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CONTRATOS

1. CONCEITO

Contrato é o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral


(acordo das partes e sua manifestação externa), pois depende de mais de
uma declaração de vontade, que sujeita as partes à observância de
conduta idônea à satisfação dos interesses de que regularam, visando
criar, modificar, resguardar, transmitir ou extinguir relações jurídicas.
Surgido no Direito Romano que é um termo jurídico-histórico, isto é,
compreende não só a ordem jurídica que teve lugar ao longo da história
de Roma, mas também as ideias e experiências surgidas desde o
momento da fundação da cidade até a desagregação do Império após a
morte de Justiniano, num clima de formalismo, de inspiração religiosa, o
contrato se firmou, no direito canônico assegurando à vontade humana
a possibilidade de criar direitos e obrigações.

Natural dos canonistas, a teoria da autonomia da


vontade foi desenvolvida pelos enciclopedistas filósofos e juristas que
perceberam a Revolução Francesa e afirmaram a obrigatoriedade das
convenções, equiparando-as, para as partes contratantes à própria lei.
Surge assim o princípio: “pacta sunt servanda”. São os jusnaturalistas
que levam o contratualismo ao seu apogeu, baseando num contrato a
própria estrutura estatal (O Contrato Social de Rousseau) e fazendo com
que, em determinadas legislações, o contrato não mais se limite a criar
obrigações podendo criar, modificar ou extinguir qualquer direito,
inclusive os direitos reais.

O individualismo do século XIX, do qual o Código


Napoleônico foi o maior monumento legislativo, inspirou-se na fórmula
liberal dos fisiocratas, que reduziram ao mínimo a interferência estatal,
abrindo amplas perspectivas de liberdade à vontade humana, que só por
si mesma em virtude das obrigações contraídas, poderia sofrer restrições
ou limitações. Constituiu-se, assim, o contrato, o instrumento eficaz da
economia capitalista na sua primeira fase, permitindo, em seguida, a
estrutura das sociedades anônimas as grandes concentrações de capitais
necessárias para o desenvolvimento da nossa economia em virtude do
progresso técnico, que exigia a criação de grandes unidades financeiras,
industriais e comerciais.
A partir de 1985 o Brasil às vésperas do fim da Ditadura
Militar, num processo de redemocratização promulga a Constituição da
República Federativa do Brasil, assegurando à nação, uma norma
superior que preservasse as Garantias Fundamentais, com o objetivo de
dar maior efetividade aos Direitos Humanos, tendo como valor central o
princípio da Dignidade da Pessoa Humana, permitindo assim, a
participação do Poder Judiciário sempre que houvesse lesão ou ameaça
a direitos.

Com a nova constituição, houve um processo natural de


reinterpretação das leis vigentes, vertendo sobre elas uma análise menos
normativista, típica do direito romano, a uma análise mais principiológica
que acompanha a evolução da sociedade como nos sistemas da “common
law”. Em 2002, com advento do Novo Código Civil, vigente desde então,
tivemos uma mudança significativa, acerca das relações civis, destarte a
nova orientação oriunda da CF/1988, a sistemática interpretativa deve
conduzir a tutela da dignidade da pessoa, ou seja, garantir de que ela
seja um fim considerada em si mesma.

Assim, o Código Civil sofre um fenômeno que


chamaremos aqui de “despatrimonialização” das relações, tornando-as
cada vez mais subjetivas e menos objetivas. Após essas reflexões
históricas, em outras palavras, de forma simplificada, contrato pode ser
conceituado como o acordo de vontades que tem por objetivo a criação, a
modificação ou a extinção de direitos. As partes contratantes buscam
uma troca de prestações, isto é, um receber e um prestar reciprocamente.

2. FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS

A Função Social dos contratos constitui, com base no


princípio moderno a ser observado pelo intérprete na aplicação dos
contratos. Agrupado aos princípios tradicionais, como por exemplo o da
autonomia da vontade e da obrigatoriedade. Desse modo, a função social
é como uma espécie que limita a autonomia da vontade, fazendo com o
que impeça que tal autonomia esteja em confronto com o interesse social.
Essa é uma forma de intervenção estatal na confecção e interpretação
dos instrumentos contratuais, para que esses tenham além da função de
estipular os interesses dos contratantes.

3. AUTONOMIA PRIVADA X AUTONOMIA DE


VONTADE
A autonomia privada é um dos princípios do Código
Civil, que tem por objetivo a materialização por meio de negócios jurídicos
já a autonomia da vontade se estabelece na ampla liberdade para o
negócio contratual, com o poder de mediar suas vontades em um
contrato. De maneira resumida, a autonomia privada é a ordenação das
próprias relações jurídicas, indicando a respectiva disciplina jurídica. Já
autonomia da vontade é o controle na prática de determinados atos.

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