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Erythromachus leguati

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Erythromachus leguati é uma espécie extinta de ave da


família dos ralídeos que era endêmica de Rodrigues, uma ilha Erythromachus leguati
no Oceano Índico a leste de Madagascar. Foi descrita como
tendo uma plumagem cinza, bico e pernas vermelhos, e uma
área sem penas em volta dos olhos também vermelha. O
formato do bico variava de indivíduo para indivíduo,
podendo ser reto ou curvo. Não se sabe se essa diferença era
devido a um dimorfismo sexual ou se é apenas uma variação
individual.

Tinha um comportamento curioso: quando alguém lhe


mostrava um tecido na cor vermelha, a ave reagia com uma
atitude agressiva, atacando o pedaço de pano. Os colonos
aproveitam-se disso para capturar o animal facilmente. Esse
método de caça era similar ao utilizado para pegar a
galinhola-vermelha-de-maurício, uma outra espécie de
ralídeo, igualmente extinto, que é apontado como o "primo"
mais próximo do E. leguati. São tão parecidos que alguns
cientistas propuseram a classificação de ambos num mesmo
gênero, o Aphanapteryx.

Acredita-se que a espécie foi extinta em meados do século


XVIII pela combinação de vários fatores: destruição de Ossos subfósseis encontrados em 1879
habitat, caça pelos colonos e predação por animais
Estado de conservação
introduzidos. François Leguat, abandonado em Rodrigues em
1691, foi a primeira pessoa a fornecer uma descrição da ave.
Seu relato, junto com o de Julien Tafforet (também
abandonado na ilha em 1726), trazem informações sobre a [1]
Extinta (Meados do Séc. XVIII) (IUCN 3.1)
aparência e comportamento da espécie. Essas eram as únicas
fontes sobre o animal até a descoberta de ossos subfósseis Classificação científica
numa caverna em Rodrigues em 1874. Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Índice Ordem: Gruiformes
Taxonomia Família: Rallidae
Evolução Género: † Erythromachus

Descrição Espécie: † E. leguati


Relatos contemporâneos Nome binomial
Comportamento e ecologia Erythromachus leguati
Milne-Edwards, 1874
Extinção
Ver também Distribuição geográfica
Notas

Referências
Bibliografia

Taxonomia
Endêmico da ilha Rodrigues (em destaque)
Sinónimos
Lista

Miserythrus leguati (Newton, 1893)


Aphanapteryx leguati (Günther & Newton,
1879)
Myserythrus leguati Hachisuka, 1953
Desenhos do Didus broeckei e Didus
Erthyromachus leguati Brodkorb, 1967
herbertii (Schlegel, 1854).

Em 1848, o zoólogo inglês Hugh Strickland chamou a atenção para


uma ave mencionada nas memórias do viajante francês François Leguat de 1708 sobre sua estada na ilha
Rodrigues, no arquipélago das Mascarenhas. Leguat se referia a tais aves como "gelinottes", termo que
Strickland achava que remetia ao tetraz da Europa, embora isso não fosse consistente com a forma do bico
descrita por Leguat. Strickland não foi capaz de classificar a ave mais detalhadamente, mas notou semelhanças
com o dodô (Raphus cucullatus) e o kiwi (Apteryx), baseado em aves não identificadas das ilhas Maurício
ilustradas pelos viajantes Pieter van den Broecke e Thomas Herbert, que ele pensou serem relacionadas.
Strickland também observou semelhanças com uma ave de Maurício, que mais tarde seria identificada como a
galinhola-vermelha-de-maurício (Aphanapteryx bonasia).[2][3]

Em 1874, o zoólogo francês Alphonse Milne-Edwards conectou o relato de Leguat com três ossos subfósseis
(um esterno, um tarsometatarso e um crânio fragmentado) encontrados em cavernas da região de Plaine Corail,
em Rodrigues. Ele reconheceu sua semelhança com os da galinhola-vermelha, embora notasse que
supostamente tinha um bico mais reto (conforme descrito por Leguat). Milne-Edwards cunhou o nome
genérico Erthyromachus a partir das palavras gregas eruthros (vermelho) e makhç (batalha), em referência ao
comportamento agressivo da ave em relação a objetos vermelhos, e o epíteto específico leguati para
homenagear Leguat. O termo Erythromachus foi incorretamente explicado como se referindo ao mar da
Eritréia pelo ornitólogo americano Charles Wallace Richmond em 1908.[3][4][5] O nome Miserythrus, de
"vermelho" e "ódio", foi usado pelo ornitólogo inglês Alfred Newton em 1874 (originalmente apenas em um
manuscrito) e também se refere ao comportamento da ave frente à cor vermelha, mas por ser um termo mais
recente, é hoje um sinônimo júnior.[3] Milne-Edwards não selecionou um espécime como holótipo para a
espécie dentre os ossos que pegou emprestado do Museu de Zoologia da Universidade de Cambridge para seu
estudo, mas uma série de síntipos foi listada posteriormente a partir de espécimes da instituição,
presumivelmente por Alfred Newton.[5]

Em 1875, A. Newton também identificou uma referência à ave no relato de 1726 do viajante francês Julien
Tafforet, que havia sido recentemente redescoberto.[6][7] Em 1879, mais fósseis, incluindo crânios, foram
descritos pelos zoólogos Albert Günther e Edward Newton (irmão de Alfred), que confirmaram que a ave era
um ralídeo, e também notaram que alguns espécimes tinham bicos tão curvos quanto os da galinhola-
vermelha.[8] Em 1921, o linguista americano Geoffroy Atkinson questionou a existência da ave, em um artigo
que duvidava da veracidade das memórias de Leguat. O ornitólogo americano James Greenway sugeriu em
1967 que a descrição de Leguat se referia a caimões (Porphyrio) vagantes que chegaram na ilha trazidos por
correntes de ar, uma vez que a palavra cinza às vezes é usada como sinônimo de azul em descrições antigas.[9]
Esta ideia não foi corroborada por outros especialistas.[10] Hoje, é amplamente aceito que as memórias de
[11]
Leguat representam observações confiáveis de aves locais em vida.[11]

Em 1999, a paleontóloga francesa Cécile Mourer-Chauviré e colegas apontaram que um osso de


carpometacarpo atribuído à galinhola-vermelha e ilustrado por Günther e E. Newton em 1879 não pertence a
um ralídeo e, portanto, não pertence a esta ave.[12] Mais subfósseis foram descobertos desde então, incluindo
um esqueleto associado, mas incompleto com um crânio completo e mandíbulas encontrados na caverna Poule
Rouge em 2005.[13][14]

Evolução

Além de ser um "primo" próximo da galinhola-vermelha-de-maurício, o


parentesco do Erythromachus leguati permanece incerto e os dois são
comumente listados em gêneros separados, Aphanapteryx e Erythromachus;
mas alguns cientistas já os agruparam como espécies de Aphanapteryx.[15]
Edward Newton e Albert Günther foram os primeiros a classificar as duas
espécie num mesmo gênero, em 1879, devido as suas similaridades
esqueléticas.[16] Em 1945, o paleontólogo francês Jean Piveteau escreveu que
as características do crânio das duas espécies eram diferentes o suficiente para
separação genérica e, em 1977, o ornitólogo americano Storrs L. Olson
afirmou que embora as duas espécies fossem semelhantes e derivassem da
mesma linhagem, também tinham divergido consideravelmente e deviam ser Pintura de uma galinhola-
mantidos separados. Com base na localização geográfica e na morfologia dos vermelha-de-maurício, por
Hoefnagel (c. 1610), ave
ossos nasais, Olson sugeriu que eles estavam relacionados aos gêneros
parecida com E. leguati.
Gallirallus, Dryolimnas, Atlantisia, e Rallus.[3] O ornitólogo americano
Bradley C. Livezey não foi capaz de determinar as afinidades da galinhola-
vermelha-de-maurício e de E. leguati em 1998, afirmando que parte das características que os uniam a alguns
outros ralídeos estavam associadas à perda de voo ao invés da descendência comum. Ele também sugeriu que
o agrupamento daquelas duas espécie no mesmo gênero pode ter sido influenciado por sua distribuição
geográfica.[17] Mourer-Chauviré e colegas também consideraram os dois como pertencentes a gêneros
separados.[12]

Os ralídeos alcançaram muitos arquipélagos oceânicos, o que frequentemente os levava à especiação e


evolução para a perda da capacidade de voar. De acordo com os pesquisadores britânicos Anthony Cheke e
Julian Hume em 2008, o fato de E. leguati ter perdido grande parte da estrutura de suas penas indica que ficara
isolado por muito tempo. Esses ralídeos podem ter origem asiática, como muitas outras aves das
Mascarenhas.[15] Em 2019, Hume defendeu a distinção dos dois gêneros e citou a relação entre as extintas
coruja-de-maurício e coruja-de-rodrigues como mais um exemplo dos caminhos evolutivos divergentes nessas
ilhas. Ele afirmou que a relação da galinhola-vermelha-de-maurício e de E. leguati era mais obscura do que a
de outros ralídeos extintos das Mascarenhas, com muitas de suas características distintas relacionadas à falta de
voo e modificações em suas mandíbulas devido à dieta, sugerindo um longo período de isolamento. Sugeriu
ainda que seus ancestrais poderiam ter chegado às Mascarenhas durante o Mioceno médio, no mínimo, mas
pode ter acontecido mais recentemente. A velocidade com que essas características evoluíram também pode ter
sido afetada pelo fluxo gênico, disponibilidade de recursos e eventos climáticos. A ausência de voo pode
evoluir rapidamente nos ralídeos, às vezes repetidamente dentro dos mesmos grupos, como em Dryolimnas,
então a distinção entre aquelas duas espécies pode não ter demorado muito para evoluir; alguns outros ralídeos
especializados evoluíram em menos de 1 a 3 milhões de anos. Hume sugeriu que os dois ralídeos
provavelmente estavam relacionados a Dryolimnas, mas sua morfologia consideravelmente diferente tornou
difícil estabelecer como isso ocorreu. Em geral, os ralídeos são adeptos da colonização de ilhas e podem se
tornar incapazes de voar em algumas gerações em ambientes sem predadores, mas isso também os torna
vulneráveis às atividades humanas.[5]
Descrição
O Erythromachus leguati era um ralídeo com cerca de 35 cm de
comprimento, menor que a galinhola-vermelha-de-maurício, mas com
asas proporcionalmente mais longas. Ele pode ter pesado pelo menos
500 gramas.[5] Os restos subfósseis exibem uma grande variação no
tamanho, o que pode refletir a existência de dimorfismo sexual. Tinha
plumagem cinza brilhante, talvez salpicada de branco. O bico e as
pernas eram vermelhos e tinha uma área nua e vermelha ao redor dos
olhos. Seu crânio era ligeiramente alongado, convexo em todas as
direções e comprimido de cima para baixo em vista lateral. O crânio
tinha um tamanho intermediário entre os ralídeos das Mascarenhas,
com 3,8 cm de comprimento e 2 cm de largura. Ele tinha uma região Reconstituição da espécie por
frontal estreita e longa, com 6,5 mm em sua largura mínima.[16][5][13] Frederick Frohawk (1907) com base
num esboço antigo e na descrição.
O bico era longo e curvado para baixo como o da galinhola-vermelha, Olson considerou a imagem "um
mas as aberturas das narinas eram mais longas. O pré-maxilar, que tanto fantasiosa".[3]
compreendia a maior parte do bico superior, era longo, pouco
profundo em vista lateral, com osso nasal estreito, e seu comprimento
total era quase 60% maior que o crânio. O colmo do bico ficava quase reto acima da narina, e o osso nasal era
um pouco mais longo que o crânio. O bico tinha até 7,7 cm de comprimento, a mandíbula inferior até 9,8 cm
de comprimento e 8 mm em sua maior profundidade. A abertura nasal (narina) era muito longa, 66% do
comprimento do rostro. Havia forames (aberturas) no bico superior, que não se estendiam até a borda frontal
da abertura nasal. A mandíbula era longa e estreita, terminando em uma ponta aguda, com o comprimento da
sínfise mandibular (área onde as metades da mandíbula se encontram) sendo cerca de 65% do comprimento do
crânio. A mandíbula tinha forames grandes e profundos, que se estendiam quase até um sulco profundo no
centro da mandíbula.[5][16] Günther e Newton afirmaram que os bicos examinados variavam muito em
tamanho e forma; alguns espécimes tinham bicos curtos e quase retos, enquanto outros tinham bicos muito
mais longos (até um terço mais longos) que eram proeminentemente curvos. Esses especialistas não tinham
certeza se isso estava relacionado ao tamanho total de uma ave individual ou ao dimorfismo sexual.[16] Livezy
não foi capaz de confirmar a ideia de que as diferenças nos bicos refletiam dimorfismo em 2003, mas achou
provável. Hume examinou todos os bicos superiores disponíveis em 2019, mas não encontrou diferenças na
curvatura.[5]

Os ossos associados aos membros anteriores eram geralmente pequenos em proporção à ave. A escápula era
pequena e estreita, com 4,5 cm de comprimento. O coracoide era curto, mas largo, e o esterno também era
pequeno. O úmero era muito pequeno, seu eixo era curvo de cima para baixo e variava de 4,5 a 5 cm. O rádio
e a ulna (ossos do antebraço) eram curtos, e este último era fortemente arqueado de cima para baixo, variando
de 3,7 a 4,2 cm. A pelve era grande e fortemente construída em proporção ao tamanho da ave, tinha 5,7 mm
de comprimento, 2 cm de largura na frente e 3,6 cm no dorso. Os elementos dos membros posteriores eram
geralmente muito robustos. O fêmur (osso da coxa) era muito robusto, com um eixo curvo e variando de 5,6 a
6,3 cm de comprimento. O tibiotarso (osso da perna) era curto, mas robusto, e variava de 8,4 a 10,1 cm. A
fíbula também era curta e robusta. O tarsometatarso era curto, mas muito robusto, variando de 5,2 a 6,0 cm de
comprimento.[5][16] As proporções das pernas, pelve e sacro de E. leguati e da galinhola-vermelha eram
geralmente semelhantes.[16][18] E. leguati diferia da galinhola-vermelha por ter um crânio mais largo e curto,
narinas mais longas e inferiores, um úmero proporcionalmente mais longo, um fêmur mais curto e robusto,
bem como uma plumagem consideravelmente diferente, com base nas primeiras descrições.[3][12] O ornitólogo
holandês Marc Herremans sugeriu em 1989 que essas duas espécies eram neotênicas, com características
juvenis como aparatos peitorais fracos e plumagem felpuda.[19]

Relatos contemporâneos
O Erythromachus leguati foi mencionado pela primeira vez por
François Leguat em seu livro de memórias de 1708, A New Voyage to
the East Indies. Leguat era o líder de um grupo de nove huguenotes
franceses refugiados; o grupo, pioneiro na colonização de Rodrigues,
viveu na ilha entre 1691 e 1693, depois que foram abandonados lá
por seu capitão.[10][20][21] As observações de Leguat são
consideradas algumas das primeiras descrições coesas de
comportamento animal na natureza.[15] Ele descreveu a ave da
seguinte maneira:
Mapa de Rodrigues feito por Leguat.
Seu assentamento está marcado no
Nossas galinhas são gordas durante todo o ano e de um nordeste da ilha.
sabor mais delicado. Sua cor é sempre de um cinza
brilhante, e há muito pouca diferença na plumagem entre
os dois sexos. Elas escondem seus ninhos tão bem que
não conseguimos encontrá-los, e, consequentemente, não
provamos seus ovos. Têm uma área nua e vermelha ao
redor dos olhos, seus bicos são retos e pontiagudos, com
cerca de dois e dois quintos de polegada de
comprimento, e vermelhos também. Elas não podem
voar, sua gordura faz com que fiquem pesadas demais
para isso. Se você mostrar-lhes qualquer coisa vermelha,
elas ficam tão irritadas que vão pra cima de você para
tentar arrancar de sua mão, e no calor do combate temos
a oportunidade de pegá-las com facilidade.[22][nota 1]

Outra descrição da aparência e comportamento da ave é encontrada num documento anônimo chamado
Relation de l'Ile Rodrigue, que foi redescoberto em 1874 e atribuído a Julien Tafforet, que, em 1726, também
foi abandonado em Rodrigues:

Existe uma espécie de ave, do tamanho de uma galinha jovem, que tem o bico e pés vermelhos.
Seu bico é um pouco parecido com o de um maçarico, exceto por ser um pouco mais grosso e
não tão longo. Sua plumagem é manchada com branco e cinza. Eles geralmente se alimentam de
ovos de tartarugas terrestres que encontram no solo, o que as torna tão gordas que muitas vezes
têm dificuldade para correr. Elas são muito boas para comer, e sua gordura tem uma tonalidade
vermelha amarelada, que é excelente para as dores. Têm pequenos pinions [asas], sem penas, o
que explica o porquê de não poderem voar; mas, por outro lado, elas correm muito bem. Seu grito
é um assobio contínuo. Quando elas vêem qualquer pessoa que as persegue produzem outro tipo
de barulho, parecido com o de uma pessoa com soluços.[5][nota 2]

Ao contrário da galinhola-vermelha e de outras aves extintas das ilhas Mascarenhas, o Erythromachus leguati
não foi ilustrado por artistas da época. O ornitólogo Storrs L. Olson qualificou como "fantasiosos" os desenhos
feitos para os livros Extinct Birds (1907), de Walter Rothschild, e The Dodo and kindred birds (1953), de
Masauji Hachisuka.[23] O artista inglês Frederick William Frohawk, que fez a ilustração para a obra de
Rothschild, baseou sua restauração numa antiga gravura, que por sua vez teve como modelo um esboço do
século XVII de Thomas Herbert. Sabe-se hoje que tal esboço retrata uma galinhola-vermelha.[3][22] Hermann
Schlegel pensou, erroneamente, que a imagem mostrava um tipo de dodô que vivia em Rodrigues (batizando-o
de Didus herbertii em 1854) e que era essa a ave mencionada por Leguat.[24]
Comportamento e ecologia
Segundo o relato de Tafforet, Erythromachus leguati se alimentava de
ovos das já extintas tartarugas gigantes Cylindraspis, das quais três
espécies viviam em Rodrigues. Por aproveitar sua época de reprodução,
Hume considerou a ave um predador oportunista, que talvez também se
alimentasse de tartarugas recém-nascidas. Uma antiga área de reprodução
de tartarugas em Plaine Corail mostra que locais desse tipo estavam
concentrados em uma pequena área contendo um grande número de
ovos; o osso da falange de um E. leguati foi encontrado entre os restos de
ovos. Os ralídeos teriam engordado sazonalmente, mas em outras épocas
do ano, provavelmente se alimentavam de caracois e diversos
invertebrados, bem como de colônias de aves marinhas necrófagas. A
ave provavelmente se alimentava de vermes, como Kontikia whartoni e o
já extinto Geonemertes rodericana, sondando a serapilheira ou a madeira
apodrecida. O dimorfismo sexual pode ter refletido diferenças na dieta
entre os sexos.[5] Suas vocalizações eram um assobio contínuo, e tinha
um chamado (som de alarme) staccato parecido com um soluço.[7] Desenho dos primeiros ossos
encontrados da espécie.
Como Leguat não conseguiu localizar seus ninhos, a ave pode ter se
aninhado fora da floresta aberta facilmente acessível, como era típico em
áreas costeiras e de várzea, e aninhado profundamente em vales florestados ou colinas montanhosas do
interior, segundo Hume. Seus ninhos podem ter ficado bem escondidos na vegetação do solo, como é o caso
de outros ralídeos que não voam. Assim como a galinhola-vermelha-de-maurício, relatos apontam que E.
leguati também era atraído pela cor vermelha, mas o significado disso é desconhecido.[10] Leguat escreveu
que eram caçadas com um método semelhante ao utilizado em Maurício para pegar as galinholas-vermelhas de
lá: um pedaço de pano vermelho era mostrado às aves, que reagiam com um comportamento agressivo,
saltando sobre o pano e tentando destruí-lo. Esse comportamento levou Hume a chamá-la de "espécie
agressiva".[5] De acordo com Milne-Edwards, a ave tinha pernas "feitas para correr".[22]

Muitas outras espécies endêmicas de Rodrigues tornaram-se extintas após a chegada do homem, de modo que
o ecossistema da ilha está fortemente danificado. Antes da vinda dos humanos, as florestas cobriam a ilha por
completo, mas muito pouco resta hoje devido ao desmatamento. O Erythromachus leguati viveu ao lado de
outras aves recentemente extintas, como o solitário-de-rodrigues, o papagaio-de-rodrigues, o periquito-de-
rodrigues, o estorninho-de-rodrigues, a coruja-de-rodrigues, a garça Nycticorax megacephalus, e o pombo-de-
rodrigues. Répteis extintos incluem as tartarugas gigantes Cylindraspis peltastes e C. vosmaeri, e o lagarto
Phelsuma edwardnewtoni.[15]

Extinção
Muitos ralídeos terrestres não voam, e as populações das ilhas são particularmente vulneráveis aos impactos
ambientais causados pelo homem; como resultado, os ralídeos sofreram mais extinções do que qualquer outra
família de aves. Todas as seis espécies endêmicas de ralídeos das ilhas Mascarenhas estão extintas devido à
ação humana. Por pelo menos um século, E. leguati pode ter coexistido com ratos, que talvez tenham sido
introduzidos por um grupo de marinheiros de um navio holandês abandonado lá em 1644. Embora os ratos
estivessem bem estabelecidos e numerosos na época em que Leguat e Tafforet permaneceram na ilha, os
ralídeos também continuaram comuns, talvez devido a sua natureza agressiva.[5] Os franceses começaram a
colonizar Rodrigues em 1735 (para fornecer às ilhas Maurício carne de tartaruga), o que deve ter afetado os
ralídeos com a caça e o desmatamento, mas seu rápido desaparecimento foi provavelmente causado por gatos
a deos co a caça e o des ata e to, as seu áp do desapa ec e to o p ovave e te causado po gatos

introduzidos para controlar os ratos por volta de 1750, e a espécie pode ter sido extinta em apenas uma
década.[5] Em 1763, o astrônomo francês Alexandre Guy Pingré notou a ausência desta e de outras aves em
Rodrigues na época de sua visita para observar o trânsito de Vênus em 1761:

Não ouvi falar nem de gélinottes [E. leguati], nem de butors [Nycticorax megacephalus], nem de
alouettes [pequenas aves limícolas], nem de bécassines [cagarras ou petréis]; pode ter havido
alguns na época de François Leguat, mas eles se retiraram de suas casas ou, mais provavelmente,
as raças não sobrevivem mais, pois a ilha foi povoada por gatos.[5][nota 3]

Ver também
Lista de aves extintas

Notas
1. Tradução livre de: "Our 'gelinotes' are fat all the year round and of a most delicate taste. Their
colour is always of a bright grey, and there is very little difference in plumage between the two
sexes. They hide their nests so well that we could not find them out, and consequently did not
taste their eggs. They have a red naked area round their eyes, their beaks are straight and
pointed, near two and two-fifths inches long, and red also. They cannot fly, their fat makes them
too heavy for it. If you offer them anything red, they are so angry they will fly at you to catch it out
of your hand, and in the heat of the combat we had an opportunity to take them with ease.".
2. Tradução livre de: "There is another kind of bird, the size of a young hen, which has the beak
and legs red. Its beak is roughly like that of a curlew, except that it is a little deeper and not quite
so long. Its plumage is mottled with white and grey. They generally feed on the eggs of the land
tortoises, which they take from the ground, and makes them so fat that they often have difficulty
running. They are very good to eat, and their fat is of a yellowish-red, which is excellent for
pains. They have small pinions [wings], without feathers, so they cannot fly; but on the contrary,
they run very well. Their cry is a continual whistling. When they see somebody pursuing them
they produce another sort of noise from their bodies, like that of a person who has hiccups and
with the stomach tensed.".
3. Tradução livre de: "I heard said of neither gélinottes [Rogrigues rail], nor butors [Rodrigues
night heron], nor alouettes [small waders], nor bécassines [shearwaters or petrels]; there may
have been some at the time of François Leguat, but they have either retreated from their homes
or, more likely, the races no longer survive, since the island has been populated with cats.".

Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em inglês, cujo título é «Rodrigues
rail», especificamente desta versão (https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Rodrigues_rail&
oldid=996019657).

Referências
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1. BirdLife International (2012). Erythromachus
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