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Fisiopatologia
1. O SARS-COV-2 se liga aos receptores da angiotensina II (ACE II/ECA) que, na maioria das vezes esses
receptores se localizam no pulmão, porém podem se apresentar em outros órgãos.
2. Com o encaixe do SARS-COV-2 com o receptor vai criar toda essa situação no pulmão.
a. Vai causar uma lesão endotelial e com isso:
i. Degradação do glicocálix
ii. Aumento da expressão de moléculas de adesão
iii. Queda de NO
iv. Aumento pró-coagulantes (Fvw/FT)
v. Baixa de anticoagulantes
vi. Queda de fibrinólise (Aumento PAI-1/Queda TFP1 e tPa)
vii. Tudo isso leva a uma alteração de permeabilidade vascular.
b. O efeito citopático direto nos pneumócitos → leva a lesão pulmonar e também provoca
linfocitopenia (↓CD4) e a produção de citocinas pró-inflamatórias
c. Também vai levar uma ativação do sistema complemento
d. Por último um distúrbio do sistema renina-angiotensina-aldosterona, com o aumento da produção
da renina e angiotensina e com isso efeitos pró-inflamatórios, pró-oxidativos e faz a vasoconstricção.
3. Tudo isso leva a lesão pulmonar e a cascata de inflamação. A lesão endotelial que acontece ali no vaso leva a
alteração de coagulação (distúrbio de coagulação → alteração de trombina → trombose → hipoxemia). A
hipoxemia acontece devido a lesão pulmonar da inflamação e devido a trombose.
COVID-19: Doença Viral Aguda Sistêmica O comprometimento não é só pulmonar. Pode acontecer no cérebro
causando encefalite, no fígado e causar uma hepatite, no instestino causando distúrbios gastrointestinais, rim →
insuficiência renal, coração → injúria cardíaca, miocardite.
Essa viremia leva a uma cascata de citocinas que leva a uma inflamação generalizada.
Pulmão
Tríade de Virchow
• Estado de Hipercoagubilidade
• Lesão endotelial
• Estase de fluxo sanguíneo.
Manifestações clínicas
COVID grave (19%) – Englobada como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
• Pneumonia Moderada/Grave (14%): mesmos sintomas que a síndrome gripal, incluindo dispneia intensa
com queda importante de saturação ou hipóxia (ver parâmetros adiantes) e mais de 50% de
comprometimento pulmonar na TC de tórax.
• COVID critica (5%): mesmo sintomas que a pneumologia grave, incluindo a insuficiência respiratória, choque,
disfunção de múltiplos órgãos e sistemas.
• Outros achados menos frequentes da COVID-19 podem ser cefaleia, confusão mental, anosmia, ageusia,
diarreia, manifestações cutâneas, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico e fenômenos
tromboembólicos.
Quem teve COVID passa pelo estágio I, que é a fase da resposta viral, da replicação viral, nessa fase você pode
apresentar sinais e sintomas constitucionais (febre, tosse, diarreia, cefaleia) e sinais laboratoriais (linfopenia,
aumento do tempo de protrombina, aumento de D-Dímero e LDH).
Saindo dessa fase pode ir para estágio II, que alguns manifestam a fase pulmonar, com desconforto respiratório
(baixa de oxigenação, hipóxia, relação pO2/fO2 < 300 e apresenta falta de ar). Pode ter alteração na imagem do
pulmão, transaminites (aumento das transaminases) e a pró-calcitonina normal ou baixa (aqui não é dosada).
Outros pacientes vão para o estágio III que é a fase hiperinflamatória, a resposta inflamatória de todo o organismo,
com SIRS, choque, falência cardíaca e têm o aumento das transaminases, IL-6 (não é dosada aqui), aumento do D-
dímero, ferritina, troponina, LDH, PCR.
As pessoas que têm sintomas mesmo depois de algum tempo é porque ficou na fase pulmonar, pode ter tido 10% de
inflamação pulmonar e aí fica uma sequela. Por isso, tem que fazer exercícios respiratórios, fisioterapia respiratória,
para poder expandir o pulmão e se sentir melhor e também algumas pessoas têm que usar corticoide para diminuir
a inflamação mesmo crônica.
50 tons da doença
• Assintomáticos (30%)
• Oligossintomático, resfriado, síndrome gripal, pneumonia leve (55%)
• Pneumonia Mod/Grav (10%)
• COVID crítica (5%)
• OU SEJA:
o 85% dos indivíduos → Assintomáticos ou sintomas leves
o 15% dos indivíduos → Covid Grave
Artigo Nature
1. A proteína Spike se liga ao receptor de angiotensina II na primeira fase que é a fase citotóxica
2. Depois vem a fase da desregulação (Angiotensina I → Angiotensina II) e essa cascata leva a injúria do tecido,
inflamação, vasoconstricção, aumento da permeabilidade vascular.
3. Fase de Hipercoagubilidade → danos endoteliais, tromboinflamação levando a diminuição da fibrinólise e
aumento de trombina.
4. Fase da desregulação imune → leva a síndrome de liberação de citocinas.
Período de Contagiosidade
Os indivíduos assintomáticos têm um período dos 30%, que tem um período de contagiosidade baixo chegando a 14,
que hoje é 10, que você já tira do isolamento.
Nos que tem sintomas leves 55%, um pouco mais, até 20.
Já naqueles indivíduos que são hospitalizados vão para UTI, o tempo é maior, até 25 dias. Por isso que nos hospitais
ficam na unidade de COVID por 28 dias, pelo menos, até o RT-PCR negativar.
Os exames de imagem não substituem os dados clínicos epidemiológicos, os exames RT-PCR ou sorologia.
A TC de tórax não deve ser usada, isoladamente, para diagnóstico de COVID-19, nem tampouco deve ser realizada
para rastreamento da doença.
Diagnóstico de COVID-19: informações clínico-epidemiológicas + exames RT-PCR e/ou sorologia. A TCAR pode ser
auxiliar nesta definição diagnóstica, sempre em correlação com dados clínicos e laboratoriais.
Achados de exame:
Padrões evolutivos:
Artigo
Mostra que até nos EUA muitos pacientes complicam com pneumonia bacteriana, mas só 38% você identifica o
patógeno, ou seja, fazer cultura de secreção, broncoscopia, tudo isso é algo que requer maior complexidade mesmo
nos EUA. 38% não apresentam positividade.
Complicações
• Tromboembolismo pulmonar
• Infecção bacteriana superposta
• Abscesso pulmonar
• Empiema pleural
• SARA
• Miocardite
• Edema agudo de pulmão
Artigo Ainda nesse artigo do Nature, ele mostra outras alterações que podem ser apresentadas que não
pulmonares, como:
Manifestações cardíacas do coronavírus (Artigo Trials) O SARS-Cov se liga a células que expressam receptores virais,
apropriados, particularmente a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2). A ECA2 também é expressa no coração,
fornecendo ligação entre os coronavírus e o sistema cardiovascular. Modelos murinos e amostras de autópsia
humana demonstram que o SARS-Cov-1 pode se subregular e as vias miocárdicas e pulmonares da ECA2, mediando a
inflamação do miocárdio, o edema pulmonar e a insuficiência respiratória aguda. Em uma série de casos de com 138
pacientes hospitalizados com COVID-19, observou-se:
Hu e colaboradores relataram um caso de miocardite fulminante por coronavírus tratado com sucesso com
glicocorticoide e imunoglobulina. Paciente deu entrada no departamento de emergência com quadro de dor
torácica, dispneia e hipotensão. Radiografia de tórax com aumento da silhueta cardíaca. ECG com elevação do
segmento ST em D3 e avF. Troponina altamente positiva. ECO com derrame pericárdico e FEVE 27%. Teste para
coronavírus positivo. Teste para outros 12 vírus negativos. Tratamento inclui metilprednisolona 200mg/dia por 4 dias
e imunoglobulina 20 g/dia por 4 dias, além de norepinefrina, diuréticos e milrinone. ECO realizado 1 semana após o
tratamento mostrou cavidades cardíacas de tamanhos normais e FEVE 66%. (COVID-TRIALS CARDIOLOGIA)
RESUMO
Pacientes com SRAG por COVID apresentaram mais manifestações gastrointestinais graves do que pacientes com
SRAG sem covid.
DIAGNÓSTICO
Não se coleta mais na orofaringe porque a sensibilidade do antígeno na nasofaringe é maior que na orofaringe.
• O teste de anticorpos (Ac) apenas dosamos o IgM e o IgG, mas pode dosar as outras imunoglobulinas.
• Pesquisa de partículas virais (Ag).
A partir do 7º dia você tem o IgM. Geralmente, não indico a dosagem do IgG no décimo dia porque em algumas
pessoas pode ser que não tenha a soropositividade. O ideal é coletar a partir do 20º dia, porque quanto mais dias
maior a probabilidade de você ter anticorpos.
RT-PCR – Indicação/Interpretação A detecção do vírus por RT-PCR permanece sendo o teste laboratorial de escolha
para o diagnóstico etiológico em pacientes sintomáticos na fase aguda (1 a 12 dias de sintomas). Mais seguro dosar
do 3º ao 5º dia.
Indicador de transmissibilidade?? Depende de que momento você coleta o RT-PCR. No início indica, lá na frente
pode não indicar. PCR Positivo prolongado.
Imunocromatografia
Quimioluminescência
ELISA
Positividade tardia + Produção pequena de anticorpos (aumentam com o tempo) - HIV 1° geração?
Paciente com COVID que não produziu IgG: defesa inata → não gera memória imunológica.
Tratamento Remdesivir (antiviral) Foi um medicamento utilizado inicialmente pra ebola. Esse estudo mostra que
não houve variação entre o controle e o uso de remdesivir.
Estudo do Remdesivir no Brasil, no Couto Maia (Solidarity) Estudo publicado no new england também não mostrou
diferenças. O Lancet fez um retracted informando que essa medicação NÃO é segura e isso não tem indicação.
Mostra que o uso de estatinas tem um benefício nos pacientes com COVID.
HIDROXICLOROCLINA O estudo mostra também que o uso de Hidroxicloroquina com ou sem macrolídeos
(Azitromicina) não mostrou diferença no tratamento da COVID. Pelo contrário, houve um maior risco de arritmias
cardíacas por conta das doses altas.
DEXAMETASONA
Como temos insistido desde o início da pandemia de COVID-19, os estudos cínicos RANDOMIZADOS e COM GRUPO
CONTROLE e que devem nortear nossa conduta de como tratar COVID-19.
1) redução de mortalidade em 28 dias de 1/3 (33.3%) nos pacientes com COVID-19 em ventilação mecânica
2) redução de mortalidade em 28 dias de 1/5 (20%) nos pacientes necessitando de oxigênio e que não estão em VM
Conclusão prática: todo paciente com COVID-19 em ventilação mecânica e os que necessitam de oxigênio fora da
UTI devem receber dexametasona (pode ser outros, mas essa é mais barata) via oral ou endovenosa 6mg 1x/dia por
10 dias. Medicação barata e de acesso universal.
Fala que na ausência de contraindicação você pode fazer a tromboprofilaxia. É mais indiciada do que não indicada
nos pacientes hospitalizados ou nos pacientes críticos na UTI.
A anticoagulação é feita com a heparina de baixo peso molecular. Fora do Brasil usa o Fundoparinux, nós utilizamos
a enoxheparina não fracionada.
• Paciente que já tem trombose e embolia você já indica terapia de anticoagulação por três meses.
• Pacientes hipotensos graves indicar a terapia trombolítica porque esse paciente pode estar tendo uma
embolização e você não identificou. Tromboprofilaxia estendida feita em 12/12h. A normal é feita por dia. As
duas tem o mesmo resultado.
• Pacientes internados tromboprofilaxia 1x dia. • Profilaxia enteral > oral.
• Importante fazer o duplex-scan porque tem TVP no paciente assintomático. Principalmente nos pacientes
que estão na UTI.
• O uso de heparina pode ter pseudo-resistência.
• Se for usar antitrombótico oral usa a rivaroxabana. Hoje ela é usada até a nível ambulatorial. O paciente tem
alta está usando clexane e vai continuar usando a rivaroxabana.
• Paciente que tem a trombose recorrente e você fazer a terapia de anticoagulaçâo você pode aumentar a
dose.
• Vitamina K em situações de terapia antagonista.
o Paciente na UTI → American College usa a dose profilática habitual (80mg) e na Sociedade
Internacional metade (40mg).
o Paciente não-crítico → Igual dose de 40mg
o Depois da alta → American college. Não recomenda a profilaxia estendida e a sociedade
Internacional recomenda para os pacientes de alto risco. Pacientes em casa → Nenhuma
recomenda.
Protocolo-Sugestões de Condutas