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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................................................... 4
1.5.1 Igualdade................................................................................................................................................... 12
1.5.2 Legalidade................................................................................................................................................. 13
1.5.6 Liberdade................................................................................................................................................... 15
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QUESTÕES COMENTADAS .......................................................................................................................................... 30
GABARITO ........................................................................................................................................................................... 40
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 44
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................... 45
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INTRODUÇÃO
os resultados.
Justamente pensando nisso, o Setor de Inteligência do CERS realizou uma análise acurada
de mais de 260 provas dos principais cargos das Carreiras Jurídicas, Policiais e das áreas de
Tribunais e de Cartório, identificando os temas mais recorrentes para os concursos públicos
Nessa análise, verificamos que a disciplina de Direito Constitucional é uma das mais
recorrentes nos principais certames, dentro da qual verificou-se elevado percentual de
doutrinária e jurisprudencial.
Nesse sentido, importa denotar que as subdivisões relativas aos Direitos e Garantias
Fundamentais devem ser estudadas não apenas com a leitura e absorção dos dispositivos
legais aplicáveis, mas também com o aprofundamento em torno dos posicionamentos
doutrinários majoritários e das principais súmulas e julgados correlatos dos Tribunais
4
DIREITO CONSTITUCIONAL
Dos Direitos e
Garantias
Fundamentais
Outros temas
Outros temas
uma questão desafio), a fim de sedimentar os seus conhecimentos jurídicos acerca do assunto.
Vamos juntos!
5
DIREITO CONSTITUCIONAL
O Professor alemão Georg Jellinek desenvolveu, no final do século XIX, a doutrina dos quatro
status em que o indivíduo pode encontrar-se diante do Estado buscando auxiliar na
compreensão do conteúdo e alcance dos direitos fundamentais, tendo em conta o papel por
eles desempenhado na ordem jurídica. São eles: status passivo, status negativo, status positivo
e status ativo.
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o Estado. Nessa situação, o Estado pode obrigar o indivíduo, mediante mandamentos e
proibições.
O status positivo (ou status civitatis) se verifica nas situações em que o indivíduo tem o
direito de exigir do Estado que atue positivamente em seu favor, que realize prestações,
Jellinek, por fim, trata do status ativo, no qual o indivíduo desfruta de competências para
influir sobre a formação da vontade estatal, correspondendo essa posição ao exercício dos
Subordinação aos
poderes públicos
Passivo
Sujeição a deveres
fundamentais
Indivíduo com
autodeterminação
OS QUATRO
Negativo
STATUS DE
O Estado não
JELLINEK
interfere
Atuação positiva do
Positivo
Estado
Participação na
Ativo formação da
vontade estatal
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1.2 Classificação dos Direitos Fundamentais
O ministro Alexandre de Moraes aponta que a Constituição Federal de 1988 trouxe em seu
Título II os direitos e garantias fundamentais, subdividindo-os em cinco capítulos: direitos
em partidos políticos.
Direitos
Fundamentais de
Primeira Geração
Direitos
Fundamentais de
Segunda Geração
Direitos
Fundamentais de
Terceira Geração
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“enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos)1 – que compreendem
as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os
direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identificam
com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os
direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos
genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e
constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e
reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados enquanto valores fundamentais
indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade” ((MS 22.164, Rel. Min. Celso de
Mello, DJ 17/11/95)).
seguintes:
f) Efetividade: a atuação do Poder Público deve ter por escopo garantir a efetivação
dos direitos fundamentais;
1
Vide questão 8 desse material.
9
h) Complementaridade: os direitos fundamentais não devem ser interpretados
isoladamente, mas sim de forma conjunta com a finalidade de alcançar os
objetivos previstos pelo legislador constituinte;
Não existe uma lista taxativa de direitos fundamentais. Eles representam um conjunto
aberto, dinâmico, mutável no tempo. Essa característica dos direitos fundamentais encontra-se
expressa no § 2º do art. 5º da CRFB/1988, nos termos seguintes:
"os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte".
Assim, com a evolução constitucional, esse raciocínio foi conduzido para o que hoje se
denomina de eficácia horizontal dos direitos e garantias fundamentais, no sentido de considerar
que tais fundamentos, muito embora criados para regular as relações verticais, de subordinação,
entre o Estado e os seus súditos, passam a ser empregados nas relações privadas, envolvendo
pessoas físicas e jurídicas de direito privado.
Uma das hipóteses da incidência dos direitos fundamentais nas relações privadas encontra-
se no art. 7º da Constituição da República, que tem como destinatários os empregados e
empregadores privados.
Outra previsão está expressa no inciso V do art. 5.º, o qual assegura o direito de resposta,
proporcional ao agravo (nesse caso, o sujeito passivo será o órgão de imprensa, privado).
Assim, de modo resumido, não só o Estado deve respeitar os direitos fundamentais, mas
também os particulares.
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(CESPE - 2018 - PGE-PE - Procurador do Estado) Considere as duas afirmações a seguir.
I Em um processo judicial, o Estado deve assegurar a observância do contraditório e da ampla
defesa.
II Nas relações entre a imprensa e os particulares, a imprensa deve observar o direito à honra,
sob pena de consequências como direito de resposta e indenização por dano material ou
moral.
As afirmações I e II contemplam situações que exemplificam a
Comentários: Como estudado acima, a eficácia vertical manifesta-se nas relações entre
particular X Estado, enquanto a eficácia horizontal manifesta-se nas relações entre particular X
particular.
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1.5 Direitos Individuais Básicos
São considerados direitos individuais básicos os expressamente previstos no art. 5º, caput,
ou seja: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. Além destes, o próprio art. 5º
da Carta Magna traz, nos seus setenta e oito incisos, uma extensa relação de direitos individuais.
Uma importante característica dos direitos individuais previstos no art. 5º da Lei Maior é o
seu caráter autoaplicável, ou, relembrando a classificação estudada das normas constitucionais,
tratam-se, na sua maioria, de normas de eficácia plena ou contida, com aplicabilidade imediata.
Assim, não dependem da edição de norma regulamentadora para que possam ser exercidos,
salvo algumas poucas exceções. É o que está expressamente previsto no art. 5º, §1º.
Embora o texto constitucional não faça menção expressa aos estrangeiros não residentes no
País, é pacífico o entendimento de que eles também gozam da proteção constitucional quanto
aos direitos fundamentais. O mesmo se pode dizer das pessoas jurídicas, também merecedoras
da proteção constitucional quanto aos direitos fundamentais (tanto as de direito público quanto
as de direito privado).
1.5.1 Igualdade
O direito à igualdade está consagrado no art. 5º, caput, da Constituição Federal, que diz:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Seu significado é intuitivo,
vale dizer, proíbe-se toda e qualquer forma de discriminação injustificada entre as pessoas.
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É importante notar que o conteúdo deste princípio não impõe uma igualação absoluta
entre todas as pessoas, já que há situações em que é inegável a necessidade de se
desigualar pessoas que se encontrem em situações desiguais, visando exatamente conferir
aquilo que se chama de igualdade material. Por isso é que se fala que respeitar o princípio
da igualdade é igualar os iguais, na medida das suas igualdades, e desigualar os desiguais, na
1.5.2 Legalidade
Este importantíssimo princípio constitucional vem proclamado no art. 5º, II, que declara:
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
É a base primordial dos chamados Estados de Direito, como o Brasil, que primam por
garantir a todos os que estiverem sob sua Soberania a segurança de que só se verão obrigados
Quando se fala em segurança das relações jurídicas, fala-se no direito que todos têm de
saber as consequências exatas dos atos jurídicos que venham a praticar. É a segurança conferida
aos indivíduos de que não serão pegos de surpresa por novas e inesperadas situações que lhe
prejudiquem.
Em nome desta segurança é que o princípio geral acerca da aplicação das leis é o da
irretroatividade, ou seja, as leis só alcançam as situações posteriores à sua elaboração. Poderão
retroagir somente nos casos em que não prejudiquem ao direito adquirido, ato jurídico perfeito
e a coisa julgada.
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Coisa julgada: é a decisão judicial definitiva, ou seja, da qual já não caiba recurso.
Depois de transitada em julgado (ultrapassadas todas instâncias de recurso), a
sentença proferida num processo judicial confere às partes a certeza de que não
será modificada.
1.5.4 Privacidade
“são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado
mails.
14
indivíduo, o conjunto dos seus traços caracterizadores, seus comportamentos
reiterados. Por sua vez, a imagem-voz é o timbre sonoro do indivíduo.
autorização.
“durante o dia”, sendo o intervalo compreendido entre o amanhecer até o por do sol.
1.5.5 Vida
Do direito à vida decorre uma série de direitos, como o direito à integridade física e
moral, a proibição da pena de morte e da venda de órgãos, a punição como crime do homicídio,
1.5.6 Liberdade
Liberdade, em termos jurídicos, é o direito de fazer ou não fazer alguma coisa senão
em virtude da lei. Um indivíduo é livre para fazer tudo aquilo que a lei não proibir. Considerando
o princípio da legalidade (art. 5º, II), apenas as leis podem limitar a liberdade individual.
15
O art. 5º, IV, estabelece que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato”. Se a CRFB assegura a liberdade de manifestação de pensamento, as pessoas são
obrigadas a assumir a responsabilidade por aquilo que exteriorizarem. Ninguém pode fugir da
responsabilidade do pensamento exteriorizado, escondendo-se sob a forma do anonimato. O
direito de manifestação do pensamento deve ser manifestado de forma responsável, não
se tolerando o exercício abusivo deste direito em detrimento da honra das demais pessoas.
2
Vide questõe 12, 14 e 15 deste material
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1.5.7 Propriedade
O direito de propriedade encontra-se assegurado no art. 5º, XXII, da Lei Maior, sendo
conceituado tradicionalmente pelo art. 1.228 do Código Civil (Lei 10.406/02), como sendo o
direito conferido a todos “de usar, gozar, e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de
Esta antiga e tradicional definição, todavia, hoje precisa ser revista, tendo em vista que a
Constituição de 1988 trouxe a figura da função social da propriedade, a teor do seu art. 5º, XXIII,
Isto quer dizer que não se concebe mais o direito de propriedade como um direito
absoluto do seu titular que pode ser exercido à revelia dos interesses sociais. Ao contrário, a
função social da propriedade impõe a utilização da coisa de acordo com a conveniência social
e os interesses da sociedade.
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QUADRO SINÓTICO
Subordinação aos
poderes públicos
Passivo
Sujeição a deveres
fundamentais
Indivíduo com
autodeterminação
OS QUATRO
Negativo
STATUS DE
O Estado não
JELLINEK
interfere
Atuação positiva do
Positivo
Estado
Participação na
Ativo formação da
vontade estatal
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CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
RELATIVIDADE OU
Os direitos fundamentais não têm natureza absoluta.
LIMITABILIDADE
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2. Remédios Constitucionais
Não se trata de meras proibições endereçadas ao Estado, como ocorre com a maioria das
demais garantias; os denominados remédios são instrumentos à disposição do indivíduo para
que ele possa atuar quando os direitos e as próprias garantias são violadas.
Com exceção da Ação Civil Pública, que está prevista no art. 129, da CF, encontram-se
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2.1 Habeas Corpus
É a modalidade de ação constitucional prevista para tutelar a liberdade de locomoção do
indivíduo, seu direito de ir e vir. Desta forma, sempre que alguém se achar cerceado, ou na
ameaça de sê-lo, no seu direito de se locomover livremente, poderá se valer de habeas
corpus.
Importante notar que o cidadão comum é legítimo para valer-se de habeas corpus
independentemente de advogado. Além disso, pode ser impetrado em face de ato de autoridade
pública e de particular.
favoravelmente ao réu.
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Existem basicamente duas modalidades de HC: o HC preventivo e o HC repressivo. Será
preventivo quando o constrangimento ilegal ao direito de ir e vir ainda não tenha ocorrido, mas
esteja na iminência de sê-lo, ao passo em que será repressivo, ao contrário, quando o HC for
Este remédio constitucional foi regulamentado pela Lei nº 9.507/97. Qualquer pessoa, seja
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, pode valer-se de habeas data. No polo passivo podem
estar entidades governamentais da Administração direta ou indireta ou pessoas jurídicas de
direito privado que mantenham banco de dados aberto ao público (Ex: SPC, SERASA, etc.).
O habeas data é remédio constitucional, de natureza civil, submetido a rito sumário, que
se destina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível
em seu tríplice aspecto: a) direito de acesso aos registros relativos à pessoa do impetrante; b)
direito de retificação desses registros e c) direito de complementação dos registros.
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No habeas data, não há necessidade de que o impetrante revele as causas do
requerimento ou demonstre que as informações são imprescindíveis à defesa de eventual direito
O Supremo Tribunal Federal já decidiu que o habeas data é instrumento adequado para
a obtenção de informações fiscais do impetrante em poder dos órgãos de arrecadação tributária.
De outro lado, entende o Supremo Tribunal Federal que o habeas data não é instrumento
b) Solicitar informações relativas a terceiros, pois sua impetração deve ter por
objetivo assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante.
Terá vez sempre que não for cabível o habeas corpus ou o habeas data, ou seja, sempre
que o direito líquido e certo do Impetrante não for nem sua liberdade de locomoção (HC) nem
Direito líquido e certo é aquele demonstrado de plano, de acordo com o direito, e sem
incerteza, a respeito dos fatos narrados pelo impetrante. É o que se apresenta manifesto na
sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da
impetração.
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O Mandado de Segurança poderá ser, assim como o Habeas Corpus, preventivo ou
repressivo. Será preventivo se a lesão, a ilegalidade ou abuso de poder contra direito líquido e
certo do Impetrante não tiver ainda ocorrido, e repressivo se for impetrado após a efetiva
Sua impetração está sujeita a prazo decadencial de 120 dias a partir da ciência do ato
sem apresentar esse recurso, não fica impedido de ajuizar o mandado de segurança
Também não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados
pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
Não cabe mandado de segurança contra lei em tese, salvo se produtora de efeitos
concretos. Somente as leis de efeitos concretos são passíveis de impugnação mediante mandado
de segurança, pois estas equivalem a atos administrativos, e, por terem destinatários certos,
Possuem legitimidade ativa para impetrar MS: as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou
estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil; as universalidades reconhecidas por lei, que, embora
sem personalidade jurídica, possuem capacidade processual para defesa de seus direitos. os
órgãos públicos de grau superior, na defesa de suas prerrogativas e atribuições; os agentes
políticos na defesa de suas atribuições e prerrogativas; o Ministério Público, competindo a
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impetração, perante os tribunais locais, ao promotor de justiça, quando o ato atacado emanar
de juiz de primeiro grau de jurisdição.
Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino apontam que considera-se autoridade coatora aquela
que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. Em
mandado de segurança, em se tratando de atribuição delegada, a autoridade coatora será o
agente delegado (que recebeu a atribuição), e não a autoridade delegante (que efetivou a
delegação).
(caso de substituição).
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Coletivos: assim entendidos os transindividuais, de natureza indivisível de que seja
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica básica;
São legitimados para propô-lo: partido político com representação no Congresso Nacional;
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano (prazo só se refere à associação), em defesa dos
O pedido deve ser apresentado de forma escrita, podendo ser individual ou coletivo
Poder Público cobrança de toda e qualquer taxa, seja a qualquer título ou pretexto.
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Falta de norma regulamentadora, tornando inviável o exercício dos direitos,
liberdades e prerrogativas acima mencionados (omissão).
Assim como no caso da ADO, o mandado de injunção surge para “curar” uma “doença”
denominada síndrome de inefetividade das normas constitucionais, vale dizer, normas
constitucionais que, de imediato, no momento em que a Constituição entra em vigor não têm
o condão de produzir todos os seus efeitos, necessitando de ato normativo integrativo e
infraconstitucional.
O art. 2.º da Lei n. 13.300/2016 estabelece que será concedido mandado de injunção
sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
e à cidadania.
Por sua vez, considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas
Por sua vez, são legitimados ativos para a impetração do mandando de injunção coletivo,
como impetrantes:
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Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos 1 ano: para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial;
O art. 8.º da LMI estabelece que, reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida
a injunção para:
Por meio deste importante instrumento, todo cidadão atua como fiscal da atividade
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Condição de eleitor: só pode ser proposta por cidadão brasileiro no gozo dos direitos
políticos;
Ilegalidade: o ato do Poder Público que esteja sendo impugnado deve ser contrário
ao ordenamento jurídico;
Lesividade: o ato impugnado deve ser lesivo a um dos quatro interesses acima
descritos.
Em razão do primeiro requisito acima, não pode ser proposta Ação Popular por pessoa
jurídica.
Podem ser réus: as pessoas jurídicas de direito público e privado em nome das quais foi
praticado o ato; autoridades, funcionários ou administradores que houverem participado do ato
ilegal e lesivo; e os beneficiários do ato, mesmo que particulares, sejam nacionais ou
estrangeiros.
a) Ministério Público;
b) Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios);
c) Associações constituídas há mais de um ano que tenham por finalidade a defesa de
interesses difusos e coletivos (ONGs);
d) Defensorias Públicas.
Poderão ser réus tanto pessoas e órgãos integrantes da Administração Pública quanto
pessoas e entes privados, desde que realizem atos nocivos aos interesses difusos/coletivos
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QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
Embora o preâmbulo da CF não tenha força normativa, podem os estados, ao elaborar as suas
próprias leis fundamentais, reproduzi-lo, adaptando os seus termos naquilo que for cabível.
A) Certo
B) Errado
Comentário:
Questão 2
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ter acesso a esse processo administrativo anterior, o remédio constitucional adequado a ser
utilizado pela empresa X é
A) o habeas data.
B) o habeas corpus.
C) o mandado de segurança.
D) o mandado de injunção.
E) a ação popular.
Comentário:
O habeas data não é o instrumento jurídico adequado para que se tenha acesso a autos de
processos administrativos. Segundo Ellen Gracie, "o habeas data não se revela meio idôneo para
se obter vista de processo administrativo". Assim, nesse caso, o remédio constitucional adequado
é o mandado de segurança, que tem natureza supletiva, subsidiária, isto é, poderá ser ajuizado
para proteger direito líquido e certo não amparado por habeas data ou habeas corpus.
Questão 3
(Prova: CESPE - 2015 - Telebras - Advogado) Julgue o item subsequente, relativo ao Sistema
Tributário Nacional, ao Conselho Nacional de Justiça, à interpretação e aplicabilidade das normas
principiológico.
A) Certo
B) Errado
31
Comentário:
Questão 4
(CESPE - 2015 - TCU - Procurador do Ministério Público) Acerca das Constituições e das
normas constitucionais, assinale a opção correta.
A) O uso da analogia em matéria constitucional pode ser visto como uma imposição do princípio
da isonomia.
B) Por ser uma Constituição analítica, a CF não admite lacuna de nenhuma espécie.
C) Por não ser dotado de caráter normativo, o preâmbulo da CF não pode ser utilizado pelo
aplicador como vetor de interpretação.
D) Entende-se por “silêncio eloquente" da Constituição um lapso do legislador constituinte que,
pretendendo deliberadamente contemplar determinada hipótese de fato, acabe omitindo, por
desaviso, a respectiva norma disciplinadora.
E) Em modelos de Constituição formal e rígida como o da brasileira, é inadequado falar-se em
normas constitucionais implícitas.
Comentário:
A analogia é utilizada em matéria constitucional. O artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal, diz
que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. O juiz não
vai se eximir de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei, cabendo ao
mesmo, no julgamento da lide, aplicar as normas legais. Se elas não existirem, deve recorrer à
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O principal fundamento da analogia é a igualdade, pois se parte da premissa de que hipóteses
similares devem receber o mesmo tratamento do ordenamento. Mas, para que seja cabível a
analogia, não basta que haja uma simples semelhança entre os casos. É necessário que esta
semelhança seja relevante, no que concerne às razões subjacentes à norma a ser aplicada.
Segundo o STF, o preâmbulo da CRFB não constitui norma central, não tem força normativa e
não constitui norma de reprodução obrigatória na Constituição Estadual. O preâmbulo
representa um texto situado muito mais no terreno da Política do que do Direito, que pode ser
De acordo com entendimento do STF, o chamado silêncio eloquente (do alemão Beredtes
Schweigen) é referente à norma constitucional proibitiva, obtida, a contrario sensu, de
interpretações segundo as quais a simples ausência de disposição constitucional permissiva
significa a proibição de determinada prática por parte dos órgãos constituídos, incluindo o
próprio legislador infraconstitucional . O instituto pressupõe o afastamento da analogia, aplicável
Questão 5
33
E) As normas constitucionais de princípios programáticos são de aplicabilidade direta, imediata
e integral.
Comentário:
O preâmbulo não tem caráter normativo e não pode ser parâmetro de controle de
emenda constitucional.
As normas constitucionais de eficácia limitada produzem efeito mediato e indireto, e até a sua
efetiva regulamentação permanece em vigor a legislação pretérita em sentido contrário, e
As normas programáticas são exemplos de normas de eficácia limitada, cuja característica são:
Questão 6
classificado como
34
Comentário:
O Brasil é uma República, logo, essa é a forma de Governo adotada em nosso País em
Questão 7
(CESPE - 2019 - MPC-PA - Procurador de Contas) No que se refere à teoria geral dos direitos
fundamentais e aos direitos e deveres individuais e coletivos, é correto afirmar que
dimensão.
Comentário:
O Direito de resistência é inerente à pessoa humana, sendo uma liberdade individual: Primeira
Geração.
A igualdade meramente civil ou formal é direito fundamental de primeira geração, ao passo que
a igualdade material ou efetiva, porquanto exija intervenção estatal, é uma grandeza de uma
outra etapa evolutiva do direito, abarcando já os direitos sociais de segunda dimensão.
35
O direito de greve se encaixa na segunda geração, assim como o direito à sindicalização. São
os direitos sociais ou liberdades positivas. os direitos de terceira geração, que materializam
poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais,
consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de
desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto
valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.” (MS 22.164,
Questão 8
Comentário:
36
Como visto no item 3.2, os direitos de primeira dimensão/geração referem-se aos direitos civis
e políticos. De forma objetiva e clara, é importante nos atentarmos às lições da doutrina
moderna, no que tange às dimensões dos direitos fundamentais, assim, entende-se como:
Questão 9
C) não cabe liminar em habeas corpus, seja preventivo ou repressivo, ainda que, no
caso concreto, estejam presentes os pressupostos de toda medida dessa natureza.
Comentário:
37
De acordo com o item 4.1, a legitimação ativa do habeas corpus é universal: qualquer do
povo, nacional ou estrangeiro, independentemente de capacidade civil, política ou profissional,
de idade, de sexo, profissão, estado mental, pode ingressar com habeas corpus, em benefício
próprio ou alheio. Ademais, conforme dispõe o Art. 192 do CPC/2015: “em todos os atos e
termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa”.
É importante ressaltar, ainda, que o habeas corpus é garantia constitucional que pressupõe,
para o seu adequado manejo, uma ilegalidade ou um abuso de poder.
Os membros do Ministério Público podem ajuizar a ação em favor de terceiros, tanto nas
instâncias jurisdicionais superiores, quanto nas instâncias de 1º grau.
Questão 10
A) habeas corpus.
B) mandado de injunção.
C) direito de petição.
D) mandado de segurança.
E) habeas data.
38
Comentário:
No caso em apreço, é importante que o futuro Procurador fique atento ao tipo de dado
que está sendo solicitado o acesso, pois, conforme estudado no item 4.2, não é cabível habeas
data para solicitar informações relativas a terceiros, pois sua impetração deve ter por objetivo
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante. Nesse sentido, é
cabível, no caso em apreço, o mandado de segurança, já que o cidadão teve um direito líquido
e certo de obter informações do contrato obstaculizado pela autoridade competente.
39
GABARITO
Questão 1 - Certo
Questão 2 - C
Questão 3 - Certo
Questão 4 - A
Questão 5 - C
Questão 6 - E
Questão 7 - E
Questão 8 - A
Questão 9 - E
Questão 10 - D
40
QUESTÃO DESAFIO
Máximo de 5 linhas
41
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO
(ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte. 2. Aufl. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1994, s. 457).
42
fundamentais sociais como direitos prima facie; só se tornam direitos definitivos quando não há
razões de maior peso em sentido contrário.
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LEGISLAÇÃO COMPILADA
Preâmbulo Constitucional
Princípios Fundamentais
Remédios Constitucionais
44
JURISPRUDÊNCIA
Preâmbulo
Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de
ADI 2.649, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-5-2008, P, DJE de 17-10-2008
Devem ser postos em relevo os valores que norteiam a Constituição e que devem servir de orientação para a
correta interpretação e aplicação das normas constitucionais e apreciação da subsunção, ou não, da Lei 8.899/1994
a elas. Vale, assim, uma palavra, ainda que brevíssima, ao Preâmbulo da Constituição, no qual se contém a
explicitação dos valores que dominam a obra constitucional de 1988 (...). Não apenas o Estado haverá de ser
convocado para formular as políticas públicas que podem conduzir ao bem-estar, à igualdade e à justiça, mas a
sociedade haverá de se organizar segundo aqueles valores, a fim de que se firme como uma comunidade fraterna,
pluralista e sem preconceitos (...). E, referindo-se, expressamente, ao Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988,
escolia José Afonso da Silva que "O Estado Democrático de Direito destina-se a assegurar o exercício de
determinados valores supremos. ‘Assegurar’, tem, no contexto, função de garantia dogmático-constitucional; não,
porém, de garantia dos valores abstratamente considerados, mas do seu ‘exercício’. Este signo desempenha, aí,
função pragmática, porque, com o objetivo de ‘assegurar’, tem o efeito imediato de prescrever ao Estado uma ação
em favor da efetiva realização dos ditos valores em direção (função diretiva) de destinatários das normas
constitucionais que dão a esses valores conteúdo específico" (...). Na esteira destes valores supremos explicitados
no Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988 é que se afirma, nas normas constitucionais vigentes, o princípio
jurídico da solidariedade.
Princípios Fundamentais
Art. 28, §12, da Lei Federal 9.504/1997 (Lei das Eleições). Prestação de Contas das doações de partidos para
candidatos. Necessidade de identificação dos particulares responsáveis pela doação ao partido. Exigência
republicana de transparência. O grande desafio da democracia representativa é fortalecer os mecanismos de
controle em relação aos diversos grupos de pressão, não autorizando o fortalecimento dos ‘atores invisíveis de
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poder’, que tenham condições econômicas de desequilibrar o resultado das eleições e da gestão governamental.
Os princípios democrático e republicano repelem a manutenção de expedientes ocultos no que concerne ao
funcionamento da máquina estatal em suas mais diversas facetas. É essencial ao fortalecimento da democracia que
o seu financiamento seja feito em bases essencialmente republicanas e absolutamente transparentes. Prejudica-se
obstruindo o cumprimento, pela justiça eleitoral, da relevantíssima competência estabelecida no art. 17, III, da CF.
O postulado republicano – que repele privilégios e não tolera discriminações – impede que prevaleça a prerrogativa
de foro, perante o STF, nas infrações penais comuns, mesmo que a prática delituosa tenha ocorrido durante o
período de atividade funcional, se sobrevier a cessação da investidura do indiciado, denunciado ou réu no cargo,
função ou mandato cuja titularidade (desde que subsistente) qualifica-se como o único fator de legitimação
constitucional apto a fazer instaurar a competência penal originária da Suprema Corte (CF, art. 102, I, b e c).
Cancelamento da Súmula 394/STF (RTJ 179/912-913). Nada pode autorizar o desequilíbrio entre os cidadãos da
República. O reconhecimento da prerrogativa de foro, perante o STF, nos ilícitos penais comuns, em favor de ex-
ocupantes de cargos públicos ou de ex-titulares de mandatos eletivos transgride valor fundamental à própria
configuração da ideia republicana, que se orienta pelo vetor axiológico da igualdade. A prerrogativa de foro é
outorgada, constitucionalmente, ratione muneris, a significar, portanto, que é deferida em razão de cargo ou de
mandato ainda titularizado por aquele que sofre persecução penal instaurada pelo Estado, sob pena de tal
caráter pessoal.
Rcl 11.243, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 8-6-2011, P, DJE de 5-10-2011
Negativa, pelo presidente da República, de entrega do extraditando ao país requerente. (...) O Tratado de Extradição
entre a República Federativa do Brasil e a República Italiana, no seu art. III, 1, f, permite a não entrega do cidadão
da parte requerente quando "a parte requerida tiver razões ponderáveis para supor que a pessoa reclamada será
submetida a atos de perseguição". (...) Deveras, antes de deliberar sobre a existência de poderes discricionários do
presidente da República em matéria de extradição, ou mesmo se essa autoridade se manteve nos lindes da decisão
proferida pelo Colegiado anteriormente, é necessário definir se o ato do chefe de Estado é sindicável pelo Judiciário,
em abstrato. O art. 1º da Constituição assenta como um dos fundamentos do Estado brasileiro a sua soberania –
que significa o poder político supremo dentro do território, e, no plano internacional, no tocante às relações da
República Federativa do Brasil com outros Estados soberanos, nos termos do art. 4º, I, da Carta Magna. A soberania
nacional no plano transnacional funda-se no princípio da independência nacional, efetivada pelo presidente da
República, consoante suas atribuições previstas no art. 84, VII e VIII, da Lei Maior. A soberania, dicotomizada em
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interna e externa, tem na primeira a exteriorização da vontade popular (art. 14 da CRFB) através dos representantes
do povo no parlamento e no governo; na segunda, a sua expressão no plano internacional, por meio do presidente
da República. No campo da soberania, relativamente à extradição, é assente que o ato de entrega do extraditando
é exclusivo, da competência indeclinável do presidente da República, conforme consagrado na Constituição, nas
leis, nos tratados e na própria decisão do Egrégio STF na Ext 1.085. O descumprimento do tratado, em tese, gera
uma lide entre Estados soberanos, cuja resolução não compete ao STF, que não exerce soberania internacional,
máxime para impor a vontade da República Italiana ao chefe de Estado brasileiro, cogitando-se de mediação da
Corte Internacional de Haia, nos termos do art. 92 da Carta das Nações Unidas de 1945.
ADPF 153, voto do rel. min. Eros Grau, j. 29-4-2010, P, DJE de 6-8-2010.
(...) a dignidade da pessoa humana precede a Constituição de 1988 e esta não poderia ter sido contrariada, em seu
art. 1º, III, anteriormente a sua vigência. A arguente desqualifica fatos históricos que antecederam a aprovação,
pelo Congresso Nacional, da Lei 6.683/1979. (...) A inicial ignora o momento talvez mais importante da luta pela
redemocratização do País, o da batalha da anistia, autêntica batalha. Toda a gente que conhece nossa história sabe
que esse acordo político existiu, resultando no texto da Lei 6.683/1979. (...) Tem razão a arguente ao afirmar que a
dignidade não tem preço. As coisas têm preço, as pessoas têm dignidade. A dignidade não tem preço, vale para
todos quantos participam do humano. Estamos, todavia, em perigo quando alguém se arroga o direito de tomar
o que pertence à dignidade da pessoa humana como um seu valor (valor de quem se arrogue a tanto). É que,
então, o valor do humano assume forma na substância e medida de quem o afirme e o pretende impor na
qualidade e quantidade em que o mensure. Então o valor da dignidade da pessoa humana já não será mais valor
do humano, de todos quantos pertencem à humanidade, porém de quem o proclame conforme o seu critério
particular. Estamos então em perigo, submissos à tirania dos valores. (...) Sem de qualquer modo negar o que diz
a arguente ao proclamar que a dignidade não tem preço (o que subscrevo), tenho que a indignidade que o
cometimento de qualquer crime expressa não pode ser retribuída com a proclamação de que o instituto da anistia
viola a dignidade humana. (...) O argumento descolado da dignidade da pessoa humana para afirmar a invalidade
da conexão criminal que aproveitaria aos agentes políticos que praticaram crimes comuns contra opositores
políticos, presos ou não, durante o regime militar, esse argumento não prospera.
RE 670.422, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-8-2018, P, Informativo 911, RG, tema 761
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no
registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá
exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa alteração deve ser
averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões do registro
não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a
requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial. Efetuando-se o procedimento pela via judicial,
caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos
para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o
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sigilo sobre a origem dos atos. Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 761 da
repercussão geral, deu provimento a recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de alteração de
para o desenvolvimento da personalidade humana, deve-se afastar qualquer óbice jurídico que represente limitação,
ainda que potencial, ao exercício pleno pelo ser humano da liberdade de escolha de identidade, orientação e vida
sexual. Qualquer tratamento jurídico discriminatório sem justificativa constitucional razoável e proporcional importa
em limitação à liberdade do indivíduo e ao reconhecimento de seus direitos como ser humano e como cidadão. O
sistema deve progredir e superar a tradicional identificação de sexos para também abarcar os casos daqueles cuja
autopercepção difere do que se registrou no momento de seu nascimento e das respectivas conformações
biológicas. Citou os posicionamentos doutrinários e os avanços jurisprudenciais e legislativos sobre o assunto,
Não se pode permitir que a lei faça uso de expressões pejorativas e discriminatórias, ante o reconhecimento do
direito à liberdade de orientação sexual como liberdade existencial do indivíduo. Manifestação inadmissível de
ADI 4.277 e ADPF 132, rel. min. Ayres Britto, j. 5-5-2011, P, DJE de 14-10-2011
Proibição de discriminação das pessoas em razão do sexo, seja no plano da dicotomia homem/mulher (gênero),
seja no plano da orientação sexual de cada qual deles. A proibição do preconceito como capítulo do
constitucionalismo fraternal. Homenagem ao pluralismo como valor sociopolítico-cultural. Liberdade para dispor da
própria sexualidade, inserida na categoria dos direitos fundamentais do indivíduo, expressão que é da autonomia
de vontade. Direito à intimidade e à vida privada. Cláusula pétrea. O sexo das pessoas, salvo disposição
constitucional expressa ou implícita em sentido contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica.
Proibição de preconceito, à luz do inciso IV do art. 3º da CF, por colidir frontalmente com o objetivo constitucional
de "promover o bem de todos". Silêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto uso do sexo dos
indivíduos como saque da kelseniana "norma geral negativa", segundo a qual "o que não estiver juridicamente
proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido". Reconhecimento do direito à preferência sexual como direta
emanação do princípio da "dignidade da pessoa humana": direito à autoestima no mais elevado ponto da
consciência do indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto normativo da proibição do preconceito para a
proclamação do direito à liberdade sexual. O concreto uso da sexualidade faz parte da autonomia da vontade das
pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos planos da intimidade e da privacidade constitucionalmente
tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula pétrea. (...) Ante a possibilidade de interpretação em sentido
preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do CC/2002, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a
utilização da técnica de "interpretação conforme à Constituição". Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer
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significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo
como família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da
RE 670.422, rel. min. Dias Toffoli, j. 15-8-2018, P, Informativo 911, RG, tema 761
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no
registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá
exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa alteração deve ser
averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões do registro
não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a
requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial. Efetuando-se o procedimento pela via judicial,
repercussão geral, deu provimento a recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de alteração de
gênero no assento de registro civil de transexual — como masculino ou feminino — independentemente da
realização de procedimento cirúrgico de redesignação de sexo. (...) Para o relator, como inarredável pressuposto
para o desenvolvimento da personalidade humana, deve-se afastar qualquer óbice jurídico que represente limitação,
ainda que potencial, ao exercício pleno pelo ser humano da liberdade de escolha de identidade, orientação e vida
sexual. Qualquer tratamento jurídico discriminatório sem justificativa constitucional razoável e proporcional importa
em limitação à liberdade do indivíduo e ao reconhecimento de seus direitos como ser humano e como cidadão. O
sistema deve progredir e superar a tradicional identificação de sexos para também abarcar os casos daqueles cuja
autopercepção difere do que se registrou no momento de seu nascimento e das respectivas conformações
ADI 1.949, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 14-11-2014, Informativo STF 759
O legislador infraconstitucional não pode, sem autorização constitucional, criar ou ampliar os campos de
intersecção entre os Poderes estatais constituídos, sob pena de ofensa ao princípio da separação de poderes
(Constituição Federal, art. 2º).
Afronta o princípio da separação de poderes lei municipal, decorrente de iniciativa legislativa de vereador,
que, embora vetada pelo chefe do Poder Executivo local, seja aprovada pelo Poder Legislativo municipal e disponha
sobre matéria de competência do prefeito.
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ADI 3.777, Rel. Min. Luiz Fux, j. 09-02-2015, Informativo STF 768
ADI 5.316, Rel. Min. Luiz Fux, j. 06-08-2015, Informativo STF 768
"Marcha da Maconha". Manifestação legítima, por cidadãos da República, de duas liberdades individuais revestidas
de caráter fundamental: o direito de reunião (liberdade-meio) e o direito à livre expressão do pensamento
(liberdade-fim). (...) Vinculação de caráter instrumental entre a liberdade de reunião e a liberdade de manifestação
do pensamento. (...) A liberdade de expressão como um dos mais preciosos privilégios dos cidadãos em uma
república fundada em bases democráticas. O direito à livre manifestação do pensamento: núcleo de que se irradiam
os direitos de crítica, de protesto, de discordância e de livre circulação de ideias. Abolição penal (abolitio criminis)
de determinadas condutas puníveis. Debate que não se confunde com incitação à prática de delito nem se identifica
com apologia de fato criminoso. Discussão que deve ser realizada de forma racional, com respeito entre
interlocutores e sem possibilidade legítima de repressão estatal, ainda que as ideias propostas possam ser
consideradas, pela maioria, estranhas, insuportáveis, extravagantes, audaciosas ou inaceitáveis. O sentido de
alteridade do direito à livre expressão e o respeito às ideias que conflitem com o pensamento e os valores
dominantes no meio social. Caráter não absoluto de referida liberdade fundamental (CF, art. 5º, IV, V e X; Convenção
Americana de Direitos Humanos, art. 13, § 5º). A proteção constitucional à liberdade de pensamento como
salvaguarda não apenas das ideias e propostas prevalecentes no âmbito social, mas, sobretudo, como amparo
eficiente às posições que divergem, ainda que radicalmente, das concepções predominantes em dado momento
histórico-cultural, no âmbito das formações sociais. O princípio majoritário, que desempenha importante papel no
processo decisório, não pode legitimar a supressão, a frustração ou a aniquilação de direitos fundamentais, como
o livre exercício do direito de reunião e a prática legítima da liberdade de expressão, sob pena de comprometimento
da concepção material de democracia constitucional. A função contramajoritária da jurisdição constitucional no
Estado Democrático de Direito. Inadmissibilidade da "proibição estatal do dissenso". Necessário respeito ao discurso
antagônico no contexto da sociedade civil compreendida como espaço privilegiado que deve valorizar o conceito
de "livre mercado de ideias". O sentido da existência do free marketplace of ideas como elemento fundamental e
inerente ao regime democrático (AC 2.695 MC/RS, rel. min. Celso de Mello). A importância do conteúdo
argumentativo do discurso fundado em convicções divergentes. A livre circulação de ideias como signo identificador
das sociedades abertas, cuja natureza não se revela compatível com a repressão ao dissenso e que estimula a
construção de espaços de liberdade em obséquio ao sentido democrático que anima as instituições da República.
As plurissignificações do art. 287 do CP: necessidade de interpretar esse preceito legal em harmonia com as
liberdades fundamentais de reunião, de expressão e de petição. Legitimidade da utilização da técnica da
interpretação conforme à Constituição nos casos em que o ato estatal tenha conteúdo polissêmico.
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ADPF 54, rel. min. Marco Aurélio, j. 12-4-2012, P, DJE de 30-4-2013
Inviolabilidade de domicílio – art. 5º, XI, da CF. Busca e apreensão domiciliar sem mandado judicial em caso de
crime permanente. (...) Fixada a interpretação de que a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é
lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori,
que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados.
RcL 28.747, rel. min. Luiz Fux, j. 12-11-2018, Informativo STF 905
ADI 2.566, red. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 23-10-2018, Informativo STF 902
RcL 22.328, rel. min. Roberto Barroso, j. 10-05-2018, Informativo STF 893
Eventual uso abusivo da liberdade de expressão deve ser reparado, preferencialmente, por meio de
retificação, direito de resposta ou indenização.
Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser mantidos sob reserva,
inviabilizado o conhecimento público.
Remédios Constitucionais
O habeas corpus é garantia constitucional que pressupõe, para o seu adequado manejo, uma ilegalidade ou um
abuso de poder tão flagrante que se revele de plano (inciso LXVIII do art. 5º da Magna Carta de 1988). Tal qual o
mandado de segurança, a ação constitucional de habeas corpus é via processual de verdadeiro atalho. Isso no
pressuposto do seu adequado ajuizamento, a se dar quando a petição inicial já vem aparelhada com material
probatório que se revele, ao menos num primeiro exame, induvidoso quanto à sua faticidade mesma e como
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HD 90 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 18-2-2010, P, DJE de 19-3-2010. A ação de habeas data visa à proteção da
privacidade do indivíduo contra abuso no registro e/ou revelação de dados pessoais falsos ou equivocados. O
habeas data não se revela meio idôneo para se obter vista de processo administrativo.
O habeas data configura remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, que se destina a garantir, em
favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu tríplice aspecto: (a) direito de
acesso aos registros; (b) direito de retificação dos registros; e (c) direito de complementação dos registros. Trata-
se de relevante instrumento de ativação da jurisdição constitucional das liberdades, a qual representa, no plano
institucional, a mais expressiva reação jurídica do Estado às situações que lesem, efetiva ou potencialmente, os
direitos fundamentais da pessoa, quaisquer que sejam as dimensões em que estes se projetem. O acesso ao habeas
data pressupõe, entre outras condições de admissibilidade, a existência do interesse de agir. Ausente o interesse
legitimador da ação, torna-se inviável o exercício desse remédio constitucional. A prova do anterior indeferimento
do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para
que se concretize o interesse de agir no habeas data. Sem que se configure situação prévia de pretensão resistida,
A ação popular (...) não pode ser utilizada como alternativa à não propositura de uma ação direta de
inconstitucionalidade, sob pena de uma ampliação indevida do rol de legitimados previsto no art. 103 da
Constituição da República. Tal instrumento processual tem como objetivo anular atos administrativos lesivos ao
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constitucional. 4 ed. São Paulo – Saraiva. 2013.
BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal Anotada. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional. 6 ed. rev. Coimbra: Livraria Almedina, 1993.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 22. ed. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado - 16ª Ed. atual. e ampl. - Rio de
SILVA, Jose Afonso. Curso De Direito Constitucional Positivo - 42ª Ed. 2019; Curso De Direito Constitucional
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