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RESUMO
Esta pesquisa avalia a materialidade das diferenças de reconciliação dos lucros divulgados por empresas
brasileiras. Dada a inexistência de demonstrações contábeis conforme as IFRS publicadas por empresas
brasileiras, a amostra foi composta de empresas que divulgam o resultado, segundo os Br GAAP e os U.S.
GAAP, nos Form 20-F arquivados na SEC. Por meio de uma pesquisa exploratória, em função dos seus
objetivos, e documental, em consequência da coleta de dados, aplicou-se o Índice de Comparabilidade de
Gray (GRAY, 1980) às diferenças evidenciadas por 30 companhias brasileiras nos anos de 2000 a 2005. Os
resultados indicam um número representativo de empresas com resultados materialmente não compa-
ráveis, sendo três para uma margem de materialidade de 5%, seis a 10% e, para 15%, somente 21 das 30
empresas apresentaram lucros comparáveis. Analisando as reconciliações de 10 empresas do ano de 2005,
o ajuste referente à combinação de empresas foi o que afetou o maior número de empresas e quanto à re-
avaliação de ativos, caracteristicamente apontada como uma prática que demanda frequentes ajustes aos
U.S. GAAP, não foi observada a reconciliação para a maioria das empresas. Sugerem-se estudos adicionais
para identificar diferenças específicas para um maior número de empresas e anos.
Palavras-chave: Índice de Comparabilidade. Br GAAP. U.S. GAAP. IASB.
ABSTRACT
This research assesses the materiality of the reconciliation differences in profits reported by Brazilian
companies. Given the non-existence of IFRS compatible accounting statements for Brazilian companies, the
sample was composed of enterprises that publish the result according to Br GAAP and U.S. GAAP on the 20-F
Form filed at the Securities and Exchange Commission (SEC). By means of an exploratory – in function of its
objectives – and documentary research – due to the data collection method – Gray’s Index of Comparability
(Gray, 1980) was applied to the differences evidenced for 30 Brazilian companies between 2000 and 2005.
The results indicate a representative number of enterprises with materially incomparable results, being three
for a materiality margin of 5%, six for 10%, while only 21 of the 30 companies present comparable profits
for 15%. Analyzing the reconciliations of 10 companies in the year 2005, the adjustment referring to the
business combination was what affected the largest number of enterprises; as for the revaluation of assets,
1 Artigo apresentado no 31º EnANPAD, Rio de Janeiro-RJ, 2007.
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characteristically appointed as a practice that requires frequent adjustments to U.S. GAAP, reconciliation was
not observed for the majority of companies. Additional studies are suggested to identify specific differences for
a bigger number of enterprises and years.
Keywords: Index of Comparability. Br GAAP. U.S. GAAP. IASB.
1 INTRODUÇÃO
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cussão e aprovação de normas contábeis ditas O estudo de Larson e Street (2004) iden-
internacionais que possam ser adotados por tificou duas principais barreiras ao trabalho
todos os países. Outro produto dos esforços do IASB: a natureza complicada de determi-
do IASB é que, em 2006, aproximadamente, nadas IFRS (incluindo a norma sobre instru-
100 países requeriam, permitiam ou tinham mentos financeiros) e a orientação fiscal dos
uma política de convergência com as IFRS diversos sistemas nacionais. Outras dificul-
(IASB, 2007). dades, também consideradas pelos autores,
Estabelecendo o vínculo entre a neces- incluem o processo de adoção das normas
sidade de informações confiáveis por parte internacionais pelos mercados de capitais
das empresas e a academia, algumas teorias subdesenvolvidos, a orientação incipiente do
e pesquisas empíricas estabelecem relações IASB para a aplicação das IFRS pela primeira
positivas entre informação contábil, desen- vez e a experiência limitada com certos tipos
volvimento do mercado de capitais e cresci- de transações.
mento econômico. A ideia geral é que o cres- O IASB, atento à necessidade de transpo-
cimento dos mercados de capitais podem sição de suas normas para a prática empre-
conduzir a um desenvolvimento econômico sarial, aprovou, em 2003, a IFRS 1 (Adoção
adicional por meio de um processo pelo qual das IFRS pela Primeira Vez), a qual tem sido
a acumulação e a distribuição de capitais em um facilitador para as empresas, principal-
um mercado eficiente criam certa economia mente pela proibição de aplicação retroativa
de escala, favorecendo o desenvolvimento de determinadas mensurações. As demais
da produção e da indústria, o qual, nova- dificuldades identificadas por esse e por ou-
mente, pode proporcionar mais crescimento tros estudos, também, compõem a agenda
econômico (DOUPNIK, 1996; NDUBIZU, recente do IASB, com soluções apresentadas
1992 apud LARSON, 1993; WILBER; JA- por meio de discussões mais profundas de
MESON, 1979). seus pronunciamentos, da emissão de novas
Usando uma amostra de empresas de 23 interpretações e de revisões de determinadas
países, Barth (2005) verificou que as empre- normas.
sas que adotaram as Normas Internacionais Focando as causas da desarmonia contá-
de Contabilidade têm uma qualidade con- bil, Mueller, Gernon e Meek (1997) apontam
tábil mais alta e podem ter um menor custo como justificativas para o desenvolvimento
de capital do que aquelas que não as adotam. de diferentes modelos contábeis ao redor do
Destacando o poder social da Contabilidade, mundo a relação entre os negócios e os for-
Saravanamuthu (2004) afirma que as normas necedores de capital, a proximidade política e
contábeis desempenham um papel importan- econômica com outros países, o sistema legal,
te para pressionar qualquer ideia de desen- os níveis de inflação, o tamanho e complexi-
volvimento sustentável, porque elas formam dade das companhias, o nível de sofisticação
a base da prestação de contas – accountability da administração e da comunidade financei-
– das empresas com a sociedade. ra, o grau geral de educação e a própria cul-
Dificuldades, entretanto, ainda existem na tura de cada país. Esse complexo conjunto de
transição das orientações estabelecidas pelos variáveis, de alguma forma, precisa ser orga-
pronunciamentos do IASB para a sua aplica- nizado de modo a gerar informações que se-
ção, tanto pela dificuldade de tradução – não jam compreensíveis para usuários de diversos
da palavra, mas do conceito – do inglês para países.
o idioma local, quanto pela extensa varieda- Chairas e Radianto (2001) enumeram,
de de práticas não estabelecidas pela norma como vantagens da convergência para um
nacional. único conjunto de normas contábil, a com-
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2 QUESTÕES METODOLÓGICAS
Uma questão diretamente relacionada com forços para aceitar demonstrações contábeis
o impacto futuro do não cumprimento das de acordo com a Norma Internacional já em
IFRS é a quantificação das diferenças de jure 2009, eliminando a atual exigência de recon-
ou formal entre o lucro divulgado, segundo as ciliação com os U.S. GAAP, não somente para
normas contábeis brasileiras, os Br GAAP, e as empresas estrangeiras, mas também para
aquele restabelecido de acordo com as IFRS. as empresas localizadas naquele país, reforça
Destarte, os avanços mencionados no tra- a necessidade de estudo da materialidade das
balho do IASB de conseguir a convergência diferenças entre os lucros emitidos de acor-
de muitos países para suas Normas, mesmo do com os Br GAAP e os U.S. GAAP (SEC,
que exclusivamente para atendimento das 2007a).
exigências de bolsas de valores, sem o con- Assim, a seguinte questão orienta este es-
sequente abandono da norma contábil local, tudo: Quais foram as diferenças informais no
o Brasil não se insere no rol dos países com lucro apresentado de acordo com os Br GAAP
essa obrigatoriedade. Assim, a apresentação e os U.S. GAAP, nos anos de 2000 a 2005, e
de relatórios contábeis, pelas empresas brasi- qual foi a magnitude dessas diferenças?
leiras, de acordo com as IFRS, por enquanto O objetivo deste estudo é identificar o
limita-se às raras situações de reorganizações nível de comparabilidade entre os resulta-
societárias em que o investidor solicita tais dos divulgados pelas empresas brasileiras de
demonstrações ou àquelas empresas que, por acordo com os Br GAAP e com os U.S. GAAP,
força da decisão da União Européia de exigir que emitem ADRs, Nível II e III. Adicional-
a informação consolidada conforme as IFRS mente, serão identificados os itens de ajustes
desde 2005, remetem as informações locais mais significativos entre os dois conjuntos de
reconciliadas para a controladora européia. normas. Dessa forma, ele se enquadra num
Em ambos os casos vale lembrar que a infor- estudo de harmonização informal de mensu-
mação não é pública. Contudo, em função do ração, que se refere ao processo de mensura-
trabalho conjunto desenvolvido nos últimos ção das práticas adotadas pelas empresas. Ele,
anos de aproximação de normas entre o IASB portanto, se limita ao estudo dos resultados
e o FASB, da inexistência de reconciliação divulgados pelas empresas e não se deterá nas
entre os Br GAAP e as IFRS e da aprovação diferenças formais entre as normas que pro-
de orientações pela CVM com base em pro- duziram tais números. Os dados da amostra
nunciamentos do IASB, a análise das recon- foram obtidos dos formulários arquivados
ciliações entre Br GAAP e U.S. GAAP pode pelas empresas brasileiras listadas nas bolsas
representar uma boa indicação do nível de de valores norte-americanas, especificamente
distanciamento entre os resultados gerados na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE
em Br GAAP e em IFRS. Vale lembrar que – New York Stock Exchange) e na NASDAQ
esse distanciamento diz respeito aos números (National Association of Securities Dealers
gerados pelas diferentes normas e não às di- Automated Quotation System), que negociam
ferenças de normas em si. ADRs dos níveis II e III, compreendendo um
A indicação da comissão de valores mobi- total de 30 empresas. Os dados foram analisa-
liários dos Estados Unidos, a SEC (Securities dos por meio do Índice de Comparabilidade
Exchange Commission), de desencadear es- de Gray (1980).
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Com base na classificação metodológica ma, esta pesquisa fornece subsídios para uma
apresentada por Ucieda (2003), este estudo projeção do efeito na reconciliação do lucro
caracteriza-se como comparativo, ao calcular das empresas brasileiras para as IFRS, após o
o Índice de Gray (1980) na análise dos resul- alinhamento, previsto para ser finalizado em
tados divulgados pelas empresas de acordo 2008, das normas emitidas pelo FASB e pelo
com dois conjuntos de normas. IASB.
Existe considerável sustentação para o ar- Este artigo trata, na seção a seguir, do
gumento de que as IFRS e os U.S. GAAP estão estado da arte do trabalho do IASB em
se tornando mais próximos ao longo dos anos busca da adoção de um conjunto único
(HAVERTY, 2006). Por um lado, as normas de normas contábeis. Na sequência, são
contábeis norte-americanas têm sido criadas apresentadas as distinções entre os termos
e revisadas, supostamente, tendo em mente as padronização e harmonização formal e in-
deliberações internacionais. Por outro lado, formal. Na continuidade, o artigo define o
as IFRS, devido à realidade política encarada índice de comparabilidade de Gray. A apli-
pelo IASB, devem, necessariamente, ser apro- cação do índice de Gray aos resultados das
vadas tendo como referencial os U.S. GAAP, empresas brasileiras, bem como a análise
em função da proeminente posição mundial dos dados, fundamentam as considerações
da economia dos Estados Unidos. Dessa for- finais do trabalho.
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monização. De acordo com Haverty (2006), Commissions (IOSCO) em 1995 para a har-
alguns desses fatores incluem o crescimento monização de suas próprias normas, no
explosivo de financiamentos internacionais, que se refere às exigências sobre reconhe-
a melhoria das tecnologias de comunicação, cimento e mensuração contábeis e usando
a formação de blocos econômicos entre pa- da abordagem metodológica das distâncias
íses, tais como a União Européia e a NAF- Euclidianas, estabeleceram que o IASB tem
TA, e os esforços das Nações Unidas. Como atingido importantes resultados na com-
consequência, vários movimentos em níveis parabilidade da informação contábil, por
internacional e nacional têm incentivado a meio das IFRS.
harmonização contábil. No aguardo de que
a barreira da desarmonização na linguagem 3.2 Convergência e harmonização
contábil seja ultrapassada ou as organiza- Três escolas de pensamentos têm sido
ções tenham, de outra forma, seus custos de proferidas como resposta aos problemas cau-
conversão de relatórios financeiros a outro sados pela diversidade contábil em diferentes
conjunto de normas reduzidos, alguns estu- países. São elas: (1) a escola universal; a esco-
dos contribuem com os reflexos da adoção la comparativa (ou multinacional) e a escola
das IAS e promovem estudos comparativos, de harmonização contábil internacional. Essa
apontando similaridades e diferenças entre última é a escola que tem sido mais efetiva e
as normas e as práticas contábeis, como em pragmática na solução do problema.
Emenyonu e Gray, 1992; Herrmann e Tho- Para Choi, Frost e Meek (2001), a har-
mas, 1995; Harris, 1995; Emenyonu e Adhi- monização é um processo de aumento da
kari, 1998. comparabilidade de práticas contábeis pela
Nobes (GAAP 2000) ajuda a fornecer imposição de limites sobre o quanto eles
um status da convergência de relatórios fi- podem variar. Os autores completam: nor-
nanceiros de 53 países tendo por base o ali- mas harmonizadas são livres de conflitos
nhamento com os padrões contábeis inter- lógicos e poderão melhorar a comparabili-
nacionais aprovados até dezembro de 2000. dade da informação financeira de diferentes
Tarca (2001) demonstra, para tomadores de países.
decisões e órgãos reguladores, que existe A harmonização pode ser subclassificada
considerável suporte para as normas inter- em “de jure” ou formal e “de facto” ou infor-
nacionais, esclarecendo que a escolha en- mal (ou material), o que permite a categori-
tre essas normas, as IFRS e os U.S. GAAP zação dos estudos do progresso do trabalho
parece ter consequência insignificante para do IASB.
a assimetria da informação e a liquidez do A harmonização “de jure” ou formal refe-
mercado. re-se à harmonização entre regulamentações
Pesquisadores, pelo mundo, acompa- e a harmonização “de facto” ou informal é
nham os passos que o IASB tem dado na aquela referente às práticas contábeis adota-
consecução de seus objetivos. Garrido, das pelas companhias, sem considerar se tais
León e Zorio (2002) atestaram o progres- práticas são afetadas pelas regulamentações
so daquele órgão, analisando os estágios da (GARRIDO; LEÓN; ZORIO, 2002). Ou, ain-
convergência promovida pelo IASB. A par- da, a Contabilidade formal representa consis-
tir da identificação de três marcos distintos: tência na forma ou nas normas e a Contabili-
a criação do IASC em 1973, a aprovação dade informal representa consistência em sua
da Estrutura Conceitual da Contabilidade aplicação.
por aquele órgão em 1989 e o acordo com Haverty (2006) expõe, adicionalmente,
a International Organization of Securities uma subdivisão das harmonizações formal e
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informal de acordo com dois componentes: e de prevenir diferenças futuras para alcançar
o grau de divulgação e o critério de mensu- a harmonização contábil.
ração. Essa subdivisão resulta em quatro ca- A convergência contábil é um processo
tegorias de harmonização: (1) harmonização que ocorre no nível dos emissores de normas
formal de divulgação, que se refere às regula- que buscam atingir um estado de harmoni-
mentações quanto ao que deve ser divulgado; zação contábil formal. Se dois conjuntos de
(2) harmonização formal de mensuração, que normas contábeis estão se tornando harmo-
diz respeito às regulamentações sobre como nizados ao longo do tempo, é provável que os
mensurar quantidades; (3) harmonização números que se propõem a mensurar a mes-
informal de divulgação, que trata do que as ma qualidade (no caso deste artigo, o lucro
empresas realmente divulgam e (4) harmo- líquido) de uma organização estão se apro-
nização informal de mensuração, que obser- ximando no mesmo período. Nesse caso, o
va como as empresas realmente mensuram termo convergência significa tão somente um
quantidades. instrumento de mensuração do aumento (ou
Outra distinção que cabe no estudo da não) da aproximação, ao longo do tempo, de
Contabilidade Internacional é aquela entre dois conjuntos de normas que se disponham
os termos ‘harmonização’ e ‘convergência’, a mensurar a mesma coisa. Levando em con-
até por certa confusão que ainda paira sobre ta que o propósito da harmonização contábil
os documentos e as pesquisas publicados no é aumentar a comparabilidade de relatórios
Brasil. Em meados de 2002, foi firmado o contábeis produzidos por diferentes países,
Acordo de Norwalk entre o IASB e o FASB, a convergência dos números apresentados
pelo qual ambos os “Boards” se comprome- pela Contabilidade poderá ser considerada
tiam a ‘envidar esforços’ no sentido de elimi- uma manifestação necessária do aumento da
nar as diferenças entre as normas emitidas harmonização formal (HAVERTY, 2006). Em
por um e por outro. Na prática, isso denota suma, a convergência serve de evidência da
que, a despeito de as redações dos pronun- harmonização contábil.
ciamentos poderem não ser exatamente as
mesmas entre o inglês da Inglaterra e o in- 3.3 O processo de convergência nos
glês dos Estados Unidos, a partir de um certo países em desenvolvimento
momento futuro, a aplicação tanto da norma Contrapondo-se aos estudos que destacam
FASB quanto da norma IASB deveria, neces- a importância e consequência do trabalho do
sariamente, produzir os mesmos totais de IASB para os países desenvolvidos, principal-
Ativo, Exigibilidades, Patrimônio Líquido e mente EUA e Inglaterra, Larson (1993) mos-
Resultado das Operações. A essa ‘identidade trou a importância de tal movimento para os
de resultados’ chamou-se, na ocasião, de con- países em desenvolvimento, centrando-se em
vergência. Assim, o termo nasceu original- 35 países africanos. O estudo de Larson mos-
mente como Projeto de Convergência FASB trou que a taxa de crescimento de sua amos-
× IASB. tra foi, estatisticamente, maior em países que
Harmonização e convergência têm, na modificaram e adotaram os pronunciamen-
verdade, muito em comum, à medida que tos do IASB, se compará-los com aqueles
ambos buscam o mesmo objetivo. Todavia países que não os adotaram ou que os adota-
convergência é o processo para obter a har- ram sem modificações. As modificações rea-
monização (PRADA, 2006). Hussey e Ong lizadas foram necessárias, segundo o estudo,
(2005) definem convergência como o proces- para incorporar variações locais resultantes
so perseguido pelo IASB, de eliminar diferen- das características culturais, sociais, políticas,
ças atuais entre as normas contábeis nacionais econômicas e ambientais.
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Cairns (1990) já atestou que a maioria dos tudos projetam, com base nessa classificação,
membros do IASB originários dos países em sistemas que permitiriam a conversão auto-
desenvolvimento têm adotado as IFRS. mática dos relatórios para cada conjunto de
De acordo com Chamisa (2000), muitos normas ou, de uma forma menos ambiciosa,
estudos têm avaliado o processo de harmo- ter-se-ia uma visão geral dos resultados das
nização. Contudo a maioria desses estudos empresas em cada país. Em geral, esses estu-
analisou os esforços do IASB no nível dos dos classificam as empresas brasileiras como
órgãos reguladores ou das regulamentações, conservadoras, o que representaria, numa
tanto em países desenvolvidos como para análise simplista, tendência para antecipar
aqueles em desenvolvimento. Ainda, segun- prejuízos, nunca lucros. O consenso não é
do o autor, os estudos que examinaram a geral e divergências metodológicas sobre a
convergência internacional de práticas con- forma utilizada para as classificações em fun-
tábeis no nível das empresas usaram somen- ção de aspectos culturais, históricos, sociais
te relatórios de países desenvolvidos. Ne- e econômicos, têm resultado em algumas in-
nhum estudo se dedicou: (a) à mensuração flamadas discussões acadêmicas (ver d´Arcy,
de até onde as empresas de países em desen- 2001 e Nobes, 2004).
volvimento têm, efetivamente, adotado as O estudo de Hope, Jin e Kang (2005)
IFRS e (b) ao impacto das normas do IASB contribuiu para o estabelecimento de pro-
nas mensurações contábeis e nas práticas de jeções sobre a adoção das IFRS. A partir de
divulgação de países em desenvolvimento. uma amostra de 38 países (dentre eles, o
Nesse estudo, Chamisa analisou a adoção Brasil), os autores documentaram que pa-
das normas do IASB em países em desen- íses com mecanismos mais fracos de pro-
volvimento, nos anos de 1975, 1980, 1985 e teção aos investidores (ou seja, normas de
1990, e concluiu que a relevância das IFRS divulgação reduzidas e menor poder de im-
para aqueles países depende dos objetivos posição) têm maior probabilidade de ado-
ou das necessidades a que buscavam atender tar as IFRS.
com sua implementação. O estudo, também, A questão a ser acompanhada e respondi-
concluiu que as IFRS emitidas pelo IASB são da, portanto, é de que forma essa adoção se
relevantes para o Zimbábue e países capita- dará e quais serão seus efeitos sobre o resul-
listas em desenvolvimento similares, onde o tado (lucro ou prejuízo) e patrimônio líquido
setor privado domina a economia, o merca- das empresas brasileiras.
do de capitais existe e a ‘visão justa/acionis-
ta’ é privilegiada, ao invés da visão ‘credor/ 3.4 Estágio atual da convergência
fiscal/conservadora’. Em junho de 2002, o Parlamento Euro-
Reforça-se, assim, a necessidade de es- peu determinou às companhias listadas nas
tudos dedicados à análise das principais bolsas dos países-membro a elaboração das
diferenças de práticas entre as normas con- demonstrações financeiras consolidadas de
tábeis brasileiras e as IFRS e o impacto na acordo com as IFRS, a partir de 2005. Isso
sua adoção. mostra que as organizações com ações lista-
Com base na formação e no desenvolvi- das em bolsas de valores dos países da União
mento culturais preexistentes, muitos estudos Européia (European Union, E.U.) – em torno
identificam a característica da Contabilidade de 8.000 companhias – prepararam as de-
de cada país – mais conservadora ou mais monstrações consolidadas de 2004 e de 2005
flexível, mais sigilosa ou mais transparente (para aquelas que optaram por somente um
– como em Gray (1988); Mueller, Gernon e ano comparativo) com uma declaração explí-
Meek (1997) e Nobes (1992, 2004). Tais es- cita de cumprimento com a Norma Interna-
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forma estável de normas até 2009, o que re- em conta a convergência da Contabilidade
sultará na não aprovação/revisão de normas Brasileira aos padrões internacionais” (Res.
durante 4 anos, permitindo que as empresas CFC no. 1055/05).
adotem as IFRS e mantenham a compara- O CPC já aprovou, em setembro de 2007,
bilidade ao longo do tempo, além de criar a o Pronunciamento Técnico CPC-01 (Redu-
oportunidade para estudos mais detalhados ção ao Valor Recuperável de Ativos) e, em
das IFRS, sem que estejam sujeitas a revisões novembro do mesmo ano, o Pronunciamento
anuais (IASB, 2006b). Técnico CPC-02 (Efeitos das Mudanças nas
No Brasil, as empresas não estão obriga- Taxas de Câmbio e Conversão de Demons-
das, internamente, a atender às exigências trações Contábeis).
do FASB ou do IASB. Contudo, na tentativa Por sua vez, a CVM aprovou, em
de revigorar o mercado de capitais brasilei- maio/2007, a Deliberação 520, que determina
ro, que conta com, aproximadamente, 470 as audiências públicas conjuntas com o CPC,
empresas listadas na BOVESPA (Bolsa de bem como o referendo dos seus pronuncia-
Valores de São Paulo), entre outras medidas, mentos. Adicionalmente, a Instrução CVM
foi lançado, em dezembro de 2000, o Novo 457 de julho de 2007 tornou obrigatória,
Mercado. A adesão ao Novo Mercado é vo- para as companhias abertas, a apresentação
luntária, mas a empresa que firmar o contra- das demonstrações consolidadas, adotando a
to com a BOVESPA terá de se comprometer norma internacional a partir de 2010.
com uma série de normas relacionadas com a
transparência de informações e as boas práti- 3.5 Mensuração da convergência
cas de governança coorporativa. Entre essas Ao longo dos últimos 30 anos, várias al-
normas, destaque-se a obrigatoriedade de ternativas têm sido empreendidas, por parte
cumprimento com um padrão internacional, de legisladores, órgãos emissores de normas
como os U.S. GAAP ou as IFRS, para elabora- contábeis, acadêmicos, elaboradores, analis-
ção das demonstrações contábeis. tas e auditores das demonstrações contábeis,
Adicionalmente, em julho de 1999, a para reduzir ou, talvez, eliminar as diferenças
CVM encaminhou ao Ministério da Fazenda nas normas e práticas contábeis.
do Brasil o anteprojeto de reformulação da Incentivados por indícios de que o mer-
Lei 6.404/76, Projeto de Lei 3.741. A propos- cado de capitais necessita de relatórios con-
ta relaciona, como uma de suas justificativas, tábeis emitidos sob a mesma base contábil,
“criar condições para a harmonização da lei os esforços concentram-se na obtenção de
com as práticas contábeis internacionais”. Em números comparáveis das empresas de um
28 de dezembro de 2007, o projeto foi aprova- mesmo país ou entre os países. Para avaliar
do, dando origem à Lei 11.638, com vigência o sucesso desses esforços, alguns indicadores
a partir de 1º. de janeiro de 2008. A criação têm sido desenvolvidos para mensurar a har-
do Comitê de Pronunciamentos Contábeis monia formal dos relatórios contábeis den-
(CPC) é uma tentativa recente – o órgão foi tro e entre países numa data determinada. A
criado pela Resolução CFC no. 1.055 de se- idéia subjacente é que a comparação, ao lon-
tembro de 2005 – de agilizar o processo de go do tempo, dos números obtidos por deter-
revisão de normas contábeis no Brasil e de minado índice permitiria a quantificação da
cobrir uma grande lacuna no cenário con- harmonização.
tábil nacional. Saliente-se que o objetivo do Van der Tas (1988), por meio de estudos
CPC é “o estudo, o preparo e a emissão de das práticas contábeis adotadas para uma
Pronunciamentos Técnicos sobre procedi- transação ou evento particular, desenvolveu
mentos de Contabilidade.... levando sempre três índices: H-índice, C-índice e I-índice,
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que mensuram a harmonização contábil en- Com base nos Form-20F de nove empre-
tre os países. Em estudos posteriores (1992a sas, durante o período de 1991 a 2001, Ucie-
e 1992b), van der Tass aplicou os índices por da (2003) usou o Índice de Comparabilidade
ele desenvolvidos. para avaliar a significância e a materialidade
Aisbitt (2001) examinou a utilidade da das reconciliações dos Espanha GAAP para
metodologia de Archer, Delvaille e McLeay os U.S. GAAP. Ele encontrou evidências de
(1995), aplicando-a a dados obtidos dos rela- que houve um aumento do número de recon-
tórios anuais dos países nórdicos (Dinamar- ciliações, mas somente com relação a ajustes
ca, Finlândia, Noruega e Suécia), no período que se referiam a: ativo imobilizado, combi-
de 1981 a 1998. Na discussão dos resultados nações de negócios, benefícios de emprega-
do estudo, Aisbitt (2001) identificou uma sé- dos, impostos diferidos, investimentos, con-
rie de problemas que surgem da interpretação solidação e provisões foram materiais.
aleatória dos índices. Entretanto, no estudo, O índice de comparabilidade, de maneira
o autor afirma que os resultados encorajam geral, ao confrontar os números produzidos
os organismos a promover a harmonização a por diferentes normas contábeis, consegue
qual foi evidenciada em alguns dos períodos mensurar a significância e a materialidade
analisados (1981, 1982 e 1998). das reconciliações e é calculado, conforme
Outro índice distinto dos anteriores e inicialmente proposto por Gray (1980, p. 67),
mais adequado aos objetivos deste trabalho segundo a Equação 1 .
de comparar números gerados pela mesma
companhia sob diferentes regimes contábeis Índice de Comparabilidade =
é o Índice de Comparabilidade ou Índice de 1 – (Lucro Ajustado – Lucro Divulgado)
Gray. O indicador foi, inicialmente, denomi- |Lucro Ajustado| 1
nado de Índice de conservadorismo (Gray,
1980). Wettman et al. (1998), colocando clara Não obstante a ampla utilização do índi-
ênfase no tratamento contábil relativo, sem ce em estudos sobre a harmonização contá-
exigir um julgamento do que é mais ou me- bil, ele possui algumas limitações. Primeiro,
nos conservador, o renomeou de Índice de ele apenas permite mostrar que os números
Comparabilidade e aplicou tal índice na com- contábeis produzidos por dois conjuntos de
paração das normas contábeis inglesas com normas são divergentes, sem identificar se
os U.S. GAAP e as IAS. essas diferenças são relevantes ou não para
Outros estudos que usam o índice de Gray a avaliação da empresa. Segundo e derivado
o extrapolam para a análise do patrimônio lí- da própria fórmula, ele pode produzir valores
quido, do nível de materialidade, dos ajustes extremos, se o denominador for próximo de
parciais de reconciliação, da taxa de retorno so- zero. Contudo, o índice tem a vantagem de
bre o patrimônio líquido, ou o complementam ressaltar qualquer diferença material entre os
com outros tratamentos estatísticos (ADAMS números comparados, além de permitir uma
et al. 1999; AISBITT, 2001; HAVERTY, 2006; análise conjunta das reconciliações de várias
NILSSON, 2006; UCIEDA, 2002). empresas ao longo do tempo.
Os dados para análise foram coletados dos monstrações para as normas contábeis norte-
relatórios contábeis elaborados pelas empre- americanas, os U.S. GAAP, compreendendo
sas brasileiras e arquivados na SEC, os Form os anos base das transações de 2000 a 2005.
20-F, que estão obrigadas a converter suas de- Os relatórios contábeis em U.S. GAAP, nesse
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ção que se faz é que o lucro ou prejuízo uti- 4 Banco Itaú 19 Petrobrás
lizado, no caso dos valores em U.S. GAAP, 5 Br Telecom 20 Sabesp
se referiu ao resultado da empresa antes dos 6 Br Telecom Participações 21 Sadia
ajustes cumulativos, ou seja, não se adotou, 7 Braskem 22 Telemig
nos cálculos, o lucro/prejuízo abrangente 8 CBD 23 Tele Norte
(compreensive income) quando claramente 9 Cemig 24 TeleNorteLeste
identificado, pois esse não seria, por si só, 10 Copel 25 Telesp
comparável ao resultado líquido conforme a
11 CSN 26 Tim Pariticipações
norma brasileira.
12 CST 27 Ultrapar
Uma limitação exposta pelos números
13 CVRD 28 Unibanco
aqui utilizados é que algumas empresas da
amostra (Aracruz, CSN, CST, CVRD, Embra- 14 Embraer 29 Vivo Participações
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1 Ambev 0,53 0,93 0,92 0,84 0,83 0,54 0,77 Não Não Não
comparável comparável comparável
2 Aracruz 1,15 4,75 0,15 2,05 1,73 1,47 1,88 Não Não Não
comparável comparável comparável
3 Bco Bradesco 0,97 0,96 0,94 1,00 0,92 0,87 0,94 Não Não
Comparável
comparável comparável
4 Banco Itaú 1,12 1,30 0,84 0,96 0,81 0,96 1,00 Comparável Comparável Comparável
5 Br Telecom 16,54 0,78 –0,04 0,24 0,35 1,80 2,68 Não Não Não
comparável comparável comparável
6 Br Telecom 1,29 1,71 0,53 –18,20 0,47 –0,10 –2,38 Não Não Não
Parl comparável comparável comparável
7 Braskem 0,62 1,10 0,79 0,57 0,77 0,85 0,78 Não Não Não
comparável comparável comparável
8 CBD 1,39 0,96 2,61 0,77 0,76 0,95 1,24 Não Não Não
comparável comparável comparável
9 Cemig 1,13 2,66 –81,48 0,86 0,80 1,11 –12,49 Não Não Não
comparável comparável comparável
10 Copel 1,45 1,42 1,29 4,20 2,98 0,90 2,04 Não Não Não
comparável comparável comparável
11 CSN 3,77 0,23 –27,55 0,77 0,98 0,95 –3,47 Não Não Não
comparável comparável comparável
12 CST 0,82 –4,94 0,46 1,86 1,03 0,89 0,02 Não Não Não
comparável comparável comparável
14 Embraer 1,03 1,44 1,50 1,50 1,27 0,68 1,24 Não Não Não
comparável comparável comparável
15 Embratel 0,88 –1,02 –0,88 0,64 1,12 0,34 0,18 Não Não Não
comparável comparável comparável
16 Gol ... 0,51 0,11 0,64 0,78 0,83 0,57 Não Não Não
comparável comparável comparável
18 Perdigão 1,10 1,03 4,17 1,26 1,01 1,01 1,60 Não Não Não
comparável comparável comparável
continua
Revista Contabilidade & Finanças, USP, São Paulo, v. 20, n. 50, p. 25-45, maio/agosto 2009
20 Sabesp 1,83 12,97 1,23 1,30 1,23 1,09 3,28 Não Não Não
comparável comparável comparável
21 Sadia 22,56 0,97 0,82 0,94 0,90 1,09 4,55 Não Não Não
comparável comparável comparável
22 Telemig 1,49 1,10 3,05 0,69 1,06 1,08 1,41 Não Não Não
comparável comparável comparável
23 Tele Norte 1,44 1,44 1,43 0,11 1,97 –0,11 1,05 Não Não Não
comparável comparável comparável
24 TeleNorteLeste 0,74 3,56 1,70 0,22 1,01 1,25 1,41 Não Não Não
comparável comparável comparável
25 Telec. Telesp 0,84 0,95 1,59 0,79 1,00 0,96 1,02 Comparável Comparável Comparável
26 Tim Particip. 6,39 0,86 0,36 0,38 1,14 1,15 1,71 Não Não Não
comparável comparável comparável
28 Unibanco 1,18 1,18 1,26 1,21 0,62 1,11 1,09 Não Não
Comparável
comparável comparável
29 Vivo Partic. 4,10 1,08 1,24 –4,48 1,02 0,34 0,55 Não Não Não
comparável comparável comparável
30 Votorantim 0,81 0,84 1,16 1,21 0,98 0,89 0,98 Não Não
Comparável
comparável comparável
Notas:
1) A empresa GOL emite ADR desde 24/06/2004 e arquivou as demonstrações contábeis na SEC a partir do ano-calendário de
2001.
O lucro líquido, conforme a norma bra- GAAP a 15% quando a média dos seis anos
sileira e a americana, foi considerado com- e o índice do último ano ficaram entre 0,85
parável a 5% de materialidade, se o índice e 1,15.
de comparabilidade médio da empresa e o O índice representa a relação do lucro
índice de comparabilidade do último ano líquido da empresa no Brasil com o lucro
(2005) se situaram entre 0,95 e 1,05. O lu- divulgado no mercado norte-americano.
cro líquido, em Br GAAP e em U.S. GAAP, Assim, por exemplo, a empresa Ambev, no
foi considerado comparável a 10% de ma- ano de 2005, apresentou um índice de com-
terialidade, se o índice de comparabilidade parabilidade de 0,54, indicando que o lucro
médio da empresa e o índice de comparabi- líquido dessa empresa, naquele ano, em Br
lidade do último ano (2005) se localizaram GAAP, correspondeu a, aproximadamente,
no intervalo de 0,90 a 1,10. São comparáveis 54% do lucro líquido apurado conforme os
os lucros apurados pelos Br GAAP e U.S. U.S. GAAP.
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mo com um limite mais dilatado (15%), três serido no estudo, considerando a frequência
empresas adicionais mostraram evidências de ajustes resultante da diferença de prática
de comparação. desse tratamento contábil para as empresas
Os resultados mostram que os Br GAAP da amostra.
e os U.S. GAAP produziram números, para Com base no estudo de Harris e Muller
o lucro/prejuízo líquido, materialmente dife- (1999), os números das reconciliações foram
rentes (para 27 das 30 companhias da amos- relacionados com o Patrimônio Líquido em
tra), em um nível de materialidade de 5%. Br GAAP. A referência, nesse caso, foram os
Com um nível de materialidade de 10%, a dois resultados reconciliados pelas próprias
maioria das empresas do estudo (24 em 30 empresas, considerando a dificuldade de
companhias) ainda demonstrou mensurações identificar tais números pelos dois conjuntos
materialmente diferentes do lucro/prejuízo de demonstrações de resultados divulgadas.
líquido apurado segundo os Br GAAP e os Assim, das 28 companhias cujos lucros não
U.S. GAAP. Mesmo buscando reduzir o viés foram comparados a 5%, somente 10 empre-
no processo de ajuste dos números em dóla- sas divulgaram a reconciliação, também no
res, a análise sob o percentual de 15% ainda Form 20-F, do lucro Br GAAP com o lucro
indicou mensurações materialmente diferen- U.S.GAAP, conforme se observa na Tabela
tes para 21 das 30 empresas da amostra. 2 . Ressalte-se que, dentre essas, 9 empre-
A maioria das empresas aqui analisadas sas não apresentaram números comparáveis
(16 entre as 30 empresas) registrou a média entre os dois conjuntos de normas (a única
dos índices maior do que 1, indicando que o exceção foi a empresa Ultrapar que atingiu
lucro líquido, de acordo com os Br GAAP, é comparabilidade a 10%) em qualquer um dos
virtualmente maior do que o lucro líquido de níveis de materialidade.
acordo com os U.S.GAAP, para o período de A coluna de total de ajustes exibe o valor
2000 a 2005. do ajuste entre o lucro BR e o lucro U.S. (ou
No intuito de explorar as razões para a fal- entre os prejuízos) expresso como uma por-
ta de comparabilidade entre os números di- centagem do Patrimônio Líquido da empresa
vulgados nos Form 20-F, os ajustes realizados em Br GAAP. Dessa forma, por exemplo, para
pelas empresas, no último ano da pesquisa a empresa Ambev, no ano de 2005, o valor da
(2005), foram detalhados. diferença entre o lucro brasileiro e o norte-
Harris e Muller (1999) categorizam os americano corresponde a 6,57% do Patrimô-
ajustes de reconciliação, num nível mundial nio Líquido em BR GAPP da companhia. O
e com base nos Form 20-F, em seis classes percentual positivo, nesse caso, indica um
principais e mais uma para os demais ajustes. lucro em U.S. GAAP maior, por um valor de,
São elas: 1) goodwill; 2) impostos diferidos; aproximadamente, 6,6% do Patrimônio Lí-
3) conversão de moeda estrangeira; 4) gastos quido em Br GAAP.
com pesquisa e desenvolvimento; 5) pensões; Vale mencionar que a coluna ‘Impostos
6) reavaliação de ativos tangíveis e 7) outros Diferidos’ representa a somatória tanto dos
itens. ajustes referentes às diferenças de práticas
No presente estudo, a partir do estudo de propriamente ditas quanto dos impostos di-
Harris e Muller (1999), ampliou-se a catego- feridos sobre todas as diferenças identificadas
ria de ‘Goodwill’ para ‘Combinações de Ne- pelas empresas.
gócios’, em função de algumas empresas não Observe-se que a Br Telecom foi a com-
divulgarem, separadamente, o valor dos ajus- panhia que, percentualmente, teve um ajuste
tes por diferença de prática entre um item e o mais significativo em relação ao seu Patrimô-
outro. O item ‘Capitalização de Juros’ foi in- nio Líquido, ou seja, seus ajustes no lucro to-
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AJUSTE
EMPRESA TOTAL AJUSTES PARCIAIS – % PL BR GAAP
Planos
% PL BR Combinações Impostos Moeda de Reavaliação Capitalização
GAAP negócios Diferidos Estrangeira Diferido Pensão Ativos de Juros Outros
Notas:
1) A reconciliação do resultado da empresa Brasil Telecom S.A. apresentou uma diferença de R$ 6 milhões, que foi acrescentada
ao grupo “Outros”.
2) A reconciliação do resultado da empresa Brasil Telecom Participações S.A. apresentou uma diferença de R$ 101 mil, que foi
reduzida do grupo “Outros”.
3) A reconciliação do resultado da empresa Brasil Braskem S.A. apresentou uma diferença de R$ 71,10 milhões, que foi acres-
centada ao grupo “Outros”.
4) O hífen refere-se a valor nulo e 0,00 refere-se a número obtido por arredondamento.
talizaram um aumento de 8,6% em relação ao portou uma diferença de prática que repre-
Patrimônio Líquido obtido pela norma local. senta, aproximadamente, 5,9% do Patrimô-
Os ajustes resultantes do goodwill e, de nio Líquido em Br GAAP da companhia. Na
modo geral, das práticas contábeis relacio- sequência, os itens planos de pensão e im-
nadas com a combinação de empresas, foi o postos diferidos foram os mais representati-
item de reconciliação identificado com maior vos, com 5,7% e 4,4%, respectivamente, em
frequência (9 das 10 empresas). Por outro relação ao Patrimônio Líquido da própria
lado, a reavaliação de ativos, apontada por empresa.
alguns estudos (HAVERTY, 2006; UCIEDA, Contudo as práticas contábeis classificadas
2003) como uma das práticas que mais deter- como "Outros" são representativas em rela-
mina ajustes aos U.S. GAAP, para o ano de ção aos demais itens e precisam ser mais bem
2005 e para as 10 empresas da amostra, não investigadas. No caso das empresas brasilei-
se confirmou como uma diferença represen- ras, esse grupo congregou práticas importan-
tativa de reconciliação. tes (tanto pela diferença do tratamento legal
Foi, também, o item referente a combi- quanto pela magnitude numérica) como, por
nação de empresas o responsável pelo maior exemplo, instrumentos financeiros, receitas e
ajuste, em termos percentuais: a Ambev re- leasing.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve por objetivo analisar, mais Com um detalhamento maior das dife-
detidamente, as diferenças reportadas pelas renças reconciliadas, no ano de 2005, por 10
empresas brasileiras que emitem ADRs dos empresas entre aquelas em que o lucro foi
Níveis II e III e que, divulgam nos Form-20F não comparável a 5%, para os itens aponta-
arquivados na SEC, além de outras informa- dos por Harris e Muller (1999), observou-se
ções, seu lucro de acordo com os U.S. GAAP. que o goodwill foi o item que provocou ajus-
Com base no Índice de Comparabilidade tes em um maior número de empresas e que
de Gray (1980), os resultados de 30 empresas o gasto com pesquisa e desenvolvimento não
puderam ser comparados ao longo de 6 anos se constituiu em item de ajuste para essas em-
e analisados segundo três níveis de materiali- presas no ano pesquisado.
dade: 5% , 10% e 15%. Mesmo adotando uma Destarte, a limitação do estudo quanto à
margem de materialidade mais dilatada para coleta de dados limitar-se-á às demonstra-
contemplar as diferenças de moeda dos valo- ções divulgadas pelas empresas, mas, partin-
res apresentados pelas empresas, a maioria das do da suposição de que a Contabilidade é a
empresas estudadas (21 das 30 companhias) base de informações para decisões e do alto
produziu números materialmente diferentes nível de não comparabilidade identificado
em um nível de materialidade de 15%. é razoável concluir que as decisões tomadas
O percentual representativo de lucros não por investidores que utilizam a informação
comparáveis (10% da amostra a 5% de mate- em Br GAAP podem ser diferentes daquelas
rialidade e 20% da amostra a 10% de materia- empreendidas por investidores que têm por
lidade) deste estudo é, parcialmente, coerente base a informação em U.S. GAAP.
com os resultados de Haverty (2006), segun- Estudos adicionais são necessários para
do os quais, das 11 companhias da amostra, identificar as causas dessa não comparabi-
somente uma registrou lucros comparáveis a lidade para um número maior de empre-
5% (entre IFRS e U.S. GAAP) e cinco a 10% sas, além das 10 aqui detalhadas, e por um
de comparabilidade. período maior de tempo. Estudos sobre as
Observou-se, ainda, que 16 das 30 empre- diferenças formais (de jure) da norma bra-
sas aqui estudadas apresentaram, para os 6 sileira com as dos EUA e as do IASB, ambas
anos, um percentual virtualmente maior do em processo de alinhamento, e para verificar
lucro divulgado no Brasil em relação ao lucro o grau de comparabilidade dos lucros apu-
divulgado nos EUA, contrariando a crença rados conforme as Normas Internacionais,
amplamente divulgada de que as empresas quando divulgado pelas empresas brasilei-
brasileiras são conservadoras no reconheci- ras, também poderão complementar a pre-
mento de receitas e despesas. sente pesquisa.
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