dade do CA, poderão ser obtidas informações técnicas
a respeito do EPI, como características do produto, fa- bricante ou importador, entre outras. A ficha de fornecimento do Equipamento de Pro- teção Individual é um dos documentos que poderá ser apresentada pela empresa quando existe uma ação tra- balhista relacionada ao Adicional de Insalubridade e Pe- riculosidade, por exemplo. Assim, este documento que comprova o fornecimento do EPI, incluindo suas ca- racterísticas e CA, serve para comprovação de proteção e eficácia do EPI quanto à exposição ao risco. Assim, além do atendimento às exigências legais, deve o em- pregador comprovar que desenvolveu e implementou as medidas necessárias para proteger o empregado dos riscos de acidentes do trabalho ou doenças ocupacio- nais existentes no ambiente de trabalho.
4.3 Controle de agentes agressivos
Para abordarmos o Controle de Agentes Agressi-
vos, segue o relato efetuado por Souza em notícia vei- culada em 6 de setembro de 2012:
SÂO PAULO, SP, 6 de setembro (Folhapress) - Um
acidente em um tanque de ácido fluorídrico matou dois funcionários de uma indústria de produtos químicos de Guarulhos (Grande São Paulo) por volta das 11h40 de hoje. Segundo o Corpo de Bombeiros, outras sete 113 pessoas foram encaminhadas a hospitais após inalarem o produto - entre elas quatro bombeiros. Todos foram medicados e liberados. O Corpo de Bombeiros afirmou que ocorreu uma ex- plosão e que havia 45 trabalhadores na Usiquímica no momento do acidente. Os dois funcionários que mor- reram tiveram queimaduras generalizadas pelo corpo. Um deles morreu no local e a outro foi encaminhado por colegas de trabalho a um hospital da região. Ele teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. (...)A Usiquímica afirmou que não houve explosão e que os trabalhadores morreram por causa da inalação do gás que vazou do tanque. A empresa informou que está prestando todo o apoio necessário aos funcioná- rios feridos e familiares das vítimas.
Este relato parcial do acidente nos apresenta duas
mortes e outros acidentados. Lamentavelmente, aciden- tes como este são mais frequentes do que imaginamos. Grandes catástrofes e tragédias conhecidas com reflexos na integridade humana, meio ambiente e co- munidade já ocorreram. Casos notórios registrados na segunda metade do século XX, como o acidente nucle- ar de Chernobil, ocorrido em 1986, na Ucrânia, antiga União Soviética, cuja radioatividade atingiu a União So- viética, Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. A contaminação obrigou a evacuação e reassentamento de milhares de pessoas. Outro acidente, ocorrido em 1976, em Seveso, Itália, aconteceu por conta do rompi- mento de tanques de armazenagem da indústria quími- 114 ca ICMESA, liberando quilogramas da dioxina TCDD (2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina) na atmosfera, propiciando o espalhamento do produto na planície Lombarda, entre Milão e o Lago de Como. Em virtude disso, animais morreram pela contaminação e outros tiveram que ser sacrificados, como forma de impedir que a dioxina entrasse na cadeia alimentar; Um terceiro relato apresenta o acidente radioativo em Goiânia com césio 137, com quatro mortes imediatas, segundo a Co- missão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e rejeitos radioativos acomodados em depósitos especialmen- te construídos para guarda definitiva e segura destes. Neste caso, a CNEN tem a responsabilidade da guar- da institucional dos rejeitos por 50 anos e consequente monitoramento dos depositórios. Três exemplos que demonstram a ação devastadora de agentes agressivos e, por alguma razão, não existem medidas de controle quando estas falham. Quanto a agentes químicos, podemos referir os produtos e suas reações presentes no cotidiano nas si- tuações: como utilizar o detergente para lavar a louça, a gasolina e o etanol como combustível para o carro, ou processos de fotossíntese das plantas expostas ao sol, na troca gasosa existente na respiração humana, animal e vegetal, para exemplificar. Segundo o National Institute of Occupational Sa- fety and Health (NIOSH), há em torno de 5.000 produ- tos químicos que podem apresentar algum tipo de risco, se utilizados de modo indevido. A indústria de produção e transformação de produ- 115 tos químicos e derivados é atualmente um dos segmen- tos em evidência da economia global, pois o aumento da população mundial desencadeou a necessidade de pro- dução de mais alimentos, com consequente utilização de pesticidas e, em algumas situações, até de modo indiscri- minado. Diante deste quadro, compete às indústrias e a toda cadeia produtiva de insumos e serviços adotar me- canismos de controle de emissões nos processos produ- tivos, no desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos, visando proteção de mananciais, saúde e bem- -estar dos trabalhadores e comunidade. Quanto aos riscos ocupacionais químicos, o pro- fissional de segurança do trabalho, principalmente aquele com atuação no seguimento de processamento químico, deve ter ciência de que todo produto químico apresenta um grau de perigo para o usuário desavisado e não preparado. Há cerca de quinhentos anos, Paracelsus, médico suíço, afirmava que todas as substâncias eram tóxicas, não havendo alguma que não fosse veneno, sendo a di- ferença do veneno para o remédio a dose correta. Os agentes químicos são considerados perigosos pelas principais razões aqui relatadas: a) São encontrados nos estados líquido, na forma de né- voas e neblinas, no estado gasoso, na forma de gases e vapores e no estado sólido, na forma de poeiras e fumos. b) Podem-se apresentar em concentrações, por exem- plo, acima dos limites de tolerância para a exposição ocupacional aos agentes químicos estabelecidos por legislação nacional e internacional. No Brasil, a NR- 116 15 - Atividades e Operações Insalubres, através do seu Anexo 11, estabelece o limite de tolerância para a exposição para os cerca de 180 produtos relaciona- dos. Para produtos não relacionados no Anexo 11, de acordo com NR9 (BRASIL, 1978), deve ser consulta- da ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienist), que tem sido referência mundial na publicação de normas relativas à exposição a pro- dutos químicos perigosos. c) Para a Higiene Ocupacional, a forma de exposição do trabalhador em níveis aceitáveis de tolerância está diretamente relacionado aos seguintes fatores: c.1. Exposição ao Agente Químico–deve ser consi- derada a concentração do agente a que o trabalha- dor está exposto, acrescida de informações relativas à exposição, que pode ser contínua e habitual, inter- mitente ou esporádica. c.2. Tipo de exposição: respiratória, cutânea, diges- tiva ou parenteral - as vias de entrada no organis- mo humano são: a via respiratória, a via dérmica ou cutânea (pele), a via digestiva e a via parenteral (através de feridas). Se a substância tóxica penetra no organismo, uma parte pode ser eliminada pelo metabolismo através de urina, fezes e transpiração. Os efeitos nocivos estarão diretamente relacionados ao grau de concentração e toxidade do produto; c.3. Sensibilidade Individual - fatores genéticos de- terminam maior sensibilidade a determinados agen- tes químicos e maior suscetibilidade do indivíduo a algumas doenças; 117 c.4. Medidas de Proteção Coletiva e Individual - para a Higiene Ocupacional é perfeitamente pos- sível trabalhar com produtos químicos perigosos, desde que medidas de controle sejam implementa- das de forma eficiente e eficaz. Instalações prediais com características específicas, sistemas de proteção e controles coletivos e individuais aliados a políticas de treinamento e capacitação de mão de obra, além de controles de engenharia e de controle médico ocupacional dos trabalhadores devem ser adotadas.
Os agentes químicos classificam-se como:
Aerodispersoides – são partículas líquidas ou só- lidas dispersas no ar, permanecem em suspensão por longo tempo em virtude de seu tamanho. Classificam- -se em poeiras, fumos, neblinas e névoas. Existem, ain- da, as fibras, que podem ser naturais ou artificiais e a fumaça que caracteriza-se por mistura de gases de com- bustão com material de combustão incompleta. As poeiras são partículas sólidas resultantes da ruptura de sólidos por meio de ação mecânica, em situ- ações de lixamento, explosão, perfuração, entre outras. Podem ser minerais, alcalinas ou incômodas, causando agravos irreversíveis à saúde, como: fibrose mais comu- mente causada por sílica e amianto; irritação causada nas mucosas do trato respiratório produzindo doença pulmonar crônica; alergias, como asma, que pode ser causada por fungos, poeiras vegetais e pelos de animais; efeitos cancerígenos causados por amianto e arsênico, entre outros; comprometimento do trato respiratório, 118 do sistema nervoso central e de órgãos internos em vir- tude de exposição às partículas de manganês, cádmio, chumbo ou ainda efeitos sobre a pele resultando em dermatites e urticárias devido à exposição às fibras de lã de rocha, lã de vidro, entre outras. Os fumos são partículas sólidas geradas de poeiras por condensação ou por oxidação de vapores de subs- tâncias sólidas à temperatura ambiente. Podem originar- -se em processos de solda. As neblinas são partículas líquidas resultantes da condensação de vapores de substâncias líquidas a tem- peraturas normais. As névoas são partículas líquidas geradas por meio de ruptura mecânica. Estão presentes no processo de pintura no qual a tinta é pulverizada. Gases–substâncias que nas condições normais de temperatura e pressão encontram-se no estado ga- soso. Têm como característica ocupar todo o espaço que os contém. Vapores – estado gasoso de uma dada substância que, em condições normais de temperatura e pressão, está em estado líquido. Vapores têm sua concentração limitada por causa do equilíbrio entre as fases líquida e gasosa, sendo que a concentração no ambiente é uma função da pressão de vapor e da temperatura. Tanto os gases como os vapores podem se classifi- car como irritantes, anestésicos ou asfixiantes. O Ácido Clorídrico, o Ácido Sulfúrico, a Soda Cáustica (hidróxido de sódio) e o Cloro, entre outros, são considerados irritantes por provocarem irritação 119 das vias aéreas superiores e destruição dos tecidos (pele). Podem ser encontrados em fábricas de produtos químicos, laboratórios, estações de tratamento de água, fabricação de papel, etc. Gases como Hidrogênio, Nitrogênio, Hélio, Me- tano, Acetileno, Dióxido de Carbono ou Monóxido de Carbono podem causar efeitos asfixiantes acompanha- dos por dor de cabeça, náuseas e sonolência. A maioria dos solventes orgânicos, como Butano, Propano, Acetona, Benzeno, Xileno, Tolueno, Óxido Nitroso, tem efeitos anestésicos. Dependendo do agen- te, podem ter ação sobre o fígado e rins, sobre o sistema formador sanguíneo, sobre o sistema nervoso central ou sobre o sangue e sistema circulatório. Há, ainda, substâncias que se caracterizam pela mistura de produtos químicos podendo ser empregadas nas mais diferentes aplicações. Como exemplo, pode- mos citar o fluido de corte utilizado em situações de tra- balho com máquinas de usinagem, como lubrificantes ou refrigerantes. Óleos e graxas, que podem ser empre- gados em áreas de estamparia, manutenção mecânica, máquinas de usinagem, fornos de tratamento térmico ou em motores. Estas substâncias devem ter suas carac- terísticas e composição identificadas para que sejam de- finidas e adotadas medidas de proteção ao trabalhador e ao ambiente de trabalho. As informações relativas às substâncias e produtos químicos são obtidas em suas respectivas Ficha de In- formação de Segurança de Produtos Químicos – FIS- PQ ou Material Safety Data Sheet - MSDS. Compete 120 aos profissionais da Segurança do Trabalho, da Medi- cina do Trabalho e das diversas áreas da Engenharia a identificação dos riscos e agentes presentes na utiliza- ção dos produtos e substâncias químicas empregadas nas diferentes atividades para estabelecimento de me- didas de controle que tornem os processos seguros, ga- rantindo o respeito à vida, ao ambiente de trabalho e aos recursos naturais do planeta.
4.4. Aspectos ergonômicos e
ecológicos
De acordo com Ergonomics Research Society,
Inglaterra, “Ergonomia é o estudo do relacionamen- to entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conheci- mentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento” (IIDA, 1990, p.1). O termo foi utilizado pela primeira vez em 1857 pelo polonês Wojciech Jastrzebowskinum, em artigo denominado Ensaios de Ergonomia ou Ciência do Trabalho baseada sobre as Verdadeiras Avaliações das Ciências da Natureza. Como ciência, foi oficial- mente instituída em julho de 1949, quando pesquisa- dores e cientistas se reuniram na Inglaterra para for- malizar esta ciência interdisciplinar. A Ergonomia é aplicada em várias situações dis- tintas como na concepção de um produto de vestuário, de eletrodomésticos, de veículos automotores, em pro- 121 dutos, máquinas e equipamentos, inclusive em situações de trabalho, bem como na realização das atividades de trabalho. A Ergonomia aplicada ao trabalho, para atin- gir seu objetivo, conforme estabelecido na Norma Re- gulamentadora 17, deve considerar: o ser humano com suas características físicas, psicológicas, fisiológicas e sociais; as máquinas, equipamentos, ferramentas e de- mais recursos que caracterizam-se como necessários para a realização do trabalho pelo homem; o ambien- te de trabalho com suas características construtivas, de ocupação, os agentes de riscos ambientais existentes no local de trabalho; os aspectos cognitivos presentes no desenvolvimento de tarefas, as ações e reações do ho- mem; a organização do trabalho que determina, entre outras situações, os turnos, o ritmo de trabalho, e os re- flexos do trabalho no trabalhador como fadiga, os erros humanos, por exemplo. Este breve relato possibilita vis- lumbrar a interdisciplinaridade desta ciência que exige a contribuição de vários profissionais com seus conhe- cimentos específicos sobre o corpo humano, sobre o processo produtivo, sobre segurança do trabalho, sobre relações interpessoais e aspectos motivacionais relacio- nados ao trabalhador, sobre design de máquinas, equi- pamentos e demais profissionais que possam contribuir para realização da atividade de trabalho com conforto, segurança e produtividade, como instituído pela NR17. Quanto à Ergonomia aplicada ao trabalho, a Norma Regulamentadora, de 17 de 1978, estabelece as orientações mínimas a serem seguidas, sob respon- sabilidade do empregador, para a realização da Análise 122 Ergonômica do Trabalho, com o propósito de adaptar as condições de trabalho ao trabalhador. São consi- deradas condições de trabalho para a referida norma: levantamento, transporte e descarga de materiais, mo- biliário, equipamentos, condições ambientais relati- vas ao posto de trabalho e a organização do trabalho (BRASIL, 1978). Para melhor entender como a norma resultou na atual redação, conceitos e ações que deverão ser desen- volvidas para o cumprimento da NR17, foi emitido o Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora n.° 17 no ano de 2002 pelo Ministério do Trabalho e Em- prego. Em virtude da data de divulgação do referido manual, não estão inclusas orientações específicas ao Trabalho dos Operadores de Checkout e Trabalho em Teleatendimento/Telemarketing, respectivamente ane- xos I e II da NR17, emitidos em 2007. A NR17 estabelece a obrigatoriedade da realiza- ção da Análise Ergonômica do trabalho (AET) que identificará os agentes ergonômicos presentes na situ- ação de trabalho e se estes não atenderem às exigên- cias da norma ou do conhecimento técnico, deverão ser efetuadas recomendações para o cumprimento do objetivo da norma. Podemos considerar que na Análise Ergonômica do Trabalho é feito um “diagnóstico” da situação de trabalho, sendo identificados todos os aspectos que de- vem ser mantidos e aqueles que devem ser modifica- dos, por não atenderem às exigências mínimas de Er- gonomia, considerando-se as exigências determinadas 123 na NR17 inclusive. As modificações a serem efetuadas comporão as Recomendações à análise efetuada, sendo estabelecidas as medidas de controle e um possível cro- nograma de ação. A partir da AET e, voluntariamente, o empregador pode investir em Programas de Ergo- nomia para melhor desenvolvimento da produtividade, cumprindo as exigências de Segurança do Trabalho e, sobretudo, garantindo e promovendo a saúde e inte- gridade do trabalhador. Assim, o reconhecimento dos agentes ergonômicos e demais informações relaciona- das ao desenvolvimento do trabalho fornecerá subsí- dios importantíssimos para o desenvolvimento das me- lhores medidas de controle. Quanto aos aspectos ecológicos a serem aborda- dos neste item, devemos primeiramente considerar a definição de aspecto de acordo com a NBR ISO 14.001 como “...elementos das atividades, produtos e serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente”. Assim, considerando que o aspecto pode causar algum efeito no meio ambiente, se o aspecto for considerado significativo poderá causar impacto sig- nificativo no meio ambiente. O meio ambiente é con- ceituado como um conjunto de elementos tidos como indispensáveis à vida. Desta forma, o aspecto ambien- tal pode causar impacto ambiental que comprometerá o meio ambiente e por consequência, a vida. Com o propósito de preservação da vida devemos controlar a atividade humana para que esta não deterio- re o meio ambiente. O homem vem produzindo resídu- os que, não tendo como reaproveitá-los ou garantir que 124 o meio ambiente os absorva, está provocando a degra- dação do meio ambiente. No entanto, o meio ambiente está dando sinais de degradação como esgotamento dos recursos naturais, o meio ambiente está mostrando que não consegue absorver os impactos ambientais. Este assunto é longo e complexo. Vamos, no entanto, relatar uma iniciativa que de- monstra esta preocupação com o meio ambiente. A NR 25 - Resíduos Industriais determina que os resíduos industriais são aqueles resultantes de processos indus- triais, que sua geração deve ser diminuída e que este deve ter destino previamente estabelecido para que não seja lançado no ambiente de trabalho, pois pode com- prometer a saúde do trabalhador. As exigências relativas à destinação de resíduos devem ser cumpridas pelo em- pregador, pois trata-se de efeito produzido pela ativida- de ecnômica que este assume. Deste modo, a proteção do meio ambiente contribuirá para a saúde do trabalha- dor e os demais membros da comunidade.
4.5 Sistemas de prevenção e
combate a incêndio
O fogo é essencial para a vida desde os tempos
mais remotos. De fato, muitos acreditam que a evolu- ção humana começou a partir da invenção da roda e também a partir do momento em que o homem apren- deu a “fazer” e controlar o “fogo” para se aquecer ou preparar seus alimentos. O fogo, quando controlado, 125