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Cena I

La Grange, Du Croisy

Du Croisy (derrotado) – Senhor La Grange!

La Grange (irado) – O quê?

Du Croisy – Olhe-me sem rir.

La Grange – Então?

Du Croisy - Que acha da nossa visita? Ficou de todo satisfeito?

La Grange - Teremos ambos, ao nosso ver, motivos para isso?

Du Croisy – Não muitos, na verdade.

La Grange – Quanto a mim confesso-me absolutamente escandalizado. È difícil encontrar


duas pedantes provincianas tão cheias de não- me –toques quanto estas, nem dois homens
tratados com maior desprezo do que nós. Nunca vi tanto cochilar como entre as duas, nem
tanto bocejar, nem tanto esfregar os olhos ou tantas vezes repetir a pergunta: “que horas
são?” Eu, um fidalgo, jamais sofri tal humilhação.

Du Croisy – Parece-me que toma a coisa muito a peito.

La Grange – Mas é claro que tomo a peito, e de tal forma que pretendo vingar-me desta
impertinência.O sopro do preciosismo não infestou apenas Paris, espalhou-se também pela
província. A personalidade das nossas ridículas donzelas, em um resumo, é uma mistura de
preciosismo e vaidade tola. Sei que espécie de gente receberiam com prazer; e conto com o
seu apoio para pregar-lhes um peça que lhes faça compreender sua tolice, e lhes ensine a
conhecer melhor a sociedade que apreciam.

Du Croisy – Que pretendes fazer?

La Grange – Um criado meu, chamado Mascarilhes, é um extravagante que encasquetou de


fazer-se passa por homens de condição, como nós. Vive a gabar-se de ser bom em
galanteios e nos versos, e despreza os demais criados, a ponto de chamar-lhes grosseirões.

Du Croisy – E seu plano qual é?

La Grange – Meu plano? E preciso..... Mas antes de mais nada, nos afastemos daqui.
Cena 2

Gorgibus, Du Croisy, La Grange

Gorgibus- Então! Viram minha sobrinha e minha filha? As coisas caminham bem? Qual o
resultado da visita?

La Grange- è que podereis saber melhor com elas que conosco. O que poderia vos é que
continuamos vossos humildes servidores.

Du Croisy – Vossos humildes servidores.

(Saem, fica apenas Gorgibus)

Gorgibus, só – Ué! Parece que se vão mal satisfeitos. Donde virá esse descontentamento? È
preciso indagar do que se trata.

Cena 3

Marotte, Gorgibus

Gorgibus – Marotte! Marotte!

Marotte – que deseja Senhor?

Gorgibus – Suas amas, onde estão?

Marotte – No quarto.

Gorgibus – Fazendo o quê?

Marotte – se maquiando.

Gorgibus – Ah de ser muita maquiagem (pausa). Será esse o mistério? assustaram os


pretendentes com tanto pó.

Marotte- ah meu senhor, não diga isso. Aqueles não eram de boa parência.

Gorgibus – Como não eram? Fidalgos de nome, com muitas posses.

Marotte – mior é um jovem pobre e sábio do que um rei idoso e tolo.

(Gorgibus ri e depois se da conta )

Marotte - Vou chamar as senhorinhas.


Cena 4

Gorgibus, só

Elas querem me arruinar com tanta maquiagem. Outra coisa não vejo pelos cantos,
senão clara de ovos, pepinos, leite virginal, e mil outras bugigangas, que nem sei. Desde de
que chegamos consumiram tanto que daria para alimentar quatro criados.

Cena 5

Magdelon, Cathos e Gorgibus

Gorgibus – Deve ser indispensável, na verdade, tamanho desperdício para lambuzar esses
focinhos. É possível saber o que fizeram àqueles senhores para irem embora assim tão
friamente? Não lhes foi recomendado recebê-los como as pessoas destinadas, por minha
vontade, a serem seus maridos?

Magdelon – que juízo, meu pai, como poderíamos nos associar aquela gente?

Cathos- Para uma jovem tanto razoável, meu tio, de que modo adaptar-se àquelas
personalidades?

Gorgibus – Afinal, que lhes incomodam?

Magdelon – Estranha galanteria, a deles! Como assim! Começar pelo casamento?

Gorgibus- Por onde havias de começar? Pelo concubinato? Não é esta uma conduta
desvanecedora, tanto para vocês, quanto para mim? Há nada mais honroso? E este laço
sagrado por que aspiram, não testemunha a honestidade de suas intenções?

Magdelon – Ah! Meu pai, o que vindes de dizer é o que há de mais burguês. Envergonha-
me ouvi-vos falar dessa maneira, e pouco vos custaria a aprender a distinguir das coisas de
bom-tom.

Gorgibus – Que tons, nem que canções! Digo-te que o casamento é coisa sagrada e séria, e
quem começa por aí porta-se como gente de bem.

Magdelon – Meu Deus! Pensassem todos dessa forma e adeus romance! Teria graça se logo
de começo a Fiona se casa-se com Shrek?
Gorgibus – Lá vem ela com filosofias! Isso não é conto de fadas! Que queres afinal? Um
plebeu? E acabar com todo o nosso patrimônio até que chegar a miséria?!

Magdelon- Vejo que não entende o que vos falo. Como poderia eu me envolver com um
plebeu? Riqueza e pobreza são como óleo e água, não se misturam. O que quero meu pai
é um amante para ser agradável, saiba exprimir os belos sentimentos, ser ardoroso no
expressar o doce, o terno apaixonado, e que seus passos amorosos sigam as regras. Será
num templo, num passeio, ou em alguma cerimônia pública, que pela primeira vez ei de
encontrar o homem para enamorar-se; ou então ser conduzido fatalmente a minha casa, pela
mão de um parente ou de um amigo, e de lá se retirar sonhador e melancólico. Só de pensar
nisto sinto náuseas.

Gorgibus – Que conversa é essa?

Cathos- Com efeito, meu tio, minha prima tocou justo no ponto. Indivíduos inteiramente
desprovidos de romantismo de que maneira podem ser bem recebidos? Sou capaz de jurar
que nunca leram Romeu e Julieta, e que bilhetes amorosos e lindos versos são para eles
terras desconhecidas.

Gorgibus- No mínimo estão malucas e não entendo coisa alguma desta baboseira. Você
Cathos, e você Magdelon...

Magdelon – Meu pai, misericórdia! Renunciai a esses nomes estranhos, e chamai-nos de


outra forma.

Gorgibus – Como! Desses nomes estranhos? Não são os seus nomes de batismo?

Magdelon – Que vulgaridade! Um dos espantos, para mim, é que de semelhante pai tenha
podido vir ao mundo filha tão graciosa como eu. Já se ouviu por acaso falar no estilo
galante, em Cathos e Magdelon? Convenhamos que só estes nomes bastaria para
desacreditar o mais belo romance do mundo!

Cathos- Não há dúvida, meu tio, para ouvidos delicados é um sofrimento furioso escutar
essas palavras; o nome de Polixena, escolhido por minha prima, e do Amintas, com que me
apresentei, tem ambos uma graça de que não vos será possível discordar.

Gorgibus – Ouçam-me, de uma vez por todas: não admito que tenham outros nomes além
daqueles que lhe foram dados por seus padrinhos e madrinhas; enquanto aos senhores de
que falo, conheço-lhes família e fortuna, e é uma questão fechada, para mim, que se
resolvam a aceita-los por maridos.

Cathos- No que a mim se refere, meu tio, só lhe posso dizer que considero o casamento
coisa inteiramente chocante. Como posso suportar a idéia de dormir junto com um homem
verdadeiramente nu?

Gorgibus – nu, porém rico!


Magdelon – Permiti que tomemos, pelo menos, algum fôlego entre o mundo elegante de
Paris, onde mal penetramos. Deixe-nos à vontade tecer nosso romance, e não precipiteis o
seu desfecho deste modo.

Gorgibus – (à parte) Chegaram ao cúmulo! (Alto) Repito; não entendo nada dessas
frescuras, quero ser senhor absoluto, e para encurtar razões, ou casam-se brevemente ou
entrarão para um convento, quanto a isto não há dúvida.

(Gorgibus sai)

Cena 6

Magdelon, Cathos e Marotte

Cathos – Meu Deus! Minha cara, como a essência de teu pai está enterrada na matéria! Que
inteligencia espêssa, que escuridão lhe envolve a alma.

Magdelon – Sinto- me confusa por ele...

Marotte – Senhoras...

Magdelon – não vês que estou a falar? Prosseguindo o pensamento, custo a crer que possa
ser verdadeiramente sua filha. Marotte, você que nos serve desde minha meninice, não
poderia eu ser filha de alguém mais ilustre?

Marotte – não senhora, eu mesma fiz o parto. A senhora é filha da mãe, e do pai.

Cathos – meus sentimentos prima. Que faremos a respeito desse casamento?

Marotte – Senhoras...

Magdelon – mas será possível!

Cathos – precisamos colocar freios nessa boca falante!

Marotte – É que tem um marques a visita-las...

Magdelon –um marques?

Cathos – Ah! Minha cara um marques! É sem dúvida um homem elevado que ouviu falar
de nós.

Magdelon - vamos, fale logo!

Marotte – não sei se devo.

Magdelon – claro que deve.


Marotte – não quero passar por faladeira. Pecamos muito no falar, a língua é tão
piquititinha, mas se gloria de tantas coisas. A boca fala do que o estomago ta cheio.

Cathos – coração.

Marotte – e o que foi que eu disse?

Cathos – estomago.

Marotte – (rindo) foi fusão, me perdoe.

Magdelon – chega! Como sua ama, exijo que fale sobre o marques.

Marotte – é um marques que pretende visita-las. Ele esta aí fora e pergunta se estão em
casa

Magdelon – Aprenda sua tola, a expressar-se menos vulgarmente. Diga: “ Ai esta um


necessário que pergunta se será de vossa comodidade tornar-nos visíveis”

Marotte – Credo! Não sei nada de latim, e não aprendi fisolofia na Afe, como as senhoras.

Magdelon - Desisto! e como se chama o que nos visita?

Marotte – o mais alto ou o mais baixo?

Magdelon – haveis mais de um.

Marotte – sim, dois.

Cathos – será esse o dia da nossa redenção?

Marotte – o mais alto é bem apessoado e se chama Marquês de Mascarille.

Cathos – e o baixo?

Marotte – é baixo.

Magdelon – E este se chama Marques...

Marotte – não esse não é marques.

Cathos – é um conde?

Marotte – não.

Magdelon – um principe?
Marotte – não.

Cathos – um rei?

Marotte – não. É um lacaio.

Cathos – e desde quando nos interessamos por lacaios.

Marotte – as senhoras não, (fala para platéia) mas eu sim.

Magdelon – impertinente! É impossível suporta-la!

Cathos – Vamos marotte, vá chamar o Marquês.

Magdelon- Espere! como estou?

Marotte- pintada?

Magdelon – ham?

Marotte- colorida?

Cathos- perda tempo, minha cara. Como poderia uma serviçal entender o que há de belo
neste mundo?

Magdelon- Certamente, minha prima. (Segue em direção a Marotte) Olhe para ela, quanta
pobreza!

Cathos – é de dar pena!

Marotte – tola vaidade! ferece liberdade, mas escraviza ou ocê não sabia que o homem é
escravo daquilo que o domina?

(Magdelon e cathos começam a rir)

Magdelon – resolveu exercitar sua ignorância.

Cathos – minha?!

Marotte – e de quem mais?

Magdelon – como?

Marotte- quanta ganância.

Magdelon – é ignorância! Sua ignorante!


Cathos – como ousa a me chamar de ignorante?

Magdelon – céus! Não me refiro a vos, e da serva que falo. Enquanto a ganancia, não em
ofendo, amo as facilidades que a prata e o ouro me proporcionam.

Marotte – mas não foi por coisas parecíveis como prata e ouro que foram remidas, mas sim
por Jesus Cristo. ( 1pedro 1:13)

Magdelon – por acaso queres me ensinar a ser Cristã?

Cathos – pois muito bem, passado todo o embarasso, recebemos o Marques

Magdelon – não! Primeiro é preciso retocar a maquiagem, procuremos fazer jus a nossa
reputação. Marotte, pegue o blush!

Marotte- esse bicho rasteja?

Cathos – Vamos minha prima, é preferível recebe-lo na sala ao lado. (Saem)

Cena 7

Mascarilhes e os dois cadereiros

Mascarilhes – olá cadeireiros, olá! Lá, lá, lá, lá, lá. Creio que estes patifes tem o propósito
de quebrar-me, esbarrando em muros e pedras.

Cadeireiro 1 – Ora essa! A porta é estreita. Foi por sua vontade que o trouxemos aqui
dentro.

Mascarilhes – Certamente. Como poderia expor a magnificência de minhas plumas nessa


estação chuvosa, e modelar os sapatos na lama? Vamos, tirem-me daqui.

Cadeireiro 2 – Pague –nos, Senhor, por obséquio.

Mascarilhes –Ham?

Cadeireiro 2 – Digo, Senhor, que nos pague.

Mascarilhes (dando-lhe um bofetão) – Como, tratante, pedir dinheiro a uma pessoa de


minha qualidade?

Cadeireiro 2 – è desta forma que se paga os pobres?

Mascarilhes – Ah! Ah! Ah! Como ousa brincar comigo! Vou mostra-lhes o seu lugar.
Cadeireiro 1 (segurando um dos varais da cadeirinha) – vamos, pague-nos, e já!

Mascarilhes – Quanta ganância! não sabem que o amor ao dinheiro é fonte de todos os
males?

Cadeireiro 1- E como havemos de comer? Quero meu dinheiro agora mesmo.

Mascarilhes- È razoável.

Cadeireiro 1- Vamos, depressa!

Mascarilhes- Está dito. Falou como convém; mas o outro não passa de um asno que não
sabe o que diz. Tome; está satisfeito?

Cadeireiro 1- Não, não estou nada satisfeito; meu camarada levou um bofetão, e ....
(suspendendo o varal).

Mascarilhes- Devagar. Tome, é pelo bofetão. Obtém-se tudo de mim, com bons modos.
Agora pode ir, e volte daqui a pouco para me buscar.

Cena 8

Mascarilhes e Marotte

Marotte – Senhor, minhas amas não demoram.

Mascarilhes – Não há pressa; aqu estou cômodamente instalado a esperar.

Marotte – Ai vem elas.

Cena 9

Magdelon, Cathos, Mascarille

Mascarilhes – Senhoras, surpreendo-vos sem dúvida, com a audácia de minha visita; mas é
pela vossa reputação que aqui me encontro. Seduções tão poderosas são para mim um
mérito.

Magdelon – Se andais procurando mérito, não há de ser em nossas terras que deveis caçar.

Mascarilhes – Ah! Lamento suas palavras. Mas acreditem, existe em Paris um galante.

Magdelon – Vossa complacência está indo longe de mais com seus galateios.

Cathos – tomaremos cuidado, minha prima e eu, de não comprometer o nosso sério no doce
de vossa palavras.
Magdelon – Mas pelo amor de Deus, Senhor, não ignore a poltrona que vos estentde os
braços; sente –se.

Mascarilhes(depois de pentear-se) – Ora bem, minhas senhoras, que dizeis de Paris?

Magdelon – Ai de nós! Que poderíamos dizer? Apenas loucos não reconhecem que Paris é
o grande empório das maravilhas.

Cathos – o centro do bom gosto, da finura de espírto e da galanteria.

Mascarilhes – Tenho como certo, que não há lugar melhor que Paris.

Cathos – Uma verdade incontestável.

Mascarilhes – há um pouco de sujeira; mas temos classe.

Magdelon – a classe é a essência de Paris.

Mascarilhes – Recebeis muitas visitas? Muitos homens de cultos?

Magdelon – Pobre de nós! Ainda não somos conhecidas; mas estamos a caminho, e uma
das nossas amigas já nos prometeu trazer aqui senhores bem esclarecidos.

Cathos – E algumas também nos indicaram como conhecedoras das coisas de bom – gosto.

Mascarilhes – Ninguém melhor que eu vos poderá ser útil: conheço a todos da nata socical,
sempre me visitam.

Magdelon – Seremos vossas eternas devedoras, se nos fizerdes essa gentileza; São eles, em
paris, que dão a vida às reputações. Essas visitas são essenciais a uma inteligência
requintada. Aprendem-se com elas dia-a-dia as notícias do mundo galante: fulano vem
compor uma linda peça sobre tal assunto; beltrano escreveu a letra para tal canção. São
estas coisas que nos valorizam perante a sociedade, e se alguém as ignora, para mim não
vale nada.

Cathos – Com efeito, considero ridículo, um indivíduo rico, cheio de poder, que não
conhece nem os clássicos da literatura; eu pelo menos, morreria de vergonha se não os
conhecessem.

Mascarilhes – Realmente é vergonhoso. Mas não vos irriteis, quero transformar a vossas
casas em um lugar cheio de homens elegantes, conhecedores de todos os versinhos que se
fazem em Paris, assim como eu.

Magdelon – Confesso que sou extremamente apaixonada por poemas.

Mascarilhes – Poemas são difíceis, exigem muita inspiração.


Cathos – Quanto a mim, amo terrivelmente os enigmas.

Mascarilhes – Hoje de manhã escrevi quatro.

Magdelon – Imagino que tens grande prazer em ser uma pessoa tão culta.

Mascarilhes – Sem dúvida. Posso agora mesmo vos recitar uns versos que fiz ontem na
casa de uma duquesa que fui visitar. Pois, quem sabe faz ou vivo.

Cathos – O improviso justamente a confirmação do dom.

Mascarilhes – Escutai, pois.

Magdelon – E de ouvidos atentos.

Mascarilhes – Oh! Oh! Com esta eu não contava:


Enquanto sem pensar no mal eu te fitava,
De supetão teu olhar me rouba o coração.
Pega ladrão! Pega ladrão! Pega ladrão!

Cathos- Ah! Não poderia ser mais galante.

Mascarilhes – Tudo que faço é natural. Haveis observado o começo: Oh! Oh! È qualquer
coisa de extraordinário: Oh! Oh! Como um homem a contemplar a natureza: Oh! Oh! A
surpresa: Oh! Oh!

Magdelon – sim, acho este Oh! Oh! Admirável.

Mascarilhes – pode parecer insignificante.

Cathos- Ah! Que dizeis? Somente uma grande fortuna para comprar esse talento.

Mascarilhes – Vejo que tens um gosto apurado.

Cathos- Bem! Não é de todo o mal.

Mascarilhes – Mas também não admirais o Com esta eu não contava? Com esta eu não
contava veja o modo natural da fala Com esta eu não contava. Enquanto sem pensar no
mal sem malícia, como um pobre inocente; eu te fitava, isto é, eu te admirava, eu te
observava; De supetão teu olhar... que vos parece esse termo supetão? Não foi escolhido
a dedo?

Cathos – incrível!

Mascarilhes - De supetão, de repente; exatamente como um gato que vem pegar o rato.
Magdelon – Não poderia ser melhor.

Mascarilhes - me rouba o coração, carrega-o, furta-o. Pega ladrão! Pega ladrão! Pega
ladrão! Não imaginais um homem que grita e sai correndo no rasto de um ladrão. Pega
ladrão! Pega ladrão! Pega ladrão!
Magdelon – Não se pode negar, é muito criativo.

Mascarilhes – Agora vejam a canção que compus para esse poema.

Cathos – Haveis estudado música?

Mascarilhes –Eu? Nunca!

Cathos - Mas então como sabe?

Mascarilhes – As pessoas de qualidade sabem tudo, sem nada para aprender. Nem mesmo
Deus, nos desafia!

Magdelon – è uma verdade, minha cara.

Mascarilhes – Escutais se a canção é de seu agrado. Ham, Ham. La, la, la, la, la.
Abrutalidade da estação encobre a delicadeza da minha voz; mas não importa, é sempre um
prazer cantar. Oh, oh como esta eu não esperava.....

Cathos – Ah! Ai temos uma canção verdadeiramente apaixonada! Será possivel ouvi-la sem
desfalecer?

Magdelon –

Mascarilhes – Conseguem percerber o pensamento expressado pelo canto? Pega


ladrão!....E em seguida como se gritassemos bem alto: pé,é,é,é,é éga o ladrão! E de repente
se vai o folego: o ladrão!

Cathos – Até hoje nada vi com semelhante força.

Mascarilhes – Tudo que faço me ocorre naturalmente; sem estudo.

Magdelon – És realmente mui talentoso.

Cathos – e muito estiloso. Veja suas vestes!

Mascarilhes – não são admiráveis as minhas plumas? Uma só custa 3 barras de ouro. Eu sei
valorizar o que é belo.

Magdelon – sinto pelas minhas vestimentas, não levam marca de uma boa costureira.

Mascarilhes – Ai! Ai! Ai! Vamos com calma. As Senhoras, estão me matando!
Cathos – Que é? Que aconteceu?

Mascarilhes – Como! As duas ao mesmo tempo contra o meu coração! Atacar-me pela
direita e pela esquesda! Ah! É uma luta desigual, gritarei por socorro.

Cathos – convenhamos que ele diz as coisas de modo diferente.

Magdelon – tem um jeito admirável.

Cena 10

Marotte, Magdelon, Cathos, Mascarille

Marotte – Senhora, querem lhe falar.

Mascarilhes – Ai! Ai!

Marotte – iiiiiiii, o torresmo ta fazendo efeito.

Cathos – torresmo?

Marotte – enquanto o marques esperava as senhoras, eles comeu todo o torresmo da


dispensa. Parecia um morto de fome!

Mascarilhes – morto de fome não! Eu simplesmente não gosto de disperdisar comida, tem
muita gente pobre que não tem o que comer.

Marotte – por isso que o senhor repetiu 5 vezes. Tudo em favor dos pobres.

Magdelon – não sei por que se preoculpa com os pobres. Afinal, um poeta como o senhor
não devia perder tempo com essas coisas.

Marotte – Ah! O senhor é poeta? Também sou, quer ver?

Mascarilhes – uma escrava poeta? Sim, por que não, prossiga.

Marotte – é uma charada.

Magdelon – não use essa palavra vulgar! Diga: é um enigma.

Marotte – é um enima.

Mascarilhes – sim.

Marotte – o que é, o que é? Passará como a flor do campo. O tempo destruirá sua beleza.
Murchará em meio de seus afazeres. Será consumido pela traça.
Mascarilhes – mas que enigma mais estranho!

Cathos – nunca ouvi coisa semelhante.

Magdelon – repugnante!

Marotte – então não sabem a resposta?

Cathos – Senhor Marques, use seu dom poetico, diga qual é o mistério.

Mascarilhes – creio que esse mistério não me cabe a desvendar.

Magdelon – como assim?

Mascarilhes – recuso-me a perder tempo com tal literatura barata.

Marotte – me carece não saber a resposta.

Magdelon – vamos senhor marquez, mostre-a o seu lugar.

Mascarilhes – não sei se devo.

Cathos – pois digo que deve!

Mascarilhes – pois bem, deixe-me pensar: Passará como a flor do campo. O tempo
destruirá sua beleza. Murchará em meio de seus afazeres. Será consumido pela traça.
Já sei! A resposta é......luche!

Marotte – sinto muito, mas a reposta correta é Rico! O rico passará como a flor do campo.
O tempo destruirá sua beleza. Murchará em meio de seus afazeres. Será consumido pela
traça.

Mascarilhes - extamente: luche, na lingua poetica significa rico.

Magdelon – minha prima, como estamos defazadas, não conhecemos a lingua poetica.

Cathos – desse jeito jamais seremos conhecidas.

Mascarilhes – não se preoculpe, conheço um ótimo professor, que a propósito é meu


melhor amigo.

Magdelon – e de quem se trata?

Mascarilhes – o visconde de Jodelet.

Marotte – ai cabeça de bagre a minha! O visconde de Joanete esta a sua espera.


Mascarilhes – mas que feliz conscidência!

Magdelon – faça-o entrar imediatamente.

Cena 11

Jodelet, Marotte, Magdelon, Cathos, Mascarille

Mascarilhes – Ah! Visconde!

Jodelet ( ao passo que se beijam) – Ah! Marques!

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