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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
RESUMO
Atualmente, um quesito dentro das organizações que poderia ser considerado chave para
permanência no mercado, é a gestão do conhecimento e como as empresas buscam programar
medidas que auxiliem os processos de aprendizagem na organização, focando no cumprimento dos
objetivos organizacionais. Drucker (1999) já mencionava a importância dessa gestão quando
afirmava que a organização poderia transformar conhecimento especializado do trabalhador em
desempenho. Considerados tais aspectos, este estudo teve como objetivo analisar o processo de
aprendizagem organizacional no contexto das microempresas do município de Montes Claros – MG.
Para tanto, realizou-se pesquisa qualitativa com abordagem descritiva. Como instrumento de coleta
de dados, utilizou-se roteiro de entrevista semiestruturado, considerando-se como amostra, seis
empresários de microempresas segmentadas em panificação, sorveteria, mecânica automotiva,
construção civil, moda/confecção e escritório contábil. Resultados obtidos evidenciam que os
empresários possuem poucas intenções de criar um ambiente onde o aprendizado sobre o negócio
ou o crescimento pessoal e profissional possa ocorrer de maneira dinâmica e saudável, porém o fator
custo impacta diretamente neste processo, principalmente em empresas com baixo orçamento para
este tipo1 de investimento. Ademais, os empresários não buscam investir em ações e iniciativas que
garantam esse processo, podendo prejudicar o empregado, mesmo que de forma não intencional,
dificultando seu desenvolvimento e crescimento organizacional. Fatores como falta de interesse e
vontade dos funcionários também podem prejudicar o seu desempenho no aprendizado
organizacional, o que nos leva às considerações de que a iniciativa da aprendizagem organizacional
deve partir dos dois lados, empregado-empregador, para se estabelecer equilíbrio durante este
processo.
ABSTRACT
Nowadays, a question inside organizations that should be considered key to its stay in the market, is
the knowledge management, and how the companies look into making actions that may help in the
learning process in work, focusing on compliance of the company's objective. Drucker (1999) already
stated the importance of this management, when affirming that the organization could transform
specialized knowledge into performance. Considered such aspects, the referent study had the goal to
analyze the process of organizational learning in the context of microenterprises in the city of Montes
Claros - MG. For this, was held a qualitative research with descriptive approach. As an instrument of
data collect, was used a semi-structured interview guide, considering as sample, six microenterprise
entrepreneurs, segmented in baking, ice cream shop, auto mechanics, construction, fashion/clothing
and accounting office. Obtained results show that the entrepreneurs have little intention of creating an
environment where learning about the business or the personal and professional growth may happen
in a healthy and dynamic way, but the cost factor affects directly in this process, mainly in companies
that have few means to invest in this field. Moreover, the entrepreneurs don't look to invest in actions
and initiatives that may guarantee this process, causing the employee to be negatively affected, even
though in a non-intentional way, making his growth be more difficult. Lack of interest or will may also
be factors that can harm the performance in the organizational learning, that takes us to the
considerations that the initiative of the organizational learning must come from both sides, employer
and employee, so that the balance during this process may be established.
1
- Discente do curso de Administração das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros
² - Docente do curso de Administração das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros
4
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
mais prática, ao afirmarem que esta se baseia em uma série de etapas que
envolvem a criação, uso e compartilhamento do conhecimento de maneira favorável
à organização. Cada vez mais as organizações necessitam de informação fluindo
dentro de si, e a gestão do conhecimento é fundamental para que esse processo
ocorra de maneira sólida.
competitiva frente às outras. Estas podem até mesmo adaptar suas atividades para
solucionarem problemas de outras organizações ou até mesmo ingressar
diretamente no mercado internacional, dependendo do seu foco.
Um fator preocupante referente às MPE consiste em sua alta taxa de
mortalidade. Em pesquisa realizada pelo SEBRAE (2005), os resultados
apresentaram-se como preocupantes, pois 45% não chega a atuar no mercado nem
por 2 anos, já 50% sequer completam 3 anos de funcionamento. As razões variam
desde a falta de capital de giro até a alta carga tributária.
Há, entretanto, uma falha no quesito gerenciamento com as MPE.
Empresários levam em conta poucos dados durante a abertura da organização,
conforme dados do SEBRAE (2008): 46% não definem seu público alvo, 32% não
estabeleceram contratos com fornecedores, 29% não fizeram plano orçamentário do
negócio. Junto ao fato que 62% das empresas fecham até o seu 5º ano de atividade,
fica claro a falta de cuidado durante a abertura da organização, o que dificulta seu
gerenciamento futuramente. Figueiredo (2004) trata do fator financeiro, que é um
grande indicador no que diz respeito à aplicação de processos que melhorem o
desempenho e competitividade da empresa. Coelho et al (2011) caracteriza as micro
e pequenas empresas brasileiras como organizações de qualidade gerencial e de
recursos inferior à empresas de mesmo porte de outros países, em grande parte por
conta das restrições de financiamento e crédito muito agressivas.
METODOLOGIA
Empresa Características
Presente no mercado há 30 anos, a empresa que atua no segmento de
PFS
panificação, conta com um quadro de oito funcionários.
Focada na confecção e venda de peças de vestuário, a empresa iniciou suas
LPZ
atividades em 2004 e possui cinco colaboradores atuantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
importância para organizações desse porte, uma vez que este não pode ser
passado através de técnicas comuns.
As empresas confirmam em seus relatos que o conhecimento explícito é
uma maneira de acelerar o aprendizado na organização, uma vez que o
conhecimento tácito tem uma base efetiva, porém complexa para compartilhamento,
mas fazem uso deste, comprovando a série de passos práticos que pelos quais
Davenport e Prusak (1998) definem a gestão do conhecimento, além do processo de
espiral anteriormente mencionado.
receio da concorrência, quanto pelo fator custo que esta atividade emprega em seu
ato de implantação. Verifica-se assim a predominância do conhecimento tácito como
principal fonte de conhecimento das organizações de pequeno porte. Vê-se que a
G.C é por vezes ignorada pelos empreendedores, que visualizam a transformação
do conhecimento tácito em explícito como oneroso para a empresa.
Percebe-se que todas as empresas pesquisadas consideram reuniões como
forma de promover o aprendizado na organização. De certa forma, esta pode ser
considerada como tal. Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que através de reuniões,
os colaboradores podem trocar conhecimentos e combiná-los para geração de
novos.
Questionados a respeito da promoção de reuniões na empresa, todos os
entrevistados, com exceção da empresa PFS, realizam reuniões periódicas com sua
equipe de funcionários, porém alguns não abordam assuntos que visam à promoção
de aprendizado e sim discussão de alguns pontos específicos. Já o empresário da
LPZ utiliza as reuniões promovidas de forma diferente dos outros entrevistados,
focando principalmente na discussão de estratégias de vendas, promoções, solução
de problemas de vendas, como escoar um produto do estoque, entre outros pontos.
Ao tratar as reuniões com o enfoque de discussão de estratégias para
solução de problemas, fica implícita a relação de aprendizado que existe em tal
objetivo, visto que no ato de buscar práticas para solucioná-los, pressupõe-se que
ocorra a busca por conhecimento, que possivelmente gerará resultados e
experiência de mercado à empresa e ao gestor.
Outro modo que tende a estimular o aprendizado nas organizações
pesquisadas é o estabelecimento de políticas de recompensa para os
colaboradores, o que para Davenport e Prusak (1998) é um modo que as
organizações utilizam para enfatizar a relevância do conhecimento adquirido. Neste
sentido, pode-se afirmar que ao estabelecê-las, a empresa pretende impor um ritmo
dinâmico de trabalho, voltado para o cumprimento dos objetivos da empresa, além
de indiretamente, e mesmo que não esteja ciente disso, proporciona aos
colaboradores a oportunidade de se desenvolverem e aprenderem algo mais sobre
as atividades exercidas.
Alguns dos entrevistados afirmam que estabelecem políticas de
recompensas, normalmente relativas ao alcance das metas estipuladas, onde o
prêmio recebido em alguns casos é uma quantia extra em dinheiro, tal fato ocorre na
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dos empresários tende a impactar diretamente na falta deste desejo, uma vez que
os colaboradores não recebem estímulos para buscar novos conhecimentos.
“Nessa área nossa até que não é falta de estudo, acho que é falta de força
de vontade [...]”. (Proprietário JDD)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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