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Universidade Federal de Pernambuco – Curso de Especialização em Comunicação Política – maio/2021

Adriano Rodrigues de Oliveira – Matrícula 20212000029

TEORIAS DO JORNALISMO - ATIVIDADE ASSÍNCRONA 1 - FICHAMENTO DE TEXTO


Nelson Traquina. Teorias do Jornalismo – O polo Ideológico do Campo Jornalístico e
Teorias do Jornalismo (p. 125 – 187)

O século XIX representa um importante marco para a história do jornalismo no mundo


ocidental. Segundo aponta Traquina, há quatro mudanças fundamentais que
caracterizam esse período, são elas: (1) industrialização da imprensa; (2) novo
paradigma que define a imprensa como geradora de fatos e não opiniões; (3)
emergência de autonomia, especialização e identidade profissional; (4) a definição dos
polos dominantes no jornalismo moderno, sendo um polo econômico/ comercial e um
polo ideológico/ intelectual.

O autor aborda em seguida a questão do ethos jornalístico, apresentando a visão de


diferentes profissionais quanto ao ethos que deve orientar o trabalho jornalístico. É
possível inferir, a partir dos autores referenciados, que um dos papeis fundamentais do
jornalismo é, em última análise, empoderar os cidadãos com informação para que
possam exercer plenamente seus direitos no mundo democrático.

Nesse sentido, o jornalista exerceria a função de contrapoder e se colocaria a serviço da


opinião pública, oferecendo informações por meio de uma postura desinteressada para
que a sociedade possa estar vigilante na defesa da liberdade e da democracia. Essa
concepção, como é possível perceber, representa o esboço de um tipo ideal, ou
idealizado, no ethos do trabalho jornalístico.

Outra concepção importante acerca dos valores e normas do trabalho jornalístico é sua
relação com o conceito de liberdade no contexto democrático. Essa relação se dá
inclusive na luta contra as formas de censura, uma vez que, segundo a concepção
apresentada, a censura não pode conviver com a democracia. Para a efetivação dessa
luta e a consolidação dessa relação, é necessário que o jornalista tenha independência e
autonomia em relação aos demais agentes sociais.

Ainda acerca da relação do trabalho jornalístico com as liberdades democráticas,


destaca-se a questão da busca pela verdade. É consenso que não existe uma verdade

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Universidade Federal de Pernambuco – Curso de Especialização em Comunicação Política – maio/2021
Adriano Rodrigues de Oliveira – Matrícula 20212000029

absoluta, a busca pelo fornecimento de informações honestas e verdadeiras dever ser um


norte para o trabalho jornalístico, o que inclusive é consagrado direta ou indiretamente
nos códigos deontológicos elaborados por diversos jornalistas ao longo do século XX.

O valor mais discutido na análise do autor é o da objetividade, que não pode ser
simplificado pela mera dicotomia entre objetividade e subjetividade. Tal conceito não
surge como negação da subjetividade, mas com o reconhecimento de sua
inevitabilidade. As contribuições da psicologia e da sociologia nas primeiras décadas do
séculos XX, bem como as mudanças na esfera pública e na interpretação dos fatos pela
sociedade, proporcionaram um avanço na consolidação da ideia de objetividade.

São mencionados quatro procedimentos apontados por Gaye Tuchman que podem ser
aplicados ao trabalho jornalístico em prol da objetividade. O primeiro é a apresentação
de possibilidades conflituosas, na qual o jornalista apresenta diferentes versões do caso
em tela, podendo reivindicar a objetividade por ter apresentado os dois mais lados da
questão. O segundo é a apresentação de provas auxiliares, que são fatos suplementares
obtidos para corroborar uma afirmação. O terceiro é o uso judicioso das aspas, seja para
apresentar uma citação que suplementa os fatos, seja para colocar em causa a
legitimidade de algo que é citado. O quarto procedimento é a estruturação da
informação numa sequência apropriada, que envolve a escolha do lead.

Por fim, o autor destaca a noção de equidistância entre o profissional do jornalismo e os


diversos agentes sociais, prezando pela sua independência e apresentando diferentes
perspectivas sobre os fatos. Ressalta-se ainda que a postura do profissional do
jornalismo não é exclusiva responsabilidade desses especialistas, mas também da
própria sociedade e sua relação com a democracia, que também influencia essa postura.

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