Você está na página 1de 50

Quem Realmente

São os Anciãos?
Às minhas filhas e esposa amada.

Uma palavra de fortalecimento a todos que


desejam a liberdade espiritual e lutam para
tornar outros livres.

A Jeová e a Jesus, meus sinceros


agradecimentos por tudo que fizeram por mim.
“A justiça tem numa das mãos a balança em
que pesa o direito, e na outra a espada de que
se serve para o defender. A espada sem a
balança é a força brutal, a balança sem a
espada é a impotência do direito. ”
(Rudolf von Ihering)
4

Prezado leitor,
É um prazer compartilhar com você minhas experiências como ancião
congregacional.
Isso mesmo, ainda sou uma Testemunha de Jeová ativa; sirvo como ancião
restrito numa congregação do Brasil. Não apresento material apóstata ou
questionamento doutrinal. Por meio dos relatos que serão descritos em forma
de causo – estilo que escolhi para narrar os eventos vividos –, você conhecerá
alguns dos principais procedimentos congregacionais e como os homens que
lideram a congregação interpretam e aplicam as instruções da Organização.
Quem realmente são os anciãos? foi uma série lançada em janeiro de 2017,
em um fórum da internet. Contou com sete capítulos, que foram agrupados
neste livreto.
Ancião Brasileiro é o pseudônimo deste autor. Além de narrador, é testemunha
ocular dos fatos e personagem na maioria dos causos.
Compartilho com você 30 anos de história real; são relatos impressionantes e,
muitas vezes, por mais absurdos que sejam, retratam a realidade que vivi.
Alguns cenários foram adicionados e seus personagens tiveram seus nomes
mudados.
Todo o material não tem fins lucrativo. Esta narrativa faz parte da minha busca
por paz mental e redenção. Se você, assim como eu, tem muita fé em Jeová e
em Seu Filho, tirará muito proveito dos causos narrados a seguir.

______________________________

Ancião Brasileiro
5

Apresentação ------------------------------------------------------------------------------------4

(1) Comissão judicativa: o fetiche dos homens designados ------------------6

(2) Mistério da meia-noite -----------------------------------------------------------------9

(3) A venda de terrenos para o novo mundo --------------------------------------13

(4) Um ladrão honesto---------------------------------------------------------------------18

(5) Rapidinha nos terrenos da Torre -------------------------------------------------24

(6) O causo do Bode Véio ----------------------------------------------------------------29

(7) O causo final: a revelação -----------------------------------------------------------35


6

1
Comissão judicativa: o fetiche dos homens designados

U
m dos procedimentos mais constrangedores na congregação das
Testemunhas de Jeová é a comissão judicativa, onde um professo errante
ou acusado de transgressão é convocado para um tribunal eclesiástico. O
errante acredita piamente que abrirá seu coração perante Deus e que somente
a confissão trará paz mental e alívio a uma consciência atormentada.
Para ter o pecado perdoado e encontrar a sua redenção espiritual, o acusado
deve expor pormenores íntimos de suas faltas, e não deve poupar nem mesmo
os detalhes mais indiscretos inimagináveis. É essa particularidade nas
comissões judicativas que mexe com o imaginário da maioria dos anciãos, pois
fomenta fetiches e taras, reprimidos ou não, uma vez que eles, em sua maioria,
secretamente alimentam suas fantasias.

O Cara
Vou contar-lhes sobre um determinado ancião que chamaremos de O Cara. O
Cara é um ancião entre seus 35 a 40 anos, casado com uma irmã 15 anos mais
nova; além de arrogante e tirado a playboy, destaca-se sua obsessão por
comissões judicativas. Mas não são todas as comissões; somente aquelas que
envolvem mulheres jovens ou bem-apanhadas, estilo panicat. Levou anos para
que eu notasse esse desvio de conduta no Cara. Ao me tornar ancião, de certa
forma escusava-me de comissões judicativas, mas o ancião O Cara sempre
voluntário, disposto, estilo profeta Isaías – “Eis-me aqui! Envia-me”. Quando o
corpo era reunido para escolher os participantes, a proatividade de O Cara era
notável e também relativa, como explicarei adiante. Comecei a notar algo
estranho nesse ancião. Quando surgia a necessidade de formação de
comissões para cuidar de homens, ou irmãs não tão avantajadas (cabeça,
ombro, joelho e pé), nosso querido ancião O Cara nunca podia se fazer presente
e dizia que estava cheio de trabalho. Porém para as jovenzinhas, de preferência
as menores, ele sempre estava disponível. Comecei a desfrutar da amizade
desse ancião O Cara. Era-me imposto isso. Precisava de amigos anciãos e na
mesma faixa de idade. A intimidade com O Cara possibilitou-me conhecê-lo
melhor; passei a notar seu comportamento estranho, com um linguajar solto,
palavras frívolas e obscenas. Amante do álcool até chegar ao ponto da
embriaguez. Em certa ocasião bebeu tanto que pôs o dedo na garganta para
vomitar e liberar espaço para continuar a bebedeira. Em um de seus porres, o
7

ancião O Cara começa a revelar sua personalidade libertina, fazendo referências


escrotas às irmãs; disse que ‘se fosse solteiro, comeria as novinhas, as pioneiras
gostosas e qualquer tesuda que desse bola’.
Um belo dia, uma linda jovem de 17 anos foi descoberta por seus pais como
praticante de imoralidade sexual. Seu pai me confessou aos prantos e pediu por
favor que déssemos ajuda à família. Tínhamos um princípio entre o corpo que
aqueles que fossem confidentes de uma transgressão seriam os mais
recomendáveis para a comissão. O objetivo era preservar a integridade dos
errantes. Reuni o corpo e, juntamente com outro irmão que havia ouvido a
confidência do pai, ofereci-me para realizar a comissão. Faltava apenas um
ancião e vocês imaginam com quanta expectativa ficou o ancião O Cara. Mas
sugeri que outro ancião participasse comigo. O ancião O Cara ficou transtornado,
perguntou se eu era coordenador; por que haveria de ser eu, Ancião Brasileiro,
um dos participantes? Fi-lo lembrar da filosofia do corpo: “Os confidentes
participam da comissão”. O Cara disse que isso não estava no KS (manual dos
anciãos), que não achava interessante a formação sugerida. Usei outros
argumentos que deixaram O Cara constrangido e deixei-o fora dessa comissão.
O Cara passou meses sem falar comigo por causa disso. Ele tinha um tesão
nessa jovem que infelizmente não pôde ser satisfeito. Realizamos a comissão
na presença do pai. Esta é a orientação oficial: em caso de menores, comissão
somente na presença dos pais ou responsáveis. Oh! Coitado do pai, que
abaixava a cabeça e batia no peito de decepção! Pedi a ele que se retirasse da
sala, pois queria fazer uma pregunta que poderia machucá-lo. Como presidente
da comissão, lutei para não desassociar a jovem. E fui bem-sucedido nisso. Ela
levou apenas uma repreensão pública (Tempos depois essa jovem casou-se
rapidamente com um servo ministerial de outra congregação e nem me convidou
para o casamento. Sem problemas, não lhe ajudei visando vantagens). O Cara
ficou mais revoltado ainda. Procurou os outros membros da comissão para saber
detalhes, não concordava com a sentença.
Para se formar uma comissão, necessitamos de uma evidência de pecados
passiveis de desassociação, que pode ser porneia, adultério, fornicação,
pornografia, homossexualidade, espiritismo, apostasia, envolvimento com outra
pessoa após separação sem base bíblica e outros, a lista é grande! O Cara não
acreditou como eu havia conseguido evitar que a jovem fosse desassociada.
Desse dia em diante, O Cara se tornou um dos meus piores inimigos no corpo.
O Cara serve até hoje como ancião, aliciando as jovens com piadas e gracejos.
Continua servindo em comissões judicativas em busca de contos pornôs para
alimentar a mente; sonhava com a Coordenação, mas como tal só serviu por
seis meses.
Anciãos como O Cara usam as comissões judicativas com pessoas do sexo
oposto para saciarem seus desejos escrotos. Por meio de perguntas indelicadas,
atiçam sua própria sexualidade, devorando em suas mentes seus desejos
pervertidos. Já testemunhei anciãos tendo ereções (não sou fiscola) durante as
comissões e saciando-se das fraquezas das inocentes irmãs. Perguntas sobre
8

orgasmo, masturbação mútua; se houve toque nos seios ou beijos; se houve


penetração, ejaculação; quem gozou primeiro e outras – todas essas são
perguntas desnecessárias e servem apenas para satisfazer a ganância sexual
desses homens que, inflamados, buscam prazeres nas ovelhas inocentes.

Lição
Prezados, rejeitem abrir vossos corações para esses canalhas travestidos de
pastores amorosos. Vossa intimidade só diz respeito àqueles que
verdadeiramente vos amam. Não compartilhem emoções ou experiências com
estranhos. Caso sintais a necessidade de confessar, façam isso a Deus no
escuro do vosso quarto ou na imensidão de um oceano ou rio. Não compareçais
às comissões judicativas; e se forem, mantenham-se calados. Exijam respeito.
Sejais indelicados com aqueles monstros que não movem uma palha para tornar
vossa vida melhor. E sabemos que estão ansiosos para desassociar e escrever
relatórios para o escritório. Depois disso sereis largados ao ermo e submetidos
ao ostracismo.
Nota: Desculpem-me pelo linguajar deste conto, mas, por mais triste que seja, a
forma narrada é a que descreve a real situação e sentimento dos envolvidos.
Não é obra de ficção ou mera coincidência.
9

2
Mistério da meia-noite

N
este segundo causo, conto-vos uma história cheia de mistérios e revelações.
Quem nunca teve um ancião muito louco em sua congregação? São
daqueles que nos induzem a questionar como é que homens como esses
são recomendados. Mas somos doutrinados a pensar que não ‘é como o homem
ver que Jeová vê’ (1 Samuel 16:7). No relato de hoje apresento-vos um ancião
que chamaremos de Sacaninha; tal ancião é da mesma ‘geração’ de O Cara
(citado no causo anterior), tendo em vista o conceito de geração apresentado
pela Torre, isto é, contemporâneos, simultâneos; ou seja, basta um ter visto o
outro, seja criança ou velho, que são da mesma geração. Acrescento que todos
os casos são verídicos com adição de pequenos elementos para facilitar a
compreensão e tornar genéricos os fatos.

O causo de Sacaninha
Já faz 10 anos que esses eventos ocorreram. Tive que me esforçar para não
cometer nenhuma inverdade. Eu era aspirante a servo ministerial pela segunda
vez; estava com todo o gás, puxando o saco dos anciãos e dos superintendentes
de circuito. Não vou negar que havia corrupção em mim – um traço da
personalidade de qualquer ancião, mesmo não observado. Enfim, chegou em
nossa região um ancião muito louco. Irreverente, falastrão e quebrando o
protocolo, Sacaninha foi logo conquistando o coração de todos. Aproximamo-
nos mutuamente. Ele era perito na arte de fazer cócegas em nossos ouvidos.
Sabia falar a língua do povo. Não era orador fluente. Baixa escolaridade e baixo
nível intelectual. Mesmo assim, em pouco tempo estava eu bajulando
descaradamente o Sacaninha. Na congregação, ele me dava bastante privilégios
de serviço (escravidão); na verdade, eram as suas obrigações que ele
empurrava para mim. Comparava-me a outros como sendo único. Alimentando
meu ego, ele sabia por onde me comprar.
Aos poucos fui ficando desconfortável na relação com Sacaninha. Ele me pedia
quase todos os dias para levá-lo de carro aos diversos lugares. Não queria mais
usar transportes coletivos; folgado, agendava compromissos em meus dias de
descanso. Começou com carona para discursos fora e acabou que me tornei seu
motorista Uber particular. Fui notando que o seu comportamento era estranho e
‘misterioso’. Amava fofocas, era entrão, chegando sem ser convidado nos
lugares; sabia de tudo e falava mal de todos.
10

O Sacaninha era ousado, gostava de falar a sós com as irmãs, de tocá-las e


sussurrar no ouvido delas. Esse ancião começou a fazer de mim confidente dos
problemas congregacionais. Fiquei sabendo de tudo: comissões, anúncios,
repreensões, reunião do corpo de anciãos. Sacaninha até comentou que eu
havia sido recomendado, mas desistiram porque os anciãos não gostavam do
comportamento de minha esposa. Ela não bajulava as esposas dos anciãos.
Tinha que ser mais hospitaleira. Sacaninha disse que estava se empenhando
por minha designação; mas esta é lei da vida na organização das Testemunhas
de Jeová: tudo tem um preço. Um belo dia, nosso amigo pediu-me uma bela
grana emprestada! Sabe como é, né? Eu não queria perder o que havia
conquistado. Emprestei dinheiro para Sacaninha e isso foi se tornando
frequente; fiz até saques no meu LIS.
Sacaninha era misterioso, não sabíamos seu passado; ele não trabalhava,
gostava de acordar tarde todos os dias. Sua esposa trabalhava no comércio.
Mesmo assim a conta não batia. Ele devia ter alguma renda oculta (Descobri
mais tarde que Sacaninha tinha um atestado de esquizofrenia e era pensionista
do INSS). Os outros anciãos também achavam estranho; Sacaninha me
confidenciou problemas com eles e já estava se preparando para partir. Mas
antes aconteceu um fato o qual está relacionado diretamente ao nick que escolhi
para batizar esse ancião. Um determinado irmão estava espalhando pela
congregação e foi até o os anciãos dizer que viu Sacaninha sair de um cabaré
(brega, casa para adultos, prostíbulo ou supermercado do sexo) durante a calada
da madrugada. Esse irmão, que foi testemunha disso, ficou aflito, pois isso lhe
deixava a consciência perturbada - e foi cobrar uma resposta dos anciãos.
Depois de um tempo a resposta foi dada. Esse irmão foi colocado na sala B na
presença de todos os anciãos, menos Sacaninha, e foi sabatinado. Perguntaram
o que ele foi fazer naquela região, se estava sozinho, se somente ele viu
Sacaninha entrar no cabaré; por que contou a outras pessoas, se ele sabia o
que é tagarelice, se sabia que podia ser desassociado, e por que não procurou
Sacaninha para tirar a história a limpo. Resumindo: o irmão virou o homicida, e
Sacaninha, uma vítima. Os anciãos passaram o sarrafo nesse irmão. Ele saiu
triste e desanimado. Ficou como mentiroso.
Fiquei sabendo que Sacaninha negou tudo e que tinha até álibi. Inventou até a
história de um primo que parecia ser seu irmão gêmeo. Cansado da congregação
e alegando problemas financeiros, Sacaninha foi embora para outro circuito.
Sacaninha era muito querido dos viajantes que gostavam de risos e piadas. Mas,
para os mais sisudos, ele era um chato inconveniente.
Em sua nova congregação, o ciclo recomeçou. Aquela mesma atitude com
outros personagens; buscava terceirizar suas responsabilidades e ficava à caça
de credores.
11

O Dia D
Meus queridos leitores, nosso amado ancião Sacaninha era frequentador
assíduo de cabarés e boates. Amava se embriagar rodeado de mulheres. Um
verdadeiro putão! Mas pegá-lo foi algo muito difícil. Era uma raposa de esperto,
não deixava rastros. Mas assim se diz na organização: Jeová um dia revelará. E
não é que esse ditado logrou com Sacaninha! Em um desses cabarés havia um
estudante que também gostava da diversão para maiores. Ele acabou
encontrando-se várias vezes com Sacaninha nas casas noturnas. Então um
certo dia esse estudante resolveu assistir uma reunião das Testemunhas de
Jeová e com quem ele deu de cara na tribuna? Quem? Quem? Quem?
Acertaram os que disseram: Raimundo Nonato, vulgo Sacaninha. Em nenhum
momento Sacaninha o reconheceu.
Para resumir logo a história e chegarmos ao seu fim. O estudante contou a seu
instrutor que conhecia Sacaninha de casas noturnas. O instrutor custou a
acreditar. Mas como estava desejoso de um furo e ansiava tornar-se ancião,
abraçou a causa e, como terrorista calculista, aguardava o tempo de ativar a
bomba; porém antes certificou-se da informação. Montou tocaia nas boates
noturnas, fez rondas nos bairros, até que um dia viu Sacaninha entrando na
boate e cronometrou sua permanência no local; como esse instrutor estava
aspirando a patente de ancião, fez tudo direitinho. Conseguiu testemunhas e,
quando foi até os anciãos, estava com o pacote pronto. Esses anciãos foram
bem espertos. Realizaram uma reunião na ausência de Sacaninha, juntaram
todos os fatos e ouviram as testemunhas. Sacaninha fora posto contra a parede.

Um final surpreendente
Estamos todos ansiosos para saber o que aconteceu com Sacaninha e qual foi
o desenrolar de seu 'segredo sagrado'. Para sua decepção e frustração de senso
de justiça, querido leitor, nosso querido ancião conseguiu se safar. Sacaninha é
mais liso que um porco banhado em glicerina e mais astuto que Renam
Calheiros, o xerifão do Senado. Nosso amigo Sacaninha fez outra virada de
mesa, alegou que era um profissional do ramo de vendas, que trabalhava
oferecendo seus produtos a esses estabelecimentos. Pediu provas de que ele
praticava imoralidade sexual. Chorou, comoveu a todos ao dizer que era um
santo homem e que estava sendo perseguido. Apresentou seus falsos atestados
médicos. Afirmava sofrer de dislexia e que era bem provável que tivesse ido
nesses lugares, não tinha certeza. E por último, tal como na política, utilizou-se
dum artifício sujo disponível para os homens da dianteira: o foro privilegiado.
Sacaninha abriu mão de seus privilégios de ancião. Alegou problemas
emocionais, financeiros, que não se lembrava de algumas coisas; entregou os
privilégios. Ao agir assim, escapou da cassação e evitou sua “inelegibilidade”
pelos próximos cinco anos para privilégios especiais dentro da congregação
(Acreditem, existe esse procedimento). Anunciou-se que Sacaninha não era
mais ancião. Mas ele podia servir como indicador, fazer leitura e ter outros
privilégios. Montou-se uma equipe de investigação de dois anciãos para irem nas
12

boates tentar contato com os donos ou profissionais que trabalhavam ali;


precisavam comprovar a devassidão de Sacaninha. Mas não tiveram êxito, putas
são mais fiéis que cachorro labrador. Voltaram apenas com descontos em shows
noturnos e um baita tesão.
Após dois anos, Sacaninha volta a servir como ancião. E hoje toma a dianteira
na instrução das "verdades" na congregação das Testemunhas de Jeová. Não
sei se ainda tem tempo para frequentar os cabarés, mas sabe ele que hoje, com
o recurso das câmeras em celulares, está cada vez mais difícil dar uma
fugidinha.

Lição
Não gostaria de deixar este aprendizado, ou moral, neste causo, mas
infelizmente não existe outra forma. Vocês se lembram do irmão que de início
contou o podre de Sacaninha? Esse irmão sempre teve razão e jamais foi feita
a ele uma retratação por ter sido acusado de caluniador. O padrão de justiça da
Torre está bem distante da justiça divina. Tempo nenhum é capaz de restituir as
perdas ou danos causados. Nosso senhor Jesus Cristo jamais seria o
responsável por vivermos injustiças congregacionais e nem está direcionando as
coisas para nos ensinar algum tipo de lição. Jamais permita que a verdade
prevaleça sobre a mentira e esforce-se para cultivar o perdão – o único gesto
capaz de trazer redenção para injustiças. Não confiem nos padrões dos
julgamentos dos anciãos. Vocês não estão diante de Cristo, mas de víboras
travestidas de líderes espirituais.
13

3
A venda de terrenos para o novo mundo

O
terceiro causo de nosso livreto aconteceu há mais ou menos 25 anos. Era
início da década de 90. A geração de hoje em meu circuito nunca ouviu falar,
e os que foram contemporâneos da sequência de eventos citados fazem
questão de não lembrar. Talvez alguns dos envolvidos sejam usuários em nosso
fórum, porém esse relato pode ser apenas uma mera coincidência fatídica e não
um vazamento de nudes. Não quero expor detalhes da vida pessoal de ninguém,
por isso venho tentando ser o mais genérico possível ao revelar verdades no
tempo apropriado.
É bem provável que em vossos circuitos exista aquele ancião xerifão, daqueles
que são usados até mesmo para auditar viajantes. A seguir conto-vos a história
do cacique do circuito, mano Valdomiro (Uma homenagem a um famoso líder
religioso em nosso país).

Causo do empreendedor
Valdomiro é um notório ancião que começou sua carreira terrestre como pastor
em meados da década de 80; por volta do início dos anos 90, nosso querido
ancião/pastor Valdomiro vivia os trends tops da parada. Ancião presidente,
orador de assembleias e congressos, membro das comissões de apelações e
conselheiro de viajantes. Valdomiro era um homem próspero; era empresário do
ramo imobiliário e tinha diversos investimentos. Lembro-me de determinado
congresso, em um estádio de futebol, que, quando foi anunciado pelo presidente
o nome de Valdomiro como próximo orador, podia sentir-se um êxtase no
semblante de alguns irmãos e outros sussurravam de tesão. Eu pensava no meu
íntimo: “Quero ser famoso como Valdomiro, quero discursar para o delírio das
multidões; quero ser reconhecido como um excelente orador e idolatrado pelo
circuito”. Mas é triste informar que esse homem dos sonhos tinha uma
personalidade exótica. Na tribuna era amoroso, sorridente e humilde; no trato
com outros, autoritário, grosso e mal-educado. Sua presença metia medo em
seus coanciãos e ovelhinhas. Achava-se ungido (ungido = indivíduo que
professa ter um membro sexual superior a 17cm). Até seu andar era modificado,
como se tivesse algo roçando entre as coxas. Gostava de humilhar os menos
favorecidos, achava que todos eram seus empregados. Valdomiro continuava ‘a
crescer em conhecimento e sabedoria’.
14

Sua casa era uma referência no circuito. Os viajantes vinham pousar e ficavam
por dias, semanas e meses. Até mesmo Sup. de Distritos gostavam do veraneio
e dos jantares oferecidos por Valdomiro. Muitas vezes preferiam ficar na casa de
Valdomiro a ficar nas humildes residências das congregações designadas.
Valdomiro era casado e tinha filhos. Um verdadeiro amante da filantropia.
Gostava de empregar irmãos em seus empreendimentos. Na congregação, a fila
para falar com Valdomiro era enorme e tinha até senha. Muitos queriam emprego
e conselhos amorosos. Em sua casa, por insistência da esposa, moravam irmãos
menos favorecidos no circuito, incluindo uma pioneira solteira e abandonada por
seus familiares. Essa pioneira será a chave na revelação do “segredo sagrado”
de nosso ancião. Valdomiro tinha excelente oratória e uma bela voz. Não
tínhamos facebook na época, mas Valdomiro nos contava cada estória com um
final que nos fazia meditar. Não sei de onde ele arranjava as estórias; dizia que
eram das publicações que ele estudava com afinco, mas nunca sequer ouvi suas
parábolas por lá; ainda não tinham inventado a internet, mas Valdomiro já
possuía inúmeras correntes. Acreditávamos que suas parábolas estavam nas
publicações do Escravo Fiel e Discreto (Era assim que chamávamos o Escravo
Fiel Prudente). Um coaching nato!

Vendas de lotes no condomínio Novo Mundo


Valdomiro amava fazer negócios com TJs. Na maioria de suas transações levava
vantagem e as vítimas não recorriam. Ambicioso como era, Valdomiro, assim
como Eike Batista, queria ser um dos mais ricos do mundo TJ. E não poupou
esforços para isso. Elaborou mais uma vez seu plano santo e, sem ser
crucificado uma plantação, foi começar. Nosso amoroso ancião anunciou um
empreendimento imobiliário espetacular: terrenos do primeiro condomínio
preparatório para o novo mundo, sim a possibilidade de não esperar o
Armagedom para começar a ser feliz! Valdomiro estava a vender lotes em uma
região isolada do centro, onde morariam apenas irmãos. Não seriam vendidos
para as pessoas do mundo. A área possuiria guarita e um clube privativo que já
existia e seria incorporado ao projeto. Era fantástico, era como já viver na nova
ordem. ‘Não haveria trancas nas casas e nem quem os fizesse tremer. ’ ‘O lobo
e a ovelha pastariam juntos’. ‘O leão comeria palha como o touro’. Valdomiro
montou uma equipe de irmãos e começaram a vender os lotes por preços
exorbitantes, eram mais de 100 lotes de terreno na terra prometida. Nossa! Que
drama profético! Que vislumbre do novo mundo, não acham? Nada de errado
alguém querer propriedades de terra; sabe como é, né? Acho que estou
exagerando neste causo. Infelizmente não, queridos leitores; o lado sujo da
história começa agora.
A equipe de vendas de Valdomiro era assediante demais. Eles não tinham
limites, queriam a todo custo empurrar os lotes. Valdomiro aceitava qualquer
negócio, desde que pudesse tirar alguma vantagem das transações. Estava
obrigando seus irmãos a fazerem trocas de suas casas prontas pelos terrenos
vazios. Como sempre, os terrenos valiam muito mais que as casas dos irmãos e
15

Valdomiro ficava com a grande diferença. Mas acontece que um tal de Jeremias,
traficante de renome, apareceu por lá. Ficou sabendo dos planos de Valdomiro
e decidiu que com ele ia acabar. Os lotes demoravam a ser entregues, a região
estava abandonada, apenas algumas bandeirinhas podiam ser avistadas de
longe. Os irmãos começaram a fazer pressão para a entrega do condomínio e
de seus respectivos lotes. Porém, como já havia citado, um irmão de pseudônimo
Jeremias resolveu investigar junto à prefeitura. Jeremias descobriu que não
existia propriedade rural nenhuma no nome de Valdomiro; também constatou
que aquelas terras que foram vendidas já tinham dono e não era nosso querido
ancião. A notícia se espalhou entre os compradores, que formavam turbas
enfurecidas. Valdomiro inventou uma viagem para a Alemanha, as equipes de
vendedores TJs sumiram do mapa. Depois descobrimos que poucos eram
realmente irmãos. Iniciou-se uma caça a Valdomiro; pressão vinha de toda a
parte; em sua congregação fizeram vigília.... Até o dia que Valdomiro apareceu.
Não existia bankline, tudo era no cheque ou dinheiro vivo. Os anciãos cagões de
sua congregação tomaram coragem para enfrentá-lo, pois até alguns deles
estavam no prejuízo. Levaram o caso ao circuito e ao Sup. de Distrito. Valdomiro
fez uns acordos descarados com alguns lesados e outros saíram no prejuízo
total, não teve jeito. Muitos cheques falsos e mentiras dissimuladas.
Devido à forte pressão congregacional, Valdomiro perdeu os privilégios como
ancião, mas não foi desassociado. Desde o dia que se anunciou sua remoção,
ele nunca mais pisou no Salão.
Passaram-se cinco anos e, de forma discreta, foi anunciada que Valdomiro tinha
sido desassociado. Muitos nem o conheceram. Alguns acreditavam que era
finalmente a justiça divina sendo feita e que depois de tanto tempo betel estava
dando uma resposta a tantas queixas. No entanto, o motivo de sua expulsão não
foram os golpes a lá Eike Batista; Valdomiro tinha passado o rodo em uma
pioneira que amorosamente morava na casa dele. Lembram-se que nosso
querido pastor era amante da filantropia? Em sua casa morava uma pioneira,
que era a alegria de Valdomiro. Não gosto de contar essas histórias envolvendo
anciãos e pioneiras, parece um certo fetiche dos membros da organização e não
um relato verdadeiro. Porém, contrariando minha opinião, Valdomiro traçava a
pioneira nos principais territórios isolados e rurais da cidade – e fazia isso desde
a época dos belos discursos em congresso, que inclui até um de batismo.
Valdomiro e a pioneira foram os primeiros a apoiar essa modalidade de ‘pregar
em território rural’, só que eles iam sozinhos e ficavam nus (um método que ainda
não foi aprovado pelo escravo). Parece que nada fica oculto nessa santa
organização, pois, no tempo apropriado, alguém lá em cima manobrou a situação
para trazer luz onde havia escuridão. Neste caso ninguém foi pego com boca na
botija e nem houve confissão. Acontece que a pioneira ficou grávida e, depois
de quatro meses, não conseguiu esconder a situação. A esposa de Valdomiro
descobriu e contou para os anciãos. Eles foram embora – Valdomiro e a pioneira
–; foram morar em outra cidade, numa casa bem modesta. Nosso querido ancião
e empreendedor amargou um revés financeiro. Ficou pobre, perdeu suas
empresas, perdeu o pouco que tinha no divórcio e na divisão dos bens com os
16

filhos. Nem a venda de seu tesouro pagou suas dívidas com agiotas e
fornecedores. Foi jurado de morte. Passou a esconder-se.

Um pastoreio surpreendente
Nós “ansiosos” regulamente temos que realizar visitas de pastoreio. Em algumas
somos bem recebidos; em outras, soltam-nos os cachorros. Às vezes nos
servem lanchinhos e pizzas. Recomendo, trate bem seu ancião; ele merece.
Aceitamos de bom grado segundo o que a pessoa tem, não o contrário. Em uma
bela visita de pastoreio, eu juntamente com um coancião fomos recebidos com
uma bela travessa de pipoca acompanhada de um refrigerante genérico da
Coca-Cola. Nesse exato pastoreio fomos visitar uma irmã que cria sozinha o seu
filho na verdade e cujo marido é opositor. Pasmem, queridos, eu me engasguei
com a pipoca; precisei de umas palmadinhas na nuca para não desfalecer, pois,
em determinado momento da visita descobri que a irmã que perseverava em
criar seu filho na verdade era a pioneira adúltera do início deste conto. O seu
marido era nada mais nada menos que o carinha que mora logo ali, nome
artístico “Valdomiro”, que, para minha surpresa, ainda estava vivo. Essa irmã
abriu o coração pra gente. Contou-nos de sua infidelidade, que Valdomiro havia
prometido uma vida de eterna panicat, luxo e fartura; porém, a realidade era
dura. Ela passava necessidade, Valdomiro era zombador e, o pior de tudo,
odiava as Testemunhas de Jeová. Valdomiro não era fiel, tinha diversas
amantes. Ela nos disse que poderia perdoar tudo, menos o fato de ele está-se
tornando apóstata (Foi nessa hora que me engasguei com a pipoca). Valdomiro
acessava o site Ex-Testemunhas de Jeová, compromisso com a verdade, e
vivia mostrando os links pra ela. A ex-pioneira nos contou que Valdomiro não
acreditava mais no Corpo Governante; dizia ele que a organização era filiada à
ONU e que as publicações tinham mensagens subliminares. Ela nos pediu para
um dia fazer um pastoreio a ele, pra tirar essas ideias e pensamentos
demoníacos do coração daquele pobre homem. Um dia eu faço seu pastoreio.
Essas são as informações mais recentes sobre Valdomiro. A ex-pioneira disse
que não tem pra onde ir e não pode largar o galã. É bem provável que Valdomiro
esteja lendo seu relato neste exato momento. Bem-vindo à fraternidade,
guerreiro! "É isso, tamo junto, é noís!"

Lição
A corruptibilidade dos homens designados é um enorme lembrete da inverdade
da crença que os anciãos das Testemunhas de Jeová são representantes do
Reino de Deus na terra. Luxúria, orgulho, ambição, simonia e outros são as
qualidades mais destacadas nesse meio. Quero ressaltar que o espírito
ganancioso os fazem chantagear aspirantes a escravilégios na congregação e
usam a autoridade que possuem para interesses pessoais. Além disso, muitos
dessas “dádivas em homens” extorquem as ovelhinhas de Cristo, causando
danos emocionais e financeiros irreparáveis. Escondem-se na certeza da
17

impunidade, conforme lhes assegura o incentivo da religião jow.org de que não


devemos levar nossos irmãos perante as autoridades, para não trazer vitupério
sobre o nome de Jeová. Sentem-se assim isentos de prestar contas na delegacia
mais próxima. E como esses sínicos se aproveitam dessa ideologia da
organização, vivem uma vida de impunidade legal. Fujam de negócios com
homens da dianteira. Não saiam no prejuízo. Não colaborem para a manutenção
de sistema corrupto.
Nota: Nesse causo também fiz sérias reflexões pessoais. Conclui um pacto
comigo mesmo: doravante nunca mais ‘voltaria a provar do fruto do milho até
que o senhor voltasse’. Após esse dia, jamais voltei a pôr em meu paladar
suculentas pipocas; e até mesmo nos passeios com as crianças, no parque, fujo
dos pipoqueiros assim como uma TJ corre de um desassociado. Esse é um
trauma que carrego comigo.
Quero aproveitar a oportunidade para lançar uma campanha: Não maltrate os
anciãos, receba-os bem, com o que tiver para oferecer, prezando o espirito de
hospitalidade. Esses pobres demônios, apesar de estarem nas mãos de uma
força maligna, que os lidera, não são ruins em sua totalidade e muitos acreditam
estar vivendo uma ideologia de amor.
18

4
Um ladrão honesto

H
oje vou contar-lhes o quarto capitulo de nosso livreto. Tenho certeza que as
aventuras românticas e peripécias de nossos queridos anciãos estão
causando perplexidade e indignação. Porém, no causo a seguir, vamos dar
uma pausa nessa pornochanchada evangélica e contar a história de um ancião
do bem. Não era exótico, arrogante ou sínico. Uma pessoa verdadeira, mas que
fraquejou e experimentou a revolta do sistema. Estava difícil em pensar num
nome para ele; então peguei carona na criatividade das experiências da Torre,
resolvi batizá-lo de Jim (alguns nomes foram mudados). Apelar pra Jim sempre
resolve a nossa falta de inspiração e nos ajuda a complementar o raciocínio.
Este relato é pobre em comédia, espero não os decepcionar com a monotonia
do texto, mas trago procedimentos internos que em nada seguem o padrão de
justiça divina. Jim teve impacto em minha trajetória na Torre.

Devolva meu real!


Era uma vez um coordenador de corpo de anciãos chamado Jim (Era uma vez
mesmo, ele foi exonerado do cargo por unanimidade). Um ser-humaninho
maravilhoso e com aptidão para trabalhar com pessoas. Jim não gostava de
fofocas e nem punições. Em sua monarquia, triplicou o número de anciãos, e os
servos ministeriais davam em árvores. Progresso: precisamos abastecer a
carreta desgovernada, que foi apelidada pelo Corpo Governante de “carro de
Jeová”. Existia uma congregação com 170 publicadores, enorme, e apenas três
anciãos e quatro servos ministeriais. Um dos anciãos ficou doente e criou uma
lacuna na congregação. Era impossível promover algum servo. Eram limitados.
A congregação estava correndo risco de falir. As Testemunhas de Jeová sentem
a necessidade de serem lideradas e ficam doidinhas na ausência de um
comandante do barco. Precisam do líder de sua alcateia. Tendo em vista a
necessidade, Jim colocou-se à disposição, passou-se a macedônia para ajudá-
los, juntamente com sua família, atendendo à solicitação de um superintendente
viajante.
Após a visita do SC, foi empossado como coordenador; Jim assumiu o cetro da
congregação Oeste. E foi logo tratando de arrumar a bagaça. Cuidou dos
assuntos judicativos pendentes, treinou os varões e promoveu mais vagas de
emprego que os programas sociais do governo. Em dois anos de governo,
tínhamos nove anciãos e quatorze servos ministeriais. Jim era flexível, não era
exigente, não esperava demais dos irmãos e de suas famílias. Facilitou e passou
19

por alto faltas e alguns desvios de personalidades. Jim acreditava nas pessoas.
E esse foi seu erro. Deu poder a pessoas ambiciosas e despreparadas.
Alimentou os próprios cães que depois o morderam. Acreditando no curso
profissionalizante da organização e no treinamento que viria dos céus, Jim
conseguiu a aprovação para que uma nova congregação fosse formada e
proporcionou a divisão do rebanho. Esse Jim era retado! Porém, Jim não sabia
que tinha ficado do lado podre. Alguns meses depois, os homens que foram
nomeados por indicação de Jim estavam querendo sua cadeira de coordenador.
Esse posto dentro da congregação é ambicionado por muitos e, para ocupar tal
posição, alguns colocam seus instintos mais mesquinhos à tona.
Jim estava lascado. Ele cruzava a cidade para apoiar essa congregação.
Envolvia muitos custos. Tinha filhos adolescentes. Trabalhava humildemente
como operário, mas a conta não fechava. Aos poucos foi achegando-se ao SPC
e SERASA. Essa situação aflitiva apertava a mente de Jim e, como tinha a chave
da geladeira da congregação, caiu na desgraça da tentação. Como coordenador,
Jim administrava o dinheiro congregacional, cartão corporativo e senhas para
transação bankline. Os servos das contas faziam toda a logística operacional,
mas Jim pediu para fazer os depósitos. Ocorre que, do valor do recibo para o
que era depositado, tinha uma diferença. Nosso amado irmão estava fazendo
um consignado com o caixa da congregação. Ele retinha parte dos donativos e
usava nas necessidades de seu lar. Mas lembre-se, era apenas um empréstimo
consignado, não um desvio de verbas, tal qual temos nas prefeituras. Dois ou
três meses depois Jim fazia a restituição sem acréscimo de juros. Isso se tornou
frequente e perdurou por um ano e meio. No entanto, Jim estava com dificuldade
na reposição. O servo das contas ficou calado, mas o ancião secretário, que era
um golpista (chamaremos a ele de Temer), percebeu essa movimentação e
perguntou ao irmão das contas do que se tratava. Ingênuo, o irmão das contas
denunciou o esquema ilícito de Jim. Eis a oportunidade de Temer ferrar com
Jim e assumir seu posto. Esse secretário comeu à mesa de Jim e, se não fosse
por Jim, nunca seria ancião. Devia a Jim a sua posição de ancião, mas não
estava nem aí, pimenta no c*(3,1416) é refresco. Juntou todos os anciãos do
corpo na ausência de Jim e elaborou um grande golpe. Tinha o senado de
anciãos todo de seu lado. Bastava o supremo tribunal do SC dar o aval. Levaram
o assunto para o mestre dos mestres, o SC, que não era mais o mesmo que
havia transferido Jim para essa congregação; esse viajante ficou chocado com
o sistema de corrupção. Mas a metodologia adotada pelo superintendente
deixou Temer confuso e decepcionado. O viajante disse que não era para ele
tratar do caso de Jim e nem contar nada a ele. O assunto seria resolvido na
próxima visita, num prazo de três meses. O secretário Temer ficou frustrado.
Como assim? O SC não confiava que ele tinha capacidade de cuidar de um caso
complexo? Sim, apesar de ousado, Temer era recém designado e não sabia
nada de nada. Nunca havia sequer participado de uma comissão. O viajante
tinha um homem de confiança. Um puxa-saco do circuito. Ele iria transferir esse
Pela-saco como infiltrado para a congregação de Jim. A mando do viajante, Pela-
saco se mudou para a congregação para auditar as contas e assumiu o posto de
secretário no lugar de Temer. Ele não poderia ser o coordenador, pois essa
20

designação é dada pelo SC. Jim, inocente, recebeu Pela-saco de braços abertos
e até refeições proporcionou para essa raposa. Jim ainda exercia a função de
coordenador, mas mal sabia ele que era decorativo, e Temer, que aspirava a
coordenação, foi ser o dirigente da sala B. Pela-saco, o agente secreto da KGB,
não parava de auditar as contas e de gerar planilhas. Fez o mapa do dinheiro
desviado. E fud*(*3,1416) com Jim em um relatório parcialmente manipulado,
pois os números só exibiam os saques, mas não os retornos aos cofres da união
da Torre de Vigia. Enfim chega a visita do superintendente de circuito – um dia
que jamais sairá da memória de nosso querido ancião Jim.

Para a fornalha com ele!


Na noite da reunião com o corpo de anciãos, após se dispensar os servos
ministeriais e ter-se dado início à consideração dos assuntos da pauta com os
anciãos – um tema deixava Jim tenso: o último assunto da pauta, que era contas
da congregação.
O viajante contou a Jim que a casa dele caiu. Ele havia sido descoberto. Fez o
gesto de gatuno com as mãos. Disse que todos do corpo de anciãos sabiam de
seus saques aos donativos das ovelhas do Corpo Governante. Perguntou a Jim
como ele tinha coragem de roubar os irmãos de Cristo. O viajante permitiu a
palavra ao Pela-saco, que disse que nosso querido ancião havia desviado, em 4
anos, desde antes da divisão da congregação, um valor de quase 10 mil reais.
Perguntaram a Jim o que fez com o dinheiro, quem estava no esquema, se podia
dar nomes e fazer uma delação.
Jim encolheu-se na cadeira. Disse que usava o dinheiro e depois colocava no
lugar. Não tinha controle, mas não achava que era esse valor. Explicou que foi
somente nos últimos meses que não conseguiu quitar o “empréstimo
involuntário” que havia feito do caixa na congregação, mas faria isso assim que
possível. Todos os anciãos rasgaram cada uma a suas vestes e se cobriram de
serapilheira. Blasfêmia! Mentira! Ladrão! Deputado! – Eram todas palavras
entoadas naquela sala. Cuspiram em Jim e deram tapas em seu rosto. Homens
em quem Jim confiava caíram em cima dele, devastando-o e deixando-o nu. Sem
pena, colocaram Jim no colo um do outro e se revezaram por toda a noite. O
supremo senhor, o viajante, anunciou a sentença: JIM estava exonerado do
cargo de ancião e sem direito a recorrer. Além disso, Jim deveria devolver a
importância de 10 mil reais aos tesouros da união ou seria denunciado à polícia
no dia seguinte por fraude e estelionato. (O quê!? Quer dizer que pode chamar
a polícia, é? Se sumir um real da conta da Torre, a polícia deve ser acionada? E
aquela história que irmão não pode ser levado ao tribunal? E que dizer das
crianças vítimas de abuso? Não podemos denunciar um pedófilo às autoridades,
mas isso pode, né, Arnaldo?) Precisamos dar uma pausa neste relato, isso é
revoltante demais (Por favor, vejam o apêndice deste conto no final do artigo).
Como Jim faria para restituir essa fortuna? Ele não teve nem a oportunidade de
pedir uma revisão nas contas ou mostrar os comprovantes de seus depósitos.
21

Mas aceitou a proposta. Acusado de ser um estelionatário do reino de Deus,


responder legalmente era algo que ele não estava preparado. Jim se desfez de
alguns bens e fez um donativo no caixa da congregação no valor de sua dívida.
Uma doação que realmente veio no tempo apropriado, pois naquele mês, após
o depósito de Jim e transferência para a conta da Associação, o escritório
mandou efetuar uma compra especial para a família de betel. Foi visto naquele
mesmo dia um caminhão de Nutella descarregar no pátio da filial e abastecer o
refeitório. Foi uma alegria vívida e ímpar para aqueles trabalhadores abnegados.
Seus lábios amarronzados, envolvidos com aquela pasta maravilhosa de avelã.
Mas isso não foi privilégios para todos, apenas alguns escolhidos poderiam
provar e desfrutar dessa iguaria. Distribui-se uma carta-convite informando os
pré-selecionados para essa nutrição especial.
Jim não tinha direito de apelar da decisão. Decidiram por suas restrições e o
mandaram pastar. Foi anunciada na congregação a remoção de Jim. Ele não foi
à reunião, mas sua esposa estava presente para o anúncio. Muitos foram aos
prantos; outros vieram cumprimentar, com lágrimas nos olhos, a esposa de Jim.
Agarravam-na e diziam que ela deveria perseverar. Ficou a incógnita na cabeça
dos irmãos, pois a circunstância da desqualificação ficou guardada a sete
chaves. Adultério? Problemas financeiros? Pedofilia? Fraude na declaração de
Imposto de Renda? Será que Jim virou gay? A esposa de Jim indagou ao marido
o que havia acontecido; ele explicou que foi uma tal de “improbidade
administrativa”. A senhora Jim perguntou se essa biscate chamada improbidade
era aquela fulana que o ligava pedindo para fazer hora extra no trabalho. Jim,
depois de dias, voltou a sorrir e disse que foi por causa daquela maleta de vales
que ele guardava no guarda-roupa.
Temer e seus golpistas deram um tiro no pé. Pela-saco amou a congregação e,
por incentivo do SC, resolveu se mudar de vez para a congregação. Adquiriu até
um imóvel no território. Não tem volta. Eles vivem o inferno astral. Pela-saco
removeu diversos servos ministeriais. Colocou os anciãos de castigos. Só ele
sobe na tribuna. Mandou todos estudarem e só depois começar a interagir na
congregação.
Os anciãos dessa congregação usam o KS (livro dos anciãos) amarrado ao
pescoço e ainda têm que andar com Be (livro da escola) debaixo dos braços e
recitando seus versos. O sonho de Temer é causar o impeachment de Pela-
saco, mas não tem esse que queira comprar essa briga. Até hoje nunca
conseguiu ser ancião coordenador.
O desânimo tomou conta de Jim. Faltava às reuniões e ao ministério. Calado,
não comentava, não participava da limpeza e nem dos mutirões. Jim nunca mais
foi o mesmo. Experimentou o olhar de suspeita e censura por parte da
congregação. Acabaram os convites para refeições, churrasco e jantares na
casa dos irmãos. Muitos diziam que Jim só era ativo por causa de seus
privilégios, que o mesmo não servia a Jeová com a motivação correta. A dor de
ser removido e traído foi demais para Jim. Até hoje não conseguiu voltar a ter
22

brilho no olhar. A desqualificação é como uma castração e como um processo


cirúrgico invasivo e doloroso. Já dizia o cantor e poeta Fagner:

Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida

Não dar pra ser feliz,


Não dar pra ser Feliz

Lição
A falta de respeito àqueles que prestam serviços à congregação é um sinal da
falta de aprovação de nosso Senhor Jesus em como as coisas são conduzidas
na congregação das Testemunhas de Jeová. Jim errou, mas estava suscetível a
isso, pois é humano. Ele precisava servir de exemplo para os demais. Tinha que
ser violentado e esmagado. O dinheiro da Torre é sagrado e nada ou ninguém
importa. Se necessário, a polícia deve ser envolvida, mas em nenhum momento
o Corpo Governante pode ter prejuízo financeiro. O dinheiro é o combustível
dessa religião e seus procedimentos trazem segurança às finanças. As políticas
administrativas fortalecem a transparência até certo ponto da pirâmide da
organização. Anciãos e superintendentes atuam como a receita federal: vigiam
os tesouros que são recolhidos localmente. Um vigiando a circunferência anal
do outro. Não existe cumplicidade. Nesse quesito, a Torre é exemplo em
conseguir destinar plenamente a arrecadação para o propósito final: o bolso do
Betel americano!

Apêndice
Na congrega Norte existia um ancião muito louco. Ele fazia muitas trapalhadas.
Designava desassociados para partes na escola e havia liberado o acesso
restrito na caixa de entrada do site JW.ORG para todos os servos ministeriais.
Em toda visita era denunciado ao viajante, que achava era graça das
traquinagens desse ancião. Uma noite, um belo silêncio rompe a madrugada. O
telefone do viajante toca sem parar e no visor logo identifica o nome Ancião
Muito Louco. Preocupado, o viajante atende e do outro lado o Ancião Muito
Louco, em desespero, diz que transferiu todo o dinheiro da conta da
congregação para a CC de algum estranho. O caixa estava zerado! O viajante
não se conteve e gargalhou por muito tempo. “Mas, Ancião Muito Louco, como
isso aconteceu? ” – Indagava com risos ao nosso pastor. O SC dispensou-o e
combinaram que voltar a dormir seria a melhor opção e ao amanhecer viria
solução.
23

Ao raiar do dia, o Ancião Muito Louco era o primeiro na fila do banco. Urgente,
queria falar com o gerente para cancelar a transferência. Mas não era mais
possível. O dinheiro caiu na conta de alguém que estava negativado e aí se sabe,
né? O LIS comeu tudinho. Ancião faz contato com o viajante e informa que não
conseguiu resgatar o dinheiro da Torre. O SC deu uns bons esporros nele, mas
apresentou uma proposta para não cuidar do caso de forma judicativa. Disse que
ele deveria repor o dinheiro com recurso próprio, e que cuidaria da burocracia
com o pessoal da associação jurídica do circuito. Ele deveria também fazer um
B.O na delegacia e anexar como furto virtual, para protegê-lo e desfazer os
danos que poderiam ser causados ao escritório.
O Ancião Muito Louco voltou às pressas ao banco e sentou na primeira cadeira
que tinha a placa informando empréstimo. Valendo de sua posição de
aposentado, nosso Ancião Muito Louco fez um consignado com desconto em
sua pensão; até hoje paga suavemente o dinheiro que quase não chega no seu
destino santo.
Descobrimos em tempos recentes que nosso querido amigo Ancião Muito Louco
sofre de Alzheimer. Está num estágio avançado da doença, está ficando sem
suas lembranças.
24

5
Rapidinha nos terrenos da Torre

N
o quinto causo estou retomando as aventuras românticas de nossos
safadinhos pastores; desta vez conto-vos um relato do mais alto escalão que
tenho conhecimento e tenho presenciado. A escrita em alguns momentos
pesa para o erotismo e uma apelação subjetiva machista. Peço perdão às
meninas, mas fazia-se necessária essa conotação para trazer à tona
sentimentos impróprios e chegarmos à nossa lição. O personagem desse
capitulo tem o nome de Zeca, em homenagem a um grande cantor e garoto
propaganda de uma famosa cerveja em nosso país. O Zeca era superintendente
de Salão de Assembleia, o maioral dos salonitas.

Um homem de nobre estirpe


Zeca era ministro de tempo integral e servia como salonita (Salonita = indivíduo
que brinca de casinha nas propriedades rurais da Torre). Ele juntamente com a
esposa (chamada Santa) foram designados para cuidar dos interesses do reino
em um prédio dedicado à empresa JW.ORG. Não possuíam carreiras seculares,
apenas uma trajetória de sucesso no circuito. De voluntários em construções a
chefes de equipe, CRC’s e finalmente a jurisdição de um Salão de Assembleia.
Muito querido por um Sup. de Distrito, Zeca saltou a fila de espera e recebeu as
chaves do Salão. Morava definitivamente nas residências ao redor do auditório.
Tinha uma casa grande, confortável, com mais de três quartos, que era para
hospedagens de representantes de betel, membros da Comissão de Filial, Sup.
de Distritos e viajantes.
Um bom orador, sereno, equilibrado e muito educado. Organizado e metódico
como de praxe. Tratava a todos com respeito. Zeca tinha o volume apropriado e
seguia todas as normas de etiqueta, um verdadeiro gentleman. Um coroa muito
do bem-apanhado, ungido (ungido = indivíduo que professa ter mais de 17cm de
membro sexual); com seus 40 anos, colocava George Clooney no bolso. Era
parte de sua responsabilidade ser chefe de uma família de sete salonitas e de
dezenas de voluntários (otários) vindos nas caravanas dos mutirões; além disso,
precisava cuidar de três cachorros da raça Rottweiler, duas piscinas, um galpão
de eventos, samambaias e jabuticabeiras. Presidente em congressos,
superintendente de assembleias, substituto dos SC e Sup. de Distritos. Fez o
lançamento do tratado Todo sofrimento acabará em breve. Costumava ser
diretor em dramas e encenou diversos personagens bíblicos. Sentou-se à mesa
com Milton G. Henschel, um membro do Corpo Governante, quando este fez
25

uma visita à filial em São Paulo. Participava da reunião anual no betel da


Sociedade Torre de Vigia; era membro votante.

A origem do nome
Em um determinado mutirão de faxina (Esse povo ama chamar serviço de faxina
de privilégio), Zeca deu boas-vindas aos vol(otários) e fez a distribuição das
tarefas. Recebi das mãos de Zeca um checklist de atividades que incluíam
limpeza das residências, paisagismo e higienização do canil (Residência dos
cachorros de tempo integral). De forma educada, Zeca me explicou tudo que
estava envolvido nesse maravilhoso privilegio de serviço; disse que os cães
estavam presos em um local seguro dentro do canil e que contava com minha
equipe para dar o melhor a Jeová. Chegando em nosso território, a bagaceira
estava feita; havia mais excrementos ali que em uma jaula de elefantes. Aqueles
cachorros não obravam, mas se fotocopiavam na forma de estercos. Era uma
bagaceira. Parecia que não se fazia a assepsia daquele lugar há dias. Reuni dois
jovens dispostos e zelosos comigo. Dispensei as irmãs e pedi para elas cuidarem
da área externa aos alojamentos. Localizamos os três terroristas que moravam
naquele canil. Estavam agitados, presos por grades em uma espécie de área de
lazer. Latiam sem parar. Mas quando começamos a limpar, os ‘sacaninhas’
sentaram e começaram a nos observar. Olhei nos olhos daquelas doces
criaturas que nos diziam sem pudor: ─ Vocês se fude (π =3,1416), meus irmãos;
vocês se fude ( π=3,1416). Só não parti para a agressão porque aqueles
rottweilers eram abençoados; estavam ali porque tiveram suas petições
aprovadas com louvor, cumprindo qualificações espirituais. Insisto nesse relato,
pois esse evento fatídico é o que nos leva ao batismo do nome de nosso
personagem, o Zeca. Encontramos no fundo do canil, uma área reservada, com
uma espécie de porão. À medida que nos aproximávamos, os cachorros latiam
desesperadamente. Os jovens que me acompanhavam eram curiosos demais.
E corajosamente abaixaram e descobriram um depósito subterrâneo com uma
grande quantidade de garrafas de cerveja. As garrafas estavam novinhas, eram
tantas que nenhum homem podia contar. Todas da marca BRAHMA; algumas
pareciam que haviam acabado de serem usadas. Cheirava a lúpulo e cevada.
Os jovens ficaram em choque! Não conseguiam acreditar e indagaram de mim o
que era aquilo. Um lugar santo com cervejas? Não era proibido no manual para
salonitas? Pensei rapidamente que poderia destruir os sonhos daqueles garotos
ou continuar alimentando as suas utopias. Fiquei com a segunda alternativa e
disse-lhes que aquelas garrafas de cerveja eram recolhidas para serem
recicladas e o dinheiro usado como donativo para a obra mundial. Lembro-me
do semblante de prazer e de satisfação que sentiram com minha resposta. Ufa,
foi por pouco! Fiquei pensativo e querendo esquecer essa descoberta. Enquanto
os vol(otários) bendizia a Deus por passar um dia em seus pátios, eu tentava me
recompor e não tive dúvidas de que um dia na praia era melhor que mil dias
naquele lugar.
26

Sexo, drogas e rock-roll


Zeca e sua esposa Santa pareciam felizes, mas em nossos causos nem tudo
são flores. E seguiremos com a narrativa de Zeca. Além de amante das iguarias
desse mundo, apreciador de cerveja, puro malte e do pagode, Zeca tinha um
segredo: uma amante. Sim, a Santa esposa de Zeca tinha uma amiga/irmã de
confiança, também casada. Santa confiava as chaves e a senha da cueca do
Zeca a essa “amiga/irmã”. Em posse dessa prerrogativa, essa irmã passou a
fazer uso dessa provisão. Ela e Zeca foram secretamente amantes por quase
dois anos. Acontecia tudo ali nos arredores do Salão de Assembleia. Zeca sumia
do mapa. Dizia depois que estava em reuniões de congressos e de associações
jurídicas. Reuniões que varavam a noite e o deixava esgotado. Zeca ganhava o
mundo sob a desculpa de estar a fazer discurso fora.
O casamento de Zeca e Santa começa a ter problemas. Zeca perde o interesse
sexual por sua amada companheira. Desesperada, Santa recorre a sua melhor
amiga/irmã na busca de conselhos. Santa confessa à amiga que o casal não
bimba há muito tempo; que quando acontece, tudo é tão chato. Ela pede a
opinião da amiga e ouve dela que homens como Zeca têm uma visão espiritual,
não carnal; que ela não deveria tentar coisas novas, pois isso seria pior. A irmã
aconselhou Santa a fazer uma viagem, ver os familiares, que isso iria fazer muito
bem à relação. A nossa querida Santa gostou da ideia e resolveu passar duas
semanas fora. Mal sabia ela que sua amiga/irmã já deitava com seu marido há
tempos. E a coisa era selvagem. A amiga fazia de tudo com Zeca. Liberava "as
portas do fundo", bebia refrigerante na garrafa e se banhava todinha de Brahma
para o Zeca tomar de canudinho. Quanta putaria! Ah, safados!
A esposa Santa arruma as malas e sai em viagem. Zeca e amiga/irmã, a sós,
curtem o romance ardente. A amiga/irmã era vista no Salão de Assembleia, ao
redor dos alojamentos, mas todos acreditávamos que a esposa de Zeca estava
em casa. Não participei da comissão de Zeca e nem conheci os envolvidos. Não
tenho confissão que Zeca mandava ver com a amiga nos terrenos da Torre, mas
fortes evidências nos levam a crer que sim. Em um determinado dia foram vistos
saindo do galpão de manutenção, nossa amiga/irmã toda bagunçada, com uma
enxada na mão. E minutos após Zeca sai desse galpão ajeitando as suas
ferramentas. É bem provável que tenha rolado uma rapidinha ali mesmo ou uma
preliminar para mais tarde. Nunca foram pegos no flagra.
Após um tempo, a mulher de Zeca começou a desconfiar do estranho
comportamento do marido. Resolveu ligar para os irmãos para saber se Zeca
estava nas reuniões que ele dizia que ia. Capenga! Zeca estava mentindo. Visto
que entrou em contradição, resolveu abrir o jogo e contar sua infidelidade para
Santa. Desde o início, ele queria contar a Santa suas saidinhas; mas tinha medo
das consequências, pois sabia que o prejuízo seria grande para todos. Nosso
pastor estava sendo chantageado pela amiga/irmã a permanecer como amantes
infiltrados do reino. Zeca voluntariamente procurou os coanciãos e fez uma
comissão. Zeca foi desassociado juntamente com a amiga/irmã. Zeca e a esposa
Santa foram expulsos do Salão de Assembleia. Estava tudo acabado. Tinham
27

que se retirar em um prazo curto. Os três cachorros que guardavam a arca da


BRAHMA já estavam diferentes com Zeca. Esses fofíssimos animais ficaram a
postos na frente do Salão de Assembleia, com uma espada na boca, impedindo
o acesso de Zeca e sua esposa ao jardim do Éden da Torre. A esposa de Zeca
ficou abalada, mas perdoou o marido; porém Zeca não mais estava disposto a
morar com ela. Disse que nunca a amou. Zeca foi morar com a amiga. Sabe,
aquele negócio de 'porta dos fundos' mexia com ele. Estava cansado daquele
sexo à moda Abraão-e-Sara. Queria algo estilo 50 tons de cinza, mais selvagem,
como Davi e Bate-Seba. A Santa ficou sem marido; despejada da pousadinha
do reino e sem trabalho ou assistência financeira. Foi chutada do barco da Torre,
no qual acreditava viajar na primeira classe. Descobriu que não sabia nadar. Por
sorte, foi morar com uma prima no sul do país.
Zeca e a amiga/irmã estavam juntos no pecado. Alugaram uma casa. A
amiga/irmã largou o marido e pediu divórcio. Seu ex-marido tinha posses e ela
estava de olho na divisão de bens para recomeçar com Zeca. Esse homem ficou
revoltado quando descobriu a traição e queria matar Zeca e amiga. Até hoje ele
odeia as Testemunhas de Jeová. Zeca e a amiga/irmã precisaram de advogados,
pois nem a esposa dele e nem o marido da amiga queriam dar o divórcio. Eles
queriam se casar para serem readmitidos. O divórcio da amiga/irmã saiu rápido
e logo eles tinham dinheiro para recomeçar. Mas a esposa de Zeca não queria
dar o divórcio. Foi uma luta de quase cinco anos. Assim que se casaram, Zeca
e a amiga/irmã pediram para serem readmitidos. Fizeram a cartinha, mas
tomaram um chá de cadeira de dois. Santa nunca se refez. Vive da caridade de
outros. Zeca arrumou um emprego de representante comercial. Vende de tudo:
chiclete, perfume, alimentos e remédios. Sua filosofia de vida é:

Deixa a vida me levar (vida leva eu!)


Sou feliz e agradeço
Por tudo que Deus me deu

E também aquele princípio bíblico: "Quando estou bebo é que sou forte!" As
coisas vão bem para o casal.
Em tempos recentes, fui fazer discurso na congregação de Zeca. Ao final da
reunião, ele veio cumprimentar-me. Não se lembrava de mim, mas eu o
conhecia. Zeca e sua nova esposa/amiga comentaram a reunião toda. Zeca
também era indicador. Porém Zeca não pode voltar a servir como ancião até que
sua ex-esposa seja desassociada ou venha a morrer. A atual esposa amiga/irmã
é pioneira regular, mas ele amarga a geladeira dos privilégios (Veja apêndice no
final do causo, nota do KS).
28

Lição
Investimos materialmente na organização das Testemunhas de Jeová. Nossas
contribuições servem para custear as despesas operacionais do reino aqui na
terra; elas custeiam todos os que estão no tempo integral da Torre em diversas
modalidades. Aquelas taxas absurdas em Assembleias de Circuito e resoluções
milionárias cobrem os custos de todos, inclusive sustenta a família dos salonitas
e seus patrões. Zeca era custeado pelo meu e seu donativo. Talvez jamais tenha
imaginado que nosso dinheiro serviria para patrocinar o pagodinho do Zeca e
suas peripécias sexuais. Do motel ao combustível do veículo que fazia o
translado do amor. Todas as despesas eram bancadas com aquela porção que
reservarmos em nosso apertado orçamento todos os meses. Sim, aquelas '3
moedinhas' (léptons) eram o que molhava as mãos e outras coisas de Zeca e
nossa querida amiga/irmã. Acreditamos que nossos recursos serão utilizados
para apoiar e santificar o nome de Jeová, mas não é bem assim que vemos.
Que dizer da estrutura desumana da organização? Onde membros são
descartados e lançado ao relento no mar da humanidade? Nossa querida irmã
Santa experimentou o descarte pela Sociedade Torre de Vigia e sentiu a
crueldade com aqueles que doam sua vida para a manutenção dessa entidade.
Nem de sacar FGTS em contas inativas, esses escravos do reino têm direito. Ela
ainda acredita que tudo foi obra do Diabo para quebrantar a fé dela e que
Satanás usou seu esposo e amiga/irmã para fazê-la deixar de ser leal a Jeová e
sua organização. Jamais nosso Senhor Jesus e Soberano Jeová tem
direcionado as coisas de tal forma a causar danos às ovelhinhas, mas preservar
a entidade JW.ORG. Eles estariam sendo egoístas demais se permitissem que
tais práticas fossem administradas em Deles. O que vemos é uma prova que a
atual congregação que se domina cristã não possui Cristo como seu cabeça e
nem a aprovação ou orientação divina. Trata-se apenas de um produto da
imaginação do homem.

Apêndice
KS2010 3:8, página 31 [Culpado de adultério no passado: Nesses casos,
provavelmente levará mais tempo para ele recuperar sua boa reputação e a
confiança das pessoas. Antes de considerarem sua recomendação com o
superintendente de circuito, vocês devem saber responder as seguintes
perguntas: Quando ocorreu o adultério? Ele foi repreendido, ou foi
desassociado? No caso de repreensão, a comissão judicativa deu um anúncio?
O cônjuge inocente o rejeitou? Como ficaram sabendo disso? Se ele se
divorciou, casou de novo? Casou com a pessoa com quem cometeu adultério?
Há evidências de que ele planejou tudo para ficar livre da esposa anterior ou que
a pressionou a aceitar o divórcio? O adultério fez com que o casamento da outra
pessoa acabasse? Como outros foram afetados pelo adultério? A esposa
inocente ainda está viva? Ela se casou novamente? …. Se a transgressão foi
cometida quando ele estava em outra congregação, escrevam aos anciãos de lá
para saber o que acham da recomendação. ]
29

6
O causo do Bode Véio

C
hegamos ao penúltimo capitulo deste livreto. À medida que avançávamos no
segredo sagrado revelado de cada causo, sentíamo-nos numa operação
deflagrada da polícia federal; escrutinamos de forma coercitiva a vida dos
futuros príncipes da terra. Na narrativa a seguir, convido-vos a adentrar ao meu
corpo de anciãos, no qual servi por cinco anos. Participarei ativamente neste
causo, contando um pedaço de minha história, conduzindo os eventos ao seu
desenrolar. Em alguns momentos vou oscilar entre a terceira e a primeira pessoa
da narrativa. Alguns dos membros desse corpo de anciãos já são conhecidos de
vocês, pois constaram em causos anteriores. Talvez esse relato não traga a
empolgação, reviravoltas e brilhos dos outros, mas é fundamental para a
revelação final do último capítulo. Conheceremos dois personagens notórios; o
protagonista desse causo, ancião Bode Véio (velho) e o coadjuvante maioral de
toda tribo de Israel, o cacique Aruana.

Um bode de dois chifres


O nosso querido pastor Bode Véio é uma lenda humana. Nascido entre os anos
1935-1940, por volta de 1976 tornou-se delegado congregacional. Atualmente
faz 40 anos que é ancião. Na década de 70, o conceito de pastor era, na teoria,
bem diferente do que conhecemos hoje. Era a imagem do tirano, soberano e
chanceler. O Bode foi ancião presidente da congregação por anos. Caiu de
paraquedas no âmbito da Sociedade Torre de Vigia. Até hoje ele chama a
entidade de “Sociedade”. Naquela época, assim como hoje, faltava unidade nos
corpos de anciãos. Saíam aos tapas, gritos e palavrões. As ovelhas eram
esfoladas e empurradas como se não houvesse pastores. O Bode não tinha
instrução secular; era um asno e tosco; sua oratória, estabanada e deselegante.
Os anos se passaram e o carro de Jeová avançou, e sempre trazia consigo o
Bode. Ele se orgulhava disso. Mas essa carreta desgovernada não poupa
ninguém e, quanto mais tempo se passa dentro dela, mais se corre o risco de
ser jogado fora. O mundo se transformava, porém, o Bode não acompanhava a
evolução. O upgrade dentro da congregação foi demais para a capacidade
cognitiva do Bode. Pouco a pouco foi perdendo sua patente. Ano a ano foi
ficando encostado como um móvel antigo. Não conseguia cuidar de suas
designações e no século XXI tornou-se uma carta fora do baralho. Sem rumo
nas congregações, foi reduzido a orações finais e a alguns destaques da Bíblia.
O Bode culpava o progresso e a chegada dos jovens à congregação.
30

Após completar 70 anos, o Bode resolveu dar uma guinada em sua vida. Vendeu
seus bens e foi parar em uma congregação que só tinha dois anciãos. Era a
oportunidade de voltar à ativa e exibir com orgulho sua larga experiência em
cuidar de assuntos congregacionais. O Bode foi servir na congregação Oeste,
juntamente com um ancião um pouco mais novinho que ele, o Zé Meningite
(coordenador), e com um outro ancião playboy, chamado de O Cara. (Veja
Causo I). A bagaceira estava formada. Esse trio tocou o terror. O Zé Meningite
fica doente pela enésima vez. Não podia ficar de coordenador.
A congregação Oeste era grande, com 170 publicadores e poucos servos que
ainda eram limitados. Apelaram para o comandante supremo do talibã, o SC,
que resolveu enviar reforços, e nosso querido pastor Jim (Veja Causo IV) foi
apoiar a Macedônia. Jim se une à irmandade.

Ancião Brasileiro: a origem


Havia contado a vocês que Jim foi fundamental em minha trajetória na Torre.
Jim, após um discurso que realizei na congregação Oeste, me telefonou e pediu
que eu também mudasse para a Macedônia. Disse-me que tinha coisas boas por
vir. Em um ambiente reservado, fez um pacto comigo que em três meses eu
viraria ancião e que novas portas de serviço iriam se abrir para mim. Estava
comendo o pão que o diabo amassou na congregação Nordeste e resolvi aceitar
a proposta de Jim. Fui recomendado ancião em uma noite histórica de cinco
recomendações de anciãos e oito de servos ministeriais. Anunciou-se também a
divisão da congregação, o nome da nova congregação, o corpo de anciãos e
suas atribuições. Uma noite inesquecível para nossos heróis.
A minha congregação ficou assim. Ancião Brasileiro, O Cara, o Bode, ancião
Banana e Cagão. O ancião Banana era o coordenador, e eu, dirigente de A
Sentinela escolhido a dedo por Jim. Isso não agradava ao Bode e nem ao Cara.
Não tinha espaço para o Bode. Leitura péssima, arte de ensino horrível, não
dava para usá-lo muito, pois comprometeria o ensino – apesar de muitas vezes
essa regra ser chutada para o espaço.
Lembram-se do carro de Jeová? Ele é cruel. O Bode nunca saiu de dentro dele,
mas sofreu com suas turbulências e desvalorização dos seus passageiros. No
Busu (Busu = gíria utilizada por estudantes para ônibus, transporte coletivo
público) celestial é assim, os novos sentam na janela e, à medida que
envelhecem, sentam no corredor até terminarem a jornada da vida em pé.
Apesar de suas experiências, assistem de pé os jovens usufruírem os melhores
lugares da congregação. E nesse Busu celestial idoso não tem direito nem de se
valer da lei da gratuidade em passagens. Pagam integralmente para viajar de pé
na caravana do reino até morrerem. O Bode era revoltado com isso, porém não
culpava a santa organização, mas sim aos jovens. Eu – Ancião Brasileiro – na
mente doentia do Bode, era o culpado por ele novamente voltar para a geladeira.
Nasce um inimigo: Desse dia em diante o Bode passa a me odiar com todas as
forças. Nosso coordenador ancião Banana era limitado, mas tinha o nosso
31

respeito. Jim pediu que eu ajudasse o coordenador. Acabei me tornando o


mentor do ancião Banana. Fazia todo o trabalho dele. Eu era o coordenador da
congregação de certa forma. Isso mexia com o orgulho do Bode e do Cara. O
bode começou a maltratar o Ancião Brasileiro. Era ignorante e agressivo. Em
nossas reuniões, dava gritos e não concordava com nada. Boicotava os arranjos.
O Bode amava fofocas. Começou a cassar-me. Passava dos limites. Aos poucos
tinha que me defender, estava apanhando demais. O Bode se uniu ao Cara e
passou a executar diversas tramas malignas. Papel e tinta não dariam para
descrever. Bode dizia que eu era arbitrário, não seguia as orientações do
escravo, disse que eu era arrogante e soberbo. Ele ligava para o viajante toda
semana para dizer inverdades sobre o Ancião Brasileiro.
O Bode tinha um genro que havia convidado para vir morar com ele. Toda
reunião o Bode dizia que era para designarmos seu genro como ancião. Queria
nos empurrar goela abaixo; mas eu não permitia, mostrava dentro do KS (livro
dos anciãos que quase não se usa) o porquê da não recomendação. Isso
deixava o Bode furioso. Ele fazia de seu genro confidente dos assuntos do corpo.
Mostrava até o KS para ele! Com ajuda do genro, o Bode, juntamente com O
Cara, escreveu para o escritório e disse absurdos sobre o Ancião Brasileiro, que
este estava contristando o espírito santo. O Bode arrumou umas testemunhas e
disse que eu costumava andar com desassociados e comer com eles. (Filho de
uma xuxa!). O assunto rendeu, o escritório ligou para o viajante. O SC ficou
tiririca e comeu o rabo de todo mundo. O assunto entrou na pauta da reunião na
visita. Apesar de o SC ter perdoado a todos, saí com uma imagem negativa.
O ancião Banana (coordenador) nos diz que vai embora. Disse que ia para
Brasília, que não há lugar melhor em nosso país. Precisava visitar a filha,
acrescentou. Por fim, disse que eu ia ficar em seu lugar. Isso deu merda! Foi
uma terceira guerra mundial. O mais cotado para assumir a presidência era o
Ancião Brasileiro, mas seus inimigos rejeitariam sua liderança e fariam forte
oposição. Resumindo: após muita discórdia, não aceitei a posição por orgulho e
O Cara assumiu a sonhada coordenação. Eu não estava satisfeito com esse
arranjo. O Cara queria minha ajuda para subir, mas não me permiti ser escada
para ele; então começaram a surgir novos problemas.
O novo coordenador era insuportável, burro e teimoso. Eu não queria mais
participar em seus equívocos. Toda semana tinha reunião de anciãos
desnecessárias. A instrução diz que as reuniões devem ser trimestrais. (Veja
apêndice no final do artigo, KS102:3, página 12). Então me mantive escuso de
tais. Eram reuniões frívolas, para tratar de assuntos fúteis. Encontrei uma boa
justificativa para não ir. Dizia ao coordenador que estava com o estômago
desarranjado. Apelar para o intestino foi minha arma. Insistiam, ligavam antes e
minha resposta era sempre a mesma: “Vou cagar, não dá! ”. Não ficava depois
da reunião para mais ladainha, informava-os que precisava fazer uso do vaso
sanitário na privacidade do meu lar. Mas fui forçado a estar numa reunião
especial, pois até mesmo para o viajante ligaram. Fiz apelo de não me fazer
presente, precisava cagar, não era possível. Então resolvi me vingar do assédio
deles. Nesse dia peguei pesado na salada de repolho. Comi muita cebola frita
32

com macarrão. No jantar caí de boca na batata doce e no ovo cozido. Comi com
tanta veemência que o resultado foi catastrófico. Fui para a reunião pesado. Logo
de início mostrei minhas armas, com um sensacional peido de abertura. Foi o
cover de entrada para a noite com ar mais pesado em nossas reuniões. Avisei
que não estava bem, mas insistiram que eu ficasse. Por Deus, segurei o cu na
hora da oração, mas depois comecei a enxurrada de gases silenciosos e
mortíferos.
Nossa, mãe! Estava podre, nem eu suportava. Mas fui valente, direcionando o
vento para a cara do Bode. Mas como eu estava com a bazuca descalibrada, o
tiro quase sempre ia na face do Cara, o coordenador. Todos ficaram irados e
revoltados. No meio da reunião um odor insuportável tomou conta do corpo. Uma
catinga de Bode Véio misturado com ovo podre. Desta vez não fui eu, algum
mau elemento se aproveitou de minha fragilidade e obrou ali mesmo. Aos gritos,
o coordenador me expulsou da sala; todos me colocaram para fora, mas antes
de sair reiterei que não era o responsável por aquela carniça. Nunca negaria um
peido, era homem para assumir minhas cagadas.
O Coordenador, bufando de raiva gritou: ─ Saí daqui, desgraça!
Não suportei essa ofensa e mandei todos irem se fud*(3,1416), pois não protegia
general de dez estrelas que ficava atrás da mesa com o C*(3,1416).
O Bode, com ódio no olhar, disse: – Você perdeu sua vida, meu irmão; você
perdeu sua vida, meu irmão!
Pensei: “Essas palavras vão entrar no coração, vou sofrer as consequências
como cão. ”
Em nossas reuniões o Bode ficava nervoso, berrava (Bebebebebebebe) e cuspia
no chão. O Ancião Brasileiro começou a perder a paciência com aquele animal
idoso. Ameaçava-me de morte; dizia que, se não fôssemos cristãos, eu iria ver.
Em uma reunião ficou em pé enquanto socava as mãos e olhava em minha
direção. Mantive-me com a guarda montada e preparado, pois, a qualquer
movimento falso, eu daria com os pés em sua caixa torácica. Chamei o Bode
para a briga, se ele era homem. Esses covardes gostam de ameaçar, mas, na
hora de provar a masculinidade, são umas bichinhas. (Nota: Repudio qualquer
forma de agressão ao idoso, criança e mulheres.... Mesmo gostando das
músicas do Vitor & Leo).
O Bode Velho liga para o SC aos prantos, soluçando e gemendo. O viajante fica
preocupado. Liga para outros irmãos e pede que acudam o 'pobre velhinho'. O
Bode, antes de desligar, conta mentiras a respeito do Ancião Brasileiro; chora
batendo no peito, diz que o espírito de Jeová tinha se afastado da congregação
por minha causa. O Bode era perito na arte de mentir e inventar estórias. O SC
liga para O Cara e diz que virá em nossa congregação em caráter de urgência
(Que o leitor use de discernimento). Na quarta-feira, após a reunião, reunimo-
nos na sala B e, para minha surpresa, o viajante chega com sua maleta. Com
todos reunidos, começa a esmurrar a parede; diz que não aguenta mais esse
corpo. Direciona palavras para o Ancião Brasileiro. Pega esse pobre homem e o
33

coloca em seu colo, descobrindo sua nudez, violentando seu corpo ali mesmo
na presença de todos. Fui desmoralizado na frente daqueles canalhas, enquanto
o Bode e O Cara davam risadas. Não me foi dado o direito de resposta, réplica
ou tréplica. Após vestir suas calças, o viajante anuncia que mandará um novo
coordenador, o maior xerife do circuito, eleito dezenove vezes pelo escritório
melhor ancião do ano (Top of mind). Para colocar ordem na casa e iniciar os
processos de desqualificações, viria para nossa congregação o cacique Aruana.

O cacique Aruana
Era um ex-pioneiro especial solteiro, que por algum motivo casou-se e deixou o
serviço. Um homem muito estimado no circuito. Assumiu o trono após uma
sucessão de caciques caírem, Valdomiro, R. Soares e Malafaia. Esse cacique
estava em todo lugar e fazia tudo em nosso circuito. Aceitou a proposta do SC
para embarcar na nova congregação Oeste e trazer a paz para o corpo. Assim
que chegou, foi abraçado pelo Bode e emocionou-se com o fato de o
ancião/Bode ter quase 40 anos como pastor. O Cara aproximou-se também do
Cacique e foi aquela simonia, trouxeram espelhos para o nobre cacique e um
colar do Amazonas. Meu santo não bateu com o do Cacique e vice-versa. O
cacique Aruana era cruel e logo desqualificou dois servos ministeriais para botar
ordem na casa; isso foi um golpe em mim, pois eram meus protegidos. Outros
que haviam apenas sido repreendidos, ele desassociou-os. Tirou o Ancião
Brasileiro da posição de dirigente de A Sentinela. Formaram uma aliança para
barrar todos os meus projetos e destituir-me da posição de ancião.
O cacique era um gênio, manipulador; jogava xadrez. Foi corrompendo a
congregação. O cerco estava se fechando contra o Ancião Brasileiro. Comecei
uma luta para sobreviver. Estudei muito, buscava o fórum TJs Livres, pesquisava
em todos os idiomas. Precisava de conhecimento para enfrentar aquela fera.
Não me acovardei, parti para o ataque e isso deixava o cacique furioso. Mostrei
minhas armas. Tivemos duelos épicos. Pouco usávamos o KS, era tudo na de
linha de raciocínio. Vossa Excelência pra cá e pra lá. Briga de magistrados.
Cacique Aruana era bom nos ensinamentos da Torre e quase sempre me vencia,
poucas vezes consegui beliscar sua armadura e desferir golpes. Ele não lutava
sozinho. O Bode e o Cara levavam água para ele. Eu me sentia esgotado.
Olhava para o ancião Banana e o Cagão que nada faziam para me ajudar. Eram
uns Maria-vai-com-as-outras. Descobri uma fraqueza do Cacique; no passado,
ele havia recebido um cocar feito com chifres de touro. Sim, sua bela esposa lhe
botou um par de galhas com um primo dela, que quase lhe custou os privilégios.
Ela foi desassociada e ele permaneceu como ancião. Nunca tive coragem de
usar essa arma secreta. Arrependo-me até hoje por isso.
Esses são eventos que antecedem ao fim, que vem sendo revelados causo a
causo, e serviram de pano de fundo para que os sinceros possam ter contato e
saber quem realmente são os anciãos. Somente após a leitura cuidadosa da vida
desses príncipes proféticos, chegaremos à compreensão da verdade por traz
dos contos (Continua).
34

Lição
Donde procedem as guerras e donde vêm as lutas entre vós? — Tia. 4:1.
Acreditamos que os anciãos se reúnem para cuidar do bem-estar da
congregação. Mas nesse conclave TJ (Abemos papa), o espírito santo, passa a
milhas daquele metro quadrado. A natureza dos assuntos é desprezível e as
decisões tomadas são pessoais, muitas vezes visando o benefício próprio.
Lembro de uma vez que o Bode, em uma das reuniões, questionou o
posicionamento das cadeiras no auditório; disse que a forma como estavam
distribuídas permitia que os oradores descobrissem a nudez de nossas irmãs. O
Bode disse que ele mesmo tinha visto diversas vezes as calcinhas das irmãs;
acrescentou que muitos irmãos poderiam ter ereções do palco. Punheteiro sem
vergonha!
Rixa, ciúme, ambição e agressividade. Esses são os frutos que permeiam as
decisões desses santos homens. O mais revoltante é que oram pedindo uma
porção do espírito para logo após iniciarem uma sessão de mentiras e absurdos
uns com os outros e contra as ovelhas de Cristo. Os anciãos são o escravo mau
que açoita as ovelhas de Cristo em busca de sua ascensão pessoal e da
satisfação do poder concedido aos que usufruem tal posição. Que Jeová tenha
misericórdia daqueles que estão debaixo desse jugo opressor! Que esses
hipócritas recebam em dobro, de nosso Jesus Cristo, o açoite com o seu santo
chicote que sangrará a carne desses malditos homens.

Apêndice
KS10 2:3 P12 [Quando realizar reuniões de anciãos: Em geral, o corpo de
anciãos realiza quatro reuniões por ano: uma em cada visita do superintendente
de circuito e mais uma três meses após cada visita. O corpo de anciãos pode
programar outras reuniões conforme a necessidade. Essas reuniões adicionais
devem tratar apenas dos assuntos para os quais foram programadas. Nas
reuniões, os comentários devem ser concisos e relevantes ao assunto em
consideração. Reuniões desnecessárias ou excessivamente longas consomem
tempo valioso que os anciãos poderiam aproveitar melhor em família, no
ministério e no pastoreio. (Mat. 24:14; 1 Tim. 3:4; 1 Ped. 5:2) Antes de preparar
a pauta, o coordenador do corpo de anciãos deve contatar cada ancião para
saber o que gostariam de considerar na reunião. O superintendente de circuito
prepara a pauta para a reunião realizada durante sua visita. Além dos pontos
que ele mesmo coloca em pauta, o superintendente de circuito deve contatar o
coordenador do corpo de anciãos para saber que pontos os anciãos gostariam
de incluir. Em geral, as reuniões não devem passar de duas horas. ]
35

7
O causo final: a revelação

É
com grande alegria que conto-lhes o último capitulo deste livreto, que foi
publicado previamente em forma de série online Quem realmente são os
anciãos? Na Bíblia das Testemunhas de Jeová, o número sete é repleto de
significados. Você sabe o que significa o número sete? Perfeição, totalidade e
verdade. Por isso, para simbolizar a inteireza e candura de nossos causos, eles
foram agrupados em sete capítulos que prefiguram alguma coisa que não
sabemos ainda, mas, ao término desse último conto real, encontraremos nossas
respostas. Durante sete semanas, que não foram de anos e nem proféticas,
foram sistematicamente revelados os bastidores das franquias dos Salões do
Reino. Para descrever esse sétimo causo, precisei recorrer a uma cronologia
reversa, um estilo diferente de enxergar o tempo em uma história. Na verdade,
usei um Ctrl+c e Ctrl+v do seriado LOST. Mas fiquem tranquilos, que no final
estarão todos vivos. Em alguns momentos estaremos no presente, e em outros,
viajaremos para o passado por meio de flashbacks; depois voltaremos ao
presente, avançando nos forwards. O último episódio é mais extenso, é quase
um livro, pois, além de descrever as sequências de eventos, faz-se necessárias
críticas, crônicas e observações a respeito da estrutura feudal comunista da
Sociedade Torre de Vigia. Tenho certeza que foi surpreendente conhecermos os
futuros príncipes O Cara, Sacaninha, Valdomiro, Jim, Zeca e Bode Véio. O relato
da vida desses santos modernos nos inspira, é capaz de nos proporcionar um
aprendizado único. Estive preparando você, querido leitor, a cada causo, para
lhe apresentar a verdadeira lição por traz dos contos. O sétimo e último capítulo
conta a história do pior de todos os anciãos que conheci. Por conviver face a
face com esse ser, posso garantir que não existe desvios na narrativa de sua
história. Peço um pouco mais de vosso tempo atenção para narrar a história de
João de Santo Cristo, conhecido em toda a internet e mundo dissidente como
Ancião Brasileiro. Sim, deixei para contar minha história por último, pois
precisava do contexto apresentado nos causos anteriores. Durante os relatos
contados, foi fácil me colocar numa posição onde apontava as falhas e erros
alheios, e fiz isso durante toda essa série, criticando, escarnecendo, dando
minha opinião e julgando a conduta de homens como eu. Agora, de forma
sincera, resolvi analisar-me criticamente e reconhecer meus devaneios, erros,
falsidade e hipocrisia. Descrevo até mesmo as intenções do meu coração.
Aproveito a série para fazer uma revelação pessoal, abrindo uma ferida que
nunca foi sarada. Talvez, com essas “delações premiadas”, possa-me redimir
com Cristo e encontrar a paz mental.
36

Reunidos em uma sala de sobrado


Era uma noite fria de uma sexta-feira chuvosa. Reuniu-se a cúpula da
congregação Oeste. Era visita do SC (Aquele que super entende), a última de
seu tempo de serviço que foram de três anos. Essa reunião foi marcante, pois
estava pautada como único assunto a reavaliação deste Ancião Brasileiro. Após
dispensar os servos ministeriais e finalizar o esboço para a série de anciãos,
deu-se início a um procedimento evasivo e humilhante. Fazia-se presente nesse
sobrado O Cara, o Bode, ancião Banana, ancião Cagão, cacique Aruana e o
super que entende de tudo, o SC. Era o fim da linha para o Ancião Brasileiro,
não tinha para onde correr. Todos esses santos homens dispuseram de seus
membros para fora da sua roupagem exterior e, amolando suas cassetas,
preparavam-se para o coito. De forma surpreendente, o Ancião Brasileiro
também levanta sua barraca e, com a espada na mão, espera os ataques. Ele
está resolvido a não vender sua pureza e lutará até a morte. Eu resisto, eu
resisto, eu resisto, repetia consigo. Clamava com toda a sua força. Além disso,
gostaria de lembrar-vos que Ancião Brasileiro professava ser ungido. (Ungido:
indivíduo que professa ter mais 17cm de membro sexual). Antes de contar-vos
o que aconteceu, gostaria de voltar alguns anos nesta história. Faremos nosso
primeiro flashback, viajando na história de vida do nosso herói, ou vilão, Ancião
Brasileiro.

Trajetória de serviço
Ancião Brasileiro nasceu em lar divido. Seu pai não era TJ, sua mãe e toda a
sua família serviam à empresa Torre de Vigia (Atual jw.org). O avô do Ancião
Brasileiro viveu a decepção de 1975 e mesmo assim continuou a defender as
ideologias da Torre. O jovem Ancião Brasileiro foi um fenômeno kids, muito fofo,
era amado no circuito. Príncipe em dramas bíblicos, entrevistas em assembleias
e destaque na congregação. Em sua juventude, foi colocado num pedestal como
exemplo para outros jovens e servido de troféu para a organização. Leitor de A
Sentinela com doze anos de idade, discurso nº 4 e muitos outros privilégios de
serviço. Aos dezoito anos, contrariando a lógica, torna-se servo ministerial. Mais
destaque lhe é dado. Muitos discursos públicos nas congregações da região.
Querido pelos viajantes. Porém uma desgraça o faz perder os privilégios;
mandam-no para o inferno pela segunda vez, dá-se violência e estupro de seu
corpo e Ancião Brasileiro alimenta a certeza: eu me vingarei, aguardem!
Após cumprir um exílio de 1.260 dias (A metade de sete, três tempos e meio) e
ter dado uma breve passeada na dissidência, Ancião Brasileiro passa a servir
como servo ministerial novamente. Come o pão que o Diabo amassou e não
consegue ser recomendado para ancião. Percebe-se que a nova geração de
anciãos, que eram servos em sua época e ficavam para trás, tinham receios em
designá-lo e perderem posições de serviço no circuito. Ancião Brasileiro era um
homem muito fluente e bem desenvolvido. Com uma oratória acima da média,
encantava as multidões. Se Valdomiro matou ‘milhares’, Ancião Brasileiro
golpeou ‘dezenas de milhares’. A rasgação de ceda afetava o ego dos anciãos
37

locais, que resolveram colocar podas e lascas de ferro para limitar seu
crescimento. Temiam perder suas patentes, temiam deixarem de ser secretários,
superintendentes de serviço e até mesmo temiam perder a tão sonhada cadeira
da coordenação. Isso revoltava o Ancião Brasileiro, pois não conseguia entender
o porquê dessa atitude.
Certo dia Ancião Brasileiro recebe um convite especial de outro ancião do
circuito, o Jim; este propõe a Ancião Brasileiro que poderá conceder-lhe a unção
como ancião congregacional. Fizeram um ‘pacto de poder’ e o servo Ancião
Brasileiro, após três meses, torna-se pastor congregacional. Este foi o início de
uma elevação muito maior do que o destaque local e abriu as portas para
projeção de uma “carreira internacional” no circuito. Em dois meses como ancião,
surge uma oportunidade ímpar: um irmão foi transferido de trabalho e ele seria
o orador em uma assembleia. O viajante estava desesperado, precisava de
alguém para substituir esse irmão em um discurso de 15 minutos. O SC liga par
Jim, que, depois de humildemente reconhecer sua limitação, rejeita a proposta.
Porém Jim afirmou que conhecia um homem capaz de conduzir de forma
excepcional essa designação. Jim indica o Ancião Brasileiro. Sem relutar, o
vaidoso Ancião Brasileiro aceita esse desafio e, de forma encantadora, discursa
para mais de 2.500 pessoas sem titubear ou olhar para o esboço. Os olhos do
viajante brilharam e a assistência via nascer um novo xodó do circuito. A partir
daí as designações tornaram-se constantes em assembleias e congressos. O
sucesso do Ancião Brasileiro claramente incomodava os frustrados, que
passaram a vê-lo como um inimigo a ser batido. Eu tinha dinheiro; não era rico,
mas para nossa região tinha um bom padrão. Enquanto os outros anciãos
andavam a pé no ermo ou em suas carroças seminovas, o meu carro era o
melhor da congregação. Belos paletós e camisas. O Cara, que era ancião
congregacional tirado a playboy, odiava-me, pois não conseguia acompanhar a
tendência fashion e o modo de vida farto que eu vivia, que incluía restaurantes
e viagens. Até minha esposa, com uma porta dos fundos avantajada, era motivo
de inveja. Ficava a dúvida no ar: Será que o Ancião Brasileiro colocava seu carro
para dormir naquela vasta garagem ou ficava ele ao relento? (Eles nunca vão
saber!).
As coisas na congregação Oeste, com o tempo, se tornaram insuportáveis.
Porém os anos iniciais realmente foram um sonho. Apoiando o coordenador, que
era marionete nas mãos do Ancião Brasileiro, nosso querido pastor resolveu
fazer uma transformação: promover a igualdade social dentro da congregação.
Isso foi uma baita burrice e um tiro em sua circunferência anal. As congregações
não querem equilíbrio social e espiritual. Esses ninhos são alimentados pelo
sucesso e insucesso de outros. Os fortes espirituais precisam ser enaltecidos
acima daqueles que são julgados sem espiritualidade. O Ancião Brasileiro queria
dar oportunidade de serviço e privilégios para todos. Isso significava tirar do
destaque aqueles que estavam acostumados com isso. A política do Ancião
Brasileiro era a de pão e circo para todos. Juntamente com sua família, ele foi
um promoter de várias recreações e banquetes na congregação. Usei de todos
os meus recursos para alimentar o povo e divertir o rebanho. Passeios,
piqueniques, luais e muitas festinhas (jovens, idosos e viúvas). Não era possível
38

incluir a todos, tentava realizar um rodízio, mas sempre existiam os insatisfeitos,


que não enxergavam os critérios. Uma verdadeira revolta por parte de algumas
ovelhas estava sendo mobilizada pelos bastidores. Os inimigos do Ancião
Brasileiro notaram essa movimentação e usaram desses infelizes como massa
de manobra para seus propósitos egoístas. Já conhecemos os nêmeses
(inimigos) de nosso querido ancião no causo VI.
Enfim, após três anos e sete meses no topo da congregação, os ventos
começaram a soprar na direção oposta para nosso querido Ancião Brasileiro.
Uma sucessão de eventos, que se arrastaram por mais de dois anos, o levaram
à situação descrita no início do causo: a sua reavaliação como ancião. Antes de
retornarmos ao presente, precisamos descobrir por que o Ancião Brasileiro é o
sétimo malfeitor de nosso livro. Até agora não enxergamos nada de ruim neste
santo homem. Analisemos a seguir a história por trás da história.

Ancião Brasileiro: a verdadeira face


O Ancião Brasileiro foi uma pessoa marcada pela capacidade de viver uma vida
dupla desde a mocidade. Esse hipócrita ser-humaninho, jovenzinho, vendia uma
coisa que não era. Participava escondido de aniversários na vizinhança e escola.
Era o terror da cercania e na escola até o professor com ele aprendeu. Comia
todas as meninas da cidade, aos quinze já era professor. Sim, ainda
adolescente, batizado, experimentou do sexo e dos prazeres da fornicação
(imoralidade sexual, segundo a NM revisada, 2015) – muitas vezes com
designações santas a servir. Na escola as meninas já sabiam que o safado
brincava pesado e se tornou o rei das rapidinhas no banheiro. As novinhas do
colégio o apelidaram de ‘lasca calcinha’, um fetiche do Ancião Brasileiro que,
tomado por um desejo incontrolável, rasgava as roupas íntimas de suas
parceiras (Levei anos para curar essa tara). O Ancião Brasileiro também se
relacionava com as jovens dentro da congregação; mas era bem limitado, pois
não confiava na lealdade delas e nem que tinham capacidade de manter a
confidencialidade. Lembro de uma publicadora não batizada que estudava com
minha mãe. Sempre antes do estudo ela chegava em nossa casa, onde seu
estudo era realizado, com a desculpa de esperar a instrutora chegar do campo.
E fazíamos de tudo antes do estudo, inclusive meu ritual de ‘lascar as calcinhas’.
Essa publicadora já estava ficando sem peça de reposição em função de nossas
constâncias. Seu desejo pela verdade a impelia a estudar duas vezes por
semana. Outra experiência, no âmbito congregacional, é da minha época de
homem já formado, quando já era servo ministerial. Fui apoiar uma construção
e precisei dormir na casa de um amigo que era TJ e de família rica dada à
filantropia. Na casa morava uma moçoila, irmã cristã muito zelosa, que era
ajudada por esses filantrópicos irmãos. Após um dia pesado na construção, fui
repousar na casa desse amigo. As luzes todas se apagam e todos estão a
dormir. Ancião Brasileiro fica em um dos quartos para hóspedes. Durante aquela
noite escura, passos são ouvidos no quarto onde estava o ilustre hóspede. Era
a moçoila à procura de diversão. Infelizmente Ancião Brasileiro cedeu à tentação
39

e praticaram imoralidade sexual por sete horas, até o amanhecer. Imagina o que
ele fez, não imagina? Seu ritual de “lascar calcinhas”, será? Não, a moça estava
sem esse adereço; dessa vez não foi possível. Muitos anos se passaram e
descobri que essa moçoila era casada com um mundano e tinha um filho. Fiz a
cronologia do amor e, graças ao Senhor, aquela criança não era minha. Nessa
mesma semana retornei às minhas atividades congregacionais como se nada
tivesse acontecido. Subia à tribuna mesmo estando impuro do ponto de vista
espiritual. Sentia o peso de uma consciência maculada, mas era capaz de
suportar. Ancião Brasileiro teve um relacionamento com uma mulher casada e
quase entrou numa fria. Foi caçado pelo marido traído que, por sorte, não o
descobriu.
Durante toda minha adolescência tive problemas com pornografia. Era amante
da saga da Emanuelle que a Band exibia pelas madrugadas no Cine Privê.
Assisti todos os capítulos; quando não aguentava ficar acordado, programava o
vídeo cassete. Comprava revistas Sexy e Playboy; lia-as e depois jogava no lixo
(Que desperdício!). Permaneci amante da literatura erótica mesmo depois de me
tornar servo ministerial; mas, após o susto de algumas aventuras românticas,
começou o meu processo de amadurecimento e autodomínio.
Conheci uma irmã (de outra congregação) que se tornou minha namorada.
Resolvi manter a seriedade e a castidade no namoro, mas era muito difícil; de
natureza safada, logo induzi essa irmã a provar de minha habilidade especial.
Eu não era fiel a essa relação; cheguei a montar um triângulo amoroso que
envolvia colegas de trabalho, mas sem que elas soubessem disso. Mesmo nesta
fase de namoro, outras irmãs na congregação flertavam comigo e queriam ficar,
mesmo sem compromisso. Minha namorada não suportou guardar segredo de
nosso namoro avançado, sua consciência a atormentava e resolveu nos entregar
aos anciãos de sua congregação. Contou a eles que brincávamos pesado e até
falou sobre minha tara de lascar calcinha. Foi aí que experimentei o inferno pela
segunda vez. Tentei enganar os anciãos de minha congregação, mas
confrontaram os testemunhos das comissões e descobri que minha namorada
me delatou em tudo. Quase fomos desassociados.
A comissão judicativa foi constrangedora e deselegante. Para mim, como
homem, foi horrível e para minha namorada foi pior ainda. Humilharam-na ao
passo que saciavam seus capciosos desejos proibidos. Fiquei com muita raiva
dela, mas nesse momento descobri algo inspirador: o amor. Não suportei ver o
sofrimento de minha namorada com essa situação, que de certa forma foi
provocada por mim. Não gosto de fazer ninguém sofrer. Descobri que seus
sentimentos eram mais importantes.
Em virtude de já estarmos além da flor da juventude, pedi a ela em casamento.
Após nossa repreensão, as coisas ficaram mais quentes, ela ficou mais liberal.
Vai entender as mulheres.... Passou a usar duas calcinhas, mostrando-se
preparada e receptiva às minhas investidas.
Casamos, mas sem direito a discurso no salão. Vieram as crianças, uma por vez,
claro! O início do casamento foi turbulento, pois eu tinha ressentimento por ter
40

perdido os privilégios. Culpava-a e me sentia incompleto por não fazer parte da


dianteira. Mas casarmos sem a pressão do sexo nos uniu na verdadeira
motivação de ficar juntos.
Fiquei inativo de propósito depois do casamento. Comecei a estudar os materiais
da dissidência ao redor do mundo. Gostava muito do fórum de Portugal. Tinha
minhas dúvidas doutrinais e rancor pela comissão judicativa. Após cinco anos de
restrição, recebi novamente o cargo de servo ministerial. Voltei com tudo.
Parecia um carro de fórmula One.
Mesmo depois de casado e servindo na congregação, minhas taras me
perseguiam. Não conseguia largar os filmes eróticos (Canal Brasil,
pornochanchada, brasileirinhas e outras). Não tinha a regularidade de antes,
mas não deveria fazer isso, pois era servo ministerial e subia à tribuna. Tinha
medo de contristar o espírito santo e meu coração gelava sempre; mas, pelo
visto, a suposta força por trás das designações ministeriais fazia vista grossa aos
meus pecados.
Além disso, adquiri outro hábito ruim. Ao sair do trabalho noturno, gostava de
passear com o meu carro pelas zonas da cidade; ali, punha-me a perguntar o
preço do serviço às profissionais do amor, queria saber se davam descontos e
atendiam em lugares específicos. Dava umas apalpadas, beliscadinhas e ia
embora. Jamais fiz algo a não ser um orçamento (Fiz isso diversas vezes,
quando solteiro, servo ministerial, casado e ancião congregacional; apesar disso,
nunca encontrei nosso amigo Sacaninha, que foi meu professor nessa arte).
Após meu noivado, nunca beijei outra mulher que não fosse minha prometida
esposa; e, apesar de minha ganância sexual, jamais cometi adultério. Espero
continuar assim. Quero dizer que, mesmo após ser um santo ancião
congregacional, às vezes assistia filmes proibidos. Descobri a pornografia na
internet e foi uma miséria. Redtube, xtube, xvideos e camerahot. Até hoje tento
me libertar dessas coisas, mas aprendi a colocá-las em lugar apropriado em
minha mente.

Reunidos na sala do Sinédrio novamente


Hora de voltarmos para o presente; FORWARD.
Acredito que seu conceito sobre o herói Ancião Brasileiro já deve ter mudado e
deve estar torcendo para ele ser deposto, não é? Também estou torcendo para
ele se lascar.
Voltemos para nosso sobrado, para aquela sexta-feira fria e chuvosa. São vinte
horas e vinte sete minutos. Inicia-se uma batalha apocalíptica. O homem que é
super entendente (Aquele que entende de tudo) começa por colocar minha
designação em xeque. Antes das considerações iniciais, pedi a palavra.
Peticionei a Sua Excelência que me permitisse acessar um computador dentro
da sala e mostrar que meu acesso à área restrita do jw.org estava bloqueado há
15 dias; isso me impedia de ler as cartas do escravo, o que, por sua vez, me
41

impedia de me preparar para a reunião. Ele disse que era impossível, que meu
bloqueio só poderia ser dado após o anúncio congregacional. Informei que havia
relatado o problema ao cacique Aruana, que fez pouco caso. O cacique negou
que havia bloqueado e disse que eu não lhe havia informado sobre o problema.
Mentiroso! Então mostrei-lhes um e-mail enviado por mim informando-os sobre
o bloqueio. Ainda estava salvo na pasta de “enviados”. Esse argumento me deu
uma tranquilidade inicial. O viajante deu uma mijada em todos e disse que isso
foi uma falta de critério. Esses canalhas fizeram isso de propósito, para que eu
não pudesse preparar defesa e ser totalmente arrasado na reavaliação.
Realmente eu não estava preparado como eles, só tinha o KS em mãos, e aquela
porcaria de livro não serve pra nada. O Bode bufava de raiva dentro da sala. Eu
via ódio em seu olhar.
Iniciou-se uma série de ataques pessoais: mentiras, trapaças, testemunhas
falsas; citaram minha esposa que havia discutido com algumas irmãs por minha
causa. Disseram que fui visto num carro com mulheres do sexo oposto. Eu era
um homem generoso, gostava de dar carona às pessoas. Eles apresentaram
relato de uma testemunha que afirmou ter-me visto no carro com uma mulher e
que minha mão estava na coxa da acompanhante. Mentira, inverdade, isso
nunca aconteceu! Com tanto lugar pra pegar, eu ficar com a mão na coxa!?
Quem era essa mulher? Que lugar, data e horário foi isso? Não souberam
responder.
Quero resumir minha agonia. Foi uma guerra injusta. Eu insistia no direito de
resposta. Solicitava, por favor, que lessem os autos do processo, que me
deixassem mostrar as provas técnicas de minha defesa no livro dos anciãos.
Negavam-se a abri-lo. Pedi um intervalo; relutaram em atender, mas o
meritíssimo consentiu. Minha glande estava sangrando; aquela briga com seis
espadas era desproporcional. Enquanto eles se revezavam em suas ereções, eu
tinha que suportar firme glande a glande. Após o intervalo, consegui a palavra e
falei de metodologia e padronização. Expliquei ao superintendente minha
filosofia de trabalho, como eu gostava de seguir os procedimentos. Citei que Sua
Excelência, o viajante, havia cometido uma falta de critério. (Que o leitor use de
discernimento). Nesse momento, o Bode se levanta desferindo um tapa
figurado em minha cara. “Blasfêmia! Está ultrajando o santo de Israel! Para a
estaca com ele! Não preciso ouvir mais nada. Você, Ancião Brasileiro, se acha
maior que o nosso maioral”─ berrou o Bode. Continuei meu raciocínio e pedi
educadamente ao juiz que me retornasse a palavra; depois de concedida,
expliquei o sentido da palavra prerrogativa, e que o viajante havia ferido a
prerrogativa do nosso corpo quando apareceu e formou reunião para deliberar
suas instruções. O homem que super entende ficou sem graça e disse que eu
estava certo, mas que existia exceções. Cacique Aruana faz deboche de mim;
diz que eu era incapaz de compreender essas coisas. Finalmente pediram que
me retirasse, pois iriam deliberar a meu respeito.
Saí; fui para meu carro no estacionamento. Passei trinta e sete minutos ali
esperando a sentença. Fiquei pensando em minha trajetória de vida, desde
quando era criança até aquele dia; questionei-me se vivera por todo esse tempo
42

uma via cruzes que estava virando circo. Batia a cabeça no volante. Tinha fome
e sede. Sentia um aperto no coração. Durante anos fui caçado pela corja liderada
pelo cacique Aruana. Fui abandonado pelos amigos. Aqueles que se sentavam
à minha mesa, ao perceberem que minha influência tinha acabado, afastaram-
se de mim. A congregação não possui fidelidade aos seus líderes. Querem ver
os milagres da multiplicação nos banquetes e nos usar para suas necessidades;
acreditava que O Cara era meu melhor amigo, porém descobri que ele era um
traidor invejoso. Tudo o que ele fez foi por inveja. Tinha ciúme de mim com sua
esposa novinha, mas sempre o respeitei; e cá para nós: ela me dava mole! Bem
que poderia ter tirado uma selfie com a calcinha lascada da mulher dele, não
acham? Ele era o mentor do Bode. Usou minha família para realizar sua trama,
queria ter tudo o que eu tinha e ser melhor do que eu.
Foram anos horríveis. Adoeci, tive transtornos emocionais. Passei por uma crise
de estresse, que resultou em parte de minha face ficar paralisada por sete dias.
Tive crise de ansiedade e TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Fui buscar
ajuda na medicina. Consulta psiquiatra e psicoterapia. Respiridona, Rivotril,
Stillnox e Zolpidem. Fiz uso de remédios controlados para cuidar dos nervos e
recuperar a paz. Comecei a falhar na cama e sofrer de ejaculação precoce. (Ai
que dor, que dor!) Estava sendo afetado em todos os sentidos. Faltava ao
trabalho para honrar os compromissos congregacionais. Não me concentrava
nas atividades. Meus resultados estavam ruins, produzia muita rejeição e
retrocesso. Acabei perdendo o emprego também naquela época. Estava
experimentando um revés financeiro. Desempregado, comecei a me desfazer de
imóveis e bens e até hoje vivemos disso, além de minha querida esposa ser
sacoleira. Vendemos de tudo.
De volta ao sobrado. Ali, diante daqueles homens, eu não era mais o mesmo. Já
havia aberto os olhos. Tinha filhos e algo havia mudado dentro de mim. Eu havia
presenciado toda a podridão dos bastidores da congregação. Valdomiro,
Sacaninha, O Cara, Jim, Zeca e o Bode – era só o que me vinha à memória.
Mesmo assim mantive-me endurecido no propósito de também ter ‘o poder’ e
alimentar minhas vaidades. Somente algo foi capaz de quebrar meu coração: a
Comissão Real Australiana. Foi duro ver aquele cara usando de evasivas e
querendo transferir a culpa dos dogmas doutrinais para os anciãos
congregacionais; e o resultado foi como se um véu tivesse sido removido de
meus olhos, pois não conseguia acreditar nas mentiras contadas por alguém que
se proclama o guardião da fé de mais de oito milhões de pessoas. E na questão
da pedofilia, é imperdoável a atitude e postura mentirosa. Quanto a isso, preciso
fazer uma revelação para vocês, leitores, pois só assim entenderão a praga em
meu coração. Para mim, esse é o ponto alto de todos os nossos causos.

A revelação
Gostaria de convidá-los para mais um flashback. Nessa viagem no tempo
retornaremos uns 33 anos atrás, quando o Ancião Brasileiro era uma criança
com seus sete anos. Algo muito ruim aconteceu na vida desse menino que o
43

marcaria para sempre. Nunca contei a meus pais, esposa, anciãos, psicólogos
– a ninguém em absoluto! Guardei no coração, como algo que não existiu.
Às vezes minha mãe não podia ficar comigo e me deixava aos cuidados de um
tio, que era irmão dela. Por duas ocasiões fui molestado sexualmente por esse
parente. ‘Para o inferno eu fui pela primeira vez; violência, estupro do meu corpo’.
Ele tentou violentar-me por uma terceira vez, mas resisti. Não me lembro de
todos os detalhes, mas sei que essas sessões duravam algo em torno de sete
minutos de abuso íntima. É algo totalmente desproporcional uma criança ser
vitimada por um adulto. Não sabia o que fazer. Ninguém havia me preparado
para isso. Meu abusador e tio era uma Testemunha de Jeová. No Salão nunca
nos ensinaram sobre abuso. O que fazer? Contar para os pais? Contar para os
anciãos? Eu não tinha ideia. Sentia-me culpado, como que se tivesse feito algo
errado para com Deus. Tive a coragem de não mais ceder aos abusos e fiz
ameaças a meu tio. Ele ficou preocupado e começou o suborno. Levava-me
para o futebol da congregação pra me fazer de gandula atrás do gol. Ganhei uma
camisa do Palmeiras que passei a usar escondido. Recebi muitos presentes, até
que o episódio caiu no esquecimento.
Jamais verti uma lágrima. Consegui colocar dentro do peito, em uma região
inalcançável e revestida por uma enorme pedra; mas, quando assisti o vídeo da
Comissão Real Australiana, meu mundo desabou. Ver o Geoffrey Jackson, de
forma dissimulada, defendendo a política de abuso da Torre foi o cúmulo. Ele
não era um sonhador ou enganado, mas sim um enganador, que usava de meias
verdades para proteger o reinado da Dinamarca. Era inadmissível adotar
práticas que beneficiam abusadores para proteger a reputação de uma igreja.
Os sentimentos dos menores e a dor de um abuso são secundários quando o
nome de Jeová (jw.org) está envolvido; isso fica bem claro nos guidelines
(procedimentos) da orga. O Corpo Governante jamais tomou a dianteira em
instruir as congregações sobre como proteger as crianças. Todos os seus
procedimentos envolvem manter o sigilo dos casos, para evitar processos ou
divulgação na mídia. Eu lia isso nas cartas e no KS (livro dos anciãos), mas não
aceitava. Procurava explicação. Mesmo com a pressão sobre a organização, o
que é feito hoje nas congregações é o mínimo. O fluxo de confidência, o
tratamento dado aos envolvidos continuam protegendo a organização e
prejudicando as vítimas.
Assistimos recentemente, em sua propaganda ilusória, ao vídeo de Sofia e
Pedrinho, que tem o título Torne-se amigo de jeová; proteja seus filhos. Nele,
fomos instruídos a treinar as crianças contra abusadores; que elas deveriam
contar tudo para papai e mamãe. Mas o que viria depois? O que fariam os pais?
Contarão para os anciãos? O que farão os anciãos? Contarão para polícia? A
resposta, o vídeo não apresenta, mas sabemos que é não. Anciãos cientes de
abuso devem ligar imediatamente para o escritório, que aconselhará contatar as
autoridades se, e somente se, não houver processos naquela região ou se lei
nacional exigir que denúncia seja feita.
44

Essa atitude contrasta diretamente com a posição das Testemunhas em outros


assuntos. Elas se orgulham de terem comunicação aberta. Em seus discursos
públicos falam sobre masturbação, sexo oral e anal, mas são omissas em
relação à pedofilia. Não instruem pais e nem crianças a como agir corretamente.
Estes são guiados pela ignorância e lealdade à organização. Se nossas crianças
soubessem que agressores e abusadores teriam como destino a cadeia, então
muitas tragédias seriam evitadas. Abusadores sentir-se-iam intimidados. Os
pequeninos passariam a sentir-se mais seguros.
Os procedimentos que Geoffrey Jackson defendeu com a mão na Bíblia são mais
importantes que a vida e o bem-estar das crianças do mundo. Para mim, os
membros do Corpo merecem a cadeia – para que possam encontrar
molestadores que também enfiem em suas cavidades anais objetos ou órgãos
que os façam sangrarem. Quanto a mim, jamais protegerei um pedófilo.
Diferente do que prega Anthony Morris III, molestadores não são gays viciados
em pornografia. Meu tio era uma TJ ativa; eu não me tornei um pedófilo ou
homossexual porque fui violentado. Ao contrário, tornei-me um amante das
crianças e tenho filhas lindas, as quais quero proteger desses animais de gravata
que pregam em nome de Deus. Tenho muitas sequelas; insônia, insegurança,
pesadelos, temor por minhas filhas. Não as deixo sozinhas com ninguém, nem
com parentes, e virei super protetor. Às vezes acho que as sufoco, mas não
consigo ser outra coisa.

Mais uma vez na sala do sinédrio


Precisamos embarcar novamente em nossa nave do tempo e avançar no tempo,
para a reunião na sala do sinédrio (FORWARD). Parece que essa noite não vai
acabar nunca!
Estava no carro aguardando a sentença do meu julgamento. Finalmente a
fumaça branca emana, o conclave havia chegada à decisão final. O cacique
Aruana chama-me ao portão. Estavam todos sérios; o Bode e O Cara, abatidos.
Parece que em minha ausência as coisas não fluíram suavemente. A essa altura,
querido leitores, isso não importa mais pra gente, não é? É tudo tão secundário
e sem relevância. Competição masculina e briga por poder. Isso não é objetivo
da vida. Não é ser cristão. Eu tinha na pasta algo que havia preparado. Bem que
poderia ser uma Winchester-22 para atirar naqueles porcos traidores. Mas o que
tinha comigo durante toda aquela reunião eram duas cartas de dissociação, a
minha e a da esposa, a quem estive preparando por muitos anos, procurando
despertá-la; a ela confidenciei tudo o que acontecia comigo nos bastidores; ela
foi envolvida várias vezes e disse que estava comigo para deixarmos a religião.
Após o silêncio e algumas tosses, o homem que é super entendente (Aquele
que de tudo entende) anuncia o veredicto:
“Ancião Brasileiro, com 100% dos votos, você continua na casa! ”
Não esbocei reação alguma, mas fiquei realmente surpreso.
45

─ Você não vai comemorar? Ironizou o Bode. Não tinha motivos, não depois de
ter minha vida revirada ao avesso.
O viajante fez algumas considerações, pediu que eu lesse em voz alta Hebreus
13:17. Falava de submissão e respeito à liderança, incluindo a dele, e que essa
orientação valeria para todos nós. Também anunciou que, apesar de não ser
removido da posição de ancião, eu ficaria sobre restrições. Apresentou-nos algo
novo, disse que é possível repreender um ancião, assim como repreendemos
um publicador, sem que ele seja exonerado do cargo; e para comprovar isso,
citou a ocasião em que o apóstolo Paulo repreendeu publicamente o também
apóstolo Pedro. As minhas restrições incluiriam ficar fora da tribuna, das pastas
de serviços da congregação, do pastoreio e das orações na tribuna – tudo isso
por tempo indeterminado. Acrescentou que o corpo de anciãos cuidaria de fazer
cumprir as restrições e decidiriam o momento de removê-las e então finalizou
com oração. Após isso, ele me sugeriu ‘beber um pouco de vinho’ por causa do
estômago e evitar situações desconfortáveis. Respondi que estava tratando com
um chá caseiro de minha avó. Uma ou duas vezes por dia fazia uso do chá de
privada. Alguns minutos sentado no trono tinham resultados animadores. Todos
riram em cumplicidade como se tivessem recebidos cócegas em suas regiões
anais. Um momento de descontração geral.
Retirei-me imediatamente. Não entreguei as cartas de dissociação. Estava
confuso. O relógio marcava 23:50min. Três horas e meia de audiência de
instrução.
Eu em geral fazia em quinze minutos o trajeto do Salão para casa, mas nessa
noite cheguei em casa a zero hora e sete minutos. Demorei a chegar, pois fui
devagarzinho; passei em frente à zona da cidade, e tive uma miragem: vi um
homem de capa que parecia nosso amigo Sacaninha. Foi apenas um delírio; era
um travesti fantasiado.
Em casa tinha alguém me esperando aflita, ansiosa com a decisão. Coloquei o
carro na garagem e, ao entrar, dou de cara com minha esposa. Cabelos lá em
cima e olhos avermelhados como se estivesse entorpecida.
─ Tava fumando um baseado, mulher? Indaguei ironicamente.
Queria saber logo a resposta. Não fiz mistério. Disse que não entreguei a carta
e continuava como ancião. Ela pulou de felicidade e deu glória ao pai nas alturas.
Informei que isso não mudava nossa decisão. Entregaríamos na próxima reunião
nossa demissão voluntária. Lançando-se ao chão, ela desesperadamente rangia
os dentes e me implorava para não o fazer. Disse que não queria deixar a Jeová
e nem a família TJ; disse-me que havia orado a Jeová a noite toda para tudo
acabar bem; acrescentou ainda que fez uma promessa para cumprir em caso de
meu livramento (Ô desgraça de promessa maldita! Num guento mais, Xicó! Uma
hora fico rico, outra hora fico pobre). Afirmou seu amor pela Torre, jamais
abandonaria a organização e que ainda seria pioneira. Censurou-me dizendo
que escrever a carta foi uma loucura, era isso que Satanás queria.
46

Que traição! Oh, facada no peito! A Torre venceu mais uma. Nem meus amores
pertenciam a mim. Mas a tranquilizei; disse-lhe que por ela não pularia fora do
barco ainda. Ela estava muito agitada, dei um dos meus remedinhos e, após
sete minutos, ela já estava roncando e sonhando com o Corpo Governante a
proferir suas novas luzes.
Não tomei medicação para dormir. Fui para o sofá e lá fiquei sentado olhando
para o vazio. Meditei por sete horas em tudo o que havia acontecido na minha
vida. Tornei-me Testemunha ainda jovem, sem noção, por impulso; fui assediado
e corrompido. Lembrei-me que era igual a todos os anciãos que já havia
conhecido. Valdomiro, Sacaninha, Zeca, O cara, o Bode e Jim. Tinha dentro de
mim um pouco de cada um deles. Éramos movidos pelos mesmos interesses:
poder e luxúria. Pensei nas minhas filhas e quando as vi pela primeira vez, bem
como também nos afagos que lhes fiz todas as noites. Eu as carregava no colo
e olhava em seus olhos. Prometia-lhes que as protegeria e que daria a vida e
meu sangue por elas. Mas eu não estava cumprindo essa promessa; pelo
contrário, de tão obcecado pelo poder e por uma posição, perdi sete anos da
minha vida colocando-as em segundo ou terceiro plano. Era o pior de todos os
anciãos [pausa para choro].
Eu não podia permitir que meus filhos passassem pelo fogo. Vendê-las ao Corpo
Governante. Destruir seus sonhos e sua chance de ter um futuro. Não podia
acovardar-me ante os predadores de criança. Para salvá-las, daria meu sangue,
não apenas uma fração.
Orei por todas as sete horas que se sucederam, até que o dia amanheceu. Ao
observar a hora sete da manhã, resolvi fazer a coisa mais inusitada para aquele
momento. Não sei explicar o que me deu, arrumei-me e fui ao campo. Ao chegar
ao Salão, o viajante fazia a consideração e sorriu pra mim. Nenhum dos outros
anciãos estavam no ministério. Claro, estavam esgotados. O homem que super
entende pediu pra sair comigo. Mesmo cansado, mantive-me de pé. Nesse dia
não pregamos, ficamos passeando e conversando pelo território. Mas logo de
início ele foi direto e perguntou-me:
“Quem te disse aquela instrução que o viajante não pode se reunir com corpo
e deliberar fora da visita regular, a menos que tenha autorização do escritório? ”
Essa informação faz parte do curso de viajante e está no manual dos SC. Eu não
sabia onde tinha aprendido e, para agradá-lo, disse que foi um Superintende de
Distrito. Ele disse que aquele negócio de prerrogativa é algo muito profundo e
grave. Assim eu descobri o real motivo por não ter sido desqualificado. Que o
leitor use de discernimento!
O viajante estava com o dele piscando e na reta, pois se eu apelasse e
acidentalmente citasse o passo em falso daquele viajante, ele teria que dar
explicações; era evidente que ele não queria pôr em risco sua posição. Fiquei
sabendo que ele teve problemas no antigo circuito e os anciãos de lá escreveram
para o escritório. Ele estava queimado e na corda bamba.
47

O SC também me contou o placar do julgamento. Ficaram divididos; foram três


votos por minha exoneração e dois foram contra; com o voto dele, que foi a meu
favor, o resultado ficou empatado.
Ele também me confidenciou que o ancião Banana e ancião Cagão me
defenderam e não mudaram a decisão. Difícil foi convencer o Bode, O Cara e
cacique Aruana. Ele disse que deveríamos dar ajuda ao Ancião Brasileiro e não
o desqualificar, pois não fiz nada passível de comissão judicativa. Informou
também que o Corpo Governante aprecia talentos como eu. "Nunca homem
algum falou como este". Disse-me que minha defesa foi intocável, que fui valente
e corajoso. Parecia um advogado legalista ou um parlamentar que legislava em
causa própria. “É uma pena que você não fez faculdade, Ancião Brasileiro, pois
daria um excelente advogado para a organização de jeová”, disse ele. Concluiu
dizendo que os que eram a favor da exoneração tiveram que ceder para que a
decisão fosse tida como unânime.
Uma semana depois mudei de congregação, mas o corpo de anciãos não me
recomendou como ancião para a nova congregação. Liguei para o viajante, que
entrou em contato com cacique Aruana e mandou refazer a carta de mudança.
Pediu que rasgasse a nova reavaliação que haviam feito; a avaliação realizada
na visita da semana anterior era a que tinha validade. Cacique Aruana retrucou,
mas era uma ordem. Então na nova congregação eu seguiria com a disciplina e
com as restrições. Mesmo assim na carta de recomendação acabaram comigo
e minha esposa. Difamação e calúnia.
Hoje, após dois anos nessa nova congregação, ainda não tenho nenhuma pasta
de serviço. Voltei a fazer orações e poucas partes de serviço. Nunca fui
presidente na Reunião Vida e Ministério. Não participo de comissões por me
escusar de conta própria. O atual corpo não se importa comigo e estão ocupados
demais em defender e promover as próprias carreiras.
Estou desconectado da matrix, estou desplugado apesar de estar dentro.
Consigo enxergar os números de falsidade em toda a parte. Continuam usando
as técnicas para controlar a mente e são tendenciosos, mas essa magia não
mais funciona comigo. Não consigo dissociar-me por causa da família. Também
não tenho amigos nem dentro ou fora da matrix. Sou um prisioneiro numa
solitária. Fui lançado ao tártaro. Um limbo para pessoas como eu. Um fantasma
congregacional é o que sou.
Tenho tentado ajudar jovens locais a despertar, mas não é fácil, e meu
posicionamento já causa transtornos. Confiei em um jovem recém readmitido e
ouvi suas revoltas. Ele me usou para voltar à ativa na congregação e, para
completar, divulgou que eu fazia apologia ao uso da faculdade. Contou também
que teve contato comigo enquanto estava desassociado. Na verdade, ele acessa
fóruns dissidentes apenas com o objetivo de saciar sua ansiedade e curiosidade
sobre os procedimentos operacionais.
48

Mas estou numa posição confortável. Tenho livre acesso às informações da


irmandade, como as cartas restritas e confidenciais. Posso usá-las para revelar
a natureza das instruções congregacionais.
Acredito em Deus (YHWH ou seja lá como ele se chama). Ele é real para mim,
mas tenho plena certeza que a organização das Testemunhas de Jeová é uma
fraude e a mim não controla mais, pois conheço a sua liderança e sei quem
realmente ela é.

Lição
A trajetória ministerial do Ancião Brasileiro é riquíssima em aprendizado
espiritual, como, por exemplo, ter as respostas às seguintes perguntas:
Como é possível um homem pecador ascender ao circuito e ocupar uma posição
rotulada como santa e supostamente escolhido por espírito? Se o espírito santo
está envolvido nessa escolha, como diz o Corpo Governante, por que não agiu
impedindo a unção desse e de outros pecadores? É possível passar a perna
nessa força maior ou induzi-la a uma decisão errada e condicioná-la a agir de
acordo com nossos interesses impróprios e egoístas? Como homens como
esses usam a Bíblia para ensinar pecadores se eles mesmos, que tomam a
dianteira, não cumprem as leis bíblicas? Por que Deus permite que pessoas
assim assumam o posto de seus representantes e liderados por Cristo? As
respostas as essas perguntas nos levam à conclusão que nada da estrutura
administrativa e corporativa montada pelas Testemunhas de Jeová tem a direção
divina. O fato de intitularem-se o povo de Deus é fruto de imaginação, presunção,
arrogância e falsas aplicações da Bíblia. O Ancião Brasileiro, em sua corrupção,
chegou a uma posição enaltecida dentro da pirâmide. Mas também
experimentou a vulnerabilidade do sistema gerido por corruptos com
mecanismos apócrifos. Seu relato mostra que é possível seguir avante tendo
uma vida dupla, apesar dos apelos emocionais da seita afirmando o contrário. O
espírito santo não fará nada para impedir isso e nem outras dezenas de causos,
pois simplesmente ele não está nesse meio. Não podemos colocar na conta da
imperfeição a desaprovação espiritual da congregação das Testemunhas de
Jeová. Em nenhum momento nos causos apresentados falamos dos aspectos
doutrinais da organização. Tratamos apenas da parte comportamental de seus
membros que se dizem estrelas na mão do próprio Cristo. Nosso Senhor disse
que conheceríamos os verdadeiros cristãos por suas ações.
De acordo com procedimentos do Corpo Governante, a maioria dos pecados do
Ancião Brasileiro expirou.
O KS, Cap3: §19, página 37, diz: [19. Se um irmão designado confessar que no
passado cometeu um pecado passível de desassociação ou se isso for
descoberto: O corpo de anciãos talvez decida que ele pode continuar servindo
como ancião ou servo ministerial se o seguinte for verdade: a imoralidade ou
outra transgressão grave não ocorreu recentemente, há poucos anos, e ele está
genuinamente arrependido, reconhecendo que deveria ter confessado o pecado
49

imediatamente. (Pode até ser que, agora, com a consciência pesada, ele tenha
confessado seu pecado e procurado ajuda.) Ele serve fielmente há muitos anos,
tem evidencia das bênçãos de Deus e é respeitado pela congregação. ]
Segundo a lógica da organização, como explicado em uma revista A Sentinela,
os pecados possuem validade de culpabilidade. Bem parecido com nosso
sistema judiciário. Quer dizer que mais ou menos após cinco anos eles expiram.
No caso do Ancião Brasileiro, isso explica sua designação como ministro
eclesiástico ordenado, bem como suas bênçãos em privilégios espirituais na
congregação e nos santos congressos. Regras do espírito santo da Torre!
Todos somos imperfeitos e nada sabemos. Ser ancião congregacional não eleva
a ninguém a um patamar de conhecimento ou santidade em relação aos outros,
e nesses quesitos só temos um. Não temos a obrigação de confidenciar a esses
homens o que há em nossos corações. Amigos, familiares e o próprio Jesus
Cristo já são nossos confidentes. Não nos submetamos ao julgamento desses
homens, pois entre tais nenhum está apto para julgar, visto que não são capazes
de ler corações. Os protocolos para juízo congregacional não se baseiam nos
princípios de justiça e igualdade que permeiam o espírito santo. Jeová não te
acusa ou perdoa por meio de sete homens podres e imundos, que se posicionam
como cabeças em vossas congregações. Não permitam que destruam vossos
amores, paixão e sonhos em razão de uma ideologia extremista americana. Não
lancem vossos filhos ao fogo, destruindo sua luz por causa de uma interpretação
equivocada da Bíblia.
Algumas Testemunhas de Jeová, em seus momentos de revolta, encontram a
dissidência e saciam a necessidade de justiça que têm. Outras, por curiosidade
e desejo de novidades, recorrem ao Google que os leva aos canais dissidentes.
Mas parece que, após a decepção, vem a reconciliação com a Torre; então a
dissidência torna-se descartável e desprezível. É bem provável que tenham
aquele sentimento de estar fazendo algo errado, aquela dor de consciência. Mas,
depois de ler este livreto, esforce-se para tirar isso de sua cabeça. Você foi
condicionado a sentir isso, não foi o espírito santo que produziu essa sensação.
Eu achava que Jeová me aceitava como eu era e por isso me designou, talvez
com o propósito de que eu pudesse mudar a organização ao adotar práticas de
justiça e amor. Mas é impossível lutar contra o sistema. Apenas o Criador
vencerá essa luta.
Na busca por minha liberdade espiritual e paz mental, venho empenhando-me
pelo verdadeiro cristianismo. Não poderia ‘ir deitar com meus antepassados’
guardando comigo o conhecimento desses absurdos vivenciados na minha
jornada como Testemunha de Jeová; por isso resolvi assentar por escrito minhas
experiências reais para que saibam e tenham plena certeza das coisas que
aconteceram, e que isso possa induzi-los a reflexões profundas.
Por agora, minha crise de consciência reside, não apenas no fato de continuar-
me identificando como TJ, mas também na minha posição passiva diante tudo
que passei nas curvas dessa vida. Por isso faço um apelo: tomemos posição
do lado da verdade. Não quero com isso promover uma rebelião contra os
50

anciãos. O fato de uma pessoa ser ruim ou boa independe de ser algo, ter uma
designação ou posição. Mas quero que sejam livres para servir a Deus com
espírito e verdade. Precisamos de alguma forma nos posicionar para evitarmos
dores irreparáveis. Há décadas que pessoas denominadas dissidentes
empenham-se para divulgar coisas que as publicações mutáveis das
Testemunhas não ensinam. São muitos ao redor do mundo, os quais são
rotulados de apóstatas simplesmente por não concordarem com doutrinas
humanas; como tais, não nos entreguemos ao silêncio. Peço que se registrem
nos fóruns e acessem outras plataformas. Façam suas apresentações e
colaborem para a cura espiritual de muitos.
Criado nos terrenos da Torre, tornei-me o que ela queria que eu fosse: “Geração
Coca-Cola”, com empatia a tudo que vinha do tio Sam; por isso essa religião nos
custa a alma. Quando nascemos na Torre, somos programados a receber o que
ela nos empurra como enlatados americanos de nove as seis. Desde pequeno
comemos o lixo industrial das publicações. Esse parece ser o destino de quem
herdou essa herança maldita, isto é, o destino de quem nasceu “na verdade”. E
o Ancião Brasileiro não conseguiu o que queria quando aceitou ser ancião e foi
ter com o Diabo. Ele queria mesmo era falar pro Corpo Governante ajudar toda
essa gente desassociada e infiltrada que só fazem sofrer.
Quero dizer que esse não é meu último trabalho para ajudar pessoas a terem a
paz mental. Finalmente faço minha parte. Estou esgotado emocionalmente. Qual
será o final de minha jornada na Torre? O que fará o Ancião Brasileiro? Esse
fim ficará em aberto e só depende de mim construir uma nova história.
Mas confesso que não sei para onde ir, pois só vejo breu; mas sei que a jornada
começa no meu próprio coração, donde começo a trilhar um caminho em busca
da redenção e da verdadeira luz.

FIM

Você também pode gostar