida soberana de
Angola com a nota B3, sob
revisão para uma possível
degradação.
A Moody’s, declara o BE,
“estendeu esta medida de
forma transversal ao sector
bancário angolano e colocou
também o “Caa1 long term
local currency rating” do
Banco Económico sob revisão
para um possível downgrade”.
Numa nota de imprensa
em que estes assuntos são
abordados, o BE declara
enfrentar a decisão “com
serenidade e resiliência,
tendo adoptado as necessá-
rias medidas de contingência
para continuar a desenvolver
a sua actividade dando cum-
primento às determinações
do Regulador (BNA)”.
O Banco Económico nota,
para sublinhar o contexto
11
em que opera, que Angola
atrave ssa um momento
adverso e sem precedentes,
justificado por factores como
a queda acentuada do preço
do petróleo nas últimas
semanas (mais de 70 por
cento desde o início do ano)
com impacto directo na prin-
cipal fonte de receitas do
país, colocando uma pressão
acrescida sobre as suas finan-
ças públicas e posição líquida
externa, em divisas.
O rápido alastramento
da pandemia Covid-19 e o
seu imprevisível efeito sobre
a actividade económica
m u n d i a l e m te r m o s d o
impacto das condições de
crédito e de liquidez, tam-
bém podem traduzir-se no
previsível acréscimo do
endividamento e pressão
sobre a balança de paga-
mentos, acrescenta o banco.
No fim de Dezembro,
depois de um exercício da
avaliação da qualidade dos
activos realizado pelo BNA,
envolvendo 13 os 26 bancos
operadores, o BE e o Banco
de Poupança e Crédito (BPC)
foram apontados por con-
centrarem 96 por cento das
necessidades de capitaliza-
ção, com o Económico a
declarar, naquela altura, que
vai acatar a reomensação.
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(500.0467)
12 ESPECIAL
Diogo Paixão
Antes da morte em combate
de Jonas Savimbi, em Feve-
reiro de 2002, Lucusse era
uma localidade desconhecida
para a maioria dos angolanos.
Perdida no vasto mapa do
Moxico, a maior província do
país, Lucusse entrou para a
História depois de anunciada,
pelo Governo, a morte do até
então líder guerrilheiro mais
famoso de África, notícia que
teve grande repercussão mun-
dial.Adivinhava-se o fim de
um dos capítulos mais dra-
máticos da história do país.
A existência de uma
pista no Lucusse,
onde se encontrava
um destacamento
militar, permitiu
que o cadáver fosse
transportado de
helicóptero para
aquela comuna.
Quis o destino que o
líder rebelde
morresse perto
de Muangai,
local em que
fundou a UNITA
O corpo hirto, cravado de
b a l a s , f o i ex p o s to n u m
estrado debaixo de uma fron-
dosa mulembeira, ao lado
da estrada. As imagens que
as televisões passaram na
altura mostravam um Jonas
Savimbi dentro do tradicional
uniforme verde da UNITA,
com parte de roupa interior
e uma cinta vermelha à mos-
tra, o que, para muitos, reve-
lava algum misticismo.
Dezoito anos depois, o
estrado ainda lá está, com
algumas letras, vencidas pelo
tempo, a identificar o nome
do então líder da UNITA. Jonas
Savimbi morreu baleado numa
zona inóspita, às margens do
rio Lulue, na comuna do Luvei,
município dos Bundas, a 90
quilómetros do Lucusse. A
notícia da sua morte foi divul-
gada no dia 22 de Fevereiro
de 2002. As abundantes chu-
vas que caem quase sem parar
e a densidade da floresta,
aliada ao risco de minas, tor-
nam o local quase inacessível.
A existência de uma pista
no Lucusse, onde se encon-
Lucusse era um local estratégico
do ponto de vista militar. Dá
acesso ao Luena, Lumbala
Caquengue e Lumbala Nguimbo.
Para as forças governamentais,
a ocupação daquela zona pela
UNITA significaria perder a
capital da província, devido à
pista de que dispõe, o que per-
mitiria abastecer a tropa ini-
miga. Por isso, bateram-se com
todos os meios ao alcance para
evitar o avanço das forças rebel-
des ao Luena.
Francisco Chiuende, comer-
ciante e antigo administrador
do Alto Zambeze, em 1993,
recorda que a população que
vivia ao longo da estrada foi
obrigada a abandonar as habi-
tações, fugindo dos ataques.
“Uns foram para o Luena e
outros para a Zâmbia. A maioria
jamais voltou, constituiu família
para onde fugiu e as aldeias
foram habitadas por outras
pessoas”, conta.
Natural do município do
C a zo m b o , i n sta l o u - s e n o
Lucusse, o desfecho
da epopeia que ditou
a paz em Angola
Dezoito anos depois, o estrado onde foi deitado Jonas Savimbi, morto
em combate, ainda lá está. Algumas letras, vencidas pelo tempo,
identificam o nome do então líder da UNITA. Era, realmente, “o
desfecho de uma página da epopeia que ditou a paz em Angola…”,
como escreveu o nosso colega Carlos Alberto
Preservar a paz sem escamotear os factos
A guerra trouxe várias con-
sequências. Provocou fome,
miséria, destruição, desinte-
gração de famílias, desapare-
cimentos e assassinatos.
Dezoito anos após o fim da
guerra, em muitos lugares, as
marcas são ainda visíveis.
Francisco Chiunde , comer-
“Tira Casaco” ou
“Troço da Morte”
Lucusse logo após o fim da
guerra, mas acompanhou os
momentos mais críticos da
comuna. Afirma que os com-
bates ao longo da via Luena-
Lucusse foram tão intensos,
que muitas viaturas das FAA
foram abandonadas.
Francisco Chiuende recorda
E speci
al
LONGO CAMINHO PARA O CALAR DAS ARMAS
ciante, afirma que o mais
importante agora é preservar
a paz, sem escamotear a ver-
dade. “Temos que ter cons-
ciência de que o passado é
passado. O que está a acontecer
em Moçambique, sobretudo
na Beira, impele-nos a trabalhar
na preservação da paz. Isto
os momentos fatídicos e afirma
que uma coluna militar podia
fazer mais de três meses para
chegar à sede da comuna. Além
dos combates directos, havia
o perigo das minas. Em conse-
quência disso, o abastecimento
da tropa não era regular. Mas
é no troço entre os quilómetros
4
ABRIL
DE
não significa que temos de
esconder a verdade”, referiu.
Afirma que, depois de ten-
tativas fracassadas, com media-
ção internacional, poucos
imaginavam que um dia os
angolanos pudessem enten-
der-se sem qualquer envolvi-
mento estrangeiro.
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
77 e 94 que a acção da UNITA
era mais intensa.
“Era o troço da morte”, subli-
nha, com um olhar penetrante.
Por esta razão, acrescenta, era
denominado “Tira Casaco”.
Conta que, pela perigosi-
dade do troço, os comandantes
que dirigiam as colunas eram
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
“Costuma dizer-se que num
buraco só se cai uma vez, quem
cai a segunda vez é porque
quer. Depois de muitos per-
calços, acredito que nenhum
angolano quer repetir a expe-
riência. A paz só atrapalha
quem não sentiu os horrores
da guerra”, referiu.
seleccionados pela determi-
nação e ousadia.
“Não era qualquer um. Nor-
malmente, eram os comandan-
tes Mundenda, Chikungulu,
Sakapote, Samussuku, Chaku-
suta, Pena e Ngola”, recorda. E
acrescenta: “Numa composição
de 20 viaturas, às vezes chega-
vam ao destino apenas oito”.
“Árvore do José”
No Lucusse, a mulembeira à
beira da estrada debaixo da qual
foi exposto o corpo do líder da
UNITA é conhecida por uns como
a “Árvore do Savimbi” e por
outros como a “Árvore do José”.
Aparentemente, não é difícil
estabelecer a ligação entre estas
duas designações. Mas, se a atri-
buição do nome de Savimbi tem
a ver com o facto de ter sido
exposto debaixo daquela árvore
o corpo de líder da UNITA, já o
nome “José” envolve outra his-
tória. Muitos devem estar a ima-
ginar que tem a ver com o
ex-Presidente da República. Puro
Sábado
4 de Abril de 2020
trava um destacamento mili-
tar, permitiu que o cadáver
fosse transportado de heli-
cóptero para aquela comuna.
Quis o destino que o líder
rebelde morresse perto de
Muangai, local em que fun-
dou a UNITA.
Verdades não reveladas
S ob re a m o r te d e Jo n a s
Savimbi há muitas verdades
ainda para serem reveladas.
O soba Augusto Caiambo,
uma das pessoas que nunca
abandonou a localidade,
mesmo nos momentos de
guerra, diz que o corpo che-
gou ao Lucusse às 15h30 do
dia seguinte após a morte.
Tinha a autoridade tradicio-
nal na altura 57 anos.
Hoje, aos 75 anos, ainda
se lembra, com exactidão,
do que se passou. Augusto
Caiambo afirma que, ini-
cialmente, a tropa não per-
mitiu que a população visse
o corpo de Savimbi.
“Só foi possível, quando
Liberdade, (João Ernesto dos
Santos, então governador da
província) chegou aqui e
disse: ‘deixem lá o povo ver
o corpo para que não tenha
dúvidas sobre a morte de
Jonas Savimbi’”.
De acordo com o depoi-
mento do ancião, devido aos
confrontos militares, Lucusse
era uma localidade pratica-
mente desabitada. A maior
parte da população tinha
fugido para áreas mais seguras.
Menos de uma centena de
pessoas permanecia na sede
da comuna, ocupada por sol-
dados governamentais.
“As autoridades preten-
diam enterrar o corpo aqui
mesmo, mas o povo não per-
mitiu, devido ao sofrimento
que Savimbi causou. A popu-
lação pedia que fosse inci-
nerado. Isto fez com que
fosse levado para o Luena,
onde seria enterrado, porque
o Governo receava que o povo
o desenterrasse”, recorda.
Naquele dia, afirma com
voz embargada de emoção,
oito helicópteros aterraram
no Lucusse com jornalistas
nacionais, chefes militares e
dirigentes do Governo. Lembra
que o general Wala apresentou
ao Kundi Paihama, então
ministro da Defesa, “os dois
jovens que mataram Savimbi”.
engano. Trata-se de um dos pri-
meiros comerciantes portugueses
que se estabeleceu no local.
Francisco Chiuende conta
que, perto da árvore, havia “a
loja do senhor José”, onde os
nativos faziam as compras, mui-
tas vezes a troco de produtos
do campo ou a crédito, e quando
se referiam à mulembeira, já
que próximo existe uma outra,
identificavam-na com o nome
do comerciante. Esta designação
permaneceu até à morte do líder
rebelde, altura em que uns pas-
saram a designá-la como a árvore
de Savimbi. Hoje, a mulembeira
tem duas designações: “Árvore
do José”, para uns, e “Árvore
do Savimbi”, para outros.
Esta disputa já causou brigas
entre habitantes. “Uma vez, assisti
a uma grande peleja, aqui mesmo
nesta mulembeira, entre duas
pessoas. Uma não aceitava que
se estabelecesse qualquer ligação
entre a árvore e Savimbi, devido
ao passado histórico”, lembra
Francisco Chiuende.
ESPECIAL Sábado
4 de Abril de 2020
Percurso pavimentado
e verdejante à espera para
levar prosperidade
Diogo Paixão
Uma estrada devidamente
asfaltada, ladeada de árvo-
res e capim longo e ver-
dejante, dá acesso ao
Lucusse. São 133 quilóme-
tros do Luena à sede da
comuna. Neste percurso
não vislumbramos um
buraco, contrariando a
nossa expectativa. Imagi-
n áva m o s u m c a m i n h o
esburacado, com perigo de
minas, por se tratar de uma
zona onde foram travados
duros combates entre as
Forças Armadas Angolanas
(FAA) e as extintas forças
da UNITA, para o controlo
da cidade do Luena. Mas a
realidade é bem diferente.
O traçado rodoviário está
tão impecável que convida
o condutor a carregar no
acelerador a fundo. De vez
em quando, dava algumas
cotoveladas ao Samuel
António, o director provin-
cial do Jornal de Angola no
Moxico, que ia ao volante
de um Toyota Hilux, para
diminuir a velocidade, mas
ele procurava manter-nos
tranquilos. Em menos de
cinquenta minutos, per-
corremos o trajecto.
A fraca actividade comer-
cial faz com que a via seja
pouco utilizada por camiões.
As poucas viaturas que cir-
culam dirigem-se ao campo
em busca de produtos agrí-
colas para a cidade. Talvez
seja por esta razão, aliada
à qualidade do trabalho efec-
tuado, que a estrada, rea-
bilitada há cerca de oito anos
continua com um asfalto
invejável, contrastando com
a maioria das vias rodoviá-
rias do país.
Um controlo policial, com
cones e barreira, que fecha a
estrada a toda a largura, anun-
A fraca actividade comercial faz com que a via seja
pouco utilizada por camiões. As poucas viaturas que
circulam dirigem-se ao campo, em busca de
produtos agrícolas para a cidade
cia a entrada na sede da
comuna. O obstáculo é remo-
vido apenas depois da iden-
tificação dos ocupantes,
prática que nos faz lembrar
o passado, quando vigorava
no país o regime de partido
único. Logo que é dada a
ordem de prosseguir, a via
é novamente obstruída e
assim sucessivamente.Trata-
se de um exercício perma-
nente, aparen t e m e n t e
cansativo. Mas, as autori-
dades acham que a segu-
rança da localidade passa
por este procedimento.
A chuva é quase inces-
sante no Lucusse e, de um
modo geral, em toda a pro-
víncia do Moxico, onde os
dias nascem mais cedo e
as noites chegam mais
depressa, como em toda a
região Leste do país. Dia-
riamente, pode chover duas
ou três vezes, para gáudio
dos camponeses. Quase
sempre, os dias são cin-
ze n to s , c a r re ga d o s d e
nuvens negras. A tempe-
ratura varia entre os 26 e
24 graus, fascinante para
quem sai de uma cidade
quente como Luanda.
Na comuna, a população
entrega-se, com prazer, aos
afazeres diários. Não é difícil
compreender que a prin-
cipal actividade é a agri-
cultura, mas há, também,
outras, como a apicultura,
caça e pesca. Mulheres e
homens, com instrumen-
tos de trabalho na mão,
vão ao campo cultivar.
Ao longo da estrada, bal-
des e bacias com produtos
agrícolas são expostos para
venda. Aqui e acolá vêem-
se bidons ou garrafas de
plástico com mel, um dos
principais negócios da
população. O preço varia
de acordo com o recipiente.
Espe
ci
LUCUSSE ENFRENTA DIFICULDADES
Uma garrafa de meio litro
custa 500 kwanzas, de um
litro e meio é vendido a 1500
kwanzas e o bidon de cinco
litros a seis mil kwanzas.
Pela proximidade com
o Luena e pelas potencia-
lidades económicas,
Lucusse é considerado o
pulmão da capital do
Moxico. De lá saem os prin-
cipais produtos agrícolas
que alimentam a cidade.
Mas a população queixa-
se de falta de meios de
escoamento.
O soba Bernardo Camiji,
62 anos, afirma que este
ano houve muita produção,
mas grande parte apodrece
no campo por falta de meios
de escoamento.
“A terra é fértil, mas a
produção acaba por estra-
gar-se por falta de escoa-
mento”, lamenta, ao mesmo
tempo que se queixa dos bai-
xos preços dos produtos do
campo. “Assim, acabamos
por não ganhar nada”.
Com uma população
estimada em cerca e 12 mil
habitantes, distribuídos em
11.278 quilómetros qua-
drados, Lucusse faz parte
do Parque Nacional da
Kameia, rico em bacias
hidrográficas e animais.
Após a conquista da paz, a
localidade conheceu alguns
avanços no domínio social.
Novas escolas foram cons-
truídas, centro de saúde
reabilitado e ampliado, mas
a população quer mais
acções de impacto social.
Augusto Caiombo Vunda,
outro membro da autoridade
tradicional, reconhece que
a livre circulação de pessoas
e bens é um dos maiores
ganhos da paz.
“Hoje, as pessoas circu-
lam sem medo. Vão à lavra
ou à apicultura sem receio
al 4
ABRIL
DE
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
de serem atacadas, o que
anteriormente era impos-
sível”, disse.
Lembrou que, no tempo
da guerra, “todo o mundo
tinha fugido da comuna.
“Até a administração do
Estado tinha sido retirada.
Aqui, havia um destaca-
mento militar das FAA e
meia dúzia de habitantes.
Ninguém podia passar por
esta estrada. Hoje andamos
à vontade”, recorda.
Aos 75 anos, Caiombo
Vunda ainda desenvolve a
agricultura com vigor. “Esta
é a minha vida, não sei fazer
outra coisa, a não ser cul-
tivar. Daqui sai o meu sus-
tento e o da minha família”,
explica com satisfação.
O ancião lamenta a falta
de serviços essenciais bási-
co s e de emprego para
jovens. “Muitos estudaram
e são camponeses como os
pais”, acentua.
Acrescenta que uns tentam
oportunidades de trabalho
nas grandes cidades, como
Luanda, já que o Luena não
tem muito para oferecer.
“Os que não podem,
permanecem aqui mesmo”,
sublinha. No domínio da
educação, afirma “que há
poucas escolas e a comuna
é grande”.
Coríntio Sapalo Mutoyi
junta-se à conversa e diz
que uma sala pode ter 60
a 70 alunos e, no centro
médico, nunca há medi-
c a m e n to s . “ S ó p a s sa m
receita. O paciente tem que
se desenrascar”, lamenta.
Outro problema que a
comuna enfrenta, refere, é
a falta de água potável e de
energia eléctrica. O motor-
gerador fornece electricidade
apenas à administração,
mas a população espera
dias melhores.
Como se interrompe
um sonho às 4 horas
da manhã...
Carlos Alberto
O meu sonho foi inter-
rompido, às 4h00 da
manhã ao sentir fortes e
insistentes batidas do
meu portão. Questionei-
me: “o que será”? Do outro
lado, ouvi uma voz fami-
liar. Era o MM, iniciais de
Maurício Makemba, o
nosso fotógrafo. Abri a
porta e indaguei: “o que
se está a passar ”? De
repente respondeu-me
que não havia tempo a
perder. “Time is money”
(tempo é dinheiro).
De uma forma peremp-
tória e altiva, como se esti-
vesse a dar uma ordem,
atirou-me o seguinte: “lava
a cara e as axilas porque
vamos para uma missão
de serviço no Moxico. Da
morte de Jonas Savimbi
nem uma palavra. Ele
fechou-se em copas.
Esta situação, como
é óbvio, gerou em mim
uma certa expectativa.
Estamos no terminal da
Força Aérea, minutos
depois, embarcámos
num avião YAK-40 e
rumámos em direcção
ao Luena. Depois de mais
de uma hora de voo, a
aeronave fez-se à pista.
Pasme-se! Só no Luena
tive conhecimento da
morte de Jonas Savimbi.
Partimos num helicóp-
tero MI-8 para Lucusse, o
teatro de guerra. Senti-me
como um peixe na água,
por razões óbvias. Aterrá-
mos no Lucusse. O quadro
era deprimente e desolador.
Deparámo-nos com o
homem de Muangai pros-
tado, inerte. Era um cenário
patético. O velho maquisar
estendido numa tarim-
bana quel, geralmente,
as populações nativas
estendem o peixe caqueia,
uma espécie do rio muito
conhecida naquelas para-
gens. Estava crivado de
balas, sem beira nem eira.
Apesar do aconteci-
mento, o ambiente era
13
distendido. No local, esta-
vam figuras de proa do
meio castrense angolano.
Aqui e ali, os militares tro-
cavam impressões, de
boca a orelha. Num certo
perímetro, as tropas garan-
tiam segurança da área.
Era preciso esfriar os âni-
mos e o entusiasmo. Do
meu baú de recordações,
busco intensa movimen-
tação de jornalistas. Uns
com as esferográficas e
blocos de notas, outros
com gravadores em riste.
Entre muitos, recordo-me
do Alves Fernandes e do
Madeira. No local, também
estava uma legião de jor-
nalistas estrangeiros, todos
ansiosos por obterem
informações mais deta-
lhadas sobre a situação.
O oficial Carlitos Wala
não teve mãos a medir,
para descrever minucio-
samente o desenrolar dos
acontecimentos. Carlitos
Wala, tido como o estra-
tega da missão, esteve
na perseguição de
Savimbi. Disse que não
foram favas contadas. Ele
e a tropa palmilharam
vários quilómetros e des-
bravaram caminhos, “var-
rendo” vários bastiões de
resistência até atingir o
último reduto.
Tenacidade, bravura,
estoicismo e prontidão com-
bativa foram os elementos-
chave e decisivos para o
êxito da missão. O ex-chefe
do Estado Maior da Força
Aérea, General Hanga, com
serenidade, falou sobre a
participação daquele ramo
das Forças Armadas na mis-
são militar.
A poucos passos onde
jazia Jonas Savimbi, com
vários objectos na cintura,
um punhado de pessoas,
maioritariamente mulhe-
res, entoavam cânticos na
língua local. Eram cerca
de 11h00. O sol estava
abrasador. No calor da
refrega, o desfecho de uma
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
página da epopeia que
ditou a paz em Angola…
14 ESPECIAL
Yara simão
Com uma área de 223.023
quilómetros quadrados, com
cerca 900 mil habitantes, o
Moxico é a maior província
de Angola, ocupando mais
de 16 por cento da extensão
territorial do país. Os vestígios
da guerra estão ainda bem
visíveis nos vários edifícios
tatuados com furos de balas
e nas casas destruídas. Luena,
é a capital.
A cidade da paz respira
pobreza e demonstra virgin-
dade económica. Apresenta
estradas muito largas, com
asfalto que data do período
colonial. O número de pes-
soas a pé é reduzido, dando
um aspecto de cidade vazia,
sem vida. Muitos dos filhos
da terra estão em Luanda,
procurando dar resposta à
ambições de progredir na
“cidade grande”. No Luena,
quem que se formou em
Pedagogia e Saúde têm a
vida mais facilitada, devido
à procura de quadros nestes
sectores.
O mau estado das
vias não permite
fácil acesso aos
visitantes que
pretendam conhecer
a história de vida do
nacionalista, então
jovem militante
do MPLA,
Hoji ya Henda
Apesar de considerada
província da paz, Moxico
representa um mistério para
muitos que o habitam.
Embora a pobreza salte à
vista, ao circular pela cidade
do Luena, facilmente se per-
cebe a diferença de estatutos
entre os cidadãos.
A dita “classe alta”, com-
posta por citadinos que cir-
culam em jeepes, a “média”,
onde se enquadram os que
têm, ao menos uma moto-
rizada, e a mais baixa, que
depende somente, dos trans-
portes públicos para se loco-
mover. Abaixo destes
últimos, estão, ainda, inú-
meros habitantes, que só se
movimentam a pé. A cidade
é histórica. Numerosos euca-
A população está insatisfeita
com o lento desenvolvimento
da província. E como “bebé
que não chora não mama”,
num encontro de auscultação,
realizado no mês passado,
com membros do partido no
poder, mulheres romperam o
silêncio e manifestaram o des-
contentamento ao Secretá-
rio-Geral do MPLA, Paulo
Pombolo, à Secretária-Geral
da Organização da Mulher
Angolana (OMA), Luzia Inglês
Van-Dunem (Inga), e ao gover-
nador do Moxico, Gonçalves
Muandumba, no sentido de
fazerem chegar as preocupa-
ções ao “Número Um” do Exe-
cutivo angolano.
As mulheres camponesas e
empreendedoras reclamaram
por nunca terem beneficiado
de micro-créditos nem de meios
de apoio ao trabalho, como
tractores, enxadas, catanas,
machados, além de fertilizantes,
sementes e pesticidas.
Outro problema que aflige
Es
CIDADE DA PAZ VIRA MURO DE LAMENTAÇÕES
O clamor dos munícipes
por melhores condições
Apesar de ser considerada província da paz, o Moxico
representa um mistério para muitos que o habitam.
Embora a pobreza salte à vista, ao circular pela cidade do
Luena, facilmente se percebe a diferença de estatutos
entre os cidadãos
A prudência nas vias dos automobilistas proporciona um trânsito tranquilo e as viaturas circulam a uma velocidade de cerca de 40 quilómetros por hora
liptos, acácias e outras árvo- No bairro Mandembué,
res e plantas que permane- zona periférica da cidade do
cem vivas e são o símbolos.
A maioria foi plantada por
portugueses, na era colonial.
Lwena, encontramos a “Rua
do Manguxi”, assim desig-
nada porque nela se situar
No acervo cultural da cidade
consta a narração da trajec-
a casa onde ficou alojado o
primeiro Pre sidente de
tória e morte do comandante Angola, António Agostinho
Hoji ya Henda, na localidade Neto, vindo da Zâmbia, para
de Caripande, município do fazer o reconhecimento das
Alto Zambeze. bases do MPLA, na região
O mau estado das vias não Leste. A residência está aban-
permite fácil acesso dos visi- donada e em escombros, cla-
tantes que pretendam conhe- mando por reabilitação.
cer a história de vida do Aqui, as coisas parecem
nacionalista, então jovem mais de ouvir contar do que
militante do MPLA. da dura realidade. Há muitos
Lento desenvolvimento
A solução para o transporte de mercadorias é o Caminho-de-Ferro de Benguela
as camponesas do Moxico tem tos agricultores deslocam-se
a ver com a falta de moagens à vizinha República da Zâmbia,
para o milho e o bombó. As para esse efeito, acabando fre-
poucas que existem na pro- quentemente por vender lá o
víncia são insuficientes para produto, deixando as popula-
atender a demanda. Também ções sem alimento. A província
não há máquinas de descasque conta com oito associações
de arroz e, por essa razão, mui- de camponeses e um grupo
pecia
l 4
ABRIL
DE
mendigos. Crianças e adultos
ficam à entrada das lojas a
pedir esmola. Pelas esquinas,
jovens de ambos sexos muni-
dos de caixas térmicas con-
somem bebidas alcoólicas,
ao som de música alta, pro-
veniente, sobretudo de via-
turas, numa cidade onde
praticamente não há espaços
de lazer. Meninas, entre os
13 e 16 anos são mães. Muitas
delas, interpeladas dizem
não esperar por futuros mari-
dos; outras simplesmente
prostituem-se na busca de
rendimentos.
PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO
de 50 mulheres que desen-
volvem a agricultura familiar.
To d o s a g u a r d a m q u e o
governo reabilite as vias de
acesso, para facilitar o escoa-
mento dos produtos dos cam-
pos agrícolas para os grandes
centros comerciais.
Esperança começa
a desvanecer-se
Diz-se que a esperança é a
última coisa a morrer, mas
para os “moxicanos” ela já
morreu. Os munícipes afirmam
que, desde que tomou posse,
o governador prometeu rea-
lizações, que ainda não mate-
rializadas, a começar pelas
estradas que ligam a capital
da província aos municípios
e continuam intransitáveis.
O governador Gonçalves
Muandumba, durante o dis-
curso de posse, disse que a
estrada que liga Lwena à Uni-
versidade José Eduardo dos
Santos seria asfaltada nos
primeiros três meses de
governação. No entanto, um
ano depois, as coisas estavam
na mesma.
Foi depois de muita polé-
mica e lamentação dos popu-
l a r e s q u e a e st ra d a f o i
asfaltada, confirmaram os
populares. Os estudantes
sairam a ganhar. A ida à uni-
versidade é mas tranquila.
Sábado
4 de Abril de 2020
PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO
DR
No dia 6 de Fevereiro, o
Ministério da Construção
e O b ra s P ú b l i c a s f e z a
entrega de vários equipa-
mentos técnicos para manu-
tenção e terraplenagem
das vias secundárias e ter-
ciárias da província.
Constam do “kit” 30 máqui-
nas bulldozers, tractores,
retroescavadoras, pás car-
regadoras, camiões bascu-
lantes, máquina giratória,
cisternas, niveladores, beto-
neira, vibrador manual e
cavalo mecânico. Há ainda
um camião de carga com
grua, cilindro liso, camião
auto-tanque com espalhador
de emulsão asfáltica e car-
rinhas de apoio.
Para assegurar o funcio-
namento das máquinas
foram treinados cinco téc-
nicos formadores, que vão
ensinar o que aprenderam
a funcionários a serem
recrutados.
ESPECIAL Sábado
4 de Abril de 2020
Distâncias entre municípios
Luena, a cidade capital, é cons-
tituída por 16 ruas principais.
Todas elas se encontram, como
se de um jogo de xadrez se tratasse.
Nota-se a prudência dos automo-
bilistas, proporcionando um trân-
sito tranquilo. Os utentes de
viaturas circulam normalmente
a uma velocidade de aproximada
de 40 quilómetros por hora, sem
qualquer constrangimento, num
contraste enorme com o caos do
trânsito de Luanda.
Muitos cidadãos preferem andar
a pé, porque as instituições são
próximas umas das outras e o
clima é convidativo. Há poucos
relatos de assaltos a viaturas e
residências. As lojas dos famosos
“mamadus” e outras ficam abertas
até quase à meia-noite.
A província tem nove municí-
pios, Camanongue, Leua, Cameia,
Luacano, Luau, Alto Zambeze,
Luchiaze, Bundas e a sede, que
é Moxico. Porém, a ligação entre
as localidades é um salve-se
quem puder. Não há asfalto e as
vias estão esburacadas. Para per-
correr a distância entre o muni-
cípio sede e Luacano de carro é
necessário um dia inteiro, cor-
rendo o risco de ficar com a via-
tura toda danificada.
A s s i m é o q u ot i d i a n o d o s
“moxicanos”, que se vêem pre-
judicados pela falta de vias alter-
nativas. Os munícipes do Leua,
Cameia e Luacano dependem
do comboio para chegar ao Luau,
onde vão buscar mercadoria
para o comércio.
Na província da Rainha Nha
Katolo é notória a espécie de pri-
Ministério da Construção e Obras Públicas fez a entrega de vários equipamentos técnicos para terraplenar as vias
O Moxico tem nove
municípios,
Camanongue, Leua,
Cameia, Luacano,
Luau, Alto Zambeze,
Luchiaze, Bundas e a
sede, que é Moxico.
Porém, a ligação entre
as localidades é um
“salve-se quem
puder”. Não há asfalto
e as vias estão
esburacadas. Para
percorrer a distância
entre o município sede
e Luacano de carro é
necessário um dia
inteiro, correndo
o risco de ficar com
a viatura toda
danificada
são em que se encontra a popu-
lação. Há cidadãos, com 30 anos
que não conhecem os municípios.
O que sabem é de ouvir contar
pelos anciãos. Tudo por causa
da falta de vias que lhes permitam
conhecer a real extensão do local
onde nasceram.
O Município de Camanongue é
o único com asfalto no percurso
de ligação à capital da província.
As ligações entre as demais loca-
lidades são dominadas por bura-
cos. Donos de automóveis ligeiros
não arriscam e os camioneiros
“só vão com Deus no comando”.
Só mesmo os pesados de marca
Kamaz, são robustos o suficiente
Espe
ci al
para vencerem este desafio.
A população quer a reabilitação
das Estradas Nacionais 250 e a
180, bem como as que ligam a
cidade do Lwena às sedes muni-
cipais. Com isso, seria possível o
escoamento de produtos alimen-
tares, transporte de doentes e
mulheres grávidas.
Alguns municípios situam-se
a mais de 500 quilómetros da capi-
tal, a cidade do Luena. Apenas 5
por cento da rede viária da pro-
víncia é composta de estradas
asfaltadas, tornando quase ina-
cessíveis aldeias e pontos turísticos
únicos em Angola, com leões,
hipopótamos ou leopardos. O
cenário piora na época das chuvas,
que são intensas no Moxico.
Sem estradas e com um aero-
porto inoperacional, no Luau, a
solução, sobretudo para transporte
de mercadorias, é o Caminho de
Ferro de Benguela, que liga o mar
ao Leste. Porém, passa pelo Lwena
apenas duas vezes por semana.
As dificuldades estendem-se
ao acesso ao lago Dilolo, o maior
de Angola, a mais de mil metros
de altitude, mas que na época das
chuvas é inacessível por estrada.
O mesmo acontece com o parque
da Cameia, o segundo maior do
país, construído em 1957, e que
ocupa 14.450 quilómetros de vastas
planícies, até à bacia do Zambeze.
Na província existem 68 pontos
turísticos cadastrados, 15 dos
quais no município do Alto Zam-
beze, a 519 quilómetros do Luena,
mas, sem estradas de acesso em
condições, as maravilhas do Moxico
ficam vedadas aos visitantes.
4 DE
ABRIL
Inúmeros desafios
na Educação
O sector da Educação no Moxico
tem inúmeros desafios que pre-
cisam de ser ultrapassados,
desde a escassez de salas de
aulas, elevado número de alunos
por turmas e fora do sistema de
ensino, além de péssimas con-
dições de habitabilidade dos
professores que trabalham nas
zonas mais recônditas.
Pelo menos, 13 novas escolas
entraram em funcionamento no
presente ano lectivo, que conta
com mais de 300 mil alunos matri-
culados em todos os subsistemas
de ensino. A sede da província vai
beneficiar da construção de 14 esco-
las, com sete salas de aula cada e
um complexo escolar com 27 salas,
Moxico conta com 304 escolas asseguradas por seis mil professores
Saúde carece
de recursos humanos
Por falta de recursos humanos
especializados, o hospital do muni-
cípio sede da província tem as salas
de parto, bloco operatório e o serviço
de estomatologia paralisados.
Os postos e centros de saúde fun-
cionamcom um enfermeiro. Quando
este técnico goza licença disciplinar,
não tem quem o substitui.
Muitas vezes a unidade sanitária
está fechada.
Em toda a província, as autori-
dades controlam 205 parteiras tra-
dicionais. Muitas revelam que os
partos são feitos sem protecção de
luvas, estando sujeitas a contrair
doenças. Não há o básico para realizar
o trabalho, desde álcool e água oxi-
genada. Tudo isso faz com que recor-
ram ao barro para secar o umbigo
dos recém-nascidos.
A região Leste conta com 1.824
trabalhadores da saúde, 955 mulhe-
15
no bairro Kuenha, arredores da
cidade do Luena, no âmbito do Pro-
grama Integrado de Intervenção
nos Municípios (PIIM).
Moxico tem, agora 304 escolas,
com seis mil professores, incluindo
489 apurados no concurso público
de 2019. Na distribuição de vagas
administrativamente, o município
do Moxico contou com 82, Luau,
56; Luacano, 54; Luchazes, 53;
Cameia, 52; Alto Zambeze, 51;
Léua,50; Bundas, 46 e Camanon-
gue, 45.
No que diz respeito ao Ensino
Superior, a população quer mais
cursos, a nível do Politécnico.
Medicina, Direito, Economia e
os técnicos.
DANIEL BENJAMIM | EDIÇÕES NOVEMBRO | MOXICO
res e 869 homens, para aproxima-
damente, nove milhões de habi-
tantes. No que concerne à ampliação
e reabilitação das infra-estruturas,
a casa mortuária do Hospital Geral
do Moxico é um projecto, cuja con-
cretização demora. A unidade de
saúde tem três especialistas ango-
lanos e nove expatriados. Não tem
especialistas nas áreas de neuro-
cirurgia, otorrinolaringologia, urologia,
cirurgia pediátrica, anestesia,
cardiologia e nutrição.
A maternidade provincial, por
sua vez, conta apenas com uma
médica especializada, angolana,
e três expatriados que fazem serviço
de banco de três em três dias. A
falta de pessoal qualificado faz
com que se mantenham fechadas,
há quatro anos, as salas de mamo-
grafia, imagiologia, neonatologia
e de cuidados intensivos.
16 ESPECIAL
Yara Simão | Moxico
Luacano é um município
rico em paisagens, rios, lagos
e pequenas florestas, onde
se podem encontrar animais
como palancas castanhas,
nunces, bambi, porco-espi-
nho, gnus, antílopes, jacarés,
hipopótamos, todos oriun-
dos do Parque Nacional da
Cameia, município com o
mesmo nome.
Além da construção e
reconstrução de infra-estru-
turas sociais de que beneficia,
Luacano é um município
turístico. Alberga, o Lago
Dilolo (o maior do país) e é
uma região potencialmente
pesqueira.
Ro d r i g u e s C h i p a n g o
Sacuaha, administrador do
mu n i c íp i o d e Lu aca n o
explica que a zona possui
13.573 quilómetros quadra-
dos, é limitado a Norte pelos
municípios do Luau (Moxico)
e Muconda (Lunda Sul), a
Este e a Sul pelo Alto Zam-
beze e a Oeste pela Cameia.
O clima é tropical húmido;
no inverno, é seco e fresco.
Na época chuvosa, é quente
de Outubro a Abril. A tem-
peratura anual é sempre
superior a 20 graus centí-
grados e por vezes atinge o
máximo de 35 graus.
A data da elevação do local
a município é incerta. Algu-
mas pessoas conhecedores
e funcionários da antiga
administração colonial con-
tam que passou à categoria
de Administração do Con-
selho de Luacano no dia 12
de Março de 1965, mas foi
escolhido pela administração
actual, desde 2013, o Dia 12
de Março de 1968 como data
de aniversário da região.
Até 2014, Luacano tinha
20.755 habitantes (Censo
2014). É um dos nove muni-
c íp i o s d a p roví n c i a d o
Moxico e a penúltima para-
gem dos Caminho de Ferro
de Benguela (CFB), antes de
A mandioca, o arroz, a banana,
a cebola, a cana-de-açúcar, o
milho, o feijão, a batata-doce,
a ginguba e a cebola são as
culturas mais produzidas na
região, numa actividade que
envolve mais de oito mil cam-
poneses, enquadrados em
quatro associações legalizadas,
designadamente, Kandum-
buame, Lutai Lulhetu, Março
Mulher e Mboio Ussombó.
Os sectores da agricultura
e da pesca têm escoado os pro-
dutos através dos comboios,
visto que as vias da municipa-
lidade são de difícil acesso. A
transportação por comboio
torna-se barato, acessível,
cómoda e veio coadjuvar, cla-
ramente, o comércio na região.
Como nos outros municí-
pios, Luacano também carece
de tractores, máquinas des-
cascadoras de arroz, alfaias,
catanas, enxadas, sementes,
bem como fertilizantes, barcos
de pequeno porte, anzóis, redes,
linhas, coletes e bóias. Espera-
se que estas dificuldades sejam
solucionadas com a implemen-
tação do PIIM no município.
Luacano é um município
piscatório; comporta cerca de
vinte rios por meio do qual
sobrevivem as populações,
além da agricultura. A única
Turismo adormece
a Leste do Moxico
chegar ao Luau, município
fronteiriço.
O Luacano, considerado
município piscatório, é habi-
tado, na sua maioria, pelos
povos Cokwe, Luvales e
Minungos, que possuem
cultura vasta e rica em rituais,
traduzidas nas grandes e
pequenas celebrações rea-
lizadas nos distintos bairros
da circunscrição.
A via ferroviária leva espe-
rança aos habitantes do Lua-
cano, desde 12 de Março de
2015, com o início da cir-
culação dos comboios dos
CFB, e está a transformar,
significativamente, a vida
económica e social dos habi-
tantes. A circulação destes
comboios, que começou
Culturas mais produzidas
dificuldade são as vias de acesso.
Não tem estradas que ligam
outras paragens. A única ajuda
é dos caminhos-de-ferro de
Benguela, que faz o corredor
lobito-Luau, facilitando assim
a populações nas deslocações
e na evacuação dos produtos.
O administrador disse que,
anteriormente, havia lojas que
comercializavam o peixe até
Luanda, mas agora não existem.
“Pessoas de outros países
consomem mais o nosso peixe,
com maior realce para os con-
goleses e zambianos. Dificil-
mente, os angolanos consomem
o nosso peixe por falta de orga-
nização do comércio rural”.
Um dos projectos para o muni-
cípio, é que futuramente, a
zona vai alavancar a prática
do cultivo de arroz, por ser
uma zona com grandes chanas
férteis e o Lago-Dilolo uma
das comunas que têm expe-
riencia no cultivo de arroz.
O PIIM no Luacano
Além das verbas do combate
à pobreza, no âmbito do Pro-
grama Integrado de Intervenção
E speci
MUNICÍPIO DO LUACANO
Município já recebeu verbas do Programa
Integrado de Intervenção dos Municípios
com um serviço e aumentou
a frequência para duas, está
a facilitar a produção no sec-
tor agrícola e piscatório.
As pessoas viajam à cidade
do Luena (217 quilómetros)
e a outro s município s ,
nomeadamente , Luau ,
Cameia e Léua e às provín-
cias do Bié, Huambo, Ben-
guela, com comodidade e a
preço acessível, uns para
fins comerciais e outros para
visitarem os seus familiares
e amigos.
Lago Dilolo
O Lago Dilolo, o maior de
Angola, é uma atracção
turística que aguarda pelas
acções para a sua valorização
e exploração. Dados da
nos Municípios (PIIM), Luacano
recebeu a sua fatia do bolo.
“Nesta fatia, programamos
a terraplanagem do troço sede
Lago-Dilolo, para publicitarmos
esse terceiro maior lago da
África Austral e os estudantes
da opção de geografia possam
fazer investigação e também
transformá-lo em recursos turís-
ticos para captarmos investi-
mento para o município”,
explicou o administrador muni-
cipal. Aconstrução de escolas,
tendo em conta que a luta é
diminuir o número de crianças
fora do sistema de ensino, é,
segundo Rodrigues Chipango
Sacuaha, outro dos projectos
a realizar com as verbas do PIIM.
“Neste momento, temos
duas mil crianças fora do sistema
de ensino. Acredito que, com
a construção de três escolas,
vai reduzir este número. Vamos
também apetrechar uma escola
de 14 salas de aulas e reabilitar
e melhorar os jardins, tendo
em conta que a criação de zonas
verdes é indispensável para a
juventude e crianças em geral.
Acho que, com este trabalho,
al 4
ABRIL
DE
Administração Municipal
do Luacano indicam que o
lago tem uma altitude média
de 1.098 metros acima do
nível do mar.
Quando chega o mês de
Setembro, torna-se mais
quente, com uma tempe-
ratura média de 32°C e desce
drasticamente em Julho a
8,1 ºC. A sua temperatura é
relativamente constante,
mas cai bruscamente
durante a noite, podendo
haver alguns dias em que
as temperaturas mínimas
fazem congelar as águas. É
inexistente a estação defi-
nida ao longo do ano.
O Lago Dilolo está inter-
ligado numa zona turística,
onde se encontra um outro
teremos bons resultados no
âmbito social”.
No que diz respeito à água,
estão a aguardar que pela cons-
trução de um sistema de cap-
tação, porque falta o "líquido
precioso" dentro do município.
No sector da saúde, Rodri-
gues Chipango Sacuaha diz que
a situação está melhor que nos
anos anteriores. “Não temos
problemas. Temos um hospital
municipal com o seu orçamento,
temos três centros e sete postos
que estão a servir a população.
Com as verbas do ano passado,
conseguimos assegurar a popu-
lação em termos de medica-
mentos e não temos razões de
queixas”, afirma.
A única reclamação no sec-
tor é a falta de pessoal. “Há
escassez de médicos e enfer-
meiros, para prestarmos melhor
serviço às populações. Só exis-
tem dois médicos e sete enfer-
meiros no Hospital Municipal
de Luacano e não respondem
à demanda”., elucida.
Rodrigues Chipango
Sacuaha defende a necessidade
de abertura de bancos comer-
e o Parque Nacional, deno-
minados por “Cameia”, o
nome do município, sita ao
longo dos CFB. Pela sua
beleza turística inigualável,
o lago precisa de valorização
e investimentos em cons-
trução de infra-estruturas
hoteleiras, lugares de lazer
e outros empreendimentos
para atrair turistas.
O turismo no município
do Luacano necessita de ser
mais bem explorado, para
que, além de permitir des-
cobrir mais zonas atractivas
na região, seja uma fonte de
receitas e oferta de emprego,
bem como de exaltação da
cultura e tradição dos dife-
rentes povos que habitam
a circunscrição.
ciais na sede municipal, para
facilitar as transacções finan-
ceiras e a concessão de crédito
aos camponeses. A instalação
de agências bancárias na sede
municipal, realçou o adminis-
trador, vai propiciar o desen-
volvimento das actividades
agrícolas e piscatórias.
“A falta de bancos comer-
ciais tem provocado vários
constrangimentos aos tra-
balhadores, que, para levan-
ta re m o s s e u s s a l á r i o s ,
percorrem grandes distâncias
até à cidade do Lwena, capital
da província do Moxico, ao
Saurimo (Lunda Sul) ou aos
municípios do Léua e Luau.
a Administração já contactou,
sobretudo, o Banco de Pou-
pança e Credito (BPC), no
sentido de abrirem balcões
com a maior brevidade pos-
sível no município”, diz.
Por outro lado, Rodrigues
Chipango Sacuaha lamenta
a má qualidade do sinal das
provedoras de telefonia no
município. "Somente serve
para a troca de mensagens",
informou o responsável, ale-
gando ser um problema de
mais quatro anos. Apesar de
terem recebidos visitas de
técnicos da empresa, não há
melhoria no sinal.
Sábado
4 de Abril de 2020
Encantos
e mitos
No site do Governo da província
do Moxico encontramos o conto
popular do famoso Lago.
O Lago Dilolo é na verdade um
“monstro natural”, que guarda den-
tro e fora encantos e mitos de “arre-
piar”. No passado recente, o Lago,
antes denominado Kalumbo, um
rio cuja nascente, segundo os habi-
tantes, “emitia” vozes de pessoas
invisíveis, possivelmente feminina,
no período da tarde e à noite, quando
um aldeão passava. “Oku unakuya
naukasavala nyi naukakinduluka?”
pergunta a suposta voz, em idioma
Luvale, uma das mais faladas da
região. Em português, significa
“onde vais, irás dormir ou voltas?”.
Se o aldeão responder “Nangu-
kahiluka”, ou seja, “volto”, ao
regressar encontra a o rio com a
maré alta; se disser “Nangusavala”,
pernoito, e ele voltar, o rio no seu
estado normal e passava sem
motivo de preocupação.
Os aldeões deram conta da tra-
paça da voz feminina que também
a apelidaram de Kalumbo wa kola,
originaria do pequeno rio localizado
a cerca de um quilómetro da sede
comunal, que quando passava no
local, após a pergunta feita pela
senhora, respondia simplesmente
“Nangusavala”.
Segundo alguns relatos, um
certo dia, apareceu, numa das
aldeias próximo do rio Kalumbo,
uma idosa estranha a vaguear de
casa-em-casa, com peixinhos nas
mãos, para trocar com outros pro-
dutos para seu sustento. Infeliz-
mente, devido ao seu aspecto
debilitado e com infecções por todo
o corpo, foi rejeitada.
A idosa, cansada de tanta rejei-
ção de populares, decidiu fazer
uma última tentativa de troca de
produtos, antes de prosseguir
com a sua viagem misteriosa e
sem destino. Felizmente, foi rece-
bida por alguém que lhe deu ali-
mentos, em troca de nada.
Após este acto benevolente, a
anciã agradeceu o gesto raro e
deixou um aviso à família que lhe
acolheu. “Handemba namikevua
lizo lya muthu nguenhi calumbo
weza, calumbu weza mikaya limbo
lieka”. Ou seja, fez uma advertência:
“ouvirão de madrugada uma voz
a dizer; calumbo chegou, calumbo
chegou, deve fugir e ir noutro bairro”.
Assim aconteceu, na madrugada
do dia posterior, a senhora e sua
família ouviram a voz, sem avisar
ninguém, conforme a recomendação
da misteriosa idosa, fugiram e foram
para outra aldeia. Após a saída
desta família “abençoada”, naquela
noite caiu uma forte chuva que não
parava. Os moradores inicialmente
pensavam que era algo extrema-
mente normal, mas a chuva não
parou de cair e começou a aumentar
a de intensidade e força. Por fim,
acabou por deixar todos moradores
sem “chances” de sair das suas
casas. Todos foram submersos.
O soba e os chefes de famílias
que iam à caça de regresso encon-
traram o bairro submerso, entraram
no local e desapareceram também.
Reza a história que os moradores
submergidos até hoje continuam
a viver debaixo da água e é possível
ainda ouvir as vozes debaixo da
água, uma vez a outra. O rio Calumbo
e o lago Dilolo encontram-se
actualmente juntos.
O administrador do município
de Luacano anseia pela presença
de empresários nacionais e inter-
nacionais para investirem no turismo
da localidade, que muito pode con-
tribuir para os cofres do Estado.
Sábado
4 de Abril de 2020 17
PUBLICIDADE

(700.014)

TERCEIRA REGIÃO TRIBUTÁRIA

(Luanda e Bengo)

AVISO DE APREENSÃO N.º 24

A Terceira Região Tributária avisa aos importadores abaixo indicados, que nos termos do artigo 509.º, n.º 1, alínea b), conjugado com
os artigos 512.º e 481.º, todos do Código Aduaneiro, procedeu à apreensão das mercadorias demoradas abaixo indicadas:
Lote Contentor Tipo Designação da Mercadoria Importador B/L Data de chegada Estado DU Terminal

34/19 NAIU 1132468 20 Detergentes em líquido e em pó Banco Sol LISLAD190365 28/06/2019 Aguarda Liquidação Unicargas

35/19 REFU 9216079 20 Guardanapos de papel, papel higiénico e sal iodisado, óleo alimentar Naidepots (SU) LDA NCCABLAD190003 13/05/19 Aguarda liquidação Unicargas

36/19 PREU 2030020 40 Grão de bico, feijão, açúcar, farinha de trigo, feijão branco. Naidepots (SU) LDA NCCABLAD19003 13/05/2019 Aguarda Liquidaçãp Unicargas

37/19 PREU 2030035 20 Guardanapos de papel, talheres descartáveis de plástico e cestas Naidepots (SU) LDA NCCABLAD190003 13/05/2019 Aguarda Liquidação Unicargas

38/19 PREU 2030014 20 Bens alimentares Naidepots (SU) NCCABLAD190003 13/05/2019 Aguarda Liquidação Unicargas

37/19 PREU 2030035 20 Guardanapos de papel, talheres descartáveis de plástico e cestas Naidepots (SU) LDA NCCABLAD190003 13/05/2019 Aguarda Liquidação Unicargas

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O prazo para a interposição do recurso hierárquico com fundamento na não susceptibilidade do confisco das mercadorias apreendidas,
é de dez dias úteis, contados da data da publicação do presente aviso, conforme preceitua o artigo 514.º do Código Aduaneiro.

As mercadorias apreendidas estão sujeitas a confisco, no caso de não ser interposto, no prazo fixado o recurso a que se refere o parágrafo
anterior.

Terceira Região Tributária, aos 20 de Março de 2020.

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4 de Abril de 2020
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Sábado
4 de Abril de 2020 19
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REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DOS RECURSOS MINERAIS, PETRÓLEOS E GÁS

PRORROGAÇÃO DO PROGRAMA DO CONCURSO PARA A CONTRATAÇÃO DE AVALIADORES

INDEPENTENTES DE DIAMANTES BRUTOS

Face aos desenvolvimentos e constrangimentos causados pela COVID-19, e tendo em vista a necessidade de se adoptar medidas que salvaguardem a saúde e o
bem-estar dos participantes, nacionais e estrangeiros residentes e não residentes, ao Concurso Limitado por Prévia Qualificação para a Contratação de Serviço de
5 (cinco) Avaliadores Independentes de Diamantes, a Comissão de Avaliação, nomeada por Despacho 0040/2020, de 16 de Março, de Sua Excelência Ministro dos
Recursos Minerais e Petróleos, prorroga por um período de 45 (quarenta e cinco) dias o prazo para a disponibilização e aquisição de peças de procedimentos (ca-
dernos de encargos e demais documentos) e passos subsequentes, conforme Programa abaixo:

a) Anúncio e Publicação da abertura do Concurso: 19 de Fevereiro de 2020;

b) Aprovação das peças de procedimentos e nomeação da Comissão de Avaliação: 19 de Fevereiro de 2020;
c) Acto público de abertura do concurso (apresentação e esclarecimento): 03 de Março de 2020;
d) Disponibilização e aquisição de peças de procedimentos (Caderno de Encargos e demais documentos): 03 de Março de 2020;
e) Entrega e recepção de propostas dos concorrentes: até às 16 horas de 21 de Maio de 2020;
f) Acto público de abertura das propostas, apreciação e pré-qualificação dos candidatos: 22 de Maio de 2020 (hora e local a indicar);
g) Análise e Avaliação das Propostas: até 2 de Junho de 2020;
h) Elaboração do relatório preliminar da Comissão de Avaliação: até 9 de Junho de 2020;
i) Divulgação e publicação dos resultados: 16 de Junho de 2020 (hora e local a indicar);
j) Nomeação da Comissão das Negociações: 17 de Junho de 2020;
k) Recepção de eventuais recursos (caso haja): até 22 de Junho de 2020;
l) Elaboração do Relatório Final da Comissão de Avaliação: de 23 a 26 de Junho de 2020;
m) Entrega da Minuta do Contrato aos adjudicatários: 26 de Junho de 2020;
n) Negociações e celebração de contrato: de 1 a 3 de Julho de 2020;
o) Início de actividades dos avaliadores independentes contratados: 20 de Julho de 2020.

COMISSÃO DE AVALIAÇÃO DO CONCURSO LIMITADO POR PRÉVIA QUALIFICAÇÃO PARA CONTRATAÇÃO DE AVALIADORES INDEPENTENTES DE
DIAMANTES BRUTOS EM ANGOLA, em Luanda, 02 de Abril de 2020.
(500.0461)

TERCEIRA REGIÃO TRIBUTÁRIA

(Luanda e Bengo)

AVISO DE APREENSÃO N.º 25

A Terceira Região Tributária avisa aos importadores abaixo indicados, que nos termos do artigo 509.º, n.º 1, alínea b), conjugado com os artigos 512.º e 481.º
todos do Código Aduaneiro, procedeu à apreensão das mercadorias demoradas abaixo indicadas:

TERMINAL DO CENTRO LOGÍSTICO KM 33 VIANA

Lote Descrição da Mercadoria Importador Carta de Porte Data de Chegada Volume

01/DATCAL/19 Miscelâneas SAPEM 057-80523542 HW:9025 13/12/18 16 Vol
02/DATCAL/19 Miscelâneas SAPEM 057-80523520 HW:5564 11/12/18 16 Vol
05/DATCAL/19 Liquido Inflamável LATIANGOL 118-10483443 20/12/18 01 Vol
06/DATCAL/19 Liquido Inflamável Neuce Industria de Tintas de Angola 118-10101302 08/06/18 01 Vol
07/DATCAL/19 Liquido Inflamável DHL 057-62596940 27/12/18 01 Vol
08/DATCAL/19 Liquido Inflamável Importador não Identificado 118-10552242 08/11/18 01Vol
09/DATCAL/19 Liquido Inflamável Carlos Louro 118-10093554 03/01/19 12Vol
10/DATCAL/19 Corrosivo Prezioso 071-33186193 28/12/18 01Vol
12/DATCAL/19 Corrosivo Puentes y Calzadas 374-31748133 28/12/18 05 Vol
14/DATCAL/19 Liquido Inflamável António Garcia 176-02611276 16/01/19 1 Vol

O prazo para a interposição do recurso hierárquico com fundamento na não susceptibilidade do confisco das mercadorias apreendidas, é de dez dias úteis, contados
da data da publicação do presente aviso, conforme preceitua o artigo 514.º do Código Aduaneiro.

As mercadorias apreendidas estão sujeitas a confisco, no caso de não ser interposto, no prazo fixado o recurso a que se refere o parágrafo anterior.
Administração Geral Tributária, aos 20 de Março de 2020.

A DIRECTORA REGIONAL

Nara Djamila Bernardo Júnior

(500.0439j)
20 NECROLOGIA
FALECEU
JORGE DOMINGOS GASPAR
DA SILVA (Mano Jojó)
Marcelina Silva, Germano Gomes, Victória,
David, Olívia, Dália e Ismael comunicam
o falecimento de seu pai, pogro e avô,
JORGE SILVA, ocorrido no dia 2 de Abril
de 2020. O funeral realiza-se hoje, sábado,
dia 4/04/2020, no cemitério do Benfica.
(3.815)
FALECEU
ISABEL MANUEL DA SILVA
Santa Faria, Ana Faria, Rafael Faria, Mar-
garida Faria, Agostinho Faria (filhos), e
demais familiares comunicam o faleci-
mento de sua querida, ISABEL MANUEL
DA SILVA, ocorrido no dia 2/04/2020.
O funeral realiza-se hoje, dia 4/04/2020,
sábado, pelas, 10h00, no cemitério de
Camama. (3.820)
FALECEU
JORGE DOMINGOS GASPAR
DA SILVA (Mano Jojó)
Isidro Silva. Teresa Silva, Lectícia, Ednilton,
Arieth, Abdeel e Débora comunicam o
falecimento do seu cunhado, irmão e
tio, JORGE DOMINGOS GASPAR DA
SILVA, ocorrido no dia 2/04/2020, cujo
funeral se realiza hoje, dia 4/04/2020,
sábado, no cemitério do Benfica.
(3.815c)
FALECEU
LUMINGU LUIZ CARNEIRO
GIMBY (Domingos Gimby)
Isabel Gimby, Berta Gimby, Luíz Gimby,
Sambo Gimby, Angelico Gimby, Jocelino
Gimby, Carla Gimby (filhos), irmãos,
sobrinhos, netos, primos, genros e noras
comunicam o falecimento de seu ente
querido, LUMINGU LUIZ CARNEIRO
GIMBY, ocorrido no dia 29/03/2020, em
Libreville (Gabão). O funeral realiza-se
dia 10 do mês em curso, em Libreville.
(3.824)
SERVIÇO NECROLÓGICO: DIAS ÚTEIS DAS 9H ÀS 14H, SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS DAS 9H ÀS 14H
FALECEU
JORGE DOMINGOS GASPAR
DA SILVA (Mano Jojó)
Zito Silva, Apy Silva, Kito Silva, Sara,
Linda, Bela e Cely comunicam o faleci-
mento de seu irmão e pai, JORGE SILVA,
ocorrido no dia 2 de Abril de 2020.O
funeral realiza-se hoje, sábado, dia
4/04/2020, no cemitério do Benfica.
(3.815a)
FALECEU
JOANA MARIA JOSÉ
Edson, Belita, Edna, Verónica, Osvaldo,
Nicolau, Jéssica, Estevão, Edigardo, Anísia,
Maria, Francisco, Alexandrina, Domingas,
Gomes Fuca, Lina Fuca, Abel Fuca, João
Fuca, Emilia Fuca, André Gomes, (sobrinhos)
e demais familiares comunicam o passamento
físico de sua querida, JOANA MARIA JOSÉ,
ocorrido no dia 31/03/2020, em Lisboa,
por doença. O funeral realizar-se-á em
data a anunciar oportunamente. (3.823)
FALECEU
JORGE DOMINGOS GASPAR
DA SILVA (Mano Jojó)
Anabela da Silva Tomé, Simão Tomé,
Jessica, Drazen, Marlon e Welton, res-
pectivamente, irmã, cunhado e sobrinhos
comunicam o falecimento de JORGE
SILVA, ocorrido no dia 2 de Abril de
2020, por doença. O funeral terá lugar
no hoje, sábado, dia 4 de Abril de 2020,
no cemitério do Benfica, em Luanda.
(3815d)
RECORDAÇÃO
ALBERTO DOMINGOS
ANDRÉ DA COSTA
Não é fácil conviver o amanhecer e o
adormecer sem a tua presença, sem
escutar a tua voz. Pai já se passaram 2
anos da tua partida fatal. Recordam-te
Tudizole Costa, Eunice Costa, Albertina
Costa e demais familiares. Queremos
dizer que sempre estarás presente nas
nossas memórias. (3.826)
Sábado
4 de Abril de 2020
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FALECEU
MOLDURAMANIA ANGOLA, LDA
Rua Principal do Benfica, S/N.º, (ao lado da Contrauto)
Contribuinte n.º 5417161128
Tels: 945785938 - 922394406
LUANDA
E-mail: molduramania.angola@gmail.com
JORGE DOMINGOS GASPAR ABANDONO DE TRABALHO
DA SILVA (Mano Jojó)
Bebiano Domingos Dias, Sara Silva
(esposa), irmãos, filhos e demais familiares A Gerência da Molduramania Angola, Lda. vem, por
cumprem o doloroso dever de comunicar
o falecimento de JORGE DOMINGOS este meio, comunicar aos trabalhadores ANTÓNIO
GASPAR DA SILVA, ocorrido no dia
2/04/2020, cujo funeral se realiza hoje, DOS SANTOS CAMBUNDO e LEONILDE GABRIEL
dia 4/04/2020, sábado, no cemitério do
Benfica. (3.815b) GONÇALVES ANTÓNIO, que se encontram em si-
tuação de abandono de trabalho, em virtude de es-
tarem ausentes do seu local de trabalho, há trinta (30)
FALECEU
dias consecutivos, sem que tenham informado a enti-
dade patronal do motivo das suas ausências.
Assim, no prazo de cinco (5) dias, a contar da data
desta publicação, deverão justificar, documental-
JOANA MARIA JOSÉ
mente, as suas ausências, sob pena de ser decla-
Tânia Miguel (filha), Isabel Maria José, rado o efectivo abandono de trabalho, conforme
Ester Maria José Geovety, Ana Maria,
Habacuque José, Ageu Maria José, António previsto na Lei Geral do Trabalho.
Maria Gomes e Abel Maria Paulo (irmãos)
e demais familiares comunicam o pas-
samento físico de sua querida, JOANA Luanda, 2 de Abril de 2020.
MARIA JOSÉ, ocorrido no dia 31/03/2020,
em Lisboa, por doença. O funeral rea-
lizar-se-á em data a anunciar oportu-
namente. (3.823a) (500.)
FALECEU
ADELINA DA CONCEIÇÃO
MOUFORTE JOAQUIM
A Família de Adelina da Conceição Monforte:
João Monforte Velasco (Maninho), Maria Antónia
Monforte Velasco Dias dos Santos, (Tuna),
Jacinta Monforte Joaquim(Jaci), Jurema Lassaleth
Monforte Joaquim dos Santos (Jú), Lucrécio
Monforte Joaquim(Keko) “filhos”, irmãos,
sobrinhos e netos comunicam o falecimento
de sua mãe, irmã, tia e avó ADELINA DA CON-
CEIÇÃO MOUFORTE JOAQUIM, ocorrido no
dia 03/04/2020. O funeral realizar-se-á em data
a anunciar oportunamente. (500.0466)
RECORDAÇÃO
SEBASTIÃO DE ALMEIDA
(Mano Zito)
Aniversário Natalício
Hoje farias 78 anos de idade, este dia
que antes para nós era de paz, agora é
de lembranças, saudades e às vezes de
lágrimas. Estás lembranças estão gravadas
nos nossos corações. Assim recordam-
te, esposa, filhos, netos, genros, noras, (3625)
cunhados/as, irmãos, sobrinhos e os
demais familiares. Que a tua alma des-
canse em paz ao do Senhor. (3825)
Sábado
4 de Abril de 2020 21
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COMUNICADO
SOBRE OS PROCEDIMENTOS A ADOPTAR NA IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS PARA DOAÇÃO E AJUDA HUMANITÁRIA
PARA A PREVENÇÃO E CONTENÇÃO DA EXPANSÃO DA PANDEMIA DO COVID-19

Atendendo necessidade de se garantir a implementação de acções de prevenção e contenção da expansão da pandemia do COVID-19 e visando a materialização
das medidas definidas no Decreto Legislativo Presidencial Provisório n.º 1/20, de 18 de Março.
Tendo em conta o disposto no artigo 61.º das Instruções Preliminares da Pauta Aduaneira, aprovado pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 10/19, de 19 de Novembro,
combinado com a alínea c) do n.º 1, do artigo 14.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), aprovado pela Lei n.º 7/19, de 24 de Abril, e como artigo
19.º do Código do Imposto Industrial, as mercadorias importadas para fins de ajuda humanitária e doações podem beneficiar de isenções do pagamento dos direitos
aduaneiros, do Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA) e podem ser consideradas como custos fiscalmente dedutíveis para efeito do Imposto Industrial.
Havendo a necessidade de garantir a protecção e o bem-estar da sociedade, permitindo a entrada de medicamentos e bens essenciais para a contenção contra
essa doença, de acordo aos procedimentos para salvaguardar a importação de mercadorias para efeitos de ajudas humanitárias.
Usando da faculdade que me é conferida nos termos do disposto na alínea n) do n.º 1, do artigo 13.º do Estatuto Orgânico da AGT, aprovado pelo Decreto Presi-
dencial n.º 324/14, de 15 de Dezembro,determino:

1. As importações de mercadorias destinadas à prevenção e contenção da expansão da pandemia provocada pelo vírus COVID-19 estão isentas do pa-
gamento dos direitos aduaneiros, do Imposto sobre o Valor Acrescentado e das taxas devidas pela prestação de serviços.
2. O disposto na presente Circular aplica-se apenas às mercadorias importadas que se destinem unicamente a ajudas humanitárias ou doações, não
podendo ser dado destino diferente destes.
3. Para efeito do disposto n.º 1, deve ser inserido o código de isenção 032 no campo 37.2 do Documento Único (DU).
4. Todas as mercadorias importadas anteriormente ou no âmbito da presente Circular, bem como as de produção nacional que vierem a ser doadas no âmbito
da prevenção e contenção da expansão da pandemia do COVID-19, devem ser consideradas como custos fiscalmente dedutíveis para efeito do imposto
industrial, devendo, para o efeito, os doadores efectuar o registo do tipo e quantidade das mercadorias doadas bem como indicar os seus beneficiários.
5. Como medida de controlo, esta Administração efectuará auditorias pós-desalfandegamento às entidades que gozarem deste benefício.
6. A presente Circular entra em vigor na data da sua publicação.

Cumpra-se.

ADMINISTRAÇÃO GERAL TRIBUTÁRIA, em Luanda, aos 30 de Março de 2020.

O Presidente do Conselho de Administração

Cláudio Paulino dos Santos
(500.0453)

COMUNICADO

HORÁRIO DE ATENDIMENTO

A Direcção de Marketing e Comercialização da Edições Novembro E.P., em

pleno respeito por um comportamento social responsável, alinhado às recomen-
dações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde de
Angola (MINSA), com vista a combater a propagação do surto do Coronavírus
– COVID-19, excepcionalmente, durante a vigência do período de Estado de
Emergência, o atendimento presencial ao público passa a ter o seguinte horário
de funcionamento:

De Segunda-Feira a Domingo, das 9:00 horas às 14:00 horas.

Após o horário de atendimento presencial, estamos à sua disposição nos seguin-
tes Canais Alternativos:

(3625)
WhatsApp / SMS

925134301 | 937550262 | 949770006 | 924445541 | 917269650 | 924290850

E-mail:
publicidade@jornaldeangola.com
modesto.ilunga@jornaldeangola.com
domingos.ingles@jornaldeangola.com
vanusa.cabimba@jornaldeangola.com
luena.guinapo@jornaldeangola.com

Luanda, 27 de Março de 2020.

A Direcção
(700.036)
22 Sábado
4 de Abril de 2020

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(700.033)
Sábado
4 de Abril de 2020
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA ECONOMIA E PLANEAMENTO
Projecto de Capacitação Institucional para o Desenvolvimento do Sector Privado
PEDIDO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
(EMPRESAS DE CONSULTORIA)
REFORÇO DO QUADRO LEGAL E DAS CAPACIDADES DAS COOPERATIVAS
DOS SECTORES DA AGRICULTURA, PESCAS E PECUÁRIA DE ANGOLA
Referência do Acordo de Crédito: Banco Africano de Desenvolvimento
Número do Projecto: P-AO-K00-0006
O Governo de Angola (Governo) contraiu um empréstimo junto do Banco Africano
de Desenvolvimento (BAD), para co-financiar os custos do Projecto de Capaci-
tação Institucional para o Desenvolvimento do Sector Privado (PCIDSP) e
pretende utilizar parte deste crédito para o pagamento de serviços de uma em-
presa, visando o REFORÇO DO QUADRO LEGAL E DAS CAPACIDADES DAS
COOPERATIVAS DOS SECTORES DA AGRICULTURA, PESCAS E PECUÁ-
RIA DE ANGOLA.
O objectivo geral dessa consultoria prende-se com (i) A elaboração dos regula-
mentos das cooperativas, operando nos sectores da agricultura, pecuária e pes-
cas, assim como logística e serviços gerais; (ii) A elaboração dos Estatutos da
Agência Reguladora do Sector Cooperativo; e (iii) O diagnóstico das necessida-
des de capacitação e a realização de acções de formação em áreas como gestão
de negócios, contabilidade, acesso ao financiamento e seguros, vendas e mar-
keting, acesso a equipamentos e instalações, serviços legais e eventos de par-
cerias de negócios.
Assim sendo, o PCIDSP vem por esta via, convidar os consultores elegíveis, a
manifestarem os seus interesses na prestação desses serviços. Os consultores
interessados deverão facultar informações, indicando que são qualificados para
a execução destes trabalhos (brochuras, descrição de serviços similares expe-
riência em condições similares, disponibilidade de conhecimentos adequados
entre a equipa, através de CVs, etc.). Os Gabinetes de Consultoria poderão as-
sociar-se em joint-ventures, por forma a reforçar as suas chances de qualificação.
Só gabinetes de consultoria de países membros do Banco Africano de Desenvol-
vimento são elegíveis para submeterem manifestações de interesse (a lista dos
países membros está disponível no seguinte site:
http://www.afdb.org/en/about-us/corporate-information/members/).
Os critérios de elegibilidade, o estabelecimento da lista restrita e os procedimen-
tos de selecção deverão estar de acordo com as “Regras e Procedimentos para
o Recrutamento de Consultores” do Banco Africano de Desenvolvimento, edi-
ção de Maio de 2008 e revista em Julho de 2012, disponível no site do Banco
(http://www.afdb.org).
As empresas interessadas poderão obter informações adicionais, na Unidade de
Gestão do Projecto, sita na Avenida 1.º Congresso do MPLA, Edifício CIF Luanda
One, 11.º andar, Luanda, Angola, durante as horas normais de expediente (das
08:00 às16:00 horas locais).
As Manifestações de Interesse deverão ser entregues no endereço abaixo indi-
cado ou submetidas, electronicamente, até às 15:00 Horas do dia 30 de Abril
de 2020, o mais tardar e, deverão indicar o seguinte “REFORÇO DO QUADRO
LEGAL E DAS CAPACIDADES DAS COOPERATIVAS DOS SECTORES DA
AGRICULTURA, PESCAS E PECUÁRIA DE ANGOLA.”
Attn: Nunes Pires, Coordenador do Projecto
Projecto de Capacitação Institucional para o Desenvolvimento do Sector
Privado (PCIDSP) Avenida do 1.º Congresso do MPLA, Edifício CIF Luanda One,
11.º andar, Luanda, Angola,
E-mail: projetodecapacitacao@mep.gov.ao.
Tel:+244/940-645-495
Luanda, 1 de Abril de 2020.
O COORDENADOR DO PROJECTO
NUNES PIRES
(500.0464)
23
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REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA ECONOMIA E PLANEAMENTO
Projecto de Capacitação Institucional para o Desenvolvimento do Sector Privado
PEDIDO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
(EMPRESAS DE CONSULTORIA)
ELABORAÇÃO DE UM GUIAGEO-REFERENCIADO DE INVESTIMENTOS
EM ANGOLA
Referência do Acordo de Crédito: Banco Africano de Desenvolvimento
Número do Projecto: P-AO-K00-0006
O Governo de Angola (Governo) contraiu um empréstimo junto do Banco Africano
de Desenvolvimento (BAD), para co-financiar os custos do Projecto de Capaci-
tação Institucional para o Desenvolvimento do Sector Privado (PCIDSP) e
pretende utilizar parte deste crédito para o pagamento de serviços de uma em-
presa, visando a ELABORAÇÃO DE UM GUIA GEO-REFERENCIADO DE IN-
VESTIMENTOS EM ANGOLA.
O objectivo geral dessa consultoria prende-se com (a) Avaliar as infra-estruturas
públicas de apoio ao sector produtivo, que foram construídas, assim como as
áreas disponíveis para produção agrícola a serem disponibilizadas ao sector pri-
vado; (b) Avaliar e identificar as necessidades e oportunidades para novos inves-
timentos nas infra-estruturas de apoio ao sector produtivo; (c) Elaborar um
catálogo das oportunidades de investimento privado, nas cadeias de valor do sec-
tor produtivo; e (d) Elaborar um mapa de Angola, contendo as oportunidades geo-
referenciadas de investimento, em plataforma digital, capaz de ser filtrado por
tipologias de investimento, infra-estruturas, produto e etapa de desenvolvimento.
Assim sendo, o PCIDSP vem por esta via, convidar os consultores elegíveis, a
manifestarem os seus interesses na prestação desses serviços. Os consultores
interessados deverão facultar informações, indicando que são qualificados para
a execução destes trabalhos (brochuras, descrição de serviços similares expe-
riência em condições similares, disponibilidade de conhecimentos adequados
entre a equipa, através de CVs, etc.). Os Gabinetes de Consultoria poderão as-
sociar-se em joint-ventures, por forma a reforçar as suas chances de qualificação.
Só gabinetes de consultoria de países membros do Banco Africano de Desenvol-
vimento são elegíveis para submeterem manifestações de interesse (a lista dos
países membros está disponível no seguinte site:
http://www.afdb.org/en/about-us/corporate-information/members/).
Os critérios de elegibilidade, o estabelecimento da lista restrita e os procedimen-
tos de selecção deverão estar de acordo com as “Regras e Procedimentos para
o Recrutamento de Consultores” do Banco Africano de Desenvolvimento, edição
de Maio de 2008 e revista em Julho de 2012, disponível no site do Banco
(http://www.afdb.org).
As empresas interessadas poderão obter informações adicionais, na Unidade de
Gestão do Projecto, sita na Avenida do 1.º Congresso do MPLA, Edifício CIF
Luanda One, 11.º andar, Luanda, Angola, durante as horas normais de expediente
(das 08:00 às16:00 horas locais).
As Manifestações de Interesse deverão ser entregues no endereço abaixo indi-
cado ou submetidas, electronicamente, até às 15:00 Horas do dia 30 de Abril de
2020, o mais tardar e, deverão indicar o seguinte “ELABORAÇÃO DE UM GUIA
GEO-REFERENCIADO DE INVESTIMENTOS EM ANGOLA.”
Attn: Nunes Pires, Coordenador do Projecto
Projecto de Capacitação Institucional para o Desenvolvimento do Sector
Privado(PCIDSP) Avenida do 1.º Congresso do MPLA, Edifício CIF Luanda One,
11.º andar, Luanda, Angola,
E-mail: projetodecapacitacao@mep.gov.ao.
Tel:+244/940-645-495
Luanda, 1 de Abril de 2020.
O COORDENADOR DO PROJECTO
NUNES PIRES
(500.0464a)
24 Sábado
4 de Abril de 2020

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CAMPANHA SOLIDÁRIA
COVID-2019
O nosso país e o mundo estão a viver dos tempos mais difíceis da História recente da Humanidade.

Tempos difíceis mas de grande coragem.

Nós, angolanos, sempre enfrentámos com determinação e inteligência as diferentes adversidades por
que já vivemos.

Hoje apelamos à solidariedade de todos para ajudar com donativos que nos permitam mitigar a situação
social das nossas populações mais necessitadas.

As consequências do COVID-19 podem vir a ser muito difíceis.

Vamos todos contribuir para ajudar uma causa que é de todos.

Conta do Tesouro Nacional no BCI, para ajudas em Kwanzas,

IBAN Nº AO 06 0005 0000 5197 1631 1019 7; CONTA: 51971631-10-001;

Conta do Tesouro Nacional no BCI, para ajudas em Kwanzas convertíveis em DÓLARES,

IBAN Nº AO 06 0005 0000 5197 1631 1514 4; CONTA: 51971631-15-001

Conta do Tesouro Nacional no BCI, para ajudas em Kwanzas convertíveis em Euros,

IBAN Nº AO 06 0005 0000 5197 1631 1524 1; CONTA: 51971631-15-002

Uma vez mais e sempre estaremos todos Juntos por Angola

(700.037)

TERCEIRA REGIÃO TRIBUTÁRIA

(Luanda e Bengo)

EDITAL N.º 43
A Terceira Região Tributária faz saber que, as mercadorias abaixo indicadas, se encontram abandonadas e sob controlo Aduaneiro há mais de 60dias, pelo que serão vendidas em hasta pública, conforme o preceituado na alínea a) do n.º
2 do artigo 462.º, da alínea a) do n.º 5 do artigo 480.º, do n.º 1 do artigo 483.º e do n.º 1 do artigo 488.º, todos do Código Aduaneiro em vigor, conjugados com os artigos 10.º e 11.º do Decreto Executivo Conjunto n.º 12/95, de 28 de Abril.

Nesta conformidade, o leilão realizar-se-á no Terminal de II Linha da Sogester no Panguila, às 9h00, dez (10) dias úteis após a publicação do presente edital.
Proc. Lote Contentor Tipo Designação da mercadoria Importador BL Data de chegada Valor de Licitação
em Kwanzas

63/14 21176/10 GESU4791579 40 Material de construção Carlos Manuel da Costa OB021585540LIS 22/03/10 350.000,00
63/14 2124/10 MAEU4036890 40 Partes de nave A ordem 550917793 28/04/10 220.000,00
50/16 127/16 MAEU4132677 40 Estrutura metálica usada Cimianto 754657429 03/04/2015 500.000,00

73/18 150/18 FCIU2741492 20 Máquinas de trabalho, serra vertical, máquinas de fresamento, broca Angobelas Internacional Lda CNCP080466 17/12/17 4.013.113,00
de fileira dupla, máquina de lançamento horizontal de madeira

101/18 186/18 MRKU9087978 20 Mobiliário diverso usado (candeeiros, aparelho de som, sofá, impres- Associação para Desenvolvimento de 965260323 23/07/18 447.754,00
sora, colchão) Linha Vog

101/18 185/18 MRKU8716660 20 Mobiliário diverso usado António Agostinho Bartolomeu Geroni 964962290 29/06/18 501.307,00
27/15 89/15 TCKU2035326 20 Chapas Cimianto MOLU11019399329 18/04/14 510.000,00
61/14 159/13 MOGU2544964 20 Mobiliário diverso António Campos da Conceição MOGU2544964 26/01/11 501.307,00
20/18 35/18 GESU7304381 40 Estruturas metálicas (partes de grua) Avozinha Group GEN0851356 27/09/17 692.147,00
20/18 36/18 GESU7303343 40 Estruturas metálicas (partes de grua) Avozinha Group GEN0851356 27/09/17 692.147,00
28/18 50/18 TCLU7127588 40 Estruturas metálicas (partes de grua) Avozinha Group GEN0851356 27/09/17 692.147,00
14/18 235/17 CRXU7410957 40 Estruturas metálicas (partes de grua) Avozinha Group GEN0851356 27/09/17 692.147,00

Critério de acesso para o leilão

1. Ser possuidor de cartão de contribuinte;

2. Não constar da lista de importadores detentores de mercadorias que sejam consideradas demoradas nos termos da lei vigente e;
3. Não ser devedor do fisco.

Obrigações dos licitantes /arrematantes:

1. Pagar ou depositar no prazo de 10 dias úteis o preço de arrematação e o equivalente a 10% sobre o mesmo valor, conforme o disposto no n.º 2 do artigo 499.º do Código Aduaneiro;
2. Pagar as despesas de armazenagem, transportes, taxas aeroportuárias e/ou portuárias.

E, para constar, deu-se a este edital a devida publicação legal.

Terceira Região Tributária, aos 20 de Março de 2020.

A DIRECTORA REGIONAL
Nara Djamila Bernardo Júnior
(500.0439h)
Sábado
4 de Abril de 2020 25
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(700.038b)
26 MUNDO
SITUAÇÃO POLÍTICA NA GUINÉ-BISSAU
Primeiro-Ministro, Aristides Gomes, continua em paradeiro incerto após a destituição do cargo
Primeiro-Ministro denuncia
perseguições e alerta parceiros
A crise política acentua-se na Guiné-Bissau, com relatos de
perseguições aos fazedores de opinião, membros do Governo
legal, jornalistas e órgãos de Comunicação Social que fazem
notícias independentes
O Primeiro-Ministro gui-
neense, Aristides Gomes,
denunciou intimidações aos
membros do seu Governo e
alertou a comunidade inter-
nacional para a “sistemática
violação” das leis da Guiné-
Bissau, pedindo a imposição
de sanções.
Num comunicado enviado
à imprensa, na quinta-feira,
o Governo de Aristides Gomes,
que saiu das legislativas de
10 de Março e mantém a
maioria no Parlamento, refere
que continua a “confrontar-
se com perseguições e ten-
tativas de intimidação aos
seus membros”, sendo a mais
“recente vítima” a ministra
da Justiça, Ruth Monteiro.
Ruth Monteiro denunciou
à Lusa que foi impedida de
sair do país por duas vezes
e que teme pela vida.
Para o Governo de Aristides
Gomes, Ruth Monteiro estará
a “pagar o preço” por terem
sido apreendidas, em seis
meses, mais de duas toneladas
de cocaína na Guiné-Bissau
durante a sua liderança.
No comunicado, o Governo
salienta que as autoridades
lideradas por Nuno Nabian
“têm aproveitado o período
de tréguas”, derivado à pan-
demia do novo coronavírus,
para promover “todo o tipo
de ilegalidades expressas em
exonerações massivas do qua-
dro de pessoal da Administração
Pública” e “nas perseguições
sem justa causa”.
Face à “sucessão de irre-
gularidades”, o Governo de
Aristides Gomes repudia e
condena a “onda de perse-
guições e intimidação aos
ministros e secretário de
Estado do Governo legal”.O
Primeiro-Ministro alerta a
comunidade internacional
sobre as “proporções alar-
mantes” que as “sistemáticas
violações das leis” represen-
tam para as “conquistas
democráticas” da Guiné-Bis-
sau e apela para que sejam
“tomadas medidas sancio-
natórias” para dissuadir os
que tentam subverter a ordem
constitucional no país.
Face à “sucessão
de irregularidades”,
o Governo de
Aristides Gomes
repudia e condena
a “onda de
perseguições e
intimidação aos
ministros e
secretário de Estado
do Governo legal”
A Guiné-Bissau vive mais
um período de crise política,
depois do general Umaro
Sissoco Embaló, dado como
vencedor das eleições pela
Comissão Nacional de Elei-
ções, se ter proclamado
Presidente da República,
enquanto decorre no
Supremo Tribunal de Justiça
um recurso de contencioso
eleitoral apresentado pela
candidatura de Domingos
Simões Pereira.
Umaro Sissoco Embaló
tomou posse numa ceri-
mónia dirigida pelo vice-
presidente do Parlamento
do país Nuno Nabian, que
acabou por deixar aquelas
funções, para assumir a lide-
DR
rança do Governo nomeado
por Embaló.
O Governo liderado por
Nuno Nabian ocupou os
Ministérios com o apoio de
m i l i t a re s , m a s S i s s o c o
Embaló recusou que esteja
em curso um golpe de
Estado, acrescentando que
aguarda a decisão do
Supremo Tribunal sobre o
contencioso eleitoral.
Depois dos Ministérios
terem sido ocupados, as for-
ças de segurança estiveram
em casa dos ministros de
Aristides Gomes para recu-
perar as viaturas do Estado.
No âmbito do combate ao
novo coronavírus, as auto-
ridades guineenses deter-
minaram o Estado de
Emergência, bem como o
encerramento das fronteiras
aéreas, terrestres e marítimas.
Medidas que foram acom-
panhadas de uma série de
restrições à semelhança do
que está a acontecer em
vários países do mundo.
Na sequência da tomada
de posse de Umaro Sissoco
Embaló e do Governo, os
principais parceiros inter-
nacionais da Guiné-Bissau
apelaram a uma resolução
da crise com base na lei e na
Constituição do país, subli-
nhando a importância de ser
conhecida uma decisão do
Supremo Tribunal de Justiça
sobre o recurso de conten-
cioso eleitoral.
O Supremo Tribunal de
Justiça remeteu uma posição
sobre o contencioso eleitoral
para quando forem ultra-
passadas as circunstâncias
que determinaram o Estado
de Emergência no país.
Ex-ministra da Justiça
foi impedida de viajar
O advogado da ex-ministra
da Justiça, da Guiné-Bissau,
Ruth Monteiro, confirmou,
ontem, à Lusa, que foi impe-
dida, quinta-feira, de viajar,
quando estava no aeroporto
da capital, e teve de refugiar-
se numa Embaixada europeia,
revelou a Deutshe Welle.
Nesse mesmo dia, em
declarações à Deutshe
Welle, disse temer pela sua
segurança e acusou o novo
Governo de usar a força das
armas para amedrontar os
membros do Governo de Aris-
tides Gomes.
A advogada de profissão,
que depois da demissão, em
Janeiro, de Suzi Barbosa, pas-
sou a acumular a pasta dos
Negócios Estrangeiros, con-
sidera que não há nenhum
fundamento legal que a
impeça de viajar. Diz que é
acusada de não entregar o
carro emprestado pelo sis-
tema das Nações Unidas e
que a viatura já foi devolvida
“há muito tempo”.
“A primeira vez que fui impe-
dida de viajar tive a informação,
através da pessoa que foi fazer
o check-in por mim, que eu
constaria de uma lista onde
estão as pessoas impedidas
de sair do país. Não deram
qualquer fundamento para a
existência da lista e quais eram
as razões para estar nessa lista.
Mas depois tive a informação
de que seria por causa da não
entrega do carro do Ministério
da Justiça. Como não havia
nenhum carro do Ministério
da Justiça para entregar, o
carro que eu usava era o que
me tinha sido cedido pelo Pro-
grama das Nações Unidas de
CANDIDATO DEMOCRATA À CASA BRANCA
Joe Biden pede suavisação de sanções
contra países afectados pelo Covid-19
O candidato às eleições pri-
márias democratas norte-
americanas, Joe Biden, pediu,
ontem, um alívio das sanções
económicas dos Estados Uni-
dos contra países afectados
pela pandemia, incluindo o
Irão, para possibilitar assis-
tência médica internacional.
“Em plena pandemia
mortal e sem fronteiras, os
E s t a d o s Un i d o s d eve m
tomar medidas para oferecer
a ajuda que pudermos às
nações mais afectadas pelo
novo coronavírus, incluindo
o Irão”, disse Joe Biden,
num comunicado, citado
pela agência France-Press.
O candidato que quer
ser o representante demo-
crata contra o actual Chefe
de Estado, o republicano
Donald Trump, nas elei-
çõ e s pre sidenciai s de
Novembro, acrescentou
que, a resposta interna-
cional não pode estar refém
de “um objectivo político”.
Ajuda ao Desenvolvimento
(PNUD) e eu tinha o documento
e o termo da entrega", disse.
Ruth Monteiro diz não ter
dúvidas de que está a ser vítima
de perseguição política e refere
que “o que eles querem é que
eu não saia do país. Eles não
têm a mínima dúvida da fal-
sidade das acusações que
colocam contra mim, mesmo
a nível internacional. Portanto,
isto só pode ser entendido
como uma perseguição polí-
tica. Aliás, devo aqui dizer que
não sou o único membro do
Governo que está a ser per-
seguido. A ministra da Saúde,
Magda Robalo, está, igual-
mente, a ser objecto de per-
seguição. Quando ela estava
no hospital de Cumura, que
pertence à diocese, a formar
profissionais de Saúde sobre
o coronavírus, esses profis-
sionais foram ameaçados por
terem acedido a receber essa
formação. Ela foi ameaçada
de que, se não parasse de inter-
ferir nos assuntos que enten-
dem ser do Ministério da Saúde
sentiria as consequências
desse acto”, sublinhou.
Sobre a actual situação na
Guiné-Bissau, Ruth Monteiro
recorda que “a mim, a 28 de
Fe v e re i ro j á h o u v e u m a
tomada de posse simbólica
de um Presidente da República
que é absolutamente contra
o Estado de Direito - no Estado
de Direito não se toma posse
simbólica, porque quem toma
posse simbólica não tem
poderes para demitir o pri-
meiro-ministro, não tem pode-
res para criar o novo Governo
e não pode declarar o Estado
de Sítio”.
Joe Biden pediu ao Execu-
tivo de Trump para emitir
“novas directrizes sobre
as sanções”, de modo a
esclarecer as instituições
financeiras e a comunidade
internacional como podem
ajudar “sem medo de serem
penalizadas”.
“Já existem excepções
Biden é contra a manutenção de sanções económicas dos EUA
Sábado
4 de Abril de 2020
EUA
Comandante
do porta-aviões
Theodore Roosevelt
foi demitido
O comandante do porta-
aviões nuclear dos Estados
Unidos Theodore Roosevelt,
que pediu a retirada de parte
significativa da tripulação
devido à propagação do novo
coronavírus, foi demitido,
anunciou, ontem, o secretário
da Marinha, Thomas Modly.
O governante, que falava
em conferência de imprensa
realizada no Pentágono, con-
siderou que o capitão Brett
Crozier, que redigiu uma carta
de quatro páginas publicada
pelo jornal “San Francisco
Chronicle”, “mostrou um
péssimo julgamento em tem-
pos de crise”.
Na missiva, Brett Crozier
explicou que depois de terem
sido identificados três militares
infectados com o novo coro-
navírus e, apesar de o porta-
aviões ter atracado no porto
de Guam, a doença continuou
a espalhar-se pela tripulação.
A ilha de Guam é um ter-
ritório insular dos Estados
Unidos da América,na
Micronésia, no meio do
Oceano Pacífico.
O comandante acrescen-
tou que o “espaço limitado”
d e u m a e mb a rc a ç ã o d e
guerra, que transporta mais
de quatro mil tripulantes
dificultava a contenção do
Covid-19 a bordo.
O novo coronavírus, res-
ponsável pela pandemia do
Covid-19, já infectou mais
de um milhão de pessoas em
todo o mundo, das quais
morreram mais de 51 mil.
Dos casos de infecção,
cerca de 190 mil são consi-
derados curados.
Depois de surgir na China,
em Dezembro, o surto espa-
lhou-se por todo o mundo.
humanitárias às sanções”
dos EUA, admitiu o candidato
às primárias democratas,
mas, “na prática, a maioria
dos Governos e organizações
tem medo de violar as san-
ções norte-americanas”.
Biden pediu, ainda, a Teerão
a libertação dos norte-ame-
ricanos detidos naquele país.
DR
DESPORTO
4 de Abril de 2020
GIRABOLA ZAP
Tony Cosano
Angola desce dois lugares
quer título
para o Petro no Ranking da FIFA
Com a paragem do campeo-
nato nacional de futebol Gira-
bola Zap 2019/20, devido à
pandemia do Covid-19 que
assola o mundo, o treinador
do Petro de Luanda, Toni
Cosano, afirmou que caso as
coisas piorarem, o mais justo
será a FAF atribuir o troféu ao
actual líder do campeonato,
uma vez que a saúde das pes-
soas, está em primeiro lugar.
“Estamos a contar com a
saúde das pessoas, que dêem
o troféu a quem está na lide-
rança, caso as coisas piorarem,
não podemos brincar com
coisa séria. Se o vírus se expan-
dir aqui em Angola, será uma
catástrofe e poderá fazer mais
vítimas que na guerra civil.
Estou a viver a situação da
Espanha devido os meus pais
e a minha irmã médica, é uma
coisa dramática” lamentou
O treinador espanhol dos
tricolores, justificou as razões
que lhe levaram a esta con-
clusão, por estar em vantagem
sobre o campeão em título,
o 1º de Agosto, e sair líder da
primeira volta. Toni Cosano
disse que é a favor da conti-
nuação do campeonato,
depois do levantamento do
Estado de Emergência dos 15
dias e conquistá-lo em campo.
Mas caso não haja condições,
o mais justo será conceder o
troféu a quem está na lide-
rança, neste caso o Petro.
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
Cosano tem o sonho de
devolver a equipa aos títulos
“Se der para continuar
com o campeonato está bem,
mas se não der é justo que
seja entregue o título ao Petro,
uma vez que fomos líderes
da primeira volta e, neste
momento, estamos a liderar.
Temos mais golos a favor,
menos contra e no último
clássico vencemos por duas
bolas sem resposta. Por isso,
se o campeonato parar, é
mais lógico que o Petro seja
o campeão” disse.
Toni Cosano tem noção,
que é uma decisão que não
será do agrado de todos. A
FAF poderá encontrar barreiras
entre os homens do futebol
em Angola, mas será neces-
sário encontrar uma solução
justa, para salvar a época.
“De certeza que toda decisão
tomada pela FAF, não é do
agrado de todos, e se a FAF
chegar a essa conclusão, muitos
não estarão de acordo, é claro,
mas a federação tem de ver
qual será a solução mais justa.”
Edvaldo Lemos
Sábado
FUTEBOL FEMININO
Angola baixou dois lugares
no Ranking da FIFA de fute-
bol feminino, divulgado no
dia 27 de Março, ao ocupar,
actualmente a 121ª posição,
com 1117 pontos, cuja lide-
rança é dos EUA com 2181.
A descida no ranking tem
a ver com o afastamento da
Selecção Nacional Sub-20,
na eliminatória de apura-
mento ao Campeonato do
Mundo, a ter lugar no final
deste ano, numa co-orga-
nização da Costa Rica e
Panamá. No mês de Dezem-
bro, o país encontrava-se no
119º lugar, com os mesmos
1117 pontos, depois de ter
participado no torneio da
Taça COSAFA.
No torneio, disputado em
2019, na África do Sul, a Selec-
ção Nacional classificou-se
no terceiro posto da tabela
classificativa do Grupo C da
compita, com três pontos.
Na p rova , a S e l e c ç ã o
Nacional perdeu com o Zim-
babwe, por 4-1 e e-Swatini
(0-4) nas duas primeiras
jornadas e venceu na última
ronda a similar de Moçam-
bique (3-1), no Estádio Wolf-
son, em Kwazakele, África
do Sul.
Com esta pontuação,
Angola é o terceiro melhor
FEDERAÇÃO DO GHANA
Marcel Desailly desmente
nomeação a director técnico
António Cristóvão
O antigo médio trinco da
selecção de honras francesa
de futebol, o franco-ghanês
Marcel Desailly, 51 anos, des-
mentiu, ontem, a sua nomea-
ção para a função de director
técnico da Federação do
Ghana (GFA, sigla em inglês)
no seu Twitter. “É uma noticia
falsa (Fake News)”, escreveu
o meio campista na rede
social, para desmentir a infor-
mação veiculada pelo sítio
electrónico Happy FM.
Estes murmúrios foram
sustentados, devido à apro-
ximação entre o consultor da
belN Sports e o novo presidente
da GFA, Kurt Edwin Simeon
Okraku. O dirigente do GFA,
foi eleito no pretérito mês de
Outubro em substituição de
Kwesi Nyantakyi.
Na quinta-feira, Marcel
Desailly manteve um encontro
de cortesia com o responsável
máximo da GFA.
As duas figuras do futebol
conheceram-se em 2010, na
França, tendo Kurt Okraku
proposto em duas ocasiões a
nomeação de Marcel Desailly
para orientar as Estrelas Pretas
(Black Stars), designação oficial
da selecção de honras do
Ghana, mas sem sucesso.
Desailly, que foi campeão
mundial em 1998 pela selecção
francesa, defendeu as cores
do Nantes, onde efectuou 164
jogos e marcou cinco golos,
Olympic de Marselha (58/2),
país do Conselho das Asso-
ciações de Futebol da
África Austral (COSAFA)
e ocupa a 16ª posição no
ranking africano.
O Congo, adversário da
Selecção Nacional sénior na
preliminar de apuramento
para a fase final do Campeo-
nato Africano das Nações
(CAN), em 2020, desceu três
posições e está no 104º lugar,
com 1178.
A Nigéria, que se encontra
na 38ª posição, com 1614
pontos, é o melhor país afri-
cano no Ranking da FIFA,
seguido pelos Camarões no
51º lugar, com 1455. A África
do Sul está no 53º posto do
ranking, com 1434 pontos,
e o Ghana ocupa a 60ª posi-
ção, com 1401.
Eis o top dez do ranking
de futebol feminino: 1º EUA,
2181 pontos, 2º Alemanha
(2090), 3º França (2036), 4º
Holanda (2032), 5º Suécia
(2007), 6º Inglaterra (1999),
7º Austrália (1963), 8º Brasil
(1958), 9º Canadá (1958) e
10º Coreia do Norte (1940).
A próxima edição do Ran-
king da FIFA vai ser divul-
gado em 26 de Junho, de
acordo com o calendário do
organismo reitor do futebol
mundial.
DR
Desailly desmente rumores
que o dão como director
AC Milan (186/7), Chelsea
(207/7), Al-Gharafa (28/15)
e Qatar Sports Club (7/0).
Pela selecção de honra fran-
cesa, o médio disputou 116
desafios e apontou três tentos.
Charles Kwabla Akkonor,
45 anos, foi indicado selec-
cionador do Black Stars no
mês de Janeiro, em substituição
de James Kwesi Appiah.
Akkonor, que encerrou a
carreira como jogador em
2009, iniciou a função de
treinador na equipa do Hearts
of Oak, Ashanti Gold e Asante
Kotoko. Como atleta, Akkon-
nor tem um registo de 121
jogos pelo Wolfsburg e 153
pelo Fortuna Cologne, tendo
sido seleccionado em 41 oca-
siões, com 12 golos apontados
e foi algumas vezes capitão
do Black Stars.
FINALÍSSIMA NO GIRABOLA
Tricolores têm a vantagem parcial do triunfo sobre os arqui-rivais no clássico da primeira volta
Conselho Técnico da FAF
estuda saída do impasse
Título do Campeonato Nacional de Futebol pode ser decidido
no confronto directo entre o Petro de Luanda e o 1º de Agosto
Honorato Silva
A disputa de uma finalíssima,
em dois jogos, entre o Petro
de Luanda e o 1º de Agosto,
pode ser uma das saídas para
a definição do título do Cam-
peonato Nacional de Futebol,
Girabola, caso se prolongue a
paralisação da prova até finais
de Abril e princípios de Maio.
Uma preocupação à escala
mundial, com muitos países,
incluindo a FIFA e as confe-
derações continentais, a equa-
cionarem a possibilidade de
cancelamento da época, o
Conselho Técnico Desportivo
(CTD) da Federação Angolana
de Futebol (FAF), organizador
das provas nacionais, tem
analisado várias soluções para
o Campeonato da I Divisão,
sobretudo a questão do título.
Ao Jornal de Angola, o pre-
sidente do CTD, Jeremias
Simão, manifestou-se preo-
cupado com o risco de o Gira-
bola ser cancelado, mas
aponta como uma das solu-
ções, para se encontrar o cam-
peão, a realização de dois
jogos entre o Petro, líder 54
pontos, e o 1º de Agosto, 51,
no segundo lugar.
“Qualquer decisão a ser
tomada depende da auscul-
tação dos clubes, à seme-
lhança do que foi feito quando
decidimos pelos jogos à porta
fechada. Temos contactado
vários treinadores, de modo
a nos esclarecerem as impli-
cações da longa paragem na
forma e no rendimento des-
portivos. Está claro que será
necessário, caso voltemos a
ter condições para competir,
dar um tempo de preparação
aos atletas”, garantiu.
As equipas que perseguem
a permanência na prova
podem decidir a disputa no
mesmo modelo de compe-
tição. “São conhecidos os
clubes em risco de descida.
Se voltar a ser possível jogar,
uma espécie de “liguilha”
consta entre as saídas para a
questão da continuidade no
campeonato. O cancelamento
é uma medida extrema. Só
em último recurso será apli-
cada. Por enquanto vamos
continuar a seguir o desen-
rolar da situação”.
A dois dias de completarem
duas semanas sem compe-
tição, nem treinos, portanto
de total inactividade, depois
de a FAF ter sido obrigada a
cumprir o instrutivo do Minis-
tério da Juventude e Desportos,
reforçado pela observância
do Estado de Emergência, ten-
dente a estancar a propagação
da Covid-19, a maioria dos
atletas realiza exercícios de
manutenção e condiciona-
mento físico-atlético em casa.
Pico da pandemia
De acordo com os dados
recentemente avançados pelo
Ministério da Saúde, o pico
da pandemia em Angola está
estimado para o mês de Junho,
com um contágio de 10 mil
casos, cenário a ser determi-
nado pelo comportamento
da população, no actual
momento de isolamento
social, por forma a impedir
que o país chegue ao terceiro
estágio, o da transmissão
comunitária, depois da local.
Até ao momento, os testes
positivos são de importação,
pessoas vindas do exterior.
Por enquanto as activida-
des desportivas estão sem
perspectiva de regresso, facto
que leva a prever a inexistência
de condições de competição
no horizonte temporal inferior
ao período avançado pelos
serviços sanitários.
Há uma semana, o vice-
presidente para o Basquetebol
do Petro de Luanda, Artur
27
CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO
Barros, especialista em trei-
namento desportivo, traçou,
em entrevista à Rádio 5, um
quadro pouco favorável à con-
clusão das competições, dada
a necessidade de os plantéis
cumprirem um novo período
de pré-época.
“A forma desportiva tem
duração de três meses. No
quadro actual, de completa
inactividade, os jogadores
terão de treinar durante 30
dias, numa espécie de pré-
temporada, de modo a esta-
rem aptos a regressar ao
contexto competitivo. São
remotas as hipóteses de con-
clusão da época, se a paragem
for prolongada”, explicou.
Mais dramática foi a pro-
jecção feita pelo médico João
Mulima, director do Centro
de Medicina Desportiva de
Angola, ao dar ênfase à inte-
gridade dos praticantes, face
ao risco de lesões e, na pior
da hipóteses, de mortes.
“Não está posta de parte
um desfecho trágico, caso a
inactividade se arreste para
lá do tempo inicialmente esti-
pulado. Os atletas estão para-
d o s , a p e sa r d o s p l a n o s
individuais que cumprem em
casa. Jogar nessas condições
pode terminar até em mortes,
porque todo o indivíduo bem
treinado resiste apenas entre
cinco a sete dias de paragem.
A solução é anular a época
ou fazer uma preparação
nunca inferior ao tempo de
paragem”, alertou.
A questão do título tem
ocupado os adeptos dos dois
clubes e os considerados neu-
tros. Os identificados com o
Petro são favoráveis a entrega
do troféu aos tricolores, por
serem os líderes da prova,
pretensão recusada pelos
seguidores do 1º de Agosto,
por causa da desconformidade
do número de jogos.
28 DESPORTO Sábado
4 de Abril de 2020

CENTRAL DO MAQUIS ANFA DA ÉPOCA 2018/2019

PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

Igor Nascimento
Fabrício pondera renovação pede ponderação
Ausência da família tem sido um “fardo” pesado para o jovem defesa na redução salarial
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Com as principais compe-
tições de futebol suspensas
por todo o mundo, devido às
medidas de restrição aplicadas
no combate à pandemia do
Covid-19, os clubes têm equa-
cionado planos para redução,
temporária, dos salários dos
jogadores de futebol. Atacante do 1º de Agosto quer voltar a ser melhor marcador
Com base nisso, o presi-
dente de direcção da Asso-
ciação Nacional dos
Futebolistas de Angola (ANFA),
Igor Nascimento, garante que
Mabululu próximo
este é um assunto que deve
ser discutido entre as duas
partes - clubes e atletas.
de igualar registo
“Esta questão, de os clubes Jorge Neto nadas para o final do cam-
pagarem ou não os salários peonato nacional, Mabululu
dos jogadores, se a 100% ou O avançado Cristóvão Paciên- tem a missão de ultrapassar
não, é um assunto na qual cia “Mabululu”, do 1º de o seu registo anterior e supe-
devemos todos nós, dirigentes Agosto, está a um golo de igua- rar o avançado Toni, brasi-
e jogadores, analisar com lar a marca que conseguiu na leiro do Petro de Luanda,
muito cuidado, visto que o época passada, quando se que lidera a lista dos mar-
mais importante é salvaguar- sagrou melhor marcador do cadores com 14 golos.
dar o direito das partes e, conjunto militar, com 14 golos, Contudo, em função do
Camisola 4 do Maquis equaciona possibilidade de voltar a representar uma equipa de Luanda acima de tudo, salvar o futebol. no Girabola Zap. afastamento da formação do
Por isso, deve haver sensi- Na pre s ente ép o ca , o 1º de Maio de Benguela,
bilidade para com as partes, goleador tem o registo de 13 Mabululu tem menos uma
visto que esta questão do finalizações, em 25 jornadas jornada em relação a época
Paulo Caculo continuidade dependerá de tórico a título colectivo, pois, Covid-19 é um imprevisto, no campeonato nacional, passada, para conseguir atin-
muitos factores. Assinei ape- asseverou, não haver nos ou seja, ninguém contava com numa altura em que faltam gir os novos números. O
O defesa-central Fabrício nas por uma época e estou à registos do clube um cam- isso, e sobre o qual nenhuma disputar cinco rondas da tetracampeão nacional folgou
Mafuta pode estar de saída espera que acaba o campeo- peonato com feitos seme- das partes deve procurar tirar competição, que se encontra na 25ª ronda, onde enfren-
do FC Bravos do Maquis. O nato, para tomar uma deci- lhantes ao patenteado proveito mais do que o devido, suspensa por tempo inde- taria os proletários.
jogador da equipa às ordens são”, disse. actualmente. nem prejudicar a outra. terminado, devido a pre- Formado no arqui-rival,
de Zeca Amaral está em final O central sublinhou estar “Os objectivos do Bravos É óbvio que o Decreto venção contra o contágio da Petro de Luanda, Mabululu
de contrato com o clube igualmente à espera que a estão mais próximos de Legislativo Presidencial Pro- pandemia do Covid-19. está a realizar a segunda
maquisarde e confessou, direcção do clube, encabe- serem alcançados. Nunca no visório e o Estado de Emer- O camisola 26 melhorou época ao serviço do 1º de
ontem, em entrevista ao çada por Manuel Quitadica seu historial, a equipa foi gência de cretado p elo a sua finalização, pois, tem Agosto e assumisse como
Jornal de Angola, por what- “Docas”, manifeste algum capaz de vencer sete jogos Executivo Angolano não nesta altura, mais um golo melhor marcador da equipa,
saap, estar a ponderar o interesse na sua continui- consecutivos e realizar 12 prevê a interrupção dos Con- que na temporada anterior, retirando o posto que per-
regresso a Luanda por ques- dade na equipa para que, partidas sem sofrer qualquer tratos de Trabalho Despor- à entrada da 26ª jornada, em tenceu a outros jogadores
tões familiares. em conjunto, possam avaliar derrota. A posição, que a tivo, entre clubes e jogadores, que somava 12 golos. nas últimas épocas, onde
De acordo com o jogador as possibilidades de reno- equipa ocupa hoje na tabela nem orienta as entidades Na época de 2018, na pri- destacam-se Ary Papel,
de 31 anos de idade, o facto vação ou não. de classificação geral (ter- empregadoras a suspender meira volta, o goleador do Rambé e Gelson Dala.
de não ter a família por perto “Quando o campeonato ceiro), comprova o excelente o pagamento dos salários aos 1º de Agosto marcou seis Os militares ocupam a
constitui motivo de preocu- acabar, vamos procurar a campeonato que estamos a seus empregados, muito pelo golos até à 25ª ronda e ter- segunda posição na tabela de
pação, tendo admitido ser melhor maneira para resolver realizar”, disse o central, um contrário”, salientou . minou a prova com oito. Já classificação geral, com 51
mais difícil trabalhar longe o assunto. O grande pro- dos titulares indiscutíveis Questionado se o que acon- no presente Girabola, o arti- pontos, menos três em relação
d a f a m í l i a , s o b re t u d o , blema, para mim, é ter a na estratégia defensiva do tece em outras latitudes não lheiro militar apontou nove ao líder, Petro de Luanda, e
quando confrontado com as família distante. Quando técnico Zeca Amaral. pode vir a ser aplicado no nosso golos na primeira volta e possui o ataque mais concre-
situações de doença dos surgem as situações de emer- “Estamos próximos de país, face a situação financeira quatro até à 25ª jornada. tizador com 43 golos, mais
filhos ou da esposa. gência, nunca estamos por alcançar uma posição his- que os clubes possam atra- Quando faltam cinco jor- dois que os petrolíferos.
“Por muito que a gente perto, sobretudo, em caso tórica com o FC Bravos do vessar no futuro, o responsável
queira, não conseguimos estar de doença. Isso nos tira a Maquis. O trabalho é positivo da ANFA, garante que são rea-
concentrados. É a minha pri- concentração”, justificou. e, pessoalmente, me alegra lidades diferentes.
meira experiência longe de O jogador disse também o facto de ter sempre sucesso “Os clubes das outras lati- FÁBIO ABREU
Luanda e da família. Não estou estar expectante no desfecho nos clubes que represento. tudes, que vivem essencial-
habituado. Estou a aguentar, de uma época em grande no Fo i a s s i m , ta m b é m , n o mente das receitas dos direitos
mas não sei se vou continuar
aqui (no Luena). A minha
FC Bravos do Maquis. Garan-
tiu estar a viver um ano his-
Kabuscorp do Palanca e no
Interclube”, acrescentou.
de transmissão televisiva dos
jogos, receitas dos ingressos,
Angolano é destaque
assim como do merchandi-
sing, que é a venda de cami- na imprensa portuguesa
“Tenho cumprido os exercícios” solas e demais artigos, não
estando a haver jogos, os clu-
bes ficam claramente preju-
O melhor marcador do
Moreirense, da Primeira
que o FC do Porto ascendeu
à liderança.
Paulo Caculo de três derrotas consecutivas e precisar de dicados, o que não acontece Liga Portuguesa de futebol, Actualmente o Moreirense
recuperar a motivação dos jogos anteriores. em Angola, pois os clubes com 12 golos.Fábio Abreu ocupa a 8ª posição com 30
Fabrício garantiu estar a cumprir, de forma “Desde que a paragem não se prolongue por dependem, na sua grande d e s c reve u o d i a - a - d i a pontos. A prova é liderada
minuciosa, o plano de preparação individual muitos meses, pode ser bom para a nossa equipa maioria, de apoios de algumas caseiro, nas redes sociais e pelo FC do Porto (60 pts),
traçado pela equipa técnica do FC Bravos do retemperar o ânimo. Viemos de três derrotas instituições do Estado, o que apontou o recurso aos jogos secundado pelo Benfica (59
Maquis. O defesa diz estar ansioso por voltar seguidas, duas com o 1º de Agosto e uma com faz com que com ou sem jogos, da FIFA, pela televisão, pts). Fábio Abreu fez, igual-
à competição e aplaude a decisão tomada pelas o Petro de Luanda. Depois da paragem, podemos os clubes não terão grandes como complemento do tra- mente, gosto ao pé em outros
autoridades de suspender o Girabola por tempo regressar aos relvados com outra disposição, prejuízos. Portanto, deste balho. O avançado, de 27 desafios, por exemplo, na
indeterminado. para inverter os resultados negativos. Creio que ponto de vista, não faz sentido anos, considera uma bênção vitória contra a Santa Clara
“A equipa técnica mantém contacto connosco, podemos voltar aos nossos melhores jogos, os jogadores não serem remu- estar com a família, fun- (2-1), na igualdade diante
via whatsaap, e envia-nos os programas de porque tivemos uma fase complicada, antes da nerados a 100%”, salientou. damentalmente nesta altura do Portimonense (1-1), no
exercícios diários. Cumpro com as sessões de suspensão do campeonato. Queremos fazer Valódia Kambata em que o mundo se junta empate com o Vitória de
abdominagem e flexões de braços, uma vez melhor nas cinco jornadas restantes do campeonato DR
para combater a pandemia. Setúbal (1-1), na goleada
que não podemos fazer corridas, porque estamos nacional”, perspectivou. O ponta-de-lança, que diante do Gil Vicente (5-1)
fechados em casa”, referiu, para em seguida Fabrício aplaudiu a paralisação do Girabola. completou uma série de e na derrota frente ao FC
alertar para o facto de as equipas poderem Considera ter sido “a decisão mais acertada” jogos a marcar consecuti- Porto (2-4).
registar quebra de ritmo. e justifica que “primeiro é a saúde e nunca vamente, foi responsável O futebolista iniciou-se
“A paragem do campeonato vai prejudicar ficaria bem enfrentar esta pandemia, colocando pela queda do Sport Lisboa na Inglaterra nos escalões
bastante a nossa equipa, assim como as demais, todas as pessoas em risco” de contaminação e Benfica para a segunda de formações de Becup
pois, estávamos num ritmo de competição muito pelo vírus do Covid-19. posição da prova nacional Borough FC (2010) e Mossley
bom e a suspensão quebra a intensidade”, disse. “A Federação fez muito bem em seguir o lusa em pausa forçada. No AFC (2011), transferindo-
Apesar de antever a quebra de ritmo competitivo exemplo de outros campeonatos no mundo. confronto da 23ª jornada, se em 2012 para o Marítimo
das equipas, Fabrício Mafuta vê vantagens para o Apesar de termos poucos casos, o nosso país marcou um dos golos que de Portugal, no escalão de
FC Bravos do Maquis. Considera favorável a paragem está de parabéns por tomar rapidamente essa garantiu o empate ante o sub-19. Foi contratado pelo
para o conjunto de Zeca Amaral, em virtude de vir decisão”, rematou. Benfica (2-2), ocasião em Moreirense em 2019 até 2022.
DESPORTO Sábado
4 de Abril de 2020
BASQUETEBOL
A dívida de Voigt como ponta do iceberg
Técnico de nacionalidade norte-americana foi contratado em 2017, em substituição de Manuel Silva “Gi”. Ao serviço
da Nigéria, sagrou-se campeão africano no Afrobasket’2015, na Tunísia, ao vencer por 74-65, Angola na final
William
Bryant
disputou
o ano
passado,
na China, o
Campeonato
do Mundo,
com a
Selecção
Nacional
Vivaldo Eduardo
Foi absolutamente sem sur-
presa que os dirigentes des-
p o r t iv o s e t re i n a d o re s
nacionais tomaram conhe-
cimento da dívida contraída
pela Federação Angolana de
Basquetebol (FAB), a favor
do norte-americano William
Voigt, ex-seleccionador
nacional sénior masculino.
Dizemo-lo com toda a cer-
teza, porque contratos milio-
nários, à semelhança deste,
há algumas décadas têm per-
mitido a treinadores estran-
geiros garantir o “pé de meia”
em Angola.
Ismael Kurtz, Mário Palma,
Manuel José, entre muitos
outros, ganharam ou custa-
ram ao país dinheiro sufi-
ciente para lhes garantir uma
reforma tranquila. Em alguns
casos, feitas as contas, a qua-
lidade do trabalho desenvol-
vi d o e steve l o nge d e s e
equiparar ao encaixe financeiro
dos contratados. Eventual-
mente, nas raras ocasiões em
que valeu, a penas do ponto
de vista desportivo, não houve
sequência ou existiu pouquís-
simo “feed back” com os qua-
dros nacionais, para assegurar
a continuidade.
Apesar da condição de
país subdesenvolvido, Angola
procurou frequentemente
treinadores credenciados no
mercado. Por vezes, não tão
competentes assim. Porém,
a busca pelo resultado des-
portivo imediato, numa
altura em que o desporto
servia, sobretudo, como ins-
trumento de propaganda,
deu aos dirigentes a possi-
bilidade de acenarem a quem
quisessem com propostas
financeiras irrecusáveis.
Às gerações actual e vin-
doura, estes gestores des-
portivos ficarão eternamente
em dívida. Porque, política
à parte, o dinheiro foi dado
como provavelmente não
mais acontecerá nos próximos
50 anos e o seu aproveita-
mento não esteve direccio-
nado para projectos sólidos,
capazes de assegurarem uma
base de sustentação do des-
porto nacional. Essa função
não era dos políticos, mas
dos homens que, no terreno,
dirigiam as operações.
No essencial, Angola vai
pagar por ter construído (???)
um sistema desportivo a partir
do topo: orgulhamo-nos de
dizer que temos alguns dos
m e l h o re s p av i l h õ e s d o
Mundo, mas não há quadras
básicas nas escolas, onde deve
iniciar a actividade desportiva.
O paradoxo estende-se aos
ditos “estádios de futebol do
primeiro Mundo”, em con-
traste com a inexistência de
campos nas escolas e a eli-
minação dos recintos muni-
cipais a favor de actividades
estranhas ao desporto.
Em rigor, a estratégia defi-
nida implica ter os praticantes
nascidos já prontos para o
Alto Rendimento, não
havendo necessidade de
investir precisamente aí,
onde deve(ria) residir a prin-
cipal linha de actuação do
Estado: na promoção do des-
porto infantil, em grande
escala e para todos, retirando
da quantidade a qualidade.
Curiosamente, ouvimos todos
os dias os mesmos dirigentes
gabarem-se de que, no seu
tempo, praticavam vários
desportos nas escolas, daí
terem chegado à excelência.
Ismael Kurtz,
Mário Palma,
Manuel José,
entre muitos
outros, ganharam
ou custaram
ao país dinheiro
suficiente para
lhes garantir
uma reforma
tranquila
Mas voltemos ao visitante
intermitente William Voigt,
que foi passando por Angola
com convocatórias via What-
sApp e sem tempo para assis-
tir a competições nacionais.
Um milhão e quinhentos mil
dólares americanos estão
muito acima da estrutura de
custos de programas sérios
de formação desportiva,
mesmo em nações do pri-
meiro Mundo. Realistica-
mente falando, não temos o
direito de gastar tanto por
tão pouco.
Provavelmente, podería-
mos, com este dinheiro, cons-
truir uma centena de quadras
de basquetebol nas escolas
e oferecer uma perspectiva
de carreira desportiva a
milhões de jovens angolanos,
afastando-os da delinquência
e capacitando-os a entrarem
nas melhores competições
do Mundo, garantindo até
retorno financeiro ao país.
Se juntarmos este valor
ao que foi pago a outras deze-
nas de treinadores estran-
geiros, veremos a dimensão
do crime que se cometeu
contra o desporto nacional
e, por arrasto, contra o país.
Para já, no primeiro lugar da
lista de clubes suspensos
pela FIBA Mundo, por
incumprimento, está uma
marca angolana, o Recreativo
do Libolo. Não pudemos
ainda aferir ao certo as con-
sequências do processo Voigt,
em termos documentais,
junto da entidade que rege
o basquetebol mundial.
Mas a novela que agora
começa deve ser o mote para
fazer acordar a família des-
portiva para a realidade nua e
crua. Angola sairá muito mais
pobre da Pandemia do Covid-
19. E isso vai implicar menos
dinheiro para o desporto, sendo
essencial assegurar que os par-
cos recursos sirvam, de facto,
a actividade desportiva.
Chegou à altura de pon-
derar seriamente a possibi-
lidade de não pagar estas
dívidas. Ainda que isso impli-
que manter as equipas fora
das competições por tempo
determinado! Em algum
momento, teremos que fazer
desporto de maneira racional
e as instituições devem dar
o corpo ao manifesto, ao
invés de se esconderem de
forma recorrente.
Se o Ministério da Juven-
tude e Desportos fez sair um
instrutivo, orientando às
federações a cingirem - se
aos valores atribuídos pelo
Orçamento Geral do Estado,
quem deveria fiscalizar o
cumprimento desta medida?
Será que William Voigt orien-
tou a selecção sem contrato
de trabalho, que tem de ser,
necessariamente, autorizado
pelo Minjud?
É, definitivamente, che-
gada a hora de fazer o des-
porto como deve ser feito,
sem máscaras. Assumir que,
com mais ou menos curvas,
quase todo o dinheiro que
sustenta o desporto vem do
Estado. Logo, este, por via
das instituições que o repre-
sentam, está obrigado a asse-
gurar, ao menos, alguma
equidade na distribuição
destes recursos, para salva-
29
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
guardar o equilíbrio das com-
petições, que é, em última
análise, a alma do desporto.
Esta nova era deve começar
por um diálogo sério entre os
Ministérios da Educação e o
da Juventude. Porque ambas
as instituições são do Estado
e a área do desporto, caso
esteja interessada em fazer
bem o seu trabalho, não pode
ficar impávida e serena. Sobre-
tudo, quando, ao nível da Edu-
cação, se fala insistentemente
numa monodocência, que
entrega os potenciais despor-
tistas do futuro, na sua prin-
cipal etapa de aprendizagem
dos gestos técnicos, ao pro-
fessor de Aritmética ou de
Estudo do Meio, subalterni-
zando, claramente, os espe-
cialistas de Educação Física.
Sem qualquer pretensão
de rebaixar professores dou-
tras disciplinas, há que assu-
mir a falta de preparação
para detecção de talentos,
desenvolvimento das qua-
lidades motoras das crianças
e capacitação das mesmas
para futuras aprendizagens
de âmbito técnico, nas idades
em que as crianças têm maior
propensão para as assimilar.
Trata-se de um trabalho
exclusivo para professores
de Educação Física, tal como
a cirurgia é para os cirurgiões
e não para o Otorrinolarin-
gologista ou para o Oftal-
mologista, embora sejam
todos médicos.
30 DESPORTO
BASQUETEBOL SÉNIOR MASCULINO
Tony Sofrimento, à esquerda, e Gustavo da Conceição, dois pesos pesados da instituição
Federação define perfil
do novo seleccionador
Comissão ad-hoc já tem delineados os critérios para contratar
o substituto do norte-americano William Bryant Voigt
Os membros da comissão
ad-hoc da Federação Ango-
lana de Basquetebol (FAB)
procuram um técnico para
liderar a selecção nacional
sénior masculina, 11 vezes
campeã africana, e estabe-
leceram como critérios residir
no país e ter disponibilidade
para trabalhar em período
de dificuldades.
O perfil para o substituto
do norte-americano William
Voigt foi definido em função
do actual aperto financeiro
com que se debate a Fede-
ração, numa altura de pre-
p a ra ç ã o p a ra o t o r n e i o
pré-olímpico, em Junho, na
Lituânia, qualificativo para
os jogos Olímpicos de
Tóquio, adiados agora para
2021, devido à pandemia do
Covid-19.
A viver no país, particu-
larmente em Luanda, há seis
técnicos elegíveis, cinco dos
quais já passaram por dis-
tintas selecções nacionais.
Trata-se de Raúl Duarte
(vinculado ao Interclube),
Carlos Dinis (ASA), Manuel
Silva “Gi” (Universidade
Lusíada), Paulo Macedo
(técncio dos escalões de for-
mação e director técnico do
1º de Agosto) e José Carlos
Guimarães (director da aca-
demia do 1º de Agosto).
A estes junta-se o
camaronês Lazare Adin-
gono, actual campeão
n a c i o n a l p e l o P e t ro d e
Luanda, clube ao qual está
vinculado desde 2012.
Em recente entrevista à
Angop, Adingono manifestou
interesse em treinar os hen-
decacampeões continentais,
tendo como argumento o facto
de ser conhecedor da moda-
lidade no país e em África.
O perfil para
o substituto do
norte-americano
William Voigt
foi definido
em função
do actual
aperto financeiro
com que
se debate
a Federação
Recentemente, em decla-
rações à imprensa, o coor-
denador da Comissão de
Gestão da federação, Gustavo
da Conceição, disse que a
instituição, até então liderada
pelo demissionário Hélder
Martins da Cruz “Maneda”,
contraiu dívidas de mais de
um milhão e meio de dólares
americanos e outra de quase
300 milhões de kwanzas.
Com este cenário, e porque
os valores obtidos por via do
Ministério da Juventude e
Desportos são exíguos, a
opção será o recurso a um
profissional que compreenda
tais situações. Eis a razão de
AGOSTINHO NARCÍSO | EDIÇÕES NOVEMBRO
terem sido definidos, atem-
padamente, os preceitos.
Técnico confirma
queixa ao tribunal
Em entrevista à Televisão
Pública de Angola, o ainda
seleccionador nacional, Wil-
liam Voigt, confirmou, ter
processado a FAB no tribunal
arbitral do desporto.
No vídeo que circula nas
redes sociais, o norte-ame-
ricano reconhecer o actual
momento de austeridade
financeira que Angola atra-
vessa, razão pela qual propôs
a liquidação da dívida em
várias tranches.
“A minha proposta foi
que pudesse ser pago em
cinco tranches, tendo em
conta que a situação finan-
ceira em Angola tem afec-
tado todo mundo. Mas a
minha maior preocupação
recai nos meus auxiliares,
membros do corpo técnico
que trabalharam comigo
na selecção”, disse, tendo
feito, igualmente, referên-
cia ao pendente com os
atletas que trabalharam
com ele na selecção.
Voigt diz ter feito con-
tactos com a direcção da
Comissão de Gestão da FAB,
liderada por Gustavo da
Conceição, com o objectivo
de perspectivar a preparação
da Selecção Nacional sénior
masculina, tendo em vista
a disputa do Pré-Olímpico.
ATLETISMO
Cláudio Mayembe
improvisa treinos
para agachamento
O velocista do 1º de Agosto
Cláudio Mayembe aproveita
todos os meios disponíveis
em casa para manter a forma
física, como forma de a com-
pensar o longo período de
inactividade devido as res-
trições impostas pelo Estado
de Emergência, de combate
à pandemia do Covid-19.
As escadas têm sido um
dos recursos utilizados para
Mayemb e exercitar - s e ,
fazendo agachamentos e
outros exercícios.
O Jornal de Angola foi ao
encontro do actual campeão
nacional dos 200 metros
livres, onde viu como tem
sido o dia-a-dia, passado em
casa. Devido ao Estado de
Emergência e a obrigação de
isolamento social, como
forma de evitar a propagação
do Coronavírus, fomos obri-
gados a lavar as mãos e a
desinfectá-las com álcool gel
e a posteriormente aconse-
lhados a usar máscara e luvas.
Mayembe contou ao Jornal
de Angola como segue as
orientações do treinador:
“aproveito todos os meios
disponíveis em casa para
treinar e a escada permite
fazer vários exercícios de
força”, frisou.
O velocista disse, ainda,
que beneficia do quintal da
casa para fazer as deslocações
e sprints.
“O quintal de casa é vasto
e aproveito para outros exer-
cícios localizados, como des-
locações, sprints, skipings,
flexões, multi-saltos e reforço
muscular (abdominais)”,
esclareceu.
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Velocista tem exercitado em
casa para manter a forma
Cláudio Mayembe agora
com 28 anos, chegou ao
clube militar há 10 anos,
por influência de um primo
basquetebolista. Durante
a trajectória da carreira,
conquistou várias meda-
lhas de ouro, nas provas
de 100, 200 e 400 metros.
O maior sonho é participar
nos Jogos Olímpicos.
O corredor apoia a sus-
pensão de todas as provas
enquanto durar à pandemia.
“Temos de salvaguardar a
vida humana, mesmo que o
Estado de Emergência termine,
por isso aconselho a Federação
Angolana de Atletismo, a
cancelar todas as provas pre-
vistas para este ano”.
Pedro Futa
PARA MANTER A FORMA
Paralisação força
planos alternativos
Armindo Pereira
A paralisação forçada dos dis-
tintos campeonatos nacionais,
face às medidas de prevenção
para conter a disseminação
do Covid-19, levou as equipas
técnicas a elaborarem planos
alternativos de treino, de
modo a acautelar eventuais
quebras de forma desportiva
dos atletas.
A ponta da equipa sénior
feminina de andebol do Petro
de Luanda Edith Bunga con-
gratulou-se com a medida
do técnico principal, Vivaldo
Eduardo. Por outro lado, con-
fessou a entrega total na tarefa
caseira. Além dos exercícios,
a jogadora revelou o mesmo
rigor com a alimentação.
De igual modo, na for-
mação sénior masculina
de basquetebol do 1º de
Agosto, o técnico principal,
Walter Co sta , criou um
grupo na rede social What-
sApp na qual cada atleta
deve postar os vídeos com
os respectivos exercícios
que são avaliados pelo pre-
parador físico, como atesta
o extremo Islando Manuel.
“Vivo num apartamento,
mas apesar de não ter muito
espaço consigo cumprir as
orientações. Maior cuidado
tenho com a alimentação e
NBA
Play-offs podem ser
jogados em Las Vegas
A organização da NBA está
a ponderar organizar os habi-
tuais play-off para decidir
o vencedor da competição
em apenas uma cidade. No
caso, Las Vegas. Esta é uma
das várias hipóteses na mesa
para levar adiante o final da
temporada, interrompida
devido ao Covid-19.
Fontes da estrutura dis-
seram à Sports Illustrated que
será totalmente possível rea-
lizar os play-off no habitual
modelo, que implica inúme-
ras viagens e a deslocação de
centenas de pessoas – joga-
dores, staff, televisão, árbitros,
de cidade em cidade.
É em Las Vegas que a NBA
realiza os summer camps,
algo que facilitaria toda a
logística relacionada com a
instalação e isolamento nos
hotéis e, também, com a uti-
lização dos pavilhões.
Warriors querem
regressar à ribalta
Com a temporada interrom-
pida pelo Covid-19, os Gol-
d e n S t a t e Wa r r i o r s j á
planeiam o desenho do
p l a n te l p a ra a p róx i m a
época. Após a saída de Kevin
Durant e as lesões prolon-
gadas de Stephen Curry e
Klay Thompson, a equipa
de Steve Kerr passou de uma
das favoritas à conquista do
anel de campeão para as
Sábado
4 de Abril de 2020
nesse capítulo tenho contado
com o suporte da minha
esposa. Por outro lado, somos
uma família no clube e não
tem sido fácil ficar longe dos
meus colegas”, argumentou.
Os atletas do golfe não
estão isentos. José Crispin e
companheiros aproveitam
a quarentena domiciliar para
montar em uma espécie de
simulador composto por um
tapete com o respectivo pino
e uma rede para travar a pro-
gressão das bolas.
“Isso permite continuar
a dar tacadas e manter a
forma”, disse.
Sem poder entrar no mar
e frequentar o ginásio do
Clube Náutico da Ilha de
Luanda, o internacional
angolano Josemar Andrade,
do remo, aproveitou o vasto
quintal para montar um
“ginásio improvisado”.
É neste espaço onde em
companhia dos irmãos apri-
mora a condição física, com
sessões diárias.
Na semana passada, em
declarações ao Jornal de
Angola, o professor Cirilo da
Cruz anteviu a quebra natural
da performance, tendo indi-
cado, igualmente, alguns
exercícios de manutenção
física, de modo a minorar os
efeitos do interregno.
equipas com pior registo
em toda a competição.
Com efeito, a NBC Sports
adianta que os Warriors
querem ir ao mercado con-
tratar um jogador que se
possa juntar a Curry,
Thompson, Wiggins e Green
para formar novamente
uma equipa competitiva e
capaz de voar alto.
Nesta altura, os Warriors
têm espaço de 17,2 milhões
de dólares na folha salarial
após a saída de Andre Iguo-
dala para os Memphis Grizz-
lies. Assim, o conjunto de São
Francisco terá em mira um
dos seguintes atletas: Evan
Fournier (Orlando Magic),
Dennis Schroder (OKC Thun-
der), Will Barton (Denver
Nuggets), Kelly Oubre (Phoe-
nix Suns), Thadeus Young (
Chicago Bulls) e Rudy Gay
(San Antonio Spurs).
DR
LeBron estrela dos Lakers
DESPORTO Sábado
4 de Abril de 2020
FIFA
GIANNI INFANTINO
PRIORIZA A SAÚDE
O presidente da FIFA
afirmou durante uma
videoconferência com a
CONMEBOL, que “o futebol
não é o mais importante” e
que “ninguém sabe quando
voltará a ser o que era”, face
à pandemia de covid-19.
“Todos gostaríamos de ter o
futebol de volta já amanhã,
mas, infelizmente, isso não é
possível. E ninguém no
mundo sabe quando voltará
a ser o que era”, afirmou
Gianni Infantino, durante
uma videoconferência com
representantes das 10
federações que compõem
a Confederação Sul-
Americana de futebol
(CONMEBOL).
O líder da FIFA referiu que,
“pela primeira vez, o futebol
não é o mais importante” e
que “a saúde é a prioridade
e assim continuará a ser
enquanto esta doença
não for ultrapassada”.
“São tempos complicados
e de poucas palavras.
É preciso ter respeito por
aqueles que estão a sofrer
e pelos que estão a ajudar
a combater esta doença.
Este vírus veio comprovar
que somos pequenos e
vulneráveis, e que o mundo
é global. O nosso mundo
e o nosso desporto serão
diferentes quando tudo
voltar ao normal. Temos
de assegurar que o futebol
vai sobreviver e prosperar
novamente”, disse
o presidente da FIFA.
Durante a intervenção
no 72º congresso da
CONMEBOL, Infantino
revelou que, neste
momento, a FIFA está a
debruçar-se e a analisar três
situações: os calendários das
competições, os contratos
dos futebolistas e o apoio
financeiro que vai prestar
a ligas e clubes por todo
o mundo.
NÁPOLES ESTUDA
REGRESSO DE CAVAN
Com Milik a apontar à saída,
o Nápoles procura um
substituto para o avançado
polaco, que termina
contrato com os napolitanos
em Junho de 2021. Na 'lista
de desejos' do Nápoles está
um nome bem conhecido
dos adeptos do clube:
Edinson Cavani, jogador do
PSG, que tem sido apontado
a diversos clubes nos
últimos tempos.
Segundo o jornal italiano
'Tuttosport', o clube
transalpino terá oferecido
uma proposta de sete
milhões por época, com
prémio de assinatura no
mesmo valor. Esta época
ao serviço do Paris Saint-
Germain o uruguaio leva 22
jogos, somando sete golos
entre Ligue 1, Taça de
França e Liga dos
Campeões.
DR
BARCELONA
Luiz Suárez reage
à redução salarial
O jogador também aproveitou a oportunidade para solicitar
que o Governo uruguaio decrete a quarentena obrigatória
Suárez disse que a interrupção foi útil para se recuperar da lesão no joelho
O avançado uruguaio Luis
Suárez disse na quinta-feira,
que “ficou magoado” com
os comentários que circu-
lavam sobre o acordo entre
o Barcelona e os jogadores
de baixar os salários, face à
pandemia de coronavírus,
já que a equipa sempre pro-
curou “a melhor solução”.
“Dói porque fomos os pri-
meiros a querer chegar a um
acordo”, disse Suárez à rádio
uruguaia Sport890, referindo-
se àqueles que criticaram a
lentidão dos jogadores em
aceitar baixar os salários em
70%, com o objectivo de ali-
viar a situação das finanças
da equipa catalã no meio da
interrupção do futebol.
“Sabemos qual é a situa-
ção em que o clube se
encontra, a situação em que
o mundo está hoje e era só
um detalhe mínimo. Mas
foram ditas coisas (como)
que os jogadores não que-
RECOMEÇO
Chineses voltam aos treinos
O regressoaos treinos de fute-
bol do Guangzhou Evergrande
contou com “jogadores com
medo de se aproximarem”,
revelou o treinador Fábio
Cannavaro, certo de que o
campeonato não recomeçará
nos próximos meses face à
COVID-19.
“Estamos a começar a sair
e a treinar. O primeiro dia foi
muito esquisito, os jogadores
tinham medo de se aproxi-
marem. Tirei a máscara para
lhes dizer que fizemos qua-
rentena e estamos prontos
para treinar, para tentar fazer
uma vida normal”, contou o
técnico italiano.
Em conversa nas redes
sociais com o ex-guarda-
redes Iker Casillas, agora na
estrutura do FC Porto, Can-
navaro assumiu que, apesar
riam ceder; que os jogadores
de basquetebol e de andebol
tinham chegado a um acordo
e nós não. Não chegamos a
um acordo, porque estáva-
mos à espera da melhor solu-
ção para o clube e para nosso
benefício e a tentar ajudar
os funcionários. Ninguém
se recusou, porque sempre
quisemos colaborar”.
O jogador também apro-
veitou a oportunidade para
solicitar que o governo uru-
guaio decrete a quarentena
obrigatória. “É a melhor solu-
ção para o bem de todos. Sei
que no Uruguai é difícil, por-
que muitas pessoas vivem
do dia a dia (...) mas se nem
todos nos unirmos e formos
todos para o mesmo lado,
será difícil sair dessa situa-
ção”, disse ele.
Por outro lado, garantiu
que nunca pensou em voltar
ao país para passar a qua-
rentena, assim como fizeram
de os treinos terem come-
çado, “o governo chinês disse
que nos próximos meses o
desporto não vai regressar”,
pelo que a competição “não
vai começar sem se matar
este vírus”.
Na Europa, onde a pan-
demia está ainda a crescer,
a UEFA deu às várias fede-
rações como limite o fim de
Julho, para se terminarem
os campeonatos. O capitão
da selecção de futebol de
Itália no Mundial 2006 da
Alemanha diz que “a pouco
e pouco a vida volta ao nor-
mal” na China, agora feita
com novos hábitos.
“Sempre que alguém
entra num lugar público é-
lhe tirada a temperatura”,
ao mesmo tempo que dão
“em todo o lado material
DR
os uruguaios Diego Godín e
Édinson Cavani. “Se for para
correr o risco de expor a
minha família para ir ao Uru-
guai e ficar enclausurado,
sinceramente, prefiro cuidar
dos meus, cuidar de toda a
população (...) e ainda mais
saindo de um dos países com
mais infectados, como a
Espanha”, afirmou.
Suárez disse que a inter-
rupção foi útil para se recu-
perar da lesão no joelho,
que o mantinha longe dos
relvados. “Com tudo isso,
não vou mais perder
nenhum jogo”, disse ele.
Mas também previu que o
retorno será árduo. “Será
difícil voltar ao normal... há
equipas que estão a ter mui-
tos prejuízos, com a perda
da receita da televisão, da
venda de produtos e que são
difíceis de recuperar, porque
as pessoas não terão dinheiro
para obter essas coisas”.
para limpar as mãos”.
O rigor quanto à forma
de abordar a pandemia é
geral: “Ao entrarmos na
cidade desportiva até o carro
nos desinfectam. Este vírus
dá muito que pensar e até
mudou a forma de irmos a
um restaurante ou bar.”
DR
31
AQUI & AGORA
Matias Adriano
O desporto na vida
Oiço, num programa interactivo de rádio, um ouvinte que
dizia, mais palavra, menos palavra, que a vida perdeu
graça sem actividade desportiva. “Pagar o pacote mensal
da Dstv, nos dias que correm, é um desperdício. Sem jogos
para acompanhar é dinheiro no lixo.” Sustentou a sua tese.
Havia alguma lógica na reacção. Não é sem razão que se
diz que desporto é festa, e na sua ausência tudo é monótono
em redor do homem.
Entretanto, há momentos assim, em que a vida desportiva
é sacrificada a favor de interesses mais sublimes. Em 1916,
os Jogos Olímpicos de Berlim, que havia batido na con-
corrência à organização Alexandria e Budapeste, foram
cancelados em função do eclodir da primeira Guerra
Mundial, que colocou a Europa debaixo de fogo cruzado.
Em 1942, a FIFA viu-se na contingência de anular o mundial
de futebol, porque o mundo era assolado pela segunda
Guerra Mundial.
A actividade desportiva só é possível em ambiente de paz
e estabilidade. Temos à mão o exemplo do Girabola. Tinha
o 6 de Outubro de 1979 como data de começo. Mas viu-se
adiado para 8 de Dezembro, na sequência da morte do
presidente Neto, em Setembro do mesmo ano. A data inicial
constou do período de 45 dias de luto nacional decretado no
país. Durante o mesmo não havia desporto nem farras.
Foram dias difíceis. Pois, ainda na euforia da ascensão à
independência nacional, o país vivia uma intensa actividade
desportiva, com o futebol em primeiro plano. Tinha celebrado
dois anos antes(1977), as memoráveis jornadas de amizade
Angola e Cuba, com jogos em Luanda e Havana, em 1978 o
torneio”Ano da Agricultura”, para depois cair no ócio de um
defeso forçado pelo passamento do Guia Imortal.
Na verdade, o desporto assume papel significativo na
convivência dos homens, sendo um factor determinante
na aproximação de povos de diferentes culturas. Mesmo
em clima de conflito armado, vezes há em que os beligerantes
pousam as armas, para dar primazia a um determinado
evento desportivo, quiçá, servindo como bálsamo às
tropas, que aproveitam exorcizar fantasmas, aliviar o
tédio e retemperar energias para outras batalhas.
Há relatos, segundo os quais, ao tempo das rondas
negociais da paz para o nosso país, num certo sábado
maître Beye deslocou-se para o Andulo, ao encontro do
velho Jonas. Decorria na Cidadela um Angola - Guiné
Conacri, qualificativo ou para um Mundial ou para um
CAN qualquer. Manuel Rabelais, o narrador em serviço
da RNA, gritava ao microfone, como só ele sabia fazer,
para Angola inteira. Luanda estava uma cidade fantasma.
Uns no estádio, a maioria nas casas na televisão.
O voo para o destino foi breve. Ao desembarcar no
pequeno Andulo, maître Beye, o expedito medianeiro
do conflito, constata que o cenário não diferia ao de
Luanda. A pequena cidade, ao centro Sul de Angola,
estava, literalmente, parada. As pessoas sentadas, em
grupinhos, sobre muros de quintais, pregadas aos rádios
à pilha, atentas ao relato da Cidadela. Cada falhanço
monumental de Akwá dava uma gritaria de total desespero,
e cada golo celebrado com um ruído ensurdecedor,
seguido de abraços efusivos.
O bom do maître Beye, estupefacto, questionou a lógica
do seu papel de medianeiro. Compreendeu que os angolanos
travavam uma guerra em vão. Sem razão de ser. Afinal
defendiam os mesmos princípios, os mesmos valores, a
mesma selecção. Sofriam com as derrotas e sorriam com
as vitórias dos mesmos Palancas.
Em resumo, o desporto tem esta particularidade. Para
lá do seu lado lúdico, joga papel de relevo na quebra de
fronteiras conceptuais, para aproximar os homens em
torno de um princípio comum. Sem desporto a vida fica
limitada, sendo este o quadro que vivemos nos últimos
dias, determinado pela reclusão domiciliária a que estamos
todos sujeitos e submetidos.
EM BRUXELAS
Avião de Messi aterra de emergência
O avião privado de Lionel do argentino a bordo.
Messi terá feito uma aterra- O avião aterrou às 09h10
gem de emergência no aero- da manhã, numa altura em
porto de Bruxelas,Bélgica, que se dirigia para Tenerife.
após terem sido detectados O Aeroporto de Bruxelas
problemas no trem de ater- recusa a fazer comentários
ragem, noticia o jornal inglês sobre o incidente. Messi com-
“Mirror”. De acordo com prou o seu avião privado, um
aquela publicação, não há Gulfstream V, há dois anos,
informações sobre a presença por 13 milhões de euros.

SÁB04ABR
ALTO
Acção Social
Acolher os da rua
Num gesto de solidariedade,
multiplicam-se, pelas provín-
cias, a instalação de centros
para acolhimento provisório
de adultos e crianças que vivem
nas ruas. São iniciativas a todos
os níveis louváveis que mos-
tram que ainda há gente de
bem, que não poupa esforços
para aliviar o sofrimento de ou-
tros. Em Viana, por exemplo,
105 cidadãos, entre adultos e
crianças, encontraram abrigo
no Centro Provisório de Aco-
lhimento do Kikuxi. Além de
um tecto, têm alimentação diá-
ria e o merecido conforto.
BAIXO
ENDE
Discrepâncias
As reclamações dos consumi-
dores e o silêncio da ENDE não
deixam dúvidas de que esta
tem feito o consumo de energia
passar por cabos estranhos. Do
Patriota, chegam queixas de
valores cobrados sem critério.
Documentos comprovam que,
noespaçodeummês(Fevereiro
e Março), a factura pode mudar
de 7 mil kwanzas para 16 mil
kwanzas. Como será possível,
se a cobrança é feita por esti-
mativa? A ENDE deve estar a
pressupor que, por o slogan
ser “Fique em Casa”, os mora-
dores estão agora a consumir
energia de forma desvairada.
Ou será, como acreditam os
utentes, que só habitam o Pa-
triota cidadãos ricos? A ENDE
deve ajudar as pessoas a per-
manecerememcasa,cobrando
justamente pelo consumo. A
cobrança por estimativa não
pode alterar em mais de 120
por cento. E o cliente não deve,
simplesmente, pagar, sem que
receba esclarecimentos sobre
a discrepância no valor de um
e outro mês. Afinal, a diferença
é de 9 mil kwanzas.
CEDIDA
Chefe da diplomacia da UE
SONANGOL REFUTA ESCASSEZ
Sonagás garante que há produto suficiente no mercado e apela a população a denunciar
Produção de gás de cozinha
foi elevada em 35 por cento
A Sonagás aumentou a pro-
dução de gás de cozinha em
35 por cento em vésperas da
declaração do Estado de
Emergência que vigora no
país desde 27 de Março,
garantiu o director de Comu-
nicação e Imagem do grupo
Sonangol.
Dionísio Rocha Júnior
afirmou que, além de ter
colocado fornecimentos em
postos alternativos e em
camiões que circulam pela
cidade, não havendo razões
logísticas para as enchentes
que, ao longo da semana, se
verificaram nos locais de
abastecimento.
O director de Comunica-
ção e Imagem do grup o
Sonangol que, ontem, pres-
tou estas declarações ao Jor-
nal de Angola , atribuiu a
afluência massiva de con-
sumidores, registada nos
postos de abastecimento em
Luanda e outras províncias,
a uma associação de factores
provocada pela expectativa
de confinamento prevista
para esse período.
E nt re e ss e s fac to re s ,
apontou Dionísio Rocha
JOSEP BORRELL
UE tem de ajudar África
até no próprio interesse
A União Europeia (UE) tem
de ajudar os países terceiros
mais vulneráveis a combater
o novo coronavírus, em par-
ticular no continente africano,
onde a pandemia pode muito
rapidamente ficar fora de con-
Júnior, conta-se um con-
sumo aumentado para a for-
mação de stocks domésticos,
com clientes a comprarem
acima de três botijas de uma
só vez, bem como a reten-
ção, para especulação, por
parte de comerciantes, algo
que, revelou, já originou
cinco detenções.
Apelo a denúncias
A companhia aconselhou os
consumidores a procurarem
outros postos de abasteci-
mento sempre que se depa-
rarem com enchentes, o que
é válido para a maioria das
províncias e aglomeração
mostrada nas redes sociais
relativamente a Benguela.
De acordo com Dionísio
Rocha Júnior, as imagens de
uma flagrante aglomeração
de consumidores mostram
um único posto da província
de Benguela, que tem sido
abastecido de gás com toda
a regularidade.
As aglomerações que se
verificaram no posto da
Macambira, o mais frequen-
tado de Luanda, desaparece-
ram na quinta-feira, quando
trolo, advertiu, ontem, o chefe
da diplomacia europeia.
No final de uma vídeo-
conferência dos ministros
dos Negócios Estrangeiros
da UE, o Alto-Representante
para a Política Externa, Josep
DR
foram substituídas por um
atendimento rápido, no fim
do que o director de Comu-
nicação e Imagem da Sonan-
gol considerou ter sido um
“período de ansiedade”.
Atrasos no Moxico
O director reconheceu atra-
sos no fornecimento do
Moxico, provocados pela
interrupção das ligações fer-
roviárias em Capeio, Bié,
onde um troço foi interditado,
há uma semana, devido à
progressão de ravinas e às
chuvas, mas que, nessa situa-
ção, remessas de gás foram
enviadas em camiões.
A situação foi agravada pelo
desabamento de uma parte da
linha férrea junto a um curso
de água, na madrugada do dia
28 de Março, como conse-
quência das fortes chuvas que
se registaram na região, adianta
um comunicado do Caminho
de Ferro de Benguela.
A empresa informou que
foram já mobilizados meios
materiais e técnicos para
executar os trabalhos de
reposição da linha férrea,
que se prevê durarem 15 dias.
Borrell, apontou que um dos
pontos discutidos foi o reforço
da cooperação internacional
e assistência a países tercei-
ros, tendo os 27 concordado
em particular na necessidade
de ajudar África a fazer face
à pandemia, até no seu pró-
prio interesse.
“A nível da cooperação
internacional, concordámos
que esta é uma crise global,
que a resposta deve ser global,
e a prioridade deve ser dada
PARA TRAVAR PROPAGAÇÃO DO COVID-19
Justiça pondera soltura
de presos na quarentena
Os órgãos da coordenação
da Justiça continuam a analisar
uma possível soltura de presos
condenados até dois anos, no
âmbito das medidas para pre-
venir a transmissão da pan-
demia do novo coronavírus.
Em declarações recentes
à RNA, o procurador-geral
da República, Hélder Pitta
Groz, manifestou-se favo-
rável à intenção, mas afir-
mou que não há ainda nada
em concreto.
“Estamos, de facto, a ana-
lisar se poderemos ou não
tomar esta medida, no
âmbito dos órgãos da coor-
denação da Justiça, que é
coordenada pelo presidente
do Tribunal Supremo e que
integra o procurador-geral
da República, ministros da
Justiça e dos Direitos Huma-
nos e do Interior.
Pitta Groz afirmou que
falta, ainda, estabelecer o ins-
trumento legal a ser utilizado
e se, de facto, se vai avançar
MERCADO
Falta de espaço pode levar
o preço do petróleo a zero
As estradas estão vazias, os
aviões em terra e as fábricas
paradas. A pandemia de Covid-
19 está a fazer afundar a procura
de petróleo e já levou os preços
para mínimos de há 18 anos.
Com os produtores a manterem
os níveis de produção, o mundo
está a ficar sem espaço para
tanto petróleo e o preço pode
cair até zero.
“O mercado está a começar
a sinalizar que não só não há
procura para o crude, como
eventualmente não há mesmo
onde o pôr“, alertou Jeff Wyll,
analista sénior de energia da
Neuberger Berman, em decla-
rações à CNN.
Na prática, pode significar
que as instalações de arma-
zenamento, refinarias, termi-
nais, navios e as condutas
na assistência aos países mais
vulneráveis, pois isso é, tam-
bém, do nosso interesse, a
longo prazo. Não podemos
resolver esta pandemia apenas
em casa. Mesmo que resolva-
mos o problema na Europa,
não ficará resolvido se não esti-
ver resolvido em todo o lado,
porque pode voltar a qualquer
momento”, enfatizou.
O chefe da diplomacia da
UE disse que “se o problema
não for resolvido em África,
PUBLICIDADE
para a medida. “Dentro de
muito pouco tempo teremos
uma resposta adequada nesse
sentido”, disse para acres-
centar que, a concretizar-se,
seria uma forma de descon-
gestionar as cadeias.
“Isto fará, também, com
que o Ministério do Interior,
através da sua Direcção
Nacional de Serviços Prisio-
nais, possa gerir da melhor
forma os estabelecimentos
penitenciários que, neste
momento, se encontram, de
facto, com presos em número
superior à capacidade ”,
avançou o procurador-geral
da República.
Hélder Pitta Groz afirmou,
ainda, que a retirada dos
presos naquela condição,
seria um alívio para os ser-
viços penitenciários que vão
poder encontrar formas de
gestão com muito mais faci-
lidade caso haja alguma
situação crítica dentro dos
seus estabelecimentos.
poderão atingir a capacidade
máxima. Segundo o Goldman
Sachs, o problema não se veri-
fica desde 1998.
Em causa está a conjugação
de choques do lado da oferta
e da procura. Com 3,5 mil
milhões de pessoas a viver em
confinamento a nível global,
a Agência Internacional de
Energia estima uma quebra
deconsumo até 20 milhões de
barris por dia. Em simultâneo,
dois dos maiores produtores
do mundo — Arábia Saudita e
Rússia — entraram num conflito
que pôs fim à estratégia conjunta
que estava em vigor há mais
de três anos. Esse acordo limitava
a produção de cada um com o
objectivo de limitar o excedente
do mercado e manter a esta-
bilidade dos preços.
não será resolvido na Europa”,
e admitiu que “África é motivo
de particular preocupação”
para a União Europeia.
Borrell indicou que soli-
citou a realização, na próxima
semana, de uma reunião
de ministros do Desenvol-
vimento da UE, para discutir
pacotes de assistência para
ajudar África a fazer face
à pandemia, que já chegou
a 50 dos 55 países e terri-
tórios africanos.