Você está na página 1de 134

Universidade Sul de Santa Catarina

Contabilidade

UnisulVirtual
Palhoça, 2019
Copyright © UnisulVirtual 2019
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Campus Universitário UnisulVirtual


Reitor Diretora
Mauri Luiz Heerdt Ana Paula Reusing Pacheco
Vice-Reitor
Lester Marcantonio Camargo Gerente de Administração e Serviços Acadêmicos
Renato André Luz
Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação Gerente de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação
Hércules Nunes de Araújo Moacir Heerdt
Pró-Reitor de Administração e Operações Gerente de Relacionamento e Mercado
Heitor Wensing Júnior Guilherme Araujo Silva
Assessor de Marketing, Comunicação e Relacionamento Gerente da Rede de Polos
Fabiano Ceretta José Gabriel da Silva

Diretor do Campus Universitário de Tubarão


Rafael Ávila Faraco
Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis
Zacaria Alexandre Nassar
Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual
Ana Paula Reusing Pacheco

Livro Didático
Professor conteudista Diagramação
José Marcos Tesch Noemia Mesquita
Ruy Geraldo dos Reis Costa
Revisão Ortográfica
Design Instrucional Diane Dal Mago
Cristina Klipp de Oliveira (1ª edição) ISBN
978-85-506-0178-6
Assistente Acadêmico
E-ISBN
Eloisa Machado Seemann (1ª ed. revista e atualizada)
978-85-506-0179-3
Projeto Gráfico e Capa
Equipe UnisulVirtual

T32
Tesch, José Marcos
Contabilidade : livro didático / José Marcos Tesch, Ruy Geraldo dos
Reis Costa. – 1. ed. rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2019.
133 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-506-0178-6
e-ISBN 978-85-506-0179-3

1. Contabilidade. I. Costa, Ruy Geraldo dos Reis. II. Oliveira, Cristina Klipp
de. III. Título.
CDD (21. ed.) 657

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul


José Marcos Tesch
Ruy Geraldo dos Reis Costa

Contabilidade

Livro didático

1ª edição revista e atualizada

UnisulVirtual
Palhoça, 2019
Sumário

Introdução  | 7

Capítulo 1
História e desenvolvimento do pensamento
contábil  | 9

Capítulo 2
Fundamentos básicos da Contabilidade  | 21

Capítulo 3
Atos Administrativos e Fatos Contábeis | 31

Capítulo 4
Escrituração Contábil  | 47

Capítulo 5
Registros contábeis  | 75

Capítulo 6
Livros obrigatórios e facultativos | 105

Capítulo 7
Introdução às demonstrações contábeis  | 115

Considerações Finais | 129

Referências | 131

Sobre o Professor Conteudista | 133


Introdução

Você está iniciando o estudo da unidade de aprendizagem Contabilidade.

O objetivo é, sobretudo, oferecer-lhe elementos necessários e motivadores


nesta etapa.

Por meio desta unidade de aprendizagem, você formará uma base sólida e
essencial ao entendimento da Contabilidade.

Para que obtenha um bom aprendizado dos diversos mecanismos que a


Contabilidade possui, é fundamental conhecer a história e o desenvolvimento do
pensamento contábil.

Por meio desta unidade de aprendizagem, você também irá conhecer, entre
outros, os dados básicos e essenciais relativos ao patrimônio e seus elementos,
o método das partidas dobradas, e formará o raciocínio sobre o mecanismo do
débito e do crédito, por meio de balanços sucessivos.

Este livro didático adota linguagem clara e objetiva, e os assuntos são


apresentados em ordem sequencial e cronológica, objetivando assegurar-lhe
aprendizado eficiente.

De sua parte, para que obtenha o máximo de aproveitamento, você deverá


participar de todas as atividades propostas no Espaço UnisulVirtual de
Aprendizagem (EVA) e realizar todas as atividades e desafios previstos.

Adotando esses procedimentos, você compreenderá o processo contábil, mesmo


que nunca tenha estudado Contabilidade.

Sucesso!
Capítulo 1

História e desenvolvimento do
pensamento contábil
José Marcos Tesch

Neste primeiro capítulo, você deverá conhecer a origem do pensamento contábil


e compreender como se desenvolveu até chegar à estrutura atual. Isto é
fundamental para a sua formação, já que lhe permitirá formar uma base conceitual
sólida sobre a Contabilidade, bem como estabelecer a devida relação dessa com
as demais unidades de aprendizagem ao longo do curso.

Seção 1
História e origem da Contabilidade
A sociedade atual é resultado de um conjunto de conhecimentos adquiridos,
aprimorados e ressignificados ao longo de anos, e que chegaram até nós por
meio das tradições e/ou fontes documentais de diversas naturezas, ‘relatando’
fatos ocorridos no passado da humanidade.

A análise de tais documentos faz pensar que o conhecimento acerca da


Contabilidade é tão antigo quanto a própria origem do homem.

Desse modo, durante o que se convencionou chamar de ‘Pré-história’, o homem


já controlava suas posses de alguma forma e representava o tamanho de sua
riqueza por meio de desenhos.

A Contabilidade surgiu com as civilizações, para mensurar e controlar as posses


materiais dos seres humanos.

O livro de Jó é considerado o mais antigo da Bíblia. Marion (2003, p. 30 e 31)


apresenta-nos uma análise daquilo que podemos considerar como um exemplo
de registro contábil dos mais antigos:

9
Capítulo 1

Se abrirmos a Bíblia em seu primeiro Livro, Gênesis, entre outras


passagens que sugerem a Contabilidade, observamos uma
“competição” no crescimento da riqueza (rebanho de ovelhas) entre
Jacó e seu sogro Labão (+/ - 4.0 a.C.). Se a riqueza de Jacó crescia
mais do que a de Labão, para conhecer esse fato, era necessário
um controle quantitativo, por mais rudimentar que fosse.

Como a Contabilidade se desenvolveu ao longo dos tempos?

Ao observarmos a cronologia da história universal a partir de nossos


conhecimentos, podemos imaginar como foi essa evolução dos tempos em
relação à Contabilidade.

A Pré-História vai até, aproximadamente, 3.500 a.C., e a ‘Idade Antiga’ segue


avançando até 476 d.C., remontando um período de, aproximadamente, 4000
anos. Período esse de muitas guerras, descobrimentos, inventos e conquistas.
Com relação à Contabilidade, especificamente, esse período apresentou uma
evolução muito lenta até o aparecimento da moeda:

Na época de troca pura e simples de mercadorias, os negociantes


anotavam as obrigações, os direitos e os bens perante terceiros,
porém, obviamente, tratava-se de mero elenco de inventário físico,
sem avaliação monetária. (IUDÍCIBUS, 1997, p. 30).

Em 476 de nossa era, inicia o que se convencionou chamar de ‘Idade Média’,


a qual perdurou até 1453 d.C., aproximadamente. Então, ocorreu intensa
migração dos diversos povos, causada, entre outros fatores, pelas guerras.
Essas, podemos pensar, expressam a preocupação em acumular propriedades
e riquezas, o que é uma constante, tanto para o homem da Antiguidade quanto
para o homem contemporâneo.

Uma das consequências das Cruzadas (séc. XII – XIII) foi o efetivo impulso
nas atividades de comércio. Em decorrência, ocorreu o aumento gradual da
população e o aumento do poder aquisitivo dessa população. Nesse contexto
de desenvolvimento, e à medida que cresciam as posses, aumentava a
complexidade das ações. Dessa forma, os homens tiveram que aperfeiçoar seu
instrumento de avaliação da situação patrimonial, e isso contribuiu muito para o
aprimoramento das técnicas da Contabilidade.

10
Contabilidade

As Cruzadas são tradicionalmente definidas como expedições de caráter militar,


organizadas pela Igreja Católica para combaterem os supostos inimigos do
cristianismo e libertarem a Terra Santa (Jerusalém) das mãos daqueles que
consideravam infiéis. O movimento estendeu-se desde os fins do século XI
até meados do século XIII. Os que partiam em tais expedições, para serem
identificados, usavam como símbolo, uma cruz bordada em suas vestes.

Segundo Silva (1991, p.32), na Itália, no final do séc. XIV, já havia registros de
profissionais que operavam como contadores, então chamados de cadernitas.

Com o irromper da Idade Moderna, que costuma ser datada a partir de 1453 d.C, a
Contabilidade tomou corpo, impulsionada pelos controles advindos das atividades
de comércio e simples controles de alguns comerciantes. Tal impulso se constata
com a publicação do livro Summa de Arithmetica, Geométrica, Proportioni Et
Proportionalitá, publicado pelo frade franciscano Luca Pacioli, em Veneza (Itália),
no ano de 1494, apenas dois anos após a chegada de Colombo à América.

Nesta obra, frei Luca Pacioli escreveu sobre o Método das Partidas Dobradas,
que consiste no raciocínio em que se baseiam os lançamentos contábeis numa
equação constante entre débito e crédito, ou seja, para cada débito deve haver,
como contrapartida, um crédito, ou mais de igual valor, e vice-versa. Usados há
um pouco mais de 500 anos, seus comentários sobre a Contabilidade são tão
relevantes quanto atuais.

Frei Luca Pacioli escreveu Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade


por Partidas Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que a teoria contábil do
débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos.

Seção 2
O desenvolvimento do pensamento contábil
O trabalho elaborado pelo frei Luca Pacioli é um tratado sobre Contabilidade
que permanece, ainda hoje, como de grande utilidade no meio contábil. Marcou
o nascimento da Escola Italiana de Contabilidade que, por sua vez, dominou o
cenário mundial até o início do século XX.

11
Capítulo 1

Outro fator de fundamental importância para o desenvolvimento do pensamento


contábil foi a Revolução Industrial, à qual não se pode atribuir com precisão uma
data de início, mas é possível relacioná-la a um período anterior ao final da Idade
Moderna, talvez 1789. Segundo Hendriksen e Breda (1999, p. 46), referindo-se ao
desenvolvimento do pensamento contábil:

[...] Sua origem talvez tenha sido um período de bom tempo


na Inglaterra, que permitiu a ocorrência de uma série de boas
colheitas, fazendo com que os preços dos alimentos caíssem, e
com isso a sociedade desfrutasse de melhor nutrição e saúde. Ao
mesmo tempo, o reconhecimento dos fundamentos de higiene
pessoal fez com que declinasse a incidência da peste, após
quatro séculos de morte. Com isso, elevaram-se a população e a
demanda de alimentos. A manufatura desenvolveu-se para atender
a demanda e invenções começam a transformar o local de trabalho.

Efeitos sobre a Contabilidade


Com o início da Idade Contemporânea, em 1789 e depois com a Revolução
Industrial, surgem, a partir do advento do sistema fabril e da produção em
massa, conceitos de ativos fixos e depreciação (conceitos muito importantes
para a Contabilidade nos dias atuais) à medida que aumentava a necessidade
de informações gerenciais sobre os custos de produção e os custos a serem
atribuídos à avaliação dos estoques.

Ainda de acordo com Hendriksen e Breda (1999, p.47):

[...] A exigência de grandes volumes de capital, demandando a


separação entre investidor e administrador, significou que um dos
principais objetivos da Contabilidade passou a ser a elaboração
de relatórios a proprietários ausentes. [...]

Escola Italiana X Escola Americana


No quadro a seguir, estão resumidas algumas razões para mudança de enfoque
da Escola Italiana para a Escola Americana:

12
Contabilidade

Quadro 1.1 – Razões da queda da escola europeia e ascensão da escola norte-americana

Algumas razões da Queda da Escola Européia Algumas razões da Ascensão da Escola


(especificamente a Italiana) Norte-Americana

1. Excessivo culto à personalidade: grandes 1. Ênfase ao usuário da informação contábil:


mestres e pensadores da Contabilidade a Contabilidade é apresentada como
ganharam tanta notoriedade, que algo útil para a tomada de decisões.
passaram a ser vistos como “oráculos” da Evita-se endeusar demasiadamente a
verdade contábil. Contabilidade. Atender os usuários é o
grande objetivo.

2. Ênfase à Contabilidade Teórica: as 2. Ênfase à Contabilidade Aplicada:


mentes privilegiadas produziam trabalhos principalmente a Contabilidade Gerencial.
excessivamente teóricos, apenas pelo Ao contrário dos europeus, não havia uma
gosto da teoria, difundindo-se idéias com preocupação com a teoria das contas,
pouca aplicação prática. ou em provar que a Contabilidade é uma
ciência.

Tais razões e ênfases de cada escola ocasionaram a queda da Escola Europeia


(em especial a Italiana) e proporcionaram a ascensão da Escola Norte-Americana,
com repercussão sobre algumas empresas de auditoria que acompanhavam as
multinacionais anglo-americanas.

Essas empresas de auditoria, agora influenciadas pela Escola Norte-


Americana, difundiram suas práticas por meio de atividades em vários países
do mundo, inclusive no Brasil. Com o auxílio de manuais de procedimentos e
treinamentos, formaram profissionais que prepararam as normas contábeis em
nível governamental, influenciando, assim, as empresas menores, incluindo
legisladores e outros (CARVALHO, 2005, p. 16).

Influência das Escolas Italiana e norte-Americana no Brasil


No Brasil, a primeira escola a ensinar oficialmente a Contabilidade foi a Escola
de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo (1902), com influência da Escola
Italiana de Contabilidade. Os profissionais que se dedicavam à Contabilidade
passaram a se chamar, evolutivamente, de guarda-livros, conforme Código
Comercial de 1850; de contador, em 1931; e de Bacharel em Ciências Contábeis,
após a criação dos cursos superiores de Contabilidade.

Na Lei 2.627/40 (Lei das Sociedades por Ações), é possível observar, nitidamente,
a influência exercida pela Escola Contábil Europeia (Italiana).

Novas escolas de comércio foram sendo instaladas, após a Álvares Penteado,


ensinando como registrar as operações econômicas e como analisar balanços.

13
Capítulo 1

Outro marco importante foi a criação da Faculdade de Economia e Administração


da Universidade de São Paulo (FEA/USP), onde se instalou o Curso de Ciências
Contábeis e Atuariais. Nela, alguns egressos da Escola Álvares Penteado se
fizeram presentes.

As empresas multinacionais de origem norte-americana tiveram grande influência


na formação e desenvolvimento das práticas contábeis. Tal influência ficou
comprovada já a partir da adoção do método didático norte-americano na
elaboração do livro contábil introdutório, lançado no início da década de 70
(Equipe de professores da FAE/USP). Da mesma forma, com a consolidação da
aprovação da nova Lei das Sociedades por Ações – Lei 6.404/76, que teve sua
parte contábil inspirada na doutrina norte-americana.

Seção 3
Conceitos e abordagens básicas da Contabilidade
Um conceito aprovado no 1º Congresso Brasileiro de Contabilidade, em setembro
de 1924, no Rio de Janeiro, diz que: Contabilidade é a ciência que estuda e
pratica as funções de orientação, controle e registro relativo aos atos e fatos da
administração econômica.

Ao longo dos tempos, a Contabilidade como ciência formou, por meio de


experimentos de vários escritores e, ainda, da prática, diversos conceitos
voltados para um mesmo objetivo – seu principal objetivo, dizendo melhor –, que
é o estudo e controle do Patrimônio. Desta forma, Ferrari (2003, p. 2) assinala que:

Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e


avaliação, destinado a prover seus usuários com demonstrações
e análises de natureza econômica, financeira, física e de
produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização
(Pronunciamento do IBRACON 1 aprovado pela CVM 2).

Assim, Contabilidade é a ciência que tem por objeto o patrimônio das entidades
e por objetivo o controle desse patrimônio, com a finalidade de fornecer
informações a seus usuários.

1 O IBRACON (Instituto dos auditores independentes do Brasil) é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, cujos principais objetivos são os de fixar princípios de contabilidade e elaborar normas e procedimentos
relacionados com auditoria interna e externa.

2 A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Fazenda, cujo
objetivo é o de fiscalizar o mercado de capitais no Brasil

14
Contabilidade

Você sabe o que é uma Pessoa Física e uma Pessoa Jurídica? Sabe definir em
que momento elas nascem?

Pessoa Física (ou Pessoa Natural) – É qualquer ser humano considerado


individualmente, sujeito a direitos e obrigações. O nascimento da Pessoa Física dá-se:

•• de fato: por meio do parto com vida;


•• de direito: por meio de registro no Cartório Civil de Pessoas Físicas.

Pessoa Jurídica – É toda entidade resultante de uma organização humana, com


vida e patrimônio próprios, a qual, de forma semelhante às pessoas físicas, está
sujeita a direitos e obrigações. O nascimento da Pessoa Jurídica dá-se:

•• de fato: por meio dos atos praticados;


•• de direito: no caso das empresas comerciais ou industriais, por meio
do registro na Junta Comercial do Estado. No caso de empresas
prestadoras de serviços (empresas civis), por meio do registro no
Cartório Civil de Pessoas Jurídicas.

Seção 4
O campo de aplicação da Contabilidade e seus
usuários
Como você pôde observar até aqui, a Contabilidade é uma ciência tão antiga
quanto a humanidade e surgiu diante da necessidade de se controlar o patrimônio
que os homens passavam a acumular. As características da Contabilidade,
como, por exemplo, ferramenta de contar, inventariar e demonstrar por meio
de aspectos quantitativos estão presentes em, praticamente, todos os tipos
de atividades privadas existentes: no comércio, na indústria e na prestação
de serviços. Também no meio público, em suas diversas esferas de governos:
Municipal, Estadual e Federal.

O campo de aplicação da Contabilidade


Diante das informações sobre o campo de aplicação da Contabilidade, Ferrari
(2003, p. 03) nos diz que:

O campo de aplicação da Contabilidade se estende a todas as


entidades que possuam patrimônio, sejam físicas ou jurídicas, de
fins lucrativos, ou não. Tais entidades são unidades econômico-
administrativas, cujos objetivos podem ser sociais e/ou econômicos.

15
Capítulo 1

Uma entidade econômico-administrativa também pode ser


chamada de AZIENDA, palavra de origem italiana que, em
português, é equivalente a “FAZENDA”, mas tem o sentido
etimológico de “coisa a fazer”. Daí, por exemplo, é que o termo
“azienda pública” é equivalente ao termo “fazenda pública”.

Também se deve destacar que a Contabilidade aplica-se às Pessoas Jurídicas, ou


seja, entidades jurídicas com ou sem fins lucrativos, e às Pessoas Físicas.

Os usuários da Contabilidade
Os usuários da Contabilidade são todas as Pessoas Jurídicas ou Físicas
interessadas na informação patrimonial e econômica da entidade, como também
na avaliação da capacidade produtiva da entidade. Padoveze (2004, p. 72) define:

Por ser um sistema de informação, a Contabilidade tende a ter


inúmeros usuários das informações geradas pelo sistema. O
primeiro usuário sempre será o dono ou os donos da empresa,
ou seja, os indivíduos que detêm a posse de seu Capital
Social. Logo a seguir podemos dizer que há o governo, já que
as entidades jurídicas existem por sua libertação; é, portanto,
o outro grande usuário do sistema de informação contábil.
Os empregados, os fornecedores, os clientes, os bancos, a
comunidade social onde a empresa está inserida etc. são outros
exemplos de usuários de informação contábil, através de seus
relatórios principais, o Balanço Patrimonial e a Demonstração de
Resultados. Para atender à demanda variada de seus diversos
usuários, o contador provavelmente terá de elaborar outros
relatórios contábeis a partir de seu sistema de informação,
montado através do registro dos fatos administrativos. Um bom
plano de contas dará condições totais para isso.

Seção 5
A função da Contabilidade e do Contador
Nesta seção, você irá estudar a função da Contabilidade e do Contador.
Acompanhe.

16
Contabilidade

A função da Contabilidade
A Contabilidade tem a função administrativa de controlar o patrimônio da
entidade, conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade, Pessoa
Jurídica ou Pessoa Física, tanto sob o aspecto estático quanto o dinâmico. E
a função econômica de apurar o resultado (rédito 3), isto é, apurar o lucro ou o
prejuízo de uma entidade, de Pessoa Jurídica ou de Pessoa Física.

Em termos práticos controlar o patrimônio sob o aspecto estático


significa controlar sua posição em dado momento (fazer o
balanço). Controlar sob o aspecto dinâmico significa controlar
suas mutações qualitativas e quantitativas. (FERRARI, 2003, p. 4).

A função do Contador
A função do contador, de acordo com Marion (2003, p. 25) é:

[...] produzir informações úteis aos usuários da Contabilidade


para a tomada de decisões. Ressaltemos, entretanto, que,
em nosso país, em alguns segmentos de nossa economia,
principalmente na pequena empresa, a função do contador foi
distorcida (infelizmente), estando voltada exclusivamente para
satisfazer às exigências do fisco.

Figura 1.1 – Áreas de atuação do contador

Fonte: Marion (2003, p. 25)

3
Rédito é o lucro, o ganho, os resultados, as sobras.

17
Capítulo 1

Seção 6
As técnicas contábeis
Técnicas Contábeis são o conjunto de procedimentos utilizados pela Contabilidade
para registrar, levantar os fatos contábeis, apresentar e verificar as informações.

As principais técnicas contábeis são: escrituração, demonstrações contábeis ou


financeiras, análise das demonstrações contábeis ou financeiras e auditoria.

•• Escrituração – É a técnica contábil utilizada para registro de todos


os fatos administrativos (contábeis) ocorridos na entidade, ou seja,
fatos que afetam o patrimônio da entidade. O registro de cada
fato administrativo chama-se lançamento. Os lançamentos são
efetuados em forma de registros em livros próprios, tais como Livro
Diário, Livro Razão etc. Assim, escrituração pode ser definida como
um conjunto de lançamentos.
•• Demonstrações Contábeis ou Financeiras (ou Demonstrações
Financeiras) – Constituem quadros técnicos que evidenciam a
situação patrimonial, financeira ou econômica da entidade.

Figura 1.2 – Processo Contábil

Fonte: elaborado pelo autor

18
Contabilidade

De acordo com o artigo 176, da Lei 11.638/07, ao fim de cada exercício social
a diretoria elaborará, com base na escrituração mercantil da companhia, as
seguintes demonstrações financeiras:

•• Balanço Patrimonial (BP);


•• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
•• Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA);
•• Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC);
•• Demonstração do Valor Adicionado (DVA).

Além dessas demonstrações, as companhias abertas (sociedades anônimas


cujas ações são negociadas na bolsa de valores) são obrigadas a elaborar a
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), a qual dispensará
a elaboração isolada da DLPA, devido ao fato de que as informações da DLPA
estão incluídas na DMPL.

Junto às demonstrações, as companhias devem complementá-las com


NOTAS EXPLICATIVAS, as quais têm por objeto esclarecer alguns detalhes não
explicados nas demonstrações (FERRARI, 2003, p. 05).

•• Análise das Demonstrações Contábeis ou Financeiras – A Análise


das Demonstrações Contábeis ou Financeiras inicia onde a
Contabilidade termina, visa ao estudo da situação econômica e
financeira da entidade, bem como do seu desempenho operacional,
por meio da decomposição e comparação das demonstrações
contábeis. Objetiva a interpretação individual e conjunta de
índices e quocientes calculados a partir de itens extraídos dessas
demonstrações.
•• Auditoria – Visa à verificação da fidelidade das informações
contábeis, detectando erros ou fraudes e, por fim, emitindo um
parecer ou relatório sobre as informações fornecidas pelo sistema
contábil e controles internos da entidade auditada.

Todo Contador precisa saber desenvolver as Técnicas Contábeis apresentadas


nesta seção e desenvolvê-las muito bem, pois é por meio delas que a
Contabilidade demonstra suas aplicações, cumpre seus objetivos e finalidade.
Dica importante: para que uma informação seja útil, deve ser precisa, atual, causar
efeito e ser apresentada de forma clara! É o que esperamos da Contabilidade...

19
Capítulo 2

Fundamentos básicos da Contabilidade


José Marcos Tesch e Ruy Geraldo dos Reis Costa

Seção 1
Conceitos, objetivos, objeto e finalidade da
Contabilidade
A Contabilidade teve origem na necessidade que o homem experimentou de
controlar seu patrimônio e mensurar suas riquezas materiais. Referindo-se a
essas necessidades, pode-se definir a Contabilidade como uma ciência social
cujo objeto de estudo específico é a riqueza das sociedades humanas. De acordo
com Marion (2003, p. 26),

A Contabilidade é uma ciência social, pois estuda o


comportamento das riquezas que se integram no patrimônio, em
face das ações humanas (portanto, a Contabilidade ocupa-se de
fatos humanos).
Ainda que a Contabilidade se utilize de métodos quantitativos,
não podemos confundi-la com as ciências matemáticas (ou
exatas), que têm por objetivo as quantidades consideradas
abstratas que independem das ações humanas. Na
Contabilidade, as quantidades são simples medidas dos fatos
que ocorrem em razão da ação do homem.
O objetivo da Contabilidade é o controle de um Patrimônio.
O controle é feito por meio de coleta, armazenamento e
processamento das informações oriundas dos fatos que alteram
essa massa patrimonial. (PADOVEZE, 2004, p. 29).

O objeto da Contabilidade é o patrimônio da entidade, a matéria.

A finalidade da Contabilidade é fornecer informações aos seus usuários internos


e externos.

21
Capítulo 2

Figura 2.1 - Contabilidade: objetivo, objeto e finalidade.

Fonte: Ferrari (2003, p. 36)..

Nota: “FINALIDADE” é o mesmo que “OBJETIVO FINAL” (ou OBJETIVO PRINCIPAL)

Veja os detalhamentos a seguir.

Seção 2
Formação do patrimônio, ativo, passivo e
patrimônio líquido
O patrimônio é formado pelos bens, direitos e obrigações de uma entidade. Mais
detalhadamente:

Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma pessoa


física ou jurídica.

Os bens e direitos constituem sua parte positiva. Trata-se do ATIVO. As


obrigações (dívidas com terceiros) são a parte a qual se chama PASSIVO.

Bens
São classificados como bens todas as coisas úteis de propriedade e posse
da empresa. Segundo Marion (2009), “Entendem-se por bens as coisas úteis,
capazes de satisfazer às necessidades das pessoas e das empresas [....].”.

22
Contabilidade

Figura 2.2 - Patrimônio.

Fonte: Ferrari (2003, p. 36),

Os Bens podem ser classificados em:

•• bens numerários;
•• bens de venda;
•• bens de uso;
•• bens de renda.

Quadro 2.1 – Classificação dos bens.

Bens Numerários •• Caixa


(ou Disponibilidades) •• Numerários em Trânsito

•• Mercadorias Empresa comercial

Bens de Venda •• Matérias-Prima


(Estoques)
•• Produtos em Fabricação Empresa industrial
•• Produtos Prontos

23
Capítulo 2

•• Imóveis
•• Terrenos
•• Móveis e Utensílios
Bens Tangíveis
•• Veículos
(Bens Materiais)
•• Máquinas e equipamentos
Bens de Uso •• Computadores e terminais
(Ativo Imobilizado)
•• Instalações

•• Marcas e Patentes
•• Fundo de Comércio Bens Intangíveis
•• Luvas - Concessões Obtidas (Bens Imateriais)
•• Etc.

•• Imóveis para Aluguel


Bens de Renda
•• Terrenos (não utilizados pela empresa)
(Ativos Investimentos)
•• Obras de Arte etc.

Fonte: elaborado pelo autor.

Para a Contabilidade, os valores a receber são denominados direitos a receber


ou, simplesmente, direitos.

Direitos
São classificados como direitos todas as coisas úteis de propriedade da empresa,
mas que se encontram em posse de terceiros.

Em Contabilidade entende-se por Direito ou Direito a Receber


o poder de exigir alguma coisa. São valores a receber, títulos
a receber, contas a receber etc. [....] Depositando determinada
quantia num banco, você tem direito de sacar esse depósito a
qualquer momento. Assim, dinheiro depositado em bancos é um
direito. (MARION, 2009, p. 39)

Conta Bancos (depósito bancário)


A classificação da conta Bancos, depende do entendimento conceitual de quem
irá classificá-lo. Pois na realidade, existe duas correntes de entendimento. Uma
que defende que Bancos é um bem numerário de disponibilidade imediata, pois o
dinheiro depositado pode ser sacado a qualquer momento. E uma outra corrente
que entende que bancos é um direito, pois se enquadra literalmente no conceito
contábil de direitos.

24
Contabilidade

Em nosso entendimento, a conta Bancos deve ser classificada como um direito


por vários motivos.

1. O bem (dinheiro) está em posse de terceiros;


2. Depedendo da quantia a ser sacada terá obrigatoriamente que ser
comunicada ao banco com antecipação, caso contrário o mesmo
pode argumentar que não dispõem da quantia necessária para
aceitar o saque.
3. Havendo uma intervenção bancária, por parte do Banco Central, o
dinheiro deixa de ser uma disponibilidade, pois dependerá de uma
solução de continuidade da entidade intervencionada para realizar-
se um saque.
Diante do exposto acima, iremos tratar Depósitos Bancários, nesta obra, como
um direito.

Direitos
(Créditos ou haveres de terceiros)

•• Bancos Conta Movimento


•• Aplicações de Liquidez Imediata
•• Duplicatas a Receber (ou Clientes)
•• Promissória a Receber
•• Contas a Receber
•• Adiantamento a Fornecedores
•• Adiantamento a Empregados
•• Impostos a Recuperar
•• Dividendos a Receber
•• Empréstimos a Coligadas
•• Empréstimos a Controladas etc.

Obrigações
São todas as dívidas ou débitos (compromisso de qualquer espécie ou natureza
assumida) perante terceiros, ou bens de terceiros que se encontram em nossa
posse (uso).

25
Capítulo 2

Obrigações
(Débitos ou compromissos)

•• Duplicatas a Pagar (ou Fornecedores)


•• Promissórias a Pagar
•• Contas a Pagar
•• Impostos a Recolher (recolher = pagar)
•• Adiantamento de Clientes
•• Dividendos a Pagar
•• Salários a Pagar
•• Financiamentos
•• Empréstimos Bancários
•• IRRF a Recolher
•• Encargos Sociais
•• Provisão p/ 13º Salário
•• Provisão p/ Férias
•• Provisão p/ Imposto de Renda
•• Provisão p/ Contribuição social sobre o Lucro
•• Provisão p/ resgate de Perdas de Partes Beneficiárias
•• Provisão p/ Contingências etc.
Fonte: Ferrari (2003, p. 36 - 43).

Seção 3
Composição patrimonial
O Patrimônio é dividido em três partes: o Ativo (A), o Passivo (P) e o Patrimônio
Líquido (PL).

1ª PARTE – Ativo (A) é a parte positiva, composta de bens e direitos, também


denominada de Patrimônio Bruto.

2ª PARTE – Passivo (P) é a parte negativa, composta das obrigações com


terceiros, também denominada de Passivo Exigível (PE).

26
Contabilidade

3ª PARTE – Patrimônio Líquido (PL) é a parte diferencial (diferença) entre o Ativo e


o Passivo. De acordo com Neves e Viceconti (2004, p. 6), Patrimônio
Líquido representa as obrigações da entidade para com os sócios ou
acionistas (proprietários) e indica a diferença entre o valor dos bens e
direitos (Ativo) e o valor das obrigações com terceiros (Passivo exigível).

Seção 4
Representação gráfica do patrimônio
O patrimônio é representado, graficamente, segundo Sérgio Adriano de Souza
(2016, p. 6), por um quadro assim dividido.

O lado esquerdo é O lado direito é

denominado de Ativo, que são os bens e os denominado de Passivo, que são as


direitos (elementos positivos). obrigações (elementos negativos).

Um quadro dividido entre Ativo e Passivo que contenha elementos capazes de


identificar a saúde econômica e financeira de uma empresa ao fim de um ano,
elaborado consoante a Ciência Contábil e a legislação vigente, configura, na lição de
Marion (2009, p. 56), a mais importante demonstração financeira: o Balanço Patrimonial.

Balanço lembra balança de dois pratos. Para refletir uma situação normal, os dois
pratos da balança precisam estar em equilíbrio. Como ocorre com a balança, o
balanço também precisa estar em equilíbrio.

Para que o balanço patrimonial reflita adequadamente a situação financeira da


entidade, o total do lado do Ativo deverá ser igual ao total do lado do Passivo.

Na Prática, entretanto, nem sempre a soma de Bens e Direitos é igual à soma


das Obrigações.

Assim, a diferença entre o Ativo (bens e direitos) e o Passivo (obrigações), que se


denomina situação líquida, será colocada no gráfico sempre no lado do Passivo,
como se fosse um peso no prato da balança, para manter o equilíbrio entre os
dois lados, denominado Patrimônio Líquido.

Ribeiro (2017, p.21) ensina que a representação gráfica do patrimônio apresenta,


de um lado, Bens e Direitos, e de outro, as Obrigações. Ambos os lados possuem
o mesmo total, porém, o valor do patrimônio não é igual à soma dos dois lados
encontrados do balanço patrimonial.

27
Capítulo 2

Representação gráfica do patrimônio

Tabela 2.1 - Balanço Patrimonial (BP)

ATIVO (+) PASSIVO (-)


Bens Exigível
Caixa 500,00 Fornecedores 350,00
Estoque de mercadorias 200,00
Móveis 100,00
Veículos 300,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Direitos Diferença entre o Ativo – Passivo
Duplicatas a receber 50,00 Capital 800,00
Total 1.150,00 Total 1.150,00

OBS.: O Exigível são as obrigações com terceiros e o Patrimônio Líquido são as diferenças entre o Ativo e o Passivo
e também são obrigações, mas obrigações próprias com os proprietários, sócios ou acionistas.

Seção 5
O que é patrimônio líquido?
O Patrimônio Líquido é o resultado da diferença do Ativo (+), representado pelos
bens e direitos (elementos patrimoniais positivos), diminuída do Passivo (-),
representado pelas obrigações (elementos patrimoniais negativos). Assim, afirma
Padoveze (2004, p. 31):

Numa etapa seguinte, resolveu-se atribuir sinais aritméticos


aos itens patrimoniais. Aos itens positivos o sinal (+) e aos itens
negativos o sinal (-). Com isso, foi possível criar uma equação de
igualdade, ao mesmo tempo em que se criou um quarto elemento
contábil, obtido por diferença, que é o Patrimônio Líquido [...].
[...] Patrimônio Líquido significa a sobra, o resíduo, em valor,
dos elementos patrimoniais. Daí seus diversos nomes, com
Sobra Patrimonial, Patrimônio Residual, Riqueza Líquida, Capital
Próprio, Sobra Efetiva, Riqueza Efetiva, etc.
Com a criação da figura do Patrimônio Líquido, ao lado da
colocação dos sinais aritméticos nos elementos patrimoniais,
pudemos criar a seguinte equação, que é chamada de equação
fundamental da Contabilidade.

28
Contabilidade

PL = B + D – O

Patrimônio Líquido = Bens + Direitos – Obrigações

Tudo na Contabilidade gira em torno dessa equação, que deu origem ao moderno
conceito de Contabilidade e das partidas dobradas, que você verá na sequência.

Elementos que compõem o patrimônio líquido


•• Capital – na fase de constituição de uma empresa, o capital
representa a soma dos valores que os proprietários investiram,
tornando-se, assim, a principal fonte do grupo do Patrimônio
Líquido.
•• Lucros ou prejuízos acumulados – no final de cada exercício, a
empresa poderá ter lucro ou prejuízo. O lucro tem vários destinos:
Impostos de Renda, distribuições aos sócios, formação de reservas
etc. A parte do lucro que não é distribuída fica retida para futuras
aplicações, chamando-se assim de lucros acumulados. Quando
ocorre o prejuízo, esse é dividido entre os sócios ou “permanece no
patrimônio, com o título de prejuízos acumulados”;
•• Reservas – é a parte dos lucros retida para determinados fins, como,
por exemplo, a Reserva Legal, que pode ser utilizada para aumentar
o capital da empresa.

Dessa forma, de acordo com Marion (1998, p. 35),

Patrimônio Líquido é parte do patrimônio que efetivamente sobra


para seu proprietário após somar bens e direitos e subtrair do
total as obrigações. Situação Líquida; Riqueza Líquida; Medida
de Riqueza da Empresa.

29
Capítulo 2

Seção 6
Equação do equilíbrio patrimonial
Depois de encontrada a equação fundamental da Contabilidade (PL = B + D – O),
transformaram-na, colocando em cada lado da equação de igualdade os valores
positivos, sem misturá-los com os valores negativos. Assim, passou-se o PL para
o lado direito, montando o que foi denominado equação de equilíbrio patrimonial.
Ficou assim:

B + D = O + PL

Bens + Direitos = Obrigações + Patrimônio Líquido

Dado Importante!

Para se definir o ganho ou prejuízo de uma empresa, precisa-se ter controles e, a


partir dos registros, fazer a equação do equilíbrio contábil!

Dessa forma, poder-se-á definir o Lucro ou Prejuízo.

30
Capítulo 3

Atos Administrativos e Fatos Contábeis


José Marcos Tesch e Ruy Geraldo dos Reis Costa

Seção 1
Atos administrativos
Atos administrativos são acontecimentos que não provocam alterações nos
elementos do Patrimônio ou do Resultado. Assim, percebemos que esses
acontecimentos não afetam a Contabilidade, pelo menos, na hora em que são
realizados.

Atos administrativos são as ações necessárias à atividade da empresa e que não


afetam as contas do Patrimônio ou as Contas de Resultado.

Segundo Eugênio Montoto (2018, p. 75):

Como regra, a Contabilidade não registra atos administrativos,


pois estes não afetam o Patrimônio, uma vez que se trata apenas
de decisões ou procedimentos. Somente registramos atos
quando estes puderem comprometer, no futuro, o Patrimônio da
empresa; por exemplo, aval em empréstimos de terceiros, fiança
em locação de terceiros, títulos em cobrança etc.

Pode-se também afirmar que são os atos praticados pelos administradores ou


donos das empresas de seus atos administrativos.

•• Digitar ou datilografar cartas e orçamentos.


•• Atender a telefonemas.
•• Enviar duplicatas a receber ao banco para cobrança simples.
•• Demitir funcionários.

31
Capítulo 3

Para você compreender melhor o conceito referente aos Atos Administrativos, é


preciso antecipar os conceitos de Contas Patrimoniais e Contas de Resultado.

•• Contas Patrimoniais – Representam a situação estática, ou seja,


o patrimônio: bens, direitos, obrigações com terceiros (Passivo
Exigível – PE) e o Patrimônio Líquido (PL);
•• Contas de Resultado – Representam a situação dinâmica, ou seja, as
contas que alteram o Patrimônio Líquido (PL): receitas e despesas.

Seção 2
Fatos contábeis
Os fatos contábeis também podem ser chamados de fatos administrativos, pois são
aqueles que provocam alterações qualitativas e/ou quantitativas nos elementos do
Patrimônio ou do Resultado das empresas, portanto, interessam à Contabilidade.

Segundo Palhares e Rodrigues (1992, p. 35), “são todas as ações que uma
empresa realiza e que interferem no seu patrimônio”.

Ribeiro (2017, p. 67) define que “os fatos administrativos (ou contábeis) são os
acontecimentos que provocam variações nos valores patrimoniais, podendo ou
não alterar o Patrimônio Líquido”:

•• pagamento de salários a funcionários e prestação serviços de terceiros;


•• pagamento de seguro contra incêndio;
•• ocorrência de incêndios;
•• venda ou compra de equipamento ou máquina da empresa;
•• recebimento de duplicatas por meio de cobrança bancária simples.

Portanto, todos os eventos que modificam o patrimônio, com a autorização ou


não da gerência ou dos donos da empresa, são chamados de fatos contábeis ou
fatos administrativos, e são objeto de registro pela Contabilidade, em razão do
objeto da Contabilidade ser o patrimônio.

Muito importante: Qual a diferença entre ato e fato administrativo?

Atender a um telefone ou receber uma visita na empresa, ligar um computador,


enviar um e-mail ou uma carta pelo correio são exemplos de atos administrativos.
Comprar mercadorias ou equipamentos para a empresa, efetuar depósito no
banco na conta corrente da empresa, pagar ou receber contas ou aluguéis são
exemplos de fatos contábeis ou fatos administrativos.

32
Contabilidade

Na gestão, por meio da administração do patrimônio de uma empresa, ocorrem


atos e fatos administrativos. Assim, percebemos que a diferença do ato para o
fato administrativo é que o ato administrativo não altera a substância, forma e
valor do patrimônio (como admitir empregados, assinar documentos etc.); já os
fatos administrativos alteram a substância, forma e valor do patrimônio.

Fique atento e não confunda fato contábil ou administrativo com atos


administrativos, que são procedimentos da empresa os quais não provocam
qualquer variação patrimonial.

Uma empresa compra um veículo no valor de R$ 45.000,00 e paga à vista.


Trata-se de um fato contábil, porque o veículo é um bem que passa a fazer parte
do patrimônio e, para pagá-lo, utilizou-se o dinheiro que se possuía no caixa.
Ocorrem, portanto, duas variações no patrimônio: entrou um bem (veículo) no
valor de R$ 45.000,00 e saiu um bem (dinheiro) no valor de R$ 45.000,00.

Correr para um compromisso ou reunião, fazer orçamento, enviar correspondências,


pedidos de mercadorias. Todas essas ações não caracterizam um fato contábil,
mesmo que sejam efetuadas com a intenção de comprar, como no caso de um
pedido de mercadorias. Desse modo, você pôde perceber que os fatos contábeis ou
fatos administrativos provocam variações no Patrimônio de uma empresa.

A Contabilidade considera apenas as operações que são concretizadas e interferem no


Patrimônio.

O registro desses fatos em contas permite que eles cumpram sua principal
finalidade: evidenciar o Patrimônio e as alterações que esse sofre.

Os fatos contábeis provocam variações no Patrimônio das empresas e, para


você compreender melhor essa dinâmica, é importante conhecer como são
classificados e quais são os tipos de fatos contábeis que existem.

33
Capítulo 3

Seção 3
Classificação dos fatos contábeis
Os fatos contábeis ou fatos administrativos classificam-se em três tipos:

1. fatos permutativos ou compensativos;


2. fatos modificativos: aumentativos e diminutivos;
3. fatos mistos ou compostos: aumentativo e diminutivo.

Figura 3.1 - Classificação dos fatos contábeis.

Fonte: Ferrari, 2003, p. 214.

Fatos Permutativos (ou Compensativos)


São aqueles que não alteram o valor do Patrimônio Líquido, pois representam
apenas permutações (trocas) entre os elementos do ativo, passivo ou entre
ambos simultaneamente, sem provocar variações no Patrimônio Líquido.

Ribeiro (1996, p. 73) destaca alguns fatos permutativos possíveis:

•• permutação entre elementos ativos;


•• permutação entre elementos passivos;
•• permutação entre elementos do ativo e do passivo.

Existem cinco modalidades de fatos permutativos. Acompanhe a seguir em


detalhes cada um dos fatos.

Permutação entre elementos do ativo


Há permutação entre os elementos do ativo, porém, não ocorre alteração no
Patrimônio Líquido (variação qualitativa).
+ Ativo (+A) - Ativo (-A)

34
Contabilidade

Tabela 3.1 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A

ATIVO + PASSIVO -

Bens Exigível - Obrigações

Caixa .............................. 1.500,00 Contas a Pagar ............... 9.000,00

Móveis ........................... 10.000,00 Salários a Pagar ............. 1.000,00

Imóveis ........................... 20.000,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível

Bancos ........................... 10.100,00 Capital ............................ 33.000,00

Duplicatas a Receber ..... 5.000,00 Reserva de Capital ......... 3.600,00

Total 46.600,00 Total 46.600,00

Partindo da situação patrimonial apresentada, suponha que a Cia. Permutas &


Trocas S/A resolva comprar um Computador à vista (em dinheiro do Banco), no
valor de R$3.800,00.

Esse fato diminuirá o saldo da conta Banco no valor de R$ 3.800,00 pela saída de
dinheiro, provocando, ao mesmo tempo, aumento dos bens na conta Computador
no valor de R$ 3.800,00. Não há alteração do Patrimônio Líquido. O novo Balanço
Patrimonial, após esse acontecimento, ficou da seguinte forma:

Tabela 3.2 – Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A

ATIVO + PASSIVO –

Bens Exigível - Obrigações

Caixa ........................... 1.500,00 Contas a Pagar ............. 9.000,00

Móveis ......................... 10.000,00 Salários a Pagar ........... 1.000,00

Imóveis ........................ 20.000,00

Computadores ............. 3.800,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível

Bancos ........................ 6.300,00 Capital .......................... 33.000,00

Duplicatas a Receber ... 5.000,00 Reserva de Capital ....... 3.600,00

Total 46.600,00 Total 46.600,00

35
Capítulo 3

Imagine outro exemplo de fato permutativo entre elementos do ativo. Suponha que
a Cia. Permutas & Trocas S/A tenha recebido R$ 1.600,00 em dinheiro, na empresa,
de Duplicatas a receber de um cliente. Esse fato aumentará o caixa em R$ 1.600,00
pela entrada do dinheiro, e diminuirá a conta de Duplicatas a receber, novamente
provocando um aumento e uma diminuição entre os elementos do ativo.

O novo Balanço Patrimonial, após este acontecimento, ficou da seguinte forma:

Tabela 3.3 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A.

ATIVO + PASSIVO -

Bens Exigível - Obrigações

Caixa .............................. 3.100,00 Contas a Pagar ............... 9.000,00

Móveis ........................... 10.000,00 Salários a Pagar ............. 1.000,00

Imóveis ........................... 20.000,00

Computadores .............. 3.800,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível

Bancos ........................... 6.300,00 Capital ............................ 33.000,00

Duplicatas a Receber ..... 3.400,00 Reserva de Capital ......... 3.600,00

Total 46.600,00 Total 46.600,00

Permutação entre elementos do ativo e do passivo


Há permutação entre o ativo e, ao mesmo tempo, o passivo. E pode-se observar
matematicamente que o Patrimônio Líquido não se altera por meio da equação
patrimonial PL = A – P, daí um fato permutativo.
+ Ativo (+A) + Passivo (+P)

A Cia. Permutas & Trocas S/A resolve comprar Móveis a prazo de um fornecedor
que concedeu prazo de 30 e 60 dias para pagamento, com o valor de R$
4.700,00. Esse fato aumentará o ativo (compra de Móveis), que é compensado
por aumento do passivo (Compra a Prazo) em valor igual a R$ 4.700,00, deixando
inalterado o Patrimônio Líquido.

36
Contabilidade

O novo Balanço Patrimonial, após esse acontecimento, ficou da seguinte forma:

Tabela 3.4 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A

ATIVO + PASSIVO -

Bens Exigível - Obrigações

Caixa .............................. 3.100,00 Fornecedores .................. 4.700,00

Móveis ........................... 14.700,00 Contas a Pagar ............... 9.000,00

Imóveis ........................... 20.000,00 Salários a Pagar .............. 1.000,00

Computadores .............. 3.800,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível

Bancos ........................... 6.300,00 Capital ............................ 33.000,00

Duplicatas a Receber ..... 3.400,00 Reserva de Capital ......... 3.600,00

Total 51.300,00 Total 51.300,00

Quando acarreta aumento, verifique que o ativo aumentou, passando de R$


46.600,00 para R$ 51.300,00 com o aumento da conta Móveis, tendo em vista
a compra efetuada; e o passivo também aumentou para R$ 51.300,00, com a
inclusão da conta Fornecedores, devido à obrigação contraída. Permutação
entre elementos do ativo e do passivo há permutação entre o passivo, se sai
determinado valor, e, ao mesmo tempo, sai do ativo. E podemos observar
matematicamente que o Patrimônio Líquido não se altera por meio do patrimonial
PL = A – P, daí um fato permutativo; e não altera o Patrimônio Líquido.

- Passivo (-P) - Ativo (-A)

A Cia. Permutas & Trocas S/A efetuou pagamento em dinheiro de uma Conta a
Pagar no valor de R$ 1.850,00, que irá diminuir o ativo pela saída de dinheiro na
conta Caixa e o passivo pela liquidação no mesmo valor.

37
Capítulo 3

O novo Balanço Patrimonial, após este acontecimento, ficou da seguinte forma:

Tabela 3.5 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A

ATIVO + PASSIVO -

Bens Exigível - Obrigações

Caixa .............................. 1.250,00 Fornecedores .................. 4.700,00

Móveis ........................... 14.700,00 Contas a Pagar ............... 7.150,00

Imóveis ........................... 20.000,00 Salários a Pagar .............. 1.000,00

Computadores .............. 3.800,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível

Bancos ........................... 6.300,00 Capital ............................ 33.000,00

Duplicatas a Receber ..... 3.400,00 Reserva de Capital ......... 3.600,00

Total 49.450,00 Total 49.450,00

Quando acarreta diminuição, verifique que o ativo diminuiu, passando de R$


51.300,00 para R$ 49.450,00 com a saída de dinheiro na conta Caixa; e o passivo,
pela liquidação no mesmo valor.

Permutação entre elementos do passivo


Há permutação entre os elementos do passivo, quando sai do passivo o mesmo
valor que entra, não há variação quantitativa do mesmo e, consequentemente,
não há variação no valor do Patrimônio Líquido.

- Passivo (-P) + Passivo (+P)

A Cia. Permutas & Trocas S/A verificou que o valor líquido sobre salários a pagar,
no valor de R$ 1.000,00 que a empresa tem a pagar seus funcionários, existia a
importância de R$ 110,00, referente a Imposto de Renda retido na fonte de seus
funcionários, assim, esse valor deveria ter sido retido dos empregados por meio
da folha de pagamento, mas não foi.

Para regularizar, retire da conta de Salários a Pagar e transfira para a conta


própria de Imposto de Renda a Recolher. Para a Cia. Permutas & Trocas S/A,
tanto em uma conta como na outra conta, a referida importância representa
obrigação. Verifique como ficou o Balanço Patrimonial após este novo fato:

38
Contabilidade

Tabela 3.6 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A

ATIVO + PASSIVO

Bens Exigível - Obrigações

Caixa .............................. 1.250,00 Fornecedores .................. 4.700,00

Móveis ........................... 14.700,00 Contas a Pagar ............... 7.150,00

Imóveis ........................... 20.000,00 Salários a Pagar .............. 890,00

Computadores .............. 3.800,00 Imposto de renda a recolher 110,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível


Bancos ........................... 6.300,00 Capital ............................ 33.000,00

Duplicatas a Receber ..... 3.400,00 Reserva de Capital ......... 3.600,00

Total 49.450,00 Total 49.450,00

Note que surgiu uma conta nova denominada "Imposto de Renda a Recolher", no
valor de R$ 110,00, que foi retida da conta Salários a Pagar.

Permutação entre elementos do patrimônio líquido


Há permutação entre os elementos do Patrimônio Líquido, se sai do Patrimônio
Líquido o mesmo valor que entra; não há variação quantitativa desse, apenas
variação qualitativa.

- Patrimônio Líquido (-PL) + Patrimônio Líquido (+PL)

A Cia. Permutas & Trocas S/A resolveu aumentar o Capital Social com a utilização
de Reservas de Capital no valor de R$ 3.000,00. Assim, entra o valor de R$
3.000,00 no Capital Social, aumentando o Patrimônio Líquido, e sai o valor de R$
3.000,00 de Reservas de Capital, diminuindo, desse modo, o Patrimônio Líquido

Se sair do Patrimônio Líquido o mesmo valor que entra, não há variação


quantitativa e sim uma variação qualitativa. Verifique como ficou o Balanço
Patrimonial após esse novo fato:

39
Capítulo 3

Tabela 3.7 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A

ATIVO + PASSIVO -

Bens Exigível - Obrigações

Caixa .............................. 1.250,00 Fornecedores .................. 4.700,00

Móveis ........................... 14.700,00 Contas a Pagar ............... 7.150,00

Imóveis ........................... 20.000,00 Salários a Pagar .............. 890,00

Computadores .............. 3.800,00 Imposto de renda a recolher 110,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível


Bancos ........................... 6.300,00 Capital ............................ 36.000,00

Duplicatas a Receber ..... 3.400,00 Reserva de Capital ......... 600,00

Total 49.450,00 Total 49.450,00

Note ter ocorrido apenas uma variação de Reservas de Capital, que diminuiu, e
um aumento respectivo em Capital Social.

Fatos Modificativos
São aqueles fatos que provocam alterações no valor do Patrimônio Líquido ou
Situação Líquida (SL), provocando aumento ou redução de valor idêntico no
Passivo Exigível ou no Ativo. Esses fatos podem ser de duas modalidades:

•• aumentativos – quando provocam aumento ou acréscimo no valor


do Patrimônio Líquido;
•• diminutivos – quando provocam redução no valor do Patrimônio
Líquido.

Sobre as receitas e despesas, Neves e Viceconti (2004, p. 15) assinalam:

[...] percebe-se imediatamente que o ingresso de receitas são


fatos contábeis aumentativos, pois aumentam o valor do ativo
e do PL simultaneamente. A ocorrência de despesas são fatos
contábeis diminutivos, pois implicam a redução do PL.

Por isso, os fatos podem ser aumentativos, quando o patrimônio aumenta com as
receitas; e diminutivos, quando diminui com as despesas.

Muito importante: Qual a diferença entre fatos permutativos e modificativos?

40
Contabilidade

Os fatos permutativos envolvem apenas as contas patrimoniais, sem provocar


alteração alguma no Patrimônio Líquido. Já os fatos modificativos envolvem contas
de resultado (receitas e despesas) e, consequentemente, alteram o Patrimônio
Líquido. Porém, pode ocorrer uma situação de diminuição e outra, de aumento.

Aumentativos
São aqueles que aumentam a situação líquida patrimonial.

+ Ativo (+A) + Patrimônio Líquido (+PL)

A Cia. Permutas & Trocas S/A recebe em dinheiro a importância de R$ 550,00


referente a receitas de aluguéis de Imóveis.

Se entrar dinheiro, aumenta o ativo e, se há uma receita, aumenta o lucro,


consequentemente, aumenta o Patrimônio Líquido (PL). Verifique como ficou o
Balanço Patrimonial após esse novo fato:

Tabela 3.8 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A.

ATIVO + PASSIVO -

Bens Exigível - Obrigações

Caixa .............................. 1.800,00 Fornecedores .................. 4.700,00

Móveis ........................... 14.700,00 Contas a Pagar ............... 7.150,00

Imóveis ........................... 20.000,00 Salários a Pagar .............. 890,00

Computadores .............. 3.800,00 Imposto de renda a recolher 110,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível


Bancos ........................... 6.300,00 Capital .................................. 36.000,00

Duplicatas a Receber ..... 3.400,00 Reserva de Capital ................ 600,00

Reserva de Lucros (1) .............

Receitas................................ 550,00 (2)

Total 50.000,00 Total 50.000,00

(1) Lucro do exercício


(2) Saldo da reserva de lucros

Note que ocorreu uma variação de aumento do Patrimônio Líquido mediante


a receita que gerou o lucro. Em consequência, entraram recursos no caixa,
aumentando o ativo.

41
Capítulo 3

Diminutivos
São aqueles que diminuem o valor do Patrimônio Líquido.

- Ativo (- A) - Patrimônio Líquido (- PL)

A Cia. Permutas & Trocas S/A pagou em dinheiro uma despesa com uso de
telefone e Internet no valor de R$ 327,00. Esse fato diminuiu o caixa em R$
327,00 pela saída do dinheiro e, por ser uma despesa, diminuirá o Patrimônio
Líquido no mesmo valor da conta de Lucros acumulados, pois tal fato é um
prejuízo do período.

Verifique como ficou o Balanço Patrimonial após este novo fato:

Tabela 3.9 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A

ATIVO + PASSIVO -

Bens Exigível - Obrigações

Caixa .............................. 1.473,00 Fornecedores .................. 4.700,00

Móveis ........................... 14.700,00 Contas a Pagar ............... 7.150,00

Imóveis ........................... 20.000,00 Salários a Pagar .............. 890,00

Computadores .............. 3.800,00 Imposto de renda a recolher 110,00

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível


Bancos ........................... 6.300,00 Capital .................................. 36.000,00

Duplicatas a Receber ..... 3.400,00 Reserva de Capital ................ 600,00

Reserva de Lucros(1)

Receitas .................... 550,00

( - ) Despesas(2)......... 327,00 223,00 (3)

Total 49.673,00 Total 49.673,00

(1) Lucro do Exercício


(2) Despesas Operacionais
(3) Saldo da Reserva de Lucros

42
Contabilidade

Cabe oportuna observação sobre os lucros ou prejuízos acumulados ao fim do


exercício. A conta Lucros Acumulados não mais pode constar das demonstrações
financeiras das Sociedades Anônimas e Limitadas de Grande Porte, segundo
determinação da Lei nº 11.638/2007. Essas sociedades devem dar destinação
ao lucro do exercício antes da publicação do Balanço Patrimonial. Isso posto,
destinamos os lucros obtidos pela Cia. Permutas e Trocas S/A para composição
do saldo da conta Reserva de Lucros (PL).

Note que ocorreu uma variação de diminuição do Patrimônio Líquido por meio do
pagamento da despesa que gerou o prejuízo. Em consequência, saíram recursos
do caixa, diminuindo o ativo.

Relembrando:

De forma geral, o pagamento de qualquer despesa sempre conduz a um fato


modificativo diminutivo do tipo –PL | –A, desde que tal despesa seja relativa ao
mesmo período do pagamento.

Fatos Mistos (ou Compostos)


São aqueles que geram alterações no Ativo (A), no Passivo (P) e no Patrimônio
Líquido (PL) simultaneamente. Eles combinam

Fatos Permutativos e Fatos Modificativos, logo, podem ser:

•• fatos mistos ou compostos aumentativos – combinam fatos


permutativos com fatos modificativos aumentativos;
•• fatos mistos ou compostos diminutivos – combinam fatos
permutativos com fatos modificativos diminutivos.

Segundo Ribeiro (2017, p.73), o fato misto “envolve, ao mesmo tempo, um Fato
Permutativo e um Fato Modificativo. Pode, portanto, acarretar alterações no Ativo
e no Patrimônio Líquido, ou no Passivo e no Patrimônio Líquido, ou no Ativo, no
Passivo e no Patrimônio Líquido simultaneamente”.

Para você compreender com mais facilidade os fatos mistos, lembre-se de que
os fatos permutativos envolvem apenas contas patrimoniais, e fatos modificativos
envolvem contas de resultado. Assim sendo, os fatos mistos são aqueles que
envolvem os dois tipos.

Fatos Mistos ou Compostos Aumentativos


São aqueles que combinam fatos permutativos com os modificativos aumentativos.

+ Ativo (+A)
- Ativo (-A) + Patrimônio Líquido (+PL)

43
Capítulo 3

Ainda dando continuidade à situação patrimonial da Cia. Permutas & Trocas


S/A, suponha que os móveis os quais custaram R$ 4.700,00 foram vendidos à
vista por R$ 6.000,00. Esse fato diminuirá o ativo em R$ 4.700,00 pela saída dos
Móveis, e aumentará novamente o ativo, pela entrada no caixa de R$ 6.000,00 em
dinheiro, e aumentará o Patrimônio Líquido, pelo lucro auferido de R$ 1.300,00.

O novo Balanço Patrimonial após esse acontecimento ficou da seguinte forma:

Tabela 3.10 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A

ATIVO + PASSIVO -
Bens Exigível - Obrigações
Caixa ........................ 7.473,00 Fornecedores ..................................... 4.700,00
Móveis ..................... 10.000,00 Contas a Pagar .................................. 7.150,00
Imóveis .................... 20.000,00 Salários a Pagar ................................. 890,00
Computadores ......... 3.800,00 Imposto de renda a recolher................ 110,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível
Bancos .................... 6.300,00 Capital ................................................ 36.000,00
Duplicatas a Receber 3.400,00 Reserva de Capital ............................. 600,00
Reserva de Lucros ...........................
(1)

Receitas ........................... 6.550,00


( - ) CMV(3)........................ 4.700,00
( - ) Despesas(2)................. 327,00 1.523,00 (4)
Total 50.973,00 Total 50.973,00
(1) Lucro do Exercício

(2) Despesas Operacionais

(3) CMV - Custo das Mercadorias Vendidas

(4) Saldo da Reserva de Lucros

Note que ocorreu uma permutação no ativo, pois diminuiu pela saída dos
Móveis e aumentou pela entrada do dinheiro no caixa, que foi de R$ 6.000,00. O
aumento que foi verificado no ativo, devido ao lucro obtido na venda, acresceu
o Patrimônio Líquido em R$ 1.300,00, fazendo com que a conta de Lucros
Acumulados passasse de R$ 223,00 para R$ 1.523,00.

Fatos Mistos ou Compostos Diminutivos


São aqueles que combinam fatos permutativos com fatos modificativos diminutivos.

- Ativo (-A) - Passivo (-PL)


- Patrimônio Líquido (-PL)

44
Contabilidade

A Cia. Permutas & Trocas S/A efetuou um pagamento em dinheiro referente a


uma Duplicata no valor de R$ 2.350,00 mais R$ 118,00 referentes a juros por
pagamento em atraso, contabilizados em Fornecedores, referentes à compra dos
Móveis que tinha realizado para pagamento em 30 e 60 dias.

Com este fato, o ativo diminuirá, pois haverá saída de R$ 2.468,00 do caixa,
o passivo também diminuirá pelo pagamento da obrigação classificada em
Fornecedores, e o Patrimônio Líquido também diminuirá, pela redução dos lucros
no valor de R$ 118,00, devido à despesa ocorrida.

O novo Balanço Patrimonial, após este acontecimento, ficou da seguinte forma:

Tabela 3.11 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A.

ATIVO + PASSIVO -
Bens Exigível - Obrigações
Caixa ............................ 5.005,00 Fornecedores .......................... 2.350,00
Móveis ......................... 10.000,00 Contas a Pagar ....................... 7.150,00
Imóveis ........................ 20.000,00 Salários a Pagar ...................... 890,00
Computadores ............. 3.800,00 Imposto de renda a recolher .... 110,00
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Direitos Diferença: Ativo - Passivo Exigível
Bancos ........................ 6.300,00 Capital .................................... 36.000,00
Duplicatas a Receber ... 3.400,00 Reserva de Capital .................. 600,00
Reserva de Lucros(1) ................
Receitas ................ 6.550,00
( - ) CMV .............
(3)
4.700,00
( - ) Despesas ......
(2)
445,00 1.405,00 (4)
Total 48.505,00 Total 48.505,00

(1) Lucro do Exercício


(2) Despesas Operacionais
(3) CMV - Custo das Mercadorias Vendidas
(4) Saldo da Reserva de Lucros

Observe que ocorreu um fato permutativo, ou seja, permuta entre duas contas
Fornecedores pelo pagamento da Duplicata paga e o Caixa pela saída do
dinheiro, e um fato modificativo com o pagamento da despesa pelos juros
ocorridos na operação, provocando uma diminuição do Patrimônio Líquido por
meio da conta de Lucros Acumulados. Destaca-se que, como a contabilização
acima está sendo realizada pela metodologia dos Balanços Sucessivos, as
contas de receitas e despesas deverão ser classificadas diretamente no grupo

45
Capítulo 3

Patrimônio Líquido.

Memorize o quadro resumo dos Fatos Permutativos, Fatos Modificativos e Fatos Mistos.

Quadro 3.1 – Resumo dos fatos contábeis

Fatos Contábeis Envolvem

• Permutativos Somente Contas Patrimoniais.

Conta patrimonial (que representa bem, direto ou obrigação) e


• Modificativos
uma ou + contas de resultado.

• Mistos Fatos contábeis permutativos e modificativos, simultaneamente.

Conclui-se com a expectativa de que, após uma leitura reflexiva deste capítulo,
você consiga identificar como são classificados os Fatos Contábeis, dominar o
conceito básico deles e identificar, com certa facilidade, a diferença entre os Atos
Administrativos e os Fatos Contábeis.

46
Capítulo 4

Escrituração Contábil
José Marcos Tesch e Ruy Geraldo dos Reis Costa

Seção 1
Introdução e conceitos
A Contabilidade, para executar seu objetivo – o controle do patrimônio,
desenvolveu uma forma de controle que prevê o registro de todos os fatos
administrativos ou contábeis. Trata-se da Escrituração.

Ferrari (2003, p. 236) afirma que Escrituração é:

A técnica contábil que tem por objetivo os registros de todos


os fatos contábeis e alguns atos administrativos – normalmente
aqueles atos que darão origem a fatos – em livros próprios
chamamos de ESCRITURAÇÃO.

A Contabilidade, para registrar suas operações, adota o Método das Partidas


Dobradas como veremos a seguir, na seção 2.

Seção 2
Métodos de Escrituração
São dois os métodos de escrituração mais conhecidos, porém, tendo em vista
a normatização com todas as outras empresas, o método adotado deverá ser
único. Já tivemos, em um passado muito remoto, a utilização do Método das
Partidas Simples. Entretanto, agora, o único método utilizado é o Método das
Partidas Dobradas.

47
Capítulo 4

Padoveze (2004, p. 103) diz que:

O Método das Partidas Simples foi elaborado antes do


conhecimento ou da criação da figura do Patrimônio Líquido, ou
do conceito de despesa e receita como elementos patrimoniais.
Exemplificando, quando se fazia o pagamento de uma despesa,
lançava-se apenas na conta caixa (partida única ou simples), não
se fazendo a contrapartida em despesa.

O Método das Partidas Simples é também conhecido como UNIGRAFIA, pois,


nesse método, a escrituração é unilateral, vale dizer, apenas um elemento
patrimonial é utilizado para o registro de um determinado fato contábil. É que,
você já sabe, esse método não inclui o conceito de que para cada débito tenha
de haver um crédito de igual valor. Está claro que a utilização de tal método não
permite o controle completo do patrimônio, pois só manda efetuar o registro
de alguns fatos. O Método das Partidas Simples foi citado apenas para seu
conhecimento, porém, tenha em mente que esse não é mais utilizado e que o
único método utilizado atualmente é o Método das Partidas Dobradas.

Método das Partidas Dobradas


Esse método de escrituração dos fatos contábeis universalmente reconhecidos e
aplicados pela Contabilidade foi divulgado pelo frade franciscano Lucca Pacioli,
no século XV, denominado de Método das Partidas Dobradas (partida = registro
= escrituração = lançamento), porque o mesmo valor é lançado em duas contas,
por meio dos débitos e créditos. Padoveze (2004, p. 104) afirma que: “a finalidade
de se lançar em dois lugares é manter a equação de trabalho ou de equilíbrio
patrimonial em situação de igualdade”.

Quais são os princípios do Método das Partidas Dobradas?

•• Não há devedor sem que haja credor.


•• Não há credor sem que haja devedor.
•• O débito corresponde a um ou diversos créditos de igual valor e
vice-versa.

Ferrari (2003, p. 237) faz o seguinte esclarecimento sobre o Método das Partidas
Dobradas:
Método elaborado pela primeira vez em Veneza, na Itália, em
1494, pelo frade franciscano Luca Pacioli.
É também conhecido como DIGRAFIA, pois, neste método, a
escrituração é bilateral, isto é, o registro de cada fato envolve
pelo menos um elemento que será debitado e pelo menos um
elemento que será creditado, ou seja, para todo débito há pelo
menos um crédito e vice-versa. Não há débito sem crédito.

48
Contabilidade

Podemos observar que o Método das Partidas Dobradas resume-se nas


seguintes frases:

A todo débito corresponde um ou mais créditos de igual valor ou A todo crédito


corresponde um ou mais créditos de igual valor ou A todo crédito corresponde
um ou mais débitos de igual valor.

Seção 3
Teoria das Contas
Ao longo dos séculos, desde que o frei Lucca Pacioli lançou o Método das
Partidas Dobradas, vários foram os pensadores e estudiosos que deram origem
a diferentes correntes teóricas, fosse como anúncio de mudanças na sociedade,
ou em resposta a elas. Entre tantas, pode-se destacar o Barroco, o Classicismo, o
Romantismo, o Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo etc.

Na Contabilidade, não poderia ser diferente. Existiram, ao longo dos anos, várias
escolas que se especializaram nos estudos contábeis, notadamente na teoria das
contas, entre elas as que passamos a destacar:

•• Teoria Personalista;
•• Teoria Materialista; e
•• Teoria Patrimonialista.

Teoria Personalista
Segundo Neves e Viceconti (2004, p. 33), nesta teoria, cada conta assume a
configuração de uma pessoa no seu relacionamento com a empresa ou entidade.
Assim, Caixa, Bancos, Duplicatas a Receber, Fornecedores, Capital, Receita e
Despesas, representam pessoas com as quais a entidade mantém relacionamento
de débito e crédito.

Posto isso, pode-se concluir que as obrigações (PE) e o Patrimônio Líquido


(PL) são pessoas credoras (representam aquelas pessoas que têm a receber da
sociedade), enquanto que os bens e direitos são pessoas devedoras em relação
à entidade.

Segundo essa teoria, as contas se classificam em:

49
Capítulo 4

Quadro 4.1 – Classificação das contas segundo a Teoria Personalista

Contas dos Agentes Consignatórios Representam os bens da empresa.


Representam os direitos e obrigações da
Contas dos Agentes Correspondentes
entidade perante terceiros.
São as contas do Patrimônio Líquido e suas
Contas dos Proprietários
variações, inclusive as receitas e despesas.

Teoria Materialista
As contas representam relações materiais e se classificam em dois grandes grupos:

Quadro 4.2 – Classificação das contas segundo a Teoria Materialista.

Contas Integrais Representam bens, direitos e obrigações (PE);


Representam contas do Patrimônio Líquido (PL) e suas
Contas Diferenciais
variações, inclusive as receitas e despesas.

Teoria Patrimonialista
Entende-se que o patrimônio é o objeto a ser administrado. Dessa forma, essa
teoria separa as contas que representam a situação estática (patrimônio ou A =
PE + PL), das contas que representam a dinâmica da situação (receita e despesa):

•• Contas Patrimoniais – representam a situação estática, ou seja,


o patrimônio: bens, direitos, obrigações com terceiros (PE) e o
Patrimônio Líquido (PL);
•• Contas de Resultado – representam a dinâmica, ou seja, as contas
que alteram o patrimônio líquido: receitas e despesas.

Seção 4
Contas
CONTA é o nome representativo de um elemento patrimonial (bem, direito,
obrigação ou PL), ou de uma variação patrimonial (despesa ou receita).

É importante ressaltar que as contas são criadas com o objetivo de melhor


controlar o patrimônio de uma entidade, pois se deve criar quantas contas forem
necessárias para o registro dos fatos que acontecem no dia a dia das empresas,
e para demonstrar a quantidade e o valor de bens, direitos e obrigações, como
também os tipos de receitas e despesas.

50
Contabilidade

Uma conta, no decorrer das atividades de uma empresa, é criada em função das
operações que ela efetua, mas deve-se compreender que uma conta é composta
de alguns elementos:

•• nome (título) da conta;


•• local;
•• data da operação;
•• valor do débito;
•• valor do crédito;
•• valor do saldo.

Pode-se ilustrar um modelo de conta como se fosse uma ficha de controle dela:

Tabela 4.1 – Ficha de controle de conta

Nome da Conta: Código da Conta:

Grupo a que pertence: Exercício de:

Contra
Data Histórico Débito Crédito Saldo
Partida

D/C R$

Fonte: Neves e Viceconti, 2004, p. 34

OBS.: O conjunto de contas em fichas, como podemos observar, forma o livro


chamado Razão, que vamos estudar na unidade 6. A Contabilidade, quando
feita manualmente, utiliza fichas semelhantes ou idênticas a essas para o
controle das contas.

Hoje, os Sistemas de Contabilidade Informatizados fazem o controle usando


essas fichas, porém, o sistema armazena as informações relativas às contas,
automaticamente, a partir do cadastro e preenchimento correto dos lançamentos.
Por isso que a informática, em diversos segmentos de atividade, realiza uma
simplificação das atividades, inclusive para a Contabilidade. Mas, para podermos
compreender esse funcionamento, temos que aprender e dominar os principais
conceitos e a dinâmica do funcionamento da Contabilidade.

51
Capítulo 4

Outro modelo de conta é o de conta resumida (conhecida como razonete) ou


conta em forma de “T”.

Veja abaixo, alguns exemplos de gráficos de razonete e de razão:


Raciocínio de débito e crédito - Tabela 4.2 - Origem do Razonete

Ativo Passivo

Aplicações de Recursos Origens de Recursos

Vamos realizar uma correlação entre o Balanço Patrimonial e o Razonete. No


gráfico acima visualiza-se que ele contém linhas contínuas e tracejadas. O
conjunto nos apresenta um Balanço Patrimonial, mas se desprezarmos as linhas
tracejadas, identificamos que ele ganha o formato de um grande razonete.

Voltando a olhar para o conjunto, verificamos que no lado esquerdo do gráfico são
registradas as aplicações de recursos e no lado direito as origens de recursos.

Conceito de Recurso:

Tratamos como recursos todos os bens e direitos classificados no Ativo das empresas.

Dando continuidade às nossas reflexões, analisemos os gráficos abaixo:

Raciocínio de débito e crédito - Tabela 4.2.a - Origem do Razonete

  BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo Passivo

Conta Conta
Débito Crédito Débito Crédito
Aplicações

Origens

Saldo Saldo

52
Contabilidade

Nessa nova figura verifica-se dois novos componentes, ou seja, o gráfico do


Balanço Patrimonial com um razonete no Ativo e outro no Passivo. Identifica-
se que o razonete do lado esquerdo contém a palavra saldo do lado do débito
(lado esquerdo) e o do lado direito contém a palavra saldo do lado do crédito
(lado direito). Conclui-se então que as contas classificadas no ativo, por
representarem as aplicações de recursos, tem seu saldo devedor, ou seja, tem
seu saldo do mesmo lado em que elas são classificadas no Balanço Patrimonial,
ou seja, no lado esquerdo (Ativo). E que as contas classificadas no passivo, por
representarem as origens de recursos, tem seu saldo credor, portanto, conclui-se
que elas têm seu saldo no mesmo lado em que elas são classificadas no Balanço
Patrimonial, ou seja, no lado direito (Passivo).

Raciocínio de débito e crédito - Tabela 4.2.b - Raciocínio de débito e crédito

  BALANÇO PATRIMONIAL

Ativo Passivo

Conta Conta
Débito Crédito Débito Crédito
Aplicações

Origens

Aplicações Origens Aplicações Origens

Para facilitar a decisão, se um registro contábil será debitado ou creditado,


podemos lançar mão de um raciocínio que, sem dúvida, irá facilitar muito nosso
trabalho. Basta utilizar-se as duplinhas, “AD” (de, aplicação, debita-se) e a “OC”
(de, origem, credita-se). Por exemplo, vamos supor as seguintes operações:

Compra à vista de um computador. Nessa operação tem-se uma saída de caixa


(uma origem), portanto, um crédito na conta caixa que será destinado a um
pagamento de um computador (uma aplicação), provocando um débito na conta
Móveis e Utensílios.

Outro exemplo, suponha-se o pagamento de Fornecedores:

53
Capítulo 4

Nesse caso tem-se novamente uma origem, um crédito, na conta Caixa e uma
aplicação, um débito na conta Fornecedores, veja que, apesar de Fornecedores
ser uma conta natural do Passivo, portanto, tendo seu saldo credor por
representar origens de recursos, está recebendo uma aplicação de recursos, fato
que irá reduzir seu saldo e, portanto, a dívida da empresa com Fornecedores.
Obs.: será disponibilizado um videoclipe no roteiro de estudos com explicações
detalhadas da mecânica contábil.
Exemplos de contas em Contabilidade. Os três primeiros gráficos abaixo representam
contas do Ativo, ou seja, de Aplicação de recursos, portanto, com saldo devedor.
Razonete em “T”.

Nome da Conta
Débito Crédito
45.000,00 10.000,00
15.000,00
9.000,00
45.000,00 34.000,00
11.000,00

Exemplo de razonete em ficha, menos utilizado, porém, apresenta mais detalhes


dos lançamentos. Está mais próximo de uma ficha razão e também é utilizado em
algumas questões de provas:

Nome da Conta

Débito Crédito Saldo D/C


45.000,00 D
10.000,00 35.000,00 D
15.000,00 20.000,00 D
9.000,00 11.000,00 D

Exemplo de ficha razão. Verifica-se que ela contém mais informações, mais detalhes:

Nome da Conta

Data Débito Crédito Saldo D/C


15/11/xx 45.000,00 D
18/11/xx 10.000,00 35.000,00 D
20/11/xx` 15.000,00 20.000,00 D
25/11/xx 9.000,00 11.000,00 D

54
Contabilidade

Mais exemplos de contas em Contabilidade. Os três gráficos abaixo representam


contas do Passivo, ou seja, de origens de recursos, portanto, com saldo credor.

Nome da Conta
Débito Crédito
10.000,00 45.000,00
15.000,00
9.000,00
34.000,00 45.000,00
11.000,00

Exemplo de razonete em ficha:

Nome da Conta

Débito Crédito Saldo D/C


45.000,00 C
10.000,00 35.000,00 C
15.000,00 20.000,00 C
9.000,00 11.000,00 C

Exemplo de ficha razão:

Nome da Conta

Data Débito Crédito Saldo D/C


15/11/xx 45.000,00 C
18/11/xx 10.000,00 35.000,00 C
20/11/xx` 15.000,00 20.000,00 C
25/11/xx 9.000,00 11.000,00 C

Importante: Essas contas resumidas devem possuir:

•• nome (título) da conta;


•• local;
•• débito;
•• crédito;
•• saldo.

55
Capítulo 4

Tipos de contas
As contas são divididas em dois grupos, a saber:

•• Contas Patrimoniais; e
•• Contas de Resultado.

Contas Patrimoniais
As contas patrimoniais, também denominadas de permanentes, são utilizadas
para o controle e apuração do patrimônio. Portanto, para representar os
elementos patrimoniais, compõem o Balanço Patrimonial. São elas:

•• Contas do Ativo;
•• Contas do Passivo Exigível;
•• Contas do Patrimônio Líquido.

Contas do Patrimônio Líquido


As Contas do Ativo representam os bens e direitos, as Contas do Passivo Exigível
são as obrigações com terceiros e o Patrimônio Líquido são as obrigações com
os sócios ou acionistas, também denominadas obrigações não exigíveis. Ainda
não se pode esquecer que as contas RETIFICADORAS (ou REDUTORAS), isto é,
contas negativas dos grupos aos quais pertençam “trabalham sozinhas”, pois são
subtraídas de outras, as quais chamam de contas retificadoras. Existem contas
retificadoras no Ativo (A), Passivo Exigível (PE) e no Patrimônio Líquido (PL).
Algumas das contas retificadoras mais conhecidas são:

•• Provisão p/ Devedores Duvidosos;


•• Duplicatas Descontadas;
•• Provisão p/ Perdas Prováveis na realização de Investimentos;
•• Deságio na Amortização (na aquisição de Investimentos);
•• Depreciação Acumulada;
•• Amortização Acumulada;
•• Exaustão Acumulada;
•• Capital a Subscrever;
•• Capital a Integralizar;
•• Prejuízos Acumulados.

56
Contabilidade

Contas de Resultado
As contas de resultado, também denominadas de contas transitórias, são
utilizadas para a apuração do resultado do exercício (lucro ou prejuízo), pois só
servem para o último período a ser analisado. São elas:

•• Contas de Receita;
•• Contas de Despesa.

As contas de despesas e receitas têm a função de registrar informações de gastos e


ganhos, e não representam nenhum elemento patrimonial de bem, direito, obrigação
ou patrimônio líquido. São utilizadas apenas para o segundo relatório básico, que é a
Demonstração do Resultado, conteúdo a ser estudado posteriormente.

Natureza dos Saldos das Contas


Todas as contas, sejam elas Patrimoniais – como as do Ativo, Passivo, Patrimônio
Líquido, ou contas de Resultado – como as Receitas e as Despesas, possuem
como característica o saldo da conta. Podem ter saldo Devedor ou Credor. Mas
como saber qual é o saldo de cada conta?

Para não se fazer confusão quanto ao saldo de cada conta, é preciso conhecer muito
bem a posição de cada uma. Veja o esquema abaixo e aprimore seus conhecimentos:

Quadro 4.3 – Natureza dos saldos das contas

Ativo Passivo + Patrimônio Líquido


Contas Patrimoniais Representam Bens + Direitos Representam Obrigações com
Terceiros e Próprias
Contas de Resultado DESPESAS RECEITAS
Natureza do Saldo Contas classificadas do Contas classificadas do lado
lado esquerdo possuem a direito possuem a natureza do
natureza do saldo DEVEDOR saldo CREDOR

Fonte: Elaborado pelo autor.

Atenção: Lembre-se de que estamos falando da natureza do saldo de cada conta.


Não confunda com lançamentos ou registro de contas.

•• Débito de uma conta – situação de dívida de responsabilidade da


conta. As contas que representam bens, direitos, despesas e custos
têm saldo Devedor.
•• Crédito de uma conta – situação de direito de haver da conta. As
contas que representam obrigações (PE), Patrimônio Líquido (PL) e
Receitas têm saldo Credor.

57
Capítulo 4

•• Saldo de uma conta – representa a diferença entre o valor do débito


e do crédito. O saldo pode ser devedor, credor ou nulo.
· Devedor – quando o valor do débito for superior ao do crédito
(D > C).
· Credor - quando o valor do crédito for superior ao do débito
(D < C).
· Nulo – quando o valor do débito for igual ao do crédito
(D = C).

Não devemos confundir débito de uma conta com débito da empresa. Ao passo
que o primeiro representa uma dívida da conta, o segundo representa uma dívida
da empresa (Passivo Exigível).

Observe o esquema a seguir:

Figura 4.1 – Fluxograma financeiro

Fonte: Ferrari, 2003, p. 166

Ferrari (2003, p. 166) conclui sobre a situação das contas:

1. As contas do PASSIVO EXIGÍVEL representam os CREDORES


da empresa. Assim, estão em situação de crédito, ou seja, são
CREDORAS.
2. Os bens e direitos da empresa encontram-se no ATIVO. Assim,
as contas do ATIVO estão em DÉBITO com a empresa, isto é, são
DEVEDORAS.
3. Considerando a equação patrimonial A = P + PL, observamos
que as contas do PL são CREDORAS, pois o total de devedores
(Ativo) sempre será igual ao total de credores (Passivo Exigível +
Patrimônio Líquido).
4. Visto que as CONTAS RETIFICADORAS DO ATIVO são negativas
em relação a esse, tais contas são CREDORAS.

58
Contabilidade

5. Como as CONTAS RETIFICADORAS DO PASSIVO EXIGÍVEL e


PATRIMÔNIO LÍQUIDO são negativas em relação a esses, tais
contas são DEVEDORAS.
6. As RECEITAS aumentam o Patrimônio Líquido. Assim, têm a
mesma natureza deste, isto é, são CREDORAS.
7. As DESPESAS são opostas às receitas, isto é, são DEVEDORAS.

Resumo geral:

CONTAS DEVEDORAS

• Contas do Ativo;

• Contas de Despesas;

• Contas Retificadoras do Passivo Exigível e Patrimônio Líquido.

CONTAS CREDORAS

• Contas do Passivo Exigível e Patrimônio Líquido;

• Contas de Receitas;

• Contas Retificadoras do Ativo.

Mecanismo do Débito e do Crédito


Todas as contas existentes nas organizações, sejam contas Patrimoniais ou de
Resultado, são movimentadas em função dos fatos contábeis e, de acordo com
esses fatos, as contas recebem valores de saldo credor ou devedor, dependendo
da natureza da conta e do fato que acontecer.

As contas de Ativo, por terem saldo devedor, são aumentadas de valor por débito
e diminuídas por créditos.

Recebimento de duplicatas a receber, emitidas pela Cia. Permutas & Trocas


S/A, no valor de R$ 300,00 em dinheiro; entra dinheiro no Caixa, dessa forma, o
caixa aumenta, logo, deverá ser debitada; e o valor de Duplicatas a Receber é
diminuído pela quitação do título, logo, a respectiva conta será creditada.

59
Capítulo 4

Quadro 4.4 – Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A. (exemplo 12)

Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A.

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Bens Exigível

Caixa ................................... 1.000,00

Direitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber ............ 1.300,00 Capital Social ................. 2.300,00

Total 2.300,00 Total 2.300,00

Lançamento contábil do Fato 1:

Débito = Caixa

Crédito = Duplicatas a Receber ................... R$ 300,00

Razonetes ou conta T:

Caixa Duplicatas a Receber

(Saldo) 1.000,00 (Saldo)


1.300,00
(1) 300,00 300,00 (1)

1.300,00 1.000,00

Observe que a conta Caixa aumentou (ocorreu um débito), e que a conta


Duplicatas a Receber diminuiu (ocorreu um crédito). Verifique a nova situação
patrimonial após o Fato 1.

Tabela 4.3 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A - Fato 1

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Bens Exigível

Caixa ................................... 1.300,00

Direitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber ............ 1.000,00 Capital Social ................. 2.300,00

Total 2.300,00 Total 2.300,00

60
Contabilidade

As contas de Passivo Exigível e do Patrimônio Líquido, por apresentarem saldo


credor, são aumentadas de valor por crédito e diminuídas por débito.

1ª) Os sócios da Cia. Permutas & Trocas S/A resolveram aumentar o Capital Social da
Cia. com uma integralização de capital no valor de R$ 3.500,00 em dinheiro: a conta
Caixa deve ser debitada, pois é conta do Ativo e foi aumentada. A conta Capital
Social deve ser creditada, pois é conta de Patrimônio líquido e foi aumentada.

Lançamento contábil do Fato 2:


Débito = Caixa
Crédito = Capital Social ................... R$ 3.500,00

Razonetes ou conta T:

Caixa Capital Social

(Saldo)1.000,00 2.300,00 (Saldo)

(1) 300,00 3.500,00 (2)

(2) 3.500,00

(Saldo) 4.800,00 5.800,00 (Saldo)

Observe que a conta Caixa aumentou (ocorreu um débito), e que a conta Capital
Social aumentou (ocorreu um crédito). Verifique a nova situação patrimonial após
o Fato 2

Tabela 4.4 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A - Fato 2

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Bens Exigível

Caixa ................................... 4.800,00

Direitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber ............ 1.000,00 Capital Social ................. 5.800,00

Total 5.800,00 Total 5.800,00

2ª) A Cia. Permutas & Trocas S/A compra mercadoria a prazo no valor de R$ 2.500,00:
a Conta Mercadorias deve ser criada e debitada, pois é conta de Ativo e foi
aumentada; a conta Fornecedores deve ser criada e creditada, pois é conta de
Passivo Exigível e foi aumentada

61
Capítulo 4

Lançamento contábil do Fato 3:


Débito = Mercadorias
Crédito = Fornecedores ................... R$ 2.500,00

razonete ou conta T

Mercadorias Fornecedores

(3)2.500,00 2.500,00 (3)

(Saldo) 2.500,00 2.500,00 (Saldo)

Observe que a conta Mercadorias aumentou, sendo conta de Ativo (ocorreu um


débito); e que a conta Fornecedores aumentou, pois é conta do Passivo Exigível
(ocorreu um crédito). Verifique a nova situação patrimonial após o Fato 3.

Tabela 4.5 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A - Fato 3

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Bens Exigível

Caixa ................................... 4.800,00 Fornecedores ..................... 2.500,00

Mercadorias ........................ 2.500,00

Direitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber ............ 1.000,00 Capital Social ................. 5.800,00

Total 8.300,00 Total 8.300,00

3ª) A Cia. Permutas & Trocas S/A efetuou pagamento de fornecedores em dinheiro
relativo à compra de mercadoria a prazo no valor de R$ 2.500,00: a Conta Caixa
deve ser creditada, pois é conta de Ativo e foi diminuída; a conta Fornecedores
deve ser debitada, pois é conta de Passivo Exigível e foi diminuída.

Lançamento contábil do Fato 4:


Débito = Fornecedores
Crédito = Caixa .......................... R$ 2.500,00

62
Contabilidade

Razonetes ou conta T

Caixa Fornecedores

(Saldo) 1.000,00

(1) 300,00 2.500,00 (3)

(2) 3.500,00

(Saldo) 4.800,00 2.500,00 (4) (4) 2.500,00 2.500,00 (Saldo)

(Saldo) 2.300,00 (Saldo) Zero Zero (Saldo)

Observe que a conta Caixa diminuiu, sendo conta de Ativo (ocorreu um crédito);
e que a conta Fornecedores também diminuiu, pois é conta do Passivo Exigível
(ocorreu um débito). Verifique a nova situação patrimonial após o Fato 4.

Tabela 4.6 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A - Fato 4

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Bens Exigível

Caixa ................................... 2.300,00

Mercadorias ........................ 2.500,00

Direitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber ............ 1.000,00 Capital Social ................. 5.800,00

Total 5.800,00 Total 5.800,00

As contas relativas às Receitas e Despesas, por afetarem diretamente o


Patrimônio Líquido, são, respectivamente, creditadas (porque aumentam o
Patrimônio Líquido) e debitadas (porque diminuem o Patrimônio Líquido).

1ª) A Cia. Permutas & Trocas S/A verificou que ocorreu um atraso no recebimento
de suas Duplicatas a Receber no Fato 1, assim sendo, cobrou e recebeu de seu
cliente R$ 30,00 em dinheiro relativos a Juros de Mora por atraso no pagamento.
Credita-se a Conta de Receita Financeira porque a receita aumentou o Patrimônio
Líquido e debita-se a conta Caixa pelo recebimento do dinheiro e o seu aumento.

Lançamento contábil do Fato 5:


Débito = Caixa
Crédito = Receita Financeira .......................... R$ 30,00

63
Capítulo 4

Razonetes ou conta T

Caixa Receita Financeira

(Saldo) 1.000,00 2.500,00 (4) 30,00 (5)

(1) 300,00

(2) 3.500,00

(Saldo) 4.800,00 2.500,00 (4) 30,00 (Saldo)

(Saldo) 2.300,00

(5) 30,00

(Saldo) 2.330,00

Observe que a conta Caixa aumentou, sendo conta de Ativo (ocorreu um débito);
e que na conta Receita Financeira ocorreu aumento, pois, sendo conta de
resultado, afeta diretamente o Patrimônio Líquido na conta Lucros Acumulados
(ocorreu um crédito). Verifique a nova situação patrimonial após o Fato 5.

Tabela 4.7 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A - Fato 5

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Bens Exigível

Caixa ................................... 2.330,00

Mercadorias ........................ 2.500,00

Direitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber ............ 1.000,00 Capital Social ................. 5.800,00

Lucros Acumulados........ 30,00

Total 5.830,00 Total 5.830,00

2ª) A Cia. Permutas & Trocas S/A verificou que ocorreu um atraso no pagamento
de fornecedores no Fato 4. Assim sendo, pagou ao Fornecedor R$ 25,00 em
dinheiro relativos a Juros de Mora, por atraso no pagamento. Debita-se a Conta
de Despesas com Juros porque a incorrência da despesa diminuiu o Patrimônio
Líquido e credita-se a conta Caixa pelo pagamento em dinheiro e a sua diminuição.

Lançamento contábil do Fato 6:


Débito = Despesa com Juros
Crédito = Caixa ................................. R$ 25,00

64
Contabilidade

Razonete ou conta T

Caixa Despesas com Juros

(Saldo) 1.000,00 2.500,00 (4) (6) 25,00

(1) 300,00

(2) 3.500,00

(Saldo) 4.800,00 2.500,00 (4) (Saldo) 25,00

(Saldo) 2.300,00

(5) 30,00 25,00 (6)

(Saldo) 2.305,00

Observe que a conta Caixa diminuiu, sendo conta de Ativo (ocorreu um crédito);
e que na conta Despesas com Juros ocorreu aumento, pois, sendo conta de
resultado, afeta diretamente o Patrimônio Líquido na conta Prejuízos Acumulados
(ocorreu um Débito). Verifique a nova situação patrimonial após o Fato 6.

Tabela 4.8 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A - Fato 6

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Bens Exigível

Caixa ................................... 2.305,00

Mercadorias ........................ 2.500,00

Direitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Duplicatas a receber ............ 1.000,00 Capital Social ................. 5.800,00

Lucros Acumulados........ 30,00

Prejuízos Acumulados (25,00)

Total 5.805,00 Total 5.805,00

Lembre-se de que a conta de Prejuízos Acumulados é uma conta retificadora do


Patrimônio Líquido, portanto, seu saldo tem a natureza Devedora, porém, como é
classificada do lado direito do Balanço Patrimonial, possui seu saldo negativo ou
representado, entre parênteses ( ).

65
Capítulo 4

Quadro 4.5 – Resumo do mecanismo do débito e do crédito.

NATUREZA PARA O SALDO


DAS CONTAS DO SALDO AUMENTAR DIMINUIR
Ativo = Bens e Direitos D D C
Passivo = Obrigações com Terceiros C C D
Patrimônio Líquido C C D
Receitas C C D
Despesas e Custos D D C
Contas Retificadoras do Ativo C C D
Contas Retificadoras do Passivo e Patrimônio D D C
Líquido

Fonte: Neves e Viceconti, 2004, p. 38

Seção 5
Lançamentos Contábeis
Os Lançamentos Contábeis também podem ser denominados de Partidas
Contábeis, pois é mediante o lançamento que se processa a Escrituração Contábil.

Os Fatos Contábeis, ocorridos mediante comprovação e legitimidade da


operação, são registrados por meio dos Lançamentos Contábeis. Para efetuar um
lançamento, devemos seguir alguns passos que, por sua vez, contêm elementos
essenciais. Acompanhe a sequência:

•• local e data;
•• conta(s) debitada(s);
•• conta(s) creditada(s);
•• histórico;
•• valor.

OBS.: Os lançamentos contábeis são realizados à medida que os fatos contábeis


acontecem no dia a dia das empresas e organizações como um todo, pois essa
é uma das finalidades da Contabilidade. É a partir de todos os registros dos fatos
contábeis que podemos apurar o resultado ou a verdadeira situação patrimonial,
uma vez que todos os lançamentos são escriturados no livro Diário, o qual é
formado por todos os fatos contábeis.

66
Contabilidade

Fato – Em 10/01/2006, a Cia. Permutas & Trocas S/A realizou um depósito em


dinheiro em conta corrente bancária no BESC S/A, no valor total de R$ 2.000,00.

Lançamento Contábil:

1º Passo – identificar a data e o local o da operação:


Dia 10/01/2006, em Palhoça (SC);

2º Passo – identificar as contas envolvidas no fato:


Caixa (valor em dinheiro);
Banco (depósito);

3º Passo – identificar a natureza das contas, ou seja, a que grupo pertencem:


Ativo (A); Passivo (P); Patrimônio Líquido (PL); Receita (R); Despesa (D); no caso:
Caixa – Conta do Ativo (A);
Banco – Conta do Ativo (A);

4º Passo – identificar o que o fato provoca sobre os saldos das contas, ou seja,
se o saldo aumentará ou diminuirá; no caso:
Caixa – (A) o saldo diminuirá (-);
Banco – (A) o saldo aumentará (+); e

5º Passo – efetuar o lançamento contábil segundo o método das partidas


dobradas, com a utilização do quadro-resumo do mecanismo do débito e do
crédito, da seguinte forma:
D = (Débito) Banco
C = (Crédito) Caixa ......................... R$ 2.000,00

Razonetes ou conta T:

Caixa Banco c/ Movimento

(3) 2.305,00 2.000,00 (1) (1) 2.000,00

(Saldo) 305,00 (Saldo) 2.000,00

Observe que a conta Caixa diminuiu, sendo conta de Ativo (ocorreu um crédito),
e que na conta Banco c/ Movimento ocorreu aumento, pois é conta do Ativo
(ocorreu um Débito). Verifique a nova situação patrimonial após o Fato.

67
Capítulo 4

Tabela 4.9 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A - Fato 7

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Bens Exigível - Obrigações

Caixa ................................... 305,00

Mercadorias ......................... 2.500,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Direitos

Bancos ................... ............ 2.000,00 Capital Social .................. 5.800,00

Duplicatas a receber ............ 1.000,00 Reserva de Lucros .......... 30,00

Prejuízos Acumulados ..... (25,00)

Total 5.805,00 Total 5.805,00

No exemplo acima, a conta Banco c/ Movimento tem saldo DEVEDOR e sempre


surge uma grande dúvida. Quando depositamos dinheiro no Banco, em nosso
extrato, o lançamento aparece a crédito.

Então, o que fizemos está errado?

Não, porque o controle realizado foi o da Cia. Permutas & Trocas S/A, e quando
verificamos o extrato de nossa conta corrente, esse extrato é do Banco, para
melhor compreender o porquê disso, vamos contabilizar o mesmo fato acima na
instituição bancária.

Nesse caso, o Banco do Povo S/A, que recebeu o depósito, segue passos antes
especificados:

Lançamento Contábil:

1º Passo – identificar a data e local da operação:


Dia 10/01/2006, em Palhoça (SC);

2º Passo – identificar as contas envolvidas no Banco:


Caixa (valor em dinheiro);
Conta Corrente do Cliente (depósito);

3º Passo – identificar a natureza das contas, ou seja, a que grupo pertencem:


Ativo (A); Passivo (P); Patrimônio Líquido (PL); Receita (R); Despesa (D); no caso:
Caixa – Conta do Ativo (A);
Conta Corrente do Cliente – Conta do Passivo Exigível (PE);

68
Contabilidade

4º Passo – identificar o que o fato provoca sobre os saldos das contas, ou seja,
se o saldo aumentará ou diminuirá; no caso:
Caixa – (A) o saldo aumentará (+), o banco recebeu o dinheiro;
Conta Corrente do Cliente - (PE) o seu saldo também aumentará (+), ou seja, as
dívidas do Banco para com o cliente aumentaram; e

5º Passo – efetuar o lançamento contábil segundo o método das partidas


dobradas, com a utilização do quadro-resumo do mecanismo do débito e do
crédito, da seguinte forma:
D = (Débito) Caixa
C = (Crédito) Conta-Corrente Cliente ......... R$ 2.000,00

Razonetes ou conta T: (do Banco do Povo S/A)

Caixa Conta-Corrente Cliente

(2) 2.000,00 2.000,00 (2)

(Saldo) 2.000,00 2.000,00 (Saldo)

Observe que a conta Caixa aumentou, sendo conta de Ativo (ocorreu um débito),
e que na Conta Corrente Cliente ocorreu aumento, pois é conta do Passivo
Exigível (ocorreu um crédito). Verifique a situação patrimonial do Banco do Povo
S/A após o Fato.

Tabela 4.10 - Balanço Patrimonial da Cia. Permutas & Trocas S/A - Fato 8

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Bens Exigível

Caixa ................................... 2.000,00 Conta-Corrente Cliente ............ 2.000,00

Direitos PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Empréstimos a Clientes ........ 100.000,00 Capital Social .................. 100.000,00

Total 102.000,00 Total 102.000,00

Quando você verificar o extrato de conta corrente de qualquer banco, lembre-se


de que os saldos são, respectivamente, dos registros contábeis ou lançamentos
contábeis do banco que, normalmente, é o oposto do que acontece nos registros
das empresas.

69
Capítulo 4

Quadro 4.6 - Quadro Auxiliar para Lançamentos Contábeis

Debita-se Credita-se
Contas (Aplicação de Recursos) (Origens de Recursos)

ðð Por Saída de bens/direitos do Ativo


Patrimônio

ðð Por Entrada de bens/direitos do Ativo


ðð Por Entrada de obrigações no
ðð Por Saída obrigações Passivo/
Passivo/Patrimônio Líquido
Patrimônio Líquido
Resultado

ðð As Despesas (sacrificio de Ativo) ðð As Receitas (vendas, ganhos, etc.)

ðð Reduz o Ativo
ðð Aumenta o Ativo
Efeito

ðð Aumenta Passivo/Patrimônio
ðð Reduz Passivo/Patrimônio Líquido
Líquido

Seção 6
Quais são as Fórmulas dos Lançamentos
Contábeis
Existem quatro fórmulas para os registros dos fatos contábeis de lançamentos no
livro diário. Por uma questão prática, não indicaremos, nos lançamentos, o local,
a data e o histórico. Observe os exemplos abaixo:

1ª fórmula: simples, uma conta debitada e uma conta creditada.


Aquisição de um veículo à vista no valor de R$ 18.500,00.
Lançamento ou Contabilização:
D – Veículo
C – Caixa .................................................... R$ 18.500,00
2ª fórmula: composta, uma conta debitada e mais de uma conta creditada.
Aquisição de um veículo no valor de R$ 18.500,00, com pagamento de 40% à
vista e o restante a prazo.
Lançamento ou Contabilização:
D – Veículo .............................................. R$ 18.500,00
C – Caixa (40%) ...................................... R$ 7.400,00
C – Títulos a Pagar (60%) ....................... R$ 11.100,00

70
Contabilidade

3ª fórmula: composta, mais de uma conta debitada e uma conta creditada.


Venda de um veículo no valor de R$ 18.500,00, sendo entrada de 80% à vista e o
restante a prazo.
Lançamento ou Contabilização:
D – Caixa (80%) ........................................ R$ 14.800,00
D – Títulos a Receber (20%) ..................... R$ 3.700,00
C – Veículo ................................................ R$ 18.500,00

4ª fórmula: composta, mais de uma conta debitada e mais de uma conta creditada.
Compra de um veículo no valor de R$ 18.500,00 e Mercadorias para revenda (estoque)
no valor de R$ 30.000,00, sendo entrada de 40% à vista e o restante a prazo.

Lançamento ou Contabilização:
D – Veículo ................................................. R$ 18.500,00
D – Estoque de Mercadorias ..................... R$ 30.000,00
C – Caixa (40%) ......................................... R$ 19.400,00
C – Títulos a Pagar (60%) .......................... R$ 29.100,00

A maioria dos livros didáticos utiliza este sistema de lançamento, como


demonstramos acima, conhecido como sistema Mecanizado. E é assim que
será desenvolvida a parte prática dos lançamentos durante o transcorrer desta
unidade de aprendizagem. Porém, não podemos deixar de apresentar o sistema
Manual, que é um pouco diferente, pois se você consultar algum livro sobre
Contabilidade, ou até mesmo analisar uma contabilidade, poderá encontrar
a escrituração realizada dessa maneira. Portanto, repito, serão apresentados
os mesmos exemplos de outra forma de lançamento, com o único objetivo de
exemplificar o sistema Manual. Volto a lembrar que não utilizaremos esse modelo,
e sim, o sistema Mecanizado.

Sobre o sistema Manual, Ferrari (2003, p. 244) afirma que:

No lançamento pela escrituração manual, utiliza-se a palavra DIVERSOS


como indicação de que há mais de uma conta creditada ou mais de uma
conta debitada. No caso do lançamento de 2ª fórmula, a palavra DIVERSOS
vem precedida da partícula “a”, representando, assim, as contas creditadas.
No caso do lançamento de 3ª fórmula, veremos a seguir, a referida palavra
inicia o lançamento sem a partícula “a”, representando as contas debitadas.
No lançamento manual de 4ª fórmula, a palavra DIVERSOS aparece duas
vezes: a primeira, sem a partícula “a”, representando as contas debitadas, e a
segunda, com a partícula “a”, representa as contas creditadas. Na escrituração
maquinizada, mecanizada ou informatizada, não se utiliza tal palavra.

71
Capítulo 4

1ª fórmula: simples, uma conta debitada e uma conta creditada.

Aquisição de um veículo à vista no valor de R$ 18.500,00.

Lançamento ou Contabilização:
Veículos
a Caixa ................................. R$ 18.500,00

2ª fórmula: composta, uma conta debitada e mais de uma conta creditada.

Aquisição de um veículo no valor de R$ 18.500,00, com pagamento de 40% à


vista e o restante a prazo.

Lançamento ou Contabilização:

Veículos
a Diversos
a Caixa (40%) ................................... R$ 7.400,00
a Títulos a Pagar (60%) .................... R$ 11.100,00 R$ 18.500,00

3ª fórmula: composta, mais de uma conta debitada e uma conta creditada.


Venda de um veículo no valor de R$ 18.500,00, sendo entrada de 80% à vista e o
restante, a prazo.
Lançamento ou Contabilização:
Diversos
a Veículo
Caixa (80%) ............................... R$ 14.800,00
Títulos a Receber (20%) ............ R$ 3.700,00 R$ 18.500,00

4ª fórmula: composta, mais de uma conta debitada e mais de uma conta creditada.

Compra de um veículo no valor de R$ 18.500,00 e Mercadorias para revenda (estoque)


no valor de R$ 30.000,00, sendo entrada de 40% à vista e o restante a prazo.

Lançamento ou Contabilização:
Diversos
a Diversos
Veículo ............................................ R$ 18.500,00
Estoque de Mercadorias ................ R$ 30.000,00
a Caixa (40%) ................................. R$ 19.400,00
a Títulos a Pagar (60%) .................. R$ 29.100,00 R$ 48.500,00

72
Contabilidade

OBS.: Repetindo mais uma vez: Não utilizaremos o sistema Manual, e sim, o
sistema Mecanizado, apresentado anteriormente.

Quadro 4.7 – Resumo das fórmulas

Fórmula Definição Síntese Exemplo

É a fórmula na qual é Aquisição de um veículo à


utilizado um lançamento 1 débito em uma vista.
1ª a débito numa conta e conta e 1 crédito em
D - Veículo
um lançamento a crédito outra conta.
em outra conta contábil. C - Caixa

É a fórmula na qual é Aquisição de um veículo com


utilizado um lançamento 1 débito em uma pagamento de 40% à vista.
a débito numa conta conta e mais do que
2ª D - Veículo
e mais do que um 1 crédito em outras
C - Caixa (40%)
lançamento a crédito em contas.
outras contas contábeis. C - Títulos a Pagar (60%)

É a fórmula na qual Venda de um veículo com


são utilizados diversos recebimento de 80% à vista.
Diversos débitos e 1
3ª lançamentos a débito e D - Caixa (80%)
crédito.
apenas um lançamento a D - Títulos a Receber (20%)
crédito. C - Veículos

Aquisição de um veículo e
estoque de mercadorias com
É a fórmula na qual
entrada de 40% à vista.
são utilizados diversos
Diversos débitos e D - Veículos
4ª lançamentos a débito
diversos créditos
e também diversos D - Estoque de Mercadorias
lançamentos a crédito. C - Caixa (40%)
C - Títulos a Pagar (60%)

Espera-se que, após uma leitura reflexiva deste capítulo, você tenha assimilado
como se processa o mecanismo das Partidas Dobradas, domine a Teoria das
Contas em Contabilidade, identifique com facilidade a Natureza dos saldos das
contas e consiga registrar as operações contábeis utilizando-se do mecanismo do
Débito e do Crédito.

73
Capítulo 5

Registros contábeis
José Marcos Tesch e Ruy Geraldo dos Reis Costa

Seção 1
Contabilidade por meio de Balanços Sucessivos
Para que haja um efetivo entendimento e domínio da classificação contábil, é
preciso que o estudante conheça bem onde e como classificar as contas no Ativo
(bens e direitos); no Passivo (obrigações com terceiros); no Patrimônio Líquido
(obrigações próprias) e no Resultado (despesas e receitas).

Acreditamos que você já esteja apto a realizar escrituração contábil ou registro


contábil a partir da interpretação dos fatos contábeis. Assim, para fins didáticos,
você vai desenvolver os lançamentos contábeis ou registros contábeis, aplicando
Contabilidade por meio de Balanços Sucessivos.

Balanços Sucessivos
Balanços sucessivos são a sequência de balanços de determinado período, que
têm a finalidade de registrar fatos contábeis para proceder à análise comparativa
da evolução ou modificação patrimonial.

Sob o ponto de vista contábil, a análise comparativa se presta para determinar


as várias mutações, alterações e modificações do patrimônio de determinada
entidade, devendo-se estabelecer um ponto de partida para as comparações, e
tornando esse ponto como ideal, ou padrão. Assim, sucessivamente, fazem-se
comparativos, quadro a quadro, dos diversos grupos patrimoniais.

75
Capítulo 5

Eficiência da Contabilidade por Balanços Sucessivos


A Contabilidade por Balanços Sucessivos é bastante simples. A cada operação
realizada pela empresa ou interpretação de um fato contábil, registra-se a
operação. Isso gera um novo Balanço a cada fato contábil registrado. Também
é muito fácil verificar as modificações, constatando a evolução patrimonial no
balanço ou, ainda, verificando se estão corretos.

Lembre-se:

O total do lado Ativo deverá sempre ser igual ao total do lado do Passivo + o
Patrimônio Líquido no balanço.

O total do valor das operações inseridas no balanço no lado do Ativo é igual ao


do lado do Passivo + Patrimônio Líquido.

Regra geral

•• Todo aumento do Ativo (D = Débito no lado esquerdo do balanço).


•• Toda diminuição do Ativo (C = Crédito no lado esquerdo do balanço).
•• A contrapartida do Ativo para o Passivo + Patrimônio Líquido.
•• Todo aumento do Passivo ou Patrimônio Líquido (C = Crédito no
lado direito do balanço).
•• Toda diminuição do Passivo ou Patrimônio Líquido (D = Débito no
lado direito do balanço).

Quadro 5.1 – Resumo Geral 1

ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Toda vez que aumenta D = Débito Toda vez que aumenta C = Crédito

Toda vez que diminui C = Crédito Toda vez que diminui D = Débito

O total do lado esquerdo deverá ser igual O total do lado direito deverá ser igual ao
ao total do lado direito total do lado esquerdo

Equação do Equilíbrio Patrimonial Equação do Equilíbrio Patrimonial

Desenvolvendo Contabilidade por meio de Balanços Sucessivos


Toda escrituração contábil de qualquer empresa ou entidade inicia, normalmente,
com os registros dos fatos contábeis e a promessa de integralização do capital
dos sócios ou acionistas, que é formalizada por meio do documento próprio de
Contrato Social (empresas Ltda.) ou Estatuto Social (Sociedades Anônimas).

76
Contabilidade

Esses documentos, que são formalidades obrigatórias na constituição das


empresas e companhias, possuem como parte integrante uma cláusula referente
ao valor do capital a ser integralizado (quanto se pretende colocar de capital na
empresa em formação). Tal cláusula corresponde ao compromisso assumido
pelos sócios ou acionistas, pois assim subscrevem o contrato ou estatuto.

Dessa forma, o montante de capital (pode ser dinheiro ou bens) assumido por
todos os sócios ou acionistas da empresa ou companhia denomina-se de Capital
Subscrito (capital prometido).

A partir do primeiro registro contábil, a empresa fará quantos registros forem


necessários, com a finalidade de demonstrar a evolução patrimonial da empresa
ou companhia, à medida que os acontecimentos são realizados. Vamos, a seguir,
realizar registros contábeis por meio de Balanços Sucessivos.

Fato 1 – Os sócios da Cia. Permutas & Trocas S/A se comprometem a integralizar


capital no valor de R$ 800.000,00 (em dinheiro ou bens):

Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

Tabela 5.1 – Raciocínio do Balanço nº1

Contas Débito Crédito

D = Capital a integralizar (conta retificadora do PL) 800.000,00

C = Capital subscrito 800.000,00

Tabela 5.2 - Balanço Sucessivo nº 1 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Balanço Sucessivo no 1 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo Passivo e PL

Bens Obrigações Próprias

Capital Subscrito C 800.000,00

Direitos Capital a integralizar D (800.000,00)

Total Ativo 0 Total Passivo 0

Observe que, neste primeiro lançamento, a situação do Balanço Patrimonial


continua sendo zero, porém, demonstra a intenção da promessa de integralização
de capital dos sócios ou acionistas.

Normalmente, em exemplos didáticos, não se realiza este lançamento: vai-se


direto ao que será apresentado como segundo fato. Nos próximos exemplos,
para simplificar, também não se fará este lançamento.

77
Capítulo 5

Fato 2 – Os sócios da Cia. Permutas & Trocas S/A integralizam 70% do capital
subscrito em dinheiro e o restante com um imóvel que será a sede da empresa.

Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

Tabela 5.3 - Raciocínio do Balanço nº 2

Contas Débito Crédito

D = Caixa (Toda vez que aumenta o Ativo = Débito) 560.000,00

D = Imóvel (Toda vez que aumenta o Ativo = Débito) 240.000,00

C = Capital Social (Toda vez que aumenta o PL = Crédito) 800.000,00

Tabela 5.4 - Balanço Sucessivo nº 2 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo (Aplicação) Passivo e PL (Origem)

Bens

Dinheiro D 560.000,00

Imóveis D 240.000,00 Obrigações Próprias

Direito Capital Social C 800.000,00

Total Ativo D 800.000,00 Total Passivo C 800.000,00

Nesta operação ocorreu um aumento do PL (que era zero) e um aumento do Ativo.

O “Ativo” são Aplicações de Recursos, e o “Passivo e o PL” são Origens de


Recursos. Observe que as Aplicações serão sempre iguais às Origens, uma
vez que a empresa não pode aplicar aquilo que não possui. Para ilustração dos
Balanços Sucessivos neste exemplo, será colocada a nomenclatura acima, mas,
nos demais exemplos e exercícios que irão ser desenvolvidos, não se utilizará
essa nomenclatura. Porém, lembre-se deste mecanismo de Aplicações e Origens
de Recursos.

Fato 3 – A Cia. Permutas & Trocas S/A transfere R$ 550.000,00 da conta Caixa
para uma conta no Banco do Povo, na conta corrente da Cia.

Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

Tabela 5.5 - Raciocínio do Balanço nº 3

Contas Débito Crédito

D = Banco c/ Movimento (Toda vez que aumenta o Ativo = Débito) 550.000,00

C = Caixa (Toda vez que diminui o Ativo = Crédito) 550.000,00

78
Contabilidade

Tabela 5.6 - Balanço Sucessivo nº 3 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo + Passivo –

Bens Exigível - Obrigações

Caixa 10.000,00

Imóveis 240.000,00

Direitos Patrimônio Líquido

Bancos 550.000,00 Capital 800.000,00

Total 800.000,00 Total 800.000,00

Nessa operação ocorreu um aumento do Ativo na conta Banco (pela transferência


do dinheiro) e, ao mesmo tempo, uma diminuição do Ativo na conta Caixa.

Fato 4 – A Cia. Permutas & Trocas S/A compra um veículo pagando à vista com
dinheiro da conta Banco no valor de R$ 60.000,00.
Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

Tabela 5.7 - Raciocínio do Balanço nº 4

Contas Débito Crédito


D = Veículo (Toda vez que aumenta o Ativo = Débito) 60.000,00
C = Banco (Toda vez que diminui o Ativo = Crédito) 60.000,00

Tabela 5.8 - Balanço Sucessivo nº 4 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo + Passivo –

Bens Exigível - Obrigações

Caixa 10.000,00

Veículos 60.000,00

Imóveis 240.000,00

Direitos Patrimônio Líquido

Bancos 490.000,00 Capital 800.000,00

Total 800.000,00 Total 800.000,00

Nesta operação ocorreu um aumento do Ativo na conta Veículo (pela compra do


veículo em dinheiro) e, ao mesmo tempo, uma diminuição do Ativo na conta Banco.

79
Capítulo 5

Fato 5 – A Cia. Permutas & Trocas S/A adquiriu móveis e utensílios (mesas, cadeiras,
escrivaninhas, estantes, sofás etc.) no valor de R$ 20.000,00, sendo seu pagamento
efetuado com uma entrada, por meio da conta Caixa, no Valor de R$ 4.000,00 e o
restante a prazo.

Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

Tabela 5.9 - Raciocínio do Balanço nº 5

Contas Débito Crédito

D = Móveis e Utensílios (Toda vez que aumenta o


20.000,00
Ativo = Débito)

C = Caixa (Toda vez que diminui o Ativo = Crédito) 4.000,00

C = Títulos a Pagar (Toda vez que aumenta o


16.000,00
Passivo = Crédito)

Tabela 5.10 - Balanço Sucessivo nº 5 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo + Passivo –

Bens Exigível - Obrigações

Caixa 6.000,00 Títulos a Pagar 16.000,00

Móveis e Utensílios 20.000,00

Veículos 60.000,00

Imóveis 240.000,00

Direitos Patrimônio Líquido

Bancos 490.000,00 Capital 800.000,00

Total 816.000,00 Total 816.000,00

Nessa operação ocorreu uma diminuição do Ativo na conta Caixa (pela entrada
na compra dos móveis e utensílios) e, ao mesmo tempo, um aumento do Ativo
na conta Móveis de Utensílios (pelas entradas dos Móveis e Utensílios) e um
aumento do Passivo (pela obrigação da compra a prazo).

Fato 6 – A Cia. Permutas & Trocas S/A compra mercadorias para revenda no valor
de R$ 200.000,00, sendo seu pagamento com uma entrada de 25% por meio da
conta Banco e o restante a prazo de 30, 60 e 90 dias para pagamento.

Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

80
Contabilidade

Tabela 5.11 - Raciocínio do Balanço nº 6

Contas Débito Crédito

D = Mercadorias (Toda vez que aumenta o Ativo = Débito) 200.000,00

C = Banco (Toda vez que diminui o Ativo = Crédito) 50.000,00

C = Fornecedores (Toda vez que aumenta o Passivo = Crédito) 150.000,00

Tabela 5.12 - Balanço Sucessivo nº 6 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo + Passivo –

Bens Exigível - Obrigações

Caixa 6.000,00 Títulos a Pagar 16.000,00

Mercadorias 200.000,00 Fornecedores 150.000,00

Móveis e Utensílios 20.000,00

Veículos 60.000,00

Imóveis 240.000,00

Direitos Patrimônio Líquido

Bancos 440.000,00 Capital 800.000,00

Total 966.000,00 Total 966.000,00

Nessa operação ocorreu uma diminuição do Ativo na conta Banco (pela entrada
na compra das Mercadorias) e, ao mesmo tempo, um aumento do Ativo na conta
de Mercadorias (pela entrada das Mercadorias) e um aumento do Passivo (pela
obrigação da compra a prazo na conta Fornecedores).

Fato 7 – A Cia. Permutas & Trocas S/A resolveu comprar um computador no valor
de R$ 2.600,00 à vista por meio da conta Banco.

Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

Tabela 5.13 - Raciocínio do Balanço nº 7

Contas Débito Crédito

D = Computador (Toda vez que aumenta o Ativo = Débito) 2.600,00

C = Banco (Toda vez que diminui o Ativo = Crédito) 2.600,00

81
Capítulo 5

Tabela 5.14 - Balanço Sucessivo nº 7 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo + Passivo –

Bens Exigível - Obrigações

Caixa 6.000,00 Títulos a Pagar 16.000,00

Mercadorias 200.000,00 Fornecedores 150.000,00

Móveis e Utensílios 20.000,00

Veículos 60.000,00

Imóveis 240.000,00

Computador 2.600,00

Direitos Patrimônio Líquido

Bancos 437.400,00 Capital 800.000,00

Total 966.000,00 Total 966.000,00

Nessa operação ocorreu uma diminuição do Ativo na conta Banco (pela compra
do Computador) e, ao mesmo tempo, um aumento do Ativo na conta Computador
(pela entrada do mesmo).

Atenção

Até o lançamento n°. 7, trabalhamos somente contas Patrimoniais, essas são as


do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.

A partir do lançamento n°. 8, vamos trabalhar também com as contas de Resultado


que representam as Despesas e as Receitas, e o mecanismo que iremos adotar
será o de relacionar diretamente no Patrimônio Líquido nas Contas de Lucros
acumulados ou Prejuízos Acumulados para verificarmos a variação patrimonial.

Quadro 5.2 – Resumo geral 2

Contas Ativo Passivo + Patrimônio Líquido

Toda vez que aumenta D = Débito Toda vez que aumenta C = Crédito
Patrimoniais

Toda vez que diminui C = Crédito Toda vez que diminui D = Débito
Efeito Resultado

Despesas Receitas

São sempre debitadas = D São sempre creditadas = C

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

82
Contabilidade

Fato 8 - A Cia. Permutas & Trocas S/A vende mercadorias no valor de R$


140.000,00 (Receita), sendo seu pagamento efetuado com uma entrada de 25%
do valor por meio de depósito bancário, e o restante do pagamento efetuado a
prazo de 30, 60 e 90 dias. Outra informação importante é que as mercadorias
vendidas custaram R$ 85.000,00 (Custo).

Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

Tabela 5.15 - 1ª Parte dos Lançamentos relacionados com a venda

Contas Débito Crédito

D = Banco (Toda vez que aumenta o Ativo = Débito) -


35.000,00
Patrimônio

D = Clientes (Toda vez que aumenta o Ativo = Débito) -


105.000,00
Patrimônio

C = Receita de Vendas (Todas as Receitas são Creditadas) -


140.000,00
Resultado

Observe que, nesta 1ª parte do lançamento, ocorreram dois débitos em contas


Patrimoniais e um crédito em conta de Resultado.

Tabela 5.16 - 2ª Parte dos Lançamentos: relacionados com o custo das mercadorias

Contas Débito Crédito

D = CMV (Todas as Despesas são sempre Debitadas) -


85.000,00
Resultado

C = Mercadorias (Toda vez que diminui o Ativo = Crédito) -


85.000,00
Patrimônio

Observe que, nesta 2ª parte do lançamento, ocorreu um lançamento referente ao


custo das mercadorias que foram vendidas.

Como vendemos as mercadorias que estavam em nosso estoque no Balanço,


temos que diminuir o valor referente ao custo das mercadorias vendidas (CMV) e,
ao mesmo tempo, confrontar a Receita e a Despesa e contabilizar o Resultado.

Tabela 5.17 - 3ª Parte dos Lançamentos: Apurar o Resultado

Contas Valor

+ Receita com venda das Mercadorias 140.000,00

- Despesa com CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) (85.000,00)

= Resultado que é Lucro (porque a Receita é maior que a Despesa) 55.000,00

83
Capítulo 5

Tabela 5.18 - Balanço Sucessivo nº 8 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo + Passivo –
Bens Exigível - Obrigações
Caixa 6.000,00 Títulos a Pagar 16.000,00
Mercadorias 115.000,00 Fornecedores 150.000,00
Móveis e Utensílios 20.000,00
Veículos 60.000,00
Imóveis 240.000,00 Patrimônio Líquido
Computador 2.600,00 Capital 800.000,00
Direitos Reserva de Lucros (1)

Bancos 472.400,00 Receitas 140.000,00


Clientes 105.000,00 (–) CMV (2) (85.000,00) 55.000,00 (3)
Total 1.021.000,00 Total 1.021.000,00

(1) Lucro do Exercício

(2) CMV - Custo das Mercadorias Vendidas

(3) Saldo da Reserva de Lucros

Nessa operação, ocorreu um aumento do Ativo na conta Banco (pela venda das
Mercadorias e a entrada por meio de depósito bancário) e na conta Cliente (pela
parte da venda a prazo).

Ao mesmo tempo, ocorreu uma diminuição do Ativo na conta Mercadorias (pela


saída das mercadorias) e um aumento do Patrimônio Líquido na conta Lucros
Acumulados (pelo lucro apurado na venda das mercadorias).

Fato 9 – A Cia. Permutas & Trocas S/A contratou, durante o mês, 2 funcionários e,
como estamos no último dia do mês em curso, resolveu contabilizar as Despesas
com salários dos funcionários, sabendo que cada um vai receber no 5° dia útil do
mês seguinte o valor de R$ 1.200,00.

Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

Tabela 5.19 – 1º Parte dos Lançamentos: Chamamos de Provisão das Despesas

Contas Débito Crédito

D = Despesa com Salários (Todas as Despesas são Débitos) -


2.400,00
Resultado

C = Salários a Pagar (Toda vez que aumenta o Passivo =


2.400,00
Crédito) - Patrimônio

84
Contabilidade

Observe que, nesta 1ª parte do lançamento, tivemos uma conta de resultado, a


despesa, e uma conta de patrimônio, que é a obrigação dos salários a pagar.

Tabela 5.20 – 2º Parte dos Lançamentos: Apurar o Resultado

Contas Valor

+ Receita (não temos) 0

- Despesa com Salários (2.400,00)

= Resultado que é Prejuízo (porque a Despesa é maior que a Receita) 2.400,00

Observe que a contabilização das contas de Resultado é sempre realizada no


Patrimônio Líquido nas contas de Lucros Acumulados ou Prejuízos Acumulados.

Tabela 5.21 - Balanço Sucessivo nº 9 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo + Passivo –

Bens Exigível - Obrigações

Caixa 6.000,00 Títulos a Pagar 16.000,00

Mercadorias 115.000,00 Fornecedores 150.000,00

Móveis e Utensílios 20.000,00 Salários a Pagar 2.400,00

Veículos 60.000,00

Imóveis 240.000,00

Computador 2.600,00 Patrimônio Líquido

Capital 800.000,00

Reserva de Lucros (1)

Direitos Receitas 140.000,00

Bancos 472.400,00 (–) CMV (3) (85.000,00)

Clientes 105.000,00 (–) Desp.de Salários (2) (2.400,00) 52.600,00 (4)

Total 1.021.000,00 Total 1.021.000,00

(1) Lucro do Exercício


(2) Despesas Operacionais
(3) CMV - Custo das Mercadorias Vendidas
(4) Saldo da Reserva de Lucros

Fato 10 - A Cia. Permutas & Trocas S/A recebeu uma parcela do pagamento de
seu cliente no valor de R$ 35.000,00, por meio de cobrança bancária.

85
Capítulo 5

Observe o raciocínio do lançamento no Balanço.

Tabela 5.22 – Raciocínio do Balanço nº 10

Contas Débito Crédito

D = Banco (Toda vez que aumenta o Ativo = Débito) -


35.000,00
Patrimônio

D = Clientes (Toda vez que aumenta o Ativo = Crédito) -


35.000,00
Patrimônio

Tabela 5.23 - Balanço Sucessivo nº 10 da Cia. Permutas & Trocas S/A

Ativo + Passivo –

Bens Exigível - Obrigações

Caixa 6.000,00 Títulos a Pagar 16.000,00

Mercadorias 115.000,00 Fornecedores 150.000,00

Móveis e Utensílios 20.000,00 Salários a Pagar 2.400,00

Veículos 60.000,00

Imóveis 240.000,00 Patrimônio Líquido

Computador 2.600,00 Capital 800.000,00

Reserva de Lucros (1)

Direitos Receitas 140.000,00

Bancos 507.400,00 (–) CMV (3) (85.000,00)

Clientes 70.000,00 (–) Desp. de Salários (2) (2.400,00) 52.600,00 (4)

Total 1.021.000,00 Total 1.021.000,00

(1) Lucro do Exercício


(2) Despesas Operacionais
(3) CMV - Custo das Mercadorias Vendidas
(4) Saldo da Reserva de Lucros

Conclusão
Como foi dito no início desta seção, será efetuado um controle individual por
conta, registrando-se os aumentos e as diminuições em cada conta isoladamente
e, no final de um período qualquer, – nas empresas, normalmente, 1 ano –,
todas as contas seriam relacionadas de forma ordenada no Balanço Patrimonial,
demonstrando a situação Patrimonial da empresa.

86
Contabilidade

Outro fator importante é saber a ordem das contas em cada grupo, como a do
Ativo, Passivo e do Patrimônio Líquido, pois será apresentada, na seção 2, a
introdução ao Plano de Contas.

Exercitando Contabilidade por meio de Balanços Sucessivos


Agora que já foi exemplificado com bastante detalhes como funciona o
desenvolvimento da Contabilidade por meio dos Balanços Sucessivos, é hora de
exercitar. Mas com um grau de simplificação que será o modelo o qual se adotará
nos exercícios posteriores.
Vale ter em mente o seguinte: os detalhes informados anteriormente, que
deixarão de aparecer, devem ser lembrados no raciocínio para a formalização dos
lançamentos. E outra dica importante é lembrar e saber muito bem o Resumo
Geral 1 e o Resumo Geral 2.

Quadro 5.3 - Resumo Geral

Ativo Passivo + Patrimônio Líquido

Toda vez que aumenta D = Débito Toda vez que aumenta C = Crédito

Toda vez que diminui C = Crédito Toda vez que diminui D = Débito
O total do lado esquerdo deverá O total do lado direito deverá ser
ser igual ao total do lado direito igual ao total do lado esquerdo
Equação do Equilíbrio Patrimonial Equação do Equilíbrio Patrimonial
Fonte: Elaborado pelo autor, 2017

Quadro 5.4 - Resumo Geral 2

Contas Ativo Passivo + Patrimônio Líquido


Toda vez que aumenta D = Débito Toda vez que aumenta C = Crédito
Patrimoniais

Toda vez que diminui C = Crédito Toda vez que diminui D = Débito

Despesas Receitas
Resultado

São sempre Debitadas = D São sempre Creditadas = C

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

Observe que, se você memorizar e aprender o Resumo Geral 2, estará sendo


bastante previdente, pois ele inclui o Resumo n°. 1.
Vamos constituir uma empresa de transportes com o nome de Cia. Leva & Traz
Ltda., e fazer alguns lançamentos contábeis por meio dos Balanços Sucessivos.

87
Capítulo 5

Fato 1 – Os sócios da empresa integralizarão capital no valor de R$ 230.000,00,


sendo R$ 50.000,00 em dinheiro e R$ 180.000,00 com 3 veículos.

Tabela 5.24 - Balanço Sucessivo nº 10 da Cia. Leva e Traz S/A - Fato 1

Fato 1 Ativo Passivo


Caixa 50.000,00
Veículos 180.000,00

Patrimônio líquido

Capital Social 230.000,00

Total Ativo 230.000,00 Total Passivo 230.000,00

Observe (e compare com os modelos anteriormente exemplificados) como o


modelo do Balanço modificou. Também não mais fica registrada, na frente de
cada conta, a letra D, que representa as contas com saldo de natureza Devedora,
e a letra C, que representa as contas com saldo de natureza Credor. Porém,
sempre se deve saber qual é a natureza do saldo de cada conta.

Fato 2 – A Cia. abre uma conta bancária no Banco do Povo e transfere R$


48.000,00 em dinheiro.

Tabela 5.25 - Balanço Sucessivo da Cia. Leva e Traz S/A - Fato 2

Fato 2 Ativo Passivo

Caixa 2.000,00

Banco 48.000,00

Veículos 180.000,00

Patrimônio líquido

Capital Social 230.000,00

Total Ativo 230.000,00 Total Passivo 230.000,00

Fato 3 – A Cia. compra móveis e utensílios no valor de R$ 8.000,00 mais um


computador e impressora para a elaboração dos serviços no valor de R$
3.800,00, sendo todas as compras realizadas com pagamento à vista, por meio
de emissão de um cheque à vista.

88
Contabilidade

Tabela 5.26 - Balanço Sucessivo da Cia. Leva e Traz S/A - Fato 3

Fato 3 Ativo Passivo


Caixa 2.000,00
Banco 36.200,00
Móveis e Utensílios 8.000,00
Computador 3.800,00
Veículos 180.000,00
Patrimônio líquido

Capital Social 230.000,00

Total Ativo 230.000,00 Total Passivo 230.000,00

Fato 4 – A Cia. obteve receita, com prestação de serviços, no valor de R$ 5.500,00,


os quais irá receber em 30 dias, porém, incorreu em despesas com combustíveis e
outras no valor de R$ 1.100,00, que serão pagas também em 30 dias.

Tabela 5.27 - Balanço Sucessivo da Cia. Leva e Traz S/A - Fato 4

Fato 4 Ativo Passivo


Caixa 2.000,00 Contas a Pagar 1.100,00
Banco 36.200,00
Clientes 5.500,00
Móveis e Utensílios 8.000,00 Patrimônio líquido
Computador 3.800,00 Capital Social 230.000,00

Veículos 180.000,00 Reserva de Lucros 4.400,00

Total Ativo 235.500,00 Total Passivo 235.500,00

Fato 5 – A Cia. contratou um motorista no decorrer do mês e, como hoje é o


último dia do mês corrente, fará a provisão dos salários do motorista no valor de
R$ 1.300, 00, que será pago no 5° dia útil do mês seguinte.

89
Capítulo 5

Tabela 5.28 - Balanço Sucessivo da Cia. Leva e Traz S/A - Fato 5

Fato 5 Ativo Passivo


Caixa 2.000,00 Contas a Pagar 1.100,00
Banco 36.200,00 Salários a Pagar 1.300,00
Clientes 5.500,00
Móveis e Utensílios 8.000,00 Patrimônio líquido

Computador 3.800,00 Capital Social 230.000,00


Veículos 180.000,00 Reserva de Lucros 4.400,00

Prejuízos Acumulados (1.300,00)

Total Ativo 235.500,00 Total Passivo 235.500,00

Fato 6 – A Cia. recebeu de seu cliente o valor de R$ 2.500,00,via cobrança bancária.

Tabela 5.29 - Balanço Sucessivo da Cia. Leva & Traz S/A – Fato 6

Fato 6 Ativo Passivo

Caixa 2.000,00 Contas a Pagar 1.100,00

Banco 38.700,00 Salários a Pagar 1.300,00

Clientes 3.000,00

Móveis e Utensílios 8.000,00 Patrimônio líquido

Computador 3.800,00 Capital Social 230.000,00

Veículos 180.000,00 Reserva de Lucros 4.400,00

Prejuízos Acumulados (1.300,00)

Total Ativo 235.500,00 Total Passivo 235.500,00

Fato 7 – A Cia. pagou em dinheiro do Caixa o salário do Motorista, conforme


programado no 5° dia útil do mês seguinte à despesa.

90
Contabilidade

Tabela 5.30 - Balanço Sucessivo da Cia. Leva & Traz S/A – Fato 7

Fato 7 Ativo Passivo

Caixa 700,00 Contas a Pagar 1.100,00

Banco 38.700,00

Clientes 3.000,00

Móveis e Utensílios 8.000,00 Patrimônio líquido

Computador 3.800,00 Capital Social 230.000,00

Veículos 180.000,00 Reserva de Lucros 4.400,00

Prejuízos Acumulados (1.300,00)

Total Ativo 234.200,00 Total Passivo 234.200,00

Fato 8 – A Cia. obteve receita com prestação de serviços no valor de R$ 4.900,00,


dos quais irá receber uma entrada de R$ 1.900,00 à vista no Caixa e o restante
com prazo de 30 dias. Porém, incorreu em despesas com combustíveis e outras
no valor de R$ 1.400,00, que serão pagas também em 30 dias.

Tabela 5.31 - Balanço Sucessivo da Cia. Leva & Traz S/A – Fato 8

Fato 8 Ativo Passivo

Caixa 2.600,00 Contas a Pagar 2.500,00

Banco 38.700,00

Clientes 6.000,00

Móveis e Utensílios 8.000,00 Patrimônio líquido

Computador 3.800,00 Capital Social 230.000,00

Veículos 180.000,00 Reserva de Lucros 7.900,00

Prejuízos Acumulados (1.300,00)

Total Ativo 239.100,00 Total Passivo 239.100,00

Fato 9 – A Cia. paga com cheque de R$ 1.100,00 o valor referente a Contas a


Pagar que já havia contraído anteriormente e, ao efetuar o pagamento, verificou
que a conta já estava vencida. Assim, incorreu em mais R$ 55,00 de despesas de
Juros pelo atraso no pagamento, que foram pagos em dinheiro do Caixa.

91
Capítulo 5

Tabela 5.32 - Balanço Sucessivo da Cia. Leva & Traz S/A – Fato 9

Fato 9 Ativo Passivo


Caixa 2.545,00 Contas a Pagar 1.400,00
Banco 37.600,00
Clientes 6.000,00
Móveis e Utensílios 8.000,00 Patrimônio líquido
Computador 3.800,00 Capital Social 230.000,00

Veículos 180.000,00 Reserva de Lucros 7.900,00

Prejuízos Acumulados (1.355,00)

Total Ativo 237.945,00 Total Passivo 237.945,00

Fato 10 – A Cia. comprou um Furgão para a realização de outros serviços no valor


de R$ 72.300,00, sendo que, para aquisição do mesmo, foi dada uma entrada de
R$ 18.500,00 com a emissão de um cheque, e o restante foi financiado com prazo
de pagamento de 48 meses.

Tabela 5.33 - Balanço Sucessivo da Cia. Leva & Traz S/A – Fato 10

Fato 10 Ativo Passivo

Caixa 2.545,00 Contas a Pagar 1.400,00

Banco 19.100,00 Financiamentos 53.800,00

Clientes 6.000,00

Móveis e Utensílios 8.000,00 Patrimônio líquido

Computador 3.800,00 Capital Social 230.000,00

Veículos 252.300,00 Reserva de Lucros 7.900,00

Prejuízos Acumulados (1.355,00)

Total Ativo 291.745,00 Total Passivo 291.745,00

Conclusão

Como você pôde observar, os lançamentos contábeis da Cia. Leva & Traz Ltda.
obedecem à sequência de acontecimentos que são os registros dos fatos
contábeis, os quais descrevem a atividade da Cia. Dessa forma, lembre-se de
que todos os lançamentos dos fatos contábeis de qualquer empresa ou entidade
refletem as operações e o dia a dia das organizações por meio do registro realizado
dentro das técnicas e obedecendo a uma ordem cronológica das atividades,
podemos verificar a modificação e evolução patrimonial das organizações.

92
Contabilidade

Mais um exemplo de fixação:

Nessa etapa, será elaborada uma sequência de fatos de outra empresa também
com exemplos hipotéticos, para fixação e consolidação de sua competência
na realização e elaboração dos Balanços Sucessivos. A empresa é a Cia.
Compra & Venda Ltda., e os diversos fatos contábeis deverão ser preenchidos e
demonstrados por meio dos Balanços Sucessivos a cada Fato.

Os fatos Contábeis serão ordenados em sequência de data:

1/1 – Os sócios da Cia. investiram e integralizaram capital no valor de R$ 75.000,00


em moeda corrente;

2/1 – A Cia. constitui conta no Banco de Todos S/A. e transfere o valor de R$


71.000,00 em dinheiro;

3/1 – A Cia. compra móveis e Utensílios (mesa, cadeiras, balcão, prateleira etc.)
no valor de R$ 18.900,00 e efetua pagamento à vista com a emissão de um
cheque de sua conta no Banco de Todos S/A;

4/1 – A Cia. compra mercadorias para revenda no valor de R$ 150.000,00, sendo


as condições: Entrada de 25% com emissão de cheque; para o restante, seu
fornecedor concedeu um prazo de 30, 60 e 90 dias para o pagamento;

5/1 – A Cia. adquire um veículo no valor de R$ 28.500,00. Entrada de R$ 3.500,00


com a emissão de cheque e o restante financiado em 60 meses, com juros de
1,99% a.m.;

10/1 – A Cia. contrai junto ao Banco de Todos S/A um financiamento para compra
de um imóvel que será a sede da empresa, no valor de R$ 90.000,00. A empresa
terá uma carência de 3 meses para começar a pagar o financiamento, em um
prazo de 8 anos.

14/1 – A Cia. vende mercadorias para um cliente, no valor de R$ 55.000,00 a


prazo de 30 e 60 dias, que lhe custaram R$ 30.000,00.

18/1 – A Cia. vende para outro cliente mercadorias no valor de R$ 39.000,00 à


vista, via cobrança bancária, que lhe custaram R$ 14.700,00.

22/1 – Uma empresa de transportes apresenta uma fatura referente a despesas


de frete das mercadorias que foram compradas no dia 4/1, com vencimento para
pagamento dia 28/2, no valor de R$ 350,00.

30/1 – A Cia. contratou 2 (dois) funcionários e, como estamos no último dia


útil do mês em curso, resolveu contabilizar as despesas com salários dos
funcionários, sabendo que cada um irá receber o valor de R$ 1.150,00 no 5° dia
útil do mês seguinte.

93
Capítulo 5

Fazer a contabilização dos Fatos Contábeis acima, por meio dos Balanços
Sucessivos.

1/1 – Os sócios da Cia. investiram e integralizaram capital no valor de R$ 75.000,00


em moeda corrente;

Tabela 5.34 - Balanço Sucessivo - Fato 01/01

Fato 01/01 Ativo Passivo


Caixa 75.000,00

Patrimônio líquido

Capital Social 75.000,00

Total Ativo 75.000,00 Total Passivo 75.000,00

2/1 – A Cia. constitui conta no Banco de Todos S/A. e transfere o valor de


R$ 71.000,00 em dinheiro;

Tabela 5.35 - Balanço Sucessivo - Fato 02/01

Fato 02/01 Ativo Passivo


Caixa 4.000,00
Banco 71.000,00 Patrimônio líquido

Capital Social 75.000,00

Total Ativo 75.000,00 Total Passivo 75.000,00

3/1 – A Cia. compra móveis e utensílios (mesa, cadeiras, balcão, prateleira etc.) no
valor de R$ 18.900,00 e efetua pagamento à vista, com a emissão de um cheque
de sua conta no Banco de Todos S/A;

Tabela 5.36 - Balanço Sucessivo - Fato 03/01

Fato 03/01 Ativo Passivo


Caixa 4.000,00
Banco 52.100,00
Movéis e Utensílios 18.900,00
Patrimônio líquido

Capital Social 75.000,00

Total Ativo 75.000,00 Total Passivo 75.000,00

94
Contabilidade

4/1 – A Cia. compra mercadorias para revenda no valor de R$ 150.000,00, sendo


as condições: Entrada de 25% com emissão de cheque; para o restante, seu
fornecedor concedeu um prazo de 30, 60 e 90 dias para o pagamento;

Tabela 5.37 - Balanço Sucessivo - Fato 04/01

Fato 04/01 Ativo Passivo


Caixa 4.000,00 Fornecedores 112.500,00
Banco 14.600,00
Mercadorias 150.000,00
Patrimônio líquido
Movéis e Utensílios 18.900,00
Capital Social 75.000,00

Total Ativo 187.500,00 Total Passivo 187.500,00

5/1 – A Cia. adquire um veículo no valor de R$ 28.500,00. Entrada de R$ 3.500,00


com a emissão de um cheque e o restante financiado em 60 meses com juros de
1,99% a.m.;

Tabela 5.38 - Balanço Sucessivo - Fato 05/01

Fato 05/01 Ativo Passivo


Caixa 4.000,00 Fornecedores 112.500,00
Banco 11.100,00 Financiamento Veículo 25.000,00
Mercadorias 150.000,00
Movéis e Utensílios 18.900,00 Patrimônio líquido
Veículos 28.500,00
Capital Social 75.000,00

Total Ativo 212.500,00 Total Passivo 212.500,00

10/1 – A Cia. contrai junto ao Banco de Todos S/A um financiamento para compra de
um Imóvel que será a seda da empresa no valor de R$ 90.000,00. A empresa terá uma
carência de 3 meses para começar a pagar o financiamento, em um prazo de 8 anos.

Tabela 5.39 - Balanço Sucessivo - Fato 10/01

Fato 10/01 Ativo Passivo


Caixa 4.000,00 Fornecedores 112.500,00
Banco 11.100,00 Financiamento Veículo 25.000,00
Mercadorias 150.000,00 Financiamento Imóveis 90.000,00
Movéis e Utensílios 18.900,00
Patrimônio líquido
Imóveis 90.000,00
Capital Social 75.000,00
Veículos 28.500,00

Total Ativo 302.500,00 Total Passivo 302.500,00

95
Capítulo 5

14/1 – A Cia. vende mercadorias para um cliente, no valor de R$ 55.000,00 a


prazo de 30 e 60 dias, que lhe custaram R$ 30.000,00.

Tabela 5.40 - Balanço Sucessivo - Fato 14/01

Fato 14/01 Ativo Passivo

Caixa 4.000,00 Fornecedores 112.500,00


Banco 11.100,00 Financiamento Veículo 25.000,00
Clientes 55.000,00 Financiamento Imóveis 90.000,00
Mercadorias 120.000,00
Movéis e Utensílios 18.900,00 Patrimônio líquido
Imóveis 90.000,00
Capital Social 75.000,00
Veículos 28.500,00
Reserva de Lucros 25.000,00

Total Ativo 327.500,00 Total Passivo 327.500,00

18/1 – A Cia. vende para outro cliente mercadorias no valor de R$ 39.000,00 à


vista, por meio de cobrança bancária, que lhe custaram R$ 14.700,00.

Tabela 5.41 - Balanço Sucessivo - Fato 18/01

Fato 18/01 Ativo Passivo

Caixa 4.000,00 Fornecedores 112.500,00


Banco 50.100,00 Financiamento Veículo 25.000,00
Clientes 55.000,00 Financiamento Imóveis 90.000,00
Mercadorias 105.300,00
Movéis e Utensílios 18.900,00 Patrimônio líquido
Imóveis 90.000,00
Capital Social 75.000,00
Veículos 28.500,00
Reserva de Lucros 49.300,00

Total Ativo 351.800,00 Total Passivo 351.800,00

22/01 – Uma empresa de transportes apresenta uma fatura referente a despesas


de frete das mercadorias que foram compradas no dia 4/1, com vencimento para
pagamento dia 28/2, no valor de R$ 350,00.

96
Contabilidade

Tabela 5.42 - Balanço Sucessivo - Fato 22/01

Fato 22/01 Ativo Passivo


Caixa 4.000,00 Fornecedores 112.500,00
Banco 50.100,00 Contas a Pagat 350,00
Clientes 55.000,00 Financiamento Veículo 25.000,00
Mercadorias 105.300,00 Financiamento Imóveis 90.000,00
Movéis e Utensílios 18.900,00 Patrimônio líquido
Imóveis 90.000,00
Capital Social 75.000,00
Veículos 28.500,00
Reserva de Lucros 49.300,00
Prejuízos Acumulados (350,00)
Total Ativo 351.800,00 Total Passivo 351.800,00

30/1 – A Cia. contratou 2 (dois) funcionários e, como estamos no último dia


útil do mês em curso, resolveu contabilizar as despesas com salários dos
funcionários, sabendo que cada um irá receber no 5° dia útil do mês seguinte o
valor de R$ 1.150,00.

Tabela 5.43 - Balanço Sucessivo - Fato 30/01

Fato 30/01 Ativo Passivo


Caixa 4.000,00 Fornecedores 112.500,00
Banco 50.100,00 Contas a Pagar 350,00
Clientes 55.000,00 Salários a Pagar 2.300,00
Mercadorias 105.300,00 Financiamento Veículo 25.000,00
Movéis e Utensílios 18.900,00 Financiamento Imóveis 90.000,00
Imóveis 90.000,00 Patrimônio líquido
Veículos 28.500,00
Capital Social 75.000,00
Reserva de Lucros 49.300,00
Prejuízos Acumulados (2.650,00)
Total Ativo 351.800,00 Total Passivo 351.800,00

Conclusão
Como você pôde observar, os lançamentos contábeis da Cia. Compra & Venda
Ltda. obedecem a uma sequência de acontecimentos que são os registrados
dos fatos contábeis da atividade da Cia. Assim, lembre-se de que todos os
lançamentos dos fatos contábeis de qualquer empresa ou entidade refletem as
operações e o dia a dia das organizações por meio do registro realizado dentro da
técnica de Balanços Sucessivos, isto é, a cada situação uma demonstração da
variação patrimonial, obedecendo a uma ordem cronológica das atividades.

97
Capítulo 5

Seção 2
Introdução à formação do Plano de Contas
O Plano de Contas é formado pelo conjunto de todas as contas que uma
empresa ou entidade necessita para o desenvolvimento das suas atividades,
para atender todos os fatos administrativos ou contábeis, de forma a possibilitar
a construção dos principais relatórios contábeis e atender a todos os usuários
da informação contábil.

Cada empresa ou organização procura criar o seu próprio Plano de Contas,


de acordo com seu porte, ramo de atividades e quaisquer outros fatores que
determinem suas características, relacionadas com seus sistemas de controles
internos ou sistemas contábeis.

Sérgio Adriano de Souza comenta que (SOUZA, p.113):

O Plano de Contas ou Elenco de Contas deve ser elaborado


considerando-se as especificidades e natureza das operações
realizadas, bem como deve contemplar as necessidades de controle
de informações no que se refere aos aspectos fiscais e gerenciais.

Este plano de contas é um modelo didático:

Quadro 5.5 – Modelo didático de plano de contas

CONTAS PATRIMONIAIS:
1. ATIVO

1.1. ATIVO CIRCULANTE


1.1.1. DISPONIBILIDADE
1.1.1.1. Caixa
1.1.1.2. Banco conta movimento
1.1.1.3. Aplicações de liquidez imediata
1.1.1.4. Outros Ativos disponíveis

1.1.2. CLIENTES/CRÉDITOS
1.1.2.1. Duplicatas a receber
1.1.2.2. (-) duplicatas descontadas ou títulos descontados
1.1.2.5. (-) provisão para devedores Duvidosos

98
Contabilidade

1.1.3. ESTOQUES
1.1.3.1. Mercadorias para revenda
1.1.3.2. Produtos acabados
1.1.3.3. Produtos em elaboração
1.1.3.4. Matérias-primas

1.1.4. DESPESAS PAGAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE


1.1.4.1. Prêmios de seguros a apropriar

1.2. ATIVO NÃO CIRCULANTE


1.2.1. ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
1.2.1.1. Títulos a receber
1.2.1.2. Clientes
1.2.2. INVESTIMENTOS
1.2.2.1. Participação em outras empresas
1.2.2.2. Imóveis para uso futuro
1.2.2.3. Imóveis para renda
1.2.3. IMOBILIZADO
1.2.3.1. Terrenos
1.2.3.2. Imóveis (edificações)
1.2.3.3. Máquinas e equipamentos
1.2.3.4. Veículos
1.2.3.5. Móveis e utensílios
1.2.3.6. Imobilizado em andamento
1.2.3.7. (-) Depreciação acumulada
1.2.4. ATIVO PERMANENTE INTANGÍVEL
1.2.4.1. Marcas e patentes
1.2.4.2. Fundo de comércio
1.2.4.3. Softwares
1.2.4.4. Despesas pré-operacionais

1.3. ATIVO PERMANENTE


1.3.1. ATIVO PERMANENTE INVESTIMENTO
1.3.1.1. Participação em outras empresas
1.3.1.3. Imóveis para uso futuro
1.3.1.4. Imóveis para renda

99
Capítulo 5

1.3.2. ATIVO PERMANENTE IMOBILIZADO


1.3.2.1. Terrenos
1.3.2.2. Imóveis (edificações)
1.3.2.4. Máquinas e equipamentos
1.3.2.5. Veículos
1.3.2.6. Móveis e utensílios
1.3.2.7. Imobilizado em andamento
1.3.2.8. (-) Depreciação acumulada
1.3.3. ATIVO PERMANENTE INTANGÍVEL
1.3.3.1. Marcas e patentes
1.3.3.2. Fundo de comércio
1.3.3.3. Softwares
1.3.3.4. Despesas Pré-operacionais
2. PASSIVO

2.1. PASSIVO CIRCULANTE


2.1.1. OBRIGAÇÕES
2.1.1.1. Fornecedores a pagar
2.1.1.2. Duplicatas a pagar
2.1.2. OBRIGAÇÕES FISCAIS
2.1.2.1. ICMS a recolher
2.1.2.2. IPI a recolher
2.1.2.3. Imposto de renda a recolher
2.1.2.4. PIS a recolher
2.1.2.5. COFINS - Contribuição social a recolher
2.1.3. OUTRAS OBRIGAÇÕES A RECOLHER
2.1.3.1. Contas a pagar
2.1.3.2. Salários a pagar
2.1.3.3. Comissões a pagar
2.1.3.4. Pró-labore a pagar
2.1.3.5. INSS a recolher
2.1.3.6. FGTS a recolher
2.1.3.7. Empréstimo / financiamento a pagar

100
Contabilidade

2.1.4. PROVISÕES
2.1.4.2. Provisão de 13º salários
2.1.4.3. Provisão de Férias
2.1.4.4. Provisão de encargos sociais INSS
2.1.4.5. Provisão de encargos sociais FGTS

2.2. PASSIVO NÃO CIRCULANTE


2.2.1. PASSIVO EXIGÍVEL EM LONGO PRAZO
2.2.1.1. Empréstimo / financiamento
2.2.1.2. Títulos a pagar
2.2.1.3. Fornecedores a pagar
2.2.2. RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS
2.2.2.1. Receitas de exercícios futuros
2.2.2.2. (-) Custos e despesas correspondentes
2.2.3. PATRIMÔNIO LÍQUIDO
2.2.3.1. Capital subscrito
2.2.3.2. (-) Capital a integralizar ou a realizar
2.2.4. RESERVA DE CAPITAL
2.2.5. AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL
2.2.5.1. Ajuste de Avaliação Patrimonial
2.2.6. RESERVAS DE LUCROS
2.2.3.1. Reservas legais
2.2.3.2. Reservas Contingências
2.2.3.3. Reservas estatutárias
2.2.3.4. Reserva de Lucros
2.2.7. PREJUÍZOS ACUMULADOS
2.2.7.1. Prejuízos acumulados

101
Capítulo 5

CONTAS DE RESULTADO:
Aqui são lançadas as contas de RECEITAS, DESPESAS, CUSTOS e PROVISÕES, para
que, no fim do exercício social, possa-se verificar se a empresa, em seu resultado,
apurou LUCRO ou PREJUÍZO.
3.
4.

5. CONTAS DE RESULTADO

5.1. RECEITA BRUTA DE VENDA


5.1.0.1. Vendas de produtos
5.1.0.2. Vendas de mercadorias
5.1.0.3. Prestação de serviço

5.2. DEDUÇÃO DA RECEITA BRUTA (-)


5.2.0.1. Vendas canceladas
5.2.0.2. Abatimentos
5.2.0.3. ICMS Imposto sobre vendas
5.2.0.4. PIS sobre faturamento
5.2.0.5. COFINS - Contribuição social
5.2.0.6. ISS Imposto sobre serviço

5.3. CUSTOS DE PRODUTOS VENDIDOS


5.3.0.1. C P.V.- Custos de produtos vendidos
5.3.0.2. C.M.V.- Custos das mercadorias vendidas

5.4. DESPESAS OPERACIONAIS


5.4.1. DESPESAS COMERCIAIS OU ADMINISTRATIVAS
5.4.1.1. Comissões sobre vendas
5.4.1.2. Salários
5.4.1.3. Férias
5.4.1.4. 13º Salários
5.4.1.5. INSS - Instituto nacional de seguridade social
5.4.1.6. FGTS - Fundo de garantia por tempo de serviço
5.4.1.8. Propaganda e publicidade
5.4.1.10. Aluguéis
5.4.1.12. Encargos sociais
5.4.1.13. Materiais de consumo

102
Contabilidade

5.4.1.14. Depreciação
5.4.1.18. Provisão para devedores duvidosos
5.4.1.20. Energia elétrica
5.4.1.21. Consumo de água
5.4.1.22. Limpeza e higiene
5.4.1.23. Honorários da diretoria
5.4.1.25. Prêmios de seguros
5.4.1.26. Combustível
5.4.1.27. Juros Pagos
5.4.1.28. Descontos Concedidos

5.5. ENCARGOS FINANCEIROS LÍQUIDOS


5.5.0.1. Receitas financeiras
5.5.0.2. ( - ) Juros pagos (despesas financeiras)
5.5.0.4. Descontos obtidos
5.5.0.5. Descontos obtidos

5.6. OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS


5.6.0.1. Vendas de sucatas e resíduos

5.7. DESPESAS E RECEITAS NÃO OPERACIONAIS


5.7.0.1. Lucros na alienação (vendas do ativo)
5.7.0.2. (-) Prejuízo na alienação de bens do ativo
5.7.0.3. Aluguéis do ativo
5.7.0.4. Descontos Concedidos
5.7.0.5. Descontos Obtidos

5.9. APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


5.9.0.1. Provisão para contribuição social
5.9.0.2. Provisão para imposto de renda
5.9.0.3. Resultado do exercício

Fonte: Adaptado pelo autor de acordo com a Lei 11.638/07/2009, 2017.

103
Capítulo 5

Espera-se que os objetivos propostos por este capítulo tenham sido atingidos
e que você esteja dominando a contabilização por meio da metodologia
dos balanços sucessivos, que compreenda a composição e os objetivos da
criação de um Plano de Contas e consiga estruturar com relativa facilidade um
Balancete de Verificação.

104
Capítulo 6

Livros obrigatórios e facultativos


José Marcos Tesch

Seção 1
Sistemas Contábeis
Os Sistemas Contábeis podem ser desenvolvidos de diversas maneiras e são
conhecidos como um conjunto de atividades necessárias para a aplicação das
técnicas contábeis, que consistem em:

•• conhecer as atividades da empresa ou entidade, para poder adequar


o Plano de Contas ao ciclo operacional da atividade;
•• estabelecer critérios para identificação e controle dos Fatos
Contábeis;
•• fazer o registro em conformidade com as técnicas de escrituração
dos Fatos Contábeis;
•• elaborar as Demonstrações Contábeis (BP, DRE, DMPL, DFC, DVA);
•• analisar os Relatórios Contábeis.

Modalidades de Sistemas de Escrituração


Os Sistemas de Escrituração existem com diferentes formas de escriturar os fatos
contábeis. São os seguintes:

•• manual;
•• maquinizado;
•• mecanizado;
•• eletrônico/informatizado.

105
Capítulo 6

Sistema Manual
O sistema de escrituração manual foi muito utilizado no passado, por utilizar
instrumentos simples. Nele, os registros dos fatos contábeis são feitos
manualmente. Utilizam-se canetas, livros, fichas, formulários etc. O sistema de
escrituração manual não é mais concebido e utilizado atualmente, a não ser para
fins didáticos.

Sistema Maquinizado
É o sistema de escrituração contábil que utiliza máquinas de datilografia comum
para executar os registros dos fatos contábeis em fichas tríplices.

Cada ficha tríplice é constituída de três vias de cores diferentes e uso de papel
carbono, a fim de que a escrituração delas seja simultânea. A primeira via,
impressa e datilografada com tinta copiativa, será transcrita no livro Diário. A
segunda via representa a conta debitada que irá compor o livro Razão, uma vez
que o espaço destinado ao débito está cancelado. A terceira via representa a
conta creditada que irá compor o livro Razão, uma vez que o espaço destinado
está cancelado. Esse sistema também está fora de uso em função da substituição
das máquinas de escrever por computadores e da qualidade final dos trabalhos.

Sistema Mecanizado
É o sistema de escrituração contábil que utiliza uma máquina de datilografia mais
sofisticada, que possui mais recursos que uma máquina de escrever comum. Tais
máquinas possuem, entre outras coisas, somadores, os quais fornecem as somas
dos débitos e dos créditos; e saldadores, que fornecem os saldos das contas. De
forma semelhante ao sistema maquinizado, a escrituração no Diário e no Razão é
simultânea. Isso é possível por meio da utilização de fichas voucher, tendo essas
muitas semelhanças com as fichas tríplices utilizadas no sistema maquinizado.

Sistema Eletrônico/Informatizado
O sistema de escrituração eletrônico ou informatizado é muito mais eficaz que os
sistemas anteriores e, nas últimas três décadas de sua existência, deixou de ser
um sistema para grandes empresas e se tornou popular pelos baixos custos dos
computadores e acessível a todos os tamanhos de organizações. Utiliza o meio
eletrônico (computador) para a execução dos registros dos fatos contábeis.

Este sistema é ágil na preparação das informações contábeis que hoje se fazem
necessárias para atender as exigências legais de informações ao fisco (governo),
e aos usuários externos ou internos na tomada de decisões e gestão. Tal sistema
tornou ultrapassados todos os outros listados anteriormente.

106
Contabilidade

Seção 2
Livros Obrigatórios para a Contabilidade
A Contabilidade, por ser tradicional e ter sua estrutura moldada ao longo de muitos
séculos, ainda hoje, na era da informática, continua a usar a terminologia de livro
para os livros contábeis. A terminologia ‘livro’ está associada ao passado, quando
o contador fazia o lançamento duas vezes, em dois livros distintos, a saber, os
livros contábeis necessários para o processo de registro patrimonial, que são:

•• Livro Diário;
•• Livro Razão.
Hoje, por meio dos sistemas informatizados e dos registros dos fatos contábeis
realizados pelo contador ou auxiliar de Contabilidade, o próprio sistema se
encarrega de armazenar as informações, organizando-as cronologicamente nos
livros contábeis: Diário e Razão.

Livro Diário
No livro Diário são realizados os lançamentos dos fatos contábeis (registro
dos fatos administrativos) em ordem cronológica (em ordem de data), não se
importando por qualquer classificação por conta, em nível de estrutura de Plano
de Contas. Por ser um livro comercial obrigatório, a preocupação é a simples
listagem dos fatos, à medida que eles acontecem e são registrados, devendo
respeitar, rigorosamente, a ordem de data, sem deixar espaços em branco.

O Livro Diário é:

•• obrigatório, pois é exigido por lei (pelo Código Civil, artigo 1.180);
•• principal, pois registra todos os fatos contábeis;
•• cronológico, pois os fatos contábeis são escriturados em ordem
cronológica (dia, mês e ano).

Modelo de Livro Diário (modelo para uso didático):

107
Capítulo 6

Quadro 6.1 – Modelo de Livro Didático

Livro Diário

Folha no ____________

Código Data Conta/Histórico Débito Crédito

Total ou a transportar

OBS. O Livro Diário possui termo de abertura em seu início, e, ao final, termo de encerramento. Os números aparecem
em ordem cronológica, iniciando em 1 até quantas folhas forem necessárias para registrar os fatos contábeis do
exercício (ano).

Ainda é parte integrante do Livro Diário, em ordem e já em seu final, sequências;


e também, em ordem numérica, o Balancete de Verificação, Balanço Patrimonial,
Demonstração do Resultado do Exercício.

108
Contabilidade

Livro Razão
É o livro no qual o Contador realiza a apuração do saldo de cada conta ou item
patrimonial, ou seja, o saldo de cada conta. No Livro Diário isso não é possível,
pois nele há uma simples listagem dos fatos. No Livro Razão é que se obtém o
saldo de cada conta.

O Livro Razão é:

•• facultativo, pela legislação comercial (Código Comercial)


•• obrigatório, pela legislação fiscal (RIR), somente às entidades
obrigadas a declarar o IR com base no Lucro Real (Lei 8.218/91,
artigo 18);
•• principal, pois, tal como o Livro Diário, registra todos os fatos
contábeis;
•• sistemático, pois os fatos são registrados (por espécie, por tipo de
conta) e por ordem cronológica.
Em outras palavras, o Livro Razão é um conjunto de fichas, onde cada
um representa uma conta. Assim, por exemplo, se uma empresa comprar
mercadorias a prazo, tal fato será posto em ordem cronológica no Diário. No Livro
Razão, deverá ser localizada a conta Mercadorias, a qual será debitada, e conta
Fornecedores, a qual será creditada. Cabe também ressaltar que, dentro de uma
ficha de razão, existe uma ordem cronológica de débitos e créditos. Daí pode-
se dizer que o Livro Razão é, primordialmente, sistemático e, secundariamente,
cronológico, ao passo que, o Livro Diário é, exclusivamente, cronológico,
conforme Ferrari (2003, p. 242).

Modelo de Livro Razão (modelo para uso didático):

109
Capítulo 6

Quadro 6.2 – Modelo de Livro Razão

Livro Razão Livro Razão

Razão Conta no ____________ Razão Conta no ____________

Data Débito Crédito D/C Saldo Data Débito Crédito D/C Saldo

OBS. O Livro Razão possui, em seu início, termo de abertura e, ao final, termo de encerramento; os números devem
constar em ordem cronológica, iniciando em 1 até quantas folhas forem necessárias para registrar os fatos contábeis
em ordem de conta do exercício (ano).

110
Contabilidade

Seção 3
Livros Facultativos para a Contabilidade
Chamam-se Livros Facultativos, porque não são obrigatórios para a
Contabilidade, porém, são obrigatórios para as empresas, de acordo com suas
atividades e características, perante os órgãos normatizadores e de fiscalização.

Existem várias categorias de livros de escrituração que devemos conhecer. Veja, a


seguir, alguns:

•• Livros Fiscais;
•• Livros Sociais;
•• Livros Trabalhistas;
•• Livros Contábeis;
•• Livros Extracontábeis.

Livros Fiscais
São aqueles livros exigidos pelo Fisco (governo) para controle de tributos, por meio
de legislação específica, nas três esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal.

Na esfera federal, os impostos controlados e demonstrados por meio dos livros


fiscais são IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados) e o IR (Imposto sobre a
Renda e Proventos de Qualquer Natureza), além da CSL (Contribuição Social s/ o
Lucro), a qual possui, em muitos casos, a mesma base de cálculo do Imposto de
Renda. São livros fiscais na esfera federal:

•• Registro de Apuração do IPI;


•• LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real);
•• Registro de Inventário;
•• Registro de Compras.

Na esfera estadual, o principal imposto a ser controlado é o ICMS (Imposto


Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Em consequência, os livros mais
conhecidos e exigidos pelos órgãos estaduais são:

•• Registro de Apuração do ICMS;


•• Registro de Inventário;
•• Registro de Entradas de Mercadorias – Modelo 1 ou 1A;
•• Registro de Saída de Mercadorias – Modelo 2 ou 2A;

111
Capítulo 6

•• Registro de Controle de Produção e Estoque;


•• Registro de Impressão de Documentos Fiscais – Modelo 5;
•• Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências.

Na esfera municipal, o principal imposto a ser controlado é o ISS (Imposto Sobre


Serviços), porém, cada município define quais são os livros exigidos legalmente.
Na maioria dos municípios, exige-se apenas o controle do ISS. São livros fiscais
na esfera municipal:

•• Registro de Prestação de Serviços;


•• Registro de Contratos de Prestação de Serviços;
•• Recebimento de Impressos Fiscais e Termos de Ocorrências.

Livros Sociais
Além dos livros exigidos pelas legislações fiscal e comercial, as Cias. (Sociedades
Anônimas) são obrigadas, conforme Lei 11.638/07, a escriturar os seguintes livros:

•• Livro de Registro de Ações Nominativas;


•• Livro de Registro de Ações Endossáveis;
•• Livro de Transferência de Ações Nominativas;
•• Livro de Registro de Partes Beneficiárias;
•• Livro de Registro de Partes Beneficiárias Endossáveis;
•• Livro de Atas das Assembleias Gerais;
•• Livro de Presença de Acionistas;
•• Livro de Atas das Reuniões do Conselho de Administração;
•• Livro de Atas das Reuniões da Diretoria;
•• Livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal.

Livros Trabalhistas
São livros sujeitos à fiscalização na esfera federal. Sua manutenção é imposta
pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). São eles:

•• Livro de Registro de Empregados;


•• Livro de Inspeção do Trabalho.

112
Contabilidade

Livros Contábeis e Livros Extra Contábeis


São os livros que realmente interessam para a Contabilidade, pois é neles que
são registrados os fatos contábeis: Livro Diário e Livro Razão como já vimos
anteriormente. Porém, existem outros auxiliares à Contabilidade. Os mais
conhecidos são:

•• Livro Diário (Obrigatório);


•• Livro Razão (Obrigatório);
•• Livro Caixa;
•• Livro Contas-Corrente;
•• Livro de Controle de Fornecedores;
•• Livro Controle de Duplicatas;
•• Livro de Controle de Estoque;
•• Livro de Identificação dos Bens;
•• Entre outros.

Lembre-se de que, para a Contabilidade, independentemente do tipo,


tamanho e atividade de qualquer empresa, o Livro Diário e o Livro Razão são
indispensáveis. Os demais livros dependem da atividade e da necessidade da
empresa. Exemplo: uma empresa de serviços não necessita de livro de apuração
de ICMS; uma empresa de comércio não necessita de um livro de ISS, e assim
por diante. Uma empresa que não possua empregados, não necessita de livro
de registro de empregados.

113
Capítulo 7

Introdução às demonstrações
contábeis
José Marcos Tesch e Ruy Geraldo dos Reis Costa

Seção 1
Balancete de Verificação
O Balancete de Verificação é elaborado com base nos saldos de todas as contas
do razão (razonetes). Segundo o método das partidas dobradas, a cada débito
corresponde um crédito de igual valor, de forma que, apurando-se os saldos das
contas do razão num determinado momento, a soma dos saldos devedores deve,
obrigatoriamente, ser igual à soma dos saldos credores.

O Balancete de Verificação, de acordo com Padoveze (2017, p. 1103-104), deve


ser entendido assim:

O Balancete nada mais é do que a simples listagem das contas,


contendo o nome delas e o seu saldo, colocando os saldos
devedores numa coluna e os saldos credores em outra. A palavra
verificação vem do fato de que o Balancete também serve para,
num primeiro momento e numa análise bastante superficial,
verificarmos se o total dos saldos devedores é igual ao total dos
saldos credores e para podermos constatar se o método das
partidas dobradas foi obedecido em todos os lançamentos que
deram origem aos saldos das contas.

Assim, o principal objetivo do Balancete de Verificação é testar (verificar)


se o método das partidas dobradas foi respeitado. Portanto, o único erro
de escrituração que o mesmo aponta ou representa é o da troca de saldos
(devedores por credores e vice-versa).

115
Capítulo 7

O Balancete de Verificação é composto por duas colunas numéricas: uma coluna


para os saldos devedores e uma coluna para os saldos credores. Também podem
ser utilizados balancetes com mais de duas colunas numéricas.

Ainda se pode considerar que existem dois tipos de Balancete de Verificação:

•• Balancete de Verificação Inicial;


•• Balancete de Verificação Final.

Balancete de Verificação Inicial


É o Balancete levantado (realizado) antes do encerramento das contas de
resultado, ou seja, antes da apuração contábil do resultado do exercício
(Lucro ou Prejuízo). Consequentemente, nesse balancete aparecerão contas
patrimoniais e contas de resultado.

Balancete de Verificação Final


É o Balancete levantado (realizado) após a apuração e distribuição do resultado
do exercício. Nesse Balancete, aparecerão apenas contas patrimoniais, visto
que as contas de resultado já foram zeradas (encerradas) na apuração contábil
do resultado.

Tabela 7.1 – Modelo de Balancete de Verificação

Balancete de verificação em ____/ ____/ 20__.

Contas Saldos

Devedores Credores

Totais

116
Contabilidade

As contas a seguir e seus respectivos saldos, em 31.01.2006, pertencem à


Contabilidade de uma empresa com atividade comercial:

Tabela 7.2 - Balancete de Verificação

Balancete de verificação

Contas Saldos em R$ Saldos

Devedores Credores

Caixa 87.500,00    

Móveis e Utensílios 90.000,00    

Vendas de Mercadorias 285.000,00    

Duplicatas a Pagar 176.000,00    

Contas a Pagar 24.000,00    

Despesas de Juros 12.500,00    

Despesas de Salários 64.000,00    

Despesas de Aluguel 24.000,00    

Estoque de Mercadorias 31.000,00    

Custo das Mercadorias 130.000,00    

Duplicatas a Receber 96.000,00    

Capital Social 50.000,00    

  Totais    

117
Capítulo 7

Primeira etapa - transferir os saldos das contas acima para os respectivos razonetes:

Quadro 7.1 – Razonetes

Segunda etapa - transferir os saldos dos razonetes acima para as respectivas


colunas do Balancete.

ATENÇÃO!

Agora observe que o segundo passo é classificar os saldos das contas na coluna
respectiva do saldo devedor ou do saldo credor. Para isso, você precisa conhecer
a natureza dos saldos das contas.

118
Contabilidade

Tabela 7.3 - Balancete de Verificação

Balancete de Verificação

Saldos
Contas Saldos em R$
Devedores Credores
Caixa 87.500,00 87.500,00  
Móveis e Utensílios 90.000,00 90.000,00  
Vendas de Mercadorias 285.000,00   285.000,00
Duplicatas a Pagar 176.000,00   176.000,00
Contas a Pagar 24.000,00   24.000,00
Despesas de Juros 12.500,00 12.500,00  
Despesas de Salários 64.000,00 64.000,00  
Despesas de Aluguel 24.000,00 24.000,00  
Estoque de Mercadorias 31.000,00 31.000,00  
Custo das Mercadorias 130.000,00 130.000,00  
Duplicatas a Receber 96.000,00 96.000,00  
Capital Social 50.000,00   50.000,00
  Totais 535.000,00 535.000,00
Terceira etapa - transferir os saldos das contas acima para os respectivos razonetes
separando as conta de Ativo, Passivo, as de resultado e assim por diante.

Quarta etapa - apurar o resultado do exercício utilizando-se da conta razonete


denominada Apuração de Resultado. Logo após, transferir o saldo da Apuração
de Resultado do Exercício (ARE) para a conta Reserva de Lucros.

Quinta etapa - estruturar a DRE - Demonstracão do Resultado do Exercício

Sexta etapa - estruturar o B.P - Balanço Patrimonial

Quadro 7.2 – Razonetes das contas do Ativo

119
Capítulo 7

Quadro 7.3 – Razonetes das contas do Passivo

Quadro 7.4 – Contabilização da apuração do resultado do exercício

Apuração do Resultado do Exercício


a. Para se apurar o resultado das contas de Receitas, deve-se transferir
os saldos delas para a conta Apuração de Resultado do Exercício
(ARE). Essa transferência é realizada por meio de um lançamento a
débito nas referidas contas e um lançamento a crédito na ARE. No
exemplo está destacado com a letra “a” em ambas as contas.
b. Já para se apurar o resultado das contas de despesas, deve-
se transferir os saldos das mesmas para a conta ARE. Essas
transferências são realizadas por meio de um lançamento a crédito
nas referidas contas e correspondentes lançamentos a débito da
ARE. Nesse exemplo, estão destacados com as letras, de “c” a “e”
em ambas as contas.
c. Apurado o saldo da ARE, deve-se transferi-lo para a conta Reservas
de Lucro, classificada no Patrimônio Líquido. Nesse exemplo, pode-
se identificá-lo por meio da letra “f”, em ambas as contas, ARE e
Reservas de Lucro.
d. Com a explicação acima, identificamos que a ARE é uma conta
“transitória”, ou seja, ela só existirá no momento de apuração do

120
Contabilidade

resultado do exercício.

Quadro 7.5 – Demonstração de Resultado do Exercício

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

Receita 285.000,00

(–) Custo das Mercadorias Vendidas 130.000,00

(=) Lucro Bruto 155.000,00

(–) Despesas Operacionais

Salários 64.000,00

Aluguéis 24.000,00

Financeiras 12.500,00 100.500,00

Lucro Operacional/Lucro do Exercício 54.500,00

Acima temos a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) estruturada


segundo a Lei 6.404/76.

O deslocamento das despesas operacionais para a coluna da esquerda é


opcional, mas ele é importante porque assim podemos identificar o valor total
delas sem a necessidade de utilização de uma calculadora.

Nessa DRE, a última figura é a do Lucro Operacional que, no caso, também


pode ser considerado como o Lucro do Exercício.

Tabela 7.4 – Balanço Patrimonial

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

Circulante Circulante

Caixa 87.500,00 Duplicatas a Pagar 176.000,00

Duplicatas a Receber 96.000,00 Contas a Pagar 24.000,00

Estoque de Mercadorias 31.000,00

Não Circulante Patrimônio Líquido

Imobilizado Capital Social 50.000,00

121
Capítulo 7

Móveis e Utensílios 90.000,00 Reservas de Lucros 54.500,00

Total 304.500,00 Total 304.500,00

O demonstrativo acima, denominado Balanço Patrimonial, está estruturado


segundo as regras da Lei 6.404/76, com as alterações impostas pelas Leis
11.638/07 e 11.941/09.

Seção 2
Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que tem por objetivo evidenciar
o patrimônio de uma entidade em dado momento (normalmente, em 31 de
dezembro de cada ano).

Segundo Iudícibus (2002 p. 176), “balanço patrimonial reflete a posição financeira


em determinado momento, normalmente no fim do ano de um período prefixado.”

Obrigatoriedade
De acordo com o artigo 176, da Lei n°. 11.638/07, ao fim de cada exercício social 1
a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia,
entre outras demonstrações contábeis, o Balanço Patrimonial e, posteriormente,
publicá-lo-á juntamente com as demais demonstrações contábeis.

Formas de Apresentação
Os bens, os direitos e as obrigações formam, no conjunto, o patrimônio das
empresas, que é demonstrado pela Contabilidade sob a forma de Balanço
Patrimonial. Esse balanço é dividido em duas colunas: Ativo e Passivo. Sob a
rubrica do Ativo são relacionados os bens e os direitos, e o Passivo compreende
as obrigações. Ainda na coluna do Passivo, aparece o capital próprio sob a
denominação de Patrimônio Líquido.

Tem-se, então, um patrimônio no sentido amplo, que abrange os bens, os direitos


e as obrigações, e um patrimônio líquido, que corresponde ao capital próprio (dos
sócios). O patrimônio líquido é sempre igual à diferença entre a soma dos bens e

1
O exercício social geralmente tem duração de 12 meses, no entanto deve-se observar o instrumento social
(contrato ou estatuto social).

122
Contabilidade

direitos e os valores das obrigações.

O Balanço Patrimonial pode ser apresentado em colunas justapostas ou colunas


sobrepostas.

Figura 7.1 - Formas de apresentação do Balanço Patrimonial

Estrutura do Balanço Patrimonial


No Balanço Patrimonial, o PASSIVO representa a ORIGEM dos recursos de
uma empresa, e o ATIVO demonstra a APLICAÇÃO desses mesmos recursos.
Convencionou-se que a coluna do ATIVO é representada lado esquerdo e a do
PASSIVO do lado direito.

Tabela 7.6 – Estrutura do Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Ativo Circulante Passivo Circulante

Ativo não Circulante Passivo não Circulante

123
Capítulo 7

Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo

Ativo Permanente Resultado de Exercícios Futuros


-- Investimento Patrimônio Líquido
-- Imobilizado
-- Intangível
-- Diferido

As contas do Ativo deverão ser dispostas em ordem decrescente de realização


ou conversibilidade (grau de liquidez), e as contas do Passivo, em ordem
decrescente de exigibilidade.

Tabela 7.7 – Exemplo de Balanço Patrimonial

ATIVO (+) PASSIVO (-)

Circulante Circulante

Caixa ......................... 1.500,00 Contas a Pagar ......... 9.000,00

Banco ........................ 10.100,00 Salários a Pagar ........ 1.000,00

Estoque ..................... 10.000,00

Duplicatas a receber 23.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Permanente Capital ....................... 39.000,00

Móveis ....................... 5.000,00 Reservas de Capital ..... 3.600,00

Imóveis ...................... 3.000,00

Total 52.600,00 Total 52.600,00

Seção 3
Apuração do Resultado do Exercício e Regimes
de Contabilidade
A apuração do resultado é realizada no final de cada exercício social, como forma
de a empresa apurar se o resultado é positivo (lucro) ou negativo (prejuízo em
determinado exercício). Para isso, a contabilidade confronta a receita (vendas e/
ou prestação de serviços) com as despesas incorridas no período. Se a receita for
superior às despesas, a empresa obteve lucro, se for inferior, prejuízo.

Após a contabilização da apuração do resultado, estrutura-se a Demonstração

124
Contabilidade

do Resultado do Exercício (DRE), que nada mais é do que um resumo ordenado


das despesas e receitas do período.

A DRE oferece a seus usuários o resultado econômico das empresas, razão


pela qual os mesmos a utilizarão como instrumento para auxiliar na tomada de
decisão, dentro e fora da empresa.

De maneira geral, pela apuração do resultado pode-se verificar se o maior objetivo


da empresa foi atingido, ou seja, se os benefícios obtidos foram maiores que os
sacrifícios realizados. É por meio dele que os proprietários das empresas identificam
se uns dos seus principais objetivos foi alcançado, ou seja, se o total das receitas foi
maior que o total das despesas (sacrifício de recursos) no período analisado.

Conceitos de Receita e de Despesas

Receita
São considerados receitas todos os recursos oriundos de vendas de produtos,
mercadorias ou serviços. Recursos que poderão ser em espécie (dinheiro) ou
em forma de direitos. Se a venda for à vista, teremos entrada de dinheiro, se a
prazo, teremos um acréscimo em direitos que poderão ser realizáveis em curto
ou longo prazo.

Segundo Marion (2009, p. 85), “a receita sempre aumenta o Ativo embora nem
todo aumento de Ativo signifique Receita (empréstimos bancários, financiamentos
etc. aumentam o Caixa-Ativo da empresa, mas não são receitas).”

Pode-se também afirmar que a receita sempre provocará um aumento do


Patrimônio Líquido da empresa.

Ainda, segundo Marion, sempre que houver uma entrada de dinheiro em caixa, por
meio de receita à vista, recebimentos etc., trataremos o mesmo como um encaixe.

Despesa
Todo o sacrifício de recursos na obtenção da Receita, será tratado como uma
despesa. A despesa é tratada como um sacrifício porque é um gasto indesejado
pelo empresário. Se fosse possível evitá-la, na obtenção da receita, certamente
todas as empresas seriam superavitárias. Por exemplo, a despesa de aluguel só
existe porque o empresário necessita de um local para desenvolver suas atividades.
O mesmo acontece com os gastos com materiais de expediente, salários etc.

Como a despesa é um sacrifício de recursos, ela sempre provocará uma redução


do caixa, quando paga à vista, ou um aumento de um passivo quando for a prazo,
ou seja, quando ocorre no presente para ser paga no futuro.

Ainda, de acordo com o autor citado, qualquer saída de caixa para pagamento de

125
Capítulo 7

uma despesa ou uma aplicação de recursos será denominada desencaixe.

Além das figuras de Receita e Despesas, há ainda as de Ganho ou Perda.

Ganho
Podemos dizer que ganho será toda a receita circunstancial, inesperada,
imprevista, que não tenha nenhuma relação com a atividade principal da empresa.
Como exemplo, podemos citar os acréscimos gerados por seus ativos fixos: por
exemplo, se a empresa adquire um terreno em determinado local em que será
construída uma rodovia pavimentada de grande circulação de veículos e pessoas,
com certeza, após a conclusão dessa rodovia, seu imóvel obterá uma enorme
valorização. Na hipótese de a empresa resolver vendê-lo, obterá um ganho, uma
receita imprevista e sem nenhuma relação com a atividade principal da empresa.

Perda
Da mesma forma que o ganho, a despesa imprevista que será tratada como
uma perda. Isso acontece quando um ativo, de forma inesperada, perde sua
capacidade de gerar benefícios. Como exemplo, pode-se citar alguns tipos de
sinistros, o incêndio de um departamento ou um acidente com um veículo da
empresa. São fatos literalmente imprevistos, inesperados, por isso, serão sempre
tratados como uma perda para a empresa.

Regimes de Contabilidade
Em Contabilidade, trabalha-se com dois regimes: o Regime de Competência do
Exercício e o Regime de Caixa.

Competência
É o regime plenamente aceito pela Teoria Contábil e pelo Imposto de Renda. Por
meio dele é possível apurar, de forma mais objetiva e adequada, o resultado das
operações realizadas pela empresa em determinado exercício social. As regras
desse regime para a contabilização são:

Receita
Será reconhecida como receita do exercício o total da receita gerada no período,
ou seja, no exercício social atual, independente de sua realização financeira, isto
é, independentemente de seu recebimento.

Despesa

126
Contabilidade

Será considerada como despesa do exercício o total dos sacrifícios de


recursos incorridos, em bens e/ou serviços, na obtenção da receita do período,
independentemente de o valor total transitar ou não pelo caixa da empresa, ou
seja, não haverá preocupação se as despesas foram pagas à vista ou se serão
pagas no futuro.

Vamos a um exemplo:

Suponha que determinada empresa faturou em receitas R$ 20.000.000,00 no


exercício social, dos quais recebeu apenas R$ 15.000.000,00. Para gerar essa
receita, a empresa incorreu em R$ 12.000.000,00 de despesas, sendo que desse
total apenas R$ 5.000.000,00 foram pagos no exercício social.

Pede-se:

A apuração do resultado segundo os dois regimes:

Tabela 7.8 - Apuração do Resultado do Exercicio

DRE COMPETÊNCIA CAIXA

Receita 20.000.000,00 15.000.000,00

( - ) Despesas 12.000.000,00 5.000.000,00

Lucro 8.000.000,00 10.000.000,00

Conclui-se, então, que dependendo do regime aplicado, o resultado (no caso, o


lucro) poderá ser diferente.

Classificação das contas no Ativo


As contas do Ativo deverão ser dispostas em ordem decrescente de realização
ou conversibilidade (grau de liquidez), e as contas do Passivo, em ordem
decrescente de exigibilidade.

No Ativo Circulante, classificam-se todas as aplicações de recursos em dinheiro


(Caixa e Bancos) mais as contas de aplicações que serão realizadas, convertidas
em moeda corrente, até o final do exercício seguinte.

No Ativo Não Circulante, registram-se todas as demais contas que representam


aplicações de recursos. Ou seja, aquelas que serão classificadas no realizáveis
em longo prazo e nos subgrupos do Permanente.

Classificação das contas no Passivo


No Passivo Circulante, registram-se todas as contas que representam origens
de recursos de terceiros e que serão exigidas e cobradas até o final do exercício
seguinte. Tais como: Fornecedores, Contas a Pagar, Salários a Pagar, Impostos

127
Capítulo 7

Recolher etc.

No Passivo Não Circulante, registram-se todas as contas que representam


origens de recursos de terceiros e que serão exigidas, cobradas após o final do
exercício seguinte. Tais como as contas de Financiamento e Empréstimos de
longo prazo etc.

No Patrimônio Líquido, registram-se todas as contas que representam as


aplicações de recursos dos proprietários no Ativo da empresa. Tais como: contas
de Capital Social, Reservas de Lucros etc.

128
Considerações Finais

Ao longo desta unidade de aprendizagem, você teve contato com conceitos


introdutórios e básicos a respeito da Contabilidade. Tais conceitos estudados são
fundamentais para o desenvolvimento das práticas contábeis nas organizações.

Espero que tenha ficado clara a origem da Contabilidade a partir das


necessidades do homem em controlar as riquezas das organizações. E,
também, a evolução da Contabilidade até os conceitos mais complexos da
atualidade, que a norteiam, concomitantemente à evolução dos tempos,
tecnologia, relações e práticas.

Finalmente, você já conhece o mecanismo do débito e do crédito por meio dos


balanços sucessivos, o que será fundamental para o seu desempenho nas demais
unidades de aprendizagem do curso.

Espero ter contribuído para o seu aprendizado nesta área onde o objetivo do
estudo é possibilitar que você possa aplicar esses conhecimentos nas mais
diversas empresas, às pessoas, aos diferentes órgãos do governo, enfim, nas
mais diversas áreas da sociedade nas quais você venha a desenvolver sua
atividade profissional.

129
Referências

BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.
htm>. Acesso em: 28 jul. 2015.

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso básico de contabilidade. 3. ed.


São Paulo: Atlas, 1999.

CARVALHO, Emerson Alano de. Contabilidade básica e gerencial. 6. ed.


Palhoça: UnisulVirtual, 2005.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade. 2. ed. São Paulo:


Atlas, 1999.

FAVERO, Hamilton Luis et al. Contabilidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1997.

FERRARI, Ed Luiz. Contabilidade geral. 4. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.

HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da contabilidade. 5. ed.


São Paulo: Atlas, 1999.

ILDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Contabilidade comercial. 5. ed.


São Paulo: Atlas, 2002.

______, Sérgio de et al. Contabilidade introdutória. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 1998.

______, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

______, José Carlos. Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

______, José Carlos. Contabilidade Básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MONTOTO, Eugênio. Contabilidade geral e avançada. 5. ed. São Paulo: Saraiva


Jur, 2018.

NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo E. V. Contabilidade básica. 12. ed.


São Paulo: Frase Editora, 2004.

OLIVEIRA, Álvaro G. Introdução à contabilidade. Rio de Janeiro: Saraiva, 2002.

131
Universidade do Sul de Santa Catarina

PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de contabilidade básica: contabilidade


introdutória e intermediária. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade básica. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

______. Contabilidade comercial fácil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1996.

SILVA, Cezar A. Tibúrcio; TRISTÃO, Gilberto. Contabilidade básica. São Paulo:


Atlas, 1991.

SOUZA, Sérgio Adriano de. Contabilidade: básica, intermediária, avançada,


análise de balanços. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.

132
Sobre o Professor Conteudista

José Marcos Tesch


É Bacharel em Ciências Contábeis, pós-graduado em Auditoria Empresarial
pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL e mestrando em
Contabilidade pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Consultor
e Auditor Independente, realiza inúmeras auditorias pela UNIAUDI do Brasil
Auditores Independentes S/S, empresa de auditoria independente registrada na
Comissão de Valores Mobiliários – CVM, onde atua como auditor no seguimento
Empresarial, Empresas de Economia Mista e Entidades Sem Fins Econômicos.
Professor Universitário dos cursos de graduação, presencial e a distância, da
UNISUL, em Ciências Contábeis, Administração de Empresas, Engenharia
de Produção, Relações Internacionais e também professor conteudista da
UnisulVirtual, além de professor do Curso de Especialização em Contabilidade
e Controladoria, UNISUL Campus de Tubarão/ SC. Pioneiro como professor
orientador e fundador da primeira empresa júnior em curso de Ciências Contábeis
no Sul do país, a ASCON-JR (Associação Contábil Júnior) - Empresa Júnior do
curso de Ciências Contábeis da UNISUL.

Ruy Geraldo dos Reis Costa


É Bacharel em Ciências Contábeis, pós-graduado em Ciências Contábeis e
mestre em Gestão empresarial pela Universidade do Sul de Santa Catarina
– UNISUL. Professor Universitário dos cursos de graduação, presencial e a
distância, da UNISUL desde de 1982, ministrando diversas disciplinas nos cursos
de Ciências Contábeis, Administração de Empresas, Relações Internacionais e
também professor Orientador no Curso de Administração, além de coordenador
de duas turmas do Curso de Especialização em Gestão Financeira na UNISUL,
Campus de Tubarão/ SC.

133

Você também pode gostar