Você está na página 1de 25

Ciclo da Dependência de

substancias psicoa2vas.
Cocaína, Anfetamina e Cafeína

Prof. Diogo Barros


• O uso de substancias psicoa.vas é um hábito
secular que existe desde as eras primordiais
da humanidade
• Em contraposição, o uso abusivo e a
dependência de substâncias psicoa.vas são
considerados pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) sérios problemas mundiais,
tanto na esfera da saúde pública como no
nível socioeconômico
Epidemiologia do uso de drogas ili1citas

• Dados da FIOCRUZ: Entre maio e outubro de 2015, pesquisadores


entrevistaram cerca de 17 mil pessoas com idades entre 12 e 65 anos, em
todo o Brasil, com o objeJvo de esJmar e avaliar os parâmetros
epidemiológicos do uso de drogas.
Medicamentos sem prescrição

• Outro dado destacado pelos pesquisadores diz respeito ao uso dos analgésicos
opiáceos e dos tranquilizantes benzodiazepínicos. Nos 30 dias anteriores à
pesquisa eles foram consumidos de forma não prescrita, ou de modo diferente
àquele recomendado pela prescrição médica, por nada menos que 0,6% e
0,4% da população brasileira, respecJvamente
Consumo de álcool

• Mais da metade da população brasileira de 12 a 65 anos declarou ter


consumido bebida alcóolica alguma vez na vida. Cerca de 46 milhões (30,1%)
informaram ter consumido pelo menos uma dose nos 30 dias anteriores. E
aproximadamente 2,3 milhões de pessoas apresentaram critérios para
dependência de álcool nos 12 meses anteriores à pesquisa.
Dependência X Abuso

Como a fronteira entre o uso recrea/vo e abusivo não é ní/da, cabe fazer uma
diferenciação sobre essas categorias.

• Abuso fica mais claro e mais visível quando inserida no contexto social.
Dependência

• A dependência é definida como fenômeno biopsicossocial caracterizado por


um conjunto de sintomas indica/vos de que o indivíduo perdeu o controle de
uso da substância e o mantém a despeito das suas consequências emocionais
adversas (p.ex., disforia, ansiedade, irritabilidade)
• O uso abusivo difere da
dependência, pelas ausências de
um padrão de uso compulsivo,
tolerância e síndrome abs8nência.
Ciclo de dependência

• Tolerância é um estado de expansividade diminuída ao efeito de um fármaco e pode ser dividida


em duas categorias: inata ou adquirida.

• A tolerância inata refere-se a fatores gené2cos que determinam o grau de sensibilidade às substâncias de
abuso e é observada na primeira administração.
• A tolerância adquirida resulta de alterações do organismo decorrentes do uso repe2do das substâncias
de abuso. Nesse caso, é necessária administração de doses crescentes para que o efeito produzido pela
substância seja de igual intensidade ao produzido por doses anteriores.
Síndrome de abs<nência

• A síndrome de absJnência é um conjunto de sinais e sintomas, caracterísJcos


para cada classe de agente psicoaJvo, que geralmente são opostos aos efeitos
agudos dos agentes psicoaJvos observados antes das adaptações do
organismo.
Sensibilização comportamental

• A sensibilização ou tolerância reversa caracteriza-se pelo aumento da resposta à


substancia de abuso após a administração repe9da.

A sensibilização comportamental parece resultar principalmente da neuroplas5cidade


que ocorre em neurônios da via mesocor5colimbíca. Observou-se, após injeções
repe5das de cocaína, que o aumento de dopamina no núcleo accumbens induzido
pela substância de abuso é significa5vamente maior quando comparado à primeira
injeção.
Recaída

• A recaída é frequentemente desencadeada por uma única exposição à


substância ou a esamulos ambientais e objetos a ela associados. Outro fator
importante que pode precipitar a recaída é a exposição a situações aversivas
ou estresse.
VULNERABILIDADE A DEPENDÊNCIA

• Quanto mais rápido o inicio do efeito, maior a probabilidade de associação


entre a sensação de bem-estar e o comportamento de uso.
Por exemplo, a cocaína é u/lizada por via oral, nasal, inalatória e intravenosa.
Após a inalação de cocaína na forma de base livre (crack) observam-se
concentrações plasmáticas semelhantes às fornecidas pela injeção intravenosa.
O efeito é muito rápido e intenso.
Dessa forma, os indivíduos que experimentam cocaína pela via inalatória
(crack) ou intravenosa têm maior probabilidade de se tornarem dependentes da
substância.
Tratamento da dependência

• O tratamento deve seguir quatro etapas: 1o diagnósJco; 2o desintoxicação 3o


farmacoterapia (tratamento da síndrome de absJnência) 4o psicoterapia.
Mecanismos neurobiológicos da
dependência
• Todos os agentes psicoaJvos que causam dependência produzem sensação de
bem-estar e prazer (euforia). Dessa forma, substâncias de abuso atuam como
reforçadores posiJvos
• Os reforçadores posiJvos aJvam um mecanismo biológico comum que tem
como substrato neural o sistema dopaminérgico mesocorJcolímbico.

Esse efeito pode resultar da ação direta sobre os terminais dopaminérgicos da


via mesolimbica, como no caso da cocaína, ou de ações indiretas sobre os
neurônios dopaminérgicos.
• Além de mediar a sensação subje/va de prazer, a dopamina regularia também
o impulso mo/vacional e a atenção a esImulos relevantes, incluindo os
esImulos reforçadores.
O impulso mo/vacional pode ser descrito em termos de “querer” enquanto a
avaliação hedônica em termos de “gostar”, assim, parece que o “gostar” pode
ser dissociado do “querer” e que a dopamina pode influenciar esses parâmetros
de formas diferentes.
Classificação das substâncias
psicoa8vas

üPsicoestimulantes: Cocaína, anfetamínicos e cafeína.


üDepressores do SNC: Álcool e inalantes.
üNicotina.
üCanabinoides.
üAlucinógenos.
Cocaína

• A cocaína é alcaloide ob;do das folhas


da coca (Erythroxilon coca) encontrada
na Bolívia, Peru e Equador.
• O sal cloridrato de cocaína é um pó́
cristalino, branco, de sabor amargo,
que pode ser u;lizado pelas vias via
nasal, oral, subcutânea e intravenosa.
Efeitos comportamentais

• Ao nível do SNC, a ação da cocaína ocorre principalmente no córtex,


provocando euforia acentuada, agitação, aumento da capacidade hsica, sexual
e mental, diminuindo a fadiga. A cocaína é um de anestésico local, além disso,
é um vasoconstritor potente nos casos de hemorragia e na retração de
membranas mucosas congesJonadas. Outra ação proeminente é a de
sensibilizar vários órgãos aos efeitos das catecolaminas de ação direta,
especialmente a epinefrina.
Mecanismo de ação

• A cocaína é um agente dopaminérgico de ação indireta. Esse fármaco liga- se à


proteína transportadora de dopamina bloqueando, assim, a recaptação desse
neurotransmissor e aumentando sua concentração na fenda sinápJca. O
bloqueio desse transportador é altamente correlacionado com os efeitos
subjeJvos da cocaína em humanos.
Farmacociné<ca
• A farmacociné+ca da cocaína é dependente da vias de administração. A
cocaína é absorvida por via oral com dificuldade, porque produz
vasoconstrição, metabolizada em grande parte pelo >gado e excretada
pela urina. O crack é u+lizado por via inalatória e não é fumado devido à
destruição térmica (pirólise) da cocaína. Por via pulmonar a+nge
concentração plasmá+ca no tempo de 5 minutos e se difunde
rapidamente no SNC com uma eficácia superior à administração
intravenosa de cocaína.

• A cocaína não é encontrada nas fezes, o pico de maior eliminação ocorre


de cinco a seis horas.
Efeitos adversos e tóxicos

• A cocaína é usada pelos dependentes em forma de rapé, que pode causar


ulceração e destruir o septo nasal. O cloridrato é usado por via intravenosa na
forma pura ou associado a morfina, que serve para controlar os efeitos
excitatórios da cocaína.
• Podem-se citar deterioração mental, perturbações cardíacas e digestórias
(náusea, vômitos, anorexia, perda de peso), parestesia e alucinações. A
terapêu/ca indicada no caso é a suspensão imediata do fármaco e tratamento
dos sintomas.
Uso terapêu,co
Anestesio local.
Sindrome de abs<nência

• Disforia, depressão, fadiga, sonolência, bradicardia e desejo intenso pela


cocaína (“fissura”). No caso de usuários de crack a “fissura” quase sempre
se confunde ao mesmo tempo com a euforia.
• A duração da síndrome de absJnência é de 1 a 10 semanas.
Tratamento

• A síndrome de absJnência da cocaína é geralmente suave, sendo assim a


desintoxicação não é problemáJca.
• Medicação com anJdepressivos é indicada para os sintomas depressivos e
risco de suicídio.

Você também pode gostar