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Representação comercial:formasdeatuaçãoetributação

Publicado em Terça, 28 Maio 2013 21:29

Esse artigo visa demonstrar juridicamente como atuar na representação


comercial, como contratar representantes comerciais e a aborda a respectiva
tributação.

A Lei n. 4.886, de 9 de dezembro de 1965 regulamenta as atividades dos


representantes comerciais.

“Art. 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a


pessoa física, sem relação de emprêgo, que desempenha, em caráter não
eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de
negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, transmití-los aos
representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos
negócios.”

O representante comercial atua na intermediação da compra e venda de


mercadorias. Desta forma, o representante comercial não possui a mercadoria.
Ele faz a venda (agencia o pedido), transmite o pedido para a representada, a
representada entrega o produto diretamente ao comprador com a nota fiscal de
venda (circulação de mercadorias - ICMS). O comprador pagará para a
representada (fornecedora da mercadoria) e a representada pagará a comissão
acordada ao representante comercial.

Ex. Pedido de R$ 10.000,00


Comissão de 5% = R$ 500,00

Caso o comprador pague em parcelas mensais, a comissão também será paga


ao representante parceladamente.

O representante comercial poderá atuar:


Como representante comercial autônomo (pessoa física); ou 
Constituir uma empresa de representação comercial (pessoa jurídica ou a ela
equiparada).
Em ambos os casos é necessário ter o Registro no Conselho Regional dos
Representantes Comerciais do respectivo Estado. Em São Paulo é o
CORCESP - Conselho Regional dos Representantes Comerciais do Estado de
São Paulo acesse http://www.corcesp.com.br .

Informações sobre o registro, taxa, sindicato e anuidade,


consulte:http://www.corcesp.com.br/registroInicial.asp

O que é melhor, ser autônomo (CPF) ou empresa de representação comercial


(CNPJ)?

A resposta para essa pergunta dependerá de um bom planejamento. Um dos


fatores a ser considerado é a receita bruta do representante comercial.
Dependendo da receita bruta mensal (comissões sobre vendas) poderá ser
mais vantajoso ter uma empresa de representação do que ser representante
comercial autônomo pessoa física. Outros fatores, como por exemplo, atuação
em sociedade, responsabilidade civil, sucessão, elemento de empresa,
também são muito importantes e devem ser considerados para a tomada de
decisão.
Autônomo

O Autônomo é pessoa física e assim é tributado:

IRPF - Tabela Progressiva do IR 


Tabela Progressiva para o cálculo mensal do Imposto sobre a Renda da
Pessoa Física para o exercício de 2014, ano-calendário de 2013. 
Base de cálculo mensal Alíquota Parcela a deduzir do imposto
em R$  %  em R$ 

Até 1.710,78     

De 1.710,79 até 2.563,91  7,5  128,31 

De 2.563,92 até 3.418,59  15,0  320,60 

De 3.418,60 até 4.271,59  22,5  577,00 

Acima de 4.271,59  27,5  790,58 

INSS - 11% sobre o valor do recibo (comissão) respeitando o teto do salário de


contribuição previdenciária mensal, hoje em R$ 4.159,00, conforme a Portaria
Interministerial MPS/MF nº 15, de 10 de janeiro de 2013.
Exemplo: Comissão no mês X de R$ 5.000,00, pagará 11% de INSS
calculados sobre o teto R$ 4.159,00.

ISS - conforme o Município – Geralmente com base de cálculo presumida –


resultando em valor fixo pago trimestralmente - Consulte na Prefeitura
Municipal da sua Cidade.

Autônomo deve fazer o registro de autônomo na Prefeitura Municipal da sua


Cidade, em São Paulo denomina-se CCM – Cadastro de Contribuintes
Mobiliários.

O Registro de Autônomo é feito pela internet gratuitamente na Cidade de São


Paulo. No portal, www.prefeitura.sp.gov.br, em CCM – Inscrição. Preencher o
formulário (FDC) imprimi-lo e levar à Prefeitura Municipal (Subprefeitura).

OBS.: Antes de registrar-se na Prefeitura Municipal como representante


comercial autônomo, deverá ser representante. Portanto, registrar-se no
CORCESP e depois na Prefeitura.

A Empresa que remunerar o representante autônomo deverá fornecer o recibo


de pagamento (RPA - Recibo de Pagamento de Autônomo). Discriminará o
valor pago e as retenções de IR e INSS. Deverá repassar os tributos retidos ao
Fisco em nome do autônomo, fornecendo-lhe o comprovante.

A Empresa que remunerar o autônomo pagará 20% sobre o valor da


remuneração ao INSS (CPP - Contribuição Patronal Previdenciária). Esse é o
encargo da empresa.

OBS.: Caso a empresa contratante (representada) seja optante pelo Simples


Nacional, com tributação pelos Anexos I, II, III ou V, não pagará a Contribuição
Patronal Previdenciária de 20% sobre o valor da remuneração do autônomo,
pois, já recolhe a CPP através do Simples Nacional.

Esse encargo do tomador de serviços do autônomo (CPP) é um dos motivos


pelos quais as empresas não optantes pelo Simples Nacional não contratam
autônomos, preferindo empresas de representação comercial.
Empresa de Representação Comercial

O representante comercial poderá atuar individualmente (sem sócios) ou em


Sociedade (com sócios). A responsabilidade dos sócios pode ser limitada ao
capital social ou ilimitada, conforme a natureza jurídica da empresa
(Empresário, EIRELI, Sociedade Limitada, etc.).

A empresa que atua na representação comercial não pode ser optante pelo
pagamento dos tributos na forma do Simples Nacional, conforme o inciso XI do
artigo 17 da Lei Complementar n. 123/2006.

Desta forma, a tributação será no regime denominado Lucro Real ou Lucro


Presumido. A escolha do regime depende de planejamento tributário. Porém,
comumente, as prestadoras de serviços de representação comercial, optam
pelo Lucro Presumido, devido à tributação, geralmente menor, como também
pela simplicidade e praticidade no cumprimento das obrigações tributárias
principais e acessórias.

Tributação no Lucro Presumido sobre a receita bruta – Explicação simplificada,


sem considerar o adicional de IR sobre a parcela do lucro que exceder à R$
60.000,00 no trimestre:

IRPJ: 4,80% 
CSLL: 2,88%
COFINS: 3,00%
PIS: 0,65%
+
ISS (2% a 5%) conforme o município

Tributação sobre a folha de pagamento/salários:


INSS (CPP) 20% sobre a remuneração mensal:
• Empresário/Sócio = Prolabore
• Empregados = Salários
• Autônomos = Remuneração (RPA)

Caso tenha empregados, além da CPP, a empresa pagará mensalmente sobre


o salário dos empregados:
Contribuição a Terceiros: 5,80% 
SAT – 1%, 2% ou 3% conforme o risco de acidente de trabalho.
A Empresa de Representação comercial emitirá nota fiscal ou outro documento
conforme orientação da Prefeitura Municipal da respectiva Cidade.

O Representante Comercial não é empregado da Representada. Deve atuar


com autonomia e independência, ou seja, não deve estar subordinado ao poder
de direção da Representada contratante. Portanto, a empresa não deve dirigir,
controlar, disciplinar a atividade do Representante Comercial, sob pena de
reconhecimento do vínculo empregatício.

É importante a leitura da Lei n. 4.886/1965 que regulamenta a atividade do


representante comercial para conhecer todos os deveres e direitos
estabelecidos na representação comercial, como a indenização devida no caso
de dispensa sem justa causa, foro de eleição, prazo para pagamento, etc..

Recomenda-se contratar a representação comercial por escrito, através de


contrato de representação comercial, discriminado as partes, as mercadorias
objeto da representação, o território de atuação do representante, o valor da
comissão, o prazo e a forma de pagamento, obrigações das partes,
exclusividade ou não, prazo de duração, prazos para recusa de pedidos,
multas por descumprimento do contrato, foro de eleição, entre outras cláusulas
essenciais.
Assista ao vídeo do SEBRAE-SP - Série Gestão na Prática – Gestão na prática
- Contratação de representantes comerciais - legendado

Referências:
Lei n. 4.886, de 9 de dezembro de 1965;
Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006;
Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 
Lei n. 11.482, de 31 de maio de 2007;
Lei nº 12.469, de 26 de agosto de 2011
Resolução CGSN n. 94, de 29 de novembro de 2011;
Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995;
Decreto n. 3000, de 26 de março de 1999;
Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991;
Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998;
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988;
Portaria Interministerial MPS/MF nº 15, de 10 de janeiro de 2013.
Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003;
Resolução CONFERE n. 335, de 13 de abril de 2005;
http://www.prefeitura.sp.gov.br
http://www.corcesp.com.br
http://www.inss.gov.br

 
Autor: Silvio Vucinic
Consultor Jurídico do SEBRAE-SP
INCLUSÃO DO REPRESENTANTE COMERCIAL NO
SIMPLES.
25/01/2012
Em razão de decorrentes questionamentos sobre a possibilidade ou não de uma empresa que
contenha em seu ramo de atividade a Representação Comercial poder optar pelo Simples Nacional,
tecemos algumas considerações jurídicas sobre o tema, na medida em que a EMPRESA possui em
seu quadro de "parceiros" empresas de Representação Comercial (ou Agentes).

Por força do inciso XI do art. 17 da Lei Complementar nº. 123/2006 (Lei Geral das Micro e Pequenas
Empresas), a atividade de Representação Comercial está impedida de optar pelo Simples Nacional.

"Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a
microempresa ou a empresa de pequeno porte:

XI - que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual,
de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada
ou não, bem como a que preste serviços de instrutor, de corretor, de despachante ou de qualquer tipo
de intermediação de negócios;"

Pelo texto legal, a Representação Comercial (Agente) está impedida de optar pelo simples por dois
fatores, quais sejam:

- Profissão regulamentada: com a Lei nº 4.886/65, a representação comercial (ou agência) ganhou o
status de atividade profissional regulamentada, criando-se um Conselho Federal e Vários Conselhos
Regionais, aos quais se confiou a fiscalização do exercício da profissão;

- Intermediação de negócios: de acordo com o Art. 1º da Lei 4.886/65 (Legislação Especial -


Regulamenta e Atividade da Representação comercial) o conceito jurídico de Representação
Comercial enquadra esta atividade a intermediação de negócios:

"Art. 1º - Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem
relação de emprego, que desempenha, em caráter não-eventual por conta de uma ou mais pessoas, a
mediação para realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para transmiti-los
aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios'.

Cumpre ressaltar, ainda, que a Lei Complementar nº. 139/2011 (antes, Projeto de Lei 77/2011), cuja
ementa é "altera dispositivos da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, e dá outras
providências." alterou apenas os artigos 4o, 9o, 16, 18-B, 18-C, 21, 24, 26, 29, 32, 33, 34 e 39 da Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, ou seja, o art. 17 da lei 123/2006 continua
inalterado.

Ainda cabe esclarecer que a atividade identificada pelo Código 6399200, cuja descrição do objeto é:
"levantamento de informações do comércio realizados por contrato ou comissão", enquadrada no
SIMPLES, não tem a mesma natureza jurídica da atividade de Representação Comercial/Agência,
com ela não podendo se confundida ou comparada.
Portanto, se entre os Representantes que tiver alguma empresa que esteja se denominando
enquadrada no SIMPLES, é necessário imediata correção, pois a atividade de Representação
Comercial ou Agência, como visto, não pode optar pelo SIMPLES.

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