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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 013.

578/2019-7

GRUPO I – CLASSE V – Plenário

TC-013.578/2019-7

Natureza: Relatório de Auditoria.


Entidade/Órgão: Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes – DNIT; e 8º Batalhão de Engenharia de
Construção – 8º BEC, do Comando do Exército.
Interessado: Tribunal de Contas da União.

SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. FISCOBRAS


2019. ANÁLISE DA EXECUÇÃO DAS OBRAS E
SERVIÇOS REMANESCENTES DA IMPLANTAÇÃO E
PAVIMENTAÇÃO DA BR-163/PA. NÃO EXECUÇÃO DA
CAMADA FINAL DO REVESTIMENTO PROJETADO
CONFORME O CRONOGRAMA DA OBRA. CRITÉRIO
INADEQUADO DE HABILITAÇÃO EM CERTAME.
CIÊNCIA DAS DEFICIÊNCIAS CONSTATADAS.

RELATÓRIO

Trata-se do Relatório da Auditoria de conformidade realizada pela Secretaria de


Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil – SeinfraRod, no período de 5/6 a
30/8/2019, com objetivo de avaliar o Termo de Execução Descentralizada de Crédito (TED) 308/2017,
firmado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT e o 8º Batalhão de
Engenharia de Construção – 8º BEC, para a execução das obras e serviços remanescentes da
implantação e pavimentação da BR-163/PA, no segmento do km 354,9 ao km 419,9, com extensão
total de 65 km.
2. Definido o escopo do trabalho, a equipe formulou as seguintes questões de auditoria:
2.1. “há projeto executivo adequado para a licitação/execução da obra?”;
2.2. “os quantitativos e preços definidos no orçamento da obra e nas medições são
condizentes com os apresentados no projeto executivo?”;
2.3. “a execução do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?”; e
2.4. “os procedimentos licitatórios promovidos pelo Exército para a condução da obra
foram regulares?”.
3. Para a realização do trabalho, foram utilizadas as Normas de Auditoria do Tribunal de
Contas da União (Portaria/TCU 280, de 8/12/2010, alterada pela Portaria/TCU 168, de 30/6/2011) e os
Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo Tribunal (Portaria/Segecex 26, de
19/10/2009). O volume de recursos fiscalizados, segundo a equipe, foi de R$ 124.681.573,58.
4. Reproduzo, em parte e com ajustes de forma, a instrução empreendida pelo grupo de
fiscalização inserta à peça 21:
“Visão geral do objeto
8. A obra em análise tem por objeto a execução de remanescentes da implantação e
pavimentação da rodovia BR-163/PA, no segmento do km 354,9 ao km 419,9, na extensão de
65,0 km, próximo à localidade de Moraes de Almeida/PA (Lote 1.4) e foi contratada por meio do
Termo de Execução Descentralizada de Crédito, TED 308/2017, assinado em agosto de 2017.
9. O Lote 1.4 está subdividido em 4 segmentos:

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a) Segmento 1, entre as estacas 23011 a 23412;


b) Segmento 2, entre as estacas 23794 a 24386;
c) Segmento 3, entre as estacas 24496 a 24551;
d) Segmento 4, entre as estacas 24762 a 26203.
10. Afora os segmentos de 1 a 4, está prevista a execução de reciclagem de base existente
nos trechos entre as estacas 24386 e 24496, 24551 e 24762, 26203 e 26266.
11. Em fevereiro de 2018, seis meses após a celebração do TED 308/2017, o Exército deu
início à Concorrência 1/2018 para contratação de empresa para executar os serviços previstos no
segmento 4. Em junho de 2018, foi contratada a empresa JM Terraplanagem e Construções Ltda.
Tabela 1 -Medição acumulada até junho/2019:
Contrato Medição acumulada Saldo contratual
Exército 54.035.417,71 16.042.147,31 37.969.091,56
Empresa JM 75.765.651,23 18.383.912,78 56.315.302,60
Fonte: Evidência 7 - Planilha ‘Medição acumulada até jun/2019 novo Ptrab DNIT’.
(...)
II.7 Benefícios estimados da fiscalização
20. Entre os benefícios desta fiscalização, pode-se mencionar a manutenção da expectativa
do controle, bem como a possível correção de incompatibilidade entre o objeto em execução e o
projeto do pavimento, e a melhoria nos critérios de habilitação na confecção de editais de futuros
certames.
III. Achados de auditoria
III.1. Não execução de camada final do revestimento projetado conforme o
cronograma da obra.
Tipificação:
Falhas/impropriedades (F/I).
Situação encontrada:
21. Em visita às obras de pavimentação da BR-163/PA, constatou-se a execução da capa
asfáltica em apenas uma camada.
22. Tal fato contraria o projeto da obra que estabelece a execução de duas camadas de capa
asfáltica para resistir aos esforços do tráfego a que está submetido e também o disposto no art. 66
da Lei 8666/1993, que dispõe que o contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta lei, respondendo cada uma pelas
consequências de sua inexecução total ou parcial.
23. O projeto de pavimentação do segmento em análise, nos termos do projeto executivo,
pode ser resumido pela Figura 1.
24. Nota-se a existência de duas camadas de concreto betuminoso, uma sendo o CBUQ,
faixa ‘B’ com espessura de 6,5cm, e no topo do pavimento, o CBUQ, faixa ‘C’ com espessura de
6,0cm.

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Fonte: arquivo 1040-BR163PA-REVPROJOBRA-V2-L1.4, p. 147.


25. Registre-se que não há menção explícita no projeto executivo quanto ao intervalo de
tempo entre a execução da primeira camada, CBUQ, faixa ‘B’, e a execução da segunda camada,
CBUQ, faixa ‘C’. Em análise do Manual de Pavimentação do DNIT (Publicação IPR – 179),
também não se verifica diretrizes do DNIT para o estabelecimento desse interregno entre a
execução de uma e outra camada.
26. No mesmo sentido, o cronograma de execução para o Plano de Trabalho do TED
308/2017 em que a pavimentação tem início em 2/10/2017 e término em 24/2/2020, não
discrimina em que momento cada camada deveria ser executada (Evidência 01, p. 201).
27. Já no âmbito do Contrato 20/2018, no cronograma da obra, há previsão de executar
concomitante as duas camadas de CBUQ (Evidência 02, p. 38 e 39).
28. Essas evidências indicariam que, em princípio, pelo menos no âmbito do Contrato
20/2018, a camada de CBUQ, faixa ‘C’ seria executada logo após a execução do CBUQ, faixa
‘B’.
29. Ocorre que, em visita à obra nos dias 29/7/2019 a 2/8/2019, verificou-se a execução
apenas da camada de CBUQ, faixa ‘B’.
30. A constatação de que as obras, tanto do Exército quanto da JM Terraplenagem e
Construções Ltda., estariam sendo executadas somente com a primeira camada levantou a dúvida
quanto à qualidade do pavimento que seria disponibilizado ao tráfego.
31. Isso porque as obras da BR-163/PA têm um histórico em comum de adotar
metodologia de execução de pavimento em duas etapas, com intervalo de dois anos entre elas,
fato que fez apresentar uma série de problemas na rodovia.
32. A avaliação desses problemas foi determinada por meio do Acórdão
3290/2014-TCU-Plenário, verbis:
‘9.1. determinar ao Ministério dos Transportes, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei
8.443/92 c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que, no prazo de 180
(cento e oitenta) dias, a contar da ciência, adote as seguintes medidas:
9.1.1. em relação às obras de construção da BR-163/MT/PA, entre Guarantã do Norte/MT
e Santarém/PA, objetos dos Contratos 00329/2009, 00037/2009, 00038/2009, 00040/2009,
00039/2009, 00542/2010, 00543/2010, e dos Termos de Cooperação TCO-179/2010 e
TCO-981/2010:
9.1.1.2. apure as causas da degradação precoce do pavimento, acione os meios contratuais
e legais que garantam a correção dos problemas pelas empresas contratadas, caso sejam
responsáveis pela execução deficiente desse pavimento, em conformidade com o art. 69 da
Lei 8.666/93; e

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9.1.1.3. apure as responsabilidades pela causa dos problemas, inclusive quanto ao indício
de deficiência na fiscalização da execução desses contratos e termos de cooperação, em
conformidade com o art. 66 da Lei 8.666/93;’
33. Em cumprimento a essa determinação, o DNIT produziu a Nota Técnica por meio da
comissão instituída pela Portaria 329, de 21/2/2017. Segundo o subitem 12.2.1.1.1, a causa n° 1
da degradação precoce do pavimento da Rodovia 163/PA é a seguinte (Evidência 04, p. 102):
‘Inadequabilidade do projeto ao adotar metodologia de execução de pavimento em duas
etapas, com intervalo de 2 anos entre elas, utilizando o método empírico, uma vez que, ao
ser o submetido ao método mecanístico, este comprova que a espessura do pavimento
adotada para a primeira etapa entraria em colapso antes dos dois anos previstos.’
34. Dada a similaridade entre os projetos das obras da BR-163/PA, incluído este trecho a
cargo do Exército, km 354,9 - km 419,9, percebe-se a possibilidade de que a degradação precoce
do pavimento evidenciado nas obras anteriores possa novamente vir a aparecer para esta obra.
Diante disso, entendeu-se por bem enviar ofícios de requisição ao DNIT para aferir essa eventual
fragilidade dos trabalhos.
35. De início, foram pedidos os estudos ‘sobre a adequabilidade do pavimento da rodovia à
metodologia mecanística de avaliação estrutural, em cumprimento à Nota Técnica
CGDESP/DPP/DNIT 123/2014, uma vez que o número N é superior a 5x10 7’.
36. Em resposta, o DNIT sede, por meio da Coordenação de Obras Delegadas, argumentou
que não há no âmbito do TED com o Exército Brasileiro contratos que atendam tempestivamente
à modelagem numérica solicitada, mesmo porque não há centros laboratoriais que atendam a
essa demanda atualmente no país. Acrescentou que o método numérico está em fase de
homologação pelo Instituto de Pesquisas Rodoviárias (IPR) do DNIT e que a nota técnica da
CGDESP se refere à orientação particular para comparativo facultativo no aspecto qualitativo
para aceitação de projetos no âmbito da contratação integrada
37. Afirmou também que:
‘É público o programa de concessões do governo federal, com previsão de concessão da
rodovia em tela para o primeiro semestre de 2020 (..). Dado lapso temporal e condições
climáticas, todos os envolvidos têm somados esforços para concluir a primeira camada de
asfalto, até assunção do trecho, propiciando aos cidadãos usuários essa importante obra
rodoviária pavimentada (...). Portanto a execução da segunda camada asfáltica, ou
soluções alternativas; serão encargos da garantia de performance da concessão.’ (...)
(Evidência 05, p. 1). (grifos nossos)
38. Dado que o pavimento em execução não passou pelo crivo da análise mecanística e,
portanto, poderia apresentar as degradações precoces decorrentes de um lapso temporal entre as
execuções da primeira e da segunda camada de CBUQ, foi elaborado o Ofício de Requisição 06-
140/2019 em que se questionou (Evidência 06):
a) as razões pelas quais optou-se, durante esta etapa da obra, por executar apenas a camada
de CBUQ, faixa ‘B’, do pavimento em análise?
b) quais as consequências para longevidade do pavimento decorrentes da liberação para o
tráfego com a pista executada somente com a camada da faixa ‘B’?
c) em que momento se pretende executar o CBUQ, faixa ‘C’ deste trecho?
39. Para a primeira pergunta, o DNIT afirmou que a conclusão da camada de ligação,
CBUQ faixa ‘B’, é importante sobre dois aspectos (Evidência 03, p. 1):
‘Evitar pontos críticos em trechos terrosos aproveitando a janela climática da região
amazônica na qual os serviços de terraplenagem e camadas da base e sub-base da
pavimentação precisam ser executados no período de estiagem.’
40. Quanto à segunda questão, em resumo, afirma que se o cronograma for mantido, com a
execução das duas camadas de revestimento asfáltico, o parâmetro de referência para
longevidade da pavimentação continuará sendo o ‘N’ de projeto.

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41. Em relação ao terceiro questionamento, a Superintendência Regional do DNIT em


Belém respondeu: ‘Logo após a conclusão da camada de CBUQ faixa ‘B’, de acordo com a
previsão do cronograma físico proposto pelo Exército Brasileiro.’ (grifos nossos)
42. No que se refere ao momento de execução da segunda camada de CBUQ (faixa ‘C’),
observa-se que as manifestações da Superintendência Regional do DNIT e da Coordenação de
Obras Delegadas – DNIT sede – não se coadunam. Se a posição da Coordenação de Obras
Delegadas for mantida, não se executando a camada de CBUQ faixa ‘C’ pouco tempo após o
término da execução da camada de binder (faixa ‘B’), a estrutura do pavimento pode entrar em
colapso, conforme conclusão do DNIT na Nota Técnica elaborada em 2017 (Evidência 04, p.
102), para trechos adjacentes a esse, na mesma BR-163/PA.
43. Segundo o ofício enviado pelo DNIT, o processo de concessão do trecho da BR-
163/MT/PA está em fase de audiência pública, que vai de 28/8 a 18/10/19, segundo nota
publicada no Diário Oficial da União (Evidência 8) e o leilão está previsto para o 3º trimestre de
2020 (Evidência 9), correndo o risco dos trabalhos de execução da segunda camada asfáltica
(faixa ‘C’) serem executados em 2021.
44. A exposição por muito tempo do binder (faixa ‘B’), tanto às intempéries quanto ao
tráfego pesado de caminhões carregados, muito comuns no trecho em análise, pode comprometer
seriamente a durabilidade do pavimento.
45. A camada de binder, com espessura de 6,5 cm, além de possuir granulometria mais
aberta, e por isso estar mais vulnerável à penetração de água ou líquidos corrosivos, possui
apenas 52% da espessura total projetada para o pavimento, que é de 12,5 cm após a aplicação da
camada final de 6,0cm de CBUQ. Portanto somente a camada de binder não possui capacidade
estrutural compatível com o tráfego verificado atualmente na região, conforme se depreende do
próprio dimensionamento de projeto.
46. Sobre o tema, o professor Wlastermiler de Senço, em seu Manual de Técnicas de
Pavimentação (vol. 2 - 2ª edição - Ed. PINI - São Paulo, 2001), ensina que ‘o binder deve ser
considerado uma camada de base (...) que fica numa posição intermediária entre a capa de
rolamento e a base propriamente dita. Não tendo de satisfazer às condições exigidas para a
camada de revestimento, (...).’. Acrescenta mais adiante que NÃO se cogita para o binder ‘a
exigência de resistir a esforços tangenciais, evitando o desgaste da superfície da capa de
rolamento, função específica desta última.’
47. Assim, considerando o risco de se deixar a execução da camada de faixa ‘C’ do
pavimento para ser realizado pela empresa vencedora da Concessão da BR-163, avalia-se
necessário dar ciência ao DNIT de que submeter a camada de binder a esforços não previstos em
projeto pode danificar o pavimento, contrariando o especificado pelo projeto da obra e também o
disposto no art. 66 da Lei 8666/1993.
III.2. Critério inadequado de habilitação.
Tipificação:
Falhas/impropriedades (F/I).
Situação encontrada:
48. Em análise ao Edital da Concorrência 1/2018, realizada pelo 8º BEC no valor de
R$ 76.723.733,18 e adjudicado a empresa JM Terraplenagem e Construções LTDA no valor de
R$ 72.041.081,60, constatou-se impropriedade na exigência relativa à qualificação técnico-
profissional (condição 7.3.3.2b do instrumento convocatório – Evidência 10), que afronta o
disposto no inciso I do § 1º do art. 30 da Lei 8666/1993.
49. Quanto à comprovação de capacidade técnico-profissional, consta na condição 7.3.3.2b
do edital:
‘Capacidade Profissional: os Responsáveis Técnicos devem ter experiência na execução
de objeto de mesmo caráter e de igual complexidade ou superior, que comprove a parcela
relevante, de acordo com a tabela adiante, elaborada conforme o disposto na Portaria nº

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108 - DNIT, de 1° de fevereiro de 2008 e I.S./DG nº 10/2009 - DNIT, de 3 de dezembro de


2009, conforme anotação em acervo técnico e atestado de boa execução. Esta comprovação
se dará, mediante apresentação de Certidão de Acervo Técnico - CAT, expedida pelo
CREA ou CAU, nos termos da legislação aplicável, em nome do(s) responsável(is)
técnico(s) e/ou membros da equipe técnica que participarão da obra, que demonstre a
Anotação de Responsabilidade Técnica - ART ou o Registro de Responsabilidade Técnica
- RRT, relativo à execução dos serviços que compõem as parcelas de maior relevância
técnica e valor significativo da contratação, conforme quadro abaixo: (grifos nossos)
Lote(s) Serviços a Serem Comprovados Quantidade Unidade
Escavação, Carga e Transporte de material de 1ª
7.905 m³
Categoria
Escavação, Carga e Transporte de material de 2ª
7.905 m³
Categoria
Escavação, Carga e Transporte de material de 3ª
Único 7.905 m³
Categoria
Compactação de Aterro 49.053 m³
Construção de Drenagem Superficial e Profunda 9.083 m
Sub-base e/ou Base misturada de solo e areia na pista 24.019 t
CBUQ 25.575 t
50. No que diz respeito a esse tema, a Lei de Licitações e Contratos Administrativos
preceitua no inciso I do § 1º do art. 30 que:
‘Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:
(...)
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em
características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações
e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do
objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica
que se responsabilizará pelos trabalhos;
(...)
§ 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do caput deste artigo, no caso das
licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas
jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais
competentes, limitadas as exigências a:
I - CAPACITAÇÃO TÉCNICO-PROFISSIONAL: comprovação do licitante de possuir
em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível
superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado
de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características
semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor
significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou
prazos máximos;’ (grifos nossos)
51. Sobre esse tema, vale destacar excerto do Relatório do Acórdão 3105/2010-TCU-
Plenário, de relatoria do Ministro André Luís de Carvalho:
16. (...) verifica-se que a exigência de quantitativos mínimos para comprovação de
capacidade técnico-profissional é vedada pela Lei de Licitações, conforme o art. 30, § 1º,
inciso I, sendo esta cláusula editalícia, portanto, ilegal. Essa irregularidade seria suficiente
para declarar a nulidade do processo licitatório, contudo, considerando o estágio avançado
de execução das obras, e para evitar dano maior ao empreendimento, cabe determinar à
SEINFRA/CE que se abstenha de exigir quantidades mínimas como requisito de
habilitação técnico-profissional nas próximas licitações que envolvam recursos federais.
6

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5.2. Nessa mesma linha, cita-se o Voto condutor do Acórdão 276/2011-TCU-Plenário de


relatoria do Ministro Ubiratan Aguiar:
9. A esse respeito, cabe salientar que este Tribunal já se manifestou inúmeras vezes contra
a exigência de quantitativos mínimos de serviços para a comprovação da capacidade
técnico-profissional, ante a expressa vedação contida no art. 30, §1º, da Lei nº 8.666/93.
Citem-se, nesse sentido, os Acórdãos nºs 727/2009, 608/2008, 2.882/2008, 2.656/2007,
todos do Plenário.
10. Verifica-se, portanto, que a exigência contida no subitem 6.1.2.4 do Edital da Tomada
de Preços nº 081/2010, de fato, afronta a Lei de Licitações, constituindo vício passível de
ser reprimido por esta Corte de Contas. Referida irregularidade, em tese, poderia dar ensejo
à declaração de nulidade do processo licitatório, conforme inclusive propõe a zelosa
Unidade Técnica (...).
5.3. Dessa forma, a lei atribui ao gestor público a prerrogativa de escolha de critérios que
melhor se adequem as características do objeto, desde que sejam observados os parâmetros por
ela fixados no que tange às licitações, sempre buscando a proposta mais vantajosa para a
Administração. Há amparo legal para exigência de quantitativos mínimos apenas para
comprovação de capacidade técnico-operacional, conforme entendimento pacificado pelo TCU
na Súmula 263/2011.
5.4. Pelo exposto, observa-se no texto legal e na jurisprudência do Tribunal que, na
comprovação da capacidade técnico-profissional, é vedada a exigência de quantidades mínimas.
Desse modo, a redação do Edital de Concorrência 1/2018 no seu item 7.3.3.2b está revestida de
ilegalidade. Cumpre observar, no caso concreto, que os quantitativos exigidos no edital são de
serviços comuns na engenharia rodoviária, que representam entre 30 e 50% do quantitativo
previsto para um trecho de 28,8km (Evidência 10, p. 7-8), o que permite inferir que boa parte dos
profissionais que atuam no setor possuem atestados de responsabilidade técnica por execução de
obra com quantitativos equivalentes ou superiores ao exigido na concorrência realizada pelo 8º
BEC. Ademais, não há registro de recursos de licitantes contra esse item do edital
5.5. Assim, cabe dar ciência ao 8º Batalhão de Engenharia de Construção de que a
exigência de quantitativo mínimo relativa à qualificação técnico-profissional em processos
licitatórios regidos pela Lei 8.666/93 afronta o disposto no inciso I do § 1º do art. 30 dessa lei.
IV. Conclusão
(...)
62. A partir dos resultados do trabalho, pôde-se também responder as questões de auditoria
formuladas, quais sejam:
a) Questão 1: há projeto executivo adequado para a licitação/execução da obra? Sim. Em
que pese o cálculo do pavimento não ter sido realizado pelo método mecanístico, tal
metodologia ainda não é de uso obrigatório pelo DNIT;
b) Questão 2: os quantitativos e preços definidos no orçamento da obra e nas medições são
condizentes com os apresentados no projeto executivo? Sim. Nos testes de auditoria
realizados não se encontraram elementos para afirmar que os quantitativos e preços do
projeto e das medições estão em desacordo com o projeto executivo (Evidência 11);
c) Questão 3: a execução do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi
adequada? A resposta é não, pois a não execução da segunda camada da capa asfáltica
(faixa ‘C’) logo após a execução do binder (primeira camada - faixa B), com a posterior
liberação do trecho para o tráfego, compromete a vida útil do pavimento e tal fato contraria
o projeto e o disposto no art. 66 da Lei 8.666/1993 (Achado III.1);
d) Questão 4: os procedimentos licitatórios promovidos pelo Exército para a condução da
obra foram regulares? A resposta é não, pois no Edital de Concorrência 001/2018
constatou-se impropriedade na exigência relativa à qualificação técnico-profissional
(condição 7.3.3.2b do instrumento convocatório), que afronta o disposto no inciso I do § 1º

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do art. 30 da Lei 8.666/1993 (Achado III.2).


(...)”
5. Com base nessas anotações, a equipe de fiscalização da SeinfraRod, com a anuência do
escalão dirigente daquela unidade técnica, propõe dar ciência acerca das seguintes ocorrências (peças
21 a 23):
5.1. ao DNIT e ao 8º BEC de que deixar de executar a segunda camada da capa asfáltica
(faixa C) logo após a execução do binder (primeira camada – faixa B) compromete a vida útil do
pavimento, contrariando as especificações do projeto e o disposto no art. 66 da Lei 8.666/1993, que
impõe responsabilidade às partes pelas consequências da não execução parcial da obra;
5.2. ao 8º BEC de que exigir quantitativo mínimo de serviço relativo à qualificação
técnico-profissional em processos licitatórios regidos pela Lei 8.666/1993 afronta o disposto no inciso
I do §1º do art. 30 dessa lei.
É o Relatório.

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VOTO

Cuidam os autos do Relatório da Auditoria de conformidade realizada pela Secretaria de


Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil – SeinfraRod, no período de 5/6 a
30/8/2019, com objetivo de avaliar o Termo de Execução Descentralizada de Crédito (TED) 308/2017,
firmado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT e o 8º Batalhão de
Engenharia de Construção – 8º BEC, do Comando do Exército.
2. O referido TED 308/2017 teve por objeto a execução das obras e serviços remanescentes
da implantação e pavimentação da BR-163/PA, no km 354,9 ao km 419,9, com extensão total de 65
km. Para implementar os serviços previstos no segmento 4 da obra, compreendendo um trecho de 28,8
km, o 8º BEC deflagrou a Concorrência 1/2018, que resultou na contratação da Empresa JM
Terraplenagem e Construções Ltda. (Contrato 20/2018).
3. A fiscalização seguiu as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União
(Portaria/TCU 280/2010, alterada pela Portaria/TCU 168/2011) e os Padrões de Auditoria de
Conformidade estabelecidos pelo Tribunal (Portaria/Segecex 26/2009).
4. Com vistas a orientar os trabalhos, a equipe formulou as seguintes questões de auditoria: a)
“há projeto executivo adequado para a licitação/execução da obra?”; b) “os quantitativos e preços
definidos no orçamento da obra e nas medições são condizentes com os apresentados no projeto
executivo?”; c) “a execução do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?”; e
d) “os procedimentos licitatórios promovidos pelo Exército para a condução da obra foram
regulares?”.
5. Segundo destacou o grupo da SeinfraRod, o volume de recursos fiscalizados foi de R$
124.681.573,58.
6. Consoante visto no Relatório precedente, a partir dos quesitos retro, foram registrados os
seguintes achados, tipificados como impropriedades: I) não execução da camada final do revestimento
projetado conforme o cronograma da obra; II) critério inadequado de habilitação.
7. Acerca do achado I, a equipe constatou, mediante visita à obra, a execução de 01 (uma)
camada asfáltica, a de faixa B. Asseverou o grupo que, caso não se executasse a outra camada prevista
no projeto em curto espaço de tempo (faixa C), poderia haver danos à estrutura do pavimento,
comprometendo sua vida útil. Quanto ao achado II, apontou-se falha na exigência relativa à
qualificação técnico-profissional do Edital de Concorrência 001/2018, despoletado pelo 8º BEC.
8. Por conseguinte, a equipe de campo e o escalão dirigente da SeinfraRod sugeriram dar
ciência ao DNIT e ao 8º BEC quanto aos fatos precitados.
9. A ocorrência mencionada no achado I está em desalinho com o projeto da obra que
estabelece a execução de duas camadas (faixas B e C) de capa asfáltica para resistir aos esforços do
tráfego a que está submetido o pavimento e, ainda, contraria o comando do art. 66 da Lei 8.666/1993,
ao dispor que o contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as cláusulas
avençadas e com as normas da Lei Geral de Licitações e Contratos.
10. Compulsando o projeto executivo de pavimentação do segmento em exame, verifica-se a
existência de duas camadas de concreto betuminoso, uma sendo o CBUQ, faixa B com espessura de
6,5cm, e no topo do pavimento, o CBUQ, faixa C, com espessura de 6,0cm.
11. Registre-se que não há menção explícita no projeto executivo quanto ao intervalo de tempo
entre a execução da primeira (faixa B) e segunda (faixa C) camadas. Vereda outra, no âmbito do
Contrato 20/2018, especialmente no cronograma da obra, há previsão de implementar
concomitantemente as duas camadas de CBUQ.
12. A equipe da SeinfraRod, em visita à obra nos dias 29/7/2019 a 2/8/2019, evidenciou a
realização somente da camada referente à faixa B, tanto na parte que coube ao 8º BEC quanto naquela
a cargo da JM Terraplenagem e Construções Ltda..

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13. Essa constatação gerou incerteza acerca da qualidade do pavimento que seria
disponibilizado ao tráfego, uma vez que poderia apresentar degradações precoces decorrentes do hiato
existente entre as execuções da primeira e da segunda camadas de CBUQ, notadamente porquanto as
obras da BR-163/PA têm histórico comum de adotar metodologia de pavimento em duas etapas, com
intervalo de dois anos entre elas, fato que dá causa a problemas na rodovia, conforme já apontado por
esta Corte, mediante o Acórdão 3.290/2014 – Plenário (rel. min. Walton Alencar Rodrigues).
14. Diante desse contexto, a equipe direcionou alguns questionamentos à Superintendência
Regional do DNIT em Belém (Ofício de Requisição 06-140/2019, peça 8) e obteve as informações
(peça 12) que podem ser assim resumidas:
14.1. quais as razões para optar, durante esta etapa da obra, por executar apenas a camada
de CBUQ, faixa B, do pavimento em análise? – resposta: a conclusão da camada de ligação, CBUQ
faixa B, é importante para “evitar pontos críticos em trechos terrosos aproveitando a janela climática
da região amazônica na qual os serviços de terraplenagem e camadas da base e sub-base da
pavimentação precisam ser executados no período de estiagem”;
14.2. quais as consequências para longevidade do pavimento decorrentes da liberação para
o tráfego com a pista executada somente com a camada da faixa B? – resposta: se o cronograma for
mantido, com a execução das duas camadas de revestimento asfáltico, o parâmetro de referência para
longevidade da pavimentação continuará sendo o mesmo indicado no projeto;
14.3. qual momento se pretende executar o CBUQ, faixa C do trecho de referência?. –
resposta: “logo após a conclusão da camada de CBUQ faixa B, de acordo com a previsão do
cronograma físico proposto pelo Exército Brasileiro.”
15. Como bem alertou a unidade técnica, o DNIT produziu a Nota Técnica por meio da
comissão instituída pela Portaria 329/2017, apontado que a causa principal da degradação precoce do
pavimento da Rodovia 163/PA (subitem 12.2.1.1.1 da Nota) é a “inadequabilidade do projeto ao adotar
metodologia de execução de pavimento em duas etapas, com intervalo de 2 anos entre elas, utilizando
o método empírico, uma vez que, ao ser submetido ao método mecanístico, este comprova que a
espessura do pavimento adotada para a primeira etapa entraria em colapso antes dos dois anos
previstos.”
16. A exposição, por longo tempo, da faixa B, tanto às intempéries quanto ao tráfego pesado
de caminhões carregados, fatos comuns no trecho em exame, pode comprometer a durabilidade do
pavimento, uma vez que essa camada (de 6,5 cm) possui 52% da espessura total projetada para o
pavimento, que é de 12,5 cm após a aplicação da camada final de 6,0cm de CBUQ, além de possuir
granulometria mais aberta, e por isso estaria mais vulnerável à penetração de água ou líquidos
corrosivos.
17. Percebe-se que a camada B, por si só, não tem capacidade estrutural compatível com o
tráfego habitual região, conforme se depreende do dimensionamento de projeto.
18. Apesar dessa conclusão, creio que a resposta trazida ao autos pela Superintendência
Regional do DNIT em Belém, de que pretende empreender o CBUQ, faixa C, assim que findar a
camada de CBUQ faixa B (v. subitem 14.3. acima), atenua a falha encontrada pela equipe de campo.
19. Diante desse contexto, na linha do que sugeriu a SeinfraRod, dever ser dada ciência ao
DNIT e ao 8º BEC de que deixar de executar a segunda camada da capa asfáltica (faixa C) logo após a
execução da primeira camada (faixa B) compromete a vida útil do pavimento, bem como contraria o
projeto executivo da obra e o disposto no art. 66 da Lei 8.666/1993, que consagra a obrigatoriedade
geral de as partes cumprirem com o que fora acordado (pacta sunt servanda), impondo-lhes
responsabilidade pelas consequências da execução parcial do empreendimento.
20. O outro achado decorre da análise ao edital da Concorrência 1/2018. Rememora-se que o
certame foi despoletado pelo 8º BEC, e resultou na contratação da empresa JM Terraplenagem e
Construções Ltda. para executar os serviços previstos no segmento 4 da obra, compreendendo um
trecho de 28,8 km, pelo valor de R$ 72.041.081,60. No caso, constatou-se impropriedade no quesito
qualificação técnico-profissional (condição 7.3.3.2, alínea b, do instrumento convocatório, peça 19, p.

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41), uma vez que previa a exigência de quantidades mínimas de alguns itens de serviços, em desacordo
com o inciso I do § 1º do art. 30 da Lei 8.666/1993.
21. A aludida qualificação, como indica o nomen juris, refere-se ao profissional detentor do
correspondente atestado que atua na empresa, verbis:
“Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:
(...)
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em
características, quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações
e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados e disponíveis para a realização do
objeto da licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica
que se responsabilizará pelos trabalhos;
(...)
§ 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do caput deste artigo, no caso das
licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por pessoas
jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais
competentes, limitadas as exigências a:
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do licitante de possuir em seu quadro
permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou
outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de
responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes,
limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do
objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos
máximos.”
22. Além de contar com previsão expressa na lei de referência, o magistério jurisprudencial
desta Casa de Contas tem entendido que a imposição de quantidades mínimas, no quesito de
capacitação técnico-profissional, divorcia-se do disposto no art. 30, §1º, inciso I, da Lei 8.666/1993,
consoante se depreende dos excertos de julgados colhidos da ferramenta de pesquisa do Tribunal
(“jurisprudência selecionada”) que bem ressaltam essa interpretação:
“É ilegal a exigência de comprovação de capacitação técnico-profissional e técnico-
operacional relativamente à execução de serviços de pequena representatividade no
cômputo do valor global do objeto licitado.” (Acórdão 2.303/2015 – Plenário, rel. min.
José Mucio).
“A exigência de quantitativo mínimo, para fins de comprovação da capacidade técnico-
profissional, contraria o estabelecido no art. 30, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/1993.”
(Acórdão 165/2012 – Plenário, rel. min. Aroldo Cedraz).
23. Nada obstante essa situação fático-jurídica constatada no edital da Concorrência 1/2018
conduzida pelo 8º BEC, a SeinfraRod registrou algumas circunstâncias que minoram a gravidade da
falha: “os quantitativos exigidos no edital são de serviços comuns na engenharia rodoviária, que
representam entre 30 e 50% do quantitativo previsto para um trecho de 28,8km (Evidência 10, p. 7-8),
o que permite inferir que boa parte dos profissionais que atuam no setor possuem atestados de
responsabilidade técnica por execução de obra com quantitativos equivalentes ou superiores ao exigido
na concorrência realizada pelo 8º BEC. Ademais, não há registro de recursos de licitantes contra esse
item do edital.”
24. A essa atenuante acrescento que, no caso concreto, pode-se compreender que não houve
limitação ao caráter competitivo do certame, haja vista que quatro empresas acorreram ao torneio
licitatório. De mais a mais, na análise de preço do Contrato 20/18 (decorrente do edital precitado)
efetuada pela equipe da unidade técnica (peça 20), consta que os valores dos itens de serviços
contratados ficaram abaixo do preço total de referência adotado pelo Tribunal.

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25. Em consequência, entendo suficiente dar ciência ao 8º BEC de que exigir quantitativo
mínimo de serviço relativo à qualificação técnico-profissional em processos licitatórios regidos pela
Lei 8.666/1993 vai de encontro ao disposto no inciso I do §1º do art. 30 dessa lei.
Pelo exposto, voto por que seja adotada a Deliberação que ora submeto a este Colegiado.

T.C.U., Sala das Sessões, em 16 de outubro de 2019.

MARCOS BEMQUERER COSTA


Relator

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ACÓRDÃO Nº 2521/2019 – TCU – Plenário

1. Processo TC-013.578/2019-7.
2. Grupo: I; Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Entidade/Órgão: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT; e 8º Batalhão de
Engenharia de Construção – 8º BEC, do Comando do Exército.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil –
SeinfraRod.
8. Representação legal: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatório da Auditoria de conformidade
realizada pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil – SeinfraRod,
no período de 5/6 a 30/8/2019, com objetivo de avaliar o Termo de Execução Descentralizada de
Crédito (TED) 308/2017, firmado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e o
8º Batalhão de Engenharia de Construção, para a execução das obras e serviços remanescentes da
implantação e pavimentação da BR-163/PA, no segmento do km 354,9 ao km 419,9, com extensão
total de 65 km.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do
Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. nos termos do art. 7º da Resolução TCU 265/2014, dar ciência:
9.1.1. ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e ao 8º Batalhão de
Engenharia de Construção de que deixar de executar a segunda camada da capa asfáltica (faixa C) logo
após a execução do binder (primeira camada – faixa B) compromete a vida útil do pavimento, bem
como contraria as especificações previstas no projeto executivo e o comando do art. 66 da Lei
8.666/1993, que impõe responsabilidade às partes pelas consequências da não execução parcial da
obra;
9.1.2. ao 8º Batalhão de Engenharia de Construção de que exigir quantitativo mínimo de
serviço relativo à qualificação técnico-profissional em processos licitatórios regidos pela Lei
8.666/1993 vai de encontro ao disposto no inciso I do §1º do art. 30 dessa lei;
9.2. arquivar este processo, com fundamento no art. 169, inciso V, do Regimento Interno
do Tribunal.

10. Ata n° 40/2019 – Plenário.


11. Data da Sessão: 16/10/2019 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2521-40/19-P.

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13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: José Mucio Monteiro (Presidente), Benjamin Zymler e Ana Arraes.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
(Relator), André Luís de Carvalho e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


JOSÉ MUCIO MONTEIRO MARCOS BEMQUERER COSTA
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora-Geral

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