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03/10/2020 As esquivas relações entre a literatura (a ficção) e a realidade (o mundo)
A cena originária que articula a estética e a política é contemporânea: trata-se do nosso mundo, hoje (Foto: Ryoji Iwata)
1.Como numa cena originária em que são enredadas a estética e a política, lemos na
Arte poética de Aristóteles que “imitar é natural ao homem desde a infância” e que, por
meio da imitação, que se apresenta a todos como uma experiência prazerosa, segundo
o filósofo, também os conhecimentos são adquiridos.
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03/10/2020 As esquivas relações entre a literatura (a ficção) e a realidade (o mundo)
jogo há algo talvez mais complexo e interessante; algo distinto da mera referência a
um exterior já dado, ou ainda, algo diverso da cópia ou da reprodução especular de
uma realidade factual prévia e que, desse modo, estaria garantida a priori.
2.A Arte poética afirma que “aqueles que imitam, imitam pessoas em ação”, e que a
tragédia, ápice na hierarquia dos gêneros aristotélicos, “é imitação, não de pessoas,
mas de uma ação, da vida, da felicidade, da desventura; a felicidade e a desventura
estão na ação e a finalidade é uma ação, não uma qualidade”. Destacar que o foco da
mímesis é uma ação nos permite recolocar os termos da discussão a respeito das
esquivas relações entre a literatura (a ficção) e a realidade (o mundo).
Isso porque, a partir daí, a mímesis/imitação pode ser entendida como uma
articulação, um encadeamento, um arranjo de processos; arranjo não verdadeiro, mas
sim verossímil, e que, não existindo previamente, é produzido com a própria técnica
mimética, vale dizer, com a ação da linguagem. Nesse sentido, imitar uma ação é
efetivamente uma questão de arte poética, já que em sua etimologia poiesis
(http://revistacult.uol.com.br/home/poiesis-pharmakon/) remete à potência do que é
fabricado, construído, produzido ou preparado, como afinal é a manufatura de um
texto: sua costura, sua trama.
Com isso poderíamos afirmar que, para além dos estritos gêneros aristotélicos, a
realidade apresentada com o verossímil da representação é, verdadeiramente, e a cada
vez, a realidade não-hierárquica da linguagem em processo; e ainda que, em suas
manifestações mais heterogêneas, e valendo-se, cada uma a seu modo, da
mobilização de recursos narrativos e descritivos muito plurais, as ficções realistas (ou
que assim poderiam ser chamadas) ocupariam, afinal, o vértice do artificialismo.
3.O fantasma naturalista parece já ter sido bem analisado. Assim, o recobrado fôlego
realista que atravessa parte considerável da ficção contemporânea pode partir de
proposições que assumem seus próprios artifícios. Claro, há muitíssimas narrativas
que retomam as fórmulas realistas consagradas pela literatura moderna (ordenação
cronológica ligada ao princípio da causalidade, clara caracterização espacial e
histórico-social, personagens-tipo, onisciência seletiva, estabilidade na perspectiva,
valorização estilística do discurso indireto livre, fatura textual com poucos
ornamentos etc.).
Ut a os coo es esse c a s e tec o og as
Mas existem tambémdeexperimentações
semelhantes acordo com a nossaque desdobram
Política de as rupturas propostas pelo
novo romance e o entendimento da escrita como vertiginosa produção de um lugar
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atópico, onde ecoa uma voz impessoal, sujeita a todos os atravessamentos, sem início
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03/10/2020 As esquivas relações entre a literatura (a ficção) e a realidade (o mundo)
(E com esse largo gesto – algo anárquico ou genérico, por certo insuficiente em seu
contorno – poderíamos apontar, no Brasil, poéticas tão díspares como as de Clarice
Lispector (https://revistacult.uol.com.br/home/tag/clarice-lispector), Ana Cristina
Cesar (http://revistacult.uol.com.br/home/uma-possivel-ana-cristina-cesar/), Waly
Salomão, Silviano Santiago (http://revistacult.uol.com.br/home/a-comedia-das-
letras-de-silviano-santiago/), Cristóvão Tezza
(http://revistacult.uol.com.br/home/cristovao-tezza-tensao-superficial-do-tempo/),
João Gilberto Noll (http://revistacult.uol.com.br/home/dois-ingressos-joao-gilberto-
noll/), Evandro Affonso Ferreira, Veronica Stigger, Ricardo Lísias…).
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03/10/2020 As esquivas relações entre a literatura (a ficção) e a realidade (o mundo)
“Se a gente pudesse, também acabava com a privacidade pra combater o terrorismo;
também se aliava com Arábia Saudita, Bahrein e o escambau; também defendia
tortura fora das nossas fronteiras, em nome da democracia. Vai dizer que não
defendia? Agora, peguei o senhor! Eles estão certos. O problema é a porra da
contradição. A contradição é uma merda. Desculpe. Na Arábia Saudita, ladrão é
amputado; aqui, é deputado. Não preciso de ladrão pra me representar. Tenho opinião
própria. É só o que o senhor tem a dizer? Eu já esperava por isso. Ninguém aguenta
contradição. É isso aí. Ninguém quer se ver no espelho. A contradição é a força e a
fraqueza da democracia. Por isso é que não pode durar. Por isso é que a democracia
está condenada a degringolar em fascismo e religião. Leia os colunistas. A gente só
não faz porque não pode. Eu, se pudesse escolher, ficava com os americanos. Mas
agora é a vez dos chineses.”
Luiz Ruffato, por sua vez, escreveu uma abertura que é, em certo sentido, didática. Em
Eles eram muitos cavalos – essa sorte de livro-série, livro-instalação, livro-constelação,
livro-caleidoscópio, talvez, em que a cidade de São Paulo é arranjada – encontramos
não o estudo, mas sim, ao que parece, a lição já aprendida com uma pedagogia da
indiferença, a começar do começo:
1. Cabeçalho
2. O tempo
A lua é crescente.
3. Hagiologia
Por um lado, a cidade surge como presença ausente no entremeio dos fragmentos:
tramada como uma cartografia de paixões apáticas ou insensíveis, híbrido de uma
poética do zapping com o mais errático e desejoso dos hiperlinks. Protagonista, ela é
fundamentalmente um efeito da ação em curso: um produto da articulação das
narrativas e das quase-narrativas do livro – do seu processo.
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03/10/2020 As esquivas relações entre a literatura (a ficção) e a realidade (o mundo)
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