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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

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IÇ A
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

R S

MMM
Nº 70051655223
2012/CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO


NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE RITO ORDINÁRIO.
FEITO NA FASE INSTRUTÓRIA. ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA. INDEFERIMENTO. DECISÃO MANTIDA.
SUSPENSÃO DO PAGAMENTO DAS PARCELAS
DE FINANCIAMENTO E CANCELAMENTO DO
REGISTRO NA SERASA.
Pedido de suspensão do pagamento das parcelas
do financiamento formulado com base no alegado
vício sobre o objeto financiado e nas relações do
autor com as demais demandadas, e não em
qualquer irregularidade, ilegalidade ou lesão
contratualmente imputável à instituição financeira.

NEGADO SEGUIMENTO, POR DECISÃO


MONOCRÁTICA.

AGRAVO DE INSTRUMENTO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

Nº 70051655223 COMARCA DE PORTO ALEGRE

JOSE LUIZ DA SILVEIRA AGRAVANTE

VIECELI AUTOMOVEIS LTDA. AGRAVADO

AYMORE CREDITO, AGRAVADO


FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
S.A.

CALDART VEICULOS - MARCOS A. AGRAVADO


CALDART

DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.
JOSÉ LUIZ DA SILVEIRA, assistido pela Defensoria Pública,
agrava de instrumento a decisão de fl.188/189 (192/193) que, exarada pelo
juízo da 12ª Vara Cível do Foro Central, nos autos da “ação de rito
ordinário”, (ajuizada em 20/01/2010, n. 001/1.10.0016972-4), movida em

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face das demais partes acima nominada, indeferiu o pedido de antecipação


de tutela, consoante segue:
Vistos.
Postula o autor o deferimento do pedido de
antecipação de tutela para que seja autorizada a
suspensão do pagamento das parcelas relativas ao
financiamento realizado para aquisição do veículo,
cujos vícios se discutem.
É o relatório. Passo a decidir.
Eventuais vícios ocultos ou aparentes
existentes no veículo adquirido pela parte autora não
podem ser imputados à demandada Aymoré Crédito,
Financiamento e Investimento S/A, tendo em vista que
o veículo foi escolhido e adquirido pelo autor, sem a
interferência da demandada, que somente concedeu
os meios para aquisição do mesmo, mediante a
concessão de empréstimo.
Assim, eventual problema entre autor e o
vendedor do veículo não autoriza o não pagamento
das parcelas ao credor fiduciário.
Assim, INDEFIRO o pedido de antecipação de
tutela. Intimem-se. 

Em síntese, relata a contratação da compra e venda de veículo


e a motivação do pedido de rescisão contratual com a devolução deste e das
parcelas pagas, bem como a rescisão do contrato de financiamento ou a
substituição do veículo cumulada com indenização por perdas e danos, e
indenização extrapatrimonial, consubstancia em “vício oculto que
impossibilitou a utilização” do veículo e no insucesso de solução do
problema junto ao vendedor.
Sustenta: I) a impossibilidade em aguarda pela sentença, sob
pena de ser inscrito em cadastros protetivos ao crédito, II) a presença dos
requisitos exigidos para a antecipação de tutela: “contestação da dívida,
demonstração da aparência do bom direito, desnecessidade de depósito/ou
caução diante do direito de repetição, em caso de rescisão do contrato.

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Pede atribuição de efeito suspensivo e no mérito o provimento


do recurso para deferir a suspensão do pagamento das parcelas do
financiamento, com abstenção de inscrição em cadastros de proteção ao
crédito.
É o relatório. Decido.
Presentes os pressupostos de admissibilidade e dispensado do
preparo (AJG, fl. 48), conheço do recurso.
A matéria comporta pronto julgamento monocrático na forma
do art. 557 do CPC.
É o caso de negativa de seguimento.
Sem desconhecer o relato da inicial (fls. 11/25), representativo
do descontentamento com o veículo em razão do alegado “vício oculto”,
causa de pedir da rescisão contratual ou substituição do veículo, daí os
demais pedidos indenizatórios, não há como antecipar a tutela pretendia ao
autor, notadamente a suspensão do pagamento das parcelas do
financiamento do veículo e o cancelamento da inscrição na SERASA fl. 187
191).
Não se trata, é bem verdade, de pedido formulado no início da
lide. A causa encontra-se na fase instrutória, inclusive com nomeação de
perito (fl. 182).
No entanto, pesa considerar que o autor não imputa qualquer
vício ou lesão ao contrato de financiamento do veículo (48 parcelas de R$
1.139,02), informando, na inicial, à época, estar em dia com as prestações,
fl.04.
O pedido de suspensão do pagamento das parcelas, assim
considerado, nasce do alegado vício sobre o objeto financiado e nas
relações do autor com as demais demandadas, e não em qualquer

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irregularidade, ilegalidade ou lesão contratualmente imputável à instituição


financeira.
A inclusão do nome do autor no r. cadastro, (informação de fl.
187), portanto, decorre da falta de pagamento das parcelas do
financiamento.
O pedido de antecipação de tutela, nessas circunstâncias, não
está ampara nas premissas sustentadas nas razões de agravo de
instrumento: discussão da dívida, aparência do bom direito, deposito do
valor incontroverso, ou como alega, na perspectiva de repetição de valores,
no caso de procedência do pedido rescisório.
Além disso, com destaque, alternativamente ao pedido de
rescisão o autor formula pedido de substituição do veículo por outro com
eventual ajuste no contrato de financiamento (garantia). É dizer, manutenção
do contrato de financiamento. Assim, com maior razão, descabe a pretensão
vertida em face da instituição financeira.
Por fim, sabidamente, nem mesmo em face de revisão
contratual, o que não é caso, repito, encontrando-se em débito, legítima será
a inscrição em cadastro de inadimplentes. É a orientação da Corte Superior
no enunciado n.380 da Súmula do c. STJ “a simples propositura da ação de
revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor”.

Com essas considerações, na forma do art. 557, caput, do


Código de Processo Civil, nego seguimento ao agravo de instrumento.
Comunique-se e intimem-se.
Porto Alegre, 01 de novembro de 2012.

DES.ª MYLENE MARIA MICHEL,


Relatora.

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