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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica

Gustavo Paiva Lopes

Modelagem Estatística do Efeito Disruptivo para Isoladores de


Média Tensão

Itajubá, Maio de 2016


UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica

Gustavo Paiva Lopes

Modelagem Estatística do Efeito Disruptivo para Isoladores de


Média Tensão

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em


Engenharia Elétrica como parte dos requisitos para
obtenção do título de Doutor em Ciências em
Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Sistemas Elétricos de Potência

Orientador: Prof. Dr. Estácio Tavares Wanderley Neto

Itajubá, Maio de 2016


 

Ficha catalográfica.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica

Gustavo Paiva Lopes

Modelagem Estatística do Efeito Disruptivo para Isoladores de


Média Tensão

Tese aprovada por banca examinadora em 31 de Maio de


2016, conferindo ao autor o título de Doutor em Ciências em
Engenharia Elétrica.

Banca Examinadora:
Prof. Dr. Alexandre Piantini
Prof. Dr. José Feliciano Adami
Prof. Dr. Airton Violin
Prof. Dr. Credson de Salles
Prof. Dr. Estácio Tavares Wanderley Neto (Orientador)

Itajubá, Maio de 2016


 

Ao amigo e orientador Professor Manuel Luis Barreira Martinez (in memoriam), por ter sido
o responsável pela minha introdução à engenharia de alta tensão e por constituir o
referencial em minha vida profissional e científica.
Agradecimentos

A toda a equipe do LAT-EFEI Laboratório de Alta Tensão da Universidade Federal de


Itajubá, em especial aos professores Dr. Manuel Luis Barreira Martinez (in memoriam) e Dr.
Estácio Tavares W. Neto nos momentos de orientação na formação de conceitos, condução dos
ensaios e revisão do texto. A todos os colaboradores que passaram centenas de horas operando
o gerador de impulsos de tensão na execução dos ensaios em meio ao barulho ensurdecedor das
descargas disruptivas nos isoladores, sacrificando momentos de descanso, finais de semana e
feriados. Aos amigos, mestrandos e doutorandos que em muitas ocasiões contribuíram na
elaboração do texto e participaram de forma essencial na análise dos resultados.
 

“Revelemo-nos, mais por atos do que por palavras, dignos de possuir este grande país”.

Theodomiro Carneiro Santiago (1882-1936)


Resumo
Este trabalho tem como objetivo desenvolver o modelo matemático do efeito disruptivo
para isoladores de distribuição dos tipos pino e pilar de porcelana, utilizados nas classes de
tensão de 15 kV e 25 kV. A abordagem utilizada possui enfoque estatístico e considera a
aplicação de impulsos de tensão originados por descargas atmosféricas diretas e indiretas. A
modelagem do efeito disruptivo busca representar de forma real o comportamento dielétrico
dos diversos componentes dos sistemas elétricos, definindo o instante em que ocorre a
disrupção para uma determinada forma impulsiva e amplitude aplicadas. Os parâmetros
necessários para este desenvolvimento são obtidos a partir de ensaios dielétricos, realizados
com o objetivo de determinar a tensão disruptiva crítica – U50% e a característica tensão x tempo
de disrupção, também conhecida com curvas V x t. Neste trabalho, são utilizadas 13 formas
impulsivas de tensão não padronizadas, além da forma padrão (1,2 x 50 μs). As formas não
padronizadas consistem na combinação de tempos de frente rápidos (0,5 a 1,2 μs) e lentos (3 a
10 μs), bem como tempos com caudas curtas (5 a 20 μs) e padronizadas (50 μs). São avaliados
dois procedimentos distintos para a escolha das constantes que compõem o modelo, e um novo
conceito para a adequação da dispersão dos pontos ao longo das curvas V x t é proposto,
considerando que esta dispersão varia na medida em que a tensão aplicada é elevada. Este
requisito é de grande importância na representação da isolação de um equipamento ou elemento
do sistema elétrico sem a utilização de médias dos tempos de corte. Os resultados são exibidos
nos formatos gráfico e numérico. Através de comparação entre o valor mais provável e a
sobreposição dos intervalos de confiança calculados para cada resultado, tem-se que o modelo
desenvolvido é capaz de descrever o comportamento dielétrico dos isoladores avaliados através
das curvas V x t de maneira adequada. O modelo do efeito disruptivo desenvolvido tem sua
principal contribuição na representação de redes de distribuição de média tensão em programas
digitais de simulação de descargas atmosféricas indiretas, reproduzindo de forma adequada a
ocorrência de disrupção nos isoladores. Com a implementação futura destes resultados, as
concessionárias de distribuição de energia elétrica poderão prever a taxa de desligamentos
causadas por descargas atmosféricas em alimentadores reais, incluindo ainda os efeitos das
sobretensões nas taxas de falha dos transformadores de distribuição, sendo estes os
equipamentos que apresentam maior custo de substituição e reforma.

Palavras-chave: efeito disruptivo, abordagem estatística, formas impulsivas não padronizadas,


tensão U50%, curvas V x t, isoladores do tipo pino e pilar, sobretensões atmosféricas.
 

Abstract

This work aims at developing the disruptive effect model for porcelain pin and post type
distribution insulators intended to operate on 15 kV and 25 kV networks. A statistical approach
is used and the procedure takes into account the application of voltage impulse surges originated
by direct and side lightning strikes. The modelling of disruptive effect has the purpose to
represent the dielectric withstand of a wide range of electrical equipments and apparatus, setting
the chopping time when an impulse shape is applied. The parameters required for the
development of the model are obtained from dielectric tests, performed in order to have the
50% disruptive-discharge voltage or critical flashover voltage (CFO) and the voltage/time curve
also known as V-t curves. This work considers 13 nonstandard impulse shapes and the standard
one 1.2 x 50 μs. For the nonstandard impulse shapes the front times vary from fast (0.5 to 1.2
μs) to slow times (3 to 10 μs), as well as short (5 to 20 μs) and standard (50 μs) tail times. Two
different procedures for calculating the disruptive effect model constants are evaluated and a
new concept for controlling the V-t curve spread is proposed, considering it changes as the
applied voltage level increases. This is an important issue when modelling the insulation of any
equipment or apparatus of power systems without using typical values or means for chopping
times. The results are presented on graphical and numerical ways. By comparison between the
most likely value and the overlap of confidence intervals, it is proved that disruptive effect
model developed is able to represent the dielectric behavior of distribution insulators accurately.
The main contribution of the disruptive effect model developed in this work is to represent the
insulators on modelling of distribution networks for digital programs. Through the
implementation of the disruptive effect models in the future, the power distribution utilities
could evaluate the insulation failure rates caused by lightning strikes on feeders properly,
including the effects of overvoltages on distribution transformers, which have the most
expensive costs on replacement and repair.

Keywords: disruptive effect, statistical approach, nonstandard impulse shapes, critical


flashover voltage, V-t curves, pin type and post type insulators, lightning overvoltages.
Lista de Figuras
Figura 1 – Oscilogramas típicos de impulsos de tensão com frentes rápidas e longas, e média das formas impulsivas
registradas em 1929 na linha de transmissão Wallenpaupack-Siegfried 220 kV. Adaptado de (19). 26 
Figura 2 – Resumo das curvas V x t médias para a forma 1,5 x 40 µs em centelhadores ponta-plano, buchas,
isoladores de suspensão e combinações de papel/óleo isolantes. (a) Polaridade positiva e (b)
polaridade negativa. Adaptado de (41). ............................................................................................. 31 
Figura 3 – (a) Tensão U50% para cadeia de isoladores com unidades de 10 polegadas de diâmetro. (b) Tensão U50%
para centelhadores utilizados em coordenação de isolamento. Adaptado de (42). ............................ 32 
Figura 4 – (a) Formas impulsivas registradas para a aplicação do impulso pleno. (b) Formas impulsivas registradas
para a aplicação do impulso cortado. Adaptado de (17). ................................................................... 33 
Figura 5 – (a) Formas impulsivas utilizadas na avaliação do método do efeito disruptivo por Jones. (b) Comparação
entre as curvas V x t para a forma padronizada 1,5 x 40 µs, resultante de ensaio e obtida analiticamente
através do método. Adaptado de (15). ............................................................................................... 35 
Figura 6 – (a) Estrutura de madeira em 132 kV do tipo H. (b) Tensão disruptiva mínima calculada e curva V x t
resultante de ensaio. Caminhos para a descarga disruptiva na madeira: ............................................ 36 
Figura 7 – Tensão U50% para as formas impulsivas e os centelhadores ensaiados por Chowdhuri et al. Os tempos tf
e tc estão em microssegundos. (a) Polaridade positiva. (b) Polaridade negativa. Adaptado de (55). . 38 
Figura 8 – Diagrama representativo da equação (9) para a obtenção da constante DE utilizando os pontos Ua(tba) e
Ub(tbb)................................................................................................................................................. 43 
Figura 9 – Desvio padrão σDE em função da relação U0/U50% para as variações propostas por Kind e Chowdhuri
considerando a forma 1,2 x 50 µs. (a) Isolador de ancoragem. (b) Isolador de suporte. Ambos para
linhas de 3 kV DC. Adaptado de (58,59). .......................................................................................... 49 
Figura 10 – Curvas V x t obtidas através de ensaio para o isolador do tipo pino, classe 15 kV, polaridade positiva.
(a) Ensaio realizados somente com o isolador. (b) Ensaio realizado com o isolador e um trecho da
cruzeta. Adaptado de (67). ................................................................................................................. 52 
Figura 11 – Taxa de falha ou ocorrência de disrupção para a linha de 1,2 km. (a) Condutividade do solo de
σ = 0,01 S/m. (b) Condutividade do solo de σ = 0,001 S/m. Adaptado de (67). ................................ 53 
Figura 12 – Linha de distribuição analisada no Exemplo 2. (a) Configuração convencional do poste com distâncias
em milímetros. (b) Visão superior da linha. Adaptado de (4). ........................................................... 55 
Figura 13 – Sobretensões induzidas no ponto central da linha de distribuição energizada para uma descarga
atmosférica no ponto A, Exemplo 2. (a) Atuação dos para-raios. (b) Atuação do modelo do efeito
disruptivo na fase B. Adaptado de (4). .............................................................................................. 56 
Figura 14 – Frequência anual de ocorrência de descargas atmosféricas que levam a tensões induzidas superiores a
abcissa em pelo menos uma das fases. (a) Simulação sem cabo de aterramento, com σ = 1 e 10 mS/m.
(b) Simulação com cabo de aterramento para σ = 1 mS/m, Rt = 50 e 400, L = 40 e 240 m. Adaptado
de (4). ................................................................................................................................................. 57 
Figura 15 – Curvas V x t para diferentes tempos de corte. (a) Instantes de corte na região de cauda para forma
impulsiva com cauda longa. (b) Instantes de corte nas regiões de cauda e frente para forma impulsiva
com cauda curta. (c) Instantes de corte na região de frente. Adaptado de (19).................................. 60 
Figura 16 – Configurações para a construção do gerador de impulsos de tensão. Adaptado de (85). ................... 62 
Figura 17 – Composição da tensão impulsiva através de função com dupla exponencial..................................... 63 
Figura 18 – Gerador de impulsos de tensão do LAT-EFEI. .................................................................................. 64 
Figura 19 – Circuito completo do gerador de impulsos considerando a influência de R’L, RS e Rdiv. .................... 65 
Figura 20 – (a) Vista geral do gerador de impulsos. (b) Detalhe dos resistores R’d e R’e...................................... 70 
Figura 21 – (a) Desenho representativo para os isoladores do tipo pino. (b) Desenho representativo para os
isoladores do tipo pilar....................................................................................................................... 72 
Figura 22 – Diferentes etapas do processo de obtenção da curva V x t. Adaptado de (87). .................................. 75 
 

Figura 23 – Curva V x t para o isolador do tipo pino, classe 15 kV, forma 1,2 x 50 µs. ....................................... 77 
Figura 24 – Curva V x t para o isolador do tipo pino, classe 25 kV, forma 1,2 x 50 µs. ....................................... 78 
Figura 25 – Curva V x t para o isolador do tipo pilar, classe 15 kV, forma 1,2 x 50 µs. ....................................... 78 
Figura 26 – Curva V x t para o isolador do tipo pilar, classe 25 kV, forma 1,2 x 50 µs. ....................................... 79 
Figura 27 – Curva V x t para o isolador do tipo pino, classe 15 kV, forma 1,2 x 50 µs na polaridade positiva. ... 83 
Figura 28 – Variação de σDE em função de U0 para as polaridades positiva e negativa na forma 1,2 x 50 µs. Isolador
do tipo pino, classe 15 kV. ................................................................................................................. 84 
Figura 29 – Exemplo de verificação dos tempos de corte para módulo de cálculo da constante α. Instantes de cortes
na cauda (a) e frente (b) para a forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva, isolador do tipo pino, classe 15
kV. ..................................................................................................................................................... 86 
Figura 30 – Espectro de variação e valor médio de alpha para a análise da forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva,
isolador do tipo pino, classe 15 kV. ................................................................................................... 87 
Figura 31 – Variação do valor médio, µDE, e do desvio padrão, σDE, para a polaridade positiva (a) e negativa (b),
forma 1,2 x 50 µs, isolador do tipo pino, classe 15 kV. Ambos resultados consideram U0/U50% = 0,9.
........................................................................................................................................................... 89 
Figura 32 – Variação de σDE em função de U0 para as polaridades positiva e negativa, considerando as duas versões
de cálculo de α, µDE e σDE para a forma 1,2 x 50 µs. Isolador do tipo pino, classe 15 kV. ................ 91 
Figura 33 – Variação de α em função de U0 para as polaridades positiva e negativa, considerando as duas versões
de cálculo de α, µDE e σDE para a forma 1,2 x 50 µs. Isolador do tipo pino, classe 15 kV. ................ 92 
Figura 34 – Definição da constante DEi para cada aplicação de tensão utilizando a distribuição normal, conforme
média µDE e desvio padrão σDE. .......................................................................................................... 93 
Figura 35 – Definição da constante DEcalc para o impulso com tensão de crista Umáx e instante de corte tb. ......... 94 
Figura 36 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação. Forma 1,2 x 50 µs,
polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV. .................................................................. 95 
Figura 37 – Definição da constante DEi utilizando a distribuição normal e o fator de controle da dispersão através
da relação U0 / Uaplici. ......................................................................................................................... 97 
Figura 38 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de variação
do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV....... 98 
Figura 39 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de variação
do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 15 kV. .... 100 
Figura 40 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de variação
do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV..... 100 
Figura 41 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de variação
do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 25 kV. .... 101 
Figura 42 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de variação
do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 25 kV..... 101 
Figura 43 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de variação
do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV. .... 102 
Figura 44 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de variação
do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV. ... 102 
Figura 45 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de variação
do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV. .... 103 
Figura 46 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de variação
do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV. ... 103 
Figura 47 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 15 kV................................... 105 
Figura 48 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 15 kV. ................................. 105 
Figura 49 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV. ................................ 106 
Figura 50 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV. ................................ 106 
Figura 51 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 25 kV. ................................. 107 
Figura 52 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 25 kV. ................................. 107 
Figura 53 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 25 kV. ................................ 108 
Figura 54 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 25 kV. ................................ 108 
Figura 55 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV. ................................. 109 
Figura 56 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV. ................................. 109 
Figura 57 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV. ................................ 110 
Figura 58 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV. ................................ 110 
Figura 59 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV. ................................. 111 
Figura 60 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV. ................................. 111 
Figura 61 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV. ................................ 112 
Figura 62 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV. ................................ 112 
Figura 63 – Variação percentual dos erros entre o valor mais provável das curvas V x t simuladas e obtidas através
de ensaios para a polaridade positiva na forma 1,2 x 50 µs. ............................................................ 114 
Figura 64 – Variação percentual dos erros entre o valor mais provável das curvas V x t simuladas e obtidas através
de ensaios para a polaridade negativa na forma 1,2 x 50 µs. ........................................................... 114 
Figura 65 – Variação média da relação U0/U50% em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pino,
classes 15 kV e 25 kV, polaridades positiva e negativa. .................................................................. 116 
Figura 66 – Variação média da constante U0 em relação às formas impulsivas para o isolador do tipo pilar, classes
15 kV e 25 kV, polaridades positiva e negativa. .............................................................................. 117 
Figura 67 – Variação média da constante μα em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pino,
classes 15 kV e 25 kV, polaridades positiva e negativa. .................................................................. 118 
Figura 68 – Variação média da constante μα em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pilar,
classes 15 kV e 25kV, polaridades positiva e negativa. ................................................................... 118 
Figura 69 – Variação média da constante σDE em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pino,
classes 15 kV e 25 kV, polaridades positiva e negativa. .................................................................. 119 
Figura 70 – Variação média da constante σDE em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pilar,
classes 15 kV e 25kV, polaridades positiva e negativa. ................................................................... 119 
Figura 71 – Fluxograma representativo do código de programação utilizado para a estimativa das resistências R1 e
R2 que compõem o gerador de impulsos de tensão do LAT-EFEI................................................... 138 
 

Figura 72 – Gerador de impulsos modelado no ATPDraw para forma padrão 1,2 x 50 μs. ................................ 139 
Figura 73 – Exemplo de planilha de controle de ensaio para obtenção da curva V x t. ....................................... 147 
Figura 74 – Fluxograma simplificado para determinação da constante alpha. .................................................... 162 
Figura 75 – Fluxograma simplificado para determinação da constante DE através de µα. . ................................ 163 
Figura 76 – Fluxograma para a reprodução das Curvas V x t através de simulação. ........................................... 164 
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Parâmetros da isolação da linha de distribuição avaliada no Exemplo 1. Adaptado de (67). .............. 52 
Tabela 2 – Frequência anual de disrupções na linha de distribuição do Exemplo 2 considerando diferentes métodos
de modelagem dos isoladores. Adaptado de (4). ............................................................................... 58 
Tabela 3 – Parâmetros do gerador de impulsos de tensão do LAT-EFEI disponíveis para utilização................... 65 
Tabela 4 – Formas não padronizadas iniciais e forma padrão. .............................................................................. 66 
Tabela 5 – Formas impulsivas consideradas. Obtenção dos resistores R1 e R2 através de simulação computacional
conforme detalhado no fluxograma do ANEXO A............................................................................ 67 
Tabela 6 – Formas impulsivas. Avaliação dos resistores R’d e R’e através de simulação computacional, utilizando
o ATPDraw (ANEXO B)................................................................................................................... 68 
Tabela 7 – Elevação de temperatura nos resistores R’d e R’e. ................................................................................ 70 
Tabela 8 – Sobre-elevação relativa e tensão efetiva aplicada na isolação. ............................................................ 71 
Tabela 9 – Desenvolvimento do método dos acréscimos e decréscimos padronizado. ......................................... 73 
Tabela 10 – Resultados da comparação entre as duas versões de cálculo de α, µDE e σDE para a polaridade positiva
da forma 1,2 x 50 µs. Isolador do tipo pino, classe 15 kV. ................................................................ 90 
Tabela 11 – Resultados da comparação entre as duas versões de cálculo de α, µDE e σDE para a polaridade negativa
da forma 1,2 x 50 µs. Isolador do tipo pino, classe 15 kV. ................................................................ 91 
Tabela 12 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo na forma 1,2 x 50 µs. Modelo Chowdhuri et al. . 99 
Tabela 13 – Erro máximo entre o valor mais provável das curvas V x t simuladas e obtidas através de ensaios para
a forma 1,2 x 50 μs. ......................................................................................................................... 114 
Tabela 14 – Classificação e quantidade de curvas V x t avaliadas. ..................................................................... 121 
Tabela 15 – Resumo das curvas V x t classificadas como insatisfatórias. ........................................................... 121 
Tabela 16 – Resultados das Simulações x Ensaios para a Determinação das Formas Impulsivas. ..................... 140 
Tabela 17 – Tensão Disruptiva Crítica – U50%. Isolador do Tipo Pino Classe 15 kV.......................................... 145 
Tabela 18 – Tensão Disruptiva Crítica – U50%. Isolador do Tipo Pino Classe 25 kV.......................................... 145 
Tabela 19 – Tensão Disruptiva Crítica – U50%. Isolador do Tipo Pilar Classe 15 kV. ........................................ 146 
Tabela 20 – Tensão Disruptiva Crítica – U50%. Isolador do Tipo Pilar Classe 25 kV. ........................................ 146 
Tabela 21 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo no isolador do tipo pino, classe 15 kV. ............. 220 
Tabela 22 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo no isolador do tipo pino, classe 25 kV. ............. 220 
Tabela 23 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo no isolador do tipo pilar, classe 15 kV. ............. 221 
Tabela 24 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo no isolador do tipo pilar, classe 25 kV. ............. 221 
 

Lista de Abreviaturas e Siglas


LIOV-EMTP Lightning Induced Overvoltage Code.
EMTP Electromagnetic Transients Program.
Curvas V x t Característica tensão x tempo de disrupção.
P&D Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento.
LAT-EFEI Laboratório de Alta Tensão da Universidade Federal de Itajubá.
AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia.
UNIBO Universidade de Bologna.
RS Estado do Rio Grande do Sul.
AIEE American Institute of Electrical Engineers.
CFO Critical Flashover Voltage.
IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers.
MTL Modified Transmission Line Model.
YALUK Programa computacional especializado na análise de desempenho de linhas de
distribuição mediante descargas atmosféricas.
CIGRÉ International Council on Large Electric Systems.
RC Circuito elétrico de primeira ordem formado por capacitores e resistores.
Matlab Matrix Laboratory. Programa computacional de alta performance para cálculo
numérico.
tfdes Variável que contém o tempo de frente desejado.
tcdes Variável que contém o tempo de cauda desejado.
tol Tolerância admitida no cálculo dos tempos de frente e cauda.
R1min Valor mínimo admitido para o cálculo da resistência de frente.
R1max Valor máximo admitido para o cálculo da resistência de frente.
R2min Valor mínimo admitido para o cálculo da resistência de cauda.
R2max Valor máximo admitido para o cálculo da resistência de cauda.
ATPDraw Interface gráfica para o programa ATP – Alternative Transients Program.
NiCr Liga metálica que contém em sua maioria os elementos Níquel e Cromo.
csv Comma-separated Values.
Erro(%) Erro percentual entre o valor mais provável das curvas V x t simulada e obtida
através de ensaio.
Lista de Símbolos
U50% Tensão disruptiva crítica.
tf Tempo de frente.
tc Tempo de cauda.
DE Efeito disruptivo.
U(t) Tensão impulsiva aplicada ao equipamento em função do tempo.
U0 Tensão suportável pela isolação sem causar danos por um tempo indeterminado.
K Constante que permite variar a influência da tensão ou do tempo na equação do
efeito disruptivo.
tb Instante de ocorrência da disrupção.
P Probabilidade.
U Tensão qualquer aplicada à isolação.
E Campo elétrico correspondente à tensão U.
E0 Campo elétrico correspondente à tensão U0.
r Velocidade de formação do canal precursor da descarga disruptiva que depende
do tipo de isolação e da faixa E – E0.
A Constante que depende do material isolante.
B Constante que relaciona a função r com a amplitude da tensão aplicada na
isolação.
S Comprimento do canal precursor da descarga disruptiva.
CeD Constantes que dependem do material isolante e de sua configuração.
t0 Instante em que U(t) > U0.
t Tempo.
S* Comprimento crítico do canal precursor da descarga disruptiva.
DE* Efeito disruptivo crítico.
Ua (t) Tensão impulsiva a aplicada na isolação com valor de crista Upa.
tba Instante de ocorrência da disrupção no impulso a.
t0a Instante em que Ua(t) > U0.
Ub (t) Tensão impulsiva b aplicada na isolação com valor de crista Upb.
tbb Instante de ocorrência da disrupção no impulso b.
t0b Instante em que Ub(t) > U0.
U1(t) Tensão impulsiva plena.
U2(t) Tensão impulsiva cortada na região de cauda.
 

U3(t) Tensão impulsiva cortada na região de frente.


ts Statistical Time Lag.
ta Formative Time Lag.
Ub Valor crítico de tensão necessário para o início do processo de formação da
descarga disruptiva segundo Kind.
dx Variação infinitesimal da distância entre os eletrodos.
v(x,t) Velocidade que a ponta da descarga percorre a distância entre os eletrodos.
k Constante que depende da geometria dos eletrodos, do mecanismo de descarga
e da polaridade da tensão aplicada.
F Constante correspondente ao efeito disruptivo DE, proposta por Kind.
d Distância entre os eletrodos.
t1 Instante de tempo no qual a tensão aplicada excede a tensão crítica Ub, ou seja,
U(t1) = U0.
R Constante correspondente ao efeito disruptivo DE, proposta por Rusck.
α Constante do método do efeito disruptivo implementada por Chowdhuri.
s Desvio padrão para a uma distribuição estatística normal.
n Parâmetro que determina o limite inferior de U0 para coeficiente de confiança γ.
γ Coeficiente de confiança.
U(tbM) Tensão disruptiva para o maior tempo de disrupção na curva V x t.
tbM Maior tempo de disrupção na curva V x t.
σDE Desvio padrão da constante DE para a distribuição estatística normal.
σ Condutividade do solo.
Ip Valor de pico da corrente de retorno.
tfi Tempo de frente da corrente de retorno.
xi e yi Coordenadas do ponto de incidência da descarga.
Rt Resistência de aterramento do cabo de blindagem contra sobretensões induzidas.
L Distância entre aterramentos do cabo de blindagem contra sobretensões
induzidas.
C1 Capacitor de carga do gerador de impulsos de tensão.
C2 Capacitor de descarga (surto) do gerador de impulsos de tensão.
R1 Resistor de frente do gerador de impulsos de tensão.
R2 Resistor de cauda do gerador de impulsos de tensão.
SG Centelhador do gerador de impulsos de tensão.
V0 Tensão contínua de carga do gerador de impulsos de tensão.
A1 Constante de tempo responsável pela cauda do impulso.
A2 Constante de tempo responsável pela frente do impulso.
tmáx Instante de tempo correspondente ao valor de crista da forma impulsiva.
Umáx Valor de crista da forma impulsiva.
R’L1 a R’L6 Resistores de carga do gerador de impulsos de tensão.
R’d1 a R’d6 Resistores de frente internos do gerador de impulsos de tensão.
R’e1 a R’e6 Resistores de cauda do gerador de impulsos de tensão.
RS Resistor de frente externo do gerador de impulsos de tensão.
Rdiv Resistência total do divisor de tensão.
C’S1 a C’S6 Capacitores de carga do gerador de impulsos de tensão.
Cb Capacitor de descarga (surto) do gerador de impulsos de tensão.
Ne Número de estágios do gerador de impulsos de tensão.
UT Tensão de carga total considerando o número de estágios.
Q Energia dissipada nos resistores do gerador de impulsos de tensão.
m Massa total do fio de Níquel-Cromo.
c Calor específico da liga Níquel-Cromo.
∆T Elevação de Temperatura.
u00 Tensão inicial de ensaio para o método dos acréscimos e decréscimos.
Δu Passo de tensão utilizado nos ensaios para determinação da suportabilidade
dielétrica.
ui Valor de crista da tensão impulsiva no nível i.
nu Número total de aplicações de tensão no método dos acréscimos e decréscimos.
N Número de aplicações de tensão para cada nível na obtenção das curvas V x t.
µDE Valor médio da constante do efeito disruptivo.
αmáx Valor máximo esperado para a constante alpha.
Δα Passo utilizado para a variação da constante alpha.
µα Valor médio da constante alpha.
σDEi Desvio padrão do efeito disruptivo que depende do nível i de tensão aplicada.
Uaplici Valor de crista prospectivo da tensão aplicada para o nível i.
σDE% Valor percentual do desvio padrão do efeito disruptivo em relação a µDE.
f(x) Função escolhida para representar o valor mais provável e os intervalos de
confiança das curvas V x t.
x Variável independente.
a,b,c,d Constantes da função f(x).
 

tsimulai Instante i na curva V x t simulada.


tensaioi Instante i na curva V x t obtida através de ensaio.
Sumário
1  Introdução ........................................................................................................................ 21 
1.1  Visão Geral ................................................................................................................. 21 
1.2  Motivação e Relevância do Tema .............................................................................. 23 
1.3  Originalidade .............................................................................................................. 24 
1.4  Objetivo ...................................................................................................................... 24 
1.5  Estrutura ..................................................................................................................... 25 

2  Conceituação Teórica ...................................................................................................... 26 


2.1  Definições ................................................................................................................... 27 
2.2  Revisão Bibliográfica ................................................................................................. 29 
2.3  Conceito do Método do Efeito Disruptivo ................................................................. 40 
2.4  Histórico de Variações do Método do Efeito Disruptivo ........................................... 44 
2.5  Exemplos de Aplicação do Método na Coordenação de Isolamento ......................... 50 
2.5.1  Exemplo 1 – Sobretensões Induzidas e o Efeito das Descargas Disruptivas ............. 50 
2.5.2  Exemplo 2 – Sobretensões Induzidas em Sistemas de Neutro Ressonante ................ 54 

3  Característica Tensão x Tempo de Disrupção .............................................................. 59 


3.1  Definições ................................................................................................................... 60 
3.2  Geração de Tensões Impulsivas Não Padronizadas ................................................... 61 
3.3  Fabricação dos Resistores e Ensaios de Verificação .................................................. 68 
3.4  Amostras Ensaiadas .................................................................................................... 71 
3.5  Tensão Disruptiva Crítica – Tensão U50% .................................................................. 72 
3.6  Característica Tensão x Tempo de Disrupção – Curvas V x t.................................... 74 
3.7  Procedimento Experimental ....................................................................................... 75 
3.8  Resultados Experimentais .......................................................................................... 77 

4  Modelagem Estatística do Efeito Disruptivo................................................................. 80 


4.1  Modelos Utilizados..................................................................................................... 81 
4.2  Procedimento para Definição das Constantes ............................................................ 82 
4.2.1  Determinação da Constante U0................................................................................... 83 
4.2.2  Determinação da Constante Alpha ............................................................................. 85 
4.2.3  Determinação do Valor Médio e Desvio Padrão do Efeito Disruptivo ...................... 87 
 

4.3  Reprodução das Curvas V x t Através de Simulação ................................................ 92 


4.4  Sugestão de Implementação do Desvio Padrão Variável .......................................... 95 

5  Resultados das Simulações e Análises ........................................................................... 99 


5.1  Simulações do Efeito Disruptivo para a Forma 1,2 x 50 µs ...................................... 99 
5.2  Valor Mais Provável e Intervalos de Confiança para a Forma 1,2 x 50 μs ............. 104 
5.2.1  Isolador do Tipo Pino Classe 15 kV ........................................................................ 105 
5.2.2  Isolador do Tipo Pino Classe 25 kV ........................................................................ 107 
5.2.3  Isolador do Tipo Pilar Classe 15 kV ........................................................................ 109 
5.2.4  Isolador do Tipo Pilar Classe 25 kV ........................................................................ 111 
5.3  Análise e Discussão dos Resultados para a Forma 1,2 x 50 µs ............................... 113 
5.4  Simulações do Efeito Disruptivo para as Demais Formas Impulsivas .................... 116 
5.5  Análise e Discussão dos Resultados para as Demais Formas Impulsivas ............... 120 

6  Conclusões ..................................................................................................................... 122 


6.1  Curvas V x t ............................................................................................................. 123 
6.2  Modelo Estatístico do Efeito Disruptivo ................................................................. 125 
6.3  Publicações .............................................................................................................. 126 
6.4  Sugestões para Trabalhos Futuros ........................................................................... 129 

7  Referências..................................................................................................................... 131 

ANEXO A – Fluxograma para a Estimativa das Resistências Rd e Re. ........................... 138 

ANEXO B – Gerador de Impulsos Modelado no ATPDraw. .......................................... 139 

ANEXO C – Determinação das Formas Impulsivas – Simulações x Ensaios. ............... 140 

ANEXO D – Oscilogramas de Tensão – Cauda e Frente. ................................................ 141 

ANEXO E – Resultados dos Ensaios para Determinação da Tensão U50%. .................... 145 

ANEXO F – Exemplo de Planilha de Controle do Ensaio................................................ 147 

ANEXO G – Resultados dos Ensaios – Curvas V x t. ........................................................ 148 

ANEXO H – Fluxograma para a Determinação da Constante Alpha. ........................... 162 

ANEXO I – Fluxograma para a Determinação da Constante DE Através de µα........... 163 

ANEXO J – Fluxograma para a Reprodução das Curvas V x t. ...................................... 164 


ANEXO K – Resultados das Simulações do Efeito Disruptivo. ....................................... 165 

ANEXO L – Parâmetros para a Simulação do Modelo do Efeito Disruptivo. ............... 220 


21

1 Introdução
1.1 Visão Geral

A determinação das sobretensões induzidas em redes de média tensão devido a


ocorrência de descargas atmosféricas indiretas é normalmente realizada através de simulações
computacionais, fazendo o uso de códigos de programação do tipo LIOV-EMTP. Os programas
deste tipo permitem a simulação de descargas indiretas em redes mais complexas, considerando
uma topologia mais realista e utilizando como interface o EMTP – Electromagnetic Transients
Program.
Por meio de modelagem apropriada, diversos fatores são levados em consideração no
cálculo das sobretensões, tais como: disposição do canal de descarga em relação aos condutores,
configuração da rede (trifásica convencional ou compacta), efeito da resistividade do solo,
efeito corona nos condutores, etc. A inclusão destes fatores no cálculo das sobretensões
induzidas permite uma avaliação mais precisa da amplitude e da forma, possibilitando estimar
a suportabilidade dielétrica dos diversos equipamentos e materiais instalados nas redes. Neste
aspecto, o comportamento dielétrico dos isoladores utilizados em redes aéreas de média tensão
é de grande importância, sendo que a ocorrência de disrupção mediante tais solicitações
dielétricas não é totalmente conhecida.
O comportamento dielétrico dos isoladores deve ser representado nas simulações
computacionais através do modelo matemático do efeito disruptivo (Disruptive Effect), uma
vez que os modelos mais simplificados podem conduzir a resultados mais conservadores e até
mesmo distantes da realidade. O modelo do efeito disruptivo determina o instante em que ocorre
a disrupção para cada tipo de isolador, baseado em uma forma impulsiva e amplitude de tensão
aplicada.
Quando corretamente elaborado, o modelo pode operar para um conjunto genérico de
formas impulsivas, representando o efeito das solicitações dielétricas devido a descargas
indiretas e diretas nos isoladores. Para isto é necessária uma abordagem estatística dos
parâmetros que compõem o modelo a fim de representar corretamente o efeito disruptivo. Esta
abordagem estatística é possível somente com base em extensivos resultados de ensaios,
evitando desta forma a generalização das constantes utilizadas nos cálculos, fato este
comumente encontrado na literatura.
22
 
Os parâmetros necessários para o desenvolvimento da modelagem estatística em
isolações auto-recuperantes são obtidos a partir de um conjunto de ensaios dielétricos,
realizados com o objetivo de determinar a tensão disruptiva crítica – U50% e a característica
tensão x tempo de disrupção – curvas V x t.
Neste trabalho, os ensaios são realizados em isoladores dos tipos pino e pilar, nas classes
de 15 kV e 25 kV, com 13 formas impulsivas não padronizadas, além da forma padrão (1,2 x
50 μs). As formas não padronizadas consistem na combinação de tempos de frente rápidos (0,5
a 1,2 μs) e lentos (3 a 10 μs), bem como tempos com caudas curtas (5 a 20 μs) e padronizadas
(50 μs), na condição a seco, polaridades positiva e negativa.
A eficácia do modelo desenvolvido e o funcionamento do procedimento de obtenção
dos parâmetros são verificados através de comparação dos resultados experimentais (curvas
V x t) com os resultados obtidos através de simulação computacional, onde são geradas
sucessivas aplicações de tensão, partindo de um valor mínimo, para o qual não ocorre a
disrupção, até o valor máximo, selecionado posteriormente.
Além do desenvolvimento do modelo matemático do efeito disruptivo para os isoladores
em questão, o conjunto de resultados dos ensaios permite ampliar os conhecimentos adquiridos
em relação ao comportamento dielétrico dos isoladores de porcelana dos tipos pino e pilar,
identificando qual componente da forma impulsiva (frente ou cauda) é predominante na
suportabilidade dielétrica. O banco de dados formado pelas curvas V x t para as 14 formas
impulsivas consiste também em objeto de estudo acerca do processo de formação das descargas
quando da variação dos tempos de frente e de cauda, polaridade e tipo de isolador ensaiado.
O modelo do efeito disruptivo desenvolvido tem sua principal contribuição na
representação de redes de distribuição de média tensão em programas do tipo LIOV-EMTP,
reproduzindo de forma precisa a ocorrência de disrupção nos isoladores, independentemente da
forma impulsiva originada pela descarga atmosférica (direta ou indireta). Com a implementação
destes resultados, as concessionárias de distribuição de energia elétrica poderão prever a taxa
de desligamentos causadas por descargas atmosféricas em alimentadores reais, incluindo ainda
os efeitos das sobretensões nas taxas de falha dos transformadores de distribuição, sendo este o
equipamento mais vulnerável quando da ocorrência deste fenômeno.
23

1.2 Motivação e Relevância do Tema

A motivação para a realização deste trabalho surgiu a partir do Projeto de P&D –


Pesquisa e Desenvolvimento, intitulado Coordenação de Isolamentos em Redes de Média
Tensão com Neutros Ressonantes, sob a coordenação do LAT-EFEI – Laboratório de Alta
Tensão da Universidade Federal de Itajubá, em parceria com a AES Sul Distribuidora Gaúcha
de Energia e a UNIBO – Universidade de Bologna, na Itália. Com o início da operação do
sistema elétrico de distribuição através de neutro ressonante na região metropolitana de Porto
Alegre – RS, sob concessão da AES Sul, tornou-se necessário conhecer os efeitos da elevação
de tensão nas fases sãs da rede quando da ocorrência de defeitos fase-terra, a fim de substituir
ou adaptar os isoladores e para-raios existentes (1).
Com o objetivo de minimizar os custos envolvidos na substituição destes componentes,
as equipes da UNIBO e do LAT-EFEI desenvolveram procedimentos para a alocação eficaz de
para-raios, limitando as taxas de falhas causadas por sobretensões induzidas em alimentadores
reais (convencionais ou compactos). O procedimento proposto foi exaustivamente avaliado pela
equipe da UNIBO através do programa computacional LIOV-EMTP, devidamente adaptado
para considerar todas as características e a topologia dos alimentadores avaliados (2,3,4,5,6).
Neste aspecto, foi de responsabilidade do LAT-EFEI levantar todos os dados da rede
necessários às simulações. Foram avaliados em laboratório, o comportamento elétrico dos para-
raios instalados nos alimentadores quando da operação do sistema neutro ressonante (7,8,9),
bem como a suportabilidade dielétrica de transformadores de distribuição (10,11), isoladores
dos tipos pino e pilar (12), chaves seccionadoras e chaves fusíveis quando solicitados por
sobretensões atmosféricas (13).
A suportabilidade dielétrica dos isoladores foi avaliada de forma mais detalhada, uma
vez que estes se encontram em maior quantidade que os demais componentes em qualquer
alimentador de distribuição de energia elétrica, constituindo o meio principal pelo qual ocorrem
os desligamentos por sobretensões atmosféricas. A primeira etapa desta avaliação consistiu na
obtenção da tensão disruptiva crítica – U50% para formas impulsivas representativas de
sobretensões induzidas, originadas por descargas atmosféricas indiretas, além de sobretensões
representativas de descargas atmosféricas diretas. Os resultados originaram a dissertação de
mestrado intitulada Avaliação do Comportamento Dielétrico de Isoladores de Média Tensão
Frente à Sobretensões Induzidas de Origem Atmosférica (14).
24
 
Porém, a representação do comportamento dielétrico destes isoladores em programas
do tipo LIOV-EMTP deve ser aprimorada, tornando o instante de ocorrência da disrupção
dependente da forma impulsiva a que se está submetido. Para isto, é necessário um conjunto
adicional de ensaios dielétricos responsáveis por fornecer a característica tensão x tempo de
disrupção – curvas V x t, para cada forma, polaridade e tipo de isolador. A partir deste conjunto
de ensaios, e utilizando o método do efeito disruptivo, torna-se possível representar de maneira
mais apropriada o comportamento dielétrico dos isoladores durante as simulações
computacionais que envolvam a ocorrência de descargas atmosféricas.

1.3 Originalidade

A originalidade do trabalho se deve à abordagem estatística aplicada ao método do efeito


disruptivo, reproduzindo as curvas V x t de modo a preservar a dispersão dos pontos que
compõem sua característica. Portanto, neste caso as curvas V x t não são representadas somente
através das médias da tensão e do tempo de disrupção, o que seria considerado uma
simplificação dos resultados. Além disso, o conjunto de resultados provenientes dos ensaios
para levantamento das curvas V x t é inédito, uma vez que foram ensaiados 02 tipos construtivos
de isoladores para cada classe de tensão de 15 kV e 25 kV, na condição a seco, para as
polaridades positiva e negativa. Estas combinações foram repetidas em 14 formas impulsivas
diferentes, totalizando inicialmente 112 curvas V x t.

1.4 Objetivo

Este trabalho tem como objetivo desenvolver o modelo matemático do efeito disruptivo
para isoladores de distribuição dos tipos pino e pilar de porcelana, para as classes de tensão de
15 kV e 25 kV, quando submetidos a impulsos de tensão com formas não padronizadas. O
desenvolvimento do modelo matemático do efeito disruptivo é realizado através de abordagem
estatística, buscando representar de forma real o comportamento dielétrico destes componentes
dos sistemas de distribuição de energia elétrica. Os parâmetros necessários para a construção
do modelo (tensão U50% e curvas V x t) são obtidos através de ensaios experimentais, realizados
no LAT-EFEI – Laboratório de Alta Tensão da Universidade Federal de Itajubá.
25

1.5 Estrutura

Este trabalho está estruturado em seis capítulos principais, referências e anexos. O


Capítulo 1 – Introdução consiste na apresentação do tema, objetivos e etapas seguidas. O
Capítulo 2 – Conceituação Teórica apresenta uma breve revisão bibliográfica do tema e uma
abordagem teórica do método do efeito disruptivo, destacando o seu funcionamento,
aplicabilidade e limitações. São apresentados também as principais variações e aprimoramentos
pelas quais o método passou desde sua apresentação até os dias atuais.
No Capítulo 3 – Característica Tensão x Tempo de Disrupção é apresentado o
procedimento utilizado para o levantamento das curvas V x t nas 14 formas impulsivas
utilizadas, apresentando os resultados no formato gráfico. Este capítulo apresenta também o
procedimento utilizado na concepção das formas impulsivas junto ao gerador de impulsos de
tensão do LAT-EFEI e os resultados dos ensaios para obtenção da tensão U50%, necessários na
composição do modelo do efeito disruptivo.
O Capítulo 4 – Modelo do Efeito Disruptivo Estatístico apresenta o desenvolvimento do
modelo do efeito disruptivo para os isoladores e as formas impulsivas ensaiadas através de uma
abordagem estatística, buscando reproduzir a dispersão real das curvas V x t para formas
impulsivas não padronizadas. No Capítulo 5 – Resultados das Simulações e Análises são
apresentados os resultados das simulações realizadas com o modelo do efeito disruptivo que
considera o fator de controle da dispersão, conforme detalhado no Capítulo 4.
O Capítulo 6 – Conclusões traz um resumo qualitativo dos resultados obtidos durante
os ensaios para obtenção das curvas V x t e as conclusões a respeito do funcionamento do
método do efeito disruptivo proposto, bem como as sugestões de trabalhos futuros.
Os anexos, localizados no final do trabalho, apresentam os fluxogramas dos programas
computacionais desenvolvidos, informações a respeito dos resistores para a obtenção das
formas impulsivas não padronizadas e seus respectivos oscilogramas, resultados dos ensaios
para determinação das tensões U50% e curvas V x t, bem como todos os resultados gráficos e
numéricos das simulações do efeito disruptivo.
26
 

2 Conceituação Teórica
A avaliação da coordenação de isolamento e da proteção contra sobretensões
atmosféricas em sistemas elétricos deve levar em consideração a variedade de surtos de tensão
que podem atingir os equipamentos e componentes instalados na rede, assim como o efeito que
cada surto produz nas isolações auto-recuperantes e não auto-recuperantes. Dado que a
suportabilidade dielétrica das isolações é expressa através de formas impulsivas padronizadas,
torna-se necessário utilizar um método de análise capaz de comparar os resultados obtidos para
diversas formas impulsivas (15). Com este propósito o Método da Integração (Integration
Method), também conhecido como Método do Efeito Disruptivo (Disruptive Effect), foi
inicialmente proposto por Witzke e Bliss em 1950 (16,17).
Na década de 1920, a definição de uma forma impulsiva específica para a avaliação da
suportabilidade dielétrica e a padronização dos níveis de isolamento para os diversos
equipamentos era necessária, a fim de que as análises pudessem ser repetidas em qualquer
laboratório de alta tensão. Foi então que as pesquisas que envolvem este tema se iniciaram e os
especialistas começaram a registrar a amplitude e a forma dos surtos de tensão em linhas de
transmissão nos Estados Unidos da América, quando da ocorrência de descargas atmosféricas
diretas (18). Um exemplo da diversidade das formas dos surtos de tensão registrados naquela
época é apresentado na Figura 1, que mostra a comparação entre a forma impulsiva padronizada
com 20 µs de cauda e a média de 35 oscilogramas com tempos de frente curtos e longos,
registrados em uma linha de transmissão de 220 kV (19).

100
U (%) 4 3 1- Forma padronizada com tc=20µs
80
1 2- Forma típica com frente curta.
60
40 3- Média de 35 oscilogramas.
2 4- Forma típica com frente longa.
20
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Tempo (µs)
Figura 1 – Oscilogramas típicos de impulsos de tensão com frentes rápidas e longas, e média das formas
impulsivas registradas em 1929 na linha de transmissão Wallenpaupack-Siegfried 220 kV. Adaptado de (19).

No entanto, a escolha de uma forma impulsiva específica para a avaliação da isolação


exerce influência direta na sua suportabilidade, conforme demonstrado, em 1941, por
Hagenguth (20), que avaliou a suportabilidade de centelhadores para algumas destas formas.
27

Com o avanço das pesquisas nesta área, tornou-se evidente que o conhecimento da
suportabilidade de determinada isolação submetida a uma forma impulsiva específica não era
suficiente para prever seu desempenho quando submetida a outras formas distintas (15). Desta
maneira, não era possível garantir o desempenho dielétrico de um equipamento para todas as
solicitações de tensão a que este ficaria exposto durante sua vida útil.
Estas considerações contribuíram para que o método do efeito disruptivo ganhasse
destaque na avaliação da suportabilidade dielétrica, tornando possível estimar o comportamento
dos equipamentos e componentes do sistema elétrico através de procedimentos analíticos.
Desde sua apresentação, em 1950, o método do efeito disruptivo vem sendo utilizado em
diversas aplicações, fornecendo resultados satisfatórios.
Este capítulo apresenta uma breve revisão bibliográfica do tema e uma abordagem
teórica do método do efeito disruptivo, destacando o seu funcionamento, aplicabilidade e
limitações. São apresentados também as principais variações e aprimoramentos pelas quais o
método passou desde sua apresentação até os dias atuais. Este capítulo não tem como objetivo
discutir os fenômenos físicos envolvidos na formação das descargas disruptivas na isolação e
sim, apresentar os conceitos sob o ponto de vista de engenharia, com aplicações diretas para os
profissionais e pesquisadores envolvidos com coordenação de isolamento.

2.1 Definições

A seguir são definidos os termos considerados importantes no entendimento deste


capítulo.

 Tempo de frente: parâmetro virtual correspondente a 1,667 vezes o intervalo de


tempo entre os instantes nos quais a amplitude do impulso assume 30% e 90% do
valor de crista.
 Tempo de cauda: parâmetro virtual definido como o intervalo de tempo entre a
origem virtual e o instante no qual a amplitude do impulso é reduzida para 50% do
valor de crista.
 Isolação auto-recuperante: a isolação auto-recuperante ou auto-regenerativa
recupera completamente suas propriedades dielétricas após a ocorrência de uma
descarga disruptiva. A isolação auto-recuperante é geralmente do tipo externa.
28
 
 Isolação não auto-recuperante: a isolação não auto-recuperante perde suas
propriedades dielétricas ou não as recupera totalmente após a ocorrência de uma
descarga disruptiva. A isolação não auto-recuperante é geralmente do tipo interna.
 Descarga disruptiva: falha na isolação devido à solicitação dielétrica, conectando um
terminal energizado a um ponto de aterramento.
 Forma Impulsiva Plena: impulso de tensão que não é interrompido por uma descarga
disruptiva.
 Forma Impulsiva Cortada: impulso de tensão no qual uma descarga disruptiva causa
um colapso rápido de amplitude, reduzindo-a para um valor igual ou próximo de
zero.
 Streamer: canal ionizado que se forma na extremidade de eletrodos com alta
densidade de campo elétrico, propagando-se geralmente a partir de uma extremidade.
A fase caracterizada pela formação do streamer precede a fase de formação do canal
leader.
 Leader: canal altamente ionizado e prolongado, quando comparado com o streamer,
que se propaga em alta velocidade a partir da extremidade deste, podendo conectar
ou não a extremidade dos eletrodos.
 Descarga atmosférica direta: consiste na descarga atmosférica que incide sobre os
condutores ou estruturas das linhas de transmissão e distribuição, bem como sobre as
subestações.
 Descarga atmosférica indireta: consiste na descarga atmosférica que incide nas
proximidades dos sistemas elétricos – linhas de transmissão e distribuição ou
subestações.
 Statistical time lag: parcela de tempo de natureza estatística relacionada à
disponibilidade dos elétrons na formação da descarga disruptiva.
 Formative time lag: parcela de tempo necessário para completar a descarga
disruptiva. Esta parcela depende da distância entre os eletrodos.
 Efeito Corona: aumento fictício do raio do eletrodo ou condutor energizado. Este
aumento é causado quando a tensão aplicada ultrapassa um valor crítico e o campo
elétrico resultante é superior a suportabilidade dielétrica do meio isolante, iniciando
o processo de ionização (21).
29

 Cruzeta: suporte de madeira, fibra ou aço que tem como objetivo sustentar os
equipamentos ou componentes das redes de distribuição no topo das estruturas.
 Taxa de falha: número de descargas disruptivas por unidade de tempo em
determinado tipo de isolação (auto-recuperante ou não).

2.2 Revisão Bibliográfica

A forma impulsiva padronizada que possui tempo de frente (tf) de 1,2 µs e tempo de
cauda (tc) de 50 µs é representativa das sobretensões de origem atmosférica, sendo utilizada
para avaliar a suportabilidade dielétrica de equipamentos e componentes instalados nos
sistemas elétricos. Porém, uma pesquisa detalhada na literatura técnica, envolvendo a proteção
contra descargas atmosféricas e simulações de tensões induzidas em sistemas de distribuição
de energia elétrica, revela que uma variedade de formas impulsivas pode ser observada em
condições reais, ou seja, em medições realizadas em campo.
Dentre as medições de tensão induzida em linhas de tamanho real, destacam-se os
experimentos realizados por Barker et al. (22), Eriksson et al. (23), Yokoyama et al. (24,25,26),
Master et al. (27), Cooray e De La Rosa (28), De La Rosa et al. (29), Rubinstein et al. (30),
Michishita et al. (31) e Piantini et al. (32). Considerando as medições de tensão induzida em
linhas de tamanho reduzido, destacam-se os experimentos realizados por Yokoyama (33),
Piantini e Janiszewski (34,35), Ishii et al. (36) e Nucci et al. (37).
As referências apresentadas mostram que os tempos de frente e cauda variam
consideravelmente em relação aos valores padronizados, com características distintas da forma
impulsiva utilizada em laboratórios (dupla exponencial) e até mesmo apresentando
comportamento oscilatório. Por outro lado, a utilização da forma impulsiva padronizada,
1,2 x 50 µs, não pode ser simplesmente descartada quando se está interessado em investigar
sobretensões induzidas, uma vez que esta pode levar ao menor nível de suportabilidade
dielétrica para isoladores de distribuição, servindo de parâmetro de comparação entre os
resultados (14).
Desta forma, é necessário avaliar as isolações de maneira satisfatória quando
submetidos a impulsos de tensão com formas não padronizadas, uma vez que estas são
ensaiadas unicamente com a forma 1,2 x 50 µs. Obviamente, não é possível, do ponto de vista
prático e econômico, avaliar as isolações com todas as formas impulsivas possíveis de serem
reproduzidas em laboratório. Portanto, é preciso utilizar um método analítico a fim de estimar
30
 
a suportabilidade da isolação quando solicitada por tensões diferentes da padronizada, partindo
dos dados de ensaios dielétricos realizados para a forma 1,2 x 50 µs.
Uma vez que os parâmetros da forma impulsiva padronizada são independentes do
objeto avaliado (equipamento ou componente do sistema elétrico), tem-se que o método
analítico utilizado também deve ser independente, ou seja, deve ser aplicável a todo tipo de
isolação, auto-recuperantes e não auto-recuperantes (38).
Desde a década de 1930, os profissionais e pesquisadores envolvidos com a coordenação
de isolamento e proteção contra descargas atmosféricas em linhas de transmissão,
demonstravam interesse e até mesmo preocupação com o efeito que formas impulsivas não
padronizadas pudessem causar na isolação de componentes e equipamentos dos sistemas
elétricos.
Naquela época, os centelhadores eram bastante utilizados na proteção contra
sobretensões atmosféricas em transformadores, sendo que a forma padronizada para ensaios era
1,5 x 40 µs e 1,0 x 50 µs, nas normas americana e europeia, respectivamente (39,40).
Imaginava-se que a atuação destes centelhadores seria satisfatória caso um surto de tensão com
descarga disruptiva ocorresse na região de cauda, protegendo o transformador adjacente.
Porém, não se conhecia a eficácia da proteção dos centelhadores caso o surto apresentasse um
valor de crista muito elevado ou alta taxa de crescimento. Neste caso, a descarga disruptiva
certamente ocorreria na região de frente do impulso. Portanto, a fim de prover a coordenação
de isolamento entre os componentes e equipamentos dos sistemas elétricos, era necessário
conhecer por completo o comportamento destes centelhadores, submetidos a surtos impulsivos
provenientes das descargas atmosféricas nas linhas de transmissão.
As primeiras investigações de maior relevância foram feitas por Hagenguth (41), que
realizou ensaios para levantamento das curvas V x t em centelhadores, isoladores, buchas e
combinações de papel/óleo isolantes. Além disso, foram apresentadas técnicas de ensaio,
fatores de influência nos resultados e definições dos principais parâmetros utilizados. A Figura
2 apresenta um resumo das curvas V x t médias obtidas por Hagenguth, utilizando a forma
1,5 x 40 µs para os centelhadores ponta-plano, buchas, isoladores de suspensão e combinações
de papel/óleo isolantes utilizados na época. A tensão U(%) na escala vertical refere-se à
porcentagem da tensão U50%. Nota-se os diferentes níveis de suportabilidade entre os
componentes avaliados.
31

400 400
A- Centelhador.
U (%) U (%)
B- Bucha.

300 300 C- Isolador.

D- Papel e óleo.

A A
200
B 200 B
C

C D
100 100
0 1 2 3 4 0 1 2 3 4
Tempo (µs) Tempo (µs)
(a) (b)
Figura 2 – Resumo das curvas V x t médias para a forma 1,5 x 40 µs em centelhadores ponta-plano, buchas,
isoladores de suspensão e combinações de papel/óleo isolantes. (a) Polaridade positiva e (b) polaridade negativa.
Adaptado de (41).

Com o aumento do número de laboratórios de alta tensão com capacidade de realização


de ensaios de impulso atmosférico nos Estados Unidos da América no início da década de 1930,
notou-se que os resultados de ensaios apresentados para o mesmo objeto não eram equivalentes.
Segundo o AIEE Lightning and Insulation Subcommittee (comitê para estudos das
descargas atmosféricas e isolamento do Instituto Americano de Engenheiros Eletricistas) (39),
a não concordância entre os resultados ocorria devido aos diferentes tipos de geradores de
impulso utilizados, diferentes métodos de medição da tensão e tempos de disrupção, variação
das condições de ensaio (umidade e pressão), variações na configuração de montagem no local
de ensaio, descuido no registro dos oscilogramas, e principalmente, variações nas formas
impulsivas aplicadas nos objetos sob ensaio. A natureza aleatória do processo de descarga
também foi levada em consideração na tentativa de justificar os erros (42).
Foi então que surgiu, em 1934, o primeiro relatório técnico contendo informações a
respeito da suportabilidade de isoladores e centelhadores, avaliados com formas impulsivas não
padronizadas nos maiores laboratórios de alta tensão dos Estados Unidos em conjunto com seus
respectivos fabricantes (42). O objetivo principal deste relatório era mostrar que a tensão U50%
para as formas 1 x 5 µs e 1,5 x 40 µs de polaridade positiva eram diferentes e dependiam do
objeto ensaiado. Em centelhadores, estas tensões são iguais para espaçamentos de até 3
polegadas. Para espaçamentos superiores a 3 polegadas, a forma 1 x 5 µs apresentava
suportabilidade maior, ou seja, maior tensão U50%. Nos isoladores avaliados, a forma 1 x 5 µs
apresentou maior suportabilidade para todos os conjuntos (cadeias de 01 a 20 discos).
32
 
Este relatório foi revisado em 1937 a fim de incluir resultados de ensaios na polaridade
negativa, confirmando a tendência observada na tensão disruptiva crítica do relatório anterior e
demonstrando que esta polaridade leva à maior suportabilidade da isolação em alguns casos
(43). A Figura 3 apresenta os resultados no formato gráfico para os ensaios utilizando as formas
1 x 5 µs e 1,5 x 40 µs em isoladores de suspensão e centelhadores. Os valores apresentados
consistem na média dos resultados fornecidos pelos laboratórios participantes da avaliação,
onde é possível notar a maior suportabilidade da forma 1 x 5 µs em relação à forma padronizada
da época, 1,5 x 40 µs.

2400
U (kV) vo
siti
2000 t a Po
s 2000
Cri
de tivo
lor itivo U (kV) osi
- Va Pos aP
1600 5µ
s
rista rist
1x C co 1600 eC
rd e a Se or d itivo
Valo rista Val Pos
0 µs - r de C µs - Crista Seco
1200 x 4 al o x5 rd e
ta a
1 ,5 z-V 1200 1 Valo de Cris
60 H µs - or
,5 x 40 z - Val
1 60 H
800 800

400 400

0 0
0 3 5 7 9 11 13 15 17 19 20 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Número de Isoladores na Cadeia Espaçamento do Centelhador em Polegadas
(a) (b)
Figura 3 – (a) Tensão U50% para cadeia de isoladores com unidades de 10 polegadas de diâmetro. (b) Tensão
U50% para centelhadores utilizados em coordenação de isolamento. Adaptado de (42). 

Em 1941, Hagenguth (20) demonstrou que as diferenças de tensão registradas para


determinado tempo de disrupção se davam devido às variações no tempo de frente das formas
impulsivas utilizadas durante ensaios. Como consequência de suas pesquisas para a
coordenação de isolamento, tem-se que a característica da isolação não deve ser representada
apenas por uma curva V x t, mas sim por um conjunto destas.
Com o desenvolvimento dos sistemas elétricos de distribuição, cresciam também as
discussões a respeito da coordenação de isolamento envolvendo equipamentos conectados a
cabos isolados. Esta tecnologia permitia descongestionar a entrada e saída de cabos nas
subestações, bem como melhorar a aparência destas em regiões residenciais. Até então, não se
conhecia com detalhes a relação entre a necessidade de para-raios adicionais em relação ao
comprimento dos cabos. Normalmente, em sistemas com cabos isolados, os para-raios eram
instalados nas junções entre os cabos isolados e os cabos aéreos, excluindo-se sua instalação
nos terminais do equipamento a ser conectado. Restava então a dúvida em relação à eficácia da
coordenação de isolamento entre estes componentes.
33

Com o propósito de investigar a proteção contra sobretensões atmosféricas nos


transformadores instalados em sistemas deste tipo, Witzke e Bliss (16,17) propuseram, em 1950,
um vasto estudo baseado em simulações com computadores analógicos e ensaios dielétricos
realizados em laboratório de alta tensão. Os resultados deste estudo permitiram avaliar a
influência da amplitude e da taxa de variação das correntes de surto, características de atuação
dos para-raios, impedância de surto dos cabos, etc., na suportabilidade dos transformadores.
A Figura 4 apresenta os oscilogramas de algumas sobretensões obtidas nas extremidades
do cabo isolado ensaiado (oscilograma inferior em cada retângulo), com comprimentos de
aproximadamente 60 m e 305 m. A forma impulsiva plena aplicada no cabo possui tempos de
frente de 0,5 µs e 1,1 µs, enquanto a forma impulsiva cortada apresenta tempos de frente
variando entre 0,5 µs e 3,5 µs. As configurações utilizadas na extremidade oposta do cabo
incluem a alteração da capacitância representativa do transformador e a remoção completa do
efeito deste, mantendo o circuito em aberto. Destaca-se que o circuito avaliado permite estudar
o efeito tanto das formas impulsivas unipolares oscilatórias, quanto das formas oscilatórias
bipolares.

305 m, tf =1,1 µs Aberto 305 m, tf =0,5 µs Aberto 60 m, tf =0,5 µs Aberto 60 m, tf =0,5 µs 6300 µF

0 5 10 15 25 0 1 2 4 6 8 0 1 2 4 6 8 0 1 2 4 6 8
(a)
305 m, tf =0,5 µs Aberto 305 m, tf =3,5 µs Aberto 60 m, tf =0,7 µs Aberto 60 m, tf =0,7 µs 6300 µF

0 1 2 4 6 8 0 1 2 4 6 8 0 1 2 4 6 8 0 1 2 4 6 8
(b)
Figura 4 – (a) Formas impulsivas registradas para a aplicação do impulso pleno. (b) Formas impulsivas
registradas para a aplicação do impulso cortado. Adaptado de (17).
34
 
O acordo entre os pesquisadores e os profissionais envolvidos com coordenação de
isolamento era de que os equipamentos deveriam suportar determinadas solicitações de tensão
para formas impulsivas específicas. Porém, mesmo em circuitos radiais simples era possível
notar que estas variavam consideravelmente em relação à forma padronizada para os ensaios
dielétricos.
Foi então que Witzke e Bliss (16,17) desenvolveram um procedimento para a avaliação
da isolação de transformadores a seco e a óleo, submetidos a formas não padronizadas. O
procedimento foi chamado de Método da Integração (Integration Method), também conhecido
como Método do Efeito Disruptivo (Disruptive Effect), uma vez que avalia o efeito da disrupção
através de um surto de tensão não padronizado no equipamento. Neste método, o efeito
disruptivo sobre a isolação é definido pela equação (1).

(1) 

Onde:
DE – efeito disruptivo.
U(t) – tensão impulsiva aplicada ao equipamento em função do tempo.
U0 – tensão suportável pela isolação sem causar danos por um tempo indeterminado.
K – constante que permite variar a influência da tensão ou do tempo na equação.

A equação (1) estabelece que a isolação do transformador avaliado pelo método deve
suportar uma tensão constante, U0, sem causar falhas. Witzke e Bliss notaram que o efeito
disruptivo para um surto de tensão era função da amplitude e do tempo em que este permanecia
aplicado e que estes fatores não possuíam o mesmo peso. Por este motivo, a constante K foi
introduzida a fim de permitir uma variação no peso da tensão e do tempo. As constantes U0 e
K podem ser obtidas a partir dos ensaios de tensão impulsiva padronizados, assumindo que a
forma impulsiva plena e as formas cortadas na cauda e na frente possuem a mesma severidade
(17).
Em 1957, Kind propôs um modelo matemático baseado no critério da igualdade de áreas
(equal-area criterion), fundamentando-se na dependência que a velocidade de formação da
descarga disruptiva tem em relação à tensão aplicada (38,44). O critério da igualdade de áreas
proposto por Kind consiste em definir a constante K = 1, resultando portanto em um caso
específico da abordagem geral do método do efeito disruptivo apresentada por Witzke e Bliss.
35

Desde então, diversos pesquisadores avaliaram o método com abordagens físicas e de


engenharia, submetendo seu funcionamento em diversas formas impulsivas e propondo ajustes
ou melhorias no formato original. Dentre os inúmeros trabalhos desenvolvidos na aplicação
prática e direta do método, destacam-se as contribuições realizadas por Jones em 1954 (15) e
Caldwell e Darveniza em 1973 (45).
Os experimentos realizados por Jones tinham como objetivo avaliar o método do efeito
disruptivo proposto anteriormente em centelhadores do tipo ponta-plano e cadeias de
isoladores, utilizando para isto as formas impulsivas apresentadas na Figura 5 (a). Considerando
os recursos disponíveis naquela época, os resultados foram avaliados como satisfatórios,
comprovando a validade o método. A Figura 5 (b) apresenta a comparação entre as curvas V x
t obtidas em ensaio e resultantes do método.

300
U (kV)

250

2
A B 200

1
150

100
C D 0 1 2 3 4 5
Tempo (µs)
A - Surto aproximadamente retangular.
B - Surto aproximadamente triangular. 1 - Curva V x t de ensaio para a forma D.
C - Surto íngrime. 2 - Curva V x t simulada utilizando o método.
D - Surto impulsivo padronizado.
(a) (b)
Figura 5 – (a) Formas impulsivas utilizadas na avaliação do método do efeito disruptivo por Jones.
(b) Comparação entre as curvas V x t para a forma padronizada 1,5 x 40 µs, resultante de ensaio e obtida
analiticamente através do método. Adaptado de (15).

Em 1979, Darveniza et al. (46) utilizaram um conjunto de curvas V x t obtidas de forma


experimental para a combinação de isoladores de suspensão e cruzeta de madeira com o
objetivo de determinar a média e o desvio padrão do efeito disruptivo. Os ensaios foram
realizados nas condições a seco e sob chuva. Os parâmetros que influenciam a suportabilidade
do conjunto (capacitâncias e resistências que variam em função da umidade) foram alterados
de forma estatística, utilizando o método de Monte Carlo. Desta forma, Darveniza introduziu
pela primeira vez uma abordagem estatística do método do efeito disruptivo, obtendo como
36
 
resultado a constante DE e seu desvio padrão. Por outro lado, as constantes U0 e K foram obtidas
de forma determinística, utilizando para isto a forma padronizada.
Os resultados da aplicação deste procedimento trazem como consequência a reprodução
das curvas V x t de forma mais fiel ao comportamento observado durante os ensaios. A Figura
6 apresenta um exemplo de resultado obtido pelo procedimento proposto por Darveniza, onde
foi avaliada uma estrutura de madeira do tipo H na tensão nominal de 132 kV. Neste caso o
erro máximo no cálculo da curva V x t foi de 8% para tempos de disrupção próximos a 5 µs,
considerado satisfatório devido à complexidade da estrutura avaliada.

1200
U (kVp)
1100
0
2 1000
0
Experimental
3 900
1
800 Valor mínimo
calculado
4 0 700
5
600
0 0 5 10 15 20
Tempo (µs)
(a) (b)
Figura 6 – (a) Estrutura de madeira em 132 kV do tipo H. (b) Tensão disruptiva mínima calculada e curva V x t
resultante de ensaio. Caminhos para a descarga disruptiva na madeira:
(1-2)+(2-3)+(3-0) ou (1-2)+(2-3) +(3-4)+(4-0). Adaptado de (46).

Ainda na década de 1980, os pesquisadores Knorr et at. (47), Yamagiwa e Ozawa (48),
adaptaram o método da igualdade de áreas para levar em consideração os diferentes tempos
envolvidos na formação das descargas disruptivas. Estas modificações contribuíram também
para estimar os limites superior e inferior da curva V x t.
Naquela época, muitos pesquisadores e profissionais da área de alta tensão e
coordenação de isolamento estavam convencidos da eficácia do método do efeito disruptivo,
incluindo o caso específico da igualdade de áreas. O método correspondia com precisão
aceitável para diferentes tipos de isolação, reproduzindo as curvas V x t e estimando a tensão
U50% para uma faixa de tempo de disrupção entre 0,05 a 25 µs.
Entretanto, a utilização do método não apresentava bons resultados para impulsos de
manobra, com imprecisões de ± 25% ou até mesmo 50% (49). É importante notar que até este
ponto o método atendeu as necessidades utilizando uma abordagem basicamente empírica, sem
37

a preocupação com a descrição detalhada dos processos físicos envolvidos na formação da


descarga disruptiva (38).
Simultaneamente à utilização do método do efeito disruptivo aplicado na engenharia de
alta tensão e na coordenação de isolamento, outras pesquisas foram desenvolvidas no sentido
de apresentar uma abordagem teórica, baseando-se no processo físico da formação da descarga
disruptiva. De modo geral, estas se concentraram na isolação a gás, em particular o SF6,
utilizando centelhadores com formatos típicos.
Estas pesquisas começaram ainda nas décadas de 1950 e 1960 com Akopian (50),
Wagner e Hileman (51), sendo posteriormente complementadas por Yamagiwa e Ozawa (48),
Baldo e Pigini (52), e Watson et al. (53) com uma análise das fases de formação da descarga
disruptiva (streamer e leader). Porém, esta abordagem física é restrita ao tipo de isolação para
a qual foi desenvolvida. Portanto, sua aplicação foi considerada limitada e não atendia ao
critério de independência do método em relação ao processo físico envolvido na descarga
disruptiva, bem como à independência em relação ao tipo de isolação ensaiada (auto-
recuperantes ou não auto-recuperantes) (38).
As pesquisas a respeito do comportamento dielétrico dos componentes e equipamentos
dos sistemas de distribuição de energia elétrica também continuaram. Em 1990, Grzybowski e
Jacob (54) realizaram ensaios para obtenção das curvas V x t em isoladores de porcelana do
tipo pino e isoladores de suspensão de porcelana e polimérico, combinados com cruzetas de
madeira. Os ensaios foram realizados nas condições a seco e sob chuva, bem como nas
polaridades positiva e negativa. A forma impulsiva utilizada apresentava frente extremamente
rápida e cauda curta (0,065 x 5 µs).
A ideia principal era investigar o comportamento destes componentes das linhas de
distribuição quando solicitados por surtos de tensão extremamente rápidos, uma vez que este
tipo de comportamento era pouco conhecido até então. De modo geral, os resultados
comprovaram que a tensão U50% para a forma não padronizada (0,065 x 5 µs) era de 1,5 a 2,0
vezes superior à tensão U50% para a forma padronizada (1,2 x 50 µs). Por outro lado, houve
alternância da polaridade mais crítica quando da utilização da cruzeta combinada com os
isoladores, sugerindo que novas pesquisas viessem a esclarecer a influência deste componente
no resultado final.
Algumas observações importantes sobre o comportamento de centelhadores submetidos
a formas impulsivas não padronizadas também foram feitas por Chowdhuri et al. (55), em 1994,
com o objetivo de estender os resultados a outros equipamentos. Este trabalho apresentou
38
 
características peculiares dos parâmetros U50% e das curvas V x t para sete formas impulsivas
não padronizadas, com tempos de frente entre 0,025 e 10 µs, e tempos de cauda entre 0,5 e
100 µs. A forma padronizada 1,2 x 50 µs também encontra-se neste grupo.
Para um conjunto de formas impulsivas com 0,12 µs < tf < 1,2 µs e 25 µs < tc < 50 µs,
observou-se que a tensão U50% apresentava o menor nível se comparada com as demais e
permanecia praticamente constante na polaridade positiva para centelhadores dos tipos ponta-
ponta e ponta-plano. Este resultado também se repete para o centelhador ponta-plano na
polaridade negativa, indicando que este conjunto de formas impulsivas conduzem à mesma
solicitação dielétrica nos centelhadores ensaiados. Resultados semelhantes a estes também
foram encontrados por Lopes (14). A Figura 7 apresenta um resumo dos resultados obtidos por
Chowdhruri, onde é possível observar as considerações sobre o comportamento dos
centelhadores.

180 180 tc
tf 0,5 25 50 100
U 50% (kV) 1 U 50% (kV) 1
0,025 1 2
140 140
0,12 3 4
120 120 3 1,2 5 6
2
10 7 8
100 100 2
3
1 - Esfera-esfera
80 80
2 - Ponta-ponta
3 - Ponta-plano
60 60

40 40

20 20
1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8
Nº da Forma Impulsiva Nº da Forma Impulsiva
(a) (b)
Figura 7 – Tensão U50% para as formas impulsivas e os centelhadores ensaiados por Chowdhuri et al. Os tempos
tf e tc estão em microssegundos. (a) Polaridade positiva. (b) Polaridade negativa. Adaptado de (55).

O interesse em avaliar a suportabilidade de isoladores com formas impulsivas mais


próximas das sobretensões induzidas também foi dedicado às linhas de distribuição para trens
elétricos, com tensão nominal inferior às tensões mais comuns para a distribuição de energia
elétrica. Com a isolação projetada para operar em tensões nominais de 3 kV em corrente
contínua, estas linhas são mais susceptíveis às descargas disruptivas devido as sobretensões
induzidas.
Com o propósito de avaliar este caso em específico, Carrus et al. (56) investigaram em
1999 o comportamento dielétrico de diversos isoladores utilizando a forma 1,2 x 4 µs,
39

observada com frequência quando se tratava de sobretensões induzidas. De forma análoga aos
trabalhos anteriores, os resultados mostraram que existe uma forte dependência da
suportabilidade em relação ao tempo de cauda, ou seja, tempos de cauda inferiores ao valor
padronizado (50 µs) levaram ao aumento da tensão disruptiva crítica. Os resultados
apresentados por Carrus estão em concordância com aqueles apresentados também por Lopes
(14), mesmo com diferenças entre as classes dos isoladores (3 kV e 15 kV) e entre as formas
impulsivas utilizadas (1,2 x 4 µs e 1,2 x 5 µs).
Ainda no início dos anos 2000, não havia conhecimento suficiente sobre o
funcionamento do método do efeito disruptivo para formas impulsivas bipolares ou oscilatórias.
Estas formas são comumente observadas em enrolamentos de transformadores, mais
especificamente entre suas derivações. Foi então que, em 2002, Savadamuthu et al. (57)
propuseram uma abordagem diferente do método do efeito disruptivo, denominada
Unconditionally Sequential Approach. Esta abordagem foi avaliada em três tipos de
centelhadores diferentes: bulbo isolado a gás, ponta-plano isolado a ar e ponta-plano isolado
em óleo. Um estudo de caso também foi apresentado, no qual foram registradas as distribuições
de tensão para cinco derivações de um transformador de potência de 50/25/25 MVA e
126/66/11 kV. A definição da derivação crítica sob o ponto de vista do ensaio de impulso
atmosférico foi realizada com o auxílio da característica do centelhador de bulbo isolado a gás,
o que conduziu a resultados satisfatórios.
Desde o surgimento do método do efeito disruptivo em 1950, diferentes propostas para
a obtenção dos seus parâmetros DE, U0 e K foram sugeridas e aplicadas na prática. A utilização
do método e sua eficácia estão consolidadas, porém a escolha destes parâmetros para garantir
uma correta reprodução das curvas V x t de forma analítica ainda consiste em tema de pesquisa
e investigação.
Desde 2007, diversos trabalhos têm sido publicados no tema específico da seleção ótima
dos parâmetros do modelo e a comparação dos resultados com as curvas V x t obtidas em
ensaios. Em 2007 e 2010, Ancajima et al. (58,59) propuseram pela primeira vez uma análise do
desvio padrão da constante DE para diferentes relações entre U0 e U50%. Os valores de U0 que
proporcionaram os menores desvios padrão para a constante DE foram então utilizados para a
composição dos modelos propostos por Kind e Chowdhuri, conduzindo aos resultados com
erros em torno de 10% e 5%, para as formas 1,2 x 50 µs e 1,2 x 4 µs, respectivamente.
Em 2010, Venkatesan e Usa (60) apresentaram uma proposta para reprodução da curva
V x t a partir do método do efeito disruptivo. O procedimento em questão foi chamado de
40
 
Hyperbolic Model e está baseado na utilização do valor médio e do desvio padrão da constante
DE, obtidos a partir dos valores médios da tensão U0 e dos tempos de disrupção tb. A dispersão
da constante DE no modelo é resultante da análise nos limites inferior (P = 5%) e superior
(P = 95%) de U0 e tb. O método foi avaliado em centelhadores de 1 a 6 mm, com resultados
satisfatórios.
Em 2011, Braz e Piantini (61,62) realizaram avaliações do comportamento dielétrico de
isoladores de distribuição do tipo pino de classe 15 kV, nas quais foram utilizadas dez formas
impulsivas não padronizadas com 0,4 µs < tf < 8 µs e 4 µs < tc < 130 µs, além da forma
padronizada 1,2 x 50 µs. Este trabalho teve como objetivo analisar as tensões U50% nas
polaridades positiva e negativa, além de obter as curvas V x t para três formas diferentes. Os
resultados dos ensaios serviram de base para a obtenção dos parâmetros do modelo do efeito
disruptivo, segundo as abordagens propostas por Caldwell e Darveniza (45), e Ancajima et al.
(59). Os resultados demostraram concordância com as conclusões e observações feitas pelos
demais pesquisadores envolvidos com a coordenação de isolamento em redes de distribuição
de energia elétrica.
Neste item foi apresentada uma revisão bibliográfica dos principais trabalhos publicados
desde a década de 1920, envolvendo a medição e a simulação de descargas atmosféricas diretas
e indiretas, ensaios dielétricos para obtenção das curvas V x t e levantamento da tensão U50%, e
principalmente, o desenvolvimento de um método analítico de previsão da suportabilidade da
isolação.
No entanto, é possível notar uma escassez de trabalhos que vinculem os resultados das
pesquisas realizadas com aplicações diretas ao sistema elétrico. Principalmente, os sistemas
elétricos de distribuição, que são mais susceptíveis às sobretensões atmosféricas, quando
comparados com os sistemas de transmissão. Neste contexto, no item 2.5 Exemplos de
Aplicação do Método na Coordenação de Isolamento são apresentadas duas aplicações recentes
do método do efeito disruptivo em sistemas de distribuição, destacando sua influência na
modelagem da descarga disruptiva em isoladores e na taxa de desligamentos.

2.3 Conceito do Método do Efeito Disruptivo

Para cada tipo de isolação, auto-recuperante ou não, existe uma tensão inicial U0 que
deve ser excedida antes que qualquer processo físico de formação da descarga disruptiva se
inicie. Quando a tensão aplicada, U, excede U0, inicia-se o processo de ionização do meio, no
41

qual os elétrons são acelerados pelo campo elétrico aplicado, E – E0. A constante E0 representa
o campo elétrico inicial, definido da mesma forma que a tensão U0. O desenvolvimento do
processo que leva à formação da descarga disruptiva depende diretamente da amplitude U – U0
e do tempo que esta permanece aplicada (38).
Portanto, para cada tipo de isolação tem-se a velocidade de formação do processo
anterior à descarga disruptiva, denominada r e descrita pela equação (2). A função r pode
assumir diferentes aspectos e em geral está relacionada com o tipo de isolação e com a faixa
E – E0 aplicada. Desta forma a equação (2) pode ser modificada para levar em consideração as
características do material isolante, resultando na equação (3).

(2) 

(3) 

Onde:
r – velocidade de formação do canal precursor da descarga disruptiva que depende do tipo
de isolação e da faixa E – E0.
E – campo elétrico correspondente à tensão U.
E0 – campo elétrico inicial, correspondente à tensão U0.
A e K – constantes que dependem do material isolante.

Em uma faixa estreita de E – E0, pode-se afirmar que existe uma relação linear entre r e
E – E0, resultando em K = 1. Para cada configuração de eletrodos em meio isolante, o campo
elétrico E está relacionado com a tensão aplicada U através da constante B, conforme equação
(4). Influenciado pela amplitude da tensão aplicada, U – U0, e pelo tempo de aplicação, t – t0,
os elétrons se deslocam na direção do campo elétrico, aumentando o comprimento S do canal
precursor da descarga disruptiva, conforme equação (5).

(4) 

(5) 
42
 
Onde:
B – constante que relaciona a função r com a amplitude da tensão aplicada.
S – comprimento do canal precursor da descarga disruptiva.
U – tensão aplicada.
U0 – tensão inicial.
C e D – constantes que dependem do material isolante e de sua configuração.
t0 – instante em U > U0.
t – tempo.

Um fator importante para todos os tipos de isolantes (líquidos, gasosos ou sólidos) e todos
os tipos de configurações (uniformes ou não) é que a descarga disruptiva final ocorre
imediatamente após o canal atingir um tamanho crítico, S*, dado pela equação (6). Define-se
então o efeito disruptivo crítico, DE*, como critério para ocorrência da descarga disruptiva,
conforme equação (7).


(6) 


∗ (7) 

Nota-se a partir das equações (2) a (7) que não existem restrições para a tensão aplicada
U, com exceção de que U > U0. Portanto, a equação (7) pode ser generalizada, levando em
consideração a variação da tensão em função do tempo, resultando na equação (8). A equação
(8) corresponde à formulação final do método do efeito disruptivo.

(8) 

Onde:
DE – efeito disruptivo.
U(t) – tensão aplicada na isolação em função do tempo.
U0 – tensão suportável pela isolação sem causar danos por um tempo indeterminado.
43

K – constante adimensional que permite variar a influência da tensão ou do tempo na


equação.
t0 – instante em U(t) > U0.
t – tempo.

O método do efeito disruptivo assume que para cada isolação, existe uma seleção ótima
das constantes DE, U0 e K. Esta seleção pode ser obtida a partir da curva V x t para a forma
padronizada 1,2 x 50 µs, sendo necessários pelos menos dois pontos para a solução da equação
(9). Segundo Darveniza e Vlastos (38), os pontos selecionados para a obtenção das constantes
devem estar suficientemente separados em relação ao tempo tb. A Figura 8 mostra o diagrama
representativo da equação (9), onde o par de pontos Ua(tba) e Ub(tbb) conduzem o mesmo valor
da constante DE.

(9) 

Onde:
Ua (t) – tensão impulsiva a aplicada na isolação com valor de crista Upa.
tba – instante de ocorrência da disrupção no impulso a.
t0a – instante em que Ua(t) > U0.
Ub (t) – tensão impulsiva b aplicada na isolação com valor de crista Upb.
tbb – instante de ocorrência da disrupção no impulso b.
t0b – instante em que Ub(t) > U0.

U U pa

U pb

DE DE
U0

0 t ba t bb t
Figura 8 – Diagrama representativo da equação (9) para a obtenção da constante DE utilizando os pontos Ua(tba)
e Ub(tbb).
44
 
O método do efeito disruptivo assume que a constante DE é específica para cada
isolação e independe da forma impulsiva aplicada. Por outro lado, nota-se na equação (9) que
as constantes U0 e K são dependentes, conforme apresentado por Caldwell e Darveniza (45).
Neste caso, Caldwell e Darveniza verificaram que se U0 é reduzido (U0 << U50%), então K
assume valores maiores, entre 3 e 5. Porém, se U0 ~ U50%, então K ≤ 1. No equacionamento
empírico do método do efeito disruptivo não há a restrição para a seleção de U0 e K, desde que
a combinação destes seja capaz de reproduzir a curva V x t desejada.

2.4 Histórico de Variações do Método do Efeito Disruptivo

Estudando o efeito das formas impulsivas não padronizadas na isolação de


transformadores, Witzke e Bliss (16,17), introduziram em 1950 o método do efeito disruptivo,
definido conforme equação (8). O método foi desenvolvido sob a premissa de que a isolação
dos transformadores avaliados deveria suportar uma tensão constante, U0, por um período
indefinido de tempo, sem que este apresentasse falhas. Os autores demonstraram então que o
efeito disruptivo de um surto de tensão é função da amplitude e do tempo, com importâncias
diferentes para estes dois fatores. A introdução do expoente K permite uma variação no peso
relativo que a tensão e o tempo possuem na equação.
As constantes U0 e K foram então obtidas a partir dos ensaios com formas padronizadas
de tensão, assumindo que a forma impulsiva plena, cortada na região de cauda e cortada na
região de frente possuíam a mesma severidade. Desta forma, para a obtenção das constantes do
modelo, as equações (10) e (11) devem ser solucionadas através de métodos numéricos.

(10) 

(11) 

Onde:
U1 (t) – tensão impulsiva plena.
U2 (t) – tensão impulsiva cortada na região de cauda.
U3 (t) – tensão impulsiva cortada na região de frente.
45

Witzke e Bliss assumiram então que o método conduz ao mesmo efeito disruptivo DE
para as três formas impulsivas U1 (t), U2 (t) e U3 (t), que variam em amplitude e duração,
resultando em uma precisão aceitável na avaliação da suportabilidade da isolação de
transformadores submetidos a formas impulsivas não padronizadas. Embora inédito e aceito
amplamente, o critério do efeito disruptivo proposto por Witzke e Bliss apresenta uma
incoerência. A afirmação de que as formas impulsivas plenas, cortada na região de cauda e
cortada na região de frente possuem a mesma severidade para a isolação é errônea. Mesmo com
amplitudes diferentes, existem solicitações do dielétrico específicas para cada tipo de forma,
justificando a existência de diferentes ensaios dielétricos.
Em 1954, Jones (15) simplificou o método original do efeito disruptivo proposto por
Witzke e Bliss, assumindo a constante U0 = 0. A razão para a simplificação era de que não foi
possível obter um conjunto de constantes positivas que representassem a isolação de
transformadores com tensão nominal a partir de 138 kV. Desta forma a equação (8) resultou na
equação (12). Jones concluiu que o método do efeito disruptivo nesta forma apresentava
resultados satisfatórios para tempos de disrupção superiores a 1 µs.

(12) 

Em 1958, Kind (63) avaliou o método do efeito disruptivo a partir do princípio de


ocorrência de descargas disruptivas em meios isolantes gasosos. Era de conhecimento que o
tempo necessário para a ocorrência da descarga disruptiva é composto de duas parcelas. A
primeira delas é chamada de statistical time lag (ts) e corresponde ao tempo necessário para que
haja disponibilidade de elétrons no meio isolante com energia suficiente para iniciar o processo
de descarga. Esta parcela de tempo é de natureza estatística, assim como a disponibilidade dos
elétrons. A segunda parcela do tempo é denominada de formative time lag (ta) e corresponde ao
tempo necessário para completar a descarga disruptiva. Esta parcela depende da distância entre
os eletrodos (64).
Desconsiderando a parcela de tempo ts, Kind propôs que, uma vez que a tensão aplicada
U(t) excedesse um valor crítico, denominado Ub, o processo de formação da descarga disruptiva
teria início e seria completado dentro da parcela de tempo ta. A descarga disruptiva, iniciando
na superfície de um eletrodo, atravessaria a distância dx do meio isolante conforme a equação
(13). Assumindo que a velocidade v(x,t) é função da tensão aplicada nos eletrodos, tem-se a
equação (14).
46
 

, (13) 

, (14) 

Onde:
dx – variação infinitesimal da distância entre os eletrodos.
v(x,t) – velocidade que a ponta da descarga percorre a distância entre os eletrodos.
k – constante que depende da geometria dos eletrodos, do mecanismo de descarga e da
polaridade da tensão aplicada.
Ub – Valor crítico de tensão necessário para o início do processo de formação da descarga
disruptiva.

Substituindo a equação (14) na equação (13) e integrando no tempo, tem-se as equações


(15) e (16). Desta forma, Kind assumiu que F seria constante para uma configuração específica
de eletrodos. Nota-se que a equação (16) consiste em uma simplificação da equação (8)
proposta por Witzke e Bliss, onde K = 1.

(15) 

(16) 

Onde:
d – distância entre os eletrodos.
t1 – instante de tempo no qual a tensão aplicada excede a tensão crítica Ub, ou seja,
U(t1) = U0.
ta – parcela do tempo de disrupção denominada de formative time lag.
F – constante correspondente ao efeito disruptivo DE.

Investigando o processo de formação das descargas disruptivas em centelhadores,


Rusck (65) propôs, em 1959, uma simplificação ainda maior do método do efeito disruptivo,
assumindo que o processo de formação de uma descarga disruptiva em um centelhador isolado
47

a ar com campo elétrico não uniforme ocorreria em três etapas distintas. Inicialmente existe a
formação de corona em regiões com alta densidade de campo elétrico em torno dos eletrodos.
Nesta etapa, a tensão é inferior à tensão necessária para a ocorrência da descarga disruptiva
final. Se a tensão aplicada ultrapassar este valor, inicia-se então a formação dos streamers, que
percorrem o meio dielétrico em direção ao eletrodo oposto. Nesta etapa ainda não ocorre a
descarga disruptiva final. Na segunda etapa, os leaders se desenvolvem e viajam em direção ao
eletrodo oposto, atravessando o meio isolante e conectando-os eletricamente. Sua velocidade
de propagação depende da tensão aplicada e da distância entre os eletrodos. É nesta etapa que
ocorre a descarga disruptiva.
Durante o desenvolvimento destas etapas, se a tensão aplicada for reduzida para valores
abaixo do valor crítico, o processo é interrompido. Com estas considerações, Rusck apresentou
o método do efeito disruptivo conforme equação (17), onde R é uma constante.

(17) 

Onde:
R – constante correspondente ao efeito disruptivo DE.

A equação (17) é similar a equação (8), porém com U0 = 0 e K = 1. De forma semelhante,


Jones assumiu U0 = 0, deixando a constante K livre. Durante suas pesquisas, Rusck concluiu
que as simplificações realizadas no método original e apresentadas na equação (17)
apresentaram resultados satisfatórios para formas impulsivas com diferentes tempos de cauda.
No entanto, os resultados analíticos não foram apresentados para que fosse feita a comparação
com aqueles obtidos de forma experimental (64).
Após quase quatro décadas sem alterações no seu formato original, Chowdhuri et al.
(66) apresentaram, em 1997, uma contribuição para o método do efeito disruptivo. O estudo em
questão envolveu uma série de ensaios dielétricos em centelhadores, utilizando formas
impulsivas não padronizadas com tempos de frente variando de nanossegundos a
microssegundos. A reprodução analítica da curva V x t para cada centelhador foi determinada a
partir dos resultados de ensaios utilizando a equação (18). Neste caso, a constante K consiste
na relação entre as constantes α e U0, conforme equação (19).
48
 

(18) 

(19) 

Onde:
α – constante do método do efeito disruptivo implementada por Chowdhuri.
tb – instante de ocorrência da descarga disruptiva.

De forma análoga ao método de resolução da equação (8), as constantes α e U0 são


obtidas a partir de dois pontos em que ocorrem a disrupção para aplicações distintas. O tempo
t0 corresponde ao instante em que U(t) > U0, enquanto o tb corresponde ao instante de ocorrência
da descarga disruptiva. A equação (18) é semelhante a equação (8) no que diz respeito a
influência que a tensão e o tempo de aplicação exercem na descarga disruptiva. Porém, a
variação do modelo proposta por Chowdhuri assume que a constante DE é válida apenas para
uma configuração específica da isolação e uma forma impulsiva apenas. Neste caso, DE assume
diferentes valores para formas impulsivas distintas, mesmo considerando uma única
configuração de isolação.
Segundo Chowdhuri, o parâmetro U0 deve ser obtido através de procedimentos
estatísticos, definido como sendo a tensão a qual a isolação deve suportar indefinidamente, sem
causar disrupção. Conhecendo-se a tensão U50% e seu desvio padrão s, é possível estimar o valor
limite inferior de U0 para o qual todos as demais tensões serão superiores. Este limite é dado
pela equação (20), considerando que a distribuição estatística da tensão U50% é do tipo normal.

% ∙ (20) 

Onde:
n – parâmetro que determina o limite inferior de U0 para um coeficiente de confiança γ.
Geralmente, γ = 95%.
s – desvio padrão da tensão U50% para uma distribuição normal.
49

Desde 2007, diversos pesquisadores vêm utilizando o procedimento proposto por


Ancajima et al. (58) para a escolha ótima dos parâmetros do modelo do efeito disruptivo. Este
procedimento garante boa precisão na reprodução das curvas V x t a partir dos dados de ensaios,
independentemente da variação do método do efeito disruptivo utilizado (Kind, Darveniza et al.
ou Chowdhuri et al.). Apenas uma condição deve ser satisfeita para que o procedimento de
Ancajima seja aplicado corretamente na equação (8). A tensão U0 deve ser menor ou igual a
tensão com o maior tempo de disrupção U(tbM), ou seja, U0 ≤ U(tbM). Esta condição garante que
o valor de U0 escolhido pelo procedimento seja sempre inferior a qualquer ponto da curva V x t.
O procedimento em questão busca selecionar o valor ótimo de U0 que minimiza o desvio
padrão da constante DE, σDE, variando a porcentagem de U0 em relação a U50%. Com a variação
deste parâmetro torna-se possível afirmar também qual variação do método do efeito disruptivo
conduz a resultados melhores. A Figura 9 mostra os resultados da aplicação do procedimento
em dois tipos de isoladores para a forma padronizada 1,2 x 50 µs, considerando as variações
propostas por Kind e Chowdhuri.

35 35

DE% DE%

25 25
KIND(+) KIND(-) KIND(+)
20 20
KIND(-)
15 15
CHOW(+)
CHOW(-)
10 10
CHOW(-)
5 5
CHOW(+)
0 0
1 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 1 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0
U0/U 50% U0/U50%
(a) (b)
Figura 9 – Desvio padrão σDE em função da relação U0/U50% para as variações propostas por Kind e Chowdhuri
considerando a forma 1,2 x 50 µs. (a) Isolador de ancoragem. (b) Isolador de suporte. Ambos para linhas de
3 kV DC. Adaptado de (58,59).

A partir dos diagramas apresentados na Figura 9 é possível observar que um aumento


na relação U0/U50% leva a uma redução acentuada do desvio padrão σDE, alcançando valores
inferiores a 5% para o isolador da Figura 9 (a) na faixa de U0/U50% entre 0,75 e 0,65. Desta
forma, é possível eleger um único valor de U0/U50% para a reprodução ótima da curva V x t. O
mesmo ocorre para o isolador da Figura 9 (b), onde o menor desvio padrão σDE encontra-se
próximo da relação U0/U50% = 0,65. Tem-se que, para ambos os isoladores da Figura 9, o
modelo proposto por Chowdhuri não é afetado pela relação U0/U50%, causando poucas variações
50
 
no desvio padrão σDE, ou seja, a escolha da tensão U0 exerce pouca influência. Por outro lado,
o modelo proposto por Kind, onde K = 1, possui menor liberdade na escolha das constantes, o
que restringe também a seleção de U0.

2.5 Exemplos de Aplicação do Método na Coordenação de Isolamento

Este item apresenta duas aplicações do método do efeito disruptivo em sistemas de


distribuição, destacando sua influência na modelagem da descarga disruptiva nos isoladores e
na taxa de desligamentos.

2.5.1 Exemplo 1 – Sobretensões Induzidas e o Efeito das Descargas Disruptivas

Este exemplo tem como objetivo investigar a influência da modelagem do isolador no


cálculo da tensão induzida por descargas atmosféricas indiretas, bem como estimar o número
de falhas que uma linha de distribuição pode apresentar quando da ocorrência deste fenômeno.
Para maiores detalhes desta aplicação é necessário consultar De Conti et al. (67). O mecanismo
de ocorrência da descarga disruptiva no isolador é modelado através do método do efeito
disruptivo, mais especificamente utilizando o critério da igualdade de áreas proposto por Kind
(38,63). Neste caso, os resultados da utilização do método do efeito disruptivo são comparados
com aqueles obtidos através do critério 1,5·CFO (ou 1,5·U50%), proposto pela norma americana
IEEE Std-1410, nas versões de 2004 e 2010 (68,69).
O sistema simulado consiste em uma linha de distribuição monofásica aérea com
comprimento de 1,2 km e altura em relação ao solo de 8,4 m. O condutor possui raio de 1 cm,
com casamento de impedância nas extremidades. Foram considerados 17 postes, resultando em
vãos de 75 m cada. Os postes são representados por uma impedância de surto de 200 Ω, com
velocidade de propagação de 300 m/µs e resistência de aterramento de 4/σ, onde σ é a
condutividade do solo (70,71). Os isoladores são representados por chaves ideais, controladas
pelo critério da igualdade de áreas ou simplesmente pela tensão U50%. A distribuição espacial e
temporal da corrente de retorno da descarga atmosférica foi devidamente representada através
do modelo MTL – Modified Transmission Line Model, que considera o decaimento exponencial
desta com a altura (72). Os campos eletromagnéticos gerados pela corrente de retorno são
modelados de acordo com a referência (73), enquanto o efeito da condutividade do solo no
campo eletromagnético incidente é levado em consideração através da aproximação de Cooray-
Rubinstein (74,75). A interação entre o campo eletromagnético incidente e a linha de
51

distribuição é feita através do modelo de acoplamento Agrawal, Price and Gurbaxani (76).
Finalmente, o cálculo de tensão induzida na linha é realizado pelo programa computacional
YALUK, desenvolvido por Perez (77).
Para verificar a influência da modelagem da descarga disruptiva na amplitude da
sobretensão induzida e consequentemente na taxa de falha, dois critérios foram utilizados. O
primeiro deles refere-se a uma recomendação do IEEE Transmission and Distribution
Committee, no qual a descarga disruptiva ocorre assim que a sobretensão ultrapassa a tensão
U50%, multiplicada pelo fator 1,5 (68,69). Este fator consiste em uma aproximação para levar
em conta a última porção da curva V x t, ou seja, aquela com maior inclinação. Neste caso, a
ocorrência da descarga disruptiva nos isoladores não depende da forma impulsiva resultante.
No segundo critério, a descarga disruptiva ocorre com base no método do efeito disruptivo
conforme apresentado na equação (8) e, portanto, passa a depender da forma impulsiva
incidente.
Os parâmetros do modelo do efeito disruptivo, DE, U0 e K, foram obtidos através de
ensaios realizados em laboratório, utilizando a forma padronizada na polaridade positiva. Neste
caso, foi ensaiado um isolador do tipo pino, classe 15 kV, tipicamente utilizado em linhas de
distribuição. O isolador foi instalado em uma cruzeta de madeira, no topo de um poste de
concreto, com distância do isolador ao centro do poste de 40 cm. Duas configurações de ensaio
foram utilizadas para o levantamento da curva V x t.
Na primeira configuração, o pino suporte do isolador é conectado diretamente ao ponto
de aterramento, reproduzindo a condição em que a suportabilidade da linha depende
essencialmente do isolador. Neste caso a tensão U50% obtida foi de 100 kV. Na segunda
configuração, este aterramento é removido e a suportabilidade da linha é influenciada pelo
trecho de madeira da cruzeta, resultando na tensão U50% de 165 kV. A Figura 10 apresenta as
curvas V x t para as duas configurações de montagem do ensaio.
52
 
400
U (kV)
350

300

250

200 (b)
U50% = 165 kV
150
(a)
U50% = 100 kV
100

50

0
0 2 4 6 8 10 12 14
Tempo (µs)
Figura 10 – Curvas V x t obtidas através de ensaio para o isolador do tipo pino, classe 15 kV, polaridade positiva.
(a) Ensaio realizados somente com o isolador. (b) Ensaio realizado com o isolador e um trecho da cruzeta.
Adaptado de (67).

A Tabela 1 relaciona os parâmetros DE, U0 e K, obtidos a partir das curvas V x t


apresentadas na Figura 10. O parâmetro K foi assumido igual a unidade, de acordo com o
critério da igualdade de áreas. Para a constante U0, tem-se que 0,8·U50% < U0 < 0,9·U50%,
conforme recomendado por Caldwell e Darveniza (45). A aplicação destes parâmetros na
Equação (8), com a incidência da forma padronizada 1,2 x 50 µs resultou nas curvas V x t
apresentadas na Figura 10, validando a precisão do modelo.

Tabela 1 – Parâmetros da isolação da linha de distribuição avaliada no Exemplo 1. Adaptado de (67).

U50% (kV) DE / U50% (µs) U0 / U50% K


100 0,609 0,9 1
165 1,545 0,8 1

A simulação das descargas atmosféricas através do método de Monte Carlo foi utilizada
para avaliar o número de falhas nos isoladores causadas por sobretensões induzidas. As
sobretensões originadas por descargas atmosféricas diretas no condutor da linha não foram
consideradas neste caso.
Inicialmente, um número elevado de descargas atmosféricas, geralmente superior a
25000, é gerado aleatoriamente. Estas descargas são caracterizadas através de três parâmetros:
valor de pico da corrente de retorno Ip, tempo de frente da corrente de retorno tfi e coordenadas
do ponto de incidência xi e yi. Os parâmetros Ip e tfi seguem a distribuição log-normal para as
primeiras correntes de retorno negativas adotados pelo CIGRÉ (78), assumindo os valores de
53

31,1 kA e 1 µs a 8 µs, respectivamente. Neste caso a forma de corrente considerada é do tipo


triangular. A área de incidência das descargas atmosféricas é uniformemente distribuída dentro
de uma faixa de 1 km a partir da linha de distribuição. As tensões induzidas para distâncias
acima de 1 km são consideravelmente inferiores à tensão U50%, não sendo necessário levar em
consideração no cálculo da tensão induzida. Para cada evento de descarga indireta, as
sobretensões induzidas na linha são calculadas através do programa YALUK, considerando a
disrupção nos isoladores através do método do efeito disruptivo com os parâmetros da Tabela
1 e através do critério de 1,5·U50%.
A Figura 11 apresenta as taxas de falha ou ocorrência de disrupções nos isoladores em
função da tensão U50% para os métodos avaliados. Conforme esperado, as taxas de falha para o
critério 1,5·U50% são inferiores aos valores obtidos para o método do efeito disruptivo. As
diferenças estão na faixa de 30% a 47% para a condutividade do solo de σ = 0,01 S/m (Figura
11 (a)) e 57% a 67% para a condutividade de σ = 0,001 S/m (Figura 11 (b)). Os resultados
confirmam que o critério o 1,5·U50% proposto pelo na norma IEEE Std-1410 subestima a taxa
de falhas experimentada pela linha ao longo de seu funcionamento devido às descargas
indiretas.
Com base nestes resultados é possível afirmar que o método do efeito disruptivo conduz
a estimativas mais realistas e importantes do ponto de vista da qualidade da energia elétrica,
uma vez que a taxa de falha de uma linha de distribuição é seguramente superior ao valor
estimado com modelos simplificados. Neste exemplo em específico, o fator de 1,2·U50%
também conduziu a resultados satisfatórios. Porém, esta prática não é recomendada, uma vez
que variações nos tempos de frente e cauda da sobretensão induzida não serão contabilizadas.

1000 1000
Utilizando 1,5·U50%
Utilizando o efeito disruptivo DE
Falhas/100 km/ano

100
Falhas/100 km/ano

100 Utilizando 1,2·U50%

10 10

1 Utilizando 1,5·U50%
1
Utilizando o efeito disruptivo DE
Utilizando 1,2·U50%
0,1 0,1
0 50 100 150 200 0 50 100 150 200
U(kV) U(kV)
(a) (b)
Figura 11 – Taxa de falha ou ocorrência de disrupção para a linha de 1,2 km. (a) Condutividade do solo de
σ = 0,01 S/m. (b) Condutividade do solo de σ = 0,001 S/m. Adaptado de (67).

 
54
 
2.5.2 Exemplo 2 – Sobretensões Induzidas em Sistemas de Neutro Ressonante

Este exemplo apresenta uma análise das sobretensões induzidas em uma linha de
distribuição trifásica do tipo convencional, levando em consideração o efeito das descargas
disruptivas nos isoladores e a operação da linha através do sistema de neutro ressonante. Para
maiores detalhes desta aplicação é necessário consultar Napolitano et al. (4).
Em 2011, a AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia, iniciou junto ao LAT-EFEI os
estudos para a avaliação dos impactos da implantação de um sistema de neutro ressonante em
subestações e alimentadores que antes operavam com o neutro solidamente aterrado. O
principal benefício da instalação deste sistema é o aumento da taxa de disponibilidade da rede,
uma vez que não é necessária a operação dos três polos do disjuntor para um defeito monofásico
(fase terra). No entanto, tem-se o aumento da tensão nas fases sãs até que o defeito seja
eliminado pela equipe de manutenção. Neste caso, todos os equipamentos instalados neste
alimentador e principalmente os para-raios ficarão submetidos a uma tensão temporária acima
do valor previsto na etapa de projeto, devendo ser substituídos por outros com tensão nominal
adequada.
Este fato motivou o desenvolvimento de um procedimento para minimizar o número de
para-raios a serem substituídos. Os para-raios atualmente instalados devem ser removidos e os
novos para-raios devem ser instalados apenas nos locais onde sua proteção seja eficaz, evitando
sobreposições desnecessárias das áreas de proteção, e consequentemente, reduzindo os custos
da instalação do sistema de neutro ressonante.
Borghetti et al. (2) traz resultados preliminares da análise da zona de proteção de para-
raios e centelhadores utilizados em uma linha de distribuição trifásica de classe 25 kV,
submetida a descargas atmosféricas indiretas. Para as simulações considerando o sistema de
neutro ressonante, o procedimento de cálculo das sobretensões induzidas apresentado nas
referências (79,80) foi devidamente adaptado para levar em consideração o efeito da tensão
nominal da rede na frequência industrial (60 Hz).
A linha de distribuição avaliada neste exemplo apresenta as mesmas características
daquelas utilizadas na AES Sul para a classe 15 kV. O comprimento total da linha é de 2 km,
localizada em uma área de 0,6 km2 para a simulação das descargas atmosféricas. A Figura 12
mostra a configuração convencional do poste e a visão superior da linha, destacando os dois
pontos de incidência das descargas atmosféricas que serão avaliados posteriormente. A linha
apresenta casamento de impedância em suas extremidades.
55

100 1100 400 700 100 100

(m) Pontos de incidência das descargas

Isolador a b c 50 A B

500 0
Cruzeta de madeira
Centro da linha
450 450
Suporte metálico -50
Poste de concreto

-100
-1500 -1000 -500 0 500 1000 1500
(m)
(a) (b)
Figura 12 – Linha de distribuição analisada no Exemplo 2. (a) Configuração convencional do poste com
distâncias em milímetros. (b) Visão superior da linha. Adaptado de (4).

Para o cálculo do número esperado de falhas que ocorrem na linha em análise devido às
sobretensões induzidas, é necessário representar a disrupção nos isoladores. Neste caso, a
disrupção é modelada através de chaves controladas por tensão ou através do método do efeito
disruptivo, segundo a equação (8). Assim como no Exemplo 1, a disrupção através de chaves
controladas por tensão depende diretamente do valor U50% dos isoladores. Neste caso foram
utilizados os critérios de 1,0·U50% e 1,5·U50%, sendo o último uma recomendação do IEEE
Transmission and Distribution Committee através da norma IEEE Std-1410 (68,69).
No entanto, cabe ressaltar que o critério de 1,5·U50% resulta em taxas de falha
subestimadas. Estas considerações estão em concordância com os resultados de ensaios obtidos
por Lopes et al. (12), nos quais a relação entre as tensões U50% para as formas 1,2 x 5,0 µs e
1,2 x 50 µs é de 1,13. Apesar destas considerações, este exemplo utiliza o critério de 1,5·U50%
devido a sua recomendação na norma IEEE Std-1410.
Os parâmetros DE, U0 e K utilizados na modelagem do efeito disruptivo dependem
diretamente da configuração da rede utilizada, apresentada na Figura 12 (a). Para a fase B, a
distância entre o pino do isolador e o suporte metálico da cruzeta não é considerada, resultando
em U0 = 0,9·U50%, DE = 60,9 kV·µs e K = 1. Para as fases A e C, tem-se K = 1, U0 = 165 kV e
DE = 255 kV·µs, resultantes da soma de 0,9·U50% dos isoladores com a tensão U50% do trecho
de 0,6 m da cruzeta, que é igual a 250 kV/m multiplicado pelo fator 0,7 para a condição sob
chuva (69,81). A condutividade do solo é de 1 mS/m e a resistência de aterramento dos postes
é de 50 Ω.
Como resultado das simulações, tem-se o número esperado de sobretensões que
excedem o valor da abcissa para cada poste e cada fase da linha, devido a implementação do
método do efeito disruptivo conforme parágrafo anterior. O procedimento de simulação das
56
 
descargas atmosféricas indiretas utiliza as mesmas técnicas do Exemplo 1, diferenciando-se
apenas no programa computacional para o cálculo final das sobretensões induzidas, que neste
caso é o LIOV-EMTP (82,83).
A Figura 13 apresenta as sobretensões induzidas no ponto central da linha de
distribuição para uma descarga atmosférica no ponto A, com amplitude de 12 kA. O conjunto
de para-raios também está instalado no ponto central da linha. Nota-se na Figura 13 (a) o efeito
da atuação destes para-raios, limitando as sobretensões para valores de crista em torno de 40 kV.
A Figura 13 (b) apresenta as sobretensões induzidas sem a presença dos para-raios e com o
modelo do efeito disruptivo representado. Nota-se que ocorre a disrupção apenas na fase B, que
é a fase com menor tensão U50%.

U(kV) U(kV)
180 180
160 Sem para-raios 160 Fase a
Com para-raios Fase b
140 140
Fase c
120 120
100 100
80 80
60 60
40 40
20 20
a
0 c 0
b
-20 -20
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
Tempo (µs) Tempo (µs)
(a) (b)

Figura 13 – Sobretensões induzidas no ponto central da linha de distribuição energizada para uma descarga
atmosférica no ponto A, Exemplo 2. (a) Atuação dos para-raios. (b) Atuação do modelo do efeito disruptivo na
fase B. Adaptado de (4).

Em trabalhos que envolvem o cálculo das sobretensões induzidas, é comum apresentar


os resultados do desempenho da linha de transmissão analisada através de gráficos que mostram
a frequência de ocorrência destas em função dos parâmetros resistividade do solo, periodicidade
e resistência dos aterramentos, número de para-raios, etc. A Figura 14 apresenta os resultados
de simulações na linha de distribuição analisada, onde a frequência de ocorrência da tensão
induzida é calculada para os condutores energizados, sem a presença de para-raios e com
diferentes condições de aterramento.
Na Figura 14 (a), tem-se a frequência anual de ocorrência das descargas atmosféricas
que levam a tensões induzidas superiores à abcissa para as condições de condutividade do solo
de 1 e 10 mS/m. Conforme esperado, tem-se que a menor condutividade do solo conduz a
sobretensões de maior amplitude. A Figura 14 (b) apresenta os resultados da mesma simulação,
porém considerando condutividade do solo 1 mS/m. Esta simulação tem como objetivo avaliar
57

os efeitos de um cabo aterrado localizado a 30 cm abaixo dos condutores de fase e os efeitos da


resistência de aterramento deste cabo. Neste caso, Rt é a resistência de aterramento e L é a
distância entre os pontos de aterramento. Com base na Figura 14 (b) conclui-se que as
sobretensões induzidas de menor amplitude ocorrem quando Rt = 50 Ω e L = 40 m. Os
resultados se tornam mais conservadores na medida em que Rt e L aumentam, até o caso limite
onde não há condutor de aterramento.

10 10
Diretas Sem cabo de aterramento
Indiretas com = 1 mS/m Rt=50 ohm, L=40m
amplitude maior que a abcissa

amplitude maior que a abcissa


Indiretas com = 10 mS/m Rt=50 ohm, L=240m
Nº de eventos anuais com

Nº de eventos anuais com


Rt=400 ohm, L=240m
1

0,1

0,01 0,1
50 100 150 200 50 100 150 200
U(kV) U(kV)
(a) (b)
Figura 14 – Frequência anual de ocorrência de descargas atmosféricas que levam a tensões induzidas superiores
a abcissa em pelo menos uma das fases. (a) Simulação sem cabo de aterramento, com σ = 1 e 10 mS/m. (b)
Simulação com cabo de aterramento para σ = 1 mS/m, Rt = 50 e 400, L = 40 e 240 m. Adaptado de (4).

Entretanto, para uma completa avaliação da coordenação de isolamento da linha de


distribuição mediante sobretensões atmosféricas, é necessário comparar os resultados
apresentados com os níveis de suportabilidade dos equipamentos instalados, principalmente os
isoladores e transformadores. Neste exemplo, os resultados são comparados com a
suportabilidade dos isoladores.
A Tabela 2 apresenta a frequência anual de descargas que levam à ocorrência de pelo
menos uma disrupção nos isoladores ao longo da linha, por fase e entre fases. A Tabela 2 exibe
também os resultados considerando três tipos de modelos de disrupção para os isoladores:
1,0·U50%, 1,5·U50% e o método do efeito disruptivo. Os resultados mostram a eficiência do cabo
de aterramento, periodicamente aterrado, na redução da frequência de ocorrência das
sobretensões e consequentemente das disrupções nos isoladores. Adicionalmente, tem-se que a
frequência de falhas que envolvem mais de uma fase é reduzida se comparada com o valor total,
justificando a instalação do sistema de neutro ressonante.
58
 
Tabela 2 – Frequência anual de disrupções na linha de distribuição do Exemplo 2 considerando diferentes
métodos de modelagem dos isoladores. Adaptado de (4).

Cabo de Entre
Modelo Rt (Ω) Total Fase A Fase B Fase C
Aterramento Fases
DE 50 Não 0,816 0,045 0,816 0,013 0,045
(1)
DE 50 Sim 0,244 0,017 0,244 0,006 0,017
U50% 50 Não 0,948 0,103 0,948 0,054 0,107
1,5∙U50% 50 Não 0,485 0,024 0,485 0,009 0,024
DE 400 Não 0,816 0,057 0,816 0,024 0,057
U50% 400 Não 0,948 0,094 0,948 0,052 0,100
1,5∙U50% 400 Não 0,485 0,022 0,485 0,008 0,022
(1) aterrado a cada 40 m.

Em relação à comparação entre os modelos de disrupção nos isoladores, conclui-se


novamente que a representação através de chaves controladas por tensão através do critério
1,5·U50% conduz a resultados subestimados. Neste exemplo, a diferença entre a frequência total
de disrupção calculada utilizando o modelo de chave controlada através de 1,0·U50% e o modelo
do efeito disruptivo são menores. Porém, o modelo do efeito disruptivo possui a vantagem de
responder às formas não padronizadas típicas das sobretensões induzidas.

 
59

3 Característica Tensão x Tempo de Disrupção


Quando uma tensão do tipo alternada, contínua ou impulsiva é aplicada sobre um
eletrodo imerso em meio isolante e sua amplitude é elevada gradualmente, tem-se o início do
processo de ionização do meio que pode resultar na ocorrência de uma descarga disruptiva. No
entanto, o requisito principal para a ocorrência da disrupção consiste na superação de um limite
mínimo de tensão para determinadas condições. Do contrário, a disrupção não será
concretizada. No Capítulo 2, este limite foi representado pela constante U0.
Por outro lado, uma elevação rápida desta tensão mostra que a disrupção não ocorre
próximo ao valor mínimo e sim em níveis mais elevados. Portanto, um nível de tensão mais
elevado é condição necessária para causar a disrupção quando o tempo de aplicação é reduzido
ou limitado. Isto ocorre porque a energia necessária para o desenvolvimento da descarga
disruptiva consiste no balanço entre a tensão e o tempo (19).
Este intervalo de tempo não é constante e diminui na medida em que a amplitude da
tensão aplicada aumenta, conforme ilustrado na Figura 15 (a) e (b) para instantes de corte na
região de cauda e na Figura 15 (c) para tempos de corte na região de frente. Quanto menor o
tempo em que a tensão permanece acima do valor mínimo necessário, mais elevada deve ser a
amplitude. Esta relação entre a tensão e o tempo para a ocorrência da disrupção é denominada
característica tensão x tempo de disrupção ou simplesmente curva V x t. Existe uma curva V x t
específica para cada configuração da isolação, na qual os resultados variam de acordo com o
meio isolante, condições ambientais, tipo de tensão, polaridade, etc. Neste aspecto, pode-se
incluir também todos os equipamentos e componentes dos sistemas elétricos, sejam estes com
isolação auto-recuperantes ou não.
Este capítulo tem como objetivo apresentar o procedimento utilizado para o
levantamento das curvas V x t nas 14 formas impulsivas avaliadas neste trabalho. As amostras
ensaiadas consistem em isoladores dos tipos pino e pilar, de classes 15 kV e 25 kV. Estes
isoladores foram ensaiados na condição a seco, para as polaridades positiva e negativa. Os
resultados são apresentados no formato gráfico, nos quais é possível visualizar a dispersão dos
pontos e a polaridade crítica, bem como a diferença de comportamento entre as formas e os
tipos de isoladores. Este capítulo apresenta também o procedimento utilizado na concepção das
formas impulsivas junto ao gerador de impulsos de tensão do LAT-EFEI e os resultados dos
ensaios para obtenção da tensão U50%, necessários na composição do modelo do efeito
disruptivo.
60
 
U

U0

t
(a)

U0
U0

t t
(b) (c)
Figura 15 – Curvas V x t para diferentes tempos de corte. (a) Instantes de corte na região de cauda para forma
impulsiva com cauda longa. (b) Instantes de corte nas regiões de cauda e frente para forma impulsiva com cauda
curta. (c) Instantes de corte na região de frente. Adaptado de (19).

3.1 Definições

A seguir são definidos os termos considerados importantes no entendimento deste


capítulo.

 Indutâncias e capacitâncias parasitas: consistem em indutâncias e capacitâncias de


valor reduzido, inerentes à estrutura do gerador de impulsos. Estes elementos são
geralmente encontrados nas conexões entre os resistores e os capacitores do gerador
de impulsos, e entre o gerador de impulsos e a amostra ensaiada.
 Forma de tensão impulsiva padronizada: consiste no impulso de tensão com tempo
de frente 1,2 μs e tempo de cauda 50 μs.
 Formas não padronizadas: consistem nos impulsos de tensão cujos tempos de frente
ou cauda são diferentes dos tempos utilizados na forma padronizada.
 Overshoot: aumento ou sobre-elevação de amplitude na região de pico de um impulso
de tensão devido a uma oscilação não amortecida.
 Média tensão: compreende as tensões de operação de 1,0 a 36,2 kV (84).
61

 Isolador do tipo pino: consiste em um isolador rígido no qual o componente isolante


é montado em uma estrutura suporte por meio de um pino fixado no interior do
isolador.
 Isolador do tipo pilar: consiste em um isolador rígido de uma ou mais peças na qual
o componente isolante é permanentemente montado em uma base metálica.
 Tensão Disruptiva Crítica (Critical Flashover Voltage, CFO ou U50%): valor de
tensão que resulta em 50 % de probabilidade de produzir uma descarga disruptiva na
isolação avaliada.
 Distância de escoamento: consiste na menor distância ao longo do contorno da
superfície externa do isolador entre as partes submetidas à tensão.
 Distância de arco: consiste na menor distância entre as partes submetidas à tensão e
o ponto aterrado. É utilizada nas correções atmosféricas para as condições ambientais
padronizadas.
 Formato .csv: formato de arquivo onde os valores são separados por vírgulas
(comma-separated values).

3.2 Geração de Tensões Impulsivas Não Padronizadas

As formas impulsivas utilizadas nos ensaios dielétricos em laboratórios de alta tensão


são obtidas através gerador de impulsos de tensão, baseado no gerador de Marx, onde os tempos
de frente e de cauda resultam da descarga de capacitores sobre um conjunto de resistores,
constituindo um circuito predominantemente RC. Existem basicamente duas configurações
para a construção dos geradores de impulsos, conforme apresentado na Figura 16.
Em ambas, o capacitor C1 é carregado a partir de uma fonte de tensão em corrente
contínua com tensão V0. A descarga deste capacitor sobre os resistores R1 e R2 e sobre o
capacitor C2 é realizada através do centelhador SG, composto na maioria dos casos por esferas.
A atuação de SG pode ser feita de forma manual, com a aproximação das esferas quando C1 está
carregado com a tensão desejada V0, ou através de um disparo automático gerado pelo circuito
de comando do gerador.
O tempo gasto durante o estabelecimento do arco elétrico entre as esferas é pequeno e
não influencia na composição do tempo de frente da forma a ser gerada (85). Para formas
impulsivas próximas da forma padrão, o resistor R1 possui a função de controlar a descarga do
capacitor C1, afetando o tempo de frente, enquanto o resistor R2 atua basicamente na
62
 
composição do tempo de cauda. Existem indutâncias parasitas inerentes à construção do
gerador, que em geral não são levadas em conta na modelagem simplificada, porém em alguns
casos estas podem originar oscilações no início e na região de pico da forma impulsiva.

SG R1 SG R1

V0 C1 R2 C 2 U(t) V0 C1 R2 C 2 U(t)

(a) (b)
Figura 16 – Configurações para a construção do gerador de impulsos de tensão. Adaptado de (85).

A tensão U(t) é obtida a partir do equacionamento do circuito apresentado na Figura


16 (b), resultando na equação (21). Este circuito base é representativo do gerador de impulsos
de tensão utilizado no LAT-EFEI.

(21)

Onde:
A1 – constante de tempo responsável pela cauda do impulso.
A2 – constante de tempo responsável pela frente do impulso.
t – tempo.

A equação (21) é composta por dois termos exponenciais que somados resultam na
tensão impulsiva representada pela linha cheia da Figura 17. As constantes de tempo A1 e A2
relacionam-se com os parâmetros do gerador de impulsos através das equações (22) e (23).
Conhecendo-se as constantes de tempo para cada forma impulsiva é possível determinar o
instante de tempo em que a tensão U(t) atinge seu valor máximo através da equação (24) (85).
 
63

U (t)
(- A 1 ·t)
V0 e
R 1 ·C 2 (A 2 - A 1 )

U m ax

1 /A 2 1 /A 1
0
tm ax t

(- A 2 ·t)
V0 e
R 1 ·C 2 (A 2 - A 1 )

V0
R 1 ·C 2 (A 1 - A 2 )
 
Figura 17 – Composição da tensão impulsiva através de função com dupla exponencial. 

(22)

(23)


á (24)

Onde:
R1 – resistor de frente do gerador de impulsos de tensão.
R2 – resistor de cauda do gerador de impulsos de tensão.
C1 – capacitor de carga do gerador de impulsos de tensão.
C2 – capacitor de descarga (surto) do gerador de impulsos de tensão.
tmáx – instante de tempo correspondente ao valor de crista da forma impulsiva.

As equações (21) a (24) relacionam todos os parâmetros apresentados na Figura 16 (b)


e são utilizadas na determinação dos valores das resistências a serem fabricadas, necessárias
para a reprodução das formas impulsivas não padronizadas.
O gerador de impulsos de tensão do LAT-EFEI é composto por 06 estágios, com energia
total de 1,25 kJ e 450 kV de tensão máxima. Cada estágio é formado por um capacitor de carga
C’S, que é carregado com uma tensão V0 máxima de 75 kV através dos resistores de carga R’L1
64
 
a R’L6. O disparo dos centelhadores SG ocorre de forma automática quando a tensão de carga
atinge o valor desejado, transferindo a energia armazenada nos capacitores C’S1 a C’S6 para o
capacitor de descarga (ou capacitor de surto) Cb através dos resistores de frente internos R’d1 a
R’d6 e do resistor de frente externo RS.
Para a forma padronizada 1,2 x 50 μs, tem-se que os resistores de cauda R’e >> R’d,
fazendo com que a constante de tempo de descarga do capacitor Cb dependa principalmente dos
resistores R’e1 a R’e6. A resistência total Rdiv representa o divisor resistivo utilizado para o
registro da forma impulsiva e medição do valor de pico. A Figura 18 apresenta o circuito
completo com os componentes citados, onde as indutâncias e capacitâncias parasitas foram
desprezadas.

RS
R'd6 U(t)
SG

C'S6 R'e6
R'L6 R'd5
SG

C'S5 R'e5

R'L5 R'd4
SG

C'S4 R'e4
6 Cb Rdiv
estágios R'L4 R'd3
SG

C'S3 R'e3
R'L3 R'd2
SG

C'S2 R'e2

R'L2 R'd1
SG

R'L1 C'S1 R'e1

Tensão de Carga
V0

Figura 18 – Gerador de impulsos de tensão do LAT-EFEI.

De acordo com a Figura 18, tem-se:

R’L1 a R’L6 – resistores de carga.


R’d1 a R’d6 – resistores de frente internos.
R’e1 a R’e6 – resistores de cauda.
65

RS – resistor de frente externo.


Rdiv – resistência total do divisor de tensão.
C’S1 a C’S6 – capacitores de carga.
Cb – capacitor de descarga ou de surto.

Para o equacionamento e determinação das formas possíveis de serem construídas no


gerador, foram realizadas medições dos valores de resistências e capacitâncias disponíveis para
utilização, conforme apresentado na Tabela 3. A coluna Ne refere-se ao número de estágios do
gerador de impulsos.

Tabela 3 – Parâmetros do gerador de impulsos de tensão do LAT-EFEI disponíveis para utilização.

Ne R'L (kΩ) R'd (Ω) R'e (Ω) RS (Ω) Rdiv (kΩ) C'S (nF) Cb (nF)
1 12,1 10,0 99,4 250,0 1224,0 2250,0 70,4 31,45 73,6 1,05
2 5,0 10,0 97,3 249,5 1012,0 2230,0 141,2 - 74,8 -
3 4,6 13,2 101,7 257,4 1021,0 2240,0 208,2 - 71,7 -
4 4,7 10,0 102,1 252,2 989,0 2240,0 278,8 - 72,9 -
5 4,9 9,9 99,4 242,2 1019,0 - 346,2 - 72,4 -
6 4,9 9,9 99,5 246,2 1023,0 - - - 73,4 -

Na modelagem do gerador de impulsos foi considerada também a influência dos


resistores de carga (R’L), resistor de frente externo (RS), resistência total do divisor de tensão
(Rdiv) e número de estágios ne = 6, conforme apresentado na Figura 19.

SG R'di Rs

UT C'si R'Li R'ei Cb Rdiv U(t)

Figura 19 – Circuito completo do gerador de impulsos considerando a influência de R’L, RS e Rdiv.

De acordo com a Figura 19 e avaliando a influência de cada elemento na formação da


forma impulsiva, tem-se:

(25)
66
 

(26)

(27)
∑ ∑

(28)

(29)

Com base nas equações (25) a (29) e utilizando dos parâmetros apresentados na Tabela
3, foi desenvolvido um código de programação em Matlab®, cujo fluxograma de funcionamento
está apresentado na Figura 71 do ANEXO A. Este programa computacional tem como objetivo
fornecer a primeira estimativa dos valores das resistências R1 e R2 para a composição das formas
não padronizadas. Devido à impossibilidade de modificação dos parâmetros capacitivos do
gerador, apenas os parâmetros resistivos R’d, RS e R’e foram alterados durante os cálculos.
Inicialmente, foram selecionadas 16 formas não padronizadas, listadas na Tabela 4,
combinando diversos tempos de frente e de cauda, além da forma padrão. Os tempos de frente
e cauda relacionados na Tabela 4 constituem nos parâmetros de entrada tfdes e tcdes em
microssegundos para o programa de cálculo. É necessário informar também a tolerância
admitida em (%) nos cálculos, através do parâmetro tol. As faixas iniciais dos valores de
resistências R1 e R2, nas quais o programa identifica a possibilidade de se obter a forma
impulsiva desejada é informada através dos parâmetros R1min, R1max, R2min e R2max, em ohm.

Tabela 4 – Formas não padronizadas iniciais e forma padrão.


Frentes Rápidas Frentes Padrão Frentes Lentas
tf (μs) tc (μs) tf (μs) tc (μs) tf (μs) tc (μs) tf (μs) tc (μs)
0,5 5 1,2 5 3 10 5 50
0,5 10 1,2 10 2,9 16,1 10 20
0,5 20 1,2 20 4,5 16,1 10 50
0,5 50 1,2 50 5 10 30 50
- - - - 5 20 - -
 
67

A estimativa final do programa considera a faixa de tolerância para os tempos de frente


e cauda de ±10 %, ou seja, apenas as resistências R1 e R2 que possibilitam a construção das
formas com o erro desejado foram registradas. Estes resultados mostraram que os parâmetros
capacitivos do gerador não permitem a construção das formas 5 x 10 μs, 10 x 20 μs e 30 x 50 μs.
Este resultado deve-se à característica peculiar destas formas, que se aproximam de um
comportamento “triangular”. A Tabela 5 apresenta os resultados para o cálculo da faixa de
resistências R1 e R2, bem como a faixa de valores para os tempos de frente e cauda com os
respectivos erros, apenas para as formas impulsivas possíveis de serem obtidas no gerador de
impulsos do LAT-EFEI.
O gerador de impulsos foi modelado no software ATPDraw® a fim de comprovar os
tempos de frente e cauda obtidos através de cálculo e determinar os valores de resistências para
a fabricação dos resistores. A modelagem do gerador de impulsos apresentada na Figura 72 do
ANEXO B faz uso do diagrama representativo da Figura 18 e dos valores de resistências e
capacitâncias apresentados na Tabela 3. Com o objetivo reduzir o número de resistores
fabricados, foram utilizadas combinações das resistências calculadas no maior número de
formas impulsivas, incluindo nestas os resistores RS existentes. A Tabela 6 apresenta os
resultados das simulações utilizando o ATPDraw®, indicando os conjuntos de resistores R’d e
R’e a serem fabricados, bem como os valores encontrados para os tempos de frente e cauda.

Tabela 5 – Formas impulsivas consideradas. Obtenção dos resistores R1 e R2 através de simulação computacional
conforme detalhado no fluxograma do ANEXO A.
Valores de
Valores Calculados
Projeto (μs)
tf tc tf (μs) Erro (%) tc (μs) Erro (%) R1 (Ω) R2 (Ω)
0,5 5 0,48 a 0,52 -4,8 a 3,0 4,77 a 5,25 -4,6 a 5,0 200 a 220 420 a 470
0,5 10 0,48 a 0,51 -4,2 a 1,5 9,51 a 10,50 -4,9 a 5,0 180 a 190 930 a 1040
0,5 20 0,49 a 0,51 -2,9 a 2,9 19,40 a 20,80 -3,2 a 4,0 170 a 180 2000 a 2150
0,5 50 0,48 a 0,51 -4,1 a 2,1 47,50 a 52,50 -4,9 a 5,0 160 a 170 5060 a 5600
1,2 5 1,15 a 1,26 -4,1 a 4,9 4,76 a 5,23 -4,9 a 4,6 720 a 1640 120 a 320
1,2 10 1,14 a 1,26 -5,0 a 4,9 9,52 a 10,50 -4,8 a 5,0 500 a 580 790 a 910
1,2 20 1,16 a 1,30 -3,7 a 8,1 18,00 a 21,80 -10,0 a 8,9 450 a 500 1700 a 2100
1,2 50 1,15 a 1,26 -4,5 a 5,0 47,50 a 52,50 -5,0 a 5,0 400 a 440 4900 a 5450
3 10 2,72 a 2,94 -9,4 a -2,0 10,10 a 11,00 1,2 a 9,8 2000 a 4000 250 a 550
2,9 16,1 2,76 a 3,03 -5,0 a 4,5 15,30 a 16,80 -5,0 a 4,2 1450 a 1700 1050 a 1250
4,5 16,1 4,28 a 4,54 -5,0 a 0,8 16,00 a 16,90 -0,9 a 4,9 3300 a 4500 550 a 800
5 20 4,75 a 5,11 -4,9 a 2,2 19,00 a 21,00 -4,8 a 4,8 3100 a 3600 950 a 1200
5 50 5,06 a 5,25 1,1 a 4,9 47,50 a 52,00 -4,9 a 4,1 2200 a 2300 4150 a 4600
10 50 9,52 a 10,50 -4,8 a 4,8 47,60 a 52,30 -4,8 a 4,7 5200 a 6400 3000 a 3700
68
 
Tabela 6 – Formas impulsivas. Avaliação dos resistores R’d e R’e através de simulação computacional, utilizando
o ATPDraw (ANEXO B).
Valores de
Valores Calculados
Projeto (μs)
tf tc tf (μs) Erro (%) tc (μs) Erro (%) R'd (Ω) R'e (Ω) Rs (Ω)
0,5 5 0,5 0,0 4,7 -5,6 6 x 25 3 x 50, 3 x 100 70
0,5 10 0,5 4,0 9,4 -6,0 6 x 10 3 x 100, 3 x 275 140
0,5 20 0,6 12,0 18,2 -8,8 6 x 10 6 x 350 140
0,5 50 0,5 4,0 52,5 4,9 3 x 10, 3 x 25 6 x 1400 70
1,2 5 1,2 0,8 5,1 2,4 6 x 100 6 x 50 210
1,2 10 1,3 7,5 10,2 2,2 6 x 50 6 x 150 350
1,2 20 1,2 -3,3 19,3 -3,5 3 x 25, 3 x 50 6 x 350 210
1,2 50 1,2 0,0 50,4 0,7 6 x 10 6 x 1265 350
3 10 2,7 -8,7 10,9 8,6 6 x 350 6 x 100 70
2,9 16,1 2,7 -7,6 16,9 5,1 3 x 100, 3 x 350 3 x 150, 3 x 350 140
4,5 16,1 4,1 -9,6 16,1 -0,2 3 x 350, 3 x 650 6 x 150 350
5 20 4,8 -3,2 20,3 1,6 6 x 650 3 x 150, 3 x 275 70
5 50 5,1 2,0 52,2 4,3 6 x 350 6 x 1000 350
10 50 9,7 -3,0 49,4 -1,1 6 x 1300 3 x 350, 3 x 1000 350

3.3 Fabricação dos Resistores e Ensaios de Verificação

Para a fabricação dos resistores R’d e R’e relacionados na Tabela 6 foram utilizados
fios de Níquel-Cromo (NiCr), que apresentam alta resistividade e boa resistência frente à
oxidação, suportando temperaturas de até 1200 °C. As estruturas dos resistores foram
fabricadas com as mesmas dimensões e características das estruturas originais. As
extremidades, utilizadas para a conexão dos resistores na estrutura do gerador, foram fabricadas
utilizando liga de cobre e zinco (latão) e o corpo principal foi constituído em nylon. Os
resistores são encapsulados com filme de policarbonato, a fim de evitar o acúmulo de impurezas
na superfície e evitar danos ao suporte de nylon.
Conhecendo-se o comprimento disponível na estrutura de nylon para enrolar o fio de
Níquel-Cromo, é possível calcular a bitola ideal para cada conjunto de resistores, admitindo-se
a elevação máxima de temperatura de 5 °C para 01 impulso de tensão. A energia máxima
dissipada foi obtida com base nas simulações realizadas no ATPDraw® para cada conjunto de
resistores e para cada forma impulsiva na qual estes são utilizados. A elevação de temperatura
nos resistores é calculada através da equação (30), considerando que no instante do impulso
não há troca de calor entre o fio e o meio externo.
69

(30)

Onde:
Q – energia dissipada no resistor para 01 impulso.
m – massa total do fio NiCr utilizado.
c – calor específico da liga de NiCr.
ΔT – elevação de temperatura.

A Tabela 7 apresenta os valores de elevação de temperatura correspondentes à máxima


energia observada durante as simulações. Após a validação dos valores das resistências R’d e
R’e através de simulação e após a confirmação da elevação de temperatura admissível para a
aplicação de 01 impulso, foram fabricadas 36 unidades do tipo R’d e 30 unidades do tipo R’e.
Em seguida, os grupos de resistores foram instalados no gerador e ensaiados com a
aplicação de 03 impulsos de polaridade positiva. Cada aplicação foi realizada em um nível de
tensão superior ao nível anterior, com o objetivo de verificar a funcionalidade dos resistores
para tensões reduzidas e elevadas. Foram registrados os tempos de frente e cauda, bem como a
eficiência do gerador para cada forma impulsiva. O gerador foi mantido sem carga (operando
em vazio) ao longo dos ensaios, uma vez que os isoladores a serem ensaiados apresentam
capacitâncias reduzidas, exercendo influência desprezível na composição da forma impulsiva.
A Figura 20 apresenta o aspecto final dos resistores instalados no gerador, bem como a
indicação dos componentes que estão visíveis. Para algumas formas impulsivas foram
necessários ajustes adicionais nos valores de resistência, a fim de manter os tempos de frente e
cauda desejados dentro dos limites de ±10 % estabelecidos. Estas alterações são apresentadas
na Tabela 16 do ANEXO C, que mostra a comparação entre os valores obtidos através de
simulação computacional utilizando o código de programação e os valores de ensaio, bem como
a eficiência do gerador para cada forma impulsiva. No ANEXO D são apresentados os
oscilogramas de tensão referentes à 3ª aplicação.
A eficiência do gerador para as formas que possuem frente rápida é influenciada pelas
indutâncias parasitas inerentes à sua construção, resultando em valores acima do esperado ou
maiores que 100 %, portanto, sem significado físico. Nos oscilogramas das formas 0,5 x 5 μs a
0,5 x 50 μs apresentados no ANEXO D é possível observar o efeito das indutâncias parasitas,
que modificam a forma impulsiva e adicionam sobre-elevações (overshoot) na região de crista.
70
 
Este efeito é compensado através de métodos digitais ou manuais que reduzem o valor de crista
do impulso, a fim de calcular a tensão efetiva na qual a isolação é submetida (86).
Os resultados apresentados neste trabalho para as formas com frente rápida (0,5 µs) levam
em consideração a correção digital recomendada na norma internacional IEC 60060-1 de 2010
(86). A Tabela 8 apresenta a sobre-elevação relativa e a tensão efetiva aplicada.

Tabela 7 – Elevação de temperatura nos resistores R’d e R’e.

Resistência Diâmetro Comprimento Massa Energia Elevação de


(Ω/m) (mm) (m) (g/m) (J) Temperatura (°C)
25 4,45 0,644 5,62 2,704 0,286 0,04
50 4,45 0,644 11,24 2,704 0,22 0,02
100 27,2 0,226 3,68 0,333 0,308 0,55
R'd (Ω)
350 27,2 0,226 12,87 0,333 0,396 0,20
650 87,7 0,127 7,41 0,105 0,275 0,77
1300 87,7 0,127 14,82 0,105 0,44 0,61
50 4,45 0,644 11,24 2,704 3,762 0,27
150 27,2 0,226 5,51 0,333 3,762 4,45
R'e (Ω) 350 27,2 0,226 12,87 0,333 3,597 1,83
1265 87,7 0,127 14,42 0,105 3,08 4,41
1400 87,7 0,127 15,96 0,105 2,992 3,88

(a) (b)
Figura 20 – (a) Vista geral do gerador de impulsos. (b) Detalhe dos resistores R’d e R’e.
71

Tabela 8 – Sobre-elevação relativa e tensão efetiva aplicada na isolação.

Formas Sobre-elevação Valor de tensão real


(μs) (%) aplicado na isolação (%)
0,5 x 5 8,9 91,1
0,5 x 10 7,2 92,8
0,5 x 20 5,6 94,4
0,5 x 50 11,8 88,2

3.4 Amostras Ensaiadas

Os isoladores ensaiados neste trabalho são dos tipos pino e pilar, fabricados em
porcelana e comumente encontrados nas classes de tensão de 15 kV e 25 kV, também
conhecidas como média tensão. A parcela de isoladores do tipo pino consiste na maioria e são
amplamente utilizados nas concessionárias de distribuição de energia elétrica em todo o Brasil,
sendo a alternativa mais econômica quando comparado com os isoladores do tipo pilar.
Por outro lado, o isolador do tipo pilar geralmente apresenta maior distância de
escoamento e nível mais elevado de tensão disruptiva crítica. Além disso, a possibilidade de
perfuração devido à concentração de campo elétrico entre o condutor energizado e a sua base
metálica não existe para este tipo de isolador. Isto ocorre pelo fato de não possuir o pino de
fixação instalado internamente. Entretanto, o custo deste tipo de isolador é aproximadamente
04 (quatro)1 vezes maior que o custo do isolador do tipo pino, impactando diretamente na
construção de novas redes de média tensão.
A Figura 21 mostra uma representação geral dos isoladores ensaiados, onde a diferença
entre as classes de 15 kV e 25 kV para os tipos pino e pilar ocorre apenas nas dimensões,
preservando o formato e as características principais. As dimensões foram omitidas a fim de
preservar a identidade do fabricante.

                                                            
1
Esta informação foi obtida junto a uma concessionária de energia elétrica no ano de 2012.
72
 

(a) (b)
Figura 21 – (a) Desenho representativo para os isoladores do tipo pino. (b) Desenho representativo para os
isoladores do tipo pilar.

3.5 Tensão Disruptiva Crítica – Tensão U50%

O Capítulo 2 deste trabalho, desde a conceituação teórica até os exemplos aplicados


diretamente na coordenação de isolamento, comprovou que a tensão disruptiva crítica ou tensão
U50% consiste em um parâmetro de extrema importância na modelagem da disrupção através do
método do efeito disruptivo. Com base nesta importância, este item do Capítulo 3 tem como
objetivo resumir os resultados dos ensaios realizados nos isoladores da Figura 21, a fim de obter
a tensão U50% para as formas impulsivas relacionadas na Tabela 6. Os resultados apresentados
referem-se apenas a condição de ensaio a seco, na qual as curvas V x t também foram obtidas.
Para a análise completa das tensões U50%, inclusive na condição sob chuva, deve-se consultar
as referências (12,14).
O método utilizado para determinação das tensões U50% consiste no método dos
acréscimos e decréscimos (Up-and-Down Test). Na área de engenharia de alta tensão este
método é aplicado nas grandezas impulsivas tensão e corrente. As tensões impulsivas são
utilizadas na avaliação da suportabilidade dielétrica das isolações auto-recuperantes, tais como
centelhadores, isoladores, buchas, etc. Por outro lado as correntes impulsivas avaliam o
desempenho mediante as características nominais de elos fusíveis, desligadores e elementos
não lineares de para-raios. Ao contrário de outros métodos disponíveis na literatura e
relacionados por Lopes (14), cujo objetivo é determinar a função de probabilidade que descreve
a suportabilidade da isolação, este método tem como objetivo obter de modo direto a tensão
U50%.
73

O procedimento utilizado nos ensaios dos acréscimos e decréscimos está previsto na


norma IEC 60060-1 (86), no qual a tensão inicial aplicada u00 não deve causar a disrupção na
isolação avaliada. O valor de crista da tensão é então elevado em passos com amplitude fixa Δu
até que a primeira descarga disruptiva ocorra. Após a primeira descarga disruptiva, a tensão é
reduzida em Δu. Se não ocorrer descarga disruptiva no nível u2 = u1 – Δu, a tensão deve ser
novamente elevada em Δu, ou reduzida em caso contrário. O primeiro nível u0, a ser
considerado nas avaliações consiste naquele em que pelo menos duas aplicações sem disrupção
ocorreram previamente. A Tabela 9 mostra a representação gráfica utilizada durante a aplicação
do método na forma padronizada. Nota-se que o nível u0 é aquele no qual já existem pelo menos
duas aplicações de tensão.

Tabela 9 – Desenvolvimento do método dos acréscimos e decréscimos padronizado.


Aplicações
Tensão
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 ... nu
Aplicada
...

ui
u3 X
u2 0 X X X
u1 0 X X 0 ∙∙∙ 
u0 0 0 0
...

Recomenda-se que o valor de Δu deve permanecer entre 3% e 5% da tensão U50% obtida


e o número total de aplicações nu deve ser superior a 15 (86). Durante a aplicação do método
neste trabalho o número total de aplicações foi fixado em 35. A cada impulso aplicado são
registrados o tipo do evento (disrupção, X, ou não disrupção, 0) e a tensão de crista medida
através do osciloscópio. A correção dos resultados para as condições atmosféricas padrão
também foi realizada a fim de possibilitar comparações entre resultados padronizados e os
resultados para diferentes condições ambientais. Por este motivo são utilizados os valores
médios de temperatura, umidade relativa do ar e pressão atmosférica no local, registrados ao
longo do ensaio.
Os resultados numéricos da tensão U50% são apresentados no ANEXO E no formato de
tabelas com os valores U50% (Tabela 17 a Tabela 20), limites de confiança (Erro +/-) e desvio
padrão s. A coluna Variação refere-se à diferença percentual entre o valor obtido U50% para as
formas não padronizadas e o valor U50% para a forma padrão 1,2 x 50 μs.
 
74
 
3.6 Característica Tensão x Tempo de Disrupção – Curvas V x t

A curva V x t consiste em um gráfico que relaciona o valor de crista da tensão impulsiva


aplicada com o tempo de disrupção para um conjunto de aplicações entre a forma impulsiva
plena e a forma impulsiva cortada na região de frente do impulso. Os pontos que compõem o
gráfico são distribuídos conforme esta faixa. De acordo com recomendações de 1940 do AIEE
(87), de 20 a 40 pontos seriam suficientes para compor a curva V x t considerando a isolação
auto-recuperante. Porém, um número menor de pontos pode ser utilizado caso a amostra
ensaiada apresente custo elevado. Não há um concesso entre os pesquisadores envolvidos com
ensaios dielétricos em relação à quantidade de pontos necessários para representar corretamente
a característica da isolação.
Na pesquisa bibliográfica apresentada no Capítulo 2 é possível observar que cada autor
desenvolve o seu procedimento próprio de ensaio. Carrus et al. (56) e Ancajima et al. (88), por
exemplo, obtiveram as curvas V x t de isoladores aplicando 05 impulsos para cada nível de
tensão e em caso de descargas disruptivas para todas as aplicações do mesmo nível, a média
dos tempos de disrupção e a maior tensão de crista eram utilizadas na composição da curva.
Este procedimento não é vantajoso no sentido em que a informação da dispersão que existe nos
pontos da curva são perdidos quando se faz a média das tensões aplicadas ou dos tempos de
disrupção.
Por outro lado, alguns trabalhos seguem o procedimento considerado mais adequado
quando se deseja obter a curva V x t com informações também da dispersão dos pontos, como
é o caso de Venkatesan e Usa (89), que obtiveram as curvas V x t para configurações de
eletrodos com papel e óleo isolantes utilizados em transformadores. Outro exemplo é
apresentado por Faria et al. (13) para as curvas V x t de chaves seccionadoras em média tensão.
Neste procedimento, são realizadas N aplicações de tensão para cada nível, registrando os
valores de crista e os tempos de disrupção sem a realização de médias.
A Figura 22 mostra as diferentes etapas do processo de obtenção da curva V x t.
Inicialmente, é selecionado um nível de tensão que não resulta em descarga disruptiva na
isolação, ou seja, os primeiros pontos devem pertencer às formas impulsivas plenas. Após a
aplicação de N impulsos neste nível, a amplitude da tensão é elevada em um passo fixo Δu, que
depende de cada gerador de impulsos. Este procedimento é repetido até que os valores de tensão
e tempo de disrupção sejam registrados nas regiões de cauda, crista e frente. O último nível a
ser aplicado depende do limite de tensão do gerador de impulsos utilizado. A qualidade da curva
75

V x t obtida torna-se função do passo Δu escolhido entre os níveis, bem como do número N de
aplicações de tensão para cada nível. A correta representação da dispersão intrínseca da curva
V x t para cada isolação depende da escolha destes fatores.

Un

U pn-1
U p4 Curva V x t
U p3
U p2
U p1

tbn tbn-1 tb4 tb3

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na frente na crista na cauda

Figura 22 – Diferentes etapas do processo de obtenção da curva V x t. Adaptado de (87).

3.7 Procedimento Experimental

Considerando as 14 formas impulsivas relacionadas na Tabela 6, os 02 tipos de


isoladores apresentados na Figura 21 e as 02 polaridades de tensão na condição a seco, tem-se
que o número inicial de curvas V x t é 112. Após a realização dos ensaios para determinação da
tensão U50%, constatou-se que algumas formas não poderiam ser utilizadas devido à baixa
eficiência que o gerador de impulsos do LAT-EFEI apresentou para a combinação de resistores.
Por este motivo, existem valores de tensão U50% faltantes nas tabelas do ANEXO E,
principalmente para os isoladores do tipo pilar, classe 25 kV.
A combinação de formas impulsivas de baixa eficiência com estes isoladores demandam
níveis de tensão de carregamento mais elevados, inviabilizando os ensaios. No entanto, esta
restrição não prejudicou as análises feitas para os resultados de tensão U50%, permitindo então
o início dos ensaios para obtenção de 102 curvas V x t.
O ensaio inicia-se com a escolha do tipo de isolador, pino ou pilar, e a classe de tensão,
15 ou 25 kV. A partir de então, é preenchida a planilha de controle dos dados de ensaio,
contendo as informações de data, objeto sob ensaio, distância de arco e a forma impulsiva a ser
utilizada. Os tempos de frente e cauda devem ser então conferidos a fim de que fiquem dentro
76
 
da margem de tolerância de ±10%. Caso contrário devem ser tomadas medidas de verificação
e correção dos possíveis erros. A tensão inicial de ensaio é ajustada para 80% da tensão U50%
relativa a forma impulsiva, isolador e polaridade utilizadas. Esta redução tem como objetivo
garantir que as primeiras aplicações de tensão sejam correspondentes à forma impulsiva plena,
sem a presença de descargas disruptivas.
Nos primeiros ensaios realizados, foram utilizadas 10 aplicações de tensão para cada
nível. Posteriormente, este valor foi reduzido para 05 aplicações devido tempo elevado para
conclusão do ensaio de levantamento da curva V x t. O passo de elevação de tensão Δu varia de
2 a 5 kV para as regiões da curva V x t com descargas disruptivas na cauda e na crista, podendo
chegar a 10 kV para a região de frente. A cada alteração do nível de tensão aplicado, são
registrados também as condições ambientes de temperatura, umidade e pressão, a fim de
permitir correções dos resultados para as condições padronizadas (umidade absoluta 11 g/m3,
pressão 760 mmHg e temperatura 20 °C) de acordo com a norma IEC 60060-1 (86).
Durante o ensaio todos os valores de tensão e tempo de disrupção são obtidos a partir
de um osciloscópio digital de 100 MHz de largura de banda, 8-bit e 50000 pontos de
amostragem. Estes valores são registrados na planilha de controle a cada aplicação.
Adicionalmente, os pontos que compõem os oscilogramas de tensão são armazenados no
computador no formato .csv. A Figura 73 do ANEXO F mostra um exemplo de planilha de
controle preenchida para a forma padronizada e isolador do tipo pino classe 15 kV.
O ensaio é finalizado quando a tensão máxima de segurança do gerador de impulsos é
atingida ou quando a curva V x t apresenta o formato considerado adequado para sua análise.
Os isoladores do tipo pino são substituídos a cada ensaio, uma vez que apresentam a
possibilidade de perfuração. Isto não ocorre para os isoladores do tipo pilar, que são reutilizados
para os outros ensaios.
Convém ressaltar que não foram realizados os ensaios para levantamento das curvas
V x t na condição sob chuva devido à menor suportabilidade dos isoladores ser observada, para
a maioria dos casos, na polaridade positiva e condição a seco. Os resultados dos ensaios para
obtenção da tensão U50% apresentados na referência (14) evidenciam este comportamento.

 
77

3.8 Resultados Experimentais

Neste trabalho, os resultados dos ensaios para a obtenção das curvas V x t são
apresentados no formato gráfico, nos quais é possível identificar o comportamento da
suportabilidade dielétrica para cada forma impulsiva e tipo de isolador, comprovando a
polaridade mais crítica e sua respectiva dispersão dos pontos. Além disso, o valor médio da
tensão U50% é apresentado no mesmo gráfico. Os intervalos de confiança não foram
apresentados a fim de não comprometer a visualização das curvas V x t. Conforme discutido
no Capítulo 2, as características de cada curva V x t possuem impacto direto na determinação
das constantes do modelo do efeito disruptivo DE, U0 e K, a serem obtidas no Capítulo 4.
A Figura 23 até a Figura 26 apresentam as curvas V x t obtidas para os isoladores
ensaiados na forma padronizada 1,2 x 50 µs. Os pontos referentes às polaridades positiva e
negativa são representados pelos símbolos (□) e (○), respectivamente. A tensão U50% para as
polaridades positiva e negativa são representadas pelas linhas contínua e tracejada. Os
resultados para todas as formas impulsivas ensaiadas estão compilados no ANEXO G, enquanto
os comentários e observações pertinentes às curvas V x t estão relacionados no Capítulo 6.

Figura 23 – Curva V x t para o isolador do tipo pino, classe 15 kV, forma 1,2 x 50 µs.
78
 

Figura 24 – Curva V x t para o isolador do tipo pino, classe 25 kV, forma 1,2 x 50 µs.

Figura 25 – Curva V x t para o isolador do tipo pilar, classe 15 kV, forma 1,2 x 50 µs.
79

Figura 26 – Curva V x t para o isolador do tipo pilar, classe 25 kV, forma 1,2 x 50 µs.
 

 
80
 

4 Modelagem Estatística do Efeito Disruptivo


O Capítulo 2 abordou de forma teórica o conceito do método do efeito disruptivo,
destacando suas variações e respectivas limitações. Desde sua apresentação, foram
acrescentados aprimoramentos a fim de melhorar sua precisão na reprodução das curvas V x t,
independentemente da isolação ensaiada ou da forma impulsiva utilizada. Com base na revisão
bibliográfica das diferentes propostas de implementação do método, conclui-se que o modelo
proposto por Chowdhuri et al. (66) e aprimorado posteriormente por Ancajima et al. (58) são
aqueles que conduzem aos resultados mais precisos, garantindo de forma satisfatória a
reprodução das curvas V x t a partir dos dados de ensaios.
Com a implementação do parâmetro alpha, o modelo de Chowdhuri permitiu que a
constante K assumisse diferentes valores com base na tensão aplicada U(t) e na tensão U0. Desta
forma K é modificado a cada nível de tensão, proporcionando um peso variável na equação do
efeito disruptivo. Esta modificação do método original é observada nas equações (18) e (19).
Partindo deste ponto, Ancajima propôs a escolha ótima dos parâmetros α e U0 que conduzem
ao menor desvio padrão do efeito disruptivo σDE e levam à melhor reprodução das curvas V x t.
Este capítulo apresenta a aplicação destes dois métodos na obtenção dos parâmetros
para a definição da constante do efeito disruptivo DE, com o objetivo de reproduzir as curvas
V x t obtidas através de ensaios em laboratório para as 14 formas impulsivas e isoladores
apresentados no Capítulo 3.
Neste trabalho, uma modificação do método para a escolha ótima dos parâmetros é
avaliada e a reprodução das curvas V x t considera a variação da dispersão dos pontos a cada
nível de tensão aplicada. Esta variação na dispersão dos pontos está relacionada com a
modificação do desvio padrão do efeito disruptivo ao longo da curva V x t. Este requisito é de
grande importância quando se está interessado em representar a isolação de um equipamento
ou elemento do sistema elétrico sem a utilização de médias dos tempos de corte.
A eficácia dos modelos desenvolvidos e a sugestão de alteração do desvio padrão do
efeito disruptivo são comprovadas graficamente através de sobreposições dos resultados
obtidos em simulação com aqueles resultantes de ensaios.

 
81

4.1 Modelos Utilizados

O estudo teórico das diferentes variações do modelo do efeito disruptivo realizado no


Capítulo 2, bem como as inúmeras aplicações e exemplos apresentados por pesquisadores desde
sua apresentação em 1950, permitiram concluir que o modelo proposto por Chowdhuri et al.
conduz a resultados mais precisos. No passado, as limitações de processamento impostas pelos
computadores digitais forçaram os pesquisadores a implementar simplificações no modelo do
efeito disruptivo original, conforme observado nos trabalhos de Jones em 1954 (15) e Kind em
1958 (63), além de outros. Atualmente, esta limitação pode ser desconsiderada devido aos
recursos computacionais existentes, que permitem realizar estudos mais aprofundados acerca
do comportamento das constantes do modelo.
A equação (31) apresenta novamente o modelo proposto por Chowdhuri, sendo este
utilizado deste ponto em diante para a obtenção do modelo do efeito disruptivo.

(31) 

Onde:
DE – efeito disruptivo.
U(t) – tensão aplicada na isolação em função do tempo.
U0 – tensão suportável pela isolação sem causar disrupção.
α – constante adimensional do método do efeito disruptivo.
t0 – instante em que U(t) > U0.
t – tempo.

Segundo Chowdhuri et al. o parâmetro U0 deve ser obtido através de procedimentos


estatísticos, uma vez que é definido como a tensão suportável pela isolação sem causar
disrupção. Conhecendo-se a tensão U50% e seu desvio padrão s, é possível estimar o valor limite
inferior de U0 para o qual todas as demais tensões serão superiores. Este limite é apresentado
novamente na equação (32), considerando que a distribuição estatística da tensão U50% é do tipo
normal.

% ∙ (32) 
82
 
Onde:
n – parâmetro que determina o limite inferior de U0 para um coeficiente de confiança γ.
Geralmente γ = 95%.
s – desvio padrão da tensão U50% para uma distribuição normal.

A proposta de obtenção dos parâmetros do modelo do efeito disruptivo apresentada por


Ancajima et al. vem complementar, e de certa forma, adequar o exposto na equação (32). Nesta
abordagem, a constante U0 deve ser escolhida de tal forma que leve ao menor desvio padrão do
efeito disruptivo, σDE. Deve-se então avaliar a equação (31) para todas as combinações dois a
dois dos pontos considerados na curva V x t obtida em ensaio, variando-se a fração de U0 em
relação à tensão U50%, onde U0/U50% ≤ 1. Para cada fração de U0, tem-se o respectivo valor
médio da constante do efeito disruptivo, µDE, e o seu desvio padrão, σDE. O valor de U0 mais
adequado é aquele que leva ao menor valor σDE.
Ao aplicar o procedimento proposto por Ancajima no modelo de Chowdhuri,
comprovou-se que este modelo apresenta certa independência do valor de U0, uma vez que a
constante K na equação (19) é auto adaptativa, variando de acordo com o nível de tensão
aplicada. Este fato não ocorre para o modelo proposto por Kind (63), no qual K = 1. Por outro
lado, uma condição deve ser satisfeita para que o procedimento de Ancajima seja aplicado
corretamente na equação (31). A tensão U0 deve ser menor ou igual à tensão com o maior tempo
de disrupção U(tbM), ou seja, U0 ≤ U(tbM). Esta condição garante que o valor de U0 escolhido
pelo procedimento seja sempre inferior a qualquer ponto da curva V x t.

4.2 Procedimento para Definição das Constantes

Este item descreve, de forma detalhada, o procedimento utilizado para a definição das
constantes e a reprodução das curvas V x t a partir do modelo do efeito disruptivo da equação
(31). Para isto foram utilizados programas computacionais específicos, desenvolvidos em
Matlab®, cujos fluxogramas representativos são apresentados nos ANEXOS H, I e J. No
decorrer no desenvolvimento, optou-se por separar os códigos em três módulos, a fim de
facilitar a identificação de possíveis erros de programação e permitir a utilização de cada um
de forma isolada.
O primeiro módulo é denominado Le_Curva_V_t_Calcula_Alpha e tem como objetivo
determinar o valor médio da constante alpha, bem como armazenar todos os valores de alpha
83

em um arquivo do tipo texto para utilização no próximo módulo. O módulo seguinte possui
duas versões e tem como objetivo calcular o valor médio e o desvio padrão do efeito disruptivo.
São elas: Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha_Medio e Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha_
txt. A primeira versão calcula o valor médio e o desvio padrão do efeito disruptivo através do
valor médio de alpha, enquanto a segunda leva em consideração todos os valores de alpha
armazenados no arquivo texto. Os detalhes de cada versão deste módulo são apresentados no
item 4.2.3. O terceiro módulo é chamado de Reproduz_Curva_V_t e é responsável por
reproduzir a curva V x t com base nas constantes α, U0, µDE e σDE, determinadas anteriormente.
Além disso, são apresentados o valor mais provável (valor médio) e os intervalos de confiança
para as curvas V x t simuladas e obtidas em ensaio.
O funcionamento dos módulos é exemplificado, neste item, utilizando a curva V x t da
Figura 27, obtida através de ensaio para a forma padronizada, 1,2 x 50 µs, na polaridade positiva
e isolador do tipo pino de classe 15 kV.

Figura 27 – Curva V x t para o isolador do tipo pino, classe 15 kV, forma 1,2 x 50 µs na polaridade positiva.

4.2.1 Determinação da Constante U0

O primeiro parâmetro a ser fornecido para o início das simulações consiste na tensão
U0. O Capítulo 2 apresentou uma relação de exemplos de aplicação do método do efeito
disruptivo, nos quais diferentes valores da tensão U0 foram propostos e aplicados desde o
84
 
surgimento do método em 1950. No entanto, uma avaliação paramétrica de U0 em relação à
U50% surgiu somente em 2007 com Ancajima et al. (58).
Neste procedimento, o desvio padrão do efeito disruptivo, σDE, é avaliado para diferentes
frações de U0 em relação à U50%, variando de 10% a 100% de U50%. Conforme apresentado
anteriormente, a aplicação deste procedimento no método do efeito disruptivo proposto por
Chowdhuri et al. resulta em pequenas variações de σDE ao longo da faixa de avaliação, o que é
considerado uma vantagem em termos de estabilidade do modelo. A Figura 28 apresenta uma
análise de σDE para a forma 1,2 x 50 µs, nas polaridades positiva e negativa, isolador do tipo
pino, classe 15 kV.
O comportamento apresentado por σDE na Figura 28 é semelhante ao relatado por
Ancajima et al. Pode-se concluir que o valor mínimo de σDE para a polaridade positiva é obtido
quando U0/U50% equivale a 90%. De certa forma, σDE apresenta pouca variação entre 70% e
100%. Para a polaridade negativa, a variação de σDE é ainda menor, mantendo-se praticamente
constante entre 40% e 100%.
Desta forma, tem-se um procedimento confiável para a determinação da tensão U0 a ser
utilizada durante as simulações. No exemplo em questão utilizou-se a relação U0/U50% = 90%.

Figura 28 – Variação de σDE em função de U0 para as polaridades positiva e negativa na forma 1,2 x 50 µs.
Isolador do tipo pino, classe 15 kV.

 
85

4.2.2 Determinação da Constante Alpha

Para o melhor entendimento do funcionamento do módulo Le_Curva_V_t_Calcula_


Alpha, deve-se consultar o fluxograma apresentado na Figura 74 do ANEXO H. Este módulo é
responsável por determinar a constante alpha com base no valor de tensão U0 informado.
Inicialmente, deve-se fornecer o valor máximo esperado de alpha, αmáx, e o passo Δα
desejado. Este passo define a precisão no valor de alpha obtido e deve ser refinado na medida
em que for necessário. Em seguida deve-se fornecer o valor da tensão U0 em quilovolts e a
localização dos arquivos .csv que compõem a curva V x t para a qual se deseja obter as
constantes. Os arquivos .csv consistem nos oscilogramas de tensão para cada ponto da Figura
27, registrados neste trabalho através de um osciloscópio digital com 100 MHz de largura de
banda, 8-bit de resolução vertical e 50000 pontos de amostragem. Por fim, deve-se indicar o
número de pontos necessários para a média inicial de cada oscilograma e o passo utilizado na
interpolação polinomial.
Neste ponto, os oscilogramas de tensão são armazenados no formato vetorial e sua
polaridade é identificada. Em seguida, define-se as combinações dois a dois, sem repetição,
para todos os oscilogramas analisados, alocando o espaço necessário na memória a fim de
economizar tempo de processamento. É importante ressaltar que os oscilogramas de tensão são
preparados antes de serem utilizados nos cálculos da constante alpha. Esta preparação consiste
em definir o eixo real da abcissa, ou seja, o ponto no qual a tensão é nula para cada oscilograma
analisado.
Na sequência, aplica-se uma interpolação polinomial nos oscilogramas avaliados. A
interpolação tem como objetivo “suavizar” as imperfeições causadas nos oscilogramas devido
ao processo de aquisição digital do osciloscópio, permitindo a identificação correta dos diversos
instantes de corte (cauda, crista ou frente). O item 5, Resultados das Simulações e Análises,
mostra que não há prejuízos da utilização desta técnica de interpolação para os resultados
esperados.
O instante de corte é calculado com base na variação absoluta entre sucessivos pontos
do oscilograma analisado, separados pelo passo fornecido para a interpolação polinomial. Caso
a variação absoluta seja superior a um múltiplo pré-definido do desvio padrão, considera-se que
há disrupção no ponto em questão. Caso a variação absoluta seja inferior, prossegue-se para o
próximo ponto, repetindo a comparação. Para os oscilogramas analisados neste trabalho foram
utilizados de 06 a 10 desvios padrão para detecção do instante de corte. Este múltiplo pode
86
 
variar com base na forma impulsiva analisada e no passo utilizado na integração polinomial. O
desvio padrão considerado para a detecção do instante de corte consiste naquele obtido na
região inicial de cada oscilograma, para o tempo inferior a zero e tensão nula.
A cada impulso analisado, o módulo apresenta o oscilograma de tensão com a
identificação do valor crista, tempo de corte (X) e os instantes de cruzamento entre a tensão U(t)
e a tensão U0 (○). A apresentação destes gráficos durante as simulações tem como objetivo
monitorar se o tempo de corte está sendo contabilizado no instante correto. Caso contrário,
deve-se intervir no número de desvios padrão utilizados para a comparação entre sucessivos
pontos ou até mesmo no passo utilizado na interpolação polinomial. A Figura 29 apresenta dois
exemplos com instantes de cortes na região de cauda (a) e de frente (b).

(a) (b)
Figura 29 – Exemplo de verificação dos tempos de corte para módulo de cálculo da constante α. Instantes de
cortes na cauda (a) e frente (b) para a forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva, isolador do tipo pino, classe 15 kV.

Após a validação destes parâmetros, inicia-se a avaliação de alpha para cada


combinação dois a dois dos oscilogramas, iniciando com α = 0 até αmáx, no passo Δα. Procede-
se então com o cálculo da constante alpha que satisfaz a equação (33) para a combinação dois
a dois dos pontos da curva V x t analisada. O valor de alpha válido é aquele que satisfaz a
igualdade DEUa = DEUb. Este procedimento é repetido até que todas as combinações de
oscilogramas sejam avaliadas.


(33) 

Onde:
Ua (t) – tensão impulsiva a aplicada na isolação com valor de crista Upa.
87

tba – instante de ocorrência da disrupção no impulso a.


t0a – instante em que Ua(t) > U0.
Ub (t) – tensão impulsiva b aplicada na isolação com valor de crista Upb.
tbb – instante de ocorrência da disrupção no impulso b.
t0b – instante em que Ub(t) > U0.

Após a avaliação de todas as combinações de oscilogramas ao longo da faixa de alpha


escolhida, o módulo em questão calcula o valor médio de alpha, µα, exibindo o espectro de
variação deste. Além disso, os valores de alpha são armazenados no formato de texto em
arquivo específico para utilização no módulo de cálculo da constante DE. A Figura 30 apresenta
o espectro de variação de alpha para a análise feita na curva V x t da Figura 27. Neste caso,
foram identificados 1224 valores de alpha que satisfazem a equação (33) dentre as 1275
combinações possíveis.

Figura 30 – Espectro de variação e valor médio de alpha para a análise da forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva,
isolador do tipo pino, classe 15 kV.

4.2.3 Determinação do Valor Médio e Desvio Padrão do Efeito Disruptivo

Este módulo foi desenvolvido para o cálculo do valor médio da constante DE,
denominado µDE e seu respectivo desvio padrão, σDE. O módulo pode ser executado em duas
versões, denominadas Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha_Medio e Le_Curva_V_t_Calcula_
DE_Alpha_txt. A análise através da primeira versão leva em consideração o valor médio de
alpha, µα, enquanto a segunda versão considera todos os valores de alpha apresentados na
88
 
Figura 30 para este exemplo. Para o melhor entendimento do funcionamento destes módulos,
deve-se consultar o fluxograma apresentado na Figura 75 do ANEXO I, que exemplifica o
funcionamento da primeira versão, Le_Curva_V_t_Calcula_Alpha.
De forma análoga ao módulo de cálculo da constante alpha, inicia-se com a inserção dos
principais parâmetros de entrada. Deve-se fornecer o valor médio da constante alpha, µα, e a
tensão U0 em quilovolts, bem como a localização dos arquivos .csv que compõem a curva V x t
para a qual se deseja obter a constante DE. Por fim, deve-se indicar o número de pontos
necessários para a média inicial de cada oscilograma e o passo utilizado na interpolação
polinomial.
O procedimento para armazenagem dos oscilogramas de tensão, identificação da
polaridade e definição das combinações dois a dois, sem repetição, para todos os oscilogramas
analisados, é idêntico ao utilizado no módulo anterior. Define-se também o eixo real da abcissa,
ou seja, o ponto no qual a tensão é nula para cada oscilograma analisado. Na sequência, aplica-
se a interpolação polinomial nos oscilogramas avaliados. Não há alterações no procedimento
para a definição do instante de corte em comparação com aquele utilizado previamente. Porém,
para este módulo os oscilogramas de tensão não são apresentados, uma vez que a verificação
do instante de corte e da tensão máxima foi previamente realizada no modulo de cálculo da
constante alpha.
Finalmente, calculam-se as constantes DEUa e DEUb conforme a equação (31) para os
valores de µα e U0 fornecidos. Este procedimento é repetido até que todas as combinações de
oscilogramas sejam avaliadas. Após a avaliação de todas as combinações, o módulo em questão
determina o valor médio e o desvio padrão das constantes DEUa e DEUb. A princípio não seria
necessário realizar o cálculo da constante DE em duplicidade, como é feito para as tensões que
representam Ua e Ub, bastando escolher apenas uma delas, uma vez que a equação (33) deve
ser satisfeita. Porém, neste trabalho optou-se pelo cálculo em duplicidade com o objetivo de
validação dos resultados, comprovando que os valores médios e desvios padrão são próximos
entre si.
A diferença de funcionamento entre os dois módulos desenvolvidos para o cálculo da
constante DE ocorre na escolha do valor da alpha. Na segunda versão, denominada
Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha_txt, a constante DE é avaliada para todos os valores de
alpha armazenados no arquivo .txt, e não somente para o valor médio, µα. Desta forma, o
comportamento de µDE e σDE é registrado para todos os valores de alpha, onde busca-se o valor
mínimo de σDE.
89

O objetivo da utilização de dois procedimentos diferentes para a determinação de alpha


é comparar os resultados, identificando qual deles leva à melhor reprodução das curvas V x t.
O procedimento de avaliação através de µα não está bem definido na literatura técnica e não há
um trabalho específico analisando sua utilização, o que motivou a sua verificação neste
trabalho. O procedimento de avaliação através de todos os valores de alpha foi apresentado por
Ancajima et al. (58), que a princípio parece ser mais completo e eficiente, quando comparado
com o procedimento anterior.
Porém, ao utilizá-lo na forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa, este não apresentou bom
desempenho, indicando que o valor mínimo de σDE correspondia ao valor inicial de alpha. Isto
torna o procedimento em questão restrito quando comparado com a utilização de µα. Esta
dificuldade foi relatada recentemente por Shigihara et al. (90), que apontaram a incapacidade
deste procedimento para a obtenção do valor ótimo de alpha em algumas situações, propondo
também um método mais adequado para esta finalidade. Os exemplos em questão reforçaram
a ideia de utilização do valor médio de alpha na tentativa de simplificar a determinação das
constantes µDE e σDE.
A Figura 31 exemplifica a restrição de utilização deste procedimento, proposto
Ancajima et al., na definição de α, µDE e σDE. A Figura 31 (a) apresenta o resultado, no formato
gráfico, para a variação de σDE em função de α, na polaridade positiva. Nota-se que existe um
valor mínimo σDE, correspondendo ao valor ótimo de α e µDE para a reprodução da curva V x t.
Por outro lado, na Figura 31 (b) não é possível identificar o valor mínimo de σDE, o que
inviabiliza a utilização deste procedimento para a polaridade negativa.

(a) (b)
Figura 31 – Variação do valor médio, µDE, e do desvio padrão, σDE, para a polaridade positiva (a) e negativa (b),
forma 1,2 x 50 µs, isolador do tipo pino, classe 15 kV. Ambos resultados consideram U0/U50% = 0,9.
90
 
Com o objetivo de validação deste módulo de simulação, as duas versões para definição
das constantes α, µDE e σDE foram monitoradas para diferentes frações de U0/U50%, nas
polaridades positiva e negativa para a forma 1,2 x 50 µs, isolador do tipo pino, classe 15 kV.
Os resultados desta comparação para as versões Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha_Medio e
Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha_txt são apresentados na Tabela 10 e na Tabela 11 para as
polaridades positiva e negativa, respectivamente. As variações de σDE e α são exibidas também
no formato gráfico, com o objetivo de facilitar a visualização das tendências entre as versões.
A Figura 32 reproduz novamente a Figura 28, porém acrescentando a variação de σDE para a
polaridade positiva na versão de cálculo proposta por Ancajima et al., enquanto a Figura 33
apresenta o comportamento de alpha.
Conforme comentado, o procedimento proposto por Ancajima quando aplicado no
método do efeito disruptivo de Chowdhuri resulta em pequenas variações de σDE,
independentemente da fração U0/U50% utilizada, o que consiste em vantagem durante a
definição de U0. Por outro lado, este não foi eficiente na definição dos parâmetros para a
polaridade negativa.
A Figura 32 mostra que a utilização do procedimento mais simples, que considera
apenas o valor de µα, conduz a resultados bastante satisfatórios uma vez que estes são
praticamente coincidentes com o procedimento abordado por Ancajima et al. Este fato garante
que o procedimento de cálculo através de µα pode ser utilizado para a forma 1,2 x 50 µs. O item
5.4 apresenta os resultados da utilização de µα para as demais formas impulsivas.

Tabela 10 – Resultados da comparação entre as duas versões de cálculo de α, µDE e σDE para a polaridade
positiva da forma 1,2 x 50 µs. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.

Polaridade Cálculo Através de µα Cálculo Através de σDE Ótimo


Positiva (Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha_Medio) (Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha)
U0 U0 µDE σDE σDE µDE σDE σDE
µα α
(kV) (%) (kV·µs) (kV·µs) (%) (kV·µs) (kV·µs) (%)
11,6 10 0,049 36,65 8,533 23,3 0,035 13,190 1,898 14,4
23,1 20 0,091 27,52 4,865 17,7 0,070 12,750 1,802 14,1
34,7 30 0,134 24,28 3,973 16,4 0,110 13,600 1,695 12,5
46,2 40 0,172 20,16 2,853 14,2 0,145 12,570 1,575 12,5
57,8 50 0,210 17,52 2,340 13,4 0,180 11,600 1,439 12,4
69,4 60 0,246 15,10 1,927 12,8 0,200 10,860 1,345 12,4
80,9 70 0,277 12,67 1,539 12,2 0,245 9,372 1,101 11,7
92,5 80 0,303 10,23 1,175 11,5 0,275 7,572 0,883 11,7
104,0 90 0,319 7,752 0,837 10,8 0,290 6,325 0,635 10,0
115,6 100 0,314 5,148 0,618 12,0 0,275 4,155 0,452 10,9
91

Tabela 11 – Resultados da comparação entre as duas versões de cálculo de α, µDE e σDE para a polaridade
negativa da forma 1,2 x 50 µs. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.

Polaridade Cálculo Através de µα Cálculo Através de σDE Ótimo


Negativa (Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha_Medio) (Le_Curva_V_t_Calcula_DE_Alpha)
U0 U0 µDE σDE σDE µDE σDE σDE
µα α
(kV) (%) (kV·µs) (kV·µs) (%) (kV·µs) (kV·µs) (%)
13,8 10 0,069 206,3 99,90 48,4 - - - -
27,6 20 0,127 124,1 50,93 41,0 - - - -
41,4 30 0,175 86,26 32,23 37,4 - - - -
55,2 40 0,225 66,30 23,80 35,9 - - - -
69,0 50 0,271 51,69 18,15 35,1 - - - -
82,8 60 0,309 38,49 13,40 34,8 - - - -
96,6 70 0,351 31,42 10,93 34,8 - - - -
110,4 80 0,380 24,22 8,433 34,8 - - - -
124,2 90 0,403 17,43 6,048 34,7 - - - -
138,0 100 0,404 11,07 3,785 34,2 - - - -

 
Figura 32 – Variação de σDE em função de U0 para as polaridades positiva e negativa, considerando as duas
versões de cálculo de α, µDE e σDE para a forma 1,2 x 50 µs. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.
92
 

Figura 33 – Variação de α em função de U0 para as polaridades positiva e negativa, considerando as duas versões
de cálculo de α, µDE e σDE para a forma 1,2 x 50 µs. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.

4.3 Reprodução das Curvas V x t Através de Simulação

O terceiro módulo tem como objetivo reproduzir as curvas V x t com base nas constantes
α, U0, µDE e σDE, determinadas previamente. Além disso, são apresentados o valor mais provável
(valor médio) e os intervalos de confiança para as curvas V x t simuladas e obtidas em ensaio.
Para o melhor entendimento do funcionamento deste módulo, recomenda-se consultar o
fluxograma apresentado na Figura 76 do ANEXO J.
Inicialmente, deve-se fornecer os valores das constantes α, U0, µDE e σDE, bem como o
número de pontos para a realização da média inicial e a localização dos arquivos necessários
para a execução do respectivo módulo. Estes arquivos consistem no oscilograma pleno para a
forma analisada (formato .csv), ou seja, sem disrupção, e na planilha de controle de ensaio,
conforme exemplifica a Figura 73 do ANEXO F (formato .xls).
Ainda em relação aos dados de entrada, deve-se fornecer também os níveis de tensão
inicial e final para o ensaio virtual a ser realizado, bem como o passo e o número de aplicações
de tensão previstas para cada nível. A escolha destes parâmetros deve ser baseada nas condições
reais do ensaio para levantamento das curvas V x t em laboratório, a fim de que a característica
reproduzida através da simulação fique mais próxima da característica real.
Em seguida, o módulo procede com a identificação do arquivo .csv escolhido para o
impulso pleno e sua respectiva polaridade, definindo também o ponto de tensão nula ou zero.
Neste caso não é utilizada a interpolação polinomial, uma vez que a definição do instante de
corte ocorre através da formulação do efeito disruptivo e não mais através da leitura dos
93

oscilogramas de ensaio. Neste ponto, tem-se a definição do vetor que contém os níveis de tensão
inicial e final, conforme passo escolhido.
Iniciada a aplicação de tensão, o módulo verifica se o valor de crista, Umáx, é inferior à
tensão U0. Em caso positivo, deve-se elevar o nível de tensão inicial e reiniciar a simulação.
Em seguida, obtém-se a constante DEi de forma aleatória, com base na média µDE e no desvio
padrão σDE, utilizando a distribuição normal, conforme apresentado na Figura 34.

-3σDE -2σDE -σDE µDE +σDE +2σDE +3σDE


DEi  
Figura 34 – Definição da constante DEi para cada aplicação de tensão utilizando a distribuição normal, conforme
média µDE e desvio padrão σDE.

Em seguida, tem-se o cálculo da constante DEcalc, obtida através da equação (31) para o
impulso de tensão pleno aplicado. A equação (31) é avaliada ponto a ponto no oscilograma do
impulso pleno, partindo do instante t0, até o instante em que DEcalc ≥ DEi. Em caso positivo, o
ponto em questão consiste no instante em que ocorre a disrupção. Em caso negativo, o nível de
tensão aplicado não é suficiente para causar disrupção. Este critério de decisão é apresentado a
seguir através das equações (34) e (35).

, → ocorre disrupção (34) 

, → não ocorre disrupção (35) 

Onde:
DEi – efeito disruptivo para a aplicação de tensão i, sorteado com base em µDE e σDE.
DEcalc – efeito disruptivo para a aplicação de tensão i, calculado através da tensão U(t).
94
 
Este processo se repete no mesmo nível de tensão até que o número de aplicações
informado seja atendido. Em seguida, eleva-se o nível de tensão com base no passo fornecido
e repete-se o procedimento até o nível de tensão final. A Figura 35 exemplifica o procedimento
em questão, na qual o instante inicial de avaliação da constante DE consiste em t0 e o instante
final é tb, satisfazendo a igualdade DEcalc = DEi.

Umáx
DEcalc
U0

t0 tb  
Figura 35 – Definição da constante DEcalc para o impulso com tensão de crista Umáx e instante de corte tb.

Finalizadas as aplicações de tensão desde o nível inicial até o final, inicia-se a utilização
da rotina Toolbox Curve Fitting do Matlab®, que busca apresentar o valor mais provável (valor
médio) e os intervalos de confiança das curvas V x t simulada e obtida através de ensaio, nas
quais é possível verificar a dispersão dos pontos desde a região de cauda até a frente.
A Figura 36 apresenta a comparação de duas curvas V x t, obtidas para a forma
1,2 x 50 µs, na polaridade negativa, isolador do tipo pino, classe 15 kV. Os marcadores (○) e
(□) representam os pontos obtidos para a curva V x t resultante de ensaio em laboratório e
simulação computacional, respectivamente. Neste caso, a curva V x t obtida através de
simulação computacional segue o critério de disrupção apresentado nas equações (34) e (35).
95

Figura 36 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação. Forma 1,2 x 50 µs,
polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.

4.4 Sugestão de Implementação do Desvio Padrão Variável

Ao longo da realização dos ensaios para levantamento das curvas V x t para as 14 formas
impulsivas relacionadas no Capítulo 3, notou-se, na maioria dos casos, um grau de dificuldade
maior ao ensaiar os isoladores na polaridade negativa em relação à polaridade positiva. Refere-
se como dificuldade, neste ponto, a instabilidade do sistema de disparo do gerador de impulsos.
Este fato ocorreu principalmente para as formas caracterizadas por tempo de cauda curto, ou
seja, inferior a 50 µs, combinadas com frentes lentas, superiores a 1,2 µs.
Posteriormente, a avaliação dos resultados mostrou que as curvas V x t para a polaridade
negativa possuem, em geral, maior dispersão dos pontos. Este comportamento pode ser
visualizado nos resultados apresentados no ANEXO G. Nota-se, a partir destes resultados, que
o formato das curvas V x t se altera para algumas formas impulsivas. Para as descargas
disruptivas na região de cauda do impulso, a dispersão dos pontos é maior. Neste caso, a
aleatoriedade do processo de formação da descarga disruptiva é melhor observado. Na medida
em que as descargas disruptivas passam a ocorrer na região de frente do impulso, a
aleatoriedade diminui, contribuindo para um “achatamento” da característica.
A partir do conhecimento deste comportamento característico de algumas curvas V x t,
em especial para a polaridade negativa, buscou-se observar se o modelo do efeito disruptivo
96
 
desenvolvido seria capaz de representar não somente o valor mais provável curva V x t, como
também a dispersão associada a cada forma impulsiva, polaridade e tipo de isolador.
Inicialmente, as curvas V x t foram reproduzidas através de simulação utilizando as constantes
α, U0, µDE e σDE conforme apresentado nos itens 4.2.1 a 4.2.3. Posteriormente, surgiu a
necessidade de modificação da dispersão dos pontos na medida que a tensão aplicada era
elevada. Portanto, para a completa representação da curva V x t faz-se necessário acrescentar
mais um fator.
As características apresentadas justificam a necessidade de implementação de um
parâmetro ou variação coordenada dos parâmetros α, U0, µDE e σDE existentes, com o objetivo
de controlar a dispersão dos pontos ao longo de toda a curva V x t resultante de simulação. A
definição da tensão U0 já se encontra otimizada e vinculada ao menor desvio padrão σDE. A sua
alteração ao longo da curva V x t com o objetivo de controlar a dispersão é restrita, pois o
funcionamento do modelo do efeito disruptivo apresentado na equação (31) determina que
U0 ≤ U(tbM).
As demais constantes α, µDE e σDE apresentam pouca variação para determinada faixa
da fração U0/U50%, porém alterações no conjunto α e µDE levaram a resultados não satisfatórios
durante a reprodução das curvas V x t, fazendo com que o valor mais provável (valor médio) da
característica não correspondesse ao comportamento esperado. A última opção seria atuar no
valor de σDE, que segundo Ancajima et al. (58) possui a função de indicar o valor ótimo da
tensão U0.
Neste trabalho, a função de σDE vai além de determinar o valor ótimo de tensão U0. Ao
longo da elaboração dos códigos computacionais apresentados neste capítulo, identificou-se
que σDE poderia ser utilizado para representar também a dispersão das curvas V x t. De fato, a
dispersão de qualquer comportamento aleatório está vinculada ao desvio padrão. Uma vez que
a dispersão varia ao longo da curva V x t, o fator de controle de σDE deve depender da tensão
aplicada no isolador. Desta forma, como sugestão do fator de controle da dispersão, tem-se a
relação U0/Uaplic, conforme apresentado na equação (36). A tensão de crista Uaplic consiste na
tensão prospectiva aplicada, ou seja, o valor de crista que seria registrado caso não houvesse
disrupção.

∙ (36) 
97

Onde:
σDEi – desvio padrão do efeito disruptivo que depende do nível i de tensão aplicada.
Uaplici – valor de crista prospectivo da tensão aplicada para o nível i.

O efeito que a equação (36) provoca no desvio padrão σDEi pode ser representado pela
Figura 37, onde é possível visualizar a sua redução controlada com base na tensão aplicada. Na
medida em que a tensão aplicada é elevada, o desvio padrão da distribuição normal diminui,
contribuindo para a redução da dispersão e acomodação dos pontos ao redor do valor mais
provável na curva V x t simulada.

µDE , σDEn

µDE , σDE2

µDE , σDE1

-3σDE1 -2σDE1 -σDE1 µDE +σDE1 +2σDE1 +3σDE1


DEi  
Figura 37 – Definição da constante DEi utilizando a distribuição normal e o fator de controle da dispersão
através da relação U0 / Uaplici.

Desta forma, o critério para a decisão da ocorrência de disrupção apresentado nas


equações (34) e (35) se altera, conforme apresentado a seguir, nas equações (37) e (38).

, ∙ → ocorre disrupção (37) 

, ∙ → não ocorre disrupção (38) 

É possível notar claramente que a curva V x t resultante de simulação apresentada na


Figura 36 possui maior dispersão dos pontos em relação a curva V x t de ensaio. Esta dispersão
98
 
é incoerente com o resultado esperado do modelo do efeito disruptivo. Por outro lado, a Figura
38 mostra o mesmo exemplo, porém utilizando o fator de controle da dispersão apresentado na
equação (36). Nota-se neste caso, que os pontos da curva V x t obtidos através de simulação
preenchem a área correspondente à curva V x t obtida através de ensaio. Em outras palavras, as
duas características apresentam dispersão semelhantes ao longo da curva V x t, sobrepondo-se.
Este resultado está coerente com aquele esperado para a curva V x t obtida em simulação,
indicando que o fator de controle da dispersão apresentado na equação (36) pode ser utilizado
para adequar o modelo do efeito disruptivo.

Figura 38 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de
variação do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.

 
99

5 Resultados das Simulações e Análises


Neste capítulo são apresentados os resultados das simulações realizadas com o modelo
do efeito disruptivo nos formatos gráfico e numérico, considerando o fator de controle da
dispersão conforme detalhado no Capítulo 4. Inicialmente, as simulações foram realizadas para
a forma 1,2 x 50 µs, em ambas polaridades, tipos de isoladores e classes de tensão. Os resultados
para as demais formas impulsivas são apresentados no ANEXO K.
Os resultados no formato gráfico permitem a visualização do comportamento das curvas
V x t, facilitando a sobreposição do modelo proposto com os resultados obtidos durante os
ensaios. Neste caso, a comparação entre a dispersão de cada curva pode ser observada. Desta
forma o funcionamento do modelo do efeito disruptivo proposto é verificado nos seus pontos
principais – tendência média e dispersão. Os resultados numéricos contêm os parâmetros
utilizados no modelo do efeito disruptivo. Estes parâmetros foram originados dos códigos de
simulação detalhados no Capítulo 4 e apresentados no formato de fluxogramas nos ANEXOS
H, I e J.
Os parâmetros do modelo do efeito disruptivo relacionados nas tabelas são α, U0, µDE e
σDE. A tensão U0 utilizada nas simulações varia entre 50% e 90% da tensão U50%. A coluna
σDE(%) refere-se ao valor percentual do desvio padrão do efeito disruptivo em relação ao valor
médio µDE.

5.1 Simulações do Efeito Disruptivo para a Forma 1,2 x 50 µs

A Tabela 12 apresenta os parâmetros para simulação das curvas V x t na forma


1,2 x 50 µs. Ressalta-se que todos os resultados apresentados para esta forma impulsiva levam
em consideração que U0 = 0,9·U50%, conforme discutido no Capítulo 4.

Tabela 12 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo na forma 1,2 x 50 µs. Modelo Chowdhuri et al.

Polaridade

Classe Positiva Negativa


Tipo
(kV) U0 µDE σDE U0 µDE σDE
α α
(kV) (kV·µs) (%) (kV) (kV·µs) (%)

15 0,3233 104 8,0933 10,8 0,4212 124 19,772 33,6


Pino
25 0,3320 123 13,257 14,8 0,5042 149 33,142 24,2
15 0,3383 119 11,104 18,4 0,5314 192 13,006 13,1
Pilar
25 0,3271 136 12,094 11,5 0,4548 216 9,0218 13,3
100
 
A Figura 39 até a Figura 46 apresentam os resultados no formato gráfico para as
simulações do modelo do efeito disruptivo utilizando os parâmetros relacionados na Tabela 12
e considerando o fator de controle da dispersão apresentado na equação (36).

Figura 39 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de
variação do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.

Figura 40 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de
variação do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.
101

 
Figura 41 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de
variação do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 25 kV.

 
Figura 42 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de
variação do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 25 kV.
102
 

 
Figura 43 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de
variação do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV.

Figura 44 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de
variação do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV.
 
103

 
Figura 45 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de
variação do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV.

 
Figura 46 – Comparação entre curvas V x t obtidas através de ensaio e através de simulação com o fator de
variação do desvio padrão. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV.
 

Os comentários a respeito das comparações entre as curvas V x t obtidas através de


ensaios e simulações são realizados no item 5.3 Análise e Discussão dos Resultados.
 
104
 
5.2 Valor Mais Provável e Intervalos de Confiança para a Forma 1,2 x 50 μs

A análise dos resultados apresentados no item 5.1 através de simples comparação visual
é válida e consiste no primeiro passo para a identificação da eficácia do modelo do efeito
disruptivo desenvolvido. Porém, é de grande importância comprovar a sobreposição das curvas
V x t através de métodos estatísticos, uma vez que o fenômeno envolvido na descarga disruptiva
é desta natureza. Além disso, a comparação estatística dos resultados é uma das propostas deste
trabalho.
Com este objetivo, o presente item exibe novamente os resultados gráficos para a forma
1,2 x 50 μs, porém destacando o valor mais provável (valor médio) e os intervalos de confiança
para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação. Estes parâmetros permitem ainda
identificar em quais regiões da curva V x t o modelo do efeito disruptivo possui maior precisão,
bem como comprovar se os resultados são estatisticamente equivalentes através da
sobreposição dos limites.
A Figura 47 até a Figura 62 apresentam o valor mais provável e os intervalos de
confiança no formato gráfico para as simulações do modelo do efeito disruptivo realizadas no
item 5.1. Os cálculos foram desenvolvidos com o auxílio da rotina Toolbox Curve Fitting do
Matlab®, buscando o equacionamento através de exponenciais com o maior valor do coeficiente
de determinação R2, conforme mostra a equação (39). Em todos os casos simulados o
coeficiente de confiança é de 95%.

∙ ∙
∙ ∙
(39) 

Onde:
f(x) – função escolhida para representar o valor mais provável e intervalos de confiança.
x – variável independente.
a,b,c,d – constantes determinadas através da rotina Toolbox Curve Fitting do Matlab®.

 
105

5.2.1 Isolador do Tipo Pino Classe 15 kV

Figura 47 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.

Figura 48 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e
simulação. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.
106
 

Figura 49 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.

Figura 50 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e
simulação. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 15 kV.
 

 
107

5.2.2 Isolador do Tipo Pino Classe 25 kV

 
Figura 51 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 25 kV.

 
Figura 52 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e
simulação. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pino, classe 25 kV.
 
108
 

 
Figura 53 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 25 kV.

 
Figura 54 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e
simulação. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pino, classe 25 kV.
 
 
 

 
109

5.2.3 Isolador do Tipo Pilar Classe 15 kV

 
Figura 55 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV.

 
Figura 56 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e
simulação. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV.
 
110
 

 
Figura 57 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV.

 
Figura 58 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e
simulação. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 15 kV.
 

 
111

5.2.4 Isolador do Tipo Pilar Classe 25 kV

 
Figura 59 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV.

 
Figura 60 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e
simulação. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade positiva. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV.
 
112
 

 
Figura 61 – Comparação entre o valor mais provável para as curvas V x t obtidas através de ensaio e simulação.
Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV.

 
Figura 62 – Comparação entre os intervalos de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaio e
simulação. Forma 1,2 x 50 µs, polaridade negativa. Isolador do tipo pilar, classe 25 kV.

Os comentários a respeito das comparações entre o valor mais provável e os intervalos


de confiança para as curvas V x t obtidas através de ensaios e simulações são realizados no item
5.3 Análise e Discussão dos Resultados.
113

5.3 Análise e Discussão dos Resultados para a Forma 1,2 x 50 µs

A análise qualitativa dos resultados exibidos desde a Figura 39 até a Figura 46 mostra
que o modelo do efeito disruptivo proposto foi capaz de reproduzir as curvas V x t para a forma
1,2 x 50 µs de maneira satisfatória considerando o valor mais provável e a dispersão dos pontos,
independentemente do tipo de isolador e polaridade. Nota-se em todos os gráficos que os
resultados de simulação se sobrepõem aos resultados de ensaios, apresentando aspecto coerente
para descargas disruptivas nas regiões de cauda, crista e frente da forma impulsiva aplicada.
Porém, uma análise quantitativa através de processos estatísticos agrega maior confiabilidade
ao modelo do efeito disruptivo desenvolvido, permitindo calcular os erros entre os resultados
de ensaios e simulação, e inferir em qual região das curvas V x t o modelo é mais preciso.
A Figura 63 e a Figura 64 mostram a variação dos erros percentuais entre o valor mais
provável das curvas V x t simulada e obtida através de ensaio para as polaridades positiva e
negativa. O modelo utilizado para representar o valor mais provável segue a equação (39). Os
valores máximos absolutos e seus respectivos percentuais para cada simulação são apresentados
na Tabela 13. A coluna Erro (µs) apresenta o valor absoluto enquanto a coluna Erro (%)
apresenta o valor percentual em relação a curva V x t de ensaio, ou seja, a referência consiste
sempre nos resultados de ensaio, conforme mostra equação (40).

% ∙ (40) 

Onde:
Erro(%) – erro percentual entre o valor mais provável das curvas V x t simulada e obtida através
de ensaio.
tsimulai – instante i na curva V x t simulada.
tensaioi – instante i na curva V x t obtida através de ensaio.
114
 

Figura 63 – Variação percentual dos erros entre o valor mais provável das curvas V x t simuladas e obtidas
através de ensaios para a polaridade positiva na forma 1,2 x 50 µs.

Figura 64 – Variação percentual dos erros entre o valor mais provável das curvas V x t simuladas e obtidas
através de ensaios para a polaridade negativa na forma 1,2 x 50 µs.

Tabela 13 – Erro máximo entre o valor mais provável das curvas V x t simuladas e obtidas através de ensaios
para a forma 1,2 x 50 μs.

Polaridade

Classe Positiva Negativa


Tipo
(kV) Erro Erro Erro Erro
(µs) (%) (µs) (%)

15 0,32 4,9 -2,29 -30,4


Pino
25 -0,77 -8,3 -1,05 -14,2
15 -0,43 -5,9 -1,11 -22,3
Pilar
25 -2,60 -28,8 0,36 8,1
115

Os erros máximos relacionados na Tabela 13 quantificam o comportamento observado


nas curvas V x t apresentadas no item 5.1. Neste caso, para todos os resultados tem-se que o
erro máximo ocorreu para descargas disruptivas na região de cauda do impulso aplicado, entre
4,5 e 8,0 µs. Conforme comentado, nesta região o tempo necessário para a formação das
descargas disruptivas apresenta maior aleatoriedade. Este fenômeno pode ser visualizado nas
comparações entre as simulações e os ensaios apresentadas no item 5.1 e nos intervalos de
confiança exibidos no item 5.2, traduzidos por uma expansão da característica para tempos de
corte na cauda e um estreitamento desta para tempos de corte na região de frente.
Considerando a polaridade positiva, os erros absolutos são inferiores a -0,77 µs, com
exceção do isolador do tipo pilar na classe 25 kV, que apresentou erro de -2,60 µs. Este erro
corresponde a uma diferença de -28,8% em relação ao valor de ensaio. Com exceção deste
isolador, os demais erros percentuais estão dentro da faixa de ±10%. Conforme previsto, tem-
se que os erros absolutos para a polaridade negativa são superiores à polaridade positiva,
variando de 0,36 a -2,29 µs, que corresponde a um erro percentual de -30,4% em relação ao
valor de ensaio. As diferenças entre os erros para as polaridades positiva e negativa foram
relatadas também por Ancajima et al. (58).
Os resultados exibidos na Tabela 13 estão coerentes com os gráficos apresentados nos
itens 5.1 e 5.2, e com a experiência adquirida em laboratório durante a realização dos ensaios.
É importante considerar que os erros apresentados na Tabela 13 são máximos e encontram-se
limitados na maior parte dos casos entre ±10% ao longo das curvas V x t, conforme mostram
os gráficos da Figura 63 e da Figura 64 para as polaridades positiva e negativa, respectivamente.
Em relação à dispersão das curvas V x t, os gráficos apresentados no item 5.2
comprovam estatisticamente que os pontos que formam as curvas V x t obtidas através de
simulação e de ensaio se sobrepõem, ou seja, os resultados são coincidentes considerando o
coeficiente de confiança de 95%. Em alguns casos, a dispersão dos pontos simulados foi inferior
à dispersão dos pontos obtidos através de ensaios, o que garante a reprodução total da curva
V x t através de simulação. Como exemplo tem-se a Figura 48 – isolador do tipo pino, classe
15 kV na polaridade positiva e a Figura 54 – isolador do tipo pino, classe 25 kV na polaridade
negativa. Estes resultados comprovam que a implementação do fator de variação da dispersão
ao longo das curvas V x t contribuiu de forma essencial para adequar o comportamento do
desvio padrão do efeito disruptivo em relação à tensão aplicada.
116
 
5.4 Simulações do Efeito Disruptivo para as Demais Formas Impulsivas

Inicialmente, os procedimentos definidos no item 4.2 para a obtenção das constantes do


modelo do efeito disruptivo e a metodologia proposta no item 4.4 para o controle da dispersão
das curvas V x t foram validados para a forma impulsiva 1,2 x 50 µs. Em seguida, a metodologia
para o controle da dispersão das curvas V x t foi estendida para as demais formas impulsivas
avaliadas neste trabalho, compreendendo nos resultados apresentados neste item.
Os resultados no formato gráfico são apresentados no ANEXO K, obtidos através dos
parâmetros relacionados na Tabela 21 até a Tabela 24 do ANEXO L.
Devido ao elevado número de curvas V x t simuladas, optou-se por apresentar também
de maneira resumida as principais constantes do modelo, ou seja, aquelas que apresentam
influência direta na reprodução das curvas V x t e na dispersão dos pontos. Desta forma, a Figura
65 até a Figura 70 apresentam a média das constantes U0, α e σDE para os isoladores ensaiados,
considerando todas as formas impulsivas analisadas e as polaridades positiva e negativa. Os
pontos faltantes nas figuras em questão referem-se às curvas V x t que não foram possíveis de
serem obtidas em laboratório ou através de simulação.
A Figura 65 e a Figura 66 apresentam a variação da relação U0/U50% para os isoladores
dos tipos pino e pilar, respectivamente.

Figura 65 – Variação média da relação U0/U50% em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pino,
classes 15 kV e 25 kV, polaridades positiva e negativa.
117

Figura 66 – Variação média da constante U0 em relação às formas impulsivas para o isolador do tipo pilar,
classes 15 kV e 25 kV, polaridades positiva e negativa.

Diferentemente da relação U0/U50% ideal, obtida para a forma padronizada 1,2 x 50 µs,
tem-se para as demais formas uma variação média entre 55% e 90% da tensão U50%. O
procedimento para a escolha do valor ideal de U0 para a composição o modelo do efeito
disruptivo é o mesmo utilizado para a forma 1,2 x 50 µs no item 4.2.1.
Na medida em que a forma impulsiva apresenta tempo de cauda igual ou inferior a 20 μs,
a relação U0/U50% diminui, tornando-se inferior a 90%. Este comportamento é melhor
visualizado nas formas 0,5 x 5 µs, 1,2 x 5 µs e 3 x 10 µs, que possuem tempos de cauda curtos.
A redução da relação U0/U50% fez-se necessária a fim de permitir a correta reprodução das
curvas V x t para instantes de disrupção na região de cauda. Caso contrário, as curvas V x t
resultantes de simulação ficariam incompletas nesta região, conforme testes realizados ao longo
das simulações.
Outro fator importante a ser considerado é a semelhança da relação U0/U50% nas
polaridades positiva e negativa, bem como nos isoladores dos tipos pino e pilar. Para algumas
formas impulsivas, a relação utilizada coincide em ambas as polaridades. Apesar das
características construtivas serem diferentes para os isoladores dos tipos pino e pilar, tem-se
uma semelhança de comportamento da relação ideal de U0/U50%, conforme observado na Figura
65 e na Figura 66.
A variação média da constante μα é apresentada na Figura 67 e na Figura 68 para os
isoladores dos tipos pino e pilar, respectivamente.
118
 

Figura 67 – Variação média da constante μα em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pino,
classes 15 kV e 25 kV, polaridades positiva e negativa.

Figura 68 – Variação média da constante μα em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pilar,
classes 15 kV e 25kV, polaridades positiva e negativa.

O valor médio da constante μα varia entre 0,258 e 0,544 para a polaridade positiva e
entre 0,330 e 0,690 para polaridade negativa. Nota-se que há uma tendência de aumento de μα
na medida em que os tempos de frente e cauda são elevados, partindo de 0,5 x 5 μs até
10 x 50 μs. De forma geral, os valores de μα são superiores para a polaridade negativa.
A variação média da constante σDE é apresentada na Figura 67 e na Figura 68 para os
isoladores dos tipos pino e pilar, respectivamente.
119

Figura 69 – Variação média da constante σDE em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pino,
classes 15 kV e 25 kV, polaridades positiva e negativa.

Figura 70 – Variação média da constante σDE em relação às formas impulsivas para os isoladores do tipo pilar,
classes 15 kV e 25kV, polaridades positiva e negativa.

A variação média da constante σDE ocorre de forma menos previsível para a maioria das
formas impulsivas, ao contrário do comportamento das demais constantes, U0 e μα, analisadas.
Porém, duas características observadas na Figura 67 e na Figura 68 estão de acordo com as
principais propriedades das curvas V x t, observadas no decorrer da apresentação dos resultados
de ensaio e simulação nos Capítulos 3 e 4, respectivamente.
A primeira característica observada consiste no fato de que a dispersão das curvas V x t
para a polaridade negativa é geralmente maior, o que é comprovado comparando-se os valores
120
 
de σDE para ambas as polaridades. Nota-se que σDE para a polaridade negativa é superior à
polaridade positiva para a maioria das formas impulsivas. A segunda característica está
relacionada com o aumento de σDE para as formas 5 x 50 μs e 10 x 50 μs, principalmente para
os isoladores do tipo pino, e de forma menos evidente para os isoladores do tipo pilar na
polaridade negativa. O aumento de σDE é justificado pela maior dispersão dos pontos das curvas
V x t para estas formas, conforme mostra os resultados do ANEXO K.

5.5 Análise e Discussão dos Resultados para as Demais Formas Impulsivas

De forma análoga aos resultados apresentados para a forma 1,2 x 50 µs, a análise das
curvas V x t exibidas no ANEXO K mostra que o modelo do efeito disruptivo proposto para as
demais formas impulsivas também conduziu a resultados satisfatórios, do ponto de vista do
valor mais provável e da dispersão dos pontos, independentemente do tipo de isolador e
polaridade.
A partir do número total de 102 curvas V x t obtidas através de ensaios em laboratório,
99 delas foram selecionadas para a definição dos parâmetros do modelo do efeito disruptivo.
As demais não apresentaram a quantidade mínima de pontos para a sua utilização, devido à
baixa eficiência do gerador de impulsos. São elas: 3 x 10 µs, 5 x 20 µs e 10 x 50 µs, isolador
do tipo pino, classe 25 kV, polaridade negativa.
Devido ao volume elevado de curvas V x t resultantes de simulação, optou-se por utilizar
um critério qualitativo para a classificação dos resultados de forma geral. Este critério consiste
em verificar a sobreposição dos intervalos de confiança ao longo de toda a curva V x t simulada.
Os resultados são considerados satisfatórios se ocorrer a sobreposição dos intervalos de
confiança em toda a extensão da curva V x t de ensaio. Ou seja, se a curva V x t de ensaio for
coincidente com a curva V x t de simulação. Neste caso, a referência de comparação consiste
na curva V x t de ensaio. Em caso de não sobreposição dos intervalos e nítida diferença de
tendência do valor mais provável, considera-se que os resultados são insatisfatórios.
A Tabela 14 apresenta a classificação e quantidade de curvas V x t, enquanto a Tabela
15 resume aquelas classificadas como insatisfatórias, destacando o tipo de isolador, classe e
polaridade.
121

Tabela 14 – Classificação e quantidade de curvas V x t avaliadas.

Classificação Quantidade
Satisfatórias 92 93%
Insatisfatórias 7 7%
Total 99 100%

Tabela 15 – Resumo das curvas V x t classificadas como insatisfatórias.

Formas Tipo de Isolador Classe (kV) Polaridade


Pino 25 (-)
0,5 x 5 µs
Pilar 25 (-)
Pino 25 (-)
0,5 x 20 µs Pilar 15 (-)
Pilar 25 (-)
1,2 x 20 µs Pino 15 (+)
3 x 10 µs Pilar 15 (+)

Conforme mostra a Tabela 14, 93% das curvas V x t de simulação avaliadas são
consideradas satisfatórias, comprovando a eficácia do modelo do efeito disruptivo proposto
para cada forma impulsiva.
Os resultados classificados como insatisfatórios estão concentrados, em sua maioria, nas
formas com tempo de frente de 0,5 μs, região de frente e polaridade negativa. Este fato ocorre
principalmente devido à elevada inclinação destas curvas V x t, que possuem tempo de frente
rápido e eficiência do gerador de impulsos próxima de 90%, contribuindo para que níveis de
tensão mais elevados sejam alcançados e que possíveis desvios entre a curvas V x t de ensaio e
simulação sejam evidenciados.
Para a curva V x t na forma 3 x 10 μs, relacionada na Tabela 15, tem-se uma influência
prejudicial que a quantidade reduzida de pontos da curva V x t exerce na concepção do modelo
do efeito disruptivo e, consequentemente, na reprodução da curva V x t. Desta forma, seria
necessário um número maior de aplicações de tensão, complementando os pontos de ocorrência
de disrupção na região de crista e de frente da curva V x t de ensaio. Cabe ressaltar que este fato
ocorre também para outras formas impulsivas, conforme mostra o ANEXO K.

 
122
 

6 Conclusões
De modo geral, os pesquisadores e profissionais envolvidos com a coordenação de
isolamento encontram-se sempre à procura da melhor representação dos componentes e
equipamentos dos sistemas elétricos em suas análises e estudos. Neste aspecto, uma modelagem
mais detalhada conduz a resultados mais precisos, porém demanda maior esforço
computacional. Por outro lado, estimativas menos precisas podem ser obtidas para modelagens
mais simples.
A representação das isolações auto-recuperantes nos estudos de coordenação de
isolamento consiste em um exemplo típico do exposto acima. Em se tratando mais
especificamente dos isoladores de porcelana utilizados em redes de distribuição de média
tensão, tem-se que sua representação nos estudos de sobretensões induzidas devido as descargas
atmosféricas indiretas é de fundamental importância. Uma vez que é através destes que as
descargas disruptivas se processarão em sua grande maioria, traduzindo posteriormente em
taxas de falhas anuais em função das sobretensões esperadas.
Em se tratando da modelagem do comportamento dielétrico dos isoladores de porcelana,
dos tipos pino e pilar, este trabalho completa um ciclo de pesquisa no qual foram avaliadas as
diferentes maneiras de representação da isolação, partindo da mais simples à mais complexa.
No modelo mais simples, tem-se como parâmetro a tensão disruptiva crítica – U50%, que
representa o valor de tensão com probabilidade de 50% de causar uma descarga disruptiva, sem
qualquer informação do instante em que esta ocorre. Os resultados deste trabalho estão
resumidos nas referências (12,14).
Na sequência, tem-se uma forma mais elaborada de representação, denominada curvas
V x t. Nas curvas V x t, a ocorrência de disrupção não depende apenas da probabilidade de 50%,
mas passa a ocorrer ao longo de uma faixa pré-estabelecida através de ensaios, desde a região
de cauda até a região de frente. Na medida em que a tensão aplicada é elevada, a probabilidade
de ocorrência de disrupção aumenta e o instante em que esta ocorre diminui. Um extenso
conjunto de resultados abordando as curvas V x t nas polaridades positiva e negativa para 14
formas impulsivas foram apresentados no Capítulo 3.
Finalmente, tem-se a maneira mais completa de representação do comportamento
dielétrico da isolação, que consiste no método do efeito disruptivo. A sua utilização permite
representar de forma fiel o instante de ocorrência da descarga disruptiva para qualquer nível de
tensão aplicada, incluindo os efeitos de dispersão natural ao redor desta. A sua formulação
123

matemática simplificada permite a utilização em programas computacionais que envolvem o


cálculo das sobretensões atmosféricas e das taxas de falha devido às descargas disruptivas.
Com o desenvolvimento dos modelos do efeito disruptivo para os isoladores em questão,
tem-se um estudo completo, do ponto de vista de engenharia, a respeito dos parâmetros de
suportabilidade dielétrica destes componentes, permitindo sua utilização desde a aplicação mais
simples até a mais detalhada.

6.1 Curvas V x t

Neste trabalho as curvas V x t foram obtidas no formato considerado ideal para a


representação do comportamento dielétrico da isolação auto-recuperante. Por formato ideal
entende-se que não foram utilizadas simplificações através de médias das tensões aplicadas ou
dos instantes de corte. Desta forma, todos os pontos que originaram as descargas disruptivas
foram levados em consideração nos gráficos. Esta opção por levantamento das curvas V x t de
maneira mais detalhada, ou seja, com maior número de níveis, demanda um tempo elevado de
ensaio, o que em muitos casos pode inviabilizar sua utilização.
A opção pela representação das curvas V x t no modo mais detalhado possui outros dois
motivos. O primeiro deles consiste em observar a dispersão dos pontos que cada resultado
apresenta na medida em que os fatores formas impulsivas, polaridade e tipo de isolador são
alterados. O outro motivo diz respeito às informações necessárias para a composição do modelo
do efeito disruptivo. Uma curva V x t com pouca representatividade de pontos pode conduzir a
resultados insatisfatórios na validação do modelo a ser desenvolvido, além de não fornecer
subsídios necessários para a determinação do desvio padrão do efeito disruptivo.
De forma geral as curvas V x t obtidas para os isoladores analisados possuem algumas
características semelhantes. A primeira delas refere-se ao formato, geralmente com maior
dispersão dos pontos para descargas disruptivas na região de cauda. Na medida em que a tensão
aplicada é elevada, o formato se torna mais “achatado”, traduzindo em menor dispersão dos
pontos ao redor do valor mais provável. Nota-se também que há uma tendência de encontro
entre as curvas V x t nas duas polaridades para descargas disruptivas na região de frente.
Em todos os resultados apresentados tem-se que a polaridade mais crítica é a positiva,
ou seja, é aquela que apresenta menor suportabilidade dielétrica. Estas características foram
obtidas também nas análises que envolveram a tensão U50% na referência (14) e na revisão
ampla a respeito do assunto realizada por Chowdhuri et al. (64), fornecendo um padrão de
124
 
resultados esperados. Nos casos em que os resultados foram diferentes, ou seja, a polaridade
negativa apresentou-se mais crítica, geralmente foram encontrados problemas na montagem do
ensaio ou início de perfuração no topo dos isoladores do tipo pino.
Na maioria dos casos a polaridade negativa apresenta maior dispersão dos pontos para
descargas disruptivas na região de cauda, o que demandou maior cautela durante a execução
dos ensaios. Este comportamento é facilmente confundido com a existência de problemas no
circuito de disparo do gerador de impulsos ou perfuração no isolador, sendo necessário dar
prosseguimento no ensaio para validação do resultado. Neste caso, a experiência com a
realização dos ensaios e a operação do gerador de impulsos contribuem de sobremaneira na
identificação de possíveis problemas.
É possível notar nos gráficos apresentados no ANEXO G que em alguns casos a tensão
U50% não coincide com os pontos da curva V x t para a região de cauda. Este fato ocorre porque
nestes gráficos apenas o valor médio da tensão U50% foi representado, omitindo os intervalos de
confiança para facilitar a visualização dos resultados. A representação dos intervalos de
confiança da tensão U50% e das curvas V x t permitiriam confirmar que os dois parâmetros são
estatisticamente iguais na região de cauda das curvas V x t.
O banco de dados formado pelas 102 curvas V x t nas 14 formas impulsivas avaliadas
consiste em poderosa ferramenta para estudos futuros a respeito do processo de formação das
descargas disruptivas quando da variação das formas impulsivas, polaridade e tipo de isolador.
Além de constituir um passo importante na comparação entre o desempenho dielétrico das redes
áreas de distribuição convencionais com isoladores de porcelana e aquelas que utilizam
isoladores poliméricos com cabos cobertos (protegidos).
No futuro, a utilização de diferentes formas impulsivas para a avaliação da
suportabilidade dielétrica dos isoladores utilizados em redes aéreas de distribuição, pode
direcionar as concessionárias para uma escolha otimizada do tipo construtivo do isolador e seu
fabricante, com foco nas sobretensões induzidas a que estas redes estejam sujeitas na maioria
das ocorrências de descargas atmosféricas. Este conceito abre precedentes para a inclusão de
novos ensaios de suportabilidade dielétrica ao impulso atmosférico nas referências normativas,
acrescentando as formas impulsivas representativas de sobretensões induzidas também como
critério de aprovação destes componentes.

 
125

6.2 Modelo Estatístico do Efeito Disruptivo

Através de comparações entre o valor mais provável e a sobreposição dos intervalos de


confiança calculados para cada curva V x t e apresentados Capítulo 5, tem-se que o modelo do
efeito disruptivo desenvolvido é capaz de descrever o comportamento dielétrico dos isoladores
avaliados de maneira adequada em 93% das curvas V x t analisadas, com desvios no tempo de
disrupção em sua maioria limitados entre ±10% ao longo das curvas V x t para a forma
1,2 x 50 µs. O comportamento médio das curvas V x t obtidas através de simulação segue o
mesmo padrão dos resultados de ensaio, com dispersão maior dos pontos para descargas
disruptivas na região de cauda e estreitamento desta para descargas disruptivas na região de
frente, conforme esperado. Estes resultados comprovam a eficácia nas metodologias
empregadas durante a determinação das constantes do modelo.
O procedimento proposto por Ancajima et al. para a escolha da tensão U0 através da
relação U0/U50% foi utilizado para todas as formas impulsivas, resultando em valores
previamente apresentados por outros pesquisadores. Porém, neste trabalho, a definição da
tensão U0 não dependeu apenas do menor valor de σDE, conforme realizado para a forma
padronizada 1,2 x 50 µs. Para as demais formas foi utilizado também a questão de sobreposição
das curvas V x t de ensaio e de simulação. Notou-se que valores próximos de 90% para a relação
U0/U50% resultavam na ausência de pontos na região de cauda de algumas curvas V x t. Como
solução, adotou-se a redução gradativa de U0 na medida do necessário, juntamente com a
definição de novos parâmetros para o modelo do efeito disruptivo. De forma geral, a relação
média de U0/U50% permaneceu entre 55% e 90%.
A análise dos procedimentos disponíveis para a determinação da constante alpha
mostrou que a utilização do seu valor médio é capaz de garantir bons resultados para as formas
impulsivas em questão. A opção por este procedimento de cálculo da constante alpha
proporcionou simplificação dos códigos de simulação e economizou tempo de simulação. Este
é o primeiro passo para a utilização deste procedimento simplificado durante a elaboração do
modelo do efeito disruptivo.
A proposta de implementação do fator de correção da dispersão dos pontos ao longo da
curva V x t mostrou-se eficaz para as formas e isoladores analisados, consistindo em uma
adaptação simples do desvio padrão do efeito disruptivo na medida em que a tensão aplicada é
elevada. Esta validação mostrou que o desvio padrão do efeito disruptivo possui também a
126
 
função de controlar o formato da curva V x t, e não somente agir como indicador do valor ótimo
das constantes alpha e DE.
Uma grande parcela do sucesso alcançado na reprodução das curvas V x t neste trabalho
se deve ao modelo do efeito disruptivo utilizado, proposto por Chowdhuri et al, que apresenta
pequenas variações do desvio padrão do efeito disruptivo ao longo da faixa de avaliação da
relação U0/U50%. A estabilidade deste modelo se deve à introdução da constante alpha na
formulação do efeito disruptivo, permitindo a variação do K na medida em que a tensão aplicada
U(t) é alterada.
O modelo do efeito disruptivo desenvolvido tem sua principal contribuição na
representação detalhada dos isoladores de distribuição durante as simulações que envolvem o
cálculo de descargas atmosféricas diretas ou indiretas. Porém a sua utilização não se restringe
à distribuição de energia elétrica, podendo ser aplicado também na transmissão para representar
o efeito disruptivo em qualquer isolação do tipo auto-recuperante ou não, desde que os
parâmetros para a obtenção do modelo sejam corretamente definidos.
Os programas do tipo LIOV-EMTP, específicos para os cálculos de sobretensões
induzidas, demandam dados mais refinados em relação às redes de distribuição de média tensão,
uma vez que estão direcionados não somente para o cálculo da amplitude das sobretensões, mas
também para a determinação das taxas de falhas anuais. Este fator impacta nos custos
envolvidos com o projeto de coordenação de isolamento, manutenção de equipamentos, reparos
através de equipes de manutenção e adoção de novas tecnologias para a construção de redes de
média tensão em todas as concessionárias.
Enfim, os resultados gráficos apresentados no formato das curvas V x t e a relação de
parâmetros para a composição do modelo do efeito disruptivo para isoladores de distribuição,
consistem em importante contribuição para os pesquisadores e profissionais envolvidos com a
coordenação de isolamento e que desejam investigar os processos relacionados com a
modelagem do efeito disruptivo. A aplicação destes resultados pode ser feita para fins de
pesquisa científica ou para a utilização em estudos que envolvem a simulação de descargas
atmosféricas diretas ou indiretas em redes aéreas de distribuição.

6.3 Publicações

As publicações correlatas a este trabalho referem-se à parceria entre o LAT-EFEI


Laboratório de Alta Tensão da Universidade Federal de Itajubá, a AES Sul Distribuidora
Gaúcha de Energia e a Universidade de Bologna, na Itália. Nesta parceria, as publicações
127

relacionadas a seguir foram desenvolvidas a partir do projeto de P&D – Pesquisa e


Desenvolvimento, intitulado “Coordenação de Isolamento em Redes de Média Tensão com
Neutros Ressonantes”, finalizado em 2014.

 LOPES, G. P., FARIA, G. H., NETO, E. T. W., MARTINEZ, M. L. B. Lightning


Withstand of Medium Voltage Cut-out Fuses Stressed by Non-standard Impulse Shapes.
Artigo aprovado para apresentação no IEEE Electrical Insulation Conference (EIC).
Montreal. Canada. June, 2016.

 NAPOLITANO, F., TOSSANI, F., BORGUETTI, A., NUCCI, C. A., MARTINEZ, M.


L. B., LOPES, G. P., DOS SANTOS, G. J. G., FAGUNDES, D. R. Lightning
Performance of a Real Distribution Network with Focus on Transformer Protection.
Electric Power Systems Research. Elsevier. In Press. 2016.

 TOSSANI, F., NAPOLITANO, F., BORGUETTI, A., NUCCI, C. A., LOPES, G. P.,
MARTINEZ, M. L. B., DOS SANTOS, G. J. G. Estimation of the Influence of Direct
Strokes on the Lightning Performance of Overhead Distribution Lines. IEEE
PowerTech. Eindhoven. Netherlands. June. 2015.

 FARIA, G. H., LOPES, G. P., NETO, E. T. W., MARTINEZ, M. L. B. Estudo do


Comportamento da Isolação de Chaves Seccionadoras de Média tensão Frente à
Ocorrência de Surtos Não Padronizados. XVI ERIAC Encuentro Regional
Iberoamericano de CIGRÉ. CIGRÉ A3-04. Puerto Iguazú. Argentina. Mayo, 2015.

 BORGHETTI, A., NAPOLITANO, F., NUCCI, C. A., TOSSANI, F., DOS SANTOS,
G. J. G., FAGUNDES, D. R., LOPES, G. P., MARTINEZ, M. L. B. Indirect Lightning
Performance of a Real Distribution Network with Focus on Transformer Protection.
2014 International Conference on Lightning Protection (ICLP). Shanghai. China, 2014.
 

 BORGHETTI, A., NAPOLITANO, F., NUCCI, C. A., TOSSANI, F., DOS SANTOS,
G. J. G., FAGUNDES, D. R., LOPES, G. P., MARTINEZ, M. L. B. Selection of MV/LV
Transformers to be Protected by Surge Arresters Against Lightning Overvoltages. 2014
International Conference on Lightning Protection (ICLP). Shanghai. China, 2014.
128
 
 NETO, E. T. W., LOPES, G. P., MARTINEZ, M. L. B., DE SALLES, C. Chopped
Impulses for Distribution Transformers – Their Importance for Dimensioning and
Performance Evaluation. 2014 International Conference on Lightning Protection
(ICLP). Shanghai. China, 2014.

 NAPOLITANO, F., BORGUETTI, A., NUCCI, C. A., MARTINEZ, M. L. B., LOPES,


G. P., DOS SANTOS, G. J. G. Protection Against Lightning Overvoltages in Resonant
Grounded Power Distribution Networks. Electric Power Systems Research. Elsevier.
No. 113. 2014.

 LOPES, G. P., MARTINEZ, M. L. B., BORGUETTI, A., NAPOLITANO, F., NUCCI,


C. A., UCHOA, J. I. L., SANTOS, G. J. G., FAGUNDES, D. R., A Procedure to
Evaluate the Risk of Failure of Distribution Transformers Insulation Due to Lightning
Induced Voltages. 22nd International Conference and Exhibition on Electricity
Distribution (CIRED). Stockholm. Sweden, 2013.

 LOPES, G. P., PEDROSO, J. A. D., MARTINEZ, M. L. B. Evaluation of CFO for


Medium Voltage Insulators Submitted to Non-standard Impulse Shapes – Experimental
Results. IEEE Electrical Insulation Conference (EIC). Ottawa. Canada. June, 2013.

 NETO, E. T. W., NUNES, A. A., G. H., LOPES, MARTINEZ, M. L. B.,


GOSENHEIMER, E. Centelhador Série Externo: Extensão da Vida útil do Para-raios e
Redução das Tensões Residuais Sobre os Transformadores em Redes Ressonantes.
XV ERIAC Encontro Nacional Ibero-Americano do CIGRÉ. Foz do Iguaçu. Brasil.
Maio, 2013.

 NAPOLITANO, F., BORGUETTI, A., MESSORI, D., NUCCI, C. A., MARTINEZ, M.


L. B., LOPES, G. P., UCHOA, J. I. L. Assessment of the Lightning Performance of
Compact Overhead Distribution Lines. IEEJ Transactions on Power and Energy. Japan,
2013.

 
129

6.4 Sugestões para Trabalhos Futuros

Uma vez que os resultados apresentados possuem uma abordagem do ponto de vista de
engenharia, onde se buscou determinar o comportamento dielétrico de isoladores de
distribuição em redes de média tensão através do modelo do efeito disruptivo, tem-se como
primeira proposta para trabalhos futuros a investigação mais aprofundada dos fenômenos
físicos desenvolvidos durante a formação e ocorrência das descargas disruptivas para diferentes
formas não padronizadas. Através desta abordagem, torna-se possível determinar de forma
detalhada os fatores físicos que levam ao aumento da tensão U50% para as formas com frentes
rápidas e padronizadas. Neste contexto é possível investigar também as características
particulares dos oscilogramas de corrente, a fim de estabelecer correlações com os diferentes
resultados para a tensão U50% e para as curvas V x t.
Considerando ainda os isoladores dos tipos pino e pilar de porcelana, novas condições
de ensaio podem ser levadas em consideração na determinação do modelo do efeito disruptivo
para as formas impulsivas avaliadas. Inicialmente, os ensaios para a determinação das curvas
V x t foram realizados na condição a seco. Em uma nova etapa estes ensaios podem ser repetidos
na condição sob chuva, uma vez que o LAT-EFEI dispõe de estrutura para isto.
Adicionalmente, pode-se verificar a suportabilidade dielétrica do conjunto isolador e
cruzeta nas condições a seco e sob chuva. Esta abordagem é de fundamental importância para
a coordenação de isolamento em redes de média tensão, uma vez que grande parte dos estudos
que avaliam as sobretensões devido a descargas atmosféricas diretas e indiretas utilizam estas
informações.
As primeiras tentativas de elaboração de um modelo do efeito disruptivo genérico para
determinado conjunto de formas impulsivas não conduziu a resultados satisfatórios. Com a
soma de pontos de diversas curvas V x t em uma única base de tempo e tensão, aumenta-se
também a dispersão da curva V x t composta, principalmente na região de cauda, o que contribui
para a elevação da constante σDE. Com valores elevados de σDE (superiores a 40%), o
procedimento de cálculo utilizado neste trabalho, inevitavelmente, sorteia valores negativos de
µDE, o que é considerado sem sentido físico. Para que sejam desenvolvidos modelos genéricos
do efeito disruptivo novos estudos devem ser realizados.
A equipe de trabalho do LAT-EFEI iniciou em 2014 uma avaliação completa da
suportabilidade dielétrica de seccionadoras e chaves-fusíveis de média tensão, nas classes de
15 kV e 25 kV. Os resultados iniciais envolvendo a tensão U50% e as curvas V x t para as
130
 
seccionadoras foram compilados e publicados para três formas impulsivas distintas na condição
a seco (13). A publicação dos resultados para as chaves-fusíveis envolve seis formas impulsivas
e foi aprovada para apresentação em congresso internacional (vide item 6.3). Assim como
foram desenvolvidos os modelos do efeito disruptivo para os isoladores de porcelana dos tipos
pino e pilar, propõe-se também o desenvolvimento destes para as chaves seccionadoras e
chaves-fusíveis.
Por fim um novo trabalho pode ser iniciado, destinando-se a avaliar a suportabilidade
dielétrica de redes compactadas, formadas por isoladores e espaçadores poliméricos. Este
estudo é capaz de fornecer parâmetros importantes relativos ao desempenho deste tipo de rede
em relação às redes convencionais, principalmente sob o ponto de vista das sobretensões
atmosféricas.
 

 
131

7 Referências
 

(1) RELATÓRIO FINAL PROJETO DE P&D. Coordenação de Isolamentos em Redes de


Média Tensão Com Neutros Ressonantes. COD ANEEL: PD-0396-0033/2011. 2014.
(2) BORGHETTI, A., NAPOLITANO, F., NUCCI, C. A., MARTINEZ, M. L. B., LOPES,
G. P., UCHOA, J. I. L. Protection Systems Against Lightning-Originated Overvoltages
in Resonant Grounded Power Distribution Systems. 31st International Conference on
Lightning Protection (ICLP). Vienna. Austria, 2012. 
(3) NAPOLITANO, F., BORGUETTI, A., MESSORI, D., NUCCI, C. A., MARTINEZ, M.
L. B., LOPES, G. P., UCHOA, J. I. L. Assessment of the Lightning Performance of
Compact Overhead Distribution Lines. IEEJ Transactions on Power and Energy. Japan,
2013. 
(4) NAPOLITANO, F., BORGUETTI, A., NUCCI, C. A., MARTINEZ, M. L. B., LOPES,
G. P., DOS SANTOS, G. J. G. Protection Against Lightning Overvoltages in Resonant
Grounded Power Distribution Networks. Electric Power Systems Research. Elsevier.
No. 113. 2014. 
(5) BORGHETTI, A., NAPOLITANO, F., NUCCI, C. A., TOSSANI, F., DOS SANTOS,
G. J. G., FAGUNDES, D. R., LOPES, G. P., MARTINEZ, M. L. B. Indirect Lightning
Performance of a Real Distribution Network with Focus on Transformer Protection.
2014 International Conference on Lightning Protection (ICLP). Shanghai. China, 2014. 
(6) BORGHETTI, A., NAPOLITANO, F., NUCCI, C. A., TOSSANI, F., DOS SANTOS,
G. J. G., FAGUNDES, D. R., LOPES, G. P., MARTINEZ, M. L. B. Selection of MV/LV
Transformers to be Protected by Surge Arresters Against Lightning Overvoltages. 2014
International Conference on Lightning Protection (ICLP). Shanghai. China, 2014. 
(7) NETO, E. T. W., NUNES, A. A., MARTINEZ, M. L. B., OLIVEIRA, H. R. P M.,
UCHOA, J. I. L. Resonant Grounding Networks: A New Perspective for the Utilization
of MOSA with Series Spark Gaps. 2011 International Symposium on Lighting
Protection (XI SIPDA). Fortaleza. Brazil. October, 2011. 
(8) NETO, E. T. W., NUNES, A. A., G. H., LOPES, MARTINEZ, M. L. B.,
GOSENHEIMER, E. Centelhador Série Externo: Extensão da Vida útil do Para-raios e
Redução das Tensões Residuais Sobre os Transformadores em Redes Ressonantes.
XV ERIAC Encontro Nacional Ibero-Americano do CIGRÉ. Foz do Iguaçu. Brasil.
Maio, 2013. 
(9) MARTINEZ, M. L. B., NETO, E. T. W., NUNES, A. A. Externally Gapped Distribution
Arresters to Solve TOV Issues. 2013 INMR World Congress. Vancouver. Canada.
September, 2013. 
(10) LOPES, G. P., MARTINEZ, M. L. B., SALUSTIANO, R., FARIA, I. P., TELLES, V.
G. C. A Methodology to Predict the Lightning Insulation Strength for Distribution
Transformers by Applications of Reduced Lightning Standard Impulse Voltages.
Proceedings of 2012 IEEE International Symposium on Electrical Insulation (ISEI). San
Juan. Puerto Rico. July, 2012. 
(11) LOPES, G. P., MARTINEZ, M. L. B., BORGUETTI, A., NAPOLITANO, F., NUCCI,
 
132
 
 
C. A., UCHOA, J. I. L., SANTOS, G. J. G., FAGUNDES, D. R. A Procedure to Evaluate
the Risk of Failure of Distribution Transformers Insulation Due to Lightning Induced
Voltages. 22nd International Conference and Exhibition on Electricity Distribution
(CIRED). Stockholm. Sweden, 2013. 
(12) LOPES, G. P., PEDROSO, J. A. D., MARTINEZ, M. L. B. Evaluation of CFO for
Medium Voltage Insulators Submitted to Non-standard Impulse Shapes – Experimental
Results. IEEE Electrical Insulation Conference (EIC). Ottawa. Canada. June, 2013. 
(13) FARIA, G. H., LOPES, G. P., NETO, E. T. W., MARTINEZ, M. L. B. Estudo do
Comportamento da Isolação de Chaves Seccionadoras de Média tensão Frente à
Ocorrência de Surtos Não Padronizados. XVI ERIAC Encuentro Regional
Iberoamericano de CIGRÉ. CIGRÉ A3-04. Puerto Iguazú. Argentina. Mayo, 2015. 
(14) LOPES, G. P. Avaliação do Comportamento Dielétrico de Isoladores de Média Tensão
Frente à Sobretensões Induzidas de Origem Atmosférica. 2013. 118 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2013.
(15) JONES, A. R. Evaluation of the Integration Method for Analysis of Nonstandard Surge
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Institute of Electrical Engineers. August, 1954.
(16) WITZKE, R. L., BLISS, T. J. Surge Protection of Cable-Connected Equipment.
Transactions of the AIEE American Institute of Electrical Engineers. Vol. 69. 1950.
(17) WITZKE, R. L., BLISS, T. J. Co-ordination of Lightning Arrester Location with
Transformer Insulation Level. Transactions of the AIEE American Institute of Electrical
Engineers. Vol. 69. 1950. 
(18) LEWIS, W. W. The Protection of Transmission Systems against Lightning. Dover
Edition. New York. Dover. 1965. 
(19) PEEK, F. W. The Effect of Transient Voltages on Dielectrics – Part IV. Law of Impulse
Spark-over and Time. Transactions of the AIEE American Institute of Electrical
Engineers. Vol. 49. Issue 4. 1930. 
(20) HAGENGUTH, A. H. Volt-time Areas of Impulse Spark-over. Transactions of the
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(21) VELASCO, J., A., M. Power System Transients – Parameter Determination. CRC Press.
Taylor & Francis Group. Boca Raton. Florida. 2010. 
(22) BARKER, P. P., SHORT, T. A., EYBERT-BERARD, A. R., BERLANDIS, J. P.
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Observations of Lightning Induced Voltages on Power Distribution Lines. IEEE
Transactions on Power Delivery. Vol. 1. No. 2. August, 1986.
 
133

 
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Observations of Lightning Induced Voltages on Power Distribution Lines (II). IEEE
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(27) MASTER, M. J., UMAN, M. A., BEASLEY, W., DARVENIZA, M. Lightning Induced
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– Application of the Extended Rusck Model. IEEE Transactions on Electromagnetic
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(36) ISHII, M., MICHISHITA, K., HONGO, Y. Experimental Study of Lightning Induced-
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Electromagnetic Compatibility. Vol. 41. No. 1. February, 1999.
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(38) DARVENIZA, M. VLASTOS, A. E. The Generalized Integration Method for
Predicting Impulse Volt-Time Characteristics for Non-standard Wave Shapes – A
 
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Theoretical Basis. IEEE Transactions on Electrical Insulation. Vol. 23. No. 3. June,
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(88) ANCAJIMA, A., BARAN, I., COSTEA, M., CARRUS, A., CINIERI, E., GRAGAN,
G., MAZZETTI, C. Breakdown Characteristics of MV Distribution and Electric
Traction Lines Insulators Stressed by Standard and Short Tail Lightning Impulses. IEEE
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(89) VENKATESAN, S., USA, S. Impulse Strength of Transformer Insulation with
Nonstandard Waveshapes. IEEE Transactions on Power Delivery. Vol. 22. No. 04.
October, 2007.  
(90) SHIGIHARA, M., PIANTINI, A., RAMOS, M. C. E. S., BRAZ, C. P., MAZZETTI, C.,
ANCAJIMA, A. A Proposal for the Prediction of the Volt-Time Curves of MV
Insulators Based on the Disruptive Effect Model. 2015 International Symposium on
Lighting Protection (XIII SIPDA). Balneário Comboriú. Brazil. October, 2015. 
138
 
ANEXO A – Fluxograma para a Estimativa das Resistências Rd e Re.
 

Início

Digite os parâmetros
do gerador: C1, C2,
R’L total e Rdiv

Digite os parâmetros
da forma impulsiva
desejada: tfdes e
tcdes

Digite o passo e os
limites superior e
inferior para os
resistores R1 e R2

Inicializa os
vetores R1 (i=1)
e R2 (j=1)
i=i+1,...,ni
j=j+1,...,nj

Calcula as constantes de
tempo A1 e A2 Calcula os
tempos de frente tf e de
cauda tc

Erro tf e tc é Não
de ± 10%

Sim

Apresenta os
Armazena tf, tc,
valores médios de
A1, A2, R1, R2
tf, tc, A1, A2, R1, R2

Fim
 
Figura 71 – Fluxograma representativo do código de programação utilizado para a estimativa das resistências R1
e R2 que compõem o gerador de impulsos de tensão do LAT-EFEI. 
139

ANEXO B – Gerador de Impulsos Modelado no ATPDraw.

5 346 ohm ALTA

R'd 10.04ohm

4 465 ohm
1265ohm
30,96 k
3
1,05 nF BAIXA
4,9 kohm 9.9ohm
Cb 25 ohm

1265ohm

4,9 kohm 9.94ohm

1265ohm

4,7 kohm 10.04ohm

1265ohm

4,6 kohm 10.0 ohm

1265ohm

R'L 2

5,0 kohm 9.98 ohm R'd

1265ohm R'e
C's
TERRA

 
Figura 72 – Gerador de impulsos modelado no ATPDraw para forma padrão 1,2 x 50 μs.
140
 
ANEXO C – Determinação das Formas Impulsivas – Simulações x Ensaios.

Tabela 16 – Resultados das Simulações x Ensaios para a Determinação das Formas Impulsivas.
Forma Diferença Entre
Resultados das Simulações Resultados dos Ensaios Efic.
Impulsiva os Resultados (%)
(%)
tf x tc (μs) R'd (Ω) R'e (Ω) Rs (Ω) R'd (Ω) R'e (Ω) Rs (Ω) Δ(R'd+Rs) ΔR'e
0,5 x 5 6 x 25 3 x 50, 3 x 100 70 3 x 10, 3 x 25 6 x 100 70 20 33 88
0,5 x 10 6 x 10 3 x 100, 3 x 275 140 6 x 10 3 x 100, 3 x 400 140 0 33 85
0,5 x 20 6 x 10 6 x 350 140 6 x 10 6 x 400 140 0 14 90
0,5 x 50 3 x 10, 3 x 25 6 x 1400 70 3 x 10, 3 x 25 6 x 1500 70 0 7 90
1,2 x 5 6 x 100 6 x 50 210 6 x 100 6 x 50 210 0 0 62
1,2 10 6 x 50 6 x 150 350 6 x 50 6 x 150 280 11 0 79
1,2 x 20 3 x 25, 3 x 50 6 x 350 210 3 x 25, 3 x 50 6 x 400 280 16 14 87
1,2 x 50 6 x 10 6 x 1265 350 3 x 10, 3 x 25 6 x 1265 350 11 0 90
3 x 10 6 x 350 6 x 100 70 6 x 350 3 x 50, 3 x 100 350 13 -25 43
2,9 x 16,1 3 x 100, 3 x 350 3 x 150, 3 x 350 140 3 x 100, 3 x 350 3 x 100, 3 x 400 140 0 0 65
4,5 x 16,1 3 x 350, 3 x 650 6 x 150 350 3 x 350, 3 x 650 6 x 150 350 0 0 49
5 x 20 6 x 650 3 x 150, 3 x 275 70 6 x 650 3 x 150, 3 x 250 140 2 -6 44
5 x 50 6 x 350 6 x 1000 350 6 x 350 6 x 1000 140 -9 -3 74
10 x 50 6 x 1300 3 x 350, 3 x 1000 350 6 x 1300 3 x 400, 3 x 1000 280 -1 4 47
141

ANEXO D – Oscilogramas de Tensão – Cauda e Frente.


0,5 x 5 µs – Up = 228,4 kV

 
0,5 x 10 µs – Up = 218,4 kV

 
0,5 x 20 µs – Up = 224,8 kV

 
0,5 x 50 µs – Up = 241,8 kV

 
142
 
1,2 x 5 µs – Up = 145,4 kV

1,2 x 10 µs – Up = 186,7 kV

1,2 x 20 µs – Up = 204,4 kV

1,2 x 50 µs – Up = 212,0 kV

 
 
 
143

3 x 10 µs – Up = 115,9 kV

   
2,9 x 16,1 µs – Up = 156,6 kV

   
4,5 x 16,1 µs – Up = 146,5 kV

   
5 x 20 µs – Up = 129,6 kV

   
 
 
 
144
 
5 x 50 µs – Up = 176,5 kV

10 x 50 µs – Up = 141,4 kV

 
 
 
 
 
 

 
145

ANEXO E – Resultados dos Ensaios para Determinação da Tensão U50%.

Tabela 17 – Tensão Disruptiva Crítica – U50%. Isolador do Tipo Pino Classe 15 kV.

Tipo Pino Classe 15 kV a Seco


Forma
Positivo Negativo

Erro - U50% Erro + s Variação Erro - U50% Erro + s Variação


tf (µs) tc (µs)
(kV) (kV) (kV) (kV) (%) (kV) (kV) (kV) (kV) (%)

0,5 5 0,8 140,8 0,9 1,4 22% 5,3 166,9 3,6 3,8 21%
0,5 10 1,7 135,1 1,2 2,2 17% 2,7 159,5 5,2 3,8 16%
0,5 20 2,5 127,0 1,5 2,5 10% 0,8 151,2 0,7 1,3 10%
0,5 50 1,9 128,9 3,0 3,0 12% 1,1 147,3 1,5 2,0 7%
1,2 5 5,2 130,9 6,7 3,3 13% 1,0 162,1 1,0 1,5 18%
1,2 10 1,5 119,6 1,3 2,1 3% 4,2 150,0 3,0 3,4 9%
1,2 20 1,4 113,0 1,2 1,5 -2% 3,3 148,6 1,5 3,2 8%
1,2 50 1,2 115,6 1,5 2,1 - 1,7 137,9 1,4 2,3 -
3 10 2,3 116,8 3,5 2,0 1% 2,7 140,6 7,8 2,2 2%
2,9 16,1 1,3 114,1 2,0 2,2 -1% 6,5 138,8 4,9 3,2 1%
4,5 16,1 1,4 115,8 1,6 1,7 0% 5,3 137,0 14,6 3,8 -1%
5 20 5,8 114,9 11,2 3,9 -1% 1,3 138,9 2,6 1,9 1%
5 50 8,2 113,9 5,7 5,4 -1% 2,2 135,9 2,6 2,9 -1%
10 50 3,5 113,8 3,0 2,5 -2% 1,1 138,8 2,0 1,5 1%

Tabela 18 – Tensão Disruptiva Crítica – U50%. Isolador do Tipo Pino Classe 25 kV.

Tipo Pino Classe 25 kV a Seco


Forma
Positivo Negativo

Erro - U50% Erro + s Variação Erro - U50% Erro + s Variação


tf (µs) tc (µs)
(kV) (kV) (kV) (kV) (%) (kV) (kV) (kV) (kV) (%)

0,5 5 1,7 156,6 1,4 2,2 15% 9,5 202,9 11,4 5,3 22%
0,5 10 1,3 146,0 1,7 2,2 7% 2,6 200,9 1,6 2,9 21%
0,5 20 2,0 142,2 1,4 2,4 4% 1,7 194,1 1,8 2,5 17%
0,5 50 1,7 135,0 1,2 2,1 -1% 2,0 184,5 2,9 3,3 11%
1,2 5 6,8 158,4 5,5 3,6 16% 5,8 185,7 9,8 3,7 12%
1,2 10 3,0 143,5 1,7 2,9 5% 7,6 169,9 6,0 4,2 2%
1,2 20 2,9 139,6 6,8 3,8 2% 3,5 179,5 1,9 3,1 8%
1,2 50 11,7 136,5 6,5 4,9 - 6,0 165,8 7,6 6,6 -
3 10 2,0 138,5 1,3 1,6 1% 1,0 169,9 1,1 1,4 2%
2,9 16,1 2,4 134,5 1,4 2,4 -1% 4,3 172,0 8,2 3,6 4%
4,5 16,1 0,9 134,1 0,6 1,2 -2% 4,7 176,8 10,1 3,2 7%
5 20 3,4 130,1 4,3 2,4 -5% 1,4 171,3 1,7 1,6 3%
5 50 1,4 127,5 1,0 1,8 -7% 1,3 180,8 1,1 1,8 9%
10 50 1,3 129,6 4,4 2,0 -5% 5,7 179,2 8,8 3,0 8%
   
146
 
Tabela 19 – Tensão Disruptiva Crítica – U50%. Isolador do Tipo Pilar Classe 15 kV.

Tipo Pilar Classe 15 kV a Seco


Forma
Positivo Negativo

Erro - U50% Erro + s Variação Erro - U50% Erro + s Variação


tf (µs) tc (µs)
(kV) (kV) (kV) (kV) (%) (kV) (kV) (kV) (kV) (%)

0,5 5 5,7 148,1 7,6 4,2 12% 1,8 203,8 1,9 2,7 -4%
0,5 10 1,7 133,0 1,3 2,3 1% 1,3 204,2 2,7 2,3 -4%
0,5 20 1,3 129,3 1,1 1,8 -2% 14,2 207,6 4,7 5,4 -2%
0,5 50 0,7 125,4 0,8 1,2 -5% 8,4 194,1 3,2 4,4 -9%
1,2 5 5,0 146,8 3,1 2,8 11% 10,6 221,1 16,1 4,2 4%
1,2 10 1,1 132,3 1,4 2,0 0% 3,1 218,7 1,8 3,1 3%
1,2 20 1,7 133,7 1,4 2,3 1% 2,1 207,9 2,4 2,7 -2%
1,2 50 3,8 131,9 5,1 3,8 - 1,7 212,5 1,8 2,5 -
3 10 0,6 135,7 0,6 0,9 3% - - - - -
2,9 16,1 5,3 135,4 15,1 3,9 3% 1,0 220,2 0,9 1,4 4%
4,5 16,1 0,6 132,3 0,6 0,9 0% - - - - -
5 20 0,8 134,1 0,7 1,1 2% - - - - -
5 50 0,5 137,0 0,4 0,7 4% 0,5 212,4 0,5 0,8 0%
10 50 0,8 134,2 1,5 1,3 2% 3,7 205,2 8,9 2,9 -3%

Tabela 20 – Tensão Disruptiva Crítica – U50%. Isolador do Tipo Pilar Classe 25 kV.

Tipo Pilar Classe 25 kV a Seco


Forma
Positivo Negativo

Erro - U50% Erro + s Variação Erro - U50% Erro + s Variação


tf (µs) tc (µs)
(kV) (kV) (kV) (kV) (%) (kV) (kV) (kV) (kV) (%)

0,5 5 2,0 171,1 1,3 2,5 13% 3,7 227,8 2,0 3,3 -5%
0,5 10 1,4 154,3 1,0 1,8 2% 0,8 228,2 0,8 1,3 -5%
0,5 20 1,0 149,0 1,1 1,7 -1% 2,8 235,3 3,3 3,5 -2%
0,5 50 2,7 141,0 3,4 3,1 -7% 3,1 222,7 6,4 4,5 -7%
1,2 5 0,9 176,7 0,9 1,4 17% 3,5 236,4 4,6 3,0 -2%
1,2 10 1,0 160,4 1,1 1,6 6% 9,2 243,0 3,9 4,6 1%
1,2 20 0,9 153,1 0,8 1,5 1% 1,6 241,6 2,2 2,6 1%
1,2 50 1,2 151,2 1,0 1,8 - 3,2 240,0 2,5 3,3 -
3 10 0,7 163,9 0,6 0,9 8% - - - - -
2,9 16,1 3,1 161,7 1,7 2,8 7% 13,7 246,2 13,3 4,4 3%
4,5 16,1 1,9 152,0 18,6 2,8 1% - - - - -
5 20 3,9 163,9 10,6 2,4 8% - - - - -
5 50 0,2 162,2 2,3 1,8 7% 1,5 246,0 1,4 2,1 3%
10 50 10,8 159,4 16,8 2,6 5% - - - - -
 

 
147

ANEXO F – Exemplo de Planilha de Controle do Ensaio.

 
Figura 73 – Exemplo de planilha de controle de ensaio para obtenção da curva V x t.
148
 
ANEXO G – Resultados dos Ensaios – Curvas V x t.

Forma 0,5 x 5 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 0,5 x 5 µs – Isolador do tipo pilar.

 
 

   
149

Forma 0,5 x 10 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 0,5 x 10 µs – Isolador do tipo pilar.

   
150
 

Forma 0,5 x 20 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 0,5 x 20 µs – Isolador do tipo pilar.


151

Forma 0,5 x 50 µs – Isolador do tipo pino.

 
Forma 0,5 x 50 µs – Isolador do tipo pilar.

   
152
 

Forma 1,2 x 5 µs – Isolador do tipo pino.

 
Forma 1,2 x 5 µs – Isolador do tipo pilar.

   
 

   
153

Forma 1,2 x 10 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 1,2 x 10 µs – Isolador do tipo pilar.

   
 

   
154
 

Forma 1,2 x 20 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 1,2 x 20 µs – Isolador do tipo pilar.

   
155

Forma 1,2 x 50 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 1,2 x 50 µs – Isolador do tipo pilar.

   
156
 

Forma 3 x 10 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 3 x 10 µs – Isolador do tipo pilar.

Não é possível realizar este ensaio


devido à baixa eficiência. 

 
 

   
157

Forma 2,9 x 16,1 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 2,9 x 16,1 µs – Isolador do tipo pilar.

 
 

   
158
 

Forma 4,5 x 16,1 µs – Isolador do tipo pino.

 
Forma 4,5 x 16,1 µs – Isolador do tipo pilar.

   
159

Forma 5 x 20 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 5 x 20 µs – Isolador do tipo pilar.

   
160
 

Forma 5 x 50 µs – Isolador do tipo pino.

Forma 5 x 50 µs – Isolador do tipo pilar.

   
161

Forma 10 x 50 µs – Isolador do tipo pino.

 
Forma 10 x 50 µs – Isolador do tipo pilar.

 
162
 
ANEXO H – Fluxograma para a Determinação da Constante Alpha.

Início

Digite o número de pontos para a Indique o local onde


Digite o valor máximo e o
média inicial e o passo para a estão armazenados os
passo de α; e a tensão U0
interpolação polinomial oscilogramas no formato .csv

Identifica o formato do arquivo .csv e a


polaridade do impulso de tensão analisado

Define as combinações dois a dois, sem repetição,


para todos os n oscilogramas analisados

i=1
Calcula o valor médio e o desvio Não i=i+1,...,n-1
padrão de α. Registra todos os i ≤ n-1
valores de α em arquivo .txt
Sim

Armazena o oscilograma
Exibe o espectro de no vetor Ua(i)
variação de α e seu
valor médio j=2

j=j+1,...,n j ≤ n,
Não
j > i,
Fim j≠ i

Sim
Armazena o oscilograma
no vetor Ub(j)

Calcula a média (U_mean) e o desvio


padrão (std_U_inic) dos pontos iniciais.
Corrige o respectivo oscilograma
considerando o zero real

Aplica a interpolação polinomial


utilizando o passo escolhido. Define o
instante e o valor máximo de crista

Indica o tempo de corte


Define os instantes de corte de Ua(i) e Ub(j) a
e o valor de crista do
partir do valor de crista com base na variação
oscilograma Ua(i) para
de std_Ua_inic e std_Ub_inic
fins de verificação
α=0
Identifica e armazena todos
Não α=α+Δα
os valores de α que α ≤ αmáx
satisfazem DEUa = DEUb
Sim

Calcula DEUa e DEUb para


o respectivo valor de α

 
Figura 74 – Fluxograma simplificado para determinação da constante alpha.   
163

ANEXO I – Fluxograma para a Determinação da Constante DE Através de µα.

Início

Digite o número de pontos para a Indique o local onde


Digite o valor médio de
média inicial e o passo para a estão armazenados os
alpha, µα, e a tensão U0
interpolação polinomial oscilogramas no formato .csv

Identifica o formato do arquivo .csv e a


polaridade do impulso de tensão analisado

Define as combinações dois a dois, sem repetição,


para todos os n oscilogramas analisados

i=1

Calcula o valor médio e o desvio Não i=i+1,...,n-1


i ≤ n-1
padrão de DEUa e DEUb
Sim

Armazena o oscilograma
Exibe o valor médio e no vetor Ua(i)
desvio padrão de DEUa e
DEUb, bem como o valor j=2
µα utilizado
j=j+1,...,n j ≤ n,
Não
j > i,
j≠ i
Fim
Sim
Armazena o oscilograma
no vetor Ub(j)

Calcula a média (U_mean) e o desvio


padrão (std_U_inic) dos pontos iniciais.
Corrige o respectivo oscilograma
considerando o zero real

Aplica a interpolação polinomial


utilizando o passo escolhido. Define o
instante e o valor máximo de crista

Define os instantes de corte de Ua(i) e Ub(j) a


partir do valor de crista com base na variação
de std_Ua_inic e std_Ub_inic

Calcula DEUa e DEUb para


o valor de µα

Armazena os valores de
DEUa e DEUb
 
Figura 75 – Fluxograma simplificado para determinação da constante DE através de µα. . 
164
 
ANEXO J – Fluxograma para a Reprodução das Curvas V x t.

Início

Digite o número de pontos para a Indique o local onde


Digite o valor médio µDE, o
média inicial, o passo e o número está armazenado o impulso de tensão
desvio padrão σDE, o valor de
de aplicações de tensão da curva pleno no formato .csv e a curva V x t
α e a tensão U0
V x t simulada obtida em ensaio no formato .xls

Identifica o formato do arquivo .csv e a


polaridade do impulso de tensão aplicado
U

Calcula a média e o desvio padrão dos pontos iniciais


para o oscilograma do impulso pleno

Define o vetor de tensões a serem aplicadas para a


t
obtenção da curva V x t simulada com nv níveis

v=1
Aplica a rotina Curve Fitting do
Matlab® para estimar o valor Não v=v+1,...,nv
médio e os intervalos de v ≤ nv
confiança das curvas V x t
simulada e de ensaio Sim

Detecta os instantes de
cruzamento entre U(t) e U0
Apresenta as curvas V x t
simulada e de ensaio
Sim O valor de crista de
Umáx < U0 U(t) é inferior a U0.
Corrija o valor de U0.
Apresenta o valor médio e Não
os intervalos de confiança y=1
para as curvas V x t
simulada e de ensaio y=y+1,...,naplic Não
y ≤ naplic
µDE, σDE
Sim
Fim
Sorteia o valor DEi com base na média
µDE e desvio padrão σDE, utilizando a
distribuição normal
DEi
Avalia DEcalc ponto a ponto a partir de t0 Umáx
para o nível de tensão aplicado e compara DEcal c
com DEi U0

A aplicação de tensão Não


atual não causa DEcal c ≥ DEi
disrupção
Sim t0 tb

Exibe o oscilograma
Armazena o instante de corte e o valor
com o instante de corte
máximo de tensão
e o valor de crista
 
Figura 76 – Fluxograma para a reprodução das Curvas V x t através de simulação.
 
165

ANEXO K – Resultados das Simulações do Efeito Disruptivo.

Forma 0,5 x 5 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
166
 
Forma 0,5 x 5 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
167

Forma 0,5 x 5 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
168
 
Forma 0,5 x 5 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
169

Forma 0,5 x 10 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
170
 
Forma 0,5 x 10 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
171

Forma 0,5 x 10 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
172
 
Forma 0,5 x 10 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
173

Forma 0,5 x 20 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
174
 
Forma 0,5 x 20 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
175

Forma 0,5 x 20 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
176
 
Forma 0,5 x 20 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
177

Forma 0,5 x 50 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
178
 
Forma 0,5 x 50 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
179

Forma 0,5 x 50 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
180
 
Forma 0,5 x 50 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
181

Forma 1,2 x 5 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
182
 
Forma 1,2 x 5 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
183

Forma 1,2 x 5 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
184
 
Forma 1,2 x 5 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
185

Forma 1,2 x 10 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
186
 
Forma 1,2 x 10 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
187

Forma 1,2 x 10 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
188
 
Forma 1,2 x 10 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
189

Forma 1,2 x 20 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
190
 
Forma 1,2 x 20 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
191

Forma 1,2 x 20 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
192
 
Forma 1,2 x 20 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
193

Forma 1,2 x 50 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
194
 
Forma 1,2 x 50 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
195

Forma 1,2 x 50 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
196
 
Forma 1,2 x 50 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
197

Forma 3 x 10 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A Curva V x t de ensaio não foi obtida devido à


baixa eficiência. 

‐ 

‐ 

   
198
 
Forma 3 x 10 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A quantidade de pontos da Curva V x t de ensaio são


insuficientes para a obtenção do modelo do efeito
disruptivo. 

‐ 

‐ 

   
199

Forma 3 x 10 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A Curva V x t de ensaio não foi obtida devido à


baixa eficiência. 

‐ 

‐ 

   
200
 
Forma 2,9 x 16,1 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
201

Forma 2,9 x 16,1 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
202
 
Forma 2,9 x 16,1 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
203

Forma 2,9 x 16,1 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
204
 
Forma 4,5 x 16,1 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
205

Forma 4,5 x 16,1 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
206
 
Forma 4,5 x 16,1 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A Curva V x t de ensaio não foi obtida devido à


baixa eficiência. 

‐ 

‐ 

   
207

Forma 4,5 x 16,1 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A Curva V x t de ensaio não foi obtida devido à


baixa eficiência. 

‐ 

‐ 

   
208
 
Forma 5 x 20 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
209

Forma 5 x 20 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A quantidade de pontos da Curva V x t de ensaio são


insuficientes para a obtenção do modelo do efeito
disruptivo. 

‐ 

‐ 

   
210
 
Forma 5 x 20 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A Curva V x t de ensaio não foi obtida devido à


baixa eficiência. 

‐ 

‐ 

   
211

Forma 5 x 20 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A Curva V x t de ensaio não foi obtida devido à


baixa eficiência. 

‐ 

‐ 

   
212
 
Forma 5 x 50 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
213

Forma 5 x 50 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
214
 
Forma 5 x 50 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
215

Forma 5 x 50 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
216
 
Forma 10 x 50 µs – Isolador do tipo pino classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

   
217

Forma 10 x 50 µs – Isolador do tipo pino classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A quantidade de pontos da Curva V x t de ensaio são


insuficientes para a obtenção do modelo do efeito
disruptivo. 

‐ 

‐ 

   
218
 
Forma 10 x 50 µs – Isolador do tipo pilar classe 15 kV.
Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A Curva V x t de ensaio não foi obtida devido à


baixa eficiência. 

‐ 

‐ 

   
219

Forma 10 x 50 µs – Isolador do tipo pilar classe 25 kV.


Comparação entre Curvas V x t, valor mais provável e intervalos de confiança.
Polaridade Positiva Polaridade Negativa

A Curva V x t de ensaio não foi obtida devido à


baixa eficiência. 

‐ 

‐ 

 
220
 
ANEXO L – Parâmetros para a Simulação do Modelo do Efeito Disruptivo.

Tabela 21 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo no isolador do tipo pino, classe 15 kV.

Forma Tipo Pino Classe 15 kV


(µs) Positiva Negativa

U0/U50% U0 µDE σDE U0/U50% U0 µDE σDE


tf tc α α
(%) (kV) (kV·µs) (%) (%) (kV) (kV·µs) (%)

0,5 5 0,264 60 93 8,336 15,8 0,331 60 110 12,950 23,9


0,5 10 0,314 70 102 8,653 12,1 0,347 70 121 9,418 22,2
0,5 20 0,296 80 108 6,587 21,2 0,344 80 128 11,439 16,5
0,5 50 0,302 80 117 5,413 18,9 0,391 80 133 10,418 21,4
1,2 5 0,285 60 79 14,371 11,3 0,368 60 97 24,103 15,5
1,2 10 0,292 70 84 12,771 11,1 0,416 70 105 33,898 20,8
1,2 20 0,314 90 102 7,717 8,6 0,350 80 119 11,136 18,1
1,2 50 0,323 90 104 8,093 10,8 0,421 90 124 19,772 33,6
3 10 0,438 70 82 29,672 19,1 - - - - -
2,9 16,1 0,393 80 91 16,326 14,7 0,445 80 111 16,970 13,5
4,5 16,1 0,415 80 93 14,128 11,0 0,603 80 110 71,180 25,2
5 20 0,327 90 104 6,726 20,7 0,411 90 125 9,237 20,5
5 50 0,435 90 103 12,388 22,3 0,527 90 122 17,206 33,9
10 50 0,435 90 103 10,298 33,3 0,435 90 125 8,001 37,6

Tabela 22 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo no isolador do tipo pino, classe 25 kV.

Forma Tipo Pino Classe 25 kV


(µs) Positiva Negativa

U0/U50% U0 µDE σDE U0/U50% U0 µDE σDE


tf tc α α
(%) (kV) (kV·µs) (%) (%) (kV) (kV·µs) (%)

0,5 5 0,253 60 103 13,505 17,3 0,329 50 111 27,036 20,1


0,5 10 0,285 70 110 13,780 13,5 0,407 60 130 33,910 16,9
0,5 20 0,305 90 135 8,019 10,2 0,497 80 164 22,443 23,6
0,5 50 0,335 80 122 15,224 21,9 0,474 80 168 16,734 23,9
1,2 5 0,285 60 95 19,385 8,8 0,372 60 112 44,657 18,8
1,2 10 0,307 70 100 20,741 9,9 0,494 70 119 60,926 30,3
1,2 20 0,286 80 112 12,778 7,4 0,396 80 144 11,551 26,7
1,2 50 0,332 90 123 13,257 14,8 0,504 90 149 33,142 24,2
3 10 0,399 70 97 33,178 12,1 - - - - -
2,9 16,1 0,360 80 108 18,361 10,1 0,523 80 138 24,700 18,2
4,5 16,1 0,475 80 107 31,318 15,1 0,677 80 142 49,140 21,1
5 20 0,502 90 117 20,539 21,4 - - - - -
5 50 0,459 90 114 29,801 27,9 0,444 80 145 10,389 31,3
10 50 0,482 90 117 22,852 41,3 - - - - -
 

 
221

Tabela 23 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo no isolador do tipo pilar, classe 15 kV.

Forma Tipo Pilar Classe 15 kV


(µs) Positiva Negativa

U0/U50% U0 µDE σDE U0/U50% U0 µDE σDE


tf tc α α
(%) (kV) (kV·µs) (%) (%) (kV) (kV·µs) (%)

0,5 5 0,254 60 98 11,479 18,4 0,335 60 134 13,753 20,3


0,5 10 0,258 70 100 10,789 14,4 0,482 80 176 13,683 22,2
0,5 20 0,305 90 123 8,255 15,1 0,569 90 198 16,221 23,8
0,5 50 0,266 80 113 8,347 13,6 0,404 80 176 7,972 11,7
1,2 5 0,284 60 88 17,080 8,3 0,607 70 155 45,767 30,2
1,2 10 0,311 70 92 19,846 12,8 0,539 70 153 41,860 24,0
1,2 20 0,320 80 107 14,604 14,0 0,547 80 166 32,756 19,8
1,2 50 0,338 90 119 11,104 18,4 0,531 90 192 13,006 13,1
3 10 0,431 70 95 36,726 9,2 - - - - -
2,9 16,1 0,349 80 108 17,549 6,0 0,667 80 176 40,359 20,3
4,5 16,1 0,462 80 106 34,437 8,8 - - - - -
5 20 0,426 90 121 14,664 11,8 - - - - -
5 50 0,427 90 123 15,724 17,3 0,710 90 191 32,498 33,7
10 50 0,560 90 121 25,742 11,4 - - - - -

Tabela 24 – Parâmetros para a simulação do efeito disruptivo no isolador do tipo pilar, classe 25 kV.

Forma Tipo Pilar Classe 25 kV


(µs) Positiva Negativa

U0/U50% U0 µDE σDE U0/U50% U0 µDE σDE


tf tc α α
(%) (kV) (kV·µs) (%) (%) (kV) (kV·µs) (%)

0,5 5 0,266 60 113 13,531 15,6 0,371 70 175 11,019 11,6


0,5 10 0,260 70 116 12,607 11,6 0,439 70 172 21,825 11,4
0,5 20 0,308 80 126 14,791 17,2 0,512 80 199 19,774 20,6
0,5 50 0,292 80 128 12,835 18,0 0,439 80 202 12,078 25,1
1,2 5 0,241 50 89 18,343 6,9 0,495 70 165 37,652 22,4
1,2 10 0,284 70 112 14,440 8,3 0,478 70 170 35,831 8,2
1,2 20 0,349 80 122 19,162 7,7 0,526 80 194 21,096 10,6
1,2 50 0,327 90 136 12,094 11,5 0,455 90 216 9,022 13,3
3 10 - - - - - - - - - -
2,9 16,1 0,391 80 130 21,735 9,2 0,661 80 197 36,398 11,8
4,5 16,1 0,554 80 122 53,505 9,8 - - - - -
5 20 0,388 90 148 9,973 9,3 - - - - -
5 50 0,379 90 146 11,591 16,8 0,671 90 221 16,282 23,9
10 50 0,529 90 143 22,299 14,4 - - - - -
 

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