TER21JUL

Terça-feira
21 de Julho de 2020
Ano 45 • N.º 16058

Kz 45,00
Director: VÍCTOR SILVA
Director-Adjunto: CAETANO JÚNIOR
www.jornaldeangola.co.ao

DESENVOLVIMENTO DA CADEIA AGRÍCOLA

NESTA EDIÇÃO
TAZUARY NKEITA
Machos e cavalheiros!
OPINIÃO • 11
Governo empenhado
JOHN LEWIS

Morreu o homem que
esteve sempre do lado
na produção alimentar
O Presidente da República, João Lourenço, assegurou, ontem,
que o Governo mantém-se empenhado na diversificação da eco-
nomia, com maior aposta nos sectores da agro-pecuária, agro-
indústria e do agro-negócio. Segundo o Titular do Poder Executivo,
que falava na cerimónia de posse do novo secretário de Estado
para Agricultura e Pecuária, João Manuel Bartolomeu da Cunha,
o objectivo é fazer com que a agro-pecuária, a agro-indústria e
o agro-negócio passem a grandes contribuintes do Produto Interno
Bruto (PIB). “A agricultura vai bem, mas tem que ir melhor ainda.
Estamos longe de atingir a auto-suficiência alimentar e, portanto,
longe de termos excedente para exportação dos nossos produtos”,
observou o Presidente João Lourenço. POLÍTICA • 3
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

certo da História
MUNDO • 15

MASSIFICAÇÃO
Registo Civil chega
aos 164 municípios
POLÍTICA • 3

MAGISTRATURA JUDICIAL
Oficiais de Justiça
inseridos em Agosto
POLÍTICA • 3

EM 2050
País pode ser a quarta
maior economia africana
ECONOMIA • 12

“CASO ALEX SAAB”

Presidente de Cabo Verde
diz ser um “caso delicado”
ÁFRICA • 14

AMBIENTE

TRANSMISSÃO COMUNITÁRIA

Fernanda Samuel Renée

é finalista de prémio
da ONU
ÚLTIMA • 32
Mais 44 casos positivos em Luanda DESTAQUE • 4 a 7

GRUPO CARNAVALESCO
União Recreativo
Kilamba aposta na
formação de jovens
CULTURA • 29
TÉCNICO DOS SUB-17
“Languinha” recebe
13 salários em atraso
DESPORTO • 31
IGREJA UNIVERSAL
Angolanos
denunciam
campanha
de difamação
Os bispos e pastores da
Comissão de Reforma da
Igreja Universal do Reino
de Deus (IURD) acusaram,
ontem, em comunicado,
a ala brasileira de promo-
ver, nas últimas três sema-
nas, uma ampla campa-
nha de desinformação para
manchar a imagem interna
e externa do Governo.
DR
TELEFONIA MÓVEL CUANZA-SUL
Africell Incêndio
promete desaloja
investir 44 famílias
milhões em Cabuta
Um incêndio, causado por
A operadora Africell pre- queimadas feitas por caça-
tende investir "centenas dores furtivos, deixou, do-
de milhões de dólares" em ANDEBOL mingo, 44 famílias desalo-
Angola, onde venceu o jadas, na comuna de Cabu-
concurso público para se
tornar na quarta operadora
Campeã ta, município do Libolo, no
Cuanza-Sul, informaram
de telefonia móvel, e co-
meçar o serviço em mea- africana as autoridades locais.
REGIÕES • 27
dos de 2021, anunciou,
ontem, em Londres, o di-
rector de Investimentos,
há 31 anos COVID-19

ÚLTIMA • 32 Ian Paterson. ÚLTIMA • 32 ESPECIAL • 8 e 9 #FiqueEmCasa

2 POLÍTICA
PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO
Chefe de Estado conferiu posse ao novo secretário de Estado para a Agricultura e Pecuária
Angola mantém aposta na
diversificação económica
O objectivo é fazer com que a agro-pecuária, a agro-indústria
e o agro-negócio passem a grandes contribuintes do PIB
O Presidente da República,
Joa o Lourenc o, afirmou,
ontem, que o Governo ango-
lano mantém-se empenhado
na diversificação da economia,
com maior aposta nos sectores
da agro-pecuária, da agro-
indústria e do agro-negócio.
Segundo o Titular do Poder
Executivo, que falava na ceri-
mónia de posse do novo secre-
tário de Estado para Agricultura
e Pecuária, João Manuel Bar-
tolomeu da Cunha, o objectivo
é fazer com que a agro-pecuá-
ria, a agro-indústria e o agro-
negócio passem a grandes
contribuintes do Produto
Interno Bruto (PIB).
“A agricultura vai bem, mas
tem que ir melhor ainda. Esta-
mos longe de atingir a auto-
suficiência alimentar e, por-
tanto, longe de termos exce-
dente para exportação dos nos-
sos produtos”, observou.
João Lourenço destacou,
também, os avanços na melho-
ria das vias que ligam as cidades
ao campo, o que vai permitir
INDEPENDÊNCIA DA COLÔMBIA
PR felicita homólogo colombiano
O Presidente da República,
João Lourenço, felicitou,
ontem, o homólogo colom-
biano, Iván Duque Márquez,
pela celebração do 210º ani-
versário da Independência
da Colômbia.
Numa mensagem, João
Lourenço reafirma o desejo
de promover iniciativas ten-
dentes ao estreitamento da
cooperação bilateral, com
vista à promoção do bem-
João Lourenço
recomendou aos
quadros da
agricultura e
pecuária a
trabalharem em
parceria com a
indústria, no
sentido de
conservar e
transformar os
produtos do campo,
para não se
deteriorarem
o rápido escoamento da
produção agrícola para os gran-
des centros de consumo.
A par disso, considerou
fundamental que haja um
esforço crescente no cum-
primento dos objectivos esta-
belecidos, para que, no mais
curto espaço de tempo, o país
alcance a auto-suficiência
alimentar e aumente as expor-
estar e do progresso dos res-
pectivos povos.
“Queira aceitar, Exce-
lência, os meus votos de boa
saúde e bem-estar pessoal e
os de felicidade e prosperi-
dade para o povo colombia-
no”, sublinha a mensagem,
divulgada pela Casa Civil do
Presidente da República.
Novo vice-reitor
O Presidente da República,
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
tações de produtos agrícolas.
João Lourenço recomen-
dou, para o efeito, aos quadros
da agricultura e pecuária a
trabalharem em parceria com
a indústria, no sentido de
conservar e transformar os
produtos do campo, para não
se deteriorarem.
Nomeado na quinta-feira,
o novo secretário de Estado
para a Agricultura e Pecuária
exerceu, antes, as funções de
administrador executivo do
Banco de Desenvolvimento
de Angola (BDA).
O Ministério da Agricultura
e Pescas é o Departamento
Ministerial, Órgão Auxiliar
do Presidente da República
enquanto Titular do Poder
Executivo, que tem por missão
propor a formulação, con-
duzir, executar e controlar a
política do Executivo nos
domínios da Agricultura,
Pecuária, Florestas, Segurança
Alimentar e dos alimentos.
Tem como titular António
Francisco de Assis.
João Manuel Gonçalves Lou-
renço, nos termos da Cons-
tituição da República, no-
meou, ontem, Alcides Ro-
mualdo Neto Simbo para o
cargo de vice-reitor para a
Área Científica e Pós-Gra-
duação da Universidade 11
de Novembro.
Alcides Romualdo Neto
Simbo substitui Helena Berta
Buca Vando Marciano, exo-
nerada ontem do cargo.
ENSINO SUPERIOR
“Ensino à distância pode
agravar desigualdades”
A ministra do Ensino Superior,
Ciência, Tecnologia e Inovação,
Maria do Rosário Sambo, afir-
mou que o ensino à distância
com recurso às novas tecno-
logias pode agravar as desi-
gualdades educacionais.
Questionada sobre a situa-
ção das aulas, suspensas devido
ao aumento de casos da Covid-
19, aquando da discussão, na
Especialidade, da Proposta de
Lei de Revisão do OGE de 2020,
Maria do Rosário Sambo disse
que enquanto durar a pande-
mia, as instituições estão livres
para poderem realizar defesas
de trabalho de fim de curso,
defesas de dissertações de
mestrado, bem como trabalhos
de investigação.
Quanto ao ensino à distân-
cia, a ministra apelou à pru-
dência. O ensino à distância,
sublinhou, deve estar regu-
lamentado e ser um comple-
mento ao ensino presencial.
“Angola não tem condições
Ministra apelou à prudência quanto ao ensino à distância
DIREITOS HUMANOS
Justiça realiza formação
para grupos vulneráveis
O Ministério da Justiça e dos
Direitos Humanos realiza,
hoje e amanhã, em Luanda,
uma formação jurídica des-
tinada a grupos vulneráveis
e membros da sociedade civil,
em parceria com o Instituto
Nacional de Luta contra a
Sida e o Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvi-
mento (PNUD).
A formação vai incidir
sobre leis, políticas, direitos
e instrumentos e mecanismos
legais internacionais, regionais
e nacionais de Direitos Huma-
nos relevantes no contexto
da luta contra o VIH.
Uma nota da organiza-
ção refere que a formação
visa, também, desenvolver a
capacidade das “Populações-
Chave Jovem” e das suas orga-
nizações para se engajarem
nos processos de reforma de
leis e políticas a todos os ní-
veis, assim como com os me-
canismos internacionais e
regionais de direitos huma-
para, exclusivamente, com o
ensino à distância, conseguir
validar o ano lectivo, sob pena
de agravarmos ainda mais as
desigualdades que existem,
porque o acesso à Internet e
aos meios é muito desigual. Por
outro lado, é difícil aferir a qua-
lidade das aprendizagens”,
declarou Maria do Rosário
Sambo, citada no sítio da Assem-
bleia Nacional na Internet. Sobre
o mesmo assunto, a ministra
da Educação, Luísa Grilo, disse
que o Executivo está a trabalhar
para o reinício das aulas, tão
logo as condições epidemio-
lógicas o permitam, admitindo
a possibilidade do processo
ocorrer de forma gradual.
Luísa Grilo realçou as par-
cerias que o Ministério da Edu-
cação tem com outros mi-
nistérios. Destacou, igualmente,
algumas rubricas inscritas no
OGE, como o programa de alfa-
betização, cujas verbas alocadas
admitiu não serem muitas, mas
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
nos. Abrange, também, mem-
bros de grupos vulneráveis,
como mulheres, crianças e
adolescentes.
A cerimónia de abertura
será orientada pela secretária
de Estado dos Direitos Huma-
nos e Cidadania, Ana Celeste
Januário, coadjuvada pelo
representante da ONUSIDA
em Angola, Michel Kouahou,
e pela coordenadora do pro-
jecto PNUD/Fundo Global,
Mamisoa Rangers,
Durante os dois dias de for-
mação, serão abordadas ques-
tões jurídicas de instrumentos
relativos ao VIH/Sida, ins-
trumentos internacionais,
regionais e nacionais de Direi-
tos Humanos, com maior
enfoque no uso das “Direc-
trizes de Envolvimento para
a Sociedade Civil”, para se
engajar em processos de
reforma legal e de políticas
no país e no envolvimento
com mecanismos interna-
cionais de Direitos Humanos.
Terça-feira
21 de Julho de 2020
as necessárias para pagar tanto
os alfabetizadores, quanto os
mteriais de alfabetização. O
programa de equidade de
género, transversal ao Minis-
tério do Ensino Superior, Ciên-
cia, Tecnologia e Inovação, foi,
igualmente, destacado por
Luísa Grilo, que afirmou ser
esta uma das grandes preo-
cupações do Ministério.
Sector da Saúde
Ao falar sobre o estado actual
do sector, a ministra da Saúde,
Sílvia Lutucuta, informou que
o incremento da dotação orça-
mental se deve à estratégia
de combate à Covid-19.
Entre os vários esforços
envidados para mitigar a pan-
demia, a ministra destacou
o aumento, em Luanda, de
laboratórios que prestam ser-
viços de testagem para a
Covid-19. Anunciou a insta-
lação, em breve, de labora-
tórios em outras províncias,
nomeadamente Uíge, Lunda-
Norte e Huambo.
Apoio aos mais carentes
A ministra da Acção Social,
Família e Promoção da Mu-
lher, Faustina Inglês Alves,
falou sobre o andamento de
alguns projectos de apoio às
famílias carenciadas.
A ministra indicou que o
MASFAMU assistiu, até agora,
duas mil famílias, com cestas
básicas. Inclui, também, apoio
psicológico, com ajuda de psi-
cólogos gerais e clínicos, assis-
tentes sociais e voluntários.
Faustina Inglês Alves explicou
que devido ao tempo em que
a pandemia perdura, associado
à carência de alguns produtos,
o projecto de distribuição de
cestas básicas foi redimensio-
nado e reestruturado, obrigando
a redução dos produtos da cesta.
A apreciação do Relatório
Parecer conjunto da Proposta
de Lei de Revisão do OGE, a
nível das Comissões de Espe-
cialidade, acontece na sexta-
feira. A votação final global está
prevista para o dia 28.
DEFESA NACIONAL
Ministro lamenta
morte de assessor
económico
O ministro da Defesa Nacional
e Veteranos da Pátria, João
Ernesto dos Santos “Liber-
dade”, manifestou, ontem,
“profunda consternação”,
pela morte do seu assessor
económico, ocorrido sábado,
em Luanda, por doença.
Na mensagem de condo-
lências, o ministro da Defesa
Nacional e Veteranos da Pátria
considerou o malogrado bri-
gadeiro M’Panya Kassoma
“André” como um combatente
que muito cedo disponibili-
zou-se para a luta pela conquista
e preservação da Independência
Nacional, integridade territorial
e paz. O malogrado, acrescenta,
celebrizou-se ao serviço dos
órgãos de Administração e
Finanças e da Inspecção-Geral
no Ministério da Defesa e das
FAA. “Nesta hora de dor e luto
curvo-me perante a memória
do malogrado e apresento às
Forças Armadas e à família
enlutada a expressão dos meus
sentidos pêsames pelo infausto
acontecimento”, conclui.
POLÍTICA Terça-feira
21 de Julho de 2020
MALANJE
UNITA apela
ao respeito
das leis
Venâncio Víctor |Malanje
O secretário provincial da
UNITA em Malanje, Madanês
Calunga, exortou, no domin-
go, os militantes do partido a
respeitarem as leis e partici-
parem activamente no desen-
volvimento económico e so-
cial do país.
O político falava na ceri-
mónia das celebrações do 18
de Julho, dia da fundação da
JURA, organização juvenil
da UNITA, realizada no muni-
cípio de Kiwaba Nzoji.
Segundo Madanês Calunga,
citado pela Angop, para além
do cumprimento das normas
estabelecidas pelo Estado
angolano, a UNITA quer
jovens com atitudes que dig-
nifiquem o bom nome do par-
tido e influenciem os cidadãos
a participar activamente no
desenvolvimento económico
e social do país.
DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Militantes num acto político
O secretário provincial
da JURA, Justino Manuel,
afirmou que a organização
vai empenhar-se na obser-
vância das leis e incentivar
a sociedade sobre a impor-
tância do voto popular.
Informou que a organização
trabalha na mobilização e
sensibilização da população
no sentido de acatar os con-
selhos sobre as medidas de
prevenção contra a Covid-19.
A actividade culminou com
a inauguração do Comité Muni-
cipal da UNITA em Kiwa-
ba Nzoji, a 95 quilómetros da
cidade de Malanje.
No acto inaugural, Madanês
Calunga disse que a infra-
estrutura representa um passo
importante na organização
interna do partido, salientando
que a mesma vai conferir
maior dignidade e comodi-
dade aos quadros do partido.
“A casa que acabamos de
inaugurar deve servir de labo-
ratório de programas e de
fonte de inspiração revolu-
cionária", declarou o político,
que apelou a juventude do
partido a mobilizar a socie-
dade, tendo em vista as elei-
ções gerais de 2022.
Ainda por ocasião das fes-
tividades do 46º aniversário
da JURA, que decorreu sob
o lema “Jura, cidadania, uni-
dade e acção para a vitória”,
foi implantado, igualmente,
um comité piloto da UNITA
no sector de Quifucussa, no
município de Kiwaba-Nzoji,
que conta com 60 membros.
A criação da estrutura em
Quifucussa demonstra o cres-
cimento do partido nos últimos
tempos, referiu o secretário
provincial da UNITA.
*Com Angop
MAGISTRATURA JUDICIAL
Oficiais de Justiça
inseridos em Agosto
Edna Dala
O Conselho Superior da
Magistratura Judicial (CSMJ)
assegurou, ontem, estarem
criadas todas as condições
para a efectivação e inserção
no Sistema Integrado de Ges-
tão Financeira, no próximo
mês, dos oficiais de Justiça
promovidos na segunda fase
do processo de progressão
na carreira.
A garantia foi dada pelo
secretário executivo do Con-
selho Superior da Magistratura
Judicial, João Eduardo Agos-
tinho, em reacção a nota do
Sindicato dos Oficiais de Jus-
tiça de Angola (SNSOJA), que
ameaça paralisar todos os
serviços, a nível nacional, de
24 a 28 de Agosto, caso não se
cumpram as exigências.
Em declarações ao Jornal
de Angola , o responsável
garantiu que existem passos
palpáveis e seguros, através
do Ministério das Finanças,
que levam a entender que a
questão vai ser resolvida.
"Vamos fazer tudo o que
estiver ao nosso alcance para
evitar esses constrangimen-
tos que embaraçam o traba-
lho da Justiça", sublinhou.
Lembrou que, ainda on-
tem, o CSMJ reuniu-se com
o secretário geral do Sindicato
dos Oficiais de Justiça, Lázaro
REUNIÃO DO BUREAU POLÍTICO
Luísa Damião orientou ontem reunião do secretariado do BP
MPLA avalia questões
políticas e eleitorais
O Secretariado do Bureau
Político do MPLA analisou
ontem, em Luanda, em reu-
nião ordinária, o memorando
sobre as dinâmicas de fun-
cionamento do Departamento
do Comité Central para os
Assuntos Políticos e Eleitorais,
assim como outras questões
da actualidade política, eco-
nómica e social do país.
Orientada pela vice-pre-
sidente do MPLA, Luísa Da-
mião, a reunião debruçou-se
sobre o memorando de pro-
cedimentos a observar na rea-
lização das Conferências Pro-
vinciais Extraordinárias, a fim
de conformar a organização e
o funcionamento dos órgãos
e organismos do partido no
Cunene, Luanda e Uíge.
Pessoa Binjola, a quem foi
apresentado o ofício do
Ministério das Finanças sobre
o processo.
Em declarações ao Jornal
de Angola, o secretário-geral
do SNSOJA afirmou que a
decisão da paralisação dos
serviços de Justiça é unânime
e abrange os funcionários
que foram promovidos na
primeira fase, em jeito de
solidariedade.
A nossa exigência, acres-
centou, é sobretudo a questão
da carreira daqueles que não
foram abrangidos na primeira
fase. O Sindicato exige, igual-
mente, a criação de condições
de trabalho, aquisição de passes
de serviço e seguro de saúde.
Lázaro Pessoa Binjola soli-
citou aos órgãos competentes
a terem um pouco mais de
sentido de responsabilidade
política. "Tem sido prática
resolverem os problemas dos
funcionários só com greve
ou na iminência de uma
greve. Isso não é bom e mani-
festa falta de vontade política
na solução dos problemas",
sublinhou.
O sindicalista informou
que a convocação da greve
surge depois de uma reunião
no dia 16, onde foi constatada
alguma letargia na solução
dos problemas que afligem
os oficiais de Justiça.
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
A reunião aprovou o plano
de actividades deste mês e
apreciou a Directiva Executiva
sobre a avaliação de desem-
penho dos deputados do MPLA
e a proposta de movimenta-
ção de deputados da bancada
parlamentar.
Os membros do Secreta-
riado do Bureau Político apro-
varam o processo de valida-
ção do cartão de membro da
JMPLA, bem como os ajustes
à composição e designação
dos departamentos do Co-
mité Nacional da organização
juvenil e o plano de visitas de
trabalho do primeiro secre-
tário nacional aos municí-
pios de Luanda e aos departa-
mentos ministeriais e insti-
tuições públicas.
PROGRAMA DE MASSIFICAÇÃO
Brigadas de registo civil
atingem todos municípios
A informação foi confirmada pelo coordenador técnico
nacional do Projecto de Massificação do Registo Civil
Governadora do Bengo, Mara Quiosa, durante o lançamento do programa de massificação
Edna Dala
As brigadas móveis e fixas criadas pelo
Ministério da Justiça e dos Direitos Huma-
nos, no âmbito do Programa de Massifi-
cação do Registo Civil e Atribuição do
Bilhete de Identidade, já estão disponíveis
nos 164 municípios do país.
A informação foi ontem confirmada
pelo coordenador técnico nacional do
Projecto de Massificação do Registo Civil
e Atribuição do Bilhete de Identidade,
Fernando Fortes.
Em declarações ao Jornal de Angola,
o responsável explicou que o programa
é de abrangência nacional e todos os
municípios contam com brigadas móveis
e fixas, assim como as comunas.
As brigadas móveis, esclareceu, movi-
mentam-se em função dos mapas locais,
em coordenação com as administrações
municipais.
O programa, lançado em Novembro
do ano passado, conta com 253 brigadas
que funcionam junto dos postos das admi-
nistrações municipais, comunais, distritais,
aldeias e contam ainda com o apoio de
igrejas, associações da sociedade civil,
Forças Armadas e outros entes sociais.
As brigadas reforçam o trabalho que é
desenvolvido pelas conservatórias, mater-
nidades e postos de identificação civil e
criminal. A meta do Executivo é acabar
com o número de pessoas sem registo e
Bilhete de Identidade até 2022.
Segundo o Ministério da Justiça e dos
Direitos Humanos, na província do Huambo,
a cobertura de 100 por cento do processo
de emissão do BI foi atingida na semana
passada, com a instalação dos Postos de
Identificação Civil e Criminal do Cachiungo
e Chicala Cholohanga.
Com uma população estimada em 250
a 300 mil habitantes, os dois municípios
receberam kits com uma capacidade ins-
talada de cerca de 150 BI. Foram, igual-
mente, abertos os processos de registo
de nascimento na modalidade de Livros
com Cópia Integral acoplada, facilitando
os cidadãos na aquisição do BI.
No Bengo, o Programa de Massificação
do Registo Civil e Atribuição do BI foi lan-
çado na semana passada, no município
de Bula Atumba, num acto testemunhado
pela governadora Mara Quiosa. O programa
arrancou em simultâneo nos municípios
de Nambuangongo e Dembos.
A campanha prevê beneficiar mais de
3
DR
170 mil pessoas e coincide com a inau-
guração dos postos de identificação dos
municípios de Bula Atumba, Dembos e
Nambuangongo, que estavam inoperantes.
Em Luanda, o programa foi recente-
mente reforçado com novos meios,
nomeadamente material informático e
novos livros de registo civil, para garantir
um trabalho eficaz.
Cerca de 1200 brigadistas trabalham
no Programa de Massificação do Registo
Civil e atribuição do BI.
As brigadas móveis
movimentam-se em função dos
mapas locais, em coordenação
com as administrações
municipais
Em Junho, o Ministério da Justiça e
dos Direitos Humanos lançou um novo
modelo de registo civil, que contempla
novos livros para o efeito.
O novo documento é um modelo A4
dividido ao meio. Ostenta, do lado esquerdo,
o assento de nascimento e, do outro, a cópia
integral, que é entregue, na hora, ao utente.
O novo livro vai evitar, entre outros
constrangimentos, por exemplo, que os
cidadãos regressem aos postos móveis ou
conservatórias para levantarem o assento
de nascimento e emissão do Bilhete de
Identidade. Os utentes poderão, igualmente,
tratar os Bilhetes de Identidade no mesmo
dia em que receberem a cópia integral,
uma vez que o programa de Massificação
prevê, para cada posto de Registo Civil,
outro de Identificação.
O documento acopla o assento de nas-
cimento e a cópia do assento de nascimento
integral, para todas as idades.
O coordenador técnico nacional do
Projecto de Massificação do Registo Civil
e atribuição do BI, Fernando Fortes, expli-
cou, na altura, que com o lançamento dos
novos livros, o Executivo vai poupar di-
nheiro, deixando de gastar com fotoco-
piadoras, tóneis, impressoras, bem como
os gastos excessivos em cédulas, porque
o registo já inclui a cópia integral. Fernando
Fortes referiu estarem disponíveis, para
a campanha, 50 mil livros para a grande
meta do Ministério da Justiça e dos Direitos
Humanos, que prevê registar 12 milhões
de cidadãos até 2022.
4 DESTAQUE
Angola tem mais 44 casos
positivos e Cidade da China
sob cerca sanitária
O secretário de Estado informou que dos casos activos, 15 continuam
em estado crítico com tratamento de ventilação mecânica invasiva
Edivaldo Cristóvão
e Mazarino da Cunha
As autoridades sanitárias
anunciaram, ontem, mais 44
casos positivos da Covid-19,
dois dos quais foram detec-
tados na Cidade da China,
um centro comercial de Lu-
anda, localizado no município
de Viana.
De acordo com o secretário
de Estado para a Saúde Pública,
em função disso, o estabele-
cimento comercial, com cerca
de 300 lojas, estará a partir de
hoje sob cerca sanitária.
Em conferência de imprensa
sobre a evolução da Covid-19,
Franco Mufinda afirmou que
os dois casos registados naquele
estabelecimento comercial
são de cidadãos chineses. Pre-
cisou que todos os casos foram
registados na província de
MERCADOS DA CIDADE DO UÍGE
Vendedores desrespeitam medidas de prevenção
António Capitão | Uíge
O incumprimento do uso de
máscaras por parte dos ven-
dedores dos principais mer-
cados da cidade do Uíge está
a preocupar as autoridades
locais.
O governador provincial,
Sérgio Luther Rescova, acom-
panhado de membros do
Grupo Técnico Provincial de
Combate à Covid-19, visitou
estes espaços e não ficou satis-
feito com o que viu.
No mercado da Feira, cons-
tatou que, há duas semanas,
os dois furos artesianos para
abastecer água deixaram de
NÚMERO DE INFECTADOS SOBE PARA749
Luanda, sendo as localidades
mais afectadas Viana, Belas,
Ingombota, Samba, Rangel,
Cacuaco e Talatona.
Com os dados registados
nas últimas 24 horas, o nú-
mero de casos confirmados
sobe para 749, sendo 29 óbitos,
221 pacientes recuperados e
499 activos.
Franco Mufinda informou
que dos casos registados on-
tem, 26 são do sexo mascu-
lino e 18 são mulheres, com
idades compreendidas entre
16 e 74 anos.
Segundo o secretário de
Estado, dos 499 casos activos,
15 continuam em estado crí-
tico com tratamento de ven-
tilação mecânica invasiva,
três têm necessidade de he-
modiálise e um de oxigeno-
terapia. O secretário de Estado
apelou à população para evi-
tar a permanência em mer-
funcionar, deixando o local
com problemas de higieni-
zação e sem pontos de lavagem
das mãos. Luther Rescova foi
informado pelo responsável
pela gestão do espaço que,
nos dias de funcionamento
do mercado, muitos vende-
dores não usam as máscaras
faciais, nem obedecem a dis-
tância mínima entre as pes-
soas, conforme recomendam
as autoridades sanitárias.
“A nossa autoridade sobre
as pessoas é questionada,
porque os serviços de fisca-
lização da Administração
Municipal e agentes da Polícia
Nacional se fazem presentes
cados, paragens de táxi e
outros locais onde há aglo-
merados de pessoas.
Realçou que as medidas de
prevenção devem incluir o uso
obrigatório da máscara, lava-
gem constante das mãos com
água e sabão, uso de álcool-
gel para desinfecção e a não
violação da cerca sanitária.
O Centro Integrado de Se-
gurança Pública (CISP) rece-
beu ontem 72 chamadas,
incluindo 64 pedidos de infor-
mação sobre a Covid-19.
Franco Mufinda disse que
nas últimas 24 horas foram
processadas 341 amostras em
biologia molecular, das quais
44 reputaram positivas.
Das 48.486 amostras em
biologia molecular proces-
sadas até ontem, disse, 749
foram positivas e 47.737 nega-
tivas. No segmento da testa-
gem rápida serológica, nas
com frequência. Os vende-
dores não usam máscaras,
não respeitam o distancia-
mento físico entre as pessoas,
porque não há quem os res-
ponsabiliza judicial ou admi-
nistrativamente”, frisou.
Situação idêntica foi veri-
ficada nas praças do bairro
Candombe-Velho, Litoy e no
mercado municipal, onde tam-
bém o lixo não é removido.
A vice-governadora para
o sector Político, Social e Eco-
nómico, Catarina Pedro Do-
mingos, sublinhou que, da
avaliação feita, foi possível
constatar que existe muito tra-
balho, que deve ser feito com
JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO
TESTAGEM É FEITA HOJE
Identificados seis casos
suspeitos no Cuanza-Norte
Isidoro Natalício
Técnicos do Gabinete Pro-
vincial do Cuanza-Norte da
Saúde recolhem hoje as amos-
tras para testes de biologia
molecular de seis cidadãos
suspeitos da Covid-19, na se-
quência de testes rápidos efec-
tuados a algumas localidades
da província.
Segundo a directora do Gabi-
nete Provincial, Filomena Wil-
son, os casos suspeitos foram
identificados ontem, sendo
quatro no município do Golun-
go-Alto, um no Lucala e outro
em Ndalatando, sede do muni-
cípio de Cazengo. Por falta de
condições na província, as pro-
vas são enviadas para labora-
tórios em Luanda.
Os suspeitos ficam em
quarentena domiciliar, ins-
titucional ou sob cerca sani-
NZETO
Hospital de campanha
vai ser erguido em 40 dias
Fernando Neto | Nzeto
As obras de construção do
hospital de campanha para
atender eventuais casos da
Covid-19, na província do Zaire,
arrancaram há uma semana,
Todos os casos no município do Nzeto.
reportados ontem O governador da província,
foram registados na Pedro Makita, esteve no local
província de para constatar o andamento
Luanda das obras, que deverão estar
concluídas em quarenta dias.
No final da visita, a vice-
últimas 24 horas foram testadas governadora para o sector
254 pessoas. Deste número, Técnico e Infra-estruturas,
oito foram reactivas, o que sig- Ângela Diogo, disse que o
nifica que 3,1 em cada 100 pes- futuro hospital, que está a ser
soas rastreadas estiveram erguido numa área de 2.250
expostas ao SARS-Cov-2. metros quadrados, vai contar
De acordo com o secretário com 80 camas, dez das quais
de Estado,até ontem 22.621 para unidade de cuidados
cidadãos foram submetidos à intensivos.
testagem rápida, tendo-se regis- De acordo com a vice-go-
tado 1.044 casos reactivos. Isto vernadora, o cronograma de
pressupõe que 4,6 em cada 100 execução das obras está divi-
pessoas rastreadas estariam dido em duas fases. Os pri-
expostas ao vírus. meiros 25 dias, disse, con-
Em quarenta institucional sistem na construção da base
estão 942 cidadãos e 3.832 estão de betão e os restantes 15
sob vigilância sanitária. deverão ser dedicados à ins-
carácter de urgência. “Esta situa-
ção é uma enorme preocupação
do governo da província. Apesar
das condições em que os mer-
cados se encontram, é possível,
com a colaboração e entrega
dos responsáveis pela gestão
dos recintos, da Administra-
ção Municipal e do Grupo Téc-
nico Provincial de Combate à
Covid-19, diminuir os efeitos
negativos”, sublinhou.
Quanto ao estado das infra-
estruturas dos mercados da
cidade do Uíge, Catarina Domin-
gos disse não existir ainda um
programa para a requalificação,
tendo em conta a exiguidade
de recursos financeiros. Governador da província do Uíge efectua visita a mercados
Terça-feira
21 de Julho de 2020
tária até se obter os resul-
tados dos testes. Recente-
mente, a ministra da Saúde,
Sílvia Lutucuta, disse que o
prazo para a obtenção do
desfecho da testagem pode
durar até 20 dias.
Para algumas pessoas que
estiveram perto de 21 dias em
cordão sanitário, a demora é
grande para quem vive num
período de grande expectativa.
“Quase que a pessoa não come,
muito má disposição e às vezes
alguma insónia por se pensar
num eventual resultado posi-
tivo”, disse um morador da rua
dos Índios.
Albano Fula, que esteve sob
cerca sanitária no Sambizanga,
sublinhou que outro problema
que se coloca num confinamento
é o stress, por se ficar num sítio
sem fazer o que mais se gosta
e a que se está habituado.
talação da estrutura metálica,
seguindo-se a montagem dos
equipamentos.
“As obras decorrem a bom
ritmo. Nesta fase está a ser exe-
cutada a estrutura de base para
instalação da nave principal
do edifício hospitalar”, disse.
Explicou que as obras de-
viam arrancar na primeira
quinzena de Junho, mas o
local escolhido inicialmente
está desprovido de forneci-
mento de energia e água potá-
vel, razão pela qual teve que
se optar por outra área, que
era um campo de futebol, no
bairro Kitona.
Esta situação fez com que
as obras arrancassem com
um certo atraso. “Para o arran-
que das obras tínhamos que
ter a certeza de que todas as
condições estão reunidas,
para evitar constrangimentos
que obrigassem à paralisação.
Não podemos pensar numa
unidade hospitalar com serviços
de especialidade, como a
hemodiálise, a funcionar ape-
nas com fonte de energia alter-
nativa e sem água”, justificou.
ANTÓNIO CAPITÃO | UÍGE | EDIÇÕES NOVEMBRO
DESTAQUE Terça-feira
21 de Julho de 2020 5

DR
BAÍA FARTA
MEDIDAS DE PREVENÇÃO
Desobediência leva ao
Pessoas reactivas devem encerramento de templo
DR

evitar novas infecções

Sampaio Júnior | Benguela

A Direcção Municipal da Cultura

O especialista em biologia molecular, Euclides Sacomboio, adverte que quem
voltar a ser infectado pelo vírus poderá desenvolver um quadro clínico mais grave
As pessoas infectadas pela
Covid-19, e que depois se
livraram do vírus através do
sistema imunológico (IGG),
devem reforçar as medidas
de prevenção e “não pensa-
rem que são imunes à doença
para sempre”, porque podem
voltar a contraí-lo com danos
maiores, alertou o especialista
em biologia molecular, Eucli-
des Sacomboio.
Em declarações à Angop,
a próposito da campanha mas-
siva de testagem rápida alea-
tória que decorre no país,
Euclides Sacomboio advertiu
que quem voltar a ser infectado
pelo vírus poderá desenvolver
um quadro clínico grave.
“Ao longo do tempo, o vírus
Sars-Cov-2 sofre mutações.
Muda o material genético e as
caracteristicas fisio-patológicas,
desenvolvendo mecanismos
mais graves da doença ao voltar
a infectar pessoas que já esta-
vam curadas”, justificou.
Para estas pessoas, explica,
a imunidade tem um tempo
de duração, pelo que podem
ser reinfectadas. “Por isso,
quem já entrou em contacto
com o vírus Sars-Cov-2 e
expressou a imunidade (casos
NAMIBE
Médicos acompanham
caso suspeito com malária
Manuel de Sousa | Moçâmedes
A paciente de 22 anos de idade
que deu entrada no Hospital
Provincial Ngola Kimbanda, no
dia 13, com malária complicada,
e que testou hemoglobina M
reactiva à Covid-19, continua
sob cuidados médicos.
A paciente chegou à cidade
de Moçâmedes em Março, prove-
niente da capital do país. Há 10
dias, apresentou-se na instituição
hospitalar com um quadro clínico
reactivos) deve reforçar as
medidas de prevenção, no
sentido de evitar novas infec-
ções”, disse.
Apontou, por outro lado, a
contínua convivência com as
doenças respiratórias como o
ébola, a febre-amarela e as
vacinas que as pessoas apa-
nharam ao longo do tempo,
como principais razões da
resistência do sistema imu-
nológico dos angolanos à
Covid-19.
Para as pessoas que ainda
não foram infectadas pela Covid-
19, Euclides Sacomboio apela
a manterem os cuidados de pro-
tecção individuais e colectivas,
para evitar o máximo o contacto
com o vírus, porque nem todos
os indivíduos têm um sistema
imunitário protegido.
Testes rápidos definem
estratégias de prevenção
Segundo Euclides Sacomboio,
a testagem em massa é de
extrema importância, por per-
mitir aferir a real situação da
circulação do vírus nas comu-
nidades, com maior foco em
Luanda, onde está concentrado
o grosso dos infectados.
O especialista afirma que
de malária complicada, alta para-
sitenia e anemias severas.
Quatro dias depois e devido
a persistência de febres altas,
a direcção do hospital optou
por fazer a testagem rápida da
Covid-19, tendo como resultado
a hemonoglobina M reactiva,
de acordo com o chefe do Gabi-
nete Provincial da Saúde do
Namibe e porta-voz da Comis-
são Multissectorial local para
a Prevenção e Combate à Pan-
demia, Coríntios Miguel.
os resultados da testagem
rápida mostram que algumas
pessoas têm habilidades para
lutar contra o vírus e não
desenvolver um quadro infec-
cioso grave.
Sublinhou que esses resul-
tados dão a conhecer que o
vírus já está a circular nas comu-
nidades há muito tempo e pre-
sume-se que muitas pessoas
estejam infectadas e a transmitir
a doença, podendo alastrar a
cadeia de trasnmissão e o qua-
dro clínico de pacientes com
outras patologias crónicas.
Por isso, avançou a neces-
sidade de se testar um número
considerável de pessoas, para
que se tenha uma visão real
da situação epidemiológica
do país e permitir traçar polí-
ticas mais eficazes, para pre-
venir e combater a pandemia.
Apesar dessas vantagens,
referiu que o teste rápido peca
pelo facto de o seu resultado
ser “provisório-probabilístico”
e dependente dos exames de
biologia molecular RT-PCR
ou Genexpert, que garantem
a certeza no diagnóstico da
Covid-19.
A título de exemplo, se o
teste rápido ser feito no início
“Uma vez reactiva, acciona-
mos de imediato todas as medi-
das epidemiológicas que se
impõem nesta condição, iso-
lamo-la no centro de tratamento
escolhido para o manuseamento
de casos suspeitos da Covid-19
a nível da província”.
Coríntios Miguel disse que
as amostras foram enviadas
a Luanda aguardando-se pelo
resultado.
A doente continua sob cui-
dados médicos, não na pers-
pectiva da Covid-19, mas na
melhoria do quadro clínico de
malária complicada, alta para-
sitenia e anemia severa.
Estão também a ser rastrea-
dos todos os contactos mais pró-
ximos da doente, familiares,
amigos, vizinhos e outros,
enquanto se aguarda pelos resul-
da infecção raramente se con-
segue detectar o vírus no orga-
n i s m o , m o st ra n d o u m
resultado negativo, enquanto
os exames de RT-PCR e o
Genexpert analisam as par-
tículas do vírus na fase inicial
da doença.
“Os exames de RT-PCR e
Genexpert tem uma missão
específica de avaliar as partí-
culas do vírus, enquanto o teste
rápido serológico avalia apenas
a reacção do organismo em
relação ao vírus”, explicou.
A campanha de testagem
rápida nas comunidades visa
avaliar o quadro epidemioló-
gico do país e já abrangeu cerca
de 22 mil pessoas, das quais
1.005 expressaram a proba-
bilidade de terem entrado em
contacto com o vírus (IGG,
IGM e IGM-IGG).
As pessoas com resultado
IGG expressaram que já eli-
minaram o vírus do organismo,
através do sistema imunoló-
gico. Os cidadãos com resul-
tados IGM demonstraram que
ainda estão na fase activa da
doença e os que resultaram
IGM-IGG mostraram que estão
na fase de transição entre a
infecção e a possível cura.
tados a partir do Instituito Nacio-
nal de Investigação de Saúde.
O responsável apela à popu-
lação para manter a calma e
evitar o pânico, cumprindo
rigorosamente com as medidas
de biossegurança. “É preocu-
pação de todos sensibilizar as
nossas comunidades no sen-
tido de cumprir com as medidas
de prevenção para se evitar
males maiores”.
A província do Namibe rece-
beu, recentemente, mil testes
rápidos da Covid-19.
O chefe do Gabinete Provincial
da Saúde e porta-voz da Comis-
são Multisssectotial para Pre-
venção e Combate à Pandemia
da Covid-19, Coríntios Miguel,
fez saber que os testes rápidos
já foram distribuídos aos hospitais
dos cinco municípios.
na Baía Farta, província de Ben-
guela, encerrou, no domingo,
um templo da Missão Cristã
Evangélica por desrespeito às
medidas de biossegurança
durante os cultos.
De acordo com o director
municipal da Cultura, Simão
Paulo, foram registadas no templo
Arca de Noé irregularidades que
põe em risco a vida dos crentes.
“Nesta igreja não estão reunidas
as condições para a observância
do distanciamento, o espaço é
pequeno e nas circunstâncias
actuais só pode acolher oito
pessoas no interior”, disse.
O que se tem constatado,
sublinhou, é um número exa-
gerado de fiéis no interior da
capela e as autoridades não
tiveram outra saída senão o
encerramento imediato. “Foram
cumpridas todas as formalida-
des legais para o encerramento
da igreja e se houver incumpri-
mento das ordens seremos obri-
gados a levar os infractores à
barra do tribunal”, referiu.
Feirantes agridem
Fiscais que se encontravam em
serviço num dos mercados
informais, na cidade de Ben-
guela, foram agredidos, ontem,
por vendedores.
ENSINO SUPERIOR PRIVADO
Professores correm risco
de ficar no desemprego
Mais de13 mil trabalhadores,
entre professores e pessoal
administrativo de instituições
do Ensino Superior privado e
público-privado correm o risco
de ficarem desempregados
devido à crise provocada pela
pandemia da Covid-19.
Um comunicado da Asso-
ciação de Instituições Priva-
das do Ensino Superior indica
que mais de 57 instituições
privadas sentem forçados a
suspender, nos termos da
Lei Geral do Trabalho, o vín-
culo laboral com funcionários
e manter, enquanto for pos-
sível, um mínimo de traba-
lhadores apenas para ques-
tões administrativas.
A decisão saiu de uma reu-
nião da Assembleia-Geral da
AIESPA, realizada no dia 14
deste mês, na sequência do
Decreto Executivo Conjunto
número 201/20, de 9 de Julho,
dos Ministérios da Adminis-
tração Pública, Trabalho e
Segurança Social, Ensino
Ensino privado afectado pela crise causada pela pandemia
Igrejas aconselhadas a
respeitarem as medidas
O regedor da Zona-E, João
Vasco, lembrou que no âmbito
das medidas de Calamidade
Pública, são proibidas as vendas
nos mercados, à segunda-feira,
mas a população insiste em
violar as normas estabelecidas.
Em função disso, os fiscais
foram indicados para sensibi-
lizar os vendedores no sentido
de suspenderem a actividade
comercial, mas estes partiram
para agressões, acrescentando
que o pior não aconteceu graças
à intervenção da Polícia.
Superior, Ciências Tecnologia
e Inovação e da Educação,
que suspende as aulas do
Ensino Geral e Privado por
causa da pandemia da Covid-
19 que assola o país e o mundo.
O comunicado refere ainda
que as instituições privadas
do Ensino Superior estão des-
providas das suas únicas fon-
tes de financiamento ou
rendimento (as fracções men-
sais das propinas) e que até
ao momento não receberam
nenhuma resposta concreta
do Estado para as propostas
avançadas, tendentes para
esbater os impactos negativos
resultantes da pandemia.
No comunicado, a direc-
ção da AIESPA refere ainda
que com esta decisão, pre-
tende-se evitar acumular
dívidas, sem que a curto
prazo se vislumbrem soluções
tendentes ao início das acti-
vidades lectivas e académi-
cas, através da utilização de
metodologias alternativas.
KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO
6 DESTAQUE
ALERTA
Sudão enfrenta
fome severa
potenciada
pela pandemia
Quase 10 milhões de su-
daneses estão a enfrentar
uma fome severa, depois
da situação ter piorado
por causa da pandemia
da Covid-19, num país que
precisa de pelo menos 283
milhões de dólares para
recuperar, alertou ontem
a ONU.
"Mais de 9,6 milhões de
pessoas, quase um quarto
da população do Sudão,
estão a enfrentar fome
severa, o maior número já
registado no país", disse o
número dois do gabinete
das Nações Unidas no Sudão,
Tinago Chikoto, numa entre-
vista colectiva virtual.
O coordenador huma-
nitário das Nações Unidas
no país, Gwi Yeop Son, expli-
cou, na mesma conferência,
que parte crescente da
população sudanesa já
tinha problemas para cobrir
as suas necessidades bási-
cas antes da pandemia e
o sistema de saúde estava
sob pressão "extrema".
O impacto do corona-
vírus e o consequente en-
cerramento de parte da
actividade económica pio-
raram a crise existente num
país onde apenas 15% dos
medicamentos essenciais
estão disponíveis, afec-
tando o poder de compra
dos sudaneses e o acesso
a alimentos ou serviços
médicos.
Assim, segundo a Orga-
nização das Nações Unidas,
o país precisa urgente-
mente de 283 milhões de
dólares para salvar cerca
de 6,7 milhões de vidas
afectadas pela Covid-19 e
apoiar o plano do Governo
de Abdallá Hamdok, disse
Son no evento, com o objec-
tivo de disseminar infor-
mações adicionais sobre
o país e apelar por um plano
de resposta para o Sudão.
"Se o Sudão não estiver
seguro, ninguém mais na
região estará seguro e se
ninguém mais estiver se-
guro, o continente afri-
cano não estará seguro",
alertou o chefe humani-
tário da ONU.
Desde que o primeiro
caso de coronavírus foi
registado no país, em 13
de Março passado, já ocor-
reram 10.821 casos e 723
mortes. Cerca de 70% das
infecções foram notifica-
das em Cartum, lembrou
a directora-geral de Saúde
Global do Ministério da
Saúde, Amal al Fateh, no
seu discurso.
Pouco antes da propa-
gação da pandemia, o
chefe humanitário das Na-
ções Unidas, Mark Low-
cock, já tinha alertado, em
declarações à Efe, que o
Sudão era o segundo país
mais inseguro em alimen-
tos do mundo depois do
Iémen, com mais de 8 mi-
lhões afectados.
Um número considerável
de cidadãos africanos em
Portugal foram obrigados a
submeter-se à condição de
novos sem-abrigo devido à
crise económica gerada pela
pandemia. Para sobrevive-
rem, contam com apoios
financeiros e sociais de pes-
soas de boa vontade.
Sebastião, nome fictício,
é um homem de poucas pala-
vras. Pede o anonimato, por-
que se recusa a mostrar o
rosto. O angolano, natural de
Luanda, dorme debaixo de
um prédio em Almada, há
mais de duas semanas e em
condições desumanas.
Com o fim da relação con-
jugal, há cerca de dois anos,
ficou sem tecto. Conta que o
surto do novo coronavírus
agravou ainda mais as possi-
bilidades de arranjar trabalho
e casa para retomar a vida.
"Trabalhava como pedreiro
no Barreiro. Tinha uma casa
do rés do chão com uma pes-
soa, mas depois nos separamos.
Talvez vou começar a contactar
as instituições de caridade
para arranjar um lugar aí para
estar," relata.
Este sem-abrigo vive na
incerteza de dias melhores,
recebendo ajuda de pessoas
de boa vontade que lhe ofere-
cem, sobretudo, comida. Como
ele, há vários casos de africanos
que perderam a casa, em con-
sequência do surto da pande-
mia, que obrigou o Governo a
fechar a economia.
Confirma isso Manuel Grilo,
vereador dos Direitos Sociais
e de Educação na Câmara Mu-
nicipal de Lisboa.
"Estão nesta situação mui-
tos africanos, em particular
aqueles que trabalhavam na
área do Turismo. Para estas
pessoas que agora chegaram
às ruas – já havia muitas na
rua na cidade de Lisboa –
foi necessário encontrar
novas respostas para além
daquelas que todos os dias,
todos os anos, a Santa Casa
da Misericórdia e a Câmara
Municipal de Lisboa têm para
elas," argumenta.
Entre outras medidas,
acrescenta o político, foram
mobilizados espaços de aco-
lhimento em Lisboa, garan-
NÚMEROS OFICIAIS DIVULGADOS ONTEM
África do Sul ultrapassa barreira
dos cinco mil mortos pela Covid-19
A África do Sul, o país mais
afectado pela pandemia da
Covid-19 no continente afri-
cano, ultrapassou a barreira
dos cinco mil mortos, segundo
os números oficiais divul-
gados ontem.
O país registou, no espaço
de 24 horas, 85 novas mortes
relacionadas com o novo coro-
navírus, elevando o número
de mortes para 5.033 desde
o início da doença.
Um total de 13.449 novos
casos de infecção foram tam-
bém oficialmente diagnos-
ticados num só dia, elevando
o número total de casos para
364.328, de acordo com os
dados divulgados pelo Minis-
tério da Saúde.
Até à data, a África do Sul
é o quinto país do mundo mais
afectado pela pandemia em
Africanos em Portugal
são os novos sem-abrigo
As pessoas nessa condição vivem na incerteza
de dias melhores, recebendo ajuda de pessoas de boa
vontade que lhe oferecem, sobretudo, comida
tida alimentação e cuidados
médico-sanitários, bem
como rastreio a 220 pessoas
em situação de sem-abrigo.
Acolher quem não tem tecto
A maior parte dos que fica-
ram sem casa devido a fac-
tores de ordem económica
evita expor-se ao público
falando com os jornalistas.
Quem não teve receio de
falar foi Joaquim Teixeira,
outro sem-abrigo angolano
reformado, acolhido no lar
da Pousada da Juventude,
no Parque das Nações, onde
recebe toda a assistência
necessária."Por causa desse
vírus, vim cá parar. Trou-
xeram-me. Estava a viver
ao lado do Parlamento, ali
no Rato, na rua, debaixo dos
prédios. Não era fácil. Aqui,
sinto-me bem. Não nos falha
nada. Temos tudo aqui, gra-
ças a Deus," afirma.
O moçambicano Gabriel
Maranho, também albergado
na Pousada da Juventude,
não sabe o que é ter casa pró-
pria por razões financeiras.
número de casos confirmados,
segundo a Organização Mun-
dial de Saúde (OMS).
O ministro da Saúde da
África do Sul, Zweli Mkhize,
pediu às pessoas para res-
peitarem o distanciamento
social, afirmando-se "muito
preocupado" com o laxismo
observado, numa altura em
que as contaminações estão
a aumentar muito.
"O Governo mobilizou
todos os recursos" para com-
bater a pandemia, disse num
comunicado divulgado no
sábado.
E advertiu: "Mas o Governo
não pode gerir isto unilate-
ralmente. Vemos que o dis-
tanciamento físico é pouco
ou nada respeitado. O uso de
máscaras é abandonado ou
as máscaras são mal colocadas.
PANDEMIA DA COVID-19
Sempre viveu para as comu-
nidades. Com o surto da
Covid-19, ficou sem apoio
social, porque as instituições
estavam fechadas. Nem
beneficiou de qualquer apoio
da segurança social.
"Porque nunca tive des-
contos. Já recebi o rendi-
mento de reinserção social.
Foi na altura que estava a
viver na rua, antes de entrar
na comunidade e como não
dei baixa a coisa ficou assim.
Eles cortam logo. A base
principal de muitas pessoas
sem-abrigo é não terem tra-
balho. A gente está aqui
dependente das propostas
que eles têm de trabalho,
mesmo casa também eles
dão. Conheço muita gente
que já teve apoios de casa e
estão a viver nelas há bas-
tante tempo," relata.
Estes sem-abrigo, tam-
bém apoiados pela Santa
Casa da Misericórdia de Lis-
boa, foram retirados da rua
por indicação do Presidente
da República Portuguesa,
Marcelo Rebelo de Sousa.
Isto terá um impacto directo
sobre o número (de casos)
nas próximas semanas".
O pico da pandemia é espe-
rado nas próximas semanas
no país e o ministro salientou
que a capacidade de "quebrar
o ciclo da infecção" depende
da vontade de os sul-africanos
se manterem "concentrados
e disciplinados".
As autoridades tinham
imposto em finais de Março
um confinamento rigoroso,
mas as medidas têm sido gra-
dualmente flexibilizadas para
evitar um colapso da econo-
mia da principal potência
industrial do continente.
Desde o final de Dezembro,
a Covid-19 já causou mais de
600 mil mortes em todo o
mundo, de acordo com um
balanço da AFP.
Ainda está em fase de estudo
se serão atribuídas casas a
estes cidadãos.
De acordo com Manuel
Grilo, a Câmara Municipal
de Lisboa tem desenhado
um programa que visa, sem-
pre que possível, arrendar
casas na cidade, financiando
associações.
"Estas associações vão ao
mercado arrendar casas no
tecido urbano consolidado
e isto é fundamental e depois
são apoiadas por técnicos
sociais dessas instituições
no sentido da sua autono-
mização completa; isto é, no
sentido de garantir empre-
gabilidade a estas pessoas,
terem acesso também às
prestações sociais que lhes
forem devidas e também pro-
porcionar o contacto do Ser-
viço Nacional de Saúde para
resolver eventuais problemas
de saúde," enumera.
Instituições como a Santa
Casa da Misericórdia de Lis-
boa também têm estendido
as mãos a cidadãos em situa-
ção de fragilidade, entre os
Encerramento das escolas
Os cinco principais sindicatos
de professores da África do Sul
pediram o encerramento ime-
diato de todas as escolas, numa
altura em que os casos de coro-
navírus continuam a aumentar.
Os sindicatos querem ver
aplicada a medida até ao final
do mês de Agosto, altura em
que se prevê, numa visão mais
optimista, o pico da pande-
mia, conforme escreve o jor-
nal “Sunday Times” na sua
última edição.
No dia 1 de Junho, os alunos
das sétima e décima segunda
classes retornaram às aulas,
mas, alguns dias depois, mui-
tos estabelecimentos de ensino
foram forçados a encerrar por
não apresentarem as condi-
ções exigidas pelo Departa-
mento de Saúde, concernente
as medidas preventivas contra
a pandemia.
Sem muitos detalhes, o
Departamento de Educa-
ção dá conta de que vários
alunos foram contaminados,
Terça-feira
21 de Julho de 2020
que carecem de apoio social.
Um dos beneficiários da
assistência da Santa Casa é
Moussa Baldé, que há já mui-
tos anos trabalha na cons-
trução civil como armador
de ferro. Quando deixou Cas-
telo Branco, veio para Lisboa
e não tinha onde morar.
"Quando cheguei, encon-
trar um sítio, a casa, sobre-
tudo aqui em Lisboa que é
bocadinho difícil; e se encon-
tras também é um bocadinho
caro. Não tinha praticamente
sítio nenhum. Fui logo aten-
dido, me orientaram e, a par-
tir dali, começaram a dar um
apoio todos os meses. Agora,
com a orientação deles, estou
num albergue em Beato. Ao
menos se pode dormir. E mui-
tas vezes também dão refei-
ções," garante.
O imigrante guineense, em
processo de legalização, reco-
nhece que, depois de ter estado
nas ruas da amargura, esta
tem sido "uma ajuda muito
útil" da Santa Casa, porque a
actual situação económica
por causa da pandemia não
deixa muitas alternativas.
"Cada vez está a ser mais
complicado. Porque não sou
só eu, em particular, mas vejo
muita gente que está em situa-
ção difícil. Alguns estão desem-
pregados. Não têm dinheiro
nem para pagar a casa. Inclu-
sive, há gente que está na rua,
porque é fácil falar com qual-
quer pessoa que diz: ‘olha,
agora o meu refúgio é a Santa
Casa," conclui.
Contactada pela DW África,
a Santa Casa da Misericórdia
de Lisboa confirma o apoio
que presta aos mais vulne-
ráveis, incluindo pessoas que
procuram a instituição em
situação de sufoco quando
perdem a casa.
A pandemia da Covid-
19 levou a instituição a refor-
çar as suas respostas sociais
às pessoas em situação de
sem-abrigo em Lisboa. A
Santa Casa intensificou tam-
bém os apoios financeiros
para salvaguardar as neces-
sidades de subsistência e de
habitação da população sem-
abrigo, apoios esses que são
renovados automaticamente
a cada três meses.
enquanto que diversos pro-
fessores perderam a vida após
contraírem o vírus.
A ministra da Educação
Básica, Angie Motshekga,
encontra-se sob grande pres-
são, com os sindicalistas a pedi-
rem de si propostas que visam
preservar a vida das crianças.
No dia 8 de Julho, os alunos
dos demais níveis de ensino
de base retornaram igual-
mente às aulas.
A ministra Motshekga foi
convidada, no final de semana,
a pontualizar o Parlamento so-
bre a situação actual do depar-
tamento que dirige.
Na ocasião, a ministra infor-
mou que "cerca de 16 mil pro-
fessorespossuemcomorbidad
es, colocando-os em maior
risco, caso venham a contrair
a Covid-19".
Aguarda-se por um pro-
nunciamento oficial, após a
realização, no dia 18, de uma
reunião do Conselho de Minis-
tros da Educação.
DESTAQUE Terça-feira
21 de Julho de 2020
COMBATE À COVID-19
Rússia
anuncia “êxito”
nas provas
clínicas
de vacina
O Ministério russo da
Defesa anunciou ontem
ter concluído com “êxito”
a fase de provas clínicas de
uma vacina contra a
Covid-19, realizada em
conjunto com o Centro
Nacional de Epidemiologia
e Microbiologia Gamaleya
“Na manhã do dia 20 de Julho
(ontem), o segundo grupo de
voluntários recebeu alta”, afir-
mou o Ministério da Defesa atra-
vés de um comunicado referindo
que as provas clínicas foram
executadas no Hospital Militar
Central Burdenko, Moscovo.
A mesma nota indica que
“os resultados das análises
mostram de forma inequívoca
que todos os voluntários desen-
volveram uma resposta imu-
nitária, como resultado da
vacina”. De acordo com o
Ministério, a vacina não pro-
vocou “complicações” ou
CHINA
Surto no Noroeste chega à cidade de Xinjiang
O mais recente surto do novo
coronavírus na China alastrou
para a segunda maior cidade
da região autónoma de Xin-
jiang, no extremo Noroeste
do país, revelaram, ontem, as
autoridades. Um dos 17 novos
casos anunciados ontem foi
diagnosticado na cidade his-
tórica de Kashgar, detalhou
o governo regional.
Os restantes casos foram
diagnosticados em Urumqi,
a capital da região, onde todas
as outras infecções foram con-
tabilizadas desde o início do
surto, na semana passada.
As autoridades de Urumqi
aprovaram medidas de pre-
venção, como suspender o
metropolitano local e cance-
lamento de centenas de voos.
Xinjiang é uma região vasta,
de montanhas e desertos, com
baixa densidade populacional,
ocupando uma área quase 18
vezes superior à de Portugal.
A região não foi afectada
durante o pico do surto na
China, nos meses de Fevereiro
e Março. A China também
revelou, hoje, que 5.370 pes-
Os voluntários foram vacinados no dia 23 de
Junho sendo que no próximo dia 4 de Agosto
vão ser submetidos a uma série de novas
análises de controlo para confirmação dos
resultados e inocuidade da vacina
“reacções indesejadas”. Os
voluntários foram vacinados
no dia 23 de Junho sendo que
no próximo dia 4 de Agosto
vão ser submetidos a uma série
de novas análises de controlo
para confirmação dos resul-
tados e inocuidade da vacina.
soas foram presas por crimes
relacionados com o surto,
entre Janeiro e Junho. Mais
de 40 por cento foram acu-
sadas de fraude, anunciaram
as autoridades. Outros 15 por
cento foram acusados de obs-
O Ministério da Defesa
sublinhou que as provas clí-
nicas da vacina foram reali-
zadas “em concordância com
a metodologia científica e com
a legislação em vigor, sem
encurtar os prazos da inves-
tigação para que sejam evitados
DR
trução na aplicação da lei e
outros de produzir e vender
mercadorias falsas e de má
qualidade, perturbar a ordem
pública e transportar e vender
espécies ameaçadas de extin-
ção.A China aprovou nova
DR
os riscos posteriores”.
De acordo com os dados
oficiais, na Rússia morreram
12.300 pessoas da Covid-19 e
registaram-se 777 mil casos
de infecção. A pandemia da
Covid-19 já provocou mais de
601 mil mortos e infectou mais
de 14,3 milhões de pessoas em
196 países e territórios, segundo
um balanço feito pela agência
de notícias France-Press.
A doença é transmitida por
um novo coronavírus detec-
tado no final de Dezembro,
em Wuhan, uma cidade do
centro da China.
legislação para proteger ani-
mais selvagens após o surto,
que pode ter tido origem em
morcegos antes de contagiar
seres humanos, por meio de
uma espécie intermediária,
possivelmente o pangolim.
De acordo com os dados
oficiais, desde o início da epi-
demia, a China registou 83.682
infectados e 4.634 mortos
devido à Covid-19, a doença
causada pelo novo coronavírus
(SARS-CoV-2).
A pandemia de Covid-19
já provocou mais de 601 mil
mortos e infectou mais de 14,3
milhões de pessoas em 196
países e territórios, segundo
um balanço feito pela agência
de notícias France-Press
(AFP). A doença é transmitida
por um novo coronavírus
detectado no final de Dezem-
bro, em Wuhan, uma cidade
do centro da China.
Depois de a Europa ter
sucedido à China como centro
da pandemia em Fevereiro,
o continente americano é
agora o que tem mais casos
confirmados e mais mortes.
CASO AS VACINAS SEJAM EFICAZES
Governo britânico assegura
compra de 90 milhões de doses
O Governo britânico já celebrou
acordos com três farmacêuticas
distintas para garantir o acesso
a cerca de 90 milhões de doses
de vacina contra a Covid-19,
caso estas provem ser eficazes.
De acordo com a Sky News,
o primeiro contrato para 30
milhões de doses foi assinado
com as empresas BioNTech e
Pfizer, cujo desenvolvimento
de um tratamento contra o novo
vírus já se encontra na segunda
fase de testes.
A segunda parceria foi esta-
belecida com a Valneva, com
vista a 60 milhões de doses de
vacina, tendo sido assegurada
a possibilidade da aquisição
de mais 40 milhões de unidades.
Por fim, o terceiro acordo foi
celebrado com a AstraZeneca,
BÉLGICA
Doze pessoas da mesma
família estão infectadas
A 5 de Julho,Liliane Feys e Hen-
drik Vandromme celebraram os
50 anos de casados. Depois de
uma pequena cerimónia, a festa,
com toda a família, decorreu
num restaurante de Ledegem,
uma vila belga com pouco mais
de nove mil habitantes, situada
na zona flamenga do país.
No dia seguinte, o casal, de
71 e 74 anos, seguiu para os
Países Baixos, onde passou uma
semana numa espécie de
segunda lua-de-mel.
As más notícias iam surgir
já no final das férias. Liliane
começou a sentir-se mal. “No
sábado, a minha mulher come-
çou a ter dores-de-cabeça, tinha
38 de febre”, contou Hendrik
ao jornal Het Laatste Nieuws,
citado pelo La Libre Belgique.
O diagnóstico não tardou.
Liliane tinha Covid-19. Perante
a notícia, toda a família foi fazer
o teste para saber se também
estava infectada. Onze outros
familiares testaram positivo ao
novo coronavírus.
LUTA CONTRA A PANDEMIA
Um leilão solidário de uma
camisola da Juventus auto-
grafada pelo futebolista por-
tuguês Cristiano Ronaldo
rendeu 3520 euros na luta con-
tra a pandemia da Covid-19,
anunciaram, ontem, os orga-
nizadores do evento.
O leilão, promovido pelo
Fundo Emergência abem:
Covid-19, um movimento soli-
dário criado pela Associação
Dignitude, terminou em 6 de
7
que garante um milhão de doses
de um tratamento que neutraliza
anticorpos do novo coronavírus,
um medicamento destinado a
proteger aqueles que não podem
ser vacinados. Estes três acordos
significam que a Inglaterra, Escó-
cia, o País de Gales e a Irlanda
do Norte terão vacinas suficientes
para administrar a toda a popu-
lação que pertença a grupos de
risco ou prioritários (profissionais
de saúde).
“A actuação do Governo em
investir já em pacotes de vacinas
é uma decisão acertada, para
que assim tenhamos várias
opções”, considerou, esta se-
gunda-feira, o secretário de
Estado da Educação britânico
Gavin Williamson, em declara-
ções à referida publicação.
Até agora, Liliane foi a que
teve mais sintomas. “Muitas
dores-de-cabeça, febre e perda
de olfacto e paladar”, explica
o marido. Apesar de tudo, não
teve problemas respiratórios,
nem teve de ser internada. Na
verdade, nenhum membro da
família teve de ser hospitalizado,
apresentando apenas sintomas
leves da doença.
O casal Feys-Vandromme está
agora mais tranquilo, depois de
um primeiro momento de pânico
perante tanto teste positivo. Mas
continua sem compreender como
é que a transmissão aconteceu.
“Seguimos as regras à risca. Nunca
convivemos com mais de 15
pessoas. E no entanto fomos
infectados”.Até agora, a Bélgica
regista quase 64 mil infecções
pelo novo coronavírus, que já
fez 9800 mortos. Entre os países
mais afectados, a Bélgica é o
que concentra um maior número
de mortos em relação à sua
população, com 85 mortos por
cada 100 mil habitantes.
DR
Camisola
de Ronaldo
rende 3520
euros
Julho e, após ter recebido
“dezenas de limitações”
durante duas semanas, o valor
mais alto alcançado foi de
3520 euros.
Esse valor foi incorporado
no fundo, que tem como objec-
tivo dar acesso a medicamen-
tos, produtos e serviços de
saúde aos cidadãos que ficaram
economicamente mais vulne-
ráveis em consequência da
actual pandemia.
8 ESPECIAL Terça-feira
21 de Julho de 2020

Entre a crise
ANDEBOL SÉNIOR FEMININO
congolesa e a
ascensão costa
Angola foi marfinense
Depois de uma prestação

campeã africana pouco auspiciosa no CAN

que Luanda albergou em
1985, Angola continuou com
prestação modesta na prova

pela primeira seguinte, no Reino de Mar-

rocos em 1987. Em terras
marroquinas, ficou assina-
lada a queda do Congo Braz-
zaville que vinha de vitórias

vez há 31 anos consecutivas, nas quatro

edições anteriores. As con-
golesas foram derrotadas
pela Costa do Marfim, selec-
Uma conquista transformada ção que em Luanda havia
em imagem de marca por sido finalista vencida.
Entretanto a vitória do Fer-
distintas gerações de roviário na Taça dos Clubes
andebolistas e treinadores. Campeões, com uma mescla
de jogadoras desse clube,
Ainda sem um médico a do Petro e da BCR, deixara
integrar a equipa técnica, os pistas importantes à fede-
cuidados de saúde do grupo ração, sobre o caminho a
seguir. A partir daí a prepa-
estiveram a cargo da ração foi mais cuidada, com
fisioterapeuta Maria Augusta. recurso a acessoria de um
treinador russo.
“Tia Gugú”, como era chamada Foi pois neste cenário em
pelas jogadoras, que foi uma das que as atenções estavam
heroínas incógnitas que a partir voltadas, sobretudo para
aquelas duas nações, que
dos bastidores deu lustro ao Angola se intrometeu, dei-
brilho das estrelas xando para trás o habitual
quinto lugar, para ocupar o
topo da classificação.
Fábia Raposo marcando mais um golo pela Selecção Nacional

Vivaldo Eduardo e Teresa Luís
Um torneio em Moçambique
e dois longos estágios (um na
antiga União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas e outro
na localidade portuguesa de
Vila Nova de Gaia) marcaram
o início da caminhada vitoriosa
de Angola no CAN de Andebol
feminino, na final disputada
a 21 de Julho do longínquo
ano de 1989, em Argel.
A vitória do Ferroviário
de Luanda, na Taça dos Clubes
Campeões, dois anos antes,
em Owerri, Nigéria, foi um
sinal claro da ascensão com-
petitiva do "sete" nacional
que, depois do CAN de 1985,
em Luanda, saiu definitiva-
mente de mero animador da
prova, assumindo - se como
sério competidor, até chegar
ao papel de principal prota-
gonista no Continente.
O Jornal de Angola revive
hoje a “odisseia” das senho-
ras que encheram a nação
de orgulho, num exemplo
de superação sem prece-
dentes. Ícones do desporto
nacional, como Elisa Webba
“Lili”, Maura Faial , Graça
Bandeira, Carla Silva entre
outras, contam na primeira
pessoa como foi possível sair
da cauda das competições
africanas e atingir o topo.
Por conta da emoção, ou
porque algumas recordações
se foram esbatendo pela
acção inexorável do tempo,
não há concordância nos
relatos de todos protagonis-
tas, pelo que nos retratamos
antecipadamente, por even-
tuais imprecisões. Ainda
assim, a proeza está bem
viva na mente das heroínas
e os lapsos de memória vêm
apenas provar a premência
de relatar para a posteridade
essa importante conquista.
A vitória sobre a Costa do
Marfim por 20-18, na final,
inaugurou um percurso dou-
rado que relegou a segundo
plano quer as costa marfi-
nenses quer as congolesas,
que detinham a hegemonia
da disciplina na época.
Os protagonistas
A caravana que regressou de
ouro ao peito partiu de Vila
Nova de Gaia com o então
secretário- geral, Mário Rosa
de Almeida, como chefe de
delegação. O presidente da
Federação, José Cardoso de
Lima, esteve em Argel, mas
não pode permanecer no
palco da competição até ao
final da mesma, por impera-
tivos de ordem professional.
Juca Figueiredo “ti” Juca,
esteve igualmente à frente
das delegações masculina e
feminina de Angola, desem-
penhando funções ao nível
da Confederação Africana
de Andebol CAHB.
Beto Ferreira e Fernando
Moreira (já falecido) dirigiram
tecnicamente o combinado
nacional. Estava sob sua res-
ponsabilidade a obrigação de
provar que a vitória do Ferro-
viário, em Owerri, dois anos
antes na Taça dos Clubes Cam-
peões, fora um sinal consistente
da progressão das jogadoras.
Rivalidade clubística à
parte, ambos treinadores
sabiam que, embora a vitória
do clube Ferroviário,tivesse
sido significativa, era da selec-
ção que mais se esperava.
Sem um médico na equipa
técnica, os cuidados de saúde
do grupo ficram a cargo da
fisioterapeuta Maria Augusta.
“Tia Gugú”, como era cha-
mada pelas jogadoras, foi uma
das heroínas incógnitas que
a partir dos bastidores deu
lustro ao brilho das estrelas.
Antigo praticante da mo-
dalidade no Inter de Luanda,
Gabriel Armando Deolinda
“Gabi” guardou muitos dados
e imagens históricas que hoje
apresentamos.Estatístico de
confiança dos treinadores,
colectava os dados de forma
rudimentar, mas eficaz para
a época, lançando informações
que influenciavam o rumo da
orientação técnica dos jogos.
Defenderam a baliza da
selecção Bernardeth Rodrigues
“Bida” e Elisa Peres, com a
mais jovem Luzia Umba “Be-
lita” de reserva. Mais a frente,
Balbina Ceita “Bininha” e Espe-
rança Domingos “Panchita”
actuaram na ponta es-querda,
enquanto Ana Paula Silva e
Carla Silva estavam escaladas
para a ponta direita.
Como pivôs representaram
a selecção Elisa Webba “Lili”
e Liliana Mesquita, aliando a
juventude da primeira à vete-
rania da segunda. Angola con-
tou com uma primeira linha
de luxo com Beatriz Ceita
“Bibia” e Graça Bandeira ao
centro. Palmira Barbosa “Mi-
rita”, Fábia Raposo, Luzia Be-
zerra “Prazeres”, Luísa Dias
“Luizinha”(falecida) e Maura
Faial desfilaram nas alas.

As campeãs de 1989
Maura Faial cumpre
promessa 30 anos depois
Estreante na Selecção, Maura
Faial completou 19 anos, pou-
cos dias antes do início do CAN.
Conta ao Jornal de Angola que
estava muito optimista, porque
não tinha noção das dificul-
dades enfrentadas pelas colegas
nas participações anteriores.
“Estávamos realmente
muito bem preparadas, no
final do estágio em Vilnius.
Visitamos uma montanha
onde se fazia romaria. Fomos
a esse local de peregrinação
e aí coloquei uma cruz, com
a promessa de lá levar outra
vez, se ganhássemos a com-
petição”, conta.
“Cumpri esta promessa
somente no ano passado.
Fui à Lituânia de propósito.
Trinta anos depois, não tinha
qualquer desculpa para não
o fazer. Fui para lá com o ma-
rido e os filhos. Coloquei a
cruz no mesmo lugar onde
havíamos deixado a outra,
na altura da promessa. Foi
muito emocionante”...
Graça Bandeira
destaca espírito de equipa
A meia-distância do Petro de
Luanda oferecia à equipa nacio-
nal a grande disponibilidade
física para as tarefas defensivas,
e a indispensável potência de
remate de longa distância no
ataque. “Tia Graça” destaca
entre o rol de emoções que
viveu durante as duas semanas
de competição, “o dia em que
o guia lituano disse que se
vencessemos uma das equi-
pas do seu país, iríamos
ganhar o Campeonato Afri-
cano. Isso aconteceu, depois
de várias derrotas. Abraçamo-
nos todas porque sentimos
a confiança e o espírito de
equipa a crescer” - referiu
Graça Bandeira, actual fisio-
terapeuta do Petro de Luanda.
“Durante a competição, as
tunisinas nos provocaram no
hotel. Quisemos reagir, e por
muito pouco não deitamos
tudo a perder. O treinador Beto
Ferreira fez-nos ver que elas
estavam a provocar intencio-
nalmente, para sermos casti-
gadas e impedidas de seguir
na prova”. Graça Bandeira con-
firmou ainda que, quando foi
necessário, “tratou da saúde”
à adversária que tinha agre-
dido Fábia Raposo.
Lili Webba marcou
diferença na segunda linha
A antiga internacionalangolana,
Elisa Webba também guarda
na memória momentos distintos
daquele feito: “Quando derro-
tamos a Tunísia e pela primeira
vez passamos para a meia-final,
o treinador motivou-nos, asse-
gurando que chegados aí, pode-
ríamos ganhar a competição.
Depois vencemos a meia-finale
a nossa confiança aumentou”
“Tia Lili” lembra que “o trei-
nador da ex-União Soviética
que nos orientou durante o
estágio garantiu que iríamos
ganhar o CAN”.
Sobre a ansiedade que tomou
conta das jogadoras na compe-
tição, Lili Webba relata que “como
jogadora júnior, presente pela
primeira vez na selecção sénior,
quanto mais nos aproximávamos
do ponto alto da prova, tivemos
muita dor de barriga e insónias.
As mais experientes estavam
mais nervosas”.
“A adversária mais temida
era a costa-marfinense Koné.
Baptizamo-la de Cobra. Quan-
do rematava, acabava o movi-
mento golpeando a cabeça da
adversária com o punho fe-
chado (dava um coco, como
se diz na gíria). Nós levámos
uns tantos!!!”, risos.
ESPECIAL Terça-feira
21 de Julho de 2020
Dirigente de elevado dina-
mismo, muito conhecido
nas lides andebolísticas por
percorrer a cidade de Luan-
da montado na motorizada
“Simson”, tanto para acom-
panhar os jogos e levar a in-
formação às rádios e jornais,
como para contactos com as
entidades governamentais
e muito mais, Mário Rosa de
Almeida liderou a carava-
na nos estágios em Vilnius
(Lituânia) e em Vila Nova de
Gaia, Portugal.
Entre as muitas tarefas
que tinha em mãos desta-
cou-se, sem dúvida, a missão
de manter os dois treinadores
rivais, Beto Ferreira e Fer-
nando Moreira, focados no
objectivo comum. “Era voz
corrente que o falecido Fer-
nando Moreira tinha uma
leitura mais apurada e era
mais astuto do ponto de vista
da liderança da equipa em
competição.
O Beto Ferreira estava mais
abalizado nos pressupostos
inerentes à condição física e
forma desportiva das jogadoras.
O objectivo comum, em prol
da nação, levou-os a coabitar
bem, com o líder da equipa
técnica a manter o comando,
potencializando o mérito do
colega”, explicou.
“Na verdade, o mais difícil
foi manter a coesão desta
dupla, depois de atingirmos
o êxito. Tivemos ainda um
Campeonato do Mundo e um
Pan -Africano. Tinha relação
privilegiada com ambos, e
isso naturalmente ajudou a
aproximação. Mas, assumo
que não foi mérito meu. O
momento e o objectivo é que
nos aproximaram. Percebe-
mos todos que era necessário
estarmos unidos”.
“Marketing: aliado
importante”
O actual membro da Comis-
são Executiva do Comité
Gabriel Deolinda
trouxe a análise estatística
actualizada à Selecção
Após um breve período de
aprendizado, o ex - andebolista
e estudante universitário refor-
çou a equipa técnica liderada
por Beto Ferreira, compilando
informação em tempo real,
para permitir aos treinadores
melhor leitura do rumo dos
acontecimentos. “O factor orga-
nização elevou bastante o nível
de desempenho da selecção. Era
praticante da modalidade, tem-
porariamente afastado dos cam-
pos,esimultaneamenteestudante
universitário.Abraçamosodesafio
de inovar a estatística, com base
nas instruções de um treinador
alemão que trabalhava na Secre-
tariadeEstadodeEducaçãoFísica
e Desporto, o Dieter”, revelou.
Olímpico Angolano (COA)
revela ainda que “houve um
detalhe fundamental e muito
significativo para a época: se
repararem na camisola que
a selecção usou no CAN, com
a qual Angola conquistou o
primeiro título, poderão ver
que tivemos pela primeira
vez publicidade estampada”.
“É nesta vertente que a
ponta final do estágio foi paga
por uma empresa sedeada
na Casa dos Desportistas de
Luanda, sobretudo com base
Meninas de Ouro somam treze títulos em trinta e um anos
1989 1992 1994
“O conhecimento de línguas
estrangeiras e o incentivo do
actual presidente da Federação,
Pedro Godinho, ajudaram a
integração no grupo. Conse-
guimos, com orientação dos
treinadores, ir colectando dados
importantes para ajudar os
técnicos a gerir o desempenho
da selecção durante todos os
jogos do campeonato. A nossa
prática inicial foi nos jogos com
equipas masculinas”, concluiu
Gabriel Deolinda
MÁRIO ROSA ENTRE TREINADORES RIVAIS
“Objectivo
de âmbito
nacional teve
o condão de
nos unir”
Entre as muitas
tarefas que tinha
em mãos destacou-
se, sem dúvida, a
missão de manter
os dois treinadores
rivais, Beto Ferreira
e Fernando Moreira,
focados no
objectivo comum
em troca de serviços. Depois
da conquista, tivemos o pri-
1998 2000 2002
Carla Silva exulta pelo
sentido de dever cumprido
Vinda de Benguela e da selec-
ção júnior, ao serviço da qual
competiu no CAN da categoria
às ordens de Norberto Bap-
tista, Carla Silva sentiu - se a
altura do desafio de procurar
vencer uma competição do
escalão sénior.
“O mais marcante foi actuar
fora do país, a competir com
as principais estrelas do con-
tinente”, referiu, garantindo
que “apesar de termos perdido
o campeonato africano de
juniores, uma competição era
sempre um novo desafio e
por isso houve muita motivação
para melhorar”.
“A longa preparação, os
sacrifícios que fizemos e a vitória
conseguida, deixaram bem viva
JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO
vilégio de passarmos a des-
locar-nos com o avião pre-
sidencial”, regozijou-se.
Em relação ao triunfo na
prova, Mário Rosa explicou:
“Desde a prova que Angola
organizou, em 1985, fomos
capacitando o grupo que
sofreu a partir daí poucas
alterações. Tivemos muitos
estágios (com um mês ou
mais de duração) e partici-
pações em torneios, sobre-
tudo nos países do então
bloco socialista”.
2004 2006
a lembrança das amizades e
vivências de hábitos e costumes
de colegas de outros países.
Ficou também a sensação de
dever cumprido e a passagem
de testemunho a novas gera-
ções”, disse.
9
BETO FERREIRA: O TREINADOR CAMPEÃO
“O primeiro título
é sempre diferente”
Beto Ferreira, antigo selec-
cionador nacional, teve o
tacou as selecções da Costa
do Marfim e do Congo. “As
privilégio de trazer o pri-
meiro título ao nível de se-
lecções à Angola. Destaca
congolesas tinham ganho
quatro campeonatos con-
secutivos, sendo na altura
os estágios no exterior do
país, onde “disputamos
muitos jogos de controlo,
que consolidaram a nossa
rotuladas como as melhores
de África. Nesse campeo-
nato de 1989 confirmamos
a quebra da hegemonia
confiança para a vitória. As
equipas com as quais joga-
mos eram de qualidade
delas e fomos campeões
com bastante mérito”.
Trinta e um anos depois,
superior. Em algumas par-
tidas equilibramos os resul-
tados e noutras, na ponta
final do estágio, ganhamos.
o treinador que soma mais
títulos africanos à frente da
selecção feminina mostra-
se orgulhoso do trabalho
Desde 1987 evoluímos e nos realizado pelo grupo: É uma
aproximamos das outras grande honra. O primeiro
selecções. Havia motivação título é sempre diferente
de querer atingir o pódio, dos outros. Foi possível com
mas a um nível mais alto, o trabalho em conjunto rea-
ou seja, o primeiro lugar. lizado no Petro, Ferroviário
Por este motivo trabalhamos e o pequeno núcleo da
muito e incentivamos sem- selecção de junior, sempre
pre as jogadoras”. a pensar na selecção. Foi
Relativamente às difi- desta forma que vencemos
culdades vivenciadas des- o Campeonato Africano”.
Juca Figueiredo ( já falecido) Beto Ferreira e Gabriel Deolinda
2008 2010 2012 2016 2018
Ministra dos Desportos
deu importante contributo
Titular indiscutivel na ponta
direita, Ana Paula Sacramento
Neto “tia Paula” era das poucas
jogadoras que mereciam a
confiança de Beto Ferreira e
Fernando Moreira. Depois de
ter reforçado o Ferroviário de
Luanda, dois anos antes, em
Owerri, na primeira conquista
ao nível de clubes, voltou a
ser determinante na Taça das
Nações, em 1989, partilhando
a ponta direita com a estreante
Carla Silva. Não foi possível quinta - feira. Trinta e um anos
ao Jornal de Angola recolher depois, Paula Silva, como era
o depoimento da antiga ponta então conhecida, guarda inú-
direita do Petro de Luanda e meras recordações da con-
da Selecção Nacional e actual quista, tendo oferecido o seu
ministra da Juventude e Des- equipamento e a medalha à
portos, devido ao falecimento Galeria dos Desportos, sita na
da sua mãe, ocorrido na última Cidadela Desportiva.
10 OPINIÃO Terça-feira
21 de Julho de 2020

EDITORIAL IMAGEM DO DIA

O roboteiro transporta tanta mercadoria que tem dificuldade em olhar para o que está à sua frente,
correndo o risco de causar acidente numa via destinada apenas à circulação de viaturas no bairro
A pandemia da Covid-19, os líderes de S. Paulo, em Luanda
JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO

mundiais e o microcrédito
É um dado adquirido que a crise económica no globo é a pior desde a II
Guerra Mundial, estando os governos de diferentes países do mundo a en-
frentar desafios complexos num contexto de múltiplas incertezas, geradas
por um problema sanitário - o da pandemia de Covid-19 - que afecta ne-
gativamente as economias.
A crise económica actual tem posto à prova a capacidade dos Estados de
gerirem um problema que é transversal a vários países, todos eles empenhados
no combate à pandemia do novo coronavírus.
Sendo a crise económica e sanitária transversal a vários Estados,
muitos políticos, no poder ou fora dele, e dirigentes de organizações in-
ternacionais têm alertado para a necessidade de uma solução comum
para os problemas comuns a todos os povos do mundo.
Tem sido defendida a tese de que a luta contra as dias crises, económica
e sanitária, tem de ser feita no quadro de uma conjugação de esforços
conjuntos dos Estados por elas afectados. Como disse o Secretário-
Geral da ONU, António Guterres, referindo-se recentemente ao novo co-
ronavírus, "apenas unidos podemos afastar a ameaça comum da Covid-
19 e reconstruir melhor."
Ao que parece, na perspectiva de António Guterres, se se não combater
eficientemente a pandemia d Covid-19, dificilmente se resolverão os pro-
blemas económicos e sociais que decorrem da crise sanitária.
Afirmou ainda o secretário-geral da ONU que perante os desafios
actuais "os líderes mundiais precisam de reconhecer a grande importância
da unidade e da solidariedade."
Temos de ser, mais do que nunca, nestes tempos de pandemia, uma
comunidade global, como aconselha o Prémio Nobel da Paz Muhammad
Yunus, considerado o " pai" do microcrédito, que tirou muitos milhões
de pessoas da pobreza extrema no mundo.
Muhammad Yunus declarou que "infelizmente, hoje, estamos mais di-
vididos . Já não somos mais uma comunidade global e o novo coronavírus
tornou isso claro. É um inimigo comum que ataca todo o mundo, mas não
temos uma frente comum para fazer face à pandemia."
Vivemos uma nova era, com problemas complexos de difícil resolução,
mas o "pai" do microcrédito acredita que o sistema de concessão de pequenos
empréstimos a empreendedores demasiado pobres pode ajudar as populações
carentes a voltar à vida normal depois da pandemia da covid-19.
Que a experiência adquirida com a implementação do sistema de
microcrédito seja considerada pelos Estados para se saber também da
sua viabilidade nos tempos difíceis que correm, na perspectiva de se
mitigar os problemas por que passam diariamente milhões de famílias
pobres no mundo.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO PROPRIEDADE

Víctor Silva (presidente) Edições Novembro, E.P.
ADMINISTRADORES EXECUTIVOS
Caetano Pedro da Conceição Júnior
José Alberto Domingos
Rui André Marques Upalavela
SEDE:
Rua Rainha Ginga, 12-26
CARTAS DOS LEITORES
Luena Kassonde Ross Guinapo Caixa Postal 1312 - Luanda
Redacção: 222 020 174
ADMINISTRADORES NÃO EXECUTIVOS Telefone geral (PBX): 222 333 344
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Mateus Francisco João dos Santos Júnior Telegramas: Proangola
As autoridades tradicionais nais, a fim de evitarmos o au- que deve ser o sector privado a
e a Covid-19 mento de casos de contaminação gerar empregos, Enfrentamos
Penso que as nossas autoridades com a covid-19 no país. uma situação excepcional, em
tradicionais devem desempe- ZEFERINA ALBERTO que o Estado tem de intervir mais
DIRECTOR: Edna Cauxeiro (subeditora), nhar um papel mais activo nas Samba na economia. Ninguém no mun-
Víctor Silva Ferraz Neto (subeditor) e Pereira Dinis
campanhas de prevenção da do contava com a pandemia de
DIRECTOR-ADJUNTO:
Caetano Júnior
EDIÇÕES ESPECIAIS: Covcid-19. As mensagens das Covid-19. Tanto é assim que vá-
DIRECTOR EXECUTIVO:
Guilhermino Alberto
Adalberto Ceita, André dos Anjos, Domingos dos Santos,
Leonel Kassana e Yara Simão
autoridades tradicionais nas res- Despedimentos nas empresas rios países estão a pedir o alivio
pectivas comunidades podem Estão muitas empresas provadas da divida externa ou, num qua-
EDITOR EXECUTIVO: FOTOGRAFIA:
Diogo Paixão Kindala Manuel (editor-chefe), contribuir imenso para que as a despedir trabalhadores, entre dro multilateral, a ver se conse-
José Cola (editor),
SUB-EDITOR EXECUTIVO:
Cândido Bessa Dombele Bernardo, Domingos Cadência, Eduardo Pedro, João Gomes, pessoas cumpram com as reco- os quais figuram muitos jovens. guem financiamentos para os
Maria Augusta, Miqueias Machangongo, Mota Ambrósio, Paulo Mulaza, Kindala
Manuel, Santos Pedro, Agostinho Narciso, Vigas da Purificação, Contreira Pipas mendações que são emitidas pe- Quando as empresas despedem seus planos de recuperação eco-
GRANDE REPÓRTER: las autoridades sanitárias. Muita pessoa isso significa que não nómica, como é o caso da União
Luísa Rogério CORRESPONDENTES PROVINCIAIS:
Adão Diogo (Lunda-Sul), gente é de opinião de que a men- têm mais condições em termos Europeia. As crises económica
Bernardo Capita (Cabinda),
EDITORIAS:
POLÍTICA: João Mavinga (Zaire), sagem de um soba, por exemplo, de tesouraria para honrar os e sanitária que vivemos exigem
Bernardino Manje (editor-chefe),
Fonseca Bengui (subeditor), Santos Vilola,
Vladimir Prata (Namibe),
Esídoro Natalício (Cuanza-Norte),
é poderosa, porque capaz de seus compromissos, como por dos governantes muita imagi-
Adelina Inácio, João Dias, Edna Dala,
Garrido Fragoso e Gabriel Bunga
Luís Pedro (Cuanza-Sul),
Pedro Bica (Bengo),
convencer as pessoas a agir exemplo pagar salários. Eu já nação, para resolverem ao mes-
Francisco Curinhingana (Malanje)
Miguel Ângelo (Huambo),
neste ou aquele sentido. Que as estive desempregado por muito mo tempo vários problemas. Não
OPINIÃO:
Ambrósio Clemente (editor-chefe), Faustino Henrique (subeditor)
João Constantino (Bié),
José Chaves (Andulo),
autoridades tradicionais rece- tempo e sei o que isso significa vai ser fácil a tarefa dos governos
SOCIEDADE: Jaime Azulay (Benguela),
Jesus Silva (Lobito),
bam a preparação necessária para as vidas das famílias. Co- enquanto durar estas crises, mas
Nhuca Júnior (editor),
Alberto Pegado (editor), Estanislau Costa (Huíla),
Joaquim Aguiar (Lunda-Norte),
para poderem fazer trabalho de nheço lares de casais desempre- ninguém pode ficar de braços
José Meireles (editor),
Rodrigues Cambala, André da Costa, Kilssia Ferreira, Manuela Gomes, Silvino Paulo (Uíge),
Lourenço Manuel (Cuando Cubango),
sensibilização junto das suas gados que se desestruturaram e cruzados perante os problemas
Augusto Cuteta, Alexa Sonhi, César André, César Esteves, Edivaldo Cristóvão,
Carla Bumba e Mazarino da Cunha Quinito Kanhamei (Cunene),
Samuel António (Moxico),
comunidades, nestes tempos de que nunca mais voltarem a ter económicos e sociais que a pan-
REGIÕES:
Sérgio Chivaca (editor-chefe),
pandemia de Covid-19. Sabe- estabilidade. O Estado deve pres- demia está a provocar.
PAGINAÇÃO E ARTE:
Béu Pombal (subeditor),
Filipe Eduardo Salvador Escórcio (Editor), Soares Neto, Eugénia Victor, Augusta Lucéu, Tomás Cruz,
se que muitos problemas que tar muita atenção a este fenó- São tempos de muito trabalho
ECONOMIA: Noé Pungue, Evaristo Sacupalica, João Augusto, Josefa Abreu, Maria Messele,
Alberto Bumba, Inês Quingando, Margarida Zilungo, Maria da Silva, António Saldanha,
ocorrem nas diferentes comu- meno de desemprego e agir com no país e de muita entrega a ta-
Cristóvão Neto (editor-chefe),
Armando Estrela (subeditor), Henrique Faztudo, António Quipuna, Raúl Geremias, Ana Paula Dias, Isabel Fragão, nidades do país, em particular celeridade e eficiência para sal- refas que se destinam a salvar
Ana Paulo, Kátia Ramos, Madalena José, Natacha Roberto e Victorino Joaquim Manuel Cassinda, Francisco da Silva, Rui Jacinto, Bruno Bernardo, Luquemba Pedro
MUNDO:
das zonas rurais, são resolvidos var empresas que foram à fa- vidas humanas e a criar condi-
CARTOON E ILUSTRAÇÃO:
Bernardino Fançony (editor-chefe), António Canepa Armando Pululo e Casemiro Pedro por sobas e por outras autori- lência. tem se dito no nosso país ções para que as pessoas não
DESPORTO:
Amândio Clemente (editor-chefe),
dades tradicionais. Que se apro- sofram demasiado com os efeitos
COPY DESK:
Anaximandro Magalhães (subeditor), António Cristóvão, Rui Ramos, Arlindo Soares e Esperança Vieira Dias veite, neste momento que temos ESCREVA-NOS de uma crise que afecta vários
Armindo Pereira, Teresa Luís, Vivaldo Eduardo,
António de Brito, Honorato Silva, Job Franco de enfrentar uma pandemia Cartas recebidas na povos do mundo. Nós,os ango-
CULTURA: O Jornal de Angola Rua Rainha Ginga, 12-26
António Bequengue (editor-chefe), Adriano Melo (subeditor), utiliza os serviços da ANGOP, AFP, Reuters, EFE e Prensa Latina mortífera, por via também da Caixa Postal 1312 - Luanda lanos, temos de enfremtar mais
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Mário Cohen e Roque Silva PUBLICIDADE: educação e sensibilização, a ca- ou por e-mail: este desafio.
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(+244) 949 770 006 e-mail: publicidade@jornaldeangola.com Talatona
Isaquiel Cori (editor) e de outras entidades tradicio-
OPINIÃO Terça-feira
21 de Julho de 2020 11
VISÃO ANÁLISE

Tazuary Nkeita Gong Tao |*

CITAÇÕES

“Prevê-se que haja

A solidariedade China-Angola
Machos e cavalheiros! 15,4 milhões de casos
de desnutrição aguda
em crianças menores
de cinco anos na
reforça a parceria estratégica
Quando Angola se esforçou tudo por tudo para combater a Covid-
África Ocidental e 19, no dia 16 de Julho, fiquei muito feliz em participar a cerimónia de
Observava um vídeo em que dois petizes “Namoro” de Viriato da Cruz. Nga Fuxi e outros Central este ano - um assinatura de contrato do laboratório "Olho de Fogo" via online,
lutavam ferozmente por causa de cem kwanzas também traziam trunfos debaixo do braço,
até o devedor aceitar devolver o dinheiro, quando não, exibiam o célebre romance “O
terço deles na sua realizado pelo governo angolano e BGI-China. No âmbito do acordo
forma mais grave - se de cooperação, Angola construirá cinco novos laboratórios, com
quando o telefone tocou. No momento, um Homem”, de George Wallace. Faziam-no para um resultado total de testar 6,000 amostras por dia. Isso ajudara
deles apertando o outro pelos colarinhos, agradar as senhoras e transmitir valores que não forem tomadas satisfazer as necesidade das autoridades angolanas de saúde e
dizia: «Manda já o mô dinhero...!» consideravam eternos como o respeito, o agora as medidas melhor servir para a luta anti-Covid-19. De acordo com a mitologia
A briga não é nova. Infelizmente, são cenas conhecimento, o cultivo de si mesmo, a impor- chinesa “o olho dourado de fogo” é capaz de ver as forças ocultas
que se repetem em várias artérias de Luanda. tância da família e outras regras de boa conduta.
adequadas”
Comunicado emitido pelo Fundo das camufladas, inspirando assim o projecto dos laboratórios “Olho
Por isso, desliguei-me da pancadaria e optei E os critérios para entrar numa briga eram Nações Unidas para a Infância (Unicef) e de Fogo” que usa a tecnologia sofisticada para encontrar o vírus.
pelo Programa Alimentar Mundial (PAM)
por atender o telefone... extremamente altos, nunca aqueles cem kwan- Actualmente, a epidemia Covid-19 ainda está alastrando no
«Manda...!», respondi como se também fosse zas do vídeo! mundo. Sob a liderança do Presidente Xi Jinping e Presidente
o dono do dinheiro. Na verdade, a história dos machos zebras- “Precisamos de João Lourenço, os povos chinês e angolano estão firmemente
«Li a história dos machos, mas...», a voz do também foi uma indirecta. Procura realçar o unidos a lutar contra a epidemia, com ajuda recíproca para
outro lado falou no tom de quem prepara uma valor do trabalho de cada um no seu posto; os combater essa superar as dificuldades e combater conjuntamente o "inimigo
crítica elegante e merecida: «A história foi ligeira, salários baixos e os preços altos; os filhos em pandemia de invisível" do coronavírus.
bem contada, mas eu esperava ler algo sobre exageros em saber como sustentá-los; a gestão desigualdade com um No momento crítico da luta do povo chinês contra a epidemia,
cavalheiros, e não uma orgia de machos...». Foi irracional do dinheiro e o triste fim de muitos o governo e a sociedade de Angola ofereceram à China forte soli-
uma dura repreensão. e muitas que terminam na poligamia e na polian-
novo contrato social dariedade e apoio. Na luta antiepidémica em Angola, o governo
Gostei do reparo e percebi a mensagem nela dria, como se fossem os três peixinhos... Uma para uma nova era, chinês forneceu atempadamente assistência antipidémica. As
implícita, sobre a diferença que deveria ter sido fêmea prenha para três machos é de facto um apenas unidos empresas e a comunidade da China doaram activamente finan-
feita entre machos e cavalheiros, exagero de todo o tamanho, podemos afastar ciamento e materiais para Angola, assistindo o país amigo por
no nosso meio!«Concordo, ple- mas é acima de tudo uma refle- meio de acções práticas. A estreita cooperação entre os dois países
a ameaça comum
namente!», retorqui. O mundo do homem não é xão para se extraírem lições de da Covid-19
amigáveis na luta contra a epidemia demonstra plenamente a
importância da parceria estratégica China-Angola e a amizade
Há leitores que querem vida, sendo que a mais impor-
aprender, e cultivam-se com um mundo cão..., como tante é saber procurar a quali- e reconstruir melhor” entre os dois povos.
artigos de Jornal. Na sua maio- também não é o mundo dade e não a quantidade; que
António Guterres
Espero que a cooperação China-Angola no sector da saúde
ria, são autodidactas: lê em o muito não é sinónimo de bom; pública se torne num novo ponto positivo da cooperação bilateral
quanto podem, assimilam
do macaco, do cavalo, que possuir três não é melhor
Secretário-geral da ONU
para melhorar a qualidade e elevar a categoria. Por muitos anos,
quanto é merecido e acumu- nem do coelho, por mais que do que ter apenas um! Por isso, China e Angola têm mantido excelente cooperação no sector da
lam conhecimentos, reco- admiremos a esperteza, quando os jornais relatam escân- “O que vejo saúde pública. A partir do ano 2009,
lhendo boas maneiras. Para dalos do género, dá vontade de é os países ricos a China enviou 5 equipas de assistência
eles, o jornal, a revista, com- a força e a líbido destes dizer: “Vale a pena ser boelo...!” Um técnico médica para Angola. Mais de 70 médicos
a tentarem assegurar
pletam a educação na família, animais! Este mundo é Tudo foi contado numa his- da BGI-China, Valdemar chineses prestaram serviços médicos
na escola e na universidade. humano e quer-se cada vez tória sem pesadelos porque as vacinas para si. gratuitos ao povo angolano, acumu-
São os nossos cavalheiros do tudo coincide com a euforia do Quando os países Rodrigues Augusto lando mais de 200,000 consultas médi-
sec. XXI. O país e o povo aplau- mais humanizado! dia do pagamento dos salários. pobres onde há Tchipenhe, angolano cas. O governo chinês ajudou Angola
na construção e manutenção do Hos-
dem a sua existência! Um homem cavalheiro Se todo o cavalheiro é macho,
muitas pessoas ricas de 23 anos, era bolseiro pital Geral da Província de Luanda, e
Fazem-me recordar Nga Fuxi, não se pode dizer que o inver-
o meu avô. O velho Fuxi trazia e uma mulher honesta so é verdadeiro. Nem todo o precisarem, não vão do governo chinês. no seu projecto de renovação e expan-
é o lema apregoado são. Com a melhoria da qualidade e
doces, jornais e revistas quando macho é cavalheiro! A repreen- ter, porque as Ele vai regressar eficiência, transformação e moder-
visitasse os netos. Era um leitor desde os primórdios são foi correcta. companhias estão
assíduo de “A Província de An- - A fêmea perdeu um macho ao país e participar nização da cooperação China-Angola,
gola”, aos domingos, e das revis- da civilização humana e ganhou três. Foi bom?! a produzir para na construção os dois países devem fazer esforços
os países ricos” conjuntos para aprofundar e expandir
tas Notícias e Vida Mundial que - Só para a criação de peixes,
lia animadamente. Foi aí que nunca entre seres humanos! do laboratório a cooperação em saúde pública e ace-
Muhammad Yunus lerar a implementação da "Acção
aprendi a identificar rostos, e pensamentos, de Infelizmente, hoje, entre seres humanos, Prémio Nobel da Paz e considerado "Olho de Fogo" Saúde" nas "oito acções" da coo-
"pai" do microcrédito, referindo-se à
personalidades mundiais como Julius Nyerere, diz-se que há mulheres que gostam de: produção da vacina contra a Covid-29 pessoalmente peração China-África, como também
Kenneth Kaunda, Sekou Touré, Ghandi, Kissinger, Um homem-chique para exibir charme e do mecanismo de cooperação hos-
George Pompidou, Andrey Gromyko, Willy Brandt, boa aparência entre os colunáveis; um homem- pitalar China-África mencionado
Paulo VI, Pablo Neruda, Ernest Hemingway, Mar- xeque para assumir as despesas da casa; e de “Infelizmente, pelo Presidente Xi Jinping na videoconferência da cerimónia
tinho da Silva, Cassius Clay e tantos outros cava- um homem-choque para garantir o prazer hoje estamos de abertura na 73ªAssembleia da Organização Mundial de
lheiros cujas ideias influenciaram os leitores letal! Todo o cavalheiro é contra isso porque Saúde. Vamos construir em conjunto uma comunidade de
daquela época. ele já representa os três em um! Os três pei- mais divididos. Já não
saúde China-Angola.
Lembro-me de um belo dia em que o velho xinhos-machos da história sobre a linda viúva somos mais uma Espero também que esta série de cooperação possa aprofundar
Fuxi falava dos seus ídolos, no quintal, quando zebra também não surgiram por acaso. Foram comunidade global ainda mais a amizade entre os dois povos. Um técnico da BGI-China,
uma desconhecida passou pelo pequeno muro lá colocados propositadamente para permitir Valdemar Rodrigues Augusto Tchipenhe, angolano de 23 anos, era
da nossa casa, com lenha à cabeça, e se meteu essa reflexão!
e o novo coronavírus
bolseiro do governo chinês. Ele vai regressar ao país e participar
na conversa: Já se tentou explicar em histórias anteriores tornou isso claro. na construção do laboratório “Olho de Fogo”. Este jovem angolano
- Eh..., o senhor disse uma frase que me que o mundo do homem não é um mundo cão..., É um inimigo comum ajudará os seus compatriotas africanos a combater a epidemia
conquistou! –, disse ela, virando-se para Nga como também não é o mundo do macaco, do que ataca todo através do conhecimento que adquiriu na China.
Fuxi. Preocupado em comer as bolachas com cavalo, nem do coelho, por mais que admiremos Ficamos muito satisfeitos de saber que Tchipenhe chegará a
que o velho nos divertia..., nada mais ouvi a esperteza, a força e a líbido destes animais! o mundo, mas não Angola nos próximos dias com a sua equipa técnica para contribuir
daquela conversa picante. E foi uma atitude- Este mundo é humano e quer-se cada vez mais temos uma frente com a luta contra a epidemia na sua pátria. A educação muda
normal numa época em que nenhum miúdo- humanizado! Um homem cavalheiro e uma comum para fazer o destino. Ao longo dos anos, o governo e as empresas chinesas
metia “o bedelho” em conversas de adultos! mulher honesta é o lema apregoado desde os face à pandemia” forneceram muitas bolsas de estudo para estudantes de Angola
Mas a frase ficou gravada: primórdios da civilização humana... por Júlio a frequentar cursos na China. Muitos deles, como Tchipenhe,
«O senhor disse uma frase que me conquistou!», César, o imperador dos romanos! Idem usaram o conhecimento que aprenderam para apoiar a construção
o velho era o símbolo de um cavalheiro, extre- Veja-se também a história de Jeffrey Epstein, da pátria e tornaram-se "mensageiros de amizade" entre os dois
mamente atencioso e afável. Longe, todos um milionário norte americano envolvido no “Penso que devemos países. Esperamos que haja mais jovens talentos a serem pilares
sentiam a ausência dele; perto, eram os choros tráfico sexual, encontrado morto na prisão depois da construção nacional de Angola e pivots da cooperação de
à despedida. de cair na desgraça e ser abandonado pelos chi- estender a iniciativa mútuo benefício entre a China e Angola.
É verdade que hoje os machos têm um ques e xeques do seu Jet Set. Um prazer letal que de Suspensão do Serviço Acreditamos que, com a cooperação China-Angola e os esforços
outro perfil. Evidenciam-se no meio a que per- lhe deu...zebra! da Dívida durante 2021, conjuntos da equipa técnica e todo o pessoal, o laboratório
tencem por terem dinheiro nos bolsos, cerveja Nestas histórias quem mais ganha e quem sai "Olho de Fogo" certamente se tornará num projecto histórico
dada a severidade da cooperação anti-epidemia China-Angola, e a cooperação
nas mãos, roupas de marca, carros de luxo e mais limpo continua a ser o cavalheiro! É como o
perfumes caríssimos. E elas, coitadas. Ninguém exemplo daquele jantar que esteve tão delicioso e a natureza de longo Sino-angolana no sector de saúde pública promoverá a construção
diz que os machos do passado não quisessem ao ponto de nos fazer esquecer a subida de preços prazo da crise” em conjunto da comunidade de destino compartilhado e apro-
sobressair. Faziam das suas, claro, mas todos no supermercado. Não há melhor! Carmen Reinhart
fundará a cooperação China-Angola em diversos campos.
queriam ser cavalheiros como se viu no Mas, quando os jantares são a mais... Presidente do Banco Mundial
*Embaixador da China em Angola
12 ECONOMIA
CONSTRUÇÃO DE ARMAZÉNS NO HUAMBO
Tal como noutras localidades do país, a província do Huambo tem desenvolvido várias acções que visam aumentar a colheita
MOSAP II vai investir
mais de Akz 33 milhões
A iniciativa que vai nascer nos municípios da Caála, Bailundo e Ecunha têm como
objectivo principal revitalizar o sector agro-alimentar das famílias camponesas
O Projecto de Desenvolvi-
mento da Agricultura Familiar
e Comercialização (MOSAP
II) prevê investir, até ao final
deste ano 33, 6 milhões de
kwanzas, na construção de
armazéns comunitários ou
galpões agrícolas nos muni-
cípios da Caála, Bailundo e
Ecunha (Huambo).
Segundo a Angop, a infor-
mação foi tornada pública,
recentemente, pelo director
do Instituto de Desenvolvimento
Agrícola (IDA) na província do
Huambo, Vitorino Chonguela,
instantes depois da colocação
da primeira pedra para a edi-
ficação do galpão agrícola no
município do Ecunha, em acto
orientado pelo administrador
local, Emetério Tiago.
Com prazo de execução de
60 dias, as três infra-estruturas
deverão estar equipadas com
maquinarias de processa-
SEMINÁRIO “ONLINE”
Parcerias nos transportes juntam técnicos
Os participantes do semi-
nário “online” sobre Parcerias
Publico-Privadas (PPP), ini-
ciado na passada terça-feira,
retomam hoje os trabalhos
com duas sessões de treina-
mento (manhã e tarde).
O seminário, o primeiro de
uma série de 4 ciclos, conta
com a participação de técnicos
nacionais e estrangeiros e está
a ser realizado pelo Ministério
da Indústria e Comércio, em
parceria com o Ministério da
Economia e Planeamento.
A formação conta ainda
com o apoio do Ministério dos
mento e tratamento de cereais,
com maior realce para o milho
e o feijão, para limpeza e cali-
bragem, como forma de esti-
mular a produção agrícola e
aumentar a renda das famílias
camponesas.
Vitorino Chonguela disse
tratar-se de espaços integra-
dos que, além de possuírem
escritórios para revitalizar a
vida agrícola das famílias cam-
ponesas, deverão comportar
máquinas como debulhadoras,
tararas, de calibragens, ensa-
camentos e cozedores, numa
iniciativa que visa dar maior
qualidade aos cereais.
Com este projecto, acres-
centou o responsável, pretende-
se valorizar a cultura de cereais
para a comercialização, de
acordo com a necessidade do
mercado e, ao mesmo tempo,
proporcionar condições que
permitam captar do milho um
Transportes, da União Euro-
peia (EU) e da Conferência
das Nações Unidas para o
Comércio e Desenvolvimento
(CNUCED).
O evento a acontecer no
formato de vídeoconferências,
está enquadrado na subcom-
ponente “Transporte e Logís-
tica” do Projecto de Apoio ao
Comércio (ACOM) e tem como
principal objectivo ajudar as
instituições a melhorar, ace-
lerar e a preparação contínua
de projectos das PPP.
O director da Unidade das
PPP, Quissaque Dala, disse na
rendimentofinanceiroquepossa
suprir os custos de produção.
“A ideia da construção dos
armazéns comunitários, na
verdade, é fazer com que a
população consiga obter do
milho um rendimento finan-
ceiro que satisfaça os custos de
produção, de modo a repercu-
tir-se na vida económico-social
dos produtores, devendo servir
ainda como sede das coope-
rativas agrícolas”, esclareceu.
Aposta forte
Por sua vez, o administrador
do município da Ecunha,
Eméterio Tiago, realçou que
a construção desta cooperativa
vai permitir o aumento das
culturas, assim como melhorar
o rendimento financeiro das
famílias camponesas, numa
altura em que a municipali-
dade conhecida como “rainha
da batata-rena” tem, nos últi-
abertura do programa, que a
nova Lei das PPP está a ser
considerada “mais amiga do
investidor” e salvaguarda a
posição fiscal do Estado. Des-
tacou ainda que, as PPP têm
merecido especial atenção e
o programa que coordena tem
sido dinamizado com prudên-
cia e acções concretas voltadas,
tanto para a estruturação de
projectos, como para a melhoria
do quadro regulatório e reforço
da capacitação institucional.
O encerramento está pre-
visto para o próximo dia 28
do mês em curso.
EDIÇÕES NOVEMBRO
mos anos, aumentando os
níveis de produção de cereais.
Elucidou que o município
do Ecunha tem uma média
de produção anual de mil e
200 quilogramas de cereais
por hectare e 14 toneladas
de batata-rena, além de hor-
tícolas diversas.
Uma área total de mil me-
tros quadrados, 202 dos quais
utilizados para o armazena-
mento de produtos, estes ar-
mazéns comunitários deve-
rão beneficiar, cada um deles,
300 famílias camponesas
filiadas em cooperativas, num
financiamento do Governo
angolano, em parceria com
o Banco Mundial.
O projecto MOSAP II prevê
instalar, nestes locais, peque-
nas indústrias moageiras,
para reduzir a distância dos
agricultores na transformação
do milho em farinha (fuba).
VIGAS DA PURIFICAÇÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO
Os comboios são o suporte
para o desenvolvimento
ÁFRICA
Angola pode ser
4ª maior economia
Angola poderá tornar-se, até
2050, a quarta maior eco-
nomia de África, conforme
projecções do Instituto de
Estudos e Segurança (ISS),
sediado em Pretória, África
do Sul.
Segundo um relatório desse
órgão, o país terá, até ao período
em causa, um Produto Interno
Bruto (PIB) nominal de 994
mil milhões de dólares norte-
americanos, atrás da Nigéria,
da África do Sul e Egipto.
O estudo aponta que Angola
deve ultrapassar Marrocos e
a Argélia, caso supere desa-
fios ligados à boa governação,
acesso a infra-estruturas de
qualidade, educação e cuidados
primários de saúde.
Com o título "cenários do
futuro de Angola 2050 para
além do petróleo", o relatório
de 46 páginas apresenta cinco
cenários sectoriais e prevê
que a economia angolana
venha crescer sete vezes mais
do que os actuais 140 mil mi-
lhões de dólares.
Elaborado em Março último,
sem ter em conta as repercus-
sões da Covid-19 na economia,
o relatório avança que Angola
é, actualmente, a quarta maior
economia de rendimento
médio-baixo em África, mas
pode, até 2030, superar Mar-
rocos e a Argélia, em 2040.
Segundo o documento, que
faz uma avaliação integra-
da de como os vários sectores
(economia, infra-estruturas,
energia, demografia, agricultura
e saúde) podem vir a desenvol-
ver-se até 2050, essa trajectória
de crescimento começa nesta
década, com taxa média anual
de 4,6 por cento.
Peso da economia
Ressalta que Angola é a sexta
maior economia de África e
a segunda maior da SADC,
mas o peso da economia, com
resultados negativos desde
ECONOMIA EUROPEIA
Fundo prevê 750
mil milhões de euros
Os 27 líderes europeus entra-
ram, ontem, no quarto dia
de discussão sobre o plano
de relançamento da econo-
mia para superar a crise da
Covid-19.
Para além deste fundo no
valor de 750 mil milhões de
euros também se discute o
orçamento da União Euro-
peia até 2027. Países Baixos,
Áustria, Finlândia, Suécia e
Dinamarca pretendem redu-
zir o valor do Fundo de Recu-
peração e instaurar controlos
rígidos, enquanto outros paí-
ses pretendem ver as con-
dições reduzidas ao mínimo.
As exigências dos Países
Baixos, Áustria, Suécia e Dina-
marca e da Finlândia causa-
ram um bloqueio negocial.
Discordam sobre a distribui-
Terça-feira
21 de Julho de 2020
2016, obscurece a sua vulne-
rabilidade ao volátil mercado
global do petróleo.
Isso, refere o estudo, tem
causado prejuízos à sua eco-
nomia, desde o advento da
produção de petróleo de xisto
em grande escala nos EUA.
No âmbito da trajectória
actual, prevê-se que o PIB cres-
cerá a uma taxa média con-
siderável de 4,6 por cento ao
ano, entre 2020 e 2030, ano
em que a economia de Angola
poderá crescer para 238 mil
milhões de dólares e deverá
ultrapassar Marrocos, no final
da década de 2020.
Com esse passo, deverá
tornar-se a terceira maior
economia africana de rendi-
mento médio baixo. Por volta
de 2040, prevê-se que Angola
venha a ultrapassar a Argélia
em dmensão económica.
Até 2050, a economia de
Angola deverá aumentar para
mais de 994 mil milhões de
dólares, um aumento de quase
sete vezes, quando comparado
com o ano de 2020.
O estudo alerta que as pre-
visões económicas de curto
prazo são sombrias, tendo em
conta as projecções de insti-
tuições como o FMI e Econo-
mist Intelligence Unit.
DR
ção das verbas do fundo de
recuperação e querem mais
cortes nas subvenções.
O Primeiro-Ministro de
Portugal, António Costa, expli-
cou que as negociações do
Fundo de Recuperação garan-
tem um apoio de 15,3 mil
milhões de euros para Portugal
a fundo perdido, depois das
cedências para uma diminui-
ção do montante global do
Fundo e uma alteração da dis-
tribuição das verbas dos
empréstimos e subvenções.
As negociações continuam
ao quarto dia, mas segundo
as declarações de vários líderes
europeus um acordo sobre o
Fundo de Recuperação estará
mais próximo, centrando-se
agora as negociações no Qua-
dro Financeiro Plurianual.
ECONOMIA Terça-feira
21 de Julho de 2020
CAPTURA DE PESCADO
Aquicultura pode cobrir défice no mercado
A aposta nacional para este segmento das pescas traduz-se na existência de vários centros de aquicultura privados e do
Estado que poderão contribuir para o aumento da produção, bem como assegurar milhares de postos de trabalho directos
Ana Paulo
O director Nacional das Pes-
c a s , A n tó n i o B a r ra d a s ,
defende maior aposta na aqui-
cultura, porque o país dispõe
de um grande potencial em
recursos hídricos para o
desenvolvimento deste seg-
mento, principalmente na
vertente continental.
Segundo dados da Direcção
Nacional das Pescas, em 2019
a produção aquícola atingiu
1.925 toneladas, cifra rela-
tivamente superior ao ano
anterior, que detinha o pico
mais alto da série temporal
com uma produção de 1.753.
A província do Uíge foi a
que mais contribuiu, com
cerca de 1.161 toneladas, e
a Tilápia foi a espécie com
maior incidência no cultivo.
Baixar o défice
Angola tem de apostar forte-
mente no sector da Aquicul-
tura para cobrir o actual défice
no mercado, fruto da redução
das capturas de pescado.
Em declarações ao Jornal
de Angola, o director Nacional
de Pescas (órgão afecto ao
Ministério da Agricultura e
Pescas), António Barradas,
disse que a aquicultura é o
factor chave, não só porque o
país possui condições ambien-
tais favoráveis, mas como tam-
bém foi aplicado um grande
investimento neste segmento.
Embora as capturas de pes-
cado estarem dentro dos limi-
te s , c u m p r i n d o c o m a s
medidas de gestão, António
Barradas esclarece que as
principais causas da baixa cin-
gem-se na elevada procura,
além das mudanças climáticas,
sendo que estes elementos
fazem “com que o preço de
pescado aumente”.
Procura elevada
António Barradas revelou que
actualmente há muita procura
de pescado, porque os hábitos
alimentares mudaram, tendo
como preferência no cardápio
o peixe por ser mais saudável.
LICITAÇÃO NO BAIXO CONGO E KWANZA
ANPG esclarece procedimento
para exploração de petróleo
As empresas nacionais que
estejam interessadas em par-
ticipar no Processo de Lici-
tação 2020 para a exploração
petrolífera das Bacias Terres-
tres do Baixo Congo e do
Kwanza vão ser esclarecidas
sobre o processo, em encon-
tros por via online, nos dias
22 e 23 de Julho.
A iniciativa da Agência
Nacional de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis (ANPG), na
qualidade de Concessionária
Nacional e detentora dos direi-
Vários centros de Larvicultura de Tilápia estão a ser implementados em todas as províncias e são uma mais-valia para o país
“Anteriormente os con-
sumidores procuravam pela
carne, e hoje o pescado é o
mais procurado por causa do
equilíbrio alimentar”, disse.
Outro elemento que in-
fluencia significativamente
na subida dos preço do pes-
cado é o combustível marí-
t i m o . S egu n d o A ntó n i o
Barradas, o preço aumentou
para o dobro, com o agravante
do actual quadro do Estado
de Calamidade Pública.
Para suprir algumas neces-
sidade s no mercado , a s
embarcações de arrasto marí-
timo e de cerco entraram em
Estes encontros
constituem uma
oportunidade
relevante para a
recolha de
informação sobre o
enquadramento
legal e contratual, a
certificação das
empresas pelo
Ministério dos
Recursos Minerais,
de Petróleo e Gás
veda num período de três
meses, nomeadamente Junho,
Julho e Agosto. Nestes três
meses, disse, as embarcações
não podem capturar o cara-
pau, mas estão permitidos a
pescar outras espécies mari-
nhas, como a sardinela,
macoa, cavala, entre outras.
No caso da pesca demersal,
com realce para espécies
como o peixe linguado,
garoupa, cachucho e corvina,
a pesca tem período de veda
de três meses, mas por causa
do Estado de Calamidade
Pública, os pescadores que
estavam em alto mar nesta
tos mineiros para a prospec-
ção, pesquisa, avaliação,
desenvolvimento e produção
de hidrocarbonetos líquidos
e gasosos em todo o território
nacional, será efectivado em
duas sessões distintas, onde
participarão representantes
de empresas nacionais com
interesse em desenvolverem
actividades de exploração e
de produção.
Segundo um comunicado
de imprensa da instituição,
“estes encontros, ainda que
fase, continuam a desenvolver
a sua actividade, para garan-
tirem o produto no mercado.
Criação das espécies
Destacou que um óptimo cres-
cimento da Tilápia, que repre-
senta mais de 95 por cento da
produção aquícola no país, a
faixa de conforto térmico ideal
está entre os 24 e 32 graus cen-
tígrados. Fazem parte grupo
de produtores de Tilápia o Cen-
tro de Larvicultura de Tilápia
de Missombo, com capacidade
para produzir 3,5 milhões de
alevinos, 500 toneladas de
tilápia e 2.850 de ração por
virtuais, constituem uma
oportunidade relevante para
a recolha de informação sobre
o enquadramento legal e con-
tratual, a certificação das
empresas pelo Ministério dos
Recursos Minerais, de Petróleo
e Gás, o acesso às terras, as
questões ambientais e ainda
sobre o processo de licitações
a realizar este ano”.
As empresas que quiserem
participar, depois de se ins-
creverem, avança o comu-
nicado, “receberão um link
que lhes vai permitir parti-
ciparem na sessão, ouvirem
e colocarem perguntas sobre
o processo”. De recordar que
a ANPG está sujeita à supe-
rintendência do Titular do
Poder Executivo.
EDIÇÕES NOVEMBRO
ano. O centro serve ainda para
o processamento e transfor-
mação do produto final.
O Centro de Larvicultura
de Tilápia de Massangano com
uma produção total de 961
mil toneladas e o dos Ramiros
(Luanda), reprodutor de várias
espécies como roncador,
mariquita, tainha e camarão.
Na estratégia do Governo,
a Aquicultura, assenta no
aumento da produção nacio-
nal de peixe, reduzindo a
dependência das importações,
o aumento do emprego e a
melhoria da qualidade de
vida das populações.
O sector petrolífero continua a ser o principal activo do país
13
Angola está a dar passos
firmes para vir a ser um país
modelo também na aquicul-
tura. A aposta nacional em
curso traduz-se já na existência
de vários centros de aquicul-
tura, privados e do Estado.
Programas estruturantes
Para o melhor desenvolvi-
mento do pescado, o Executivo
lançou vários programas, asse-
gurados por vários decretos.
Neste contexto destaca-se
o Decreto Presidencial n.º 29/19,
de 16 de Janeiro , que aprova o
Plano de Ordenamento das
Pescas e Aquicultura (POPA)
2018-2022, que visa promover
o desenvolvimento equilibrado
e susten tável do sector a nível
nacional, contribuindo para a
coesão e unidade nacional, a
criação de emprego e a melho-
ria da qualidade de vida dos
Angolanos, o combate à fome
e à pobreza, a segurança ali-
mentar e nutricional, assim
como , para a inserção com-
petitiva do País no contexto
regional e internacional, através
da regulamentação e coor-
denação da actividade pública
e privada do sector.
Em 2019 a
produção aquícola
atingiu 1.925
toneladas, cifra
relativamente
superior ao ano
anterior, que
detinha o pico mais
alto da série
temporal com uma
produção de 1.753
Contribui directamente
para alcançar os objectivos do
Governo definidos na Estratégia
Nacional de Desenvolvimento
a Longo Prazo “Angola 2025”
e no Plano de Desenvolvimento
Nacional 2018-2022 (PDN).
Actualmente, apontam
dados, a aquicultura é respon-
sável pela produção de mais de
metade do peixe consumido
pela população mundial.
EDIÇÕES NOVEMBRO
14 ÁFRICA
DETENÇÃO DE ASSESSOR DE NICOLÁS MADURO
Enquanto se espera pela decisão, o Presidente pediu respeito pelo Estado de Direito
Presidente de Cabo Verde
diz ser um “caso delicado”
O Presidente Jorge Carlos Fonseca considera ser um “caso
delicado” o processo que envolve o pedido dos EUA para a
extradição de Alex Saab, acusado de ser o “testa-de-ferro”
do Chefe de Estado da Venezuela, Nicolás Maduro
O Presidente cabo-verdiano
descreveu, ontem, a detenção
de Alex Saab, alegado “testa-
de-ferro” de Nicolás Maduro,
como um “caso delicado”,
pedindo respeito pelo Estado
de Direito Democrático,
quando é aguardada a decisão
sobre o pedido norte-ameri-
cano para a extradição.
Em declarações à imprensa,
na cidade da Praia, o Chefe de
Estado, Jorge Carlos Fonseca,
começou por afirmar que não
iria tecer comentários ao caso,
que considerou ser “delicado”
e que está na Justiça.
“Não pode pedir que faça
comentários sobre um caso
delicado, que está na Justiça
cabo-verdiana. Num processo
em que há um cidadão, empre-
sário, sobre o qual impendem
acusações, justas ou não, não
me cabe dizê-lo, de factos cri-
minalmente graves, que foi
detido em Cabo Verde, creio eu
para extradição, em que a defesa
está a batalhar para a libertação,
como eu não comento nenhum
caso judicial em concreto, não
posso comentar este”, disse,
citado pela Lusa.
Por outro lado, pediu res-
peito pelos direitos de defesa
do detido e pelo Estado de
Direito Democrático. “A única
coisa que posso dizer é que,
como Presidente de Cabo
Verde, e sendo Cabo Verde
uma democracia, sempre
achei e continuo a achar que,
em quaisquer circunstâncias,
seja qual for o dossier, qual-
quer que seja a sua comple-
xidade, as suas implicações,
nós temos de funcionar como
um Estado de Direito Demo-
crático”, declarou.
A este propósito, acrescen-
tou: “Concretamente, a pessoa
detida teria que ter e tem que
ter, nomeadamente, acesso
a todas as garantias de defesa
que a Constituição exige para
qualquer pessoa detida em
qualquer processo judicial”.
Jorge Carlos Fonseca disse,
ainda, ser evidente que o caso
tem implicações, já que Cabo
Verde é um país pequeno e
há muitos interesses, para
além de jurídicos, à volta do
caso. “Tanto é assim que não
me lembro de receber tantos
telefonemas, chamadas de
chefes de Estado estrangeiros”,
disse, sem especificar.
“Eu espero e estou seguro
e faço apelo para que este pro-
cesso seja conduzido de acordo
com as regras próprias de um
Estado de Direito Democrá-
tico”, concluiu o Chefe de
Estado cabo-verdiano.
Detido a 12 de Junho
Alex Saab, de nacionalidade
colombiana e com passaporte
venezuelano, foi detido na
noite de 12 de Junho, na Ilha
do Sal, pela Interpol e autori-
dades policiais cabo-verdianas,
com base num mandado de
captura internacional emitido
pelos Estados Unidos.
Alex Saab Morán é acusado
pelos EUA de “negócios cor-
ruptos” com o Governo do
Presidente da Venezuela,
Nicolás Maduro e foi detido
durante uma escala técnica
na Ilha do Sal, num voo de
regresso ao Irão.
Os Estados Unidos pediram
formalmente às autoridades
cabo-verdianas a extradição
do empresário, através da Pro-
curadoria-Geral da República
de Cabo Verde e o processo
envolverá, ainda, um pedido
de autorização ao Ministério da
Justiça, confirmou à Lusa uma
fonte do Governo de Cabo Verde.
O Supremo Tribunal de Justiça
de Cabo Verde negou, no final
de Junho, o pedido de ‘habeas
corpus’ para libertar Alex Saab,
adiantou, anteriormente, à Lusa
uma fonte da defesa.
DR
A defesa já deu entrada de
um recurso contra a decisão
do Tribunal da Relação do Bar-
lavento, que confirmou a deci-
são de prisão preventiva para
efeitos de extradição, tomada
pelo Tribunal da Comarca do
Sal no dia 14 de Junho. Em
causa da parte da defesa, como
acusou o Governo da Vene-
zuela, está a alegação de que
Alex Saab viajava com passa-
porte diplomático, bem como
eventuais violações pelas auto-
ridades cabo-verdianas da
Carta das Nações Unidas e à
Constituição da República.
Além disso, o Governo
venezuelano insiste que o
aviso para detenção para extra-
dição de Alex Saab só foi emi-
tido pela Interpol a 13 de Junho,
um dia depois de concretizada
no aeroporto do Sal, e que terá
sido, entretanto, retirado.
O empresário é considerado
pelas autoridades norte-ame-
ricanas como “testa-de-ferro”
do Presidente venezuelano,
embora esta descrição não apa-
reça em nenhum processo judi-
cial e o Presidente venezuelano
nunca tenha sido alvo de qual-
quer acusação relacionada com
o empresário colombiano.
O Governo venezuelano
disse que a detenção de Alex
Saab Morán foi “ilegal”, por
estar em missão oficial com
“imunidade diplomática”.
Segundo o Executivo de
Maduro, o empresário viajava
como “agente do Governo
Bolivariano da Venezuela” e
“estava em trânsito” em Cabo
Verde, numa escala técnica
necessária à viagem que rea-
lizava, que visava “garantir
alimentos para os Comités
Locais de Abastecimento e
Produção, bem como medi-
camentos, suprimentos médi-
cos e outros bens humanitários
para apoio da luta contra a
pandemia da Covid-19”.
Breves
ANTIGO PREFEITO
DE BRAZZAVILLE
CONDENADO POR DESVIO
DE FUNDOS PÚBLICOS
O antigo prefeito de
Brazzaville, Christian
Roger Okemba, 60 anos,
foi condenado, ontem, a
cinco anos de prisão por
“desvio de fundos
públicos”, noticiou a AFP,
citando uma fonte
judiciária. Seis, entre os
quais Nicolas Okandzi,
antigo director-geral do
orçamento, foram
absolvidos. Produtor de
petróleo, o Congo-
Brazzaville assinou, em
Julho de 2019, um acordo
com o FMI, que se
comprometeu
desbloquear 448,6
milhões de dólares em
três anos, para reforçar a
economia do país.
Por sua vez, Brazzaville
deverá melhorar a
governação, para mais
eficácia e transparência na
gestão da coisa pública.
EXÉRCITO RWANDÊS
TRAVA GRUPO REBELDE
PROVENIENTE DO BURUNDI
As autoridades do
Rwanda anunciaram a
ocorrência de confrontos
armados que opuseram,
há três dias, as Forças
Armadas rwandesas a um
grupo rebelde
desconhecido proveniente
do Burundi, segundo um
comunicado divulgado
domingo pelo Exército
rwandês. O ataque foi
feito por uma dezena de
rebeldes, no distrito de
Nyaruguru (Sul),
fronteiriço com o Burundi,
disse à AFP o tenente-
coronel Innocent
Munyengango, porta-voz
das Forças Armadas
rwandesas.
Segundo aquele oficial
superior, que não
especificou o nome do
grupo armado, foram
mortos quatro
insurgentes, que também
abandonaram
equipamento militar
composto por armas e um
rádio transmissor.
DR
O Exército burundês
desmentiu a implicação
de Bunjumbura nos
confrontos.
Há vários anos que as
relações entre o Rwanda e
o Burundi são tensas, com
Bunjumbura a acusar
Kigali de treinar e armar
rebeldes para
desestabilizar o país. Por
seu lado, o Rwanda
queixa-se de o Burundi
albergar grupos hostis ao
Governo de Paul Kagamé.
ROSE CRISTIANE OSSOUKA RAPONDA
Ali Bongo nomeia
nova PM no Gabão
O Presidente do Gabão, Ali
Bongo Ondimba, nomeou,
ontem, Rose Christiane Ossouka
Raponda, para o cargo de Pri-
meira-Ministra, em substituição
de Julien Nkoghe Bekale, noti-
ciou a Agência France Press.
Formada em Economia pelo
Instituto gabonês de Economia
e de Finanças (IEF) é apoiada
por personalidades influentes
do “clã” dos Bongo, entre elas
a poderosa presidente do Tri-
bunal Constitucional, Marie-
Madeleine Mborantsuo e por
Patience Dabany, mãe do Pre-
sidente da República.
A antiga governadora de
Libreville já foi também minis-
tra da Defesa, em 2019, depois
de Angélique Ngoma (2009-
2011). Desde a Independência,
a 17 de Agosto de 1960, onze
personalidades ocuparam o
posto de Primeiro-Ministro.
Lei da homossexualidade
O Parlamento do Gabão apro-
vou, ontem, de forma defi-
nitiva, um texto apoiado pelo
Governo para a descrimina-
lização da homossexualidade
neste país da África Ocidental,
uma medida vista com maus
A nova Primeira-Ministra gabonesa já ocupou a pasta da Defesa
DENÚNCIA DA LIGA DOS DIREITOS HUMANOS
Supostos terroristas
asfixiados no Chade
Um totalde 44 pessoas detidas
no Chade, por alegadamente
pertencerem ao grupo Boko
Haram foram “asfixiadas deli-
beradamente” na prisão,
denunciou, ontem, a Liga de
Direitos Humanos chadiana.
Em declarações à agência espa-
nhola Efe, o presidente da Liga,
Max Loalngar, contradisse a
versão de suicídio colectivo,
anunciada pelas autoridades
chadianas, aquando do suce-
dido, em Abril.
“Só à meia noite, os car-
cereiros foram retirar os sobre-
viventes”, acrescentou. A Liga
considera que as 58 pessoas
foram “detidas ilegalmente”,
mantidas numa mesma cela,
a uma temperatura de 45 graus
centígrados, e “asfixiadas
deliberadamente até à morte”,
O relatório intitulado “44
civis, vítimas de execuções
sumárias e extrajudiciais em
Terça-feira
21 de Julho de 2020
olhos pela população. Seis
dias depois da aprovação, pela
Assembleia Nacional (Câmara
baixa), o Senado votou favo-
ravelmente a alteração no
código penal, anulando uma
disposição introduzida em
Julho do ano passado que proi-
bia “relações sexuais entre
pessoas do mesmo sexo”.
Desde então, relações
homossexuais eram conside-
radas como “actos indecentes”
puníveis com até seis meses de
prisão e uma multa de cinco
milhões de francos CFA, mas
fontescitadaspelaagênciaFrance
Presse referem que a Lei nunca
tinha sido aplicada. Uma outra
fonte próxima do Senado, citada,
também, pela AFP, afirmou
que, pelo menos, 59 senadores
votaram a favor da emenda,
que contou com 17 votos contra
e quatro abstenções.
Nas últimas semanas, a
homossexualidade no Gabão
tem sido objecto de debate
no país. Parte da oposição e
clero expressaram resistência
à emenda, acreditando que
a homossexualidade é “con-
trária aos costumes e hábitos
do país”.
DR
N’Djamena (capital do Chade)”
põe em causa, em 41 páginas,
a versão de suicídio colectivo
das autoridades chadianas,
questionada pela sociedade
civil. “Os resultados da autópsia
realizada por um médico forense
concluem que os terroristas
consumiram substâncias letais
durante a noite. Naturalmente,
foi um suicídio colectivo”, anun-
ciou, em Abril, o procurador-
geral Yousouf Tome.
As 58 pessoas mencionadas
foram detidas durante a ope-
ração militar “Ira de Bohoma”,
efectuada na região do Lago
Chade, zona duramente ata-
cada pelos radicais do Boko
Haram e do grupo dissidente
Estado Islâmico da Província
da África Ocidental. Os detidos
foram transferidos para a pri-
são de N’Djamena a 13 de
Abril, morrendo, 44 deles, 48
horas depois.
MUNDO Terça-feira
21 de Julho de 2020
JOHN LEWIS ERA DISCÍPULO DE MARTIN LUTHER KING
Morreu o homem que esteve
sempre do lado certo da História
John Lewis era o mais novo e último sobrevivente do Movimento de Defesa dos Direitos Cívicos norte-
americano liderado pelo reverendo Martin Luther King e foi membro da Câmara dos Representantes
Era o mais novo e último
sobrevivente do grupo “Os
Grandes Seis”, composto por
líderes negros que lutavam
pelos direitos humanos, que
incluía Martin Luther King
Jr. John Lewis morreu sexta-
feira, aos 80 anos, devido a
um cancro no pâncreas.
O activista era membro da
Câmara dos Representantes
dos Estados Unidos desde
1986 e, até ao dia da sua morte,
lutou pela justiça e pelos ideais
que defendia.
Depois de meses afastado
de Washington para se con-
centrar nos seus tratamentos,
Lewis regressou à capital, em
Junho, após a morte de George
Floyd, para participar na
mobilização do movimento
“Black Lives Matter” contra
a discriminação racial.
“Temos estado nas ruas e a
Polícia continua a usar a mesma
táctica para impedir a nossa
luta pela liberdade negra e, no
entanto, isso nunca impediu
o congressista Lewis. Ele esteve
sempre no lado certo da His-
tória”, disse Patrisse Cullors,
uma das fundadoras do movi-
mento “Black Lives Matter”.
A sua última aparição pública
aconteceu no início de Junho,
quando participou numa mani-
festação perto da Casa Branca,
em Washington, onde cami-
nhou (com a ajuda de uma
bengala) com Muriel Bowser,
presidente do Distrito de Colum-
bia, numa rua da Casa Branca
acabada de ser renomeada
Black Lives Matter Plaza e que
tinha sido decorada com a ins-
crição “Black Lives Matter”.
O ex-Presidente dos Esta-
dos Unidos, Barack Obama,
que em 2011 concedeu a Lewis
a Medalha da Liberdade, a
DESENVOLVIMENTO DA MARINHA RUSSA
Putin reforça poderio militar
O activista cívico e político norte-americano morreu aos 80 anos devido a um cancro no pâncreas
maior distinção civil dos Esta-
dos Unidos, usou as redes
sociais para homenagear o
activista. “Muitos de nós não
vivemos para ver o nosso
legado desenrolar-se de uma
maneira tão significativa e
notável. O John Lewis viveu.
E graças a ele, agora todos
temos instruções para con-
tinuar a acreditar na possi-
bilidade de reconstruir este
país que amamos até que ele
cumpra o seu potencial”, pode
ler-se no texto partilhado
pelo democrata.
A origem de um Ícone
John Lewis nasceu a 21 de
Fevereiro de 1940, nos arre-
dores da cidade de Troy, no
Alabama, era o quarto de dez
irmãos numa família pobre
de agricultores. Tinha 21 anos
quando se tornou um dos
fundadores dos “Passageiros
da Liberdade”, que lutaram
contra a segregação racial no
sistema de transporte público
americano e, em 1963, foi um
dos fundadores e lideres do
Comité de Coordenação dos
Estudantes Não Violentos
(SNCC), que esteve na van-
guarda do movimento pelos
direitos dos negros e que orga-
nizou manifestações no Sul
dos Estados Unidos.
Após assumir a direcção
do SNCC, Lewis apresentou-
se na Sala Oval da Casa Branca
com outros líderes negros,
Martin Luther King Jr., Whit-
ney Young, A. Philip Randolph,
James Farmer e Roy Wilkins,
que ficaram conhecidos como
DR
os “Os Grandes Seis”, ele era
o mais novo e último sobre-
vivente deste grupo. Na reu-
nião, os seis anunciaram ao
Presidente John F. Kennedy
que rejeitavam cancelar a mar-
cha até à porta da Casa Branca
para promover uma legislação
que protegesse melhor os direi-
tos cívicos. Foi nesta mani-
festação que Martin Luther
King fez o icónico discurso “I
Have a Dream”, mas Lewis
foi mais directo. “Se não con-
seguirmos uma legislação sig-
nificativa deste Congresso,
chegará uma altura em que
não limitaremos a nossa mar-
cha a Washington… Temos de
dizer ‘Acorda, América,
acorda!’ Porque não podemos
parar, e não vamos ser pacien-
tes.”Dois anos depois, durante
SG DA ONU
a manifestação antirracista
pacífica em Selma, no Ala-
bama, quase morreu depois
de ter sido brutalmente espan-
cado pela Polícia, que lhe
causou uma fractura no crânio.
Anti-Trump
Nos últimos anos, a vida de
Lewis foi marcada pela sua
posição contra o actual Pre-
sidente dos Estados Unidos
da América, Donald Trump.
O congressista opôs-se à
vitória de Trump nas eleições
e boicotou a sua tomada de
posse, em 2016. Lewis con-
siderava que as interferências
russas nas eleições tornavam
a vitória “ilegítima”. Esta foi
a primeira vez que um con-
gressista se pronunciou de tal
forma contra um Presidente.
Raúl Grijalva, do Arizona, e
Barbara Lee, da Califórnia,
também se opuseram.
“Acho que os russos ajuda-
ram a que este homem fosse
eleito. E ajudaram na destruição
da candidatura de Hillary Clin-
ton”, explicou Lewis. “Eu disse
aos estudantes: ‘Quando vêm
algo que não está certo, que não
é justo, têm a obrigação moral
de fazer alguma coisa, de dizer
algo’”, disse Lewis, em 2018,
quando foi colocada a hipótese
de existir um “impeachement”
a Donald Trump. Em relação à
morte de Lewis, Trump reagiu
com um curto Tweetter. “Triste
por ouvir as notícias sobre a
morte de John Lewis, um herói
dos direitos cívicos. Eu e a Mela-
nia enviamos as nossas con-
dolências à família”.
De forma a honrar a sua
morte, a bandeira da Casa
Branca ficou à meia haste,
como acontece sempre que
morre um congressista.
15
TIMOR LESTE
Parlamento
aprova nova lei
anticorrupção
O Parlamento Nacional timo-
rense aprovou, ontem, por
unanimidade, a nova lei anti-
corrupção que exige extensas
declarações de bens e inte-
resses, que ficarão “online”
e serão tornadas públicas, a
todos os responsáveis e qua-
dros públicos.
O projecto de lei de “medi-
das de prevenção e combate
à corrupção” foi aprovado na
sessão do plenário antes de
ser enviado para promulgação
para o Presidente da República,
Francisco Guterres Lu-Olo.
A nova lei de “medidas de
prevenção e combate à cor-
rupção”, há vários anos na
gaveta, permite, entre outros
aspectos, a denúncia anónima
de crimes, penas de três a 15
anos de prisão para corrupção
passiva de agente público para
acto ilícito, e até três anos para
acto lícito.
A corrupção activa de agente
público é punida com três a
dez anos de cadeia, tal como
o crime de peculato, com penas
que podem aumentar até 12
anos se o valor ultrapassar os
cinco mil dólares.
Peculato de uso é punido
com pena até dois anos de
prisão, a mesma que é aplicada
em casos de atentado ao direito
de participação e à igualdade
de candidatos em concurso
de aprovisionamento, venda
ou concessão.
DR
O Parlamento timorense
aprovou o diploma
O diploma prevê penas
até quatro anos de prisão por
abuso de poder e de dois a
oito anos para participação
económica em negócio, agra-
vada até 15 anos se os prejuízos
do Estado forem acima de
dez mil dólares. Casos de con-