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25/09/2012

gaguez
avaliação

ESS-IPS
2012/13 HELENA GERMANO
EXPERIÊNCIA E TÉCNICAS III

A avaliação procura…

… alcançar a complexidade relacional das pessoas,

… compreender mais do que interpretar,

… encontrar ligações onde aparentemente elas não existem,

… perturbações,

mas também e sobretudo potencialidades,

forças criadoras que, numa nova relação, promovam o


reencontro do sujeito consigo próprio, com os outros e
com o mundo.

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Todos os aspectos avaliados e os resultados dessa


avaliação devem ser tidos em consideração no
estabelecimento de um plano terapêutico.

Não devemos sobrecarregar as pessoas com a aplicação


de testes se estes não forem estritamente necessários.

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Terapeuta da Fala
(Manning, 2001, p.19)

Técnico Clínico

Direccionado para a técnica Direccionado para o cliente


Procedimentos pré-planeados Procedimentos flexíveis
Abordagem / Tratamento Abordagem / Tratamento com
dogmático alternativas
Estreitamento do foco ao Abertura do foco à pessoa
problema

Também quando avaliamos devemos ter um procedimento clínico!

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Avaliar o quê?

A experiência global da pessoa (Relação; Afectos; Ritmos;


Possibilidades de comunicação no dia a dia da pessoa; Capacidade
de alcançar objectivos; Projecto de vida; Saúde; … )

O(s) interlocutor(es)
Os tipos de disfluência
A severidade da gaguez
Os sintomas associados
Outros aspectos considerados pertinentes

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Mais precisamente…

Em primeiro lugar:
Procurar a explicitação do pedido de ajuda
(Porque vem pedir ajuda, existe mesmo um problema, quem está
implicado no problema… . O que esperam que façamos
relativamente ao problema identificado?)

Se o pedido de ajuda não for claro ou realista, no final


deve voltar-se ao assunto e pedir ao sujeito que o formule
claramente. Se necessário, ajudá-lo.

Negociá-lo e reformulá-lo de forma realista e executável.


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Em segundo lugar:

Obter informação sobre:

a perspectiva da pessoa relativamente à sua gaguez e os


afectos que aí estão implicados. Se estes não forem
explicitamente formulados, ajudar a pessoa a expressá-
los.
em que medida a gaguez afecta, afectou e se pensa que
afectará a vida da pessoa, ao nível intra-pessoal,
corporal, relacional, e profissional.

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as variáveis que afetam a fluência da pessoa (ex.:


circunstâncias sociais, interlocutores específicos,
fonemas específicos…)
oscilações do humor (ex.: depressivo/eufórico)
a organização rítmica da pessoa :
ritmos biológicos – sono/vigília, temperatura, alimentação, excreção, …
ritmos relacionais
ritmos corporais – actividade/passividade, tensão/relaxamento…
coordenação psicomotora, lateralidade…

estabilidade vs. irregularidade, precipitação

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as variáveis que podem influenciar o processo


terapêutico ou o prognóstico (inteligência, atitude,
motivação, insight…)
história pessoal, clínica, familiar e social

Em terceiro lugar:

Avaliar as disfluências e aspectos associados à produção


de fala.

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Com a criança:

RETIRADO DE:
http://www.pitt.edu/~super1/lecture/lec20321/index.htm

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Entrevista à criança:
(alguns dos items são retirados de: Lena Rustin et al., 1996)

Pretende obter informação directamente da criança sobre a sua


atitude no jardim infantil / escola, em casa, com a família e
relativamente à sua fala.

Devem ser feitas perguntas abertas, como por exemplo “fala-me da


tua escola” ou “qual é a brincadeira de que gostas mais”.

Se a criança tiver dificuldades em responder, oferecem-se-lhe


diversas possibilidades de resposta.

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JI / Escola

Atitude face à escola (o que é que pensas da tua escola? O que é que sentes
por lá andares?)
Professor (quem é, como é: simpático, chato, dá castigos, carinhoso, grita…)
Amigos (Quem são os teus amigos? Com quem costumas brincar no recreio?
Quem se senta ao teu lado na sala? São vocês que escolhem ou é a
professora que manda?)
O que é que costumas fazer?
O que é que gostas mais de fazer?
O que é que não gostas de fazer?
Algum dos teus colegas é antipático / mau para ti ou goza contigo? Dizem-te
coisas que te magoam?
O que é que eles te dizem / fazem?
Como é que te sentes quando eles fazem isso?
O que é que fazes quando isso acontece?
Às vezes também és antipático para os outros meninos? Porquê?
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Casa / Família

Relação com irmãos / pais


O que é que gostas de fazer em casa?
Brincadeiras e brinquedos preferidos
Com quem brincas mais?
O que é que não gostas de fazer em casa?
Quem se zanga mais vezes contigo? Porquê?
Com quem te zangas mais vezes? Porquê?
Com quem é que falas mais e a quem contas as tuas ideias?

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Fala

Sabes porque vieste aqui?


O que é que achas da tua fala?
Às vezes é difícil falar? O que é que acontece? Quando é que isso
acontece?
E outras vezes é fácil falar? Quando é que é mais fácil?
Quando é que começou a ser cada vez mais difícil?
Consegues fazer alguma coisa sozinho para melhorar? Tens algum
truque ou fazes alguma coisa que achas que ajuda? O quê?
Achas que precisas de ajuda?
A tua vida era diferente se falasses melhor? Porquê?

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Se a gaguez fosse um objecto (uma coisa), o que é que


ela poderia ser?

Nota: Esta pergunta é um bom ponto de partida para o


contexto terapêutico, o objecto pode servir de suporte ou
de metáfora para vários aspectos do trabalho a
desenvolver.

Aplica-se a crianças e adultos

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Instrumentos de avaliação
crianças

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ACES

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CONSULTA IMPORTANTE:

http://www.pitt.edu/~super1/lecture/lec20321/index.htm

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SSI – Stuttering Severity Instrument


Versão 3 disponível na biblioteca

Ages: 2-10 and up


Testing Time: 15 to 20 minutes
Administration: Individuals

SSI-4: Stuttering Severity Instrument – Fourth


Edition is a reliable and valid norm-referenced
stuttering assessment that can be used for both
clinical and search purposes. It measures
stuttering severity in both children and adults in the
four areas of speech behavior: (1) frequency, (2)
duration, (3) physical concomitants, and (4)
naturalness of the individual’s speech. Frequency
is expressed in percent syllables stuttered and
converted to scale scores of 2-18. Duration is
timed to the nearest one tenth of a second and
converted to scale scores of 2-18. The four types
of Physical Concomitants are and converted to
scale scores of 0-20. The SSI-4 can also be used
in conjunction with the Stuttering Prediction
Instruments for Young Children (SPI).

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Avaliação da criança

Muitas vezes na primeira consulta a criança não exibe


as disfluências que a família afirma existirem.
NUNCA desvalorizar a situação, não mandar embora
dizendo que não se passa nada, que não é possível
avaliar nestas condições, …
Soluções:
1. Marcar nova consulta, de preferência ficar só com a
criança, criar vários tipos de situações de
comunicação.
2. Provocar o surgimento de disfluências na 1ª consulta.
Como? (Manning, p.187)
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Induzindo stresse comunicativo, expondo-a a


situações que excedem a sua capacidade:
– Deixar de lhe dar atenção quando ela está a descrever
algo
– Fazer-lhe perguntas difíceis ou abstractas (qual é a
distância daqui à tua casa e como é que lá chegas?, o
que é que o teu pai faz no trabalho?)
– Pedir-lhe que leia um texto com nível de dificuldade
acima do seu grau de escolaridade
– Pedir-lhe a descrição de imagens e mudar
rapidamente de imagem sem lhe dar tempo de
formular uma resposta completa.
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Quando a criança exibir algumas disfluências,


aferir com os pais se são como as que eles
estavam a descrever no início.

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Em gabinete observa-se e avalia-se através de :


Interacção pais-criança
Jogo: jogar com a criança, com brinquedos, numa
situação natural e livre
Jogo com imposição de algum stresse [fazer perguntas,
interromper, desviar o olhar, aumentar a pressão
temporal (falar mais depressa)]
Recontar uma história
Descrever imagens (sem ajuda)

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Factores a considerar na análise das disfluências:

Complexidade linguística
Número e tipo de interlocutores
Lugar onde decorre a comunicação
Nível de excitação
Familiaridade com o assunto
Objecto referencial presente ou ausente

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Exemplos:

Contextos
Sala de aula / refeitório / recreio, parque infantil / corredor / gabinete TF
Situações de fala
Conversação (diálogo) / leitura / descrição de imagem simples ou
complexa / recontar uma história familiar ou uma experiência recente
(aniversário, férias, fim de semana…) / recontar uma história menos
familiar ou o conteúdo de uma aula.
Interlocutores
Pares / professores / irmãos / pais ou outros membros da família /
pessoas menos familiares ou completamente estranhas.

In: Reardon-Reeves & Yaruss, 2004, p. 58

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Aspectos complementares

Usar a informação obtida na entrevista para determinar


que situações parecem ser mais relevantes para cada
criança.

Tentar obter amostras de fala nestas situações

Duas ou três situações diferentes são suficientes se


forem bem seleccionadas (Reardon-Reeves & Yaruss).

Avaliar diferentes situações de fala permite-nos examinar


os factores que podem afectar a fala da criança

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Tamanho da amostra de fala: 200 a 300 palavras ou


sílabas

Contar a percentagem de disfluências na amostra


Exemplo: disse 245 palavras/sílabas, apresenta 89
disfluências. Então 245 ------- 89
100 -------- x x = 36,3 %

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Orientações para obter amostras


representativas (estas orientações são aplicáveis
aos adultos)
(Reardon-reeves & Yaruss, p. 60)

A contagem de frequência é apenas um “instantâneo”, só


representa a fala da criança num momento único no
tempo e numa situação específica.
Devem recolher-se dados de mais de uma amostra de
fala
Os factores específicos que afectam a fala de uma
determinada criança são diferentes dos que afectam a
fala de outra criança.
Devem recolher-se amostras de fala grandes, para serem
representativas da fala dessa criança.
É muito importante praticar a contagem de disfluências,
pois a fidelidade da contagem aumenta com a prática.

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Folha de contagem de
disfluências
Crianças e adultos

In: Reardon & Yaruss (2003). What do we do with preschool children who stutter? Chicago: Asha Convention. [disponível online]

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Disfluências Normais Gaguez


I – Interjeições Rp – Repetição de palavras
Rv – Revisões Rs – Repetição de sons ou sílabas
Rf – Repetição de frases P – Prolongamentos
O – Outras (especificar) B - Bloqueios

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Quadro-guia para a avaliação da


gravidade da gaguez

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Com o adulto:

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WASSP: Wright & Ayre Stuttering Self-Rating


Profile (2000) (Disponível no CRAI da ESS-IPS)

Este teste regista a percepção da pessoa sobre a sua gaguez no


início e no final de cada bloco de terapia da fala.
Aplica-se a partir dos 18 anos (poderá ser aplicado a adolescentes
se o terapeuta considerar que estes têm maturidade suficiente)
Tem cinco sub-escalas:
1. Comportamentos (gaguez e aspectos associados)
2. Pensamentos (pensamentos negativos antes, durante e depois de falar)
3. Sentimentos sobre a gaguez (frustração, embaraço, medo, raiva, desamparo,
outros)

4. Evitamento (de palavras, situações, falar da gaguez com outros, admitir o


problema para si mesmo)

5. Desvantagem (em casa, socialmente, no trabalho)


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OASES - Overall Assessment of the


Speackers Experience of Stuttering
Artigo:
Yaruss, J. S., Quesal, R. W.
(2006). Overall Assessment of
the Speackers Experience of
Stuttering (OASES):
Documenting multiple
outcomes in stuttering
treatment. Journal of Fluency
Disorders. 31, 90-115.
NOTA: O Journal of Fluency
Disorders está disponível em:
http://www.sciencedirect.com/s
cience/journal/0094730X
Convém entrar pela B-on para
poder aceder a full-text.
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http://www.publichealth.pitt.edu/supercourse/SupercoursePPT/20011-21001/627,25,Diapositivo 25

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Outras escalas de avaliação da gaguez:

Consultar apêndice A, p. 483, Instrumentos traduzidos por Eileen


Sua Kay
do livro:

Manning, W. (2001). Clinical


Decision Making in Fluency
Disorders. Canada: Singular-
Thomson Learning

Consultar, no mesmo livro, os


capítulos 4 e 5

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(Disponível na biblioteca da ESS-IPS)

Bilan de bégaiement pour l’adulte et


approche rééducative
C. de Plazaola, F. Gauthier

Contém protocolo de avaliação e os “grandes eixos” do trabalho


terapêutico, que são, segundo os autores:
1. Consciência estática (visa colocar o sujeito em contacto com as
suas fontes de equilíbrio, estabilidade corporal, imagem corporal e
eliminar as difusões tónicas – retorno ao eixo central do corpo)
2. Consciência respiratória
3. Consciência vocal
4. Consciência linguística

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