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ATIVIDADE AVALIATIVA
Tanto em sua metafísica como ontologia, Leibniz parte de um princípio que ele chama de
mônadas. Estas se constituem como substâncias simples, responsáveis por formar os compostos, e
são os reais elementos das coisas, que não podem ser divididos, seja qual for o modo, tampouco
podem se dissolver. Uma mônada não pode iniciar de forma natural, e o seu fim só pode se dá por
aniquilamento, pois as regras de geração e destruição às quais as demais coisas estão submetidas,
não se aplicam a ela. Essas mônadas são também dotadas de qualidades, já que caso não fossem, as
coisas, que são os seus compostos, seriam indistinguíveis umas das outras. Também, cada mônada é
única em sua composição, e sofre mudanças apenas a partir de princípios internos, pois não pode ser
alterada por causas externas. As mônadas, ou substâncias simples, são a base na qual se assenta a
metafísica de Leibniz, e são em número infinito. É nessas mônadas que está o conceito de
substância leibniziano, que não pode ser material, mas apenas como ideia. Leibniz diz que essas
mônadas, ou ideias, são como uma “espelho vivo e perpétuo do universo”. Os infinitos universos
seriam apenas infinitas percepções das diferentes mônadas, e todo o mundo físico seria composto de
representações das mônadas. Estas, representam o universo por meio da percepção, que não é
estática, pois cada uma possui diferentes grau de perfeição, mas todas tendendo à perfeição da
percepção. Podemos dizer que cada mônada é como uma mente em distintos graus de percepção,
sendo o mais elevado aquele chamado de consciência. Cada uma dessas substâncias são
autossuficientes e independentes entre si, e incapazes de agir uma sobre a outra. Previamente
ordenadas por aquilo que Leibniz chama de harmonia preestabelecida, as mônadas são criadas por
uma substância infinita e perfeita, que abriga em si infinitas representações e percepções daquelas.
Separada das mônadas, e completamente autossuficiente em si mesma, essa substância infinita é
chamada pelo filósofo de Deus.
2 – Apresente em linhas gerais a teoria do conhecimento leibniziana.
Leibniz busca em seu projeto, conciliar pares aparentemente díspares, como mundo natural e
moral, corpo e alma, causa eficiente e final, Platão e Aristóteles, assim como escolástica e
racionalismo cartesiano. A sua busca é por aquilo que ele chama de harmonia, e que investigou em
áreas diversas como: física, matemática e metafísica. Uma de suas sendas era harmonizar um vasto
conhecimento da humanidade por meio de uma enciclopédia universal, o que se deu pelo caráter
polímata das suas investigações. Foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do cálculo
infinitesimal, que fora um reflexo da sua tentativa de sempre procurar explicações sistemáticas e
harmônicas da totalidade das coisas. Para Leibniz, o método consistia menos em raciocinar
adequadamente e mais em buscar a ordem inerente às coisas. Estas, estariam colocadas em uma
realidade toda contínua, inesgotável, mesmo que em suas partes mais ínfimas. Para o pensador, não
há vácuo, e o todo, sem espaço vazio, pode ser dividido em infinitas partes, por isso a extensão não
pode ser compreendida como substância. Esta, por necessidade de ser compreendida como algo
simples, não pode jamais ser concebida em partes, ao passo que a extensão é formada por partes que
se seguem até infinito, seja macro, seja micro. Na contramão de Descartes, Leibniz passa a
diferenciar minuciosamente força e movimento, pois partindo do princípio da continuidade da
realidade, é impossível que haja uma modificação imediata do movimento, como fora formulado
por Descartes, no caso de um corpo que se choca com outro. Essa distinção entre força e
movimento é crucial porque, para Leibniz, o movimento não é algo completamente real, pois
quando corpos interagem entre si, é impossível determinar de qual deles partiu o movimento ou
repouso. Já a força, é algo mais real, porque é atributo do corpo e princípio interno do movimento,
sendo cada corpo dotado de uma força dinâmica em seu interior. Esse raciocínio levará Leibniz da
física à metafísica, pois na medida que a força difere dos atributos corpóreos e geométricos, só pode
ser um princípio metafísico, do qual parte a própria física. A força seria então a primeira enteléquia.
Aqui ele pega o termo emprestado de Aristóteles, para se referir à perfeição de algo que é sempre
atualizado por um movimento intrínseco e próprio. Finalmente, por consequência, Leibniz chega à
substância indivisível, que compõe e agrega a tudo, pois havendo multiplicidade de substâncias,
cada uma autônoma, com movimento próprio, deve haver também aquela da qual todas elas partem
e que é fundamento ordenador desses movimentos individuais, e essa substância é Deus, princípio
de todas as infinitas substâncias simples, ou mônadas.
Descartes propõe uma diferenciação entre as imagens sensíveis e as imagens que estão no
intelecto. Estas últimas seriam as únicas dignas de serem concebidas como ideias verdadeiras. A
realidade objetiva seria uma entidade ou ser da coisa que a ideia representa. Dá-se que a ideia deve
ser uma realidade objetiva da coisa no pensamento. A ideia seria a própria coisa como um conteúdo
do intelecto, mesmo que não conserve a realidade da coisa que representa. Leibniz também vê as
ideias como conteúdo do pensamento. Porém, rompe com Descartes, na medida em que atribui
outro sentido para o aspecto representativa das ideias, pois mesmo que conceba essas como
representações em nossa mente, rejeita que a elas seja atribuído apenas um caráter de imitação.
Leibniz vê a ideia como algo imediato do nosso conhecimento intelectual ou sensível, sendo inata
na alma humana, podendo ser anterior ou posterior aos pensamentos, e atualizando-se cada vez que
é pensada. No mais, Leibniz encara a ideia como ação expressiva da mente.
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, Michel. Qu’est-ce que les Luminières? Magazine Littéraire, n° 207, mai 1984, pp 35-
39. Retirado do curso de 5 de Janeiro de 1983, no Collége de France). Traduzido a partir de
FOUCAULT, Michel. Dits et Écrits. Paris: Gallimard, 1994, Vol. IV, pp. 679-688, por wanderson
flor do nascimento.
KONTIC, Sacha Zilber. Ideia, Imagem e Representação: Leibniz crítico de Descartes e de Locke /
Sacha Zilber Kontic Kontic ;orientadora Tessa Moura Lacerda Lacerda. - SãoPaulo, 2015.