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MUNICIPAL DE
AIT nº
RECURSO
1- DA NOTIFICAÇÃO
A presente notificação refere-se ao veículo placa1, por uma possível infração
ao art. 181, do CTB, qual seja, ESTACIONAR EM DESACORDO COM A
REGULAMENTACAO - ESTACIONAMENTO ROTATIVO, supostamente
cometida em 20/01/2021, às 09:26, na Rua Alagoas 66, Centro.
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mista. V.V. EMENTA: ADMINISTRATIVO - APELAÇÃO CÍVEL -
EMBARGOS DE DEVEDOR - EXECUÇÃO FISCAL - MULTAS -
BHTRANS - LEGITIMIDADE DA AUTUAÇÃO - EXERCÍCIO DE
PODER DE POLÍCIA EM SUA PLENITUDE - INOCORRÊNCIA -
LIMITAÇÃO A ATOS DE FISCALIZAÇÃO - IMPOSIÇÃO DE MULTA -
ATO PROCEDIDO DIRETAMENTE PELO MUNICÍPIO - LEGALIDADE
- RECONHECIMENTO - IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS - RECURSO
PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA. - Evidente a impossibilidade de
sociedade de economia mista exercer o poder de polícia em sua
plenitude, sendo legítima sua atividade apenas quanto à fiscalização e
autuação; restando impedida, no entanto, de impor sanções, porque
derivado "do poder de coerção do Poder Público", indelegável por
definição.
(TJ-MG - AC: 10024120308473001 MG, Relator: Barros Levenhagen, Data
de Julgamento: 08/05/2014, Câmaras Cíveis / 5ª CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 15/05/2014) (Grifo nosso).
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Sendo assim, há uma impossibilidade de coincidir os princípios da
Administração Pública, elencados no art. 37 da Constituição Federal com a finalidade
de tal sociedade, que busca sempre o lucro independente de averiguar ou respeitar
princípios essenciais da nossa sociedade.
Mais uma questão que deve ser levada em consideração, é que os agentes da
BHTRANS, por serem empregados públicos de uma sociedade de personalidade
jurídica de direito privado, não possuem os mesmos tetos salariais dispostos na
Constituição, pois independe de lei a fixação de suas remunerações bastando apenas a
decisão da Assembleia Geral, conforme dispõe o artigo 15 do Decreto Municipal
10.941/02. Mesmo quando a multa autuada por meio de equipamentos eletrônicos, deve
ser levado em consideração que o agente autuador é a BHTRANS, o que leva ao mesmo
questionamento feito nos parágrafos anteriores.
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em seu art. 3º, acerca dos requisitos técnicos mínimos para a fiscalização de veículos
automotores:
No caso concreto, mais uma norma foi desrespeitada. A recorrente não recebeu
em seu domicílio a autuação, e posteriormente, recebeu apenas a multa, o que está em
desacordo com os parágrafos 2º e 4º do mesmo art. 3º,
Se quem autuou diz que o fato foi cometido pelo recorrente, mas não há provas
disso, não há motivo para que a notificação continue.
Logo, pugna para que o agente autuador comprove que realmente enviou a
notificação de autuação para a residência do recorrente tendo em vista que não ficou
demonstrada nem comprovada essa emissão. Por conta dessa ausência de certeza do
envio, requer seja arquivado o auto de infração, nos moldes do art. 3º, § 2º da Resolução
404/12 do CONTRAN.
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E nem se argumente que tal fato adequa à segunda parte do mesmo art. 280,
CTB, posto que é inegável a impossibilidade de juntada do prontuário por parte do
órgão competente, tendo em vista que este possui absolutamente todas as informações
do suposto condutor infrator.
Ainda no mesmo art. 280 do CTB, só que no § 2º, há a exigência de que sejam
feitas comprovações por qualquer meio tecnologicamente disponível do fato que gerou
a autuação ou notificação,
Logo, a notificação não merece prosperar tendo em vista que não há nenhum
registro do cometimento da infração, e certamente o agente autuador tinha um meio
disponível para comprovar tal fato e mesmo assim não o fez, sendo, portanto, a
notificação de autuação neste caso é nula, por descumprir um importante
procedimento, conforme destacado acima, ao constatar a suposta infração cometida
pelo recorrente.
O art. 4º da mesma resolução, menciona a mesma obrigatoriedade do artigo do
CTB mencionado acima,
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O artigo também deixa bem claro que há a obrigatoriedade do esclarecimento
da responsabilidade nas esferas cível, administrativa e penal pelas declarações
fornecidas. Todavia, não consta nenhum esclarecimento acerca de qualquer
responsabilidade. Por isso deve ser considerada nula de pleno direito.
De igual modo, não consta qualquer menção ou advertência em relação à
penalidade que poderá ser imposta à recorrente, acarretando novamente em mais um
desrespeito à ordem legal em vigor.
Mesmo após a comprovação do erro do agente autuador, ainda há vícios que
impedem a multa de ser efetivamente legal, haja vista a não comprovação fática
do cometimento da infração ora em análise. Não há elemento fático algum que
caracterize a conduta ilegal, fato este que opõe ao que está disposto no art. 280, § 2º
do CTB.
Há irregularidades também no que diz respeito à configuração da infração, que
tem como requisitos necessários a materialidade e autoria, conforme ensinamentos da
doutrina. Isso porque não há elemento algum que justifique ou caracterize a infração.
Não há qualquer menção a tais fatos o que descaracteriza a infração. Sem essas
condições, como no caso em análise, o ato é nulo, não surtindo efeito jurídico algum.
Conforme dito acima, é claro que a recorrente teve seu direito prejudicado por
ter havido total inversão do ônus da prova, demonstrada pela ofensa ao princípio
constitucional da presunção da inocência que está disposto no art. 5º, LVII da CF/88.
Logo, ao invés de ser provada a existência da infração, que de fato não ocorreu, o
recorrente tem que utilizar de um recurso para provar que não desobedeceu a ordem
legal.
Portanto, verificada a existência de vícios de forma insanáveis, já que ferem
dispositivos constitucionais e infraconstitucionais elementares, não há outra solução,
senão a declaração de nulidade de pleno direito do presente auto de infração, com seu
consequente arquivamento, tendo seu registro julgado irregular, nos termos do art. 281,
parágrafo único, I, do CTB.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer o conhecimento e o provimento do presente recurso
para:
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I – Deferir o efeito suspensivo do presente recurso, caso o mesmo não seja
julgado em até 30 dias da data de seu protocolo, conforme o artigo 285, § 3º do CTB;
III- Deferir a presente defesa, já que não haverá outra solução, senão a
declaração de inconsistência do registro, com seu posterior arquivamento, nos termos do
art. 281, parágrafo único, inciso I do Código de Trânsito Brasileiro, e a extinção da
respectiva pontuação eventualmente anotada no prontuário da recorrente;
Pede deferimento.
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