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Pau a pique

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Pau a pique, também conhecido como taipa de mão,


taipa de sopapo e taipa de sebe, é uma técnica
construtiva antiga que consiste no entrelaçamento de
madeiras verticais fixadas no solo, com vigas horizontais,
geralmente de bambu, amarradas entre si por cipós,
dando origem a um grande painel perfurado que, após
ter os vãos preenchidos com barro, transforma-se em
parede.

Índice Casa de taipa no Parque Nacional da


Chapada das Mesas, Maranhão.
Informações gerais
Introdução histórica do pau a pique no Brasil
Referências
Ver também

Informações gerais
As madeiras verticais comumente distam uma da outra, de face a face, em torno de vinte e cinco
centímetros, enquanto que as horizontais, que são varas finas, mantêm distância de no máximo
quinze centímetros. Podia receber acabamento alisado ou não, permanecendo rústica, ou ainda
receber pintura de caiação.[1]

A construção de pau a pique, quando mal executada e mal


acabada, pode se degradar em pouco tempo, inclusive se a
madeira não for de qualidade ou apropriada para solo, e pode
apresentar rachaduras e fendas, tornando-se alvo de roedores e
insetos, que se instalam nestas aberturas. Por conta disso, o pau a
pique é comumente associado ao Barbeiro (Triatoma infestans)
em regiões em que este artrópode ocorre, inseto transmissor da
Doença de Chagas, que costuma habitar estas frestas.[2] No
entanto, quando construída de forma adequada, com base de
pedra afastando-a do solo (50 a 60 cm) e devidamente rebocada Solar do Major Novaes em Cruzeiro,
e coberta, não há o perigo da instalação do barbeiro nas paredes e São Paulo, construído em adobe,
ou mesmo da degradação do pau a pique. no pavimento inferior, e pau a pique,
no pavimento superior.
A Taipa é uma técnica antiga, empregada desde os tempos
remotos do Oriente, tendo suas origens herdadas dos romanos.
Sua utilização na África data de muito antes da colonização europeia. [3]

Com o passar dos anos e com a utilização dessa técnica, transformações e evoluções foram
desenvolvidas. As madeiras deixaram de ser fixadas no solo, pelo fato de apodrecerem rapidamente,
suas amarrações passaram a ser feitas com outros materiais como fibra vegetal e arame
suas amarrações passaram a ser feitas com outros materiais, como fibra vegetal e arame
galvanizado.[1]

Mais recentemente, no Chile, têm surgido construções utilizando uma variação desta técnica, que é
chamada de quincha metálica ou tecnobarro, onde a madeira da "gaiola" é substituída por malha de
ferro, preenchida com barro através de equipamento apropriado.

Introdução histórica do pau a pique no Brasil


Não existe consenso entre historiadores sobre a real origem desse
sistema construtivo no Brasil. Entende-se que possa ter resultado
da confluência entre técnicas portuguesas, indígenas e
africanas.[4]

O uso de paredes feitas de pau a pique e tabique foi muito intenso


na época do Brasil Colônia, principalmente no interior das
edificações. Por ser um estilo de construção de mais baixo custo e
muitas vezes com materiais encontrados na própria natureza, era Fazenda Santa Clara em Santa Rita
mais frequente em áreas rurais, embora esse sistema de vedação de Jacutinga, Minas Gerais, uma
fosse utilizado nas mais diversas tipologias construtivas, das maiores edificações de pau a
abrangendo não só senzalas e residências, mas edificações de alto pique do Brasil.
padrão como igrejas matrizes.  A técnica foi bastante usada em
paredes internas de algumas igrejas de Minas Gerais durante o
período de  mineração no Brasil, sendo alguns exemplos as igrejas de  Nossa Senhora das Mercês e
Perdões em Ouro Preto e de Nossa Senhora do Ó em Sabará.

A madeira e o barro continuaram a ser, durante todo o século XVIII, os principais materiais usados
nas construções em Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia, enquanto em Pernambuco,
especialmente no Recife, era mais comum o uso do tijolo.[5]

Louis Léger Vauthier descreve em Casas de Residências no Brasil o uso do pau a pique em senzalas
de engenho em Pernambuco e como a falta de reboco tornou as edificações suscetíveis à ação de
intempéries e como, por outro lado, esse fato também tornava possível a existência de aberturas que
permitiam a passagem de luz e ventilação.[6]

Devido à associação desse sistema às condicionantes locais, o pau a pique foi utilizado de formas
diferentes ao longo do período colonial.[4][1]

Referências
1. «Taipa de mão ou Pau a Pique» (http://www.ecoeficientes.com.br/taipa-de-mao-ou-pau-a-pique/).
Ecoeficientes. Consultado em 7 de junho de 2017
2. «Doença de Chagas: sintomas, transmissão e prevenção» (https://www.bio.fiocruz.br/index.php/d
oenca-de-chagas-sintomas-transmissao-e-prevencao). Fiocruz. Consultado em 7 de junho de
2017
3. admin (6 de junho de 2017). «Taipa da antiguidade até os dias atuais entrelaçando construções»
(https://www.coisasdaroca.com/coisas-antigas-da-roca/taipa.html). Consultado em 30 de março
de 2019
4. OLENDER, Monica (2006). «A técnica do pau a pique: subsídios para a sua preservação.» (http
s://web.archive.org/web/20171108093834/http://www.ppgau.ufba.br/node/537). Programa de Pós-
graduação em Arquitetura e Urbanismo. http://www.ppgau.ufba.br/node/537. Consultado em 20
de setembro de 2017. Arquivado do original (http://www.ppgau.ufba.br/node/537) em 8 de
novembro de 2017
5. «Interiores residenciais recifenses» (https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/7699/1/arquiv
o7629 1 pdf) (PDF) UFPE Consultado em 28 de abril de 2020
o7629_1.pdf) (PDF). UFPE. Consultado em 28 de abril de 2020
6. VAUTHIER, L.L. Casas de Residência no Brasil. In: Arquitetura Civil I. São Paulo: FAU-USP e
MEC-IPHAN,1975, p.1-94 apud OLENDER, Monica (2006). A técnica do pau a pique: subsídios
para a sua preservação.

Ver também
Arquitetura de terra
Arquitetura vernacular
Bioconstrução
Construção de terra

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