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O Dois : O Cais

VERONIKA SPIERENBURG E NUNO BARROSO


acima de tudo
uma assina-
tura dura
uma dura-
ção fíl-
mica, fios,
linhas de pés
de pesca
na areia que recobre o mundo abaixo / nem tudo o que é / primeiro / é janeiro / para
sabermos por onde começar.

as cenas mostram com angústia o que é destino


somem os peixes do mar
, coisa que não dura diante da

indústria que precisa de mais-valia - e não do dia menos dia

vamos à revolta
, do pescador pescar.

socialista!
o filme exibido na parte de cima anuncia choros e quem implora para o tempo
não passar, o atum sumiu está na boca de pescadores. a prata sumiu, da
aristocracia. vivemos num tempo de não passar, não temos mais fundamento, já
dizia benjamin, já nos termos de um eternos multiplicar.

abaixo, não se sabe o porquê deveríamos pulá-lo para dar mais valor ao discurso real-socialista do século passado
temos outros tempos
e um pouco mais de ironias.

TEMOS AO DESCER do outro lado um barco


PEQUENO OUTDOOR ou um pedaço, do barco
O QUE VEMOS VENDER? o da frente, apenas ele,
UMA IMAGEM FOTOGRAFIA construído com madeira
IMPRESSA COMO FORA FORA visível sua forma interna
UMA PROPAGANDA MAS ALI SÓ mas não inteira, há falta
ESTÁ A PROPAGANDEAR O VELHO no lugar do pescador que
COMO QUEM VENDE COLA SEM GÁS não pode mais estar emb
arcado um arco com o fio
do filme que, sobre, se viu

uma pequenina estatueta


ao chão. pedra papel ou
madeira. uma lembrança
da anca da forma do barco
com presas esperanças
de sair da dureza que
a prende, casa de sapê,
e significa pelo mínimo
o íntimo dos traços como
alguma escrita chinesa.

propaganda
outdoor mas
dentro
e não está a sós
aquela mesma ponta
do barco de madeira
em uma grande foto
-azul-
impresso por todo o espaço
como se de azul se tivesse tingido
a memória do oprimido, de tanto tempo à maresia

mais abaixo
preta
vê-se a silhueta
também impressa em material de outdoor
vê-se não uma nau mas um barquinho
a enfrentar uma onda com sua pompa
como se sua fronte fosse um espinho
no mais, temos fotos normais
mulheres usando as suas velhas roupas
tradicionais
quando nua estava a praia ainda
para peixes
preencherem
suas bocas assim a toa

e chapéus de louça
quem sabe a criança louca
que os usaria
em vias
de quebrar aquele passado
que estava lá, bem lá em cima.

(exposição para fagote e esôfago)

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