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HANSENÍASE
HANSENÍASE
Transmissão: inalatória (contato principalmente por vias aéreas superiores). Não se pega com o toque.
Com o tratamento não há transmissão!
Epidemiologia:
Brasil: doença endêmica, 2º país do mundo com mais casos, perdendo apenas Índia
o Vitória da Conquista: endêmico para hanseníase em crianças
o Maranhão: 44,94% de detecção (maior índice)
o Bahia: 17º lugar entre os estados brasileiros e o 5º lugar entre os estados nordestinos em
incidência de casos novos
o Centro de referência de Hanseníase: VC, Salvador ...
Atinge pessoas de todas as idades, ambos os sexos.
Fatores de risco: baixo nível socioeconômico, aglomeração, suscetibilidade genética
Doença de Notificação compulsória.
Avaliação de contatos: pessoas que convivem com o pct nos últimos 5 anos
Exame dermato e neurológico (palpação de nervos – radial, ulnar, mediano, fibular e tibial)
Acompanhar por 5 anos (1x ao ano)
Encaminhar os contatos para vacinação BCG (acelera o aparecimento da doença, quem possui o
bacilo encubado): média de 6 meses para aparecer a doença
o Sem cicatriz de BCG: fazer 1 dose
o 1 cicatriz: faz 1 dose
o 2 cicatrizes: não faz nenhuma
Forma Paucibacilar (até 5 lesões e/ou 1 nervo comprometido – difícil diagnóstico, pois há menos
manifestações/ forte resposta Th1)
o Forma indeterminada (HI)
Lesões hipocrômicas, mal delimitadas, que não coçam, não aderem, não doem, não
desaparecem; hipoanestesíca (perca apenas da sensibilidade térmica)
Não há alteração de pelo
Alteração das glândulas sudoríparas: mancha “ressecada”
Geralmente única e pequena
Baciloscopia: negativa
o Forma tuberculóide (HT):
Lesão placar eritematosa, com bordas bem definidas e constituída de pequenos
tubérculos/pápulas
Alteração de sensibilidade: anestésica ou hipoestesia
Não descama, não coçam, não dói, geralmente única (acometimento de tronco
neural único)
Faz muita neurite, neurite incapacitante em decorrência da resposta do sistema
imunológico (a que mais deixa sequela: mãe em garra, perda de força)
Hanseníase nodular infantil (lesão no rosto): é um tipo de tuberculoide, que
acomete crianças que convivem com pcts que tem hanseníase virchowiana
Forma multibacilar (> 5 lesões e/ou > 1 nervo comprometido)
o Forma Dimorfa (HD):
Múltiplas lesões, lesões variadas e grandes
Caracterizada por lesões hipocrômicas múltiplas e/ou lesões placares eritemato-
infiltradas com bordas externas imprecisas e centro hipocrômico, ditas foveolares
(mal delimitadas por fora e bem delimitadas por dentro)
As lesões também podem ser esbranquiçadas (hanseníase dimorfa hipocromiante)
Baciloscopia positiva (dimorfo virchowiana) ou negativa (dimorfo – dimorfo)
o Forma Virchowiana (HV):
Facie leonina (infiltração de face); madarose (extremidade p/ o centro), infiltrado.
Geralmente não tem mancha, mas há múltiplos nódulos / pápulas.
Hansenoma (tem muito bacilo): orelhas, mãos, pernas
Sinais de infiltração: dobras com poucas rugas, movimento da pele em bloco;
aspecto cutâneo de casca de laranja por infiltração e dilatação dos poros; aumento
dos lobos das orelhas.
Baciloscopia positiva / Pode biopsiar tb que vai apresentar bacilos da Hansen
OBS.: macrófagos ricos em bacilos de Hansen são chamados células de Virchow e caracterizam a forma
virchowiana da hanseníase
Aspectos cutâneos:
Aspectos neurológicos:
Distúrbios subjetivos:
o Parestesias (sensações anormais) ou disestesias: queimação, ferroadas, choques,
formigamentos. Mais intensa à noite e ao frio
o Dores nevrálgicas: neurite (quadro reacional)
Distúrbios Objetivos:
o Alteração se sensibilidade superficial
o 1º sensibilidade a perder: térmica, depois dolorosa e tátil.
Sensibilidade central é perdida primeiro.
Teste de sensibilidade térmica: tubos de ensaios com água aquecida e fria ou
instrumento metálico gelado e aquecido. Tempo de permanência com o objetivo
na pele é o tempo de dizer “1001”
Teste de sensibilidade dolorosa: utiliza-se objeto pontiagudo
Teste de sensibilidade tátil: estesiômetro; mecha de algodão, papel dobrado, fio
dental
Alterações motoras: decorrente da paralisia do nervo, gerando amiotrofia, diminuição ou perda da
força muscular
Alopecia (madarose): destruição do nervo que estimula o musculo eretor do pelo, causa
enfraquecimento do pelo.
Ictiose: destruição dos nervos simpáticos responsáveis pela sudorese (glândulas sudoríparas), causa
uma desidratação da epiderme. Ausência de suor.
OBS.: Hanseníase Neural Primária = PRESENÇA de um déficit neurológico e espessamento neural (com o
sem sensibilidade) na AUSÊNCIA de lesão cutânea. >> PAUCIBACILAR (baciloscopia negativa)
Nervos acometidos:
o Facial: fechar os olhos (lagoftalmia: leva ao ressecamento do olho); elevar as sobrancelhas,
buscando assimetria;
o Trigêmeo: aplicar fio dental sobre o quadrante inferior externo da íris observando o reflexo
de piscar (ocorre de maneira lenta ou está ausente na hanseníase)
o Auricular: pode estar espessado
o Palpação: Radial, ulnar, mediano, tibial posterior e fibular comum
Buscar: espessamento, choque, dor e assimetria
OSB.: As manifestações da hanseníase se caracterizam pela constatação de áreas de hipoestesias e/ou
anestesias circunscritas por áreas normoestésicas, estabelecendo um padrão quase que exclusivo da
hanseníase pelo acometimento neural intradérmico ramuscular inicialmente.
Manejo:
Notificação compulsória
Solicitar baciloscopia ou raspado dérmico: exame negativo não exclui diagnóstico clínico
Solicitar exames complementares (HMG e perfil hepático)
Realizar avaliação neurológica simplificada e grau de incapacidade: avaliar a cada 3 meses até a alta
por cura
Tratar
Exames complementares:
Dapsona e Rifampicina – paucibacilar (6 meses/ até 9 meses) – ADULTO (criança = metade da dose)
Dapsona, rifampicina e clofazimina (multibacilar) – multibacilar (12 meses/até 18 meses) – Criança:
metade da dose
Fármacos:
Rifampicina: altamente bactericida: uma dose mensal elimina quase todos os bacilos. Vida média:
2-3 horas
Dapsona e Clofazimina: pouco bactericidas isoladamente, mas associados eliminam quase todos os
bacilos em 3 meses. Dapsona vida média: 1-2 dias. Clofazimina vida média: cerca de 70 dias
TTO ambulatorial: interrompe a cadeia de transmissão; diminui a taxa de recidiva; diminui carga bacilar
Rifampicina
Teratogenicidade.
Neuropatia periférica (sensitiva e motora periférica proximal).
OBS.: Na suspeita de efeitos adversos graves aos medicamentos da PQT, o esquema terapêutico necessita
ser suspenso, com imediato encaminhamento da pessoa para avaliação em serviço de referência para
realização de exames laboratoriais complementares e prescrição da conduta adequada.
Os efeitos mais graves estão relacionados à dapsona e, em geral, ocorrem nas primeiras 6 semanas
ou primeiros meses de tratamento.
Exames laboratoriais: recomendados no início do tratamento e quando há suspeita de efeitos adversos aos
medicamentos e/ou nos episódios reacionais
Hemograma, urina tipo I, parasitológico de fezes, glicemia, avaliação bioquímica renal e hepática,
eletrocardiograma.
Reações Hansênicas:
Quadros agudos inflamatórios provocados por alterações imunológicos que podem ser
desencadeados ou exacerbados por infecção, estresse físico ou emocional, cirurgias, internações,
vacinação, gestação e outras situações.
Podem ocorrer antes, durante e após término da PQT quando ocorrem no curso da PQT, esta
deve ser mantida, associada aos TTOs específicos para as reações.
Tipo 1 (reação reversa): hiperatividade da resposta celular - Th1; acomete os pcts paucibacilar;
caracteriza-se pelo surgimento de múltiplas lesões eritemato-placares inflamatórias nos mesmos
locais das antigas lesões e de novas lesões satélites. As neurites (também consideradas reações do
tipo 1) podem ocorrer isoladamente, caracterizam-se por dor aguda intensa nos trajetos neurais e
podem repercutir em perdas funcionais sensitivas e/ou motoras quando não tratadas de imediato.
Pode ocorrer edema de mãos e pés (dedos em salsicha). TTO: prednisona 0,5- 1mg/kg/dia por 30
dias, no mínimo. Cálcio e vitamina D
Tipo 2 (eritema nodoso): multibacilar (Virchowiana). Caracteriza-se por nódulos dolorosos
eritemato-vinhosos múltiplos ou lesões em alvo, associados a importantes manifestações
inflamatórias sistêmicas como artralgia, orquite, febre, calafrios e mal estar geral. TTO: Talidomida
100 – 300mg/dl por pelo menos 4 meses (teratogênica, mesmo o homem tomando); Pentoxifilina
1,2g/dl; Prednisona 0,5-1mg/kg.