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Bear - Capítulos 3 e 4

POTENCIAL DE REPOUSO

Introdução

 O neurônio é uma célula com membrana celular excitável, capaz de gerar


impulsos elétricos.
 Quando uma célula com membrana excitável não está gerando impulsos, diz-se
que ela está em repouso.
 Nesse caso, a membrana interna, em contato com o citosol, está carregada
negativamente em relação ao lado externo, voltado para o meio extracelular.

 O potencial de ação é simplesmente uma breve inversão dessa condição, na


qual o lado interno passa a ser positivo em relação ao externo.

Componentes químicos

 Para entender como funciona o potencial de membrana, é preciso analisar três


principais componentes:
1. Os fluidos salinos nos dois lados da membrana;
2. A composição da membrana plasmática;
3. As proteínas de membrana.

1. O citosol e o líquido extracelular

 A água é o principal componente de ambos os líquidos que interagem com a


membrana. Sua importância se deve a sua polaridade, o que a torna um
solvente eficiente de outras moléculas polares ou carregas eletricamente,
como íons.
 Os íons de importância para a neurofisiologia são os cátions Na +, K+, Ca2+ e o
ânion Cl–. Eles estarão envolvidos na condução da eletricidade pelo neurônio.

2. A membrana fosfolipídica

 O principal componente das membranas são os fosfolipídeos, eu formam um


arranjo estável, chamado de bicamada fosfolipídica.
 Essa estrutura forma uma barreira aos íons solúveis na água e à própria água.

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3. Proteínas de membrana

 Algumas proteínas suspensas na bicamada lipídicas formam canais iônicos. As


características moleculares de cada proteína determinam a qual íon o canal será
permeável. Alterações na membrana podem abrir ou fechar esses canais. Os
principais canais iônicos são os canais de sódio, canais de potássio e os
canais de cálcio.
 Outras proteínas transmembrana organizam-se para formar bombas iônicas.
Essas bombas são enzimas que utilizam a energia do ATP para transportar
íons através da membrana

Difusão: movimento dos íons pela membrana

 Difusão é o movimento de íons do espaço mais concentrado para o espaço


menos concentrado, ou seja, a favor do gradiente de concentração.
 O gradiente força os íons a passarem para o outro lado pelos canais iônicos,
até que a concentração do íon seja a mesma dos dois lados

Bases iônicas do potencial de repouso da membrana

 O potencial de membrana é a voltagem através da membrana neuronal em


qualquer momento, sendo representado pelo símbolo V m.
 Como já dito antes, sempre que o neurônio não estiver gerando impulsos, a
parte da membrana voltada para o interior é eletricamente negativa, se
comparada à parte exterior. Essa diferença constante é o potencial de
repouso.
 O potencial de repouso de um neurônio é de cerca de − 65 mV (Vm = −65 mV).

Distribuição dos íons através da membrana

 Para que esse potencial de repouso permaneça, é preciso que o íon K+ esteja
mais concentrado no meio intracelular e que o Na+ e o Ca2+ estejam mais
concentrados no meio extracelular.
 São as bombas iônicas que trabalham de forma ativa para assegurar que esses
gradientes de concentração sejam
estabelecidos e mantidos.

 A bomba sódio-potássio joga 3 Na+


para fora, enquanto coloca 2 K + para
dentro, deixando o intracelular mais
negativo.

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A bomba de cálcio transporta ativamente Ca2+ para fora, ajudando também


para que o meio intracelular fique mais negativo.
Equação de Goldman

 Sabe-se que a permeabilidade da membrana em repouso é quarenta vezes


maior ao K+ do que ao Na+.
 A equação de Goldman é uma fórmula que calcula o valor do potencial de
repouso da membrana, levando em consideração a permeabilidade relativa da
membrana aos diferentes íons. [É essa fórmula que nos dá o valor de Vm = −65
mV]

Regulação do Potássio

 Uma vez que a membrana em repouso é largamente permeável ao K +, o


potencial de membrana é particularmente sensível a alterações na concentração
extracelular desse íon.
 Por esse motivo, existem mecanismos que regulam as concentrações
extracelulares de potássio no encéfalo:
o Uma é a barreira hematoencefálica, que limita a entrada de potássio
para dentro dos líquido extracelular do encéfalo.
o Outra é a glia, particularmente os astrócitos, que possuem mecanismos
para captar K+ extracelular sempre que sua concentração sobe.

POTENCIAL DE AÇÃO

Introdução

 O potencial de ação, como dito antes, é a inversão rápida do potencial de

repouso, ou seja, é quando o interior da membrana fica positivo em relação ao


seu exterior.
 O potencial de ação é também chamado de potenciais em ponta (spike), impulso
nervoso ou descarga.

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 A frequência e o padrão de potenciais de ação constituem o código utilizado


pelos neurônios para transferir informação de um local para outro.

Propriedades do potencial de ação

 Os potenciais de ação têm certas propriedades universais, características que


são compartilhadas pelos axônios do sistema nervoso de qualquer animal.

Fases do
potencial de
ação

 A fase

ascendente é caracterizada pela rápida despolarização da membrana, até que


o potencial de membrana atinja o valor máximo (cerca de +40mV).
 A fase descendente do potencial de ação é uma rápida repolarização do meio
interno da membrana até ele ficar mais negativo que o potencial de repouso
inicial.
 A última parte da fase descendente é a hiperpolarização, seguida de uma
restauração gradual do potencial de repouso.
 O potencial de ação dura cerca de 2 milissegundos, do início ao fim.

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A geração do potencial de ação

 Quando uma terminação nervosa sofre estímulo (insulto), os canais de sódio


dependente de voltagem se abrem. A entrada de Na+ na célula despolariza a
membrana, ou seja, sua parte interna torna-se menos negativa.
 Se essa despolarização for suficiente para atingir o limiar de disparo, a
membrana gera o potencial de ação.
 Após o pico de ultrapassagem, os canais de sódio voltagem aos poucos se
fecham e os canais de potássio dependentes de voltagem começam a se
abrir. A saída de potássio do neurônio causa repolarização, ou seja, o interior
aos poucos volta a ser negativo.
 Como muito potássio acaba saindo, o interior fica mais negativo do que estava
no período de repouso, o que gera uma hiperpolarização.
 Após isso, as bombas de sódio-potássio conseguem estabelecer novamente o
potencial de repouso, colocando o potássio para dentro e o sódio para fora.

 O potencial de ação segue a lei do tudo ou nada, ou seja, após se atingir esse
limiar, o potencial de ação necessariamente é gerado.
 Os canais de sódio dependente de voltagem se abrem rapidamente, logo que a
despolarização se inicia.
 Os canais de potássio dependente de voltagem são lentos e se abrem apenas 1
ms depois do início do estímulo.
 No musculo cardíaco ocorre a substituição dos canais de sódio pelos canais de
cálcio, que são lentos. Isso causa um platô (fase decrescente mais demorada).

Período refratário

 Após o início do potencial de ação, é impossível iniciar outro durante cerca de 1


ms. Esse período é chamado de período refratário absoluto. Isso ocorre
porque após os canais de sódio que estão ativos serem inativados, eles
demoram para conseguirem ser ativados novamente.
 Durante o período refratário relativo, a quantidade de corrente necessária para
despolarizar o neurônio é maior do que a normal. Isso ocorre por conta da
hiperpolarização, que deixa o interior ainda mais negativo do que é, ou seja, fica
mais difícil para um estímulo alcançar o limiar de disparo.

Condução do potencial de ação

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 Quando uma porção da membrana axonal inicia o potencial de ação, o influxo de


carga positiva se difunde pelo axônio e despolariza os segmentos adjacentes.
 Dessa forma, o potencial de ação faz seu caminho ao longo do axônio até
alcançar o terminal axonal, assim iniciando a transmissão sináptica.
 Um potencial de ação iniciado em uma extremidade de um axônio apenas se
propaga em um sentido; ele não volta pelo caminho já percorrido. Isso ocorre
porque a membrana por onde passou está refratária.

Fatores que influenciam a velocidade de condução

 Quanto maior o diâmetro do axônio, maior será a velocidade de condução. Isso


ocorre, pois a um diâmetro menor causa mais resistência ao fluxo.
 A presença de bainha de mielina aumenta a velocidade de condução. Isso
ocorre, pela presença dos nódulos de Ranvier, locais onde não há o isolamento
da bainha. Dessa forma, a condução é feita de forma saltatória.

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